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Segundo tratado governo civil - Locke

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Segundo Locke, todos os homens são livres, e por isso não são obrigados a se sujeitar a um poder político de outrem. Mesmo assim, visando proteger sua vida e seu direito de propriedade, o indivíduo pode se associar aos demais que tem o mesmo objetivo e assim formarem um corpo político.
“Para concluir, temos a razão do nosso lado quando afirmamos que os homens são naturalmente livres, e os exemplos da história mostram que todos os governos do mundo que tiveram uma origem pacífica foram edificados sobre esta base e devem sua existência ao consentimento do povo. Assim, há pouco espaço para a dúvida, seja sobre qual o lado certo ou sobre a opinião ou a prática da humanidade na fundação inicial dos governos.”
	A questão levantada circunda o por que abdicar de sua liberdade para se sujeitar a algum tipo de poder. Locke elucida essa duvida nos mostrando que mesmo havendo liberdade extrema, no estado de natureza, muitos perigos são eminentes, já que a maior parte dos indivíduos não respeita a igualdade nem a justiça. Sendo assim, se unir em sociedade faz com que o direito de propriedade seja garantido.
	No estado de natureza, o homem detêm os poderes de fazer o que for conveniente para sua preservação e de punir os transgressores das leis da natureza. Quando se firma um contrato, se organizando em sociedade civil, ele restringe seus poderes para obedecer as leis que visam o bem estar do conjunto de pessoas.
	Locke afirma que a primeira lei positiva fundamental em qualquer comunidade política é a caracterização do poder legislativo. Não cabe a outros cidadãos o poder de legislar, somente os que foram designados a isso, o devem fazer.
“[...]nenhum edito, seja de quem for sua autoria, a forma como tenha sido concebido ou o poder que o subsidie, tem a força e a obrigação de uma lei, a menos que tenha sido sancionado pelo poder legislativo que o público escolheu e nomeou.” 
	O poder legislativo também possui algumas restrições:
“[...]ele não é exercido e é impossível que seja exercido de maneira absolutamente arbitrária sobre as vidas e sobre as fortunas das pessoas.”
“[...]O legislativo, ou autoridade suprema, não pode arrogar para si um poder de governar por decretos arbitrários improvisados, mas se limitar a dispensar a justiça e decidir os direitos do súdito através de leis permanentes já promulgadas e juízes autorizados e conhecidos.”
“[...]O poder supremo não pode tirar de nenhum homem qualquer parte de sua propriedade sem seu próprio consentimento.”
“[...]O poder legislativo não pode transferir para quaisquer outras mãos o poder de legislar; ele detém apenas um poder que o povo lhe delegou e não pode transmiti-lo para outros.”
Já quando aborda o poder executivo, Locke afirma que esse deve existir para que o legislativo não se sobreponha a lei, e acabe interferindo nelas de acordo com seus interesses.
“[...]é necessário que haja um poder que tenha uma existência contínua e que garanta a execução das leis à medida em que são feitas e durante o tempo em que permanecerem em vigor. Por isso, freqüentemente o poder legislativo e o executivo ficam separados.”
	
Quanto ao poder federativo, cabe a ele a segurança e defesa dos interesses da comunidade.
 “Este poder tem então a competência para fazer a guerra e a paz, ligas e alianças, e todas as transações com todas as pessoas e todas as comunidades que estão fora da comunidade civil; se quisermos, podemos chamá-lo de federativo. Uma vez que se compreenda do que se trata, pouco me importa o nome que receba.”
	Sobre a prerrogativa :
“Este poder de agir discricionariamente em vista do bem público na ausência de um dispositivo legal, e às vezes mesmo contra ele, é o que se chama de prerrogativa. [...] Ninguém deve pensar que isso vai servir como base perpétua para a desordem, pois só entra em ação quando a situação estiver tão ruim que a maioria a perceba. [...] e é preciso que todos evitem isso ao máximo, pois não existe nada no mundo mais perigoso.”
	Mas adiante, Locke define três tipos de poderes; O poder paternal, que se caracteriza pelo poder dos pais com relação a seus filhos, até que eles atinjam maturidade e capacidade de discernimento. O poder político, que cabe a todo cidadão, mas que ele abdica ao sair do estado de natureza e se organizar em sociedade, E por último o poder despótico, que se baseia na possibilidade do homem de tirar a vida do outro quando lhe bem entender.
	Quando se trata da conquista, Locke elenca que poder o ganhador adquire e sobre quem ele detém o controle.
“Primeiro: É evidente que por sua conquista ele não adquire poder sobre aqueles que conquistaram junto com ele. Aqueles que lutaram a seu lado não podem sofrer pela conquista, mas devem, no mínimo, continuar homens tão livres quanto eram antes. [...]
Segundo: Eu digo, neste caso, que o conquistador só adquire o poder sobre aqueles que realmente ajudaram, concorreram ou consentiram naquela força injusta que foi usada contra ele. O povo jamais habilita seus governantes a cometer uma injustiça, como, por exemplo, empreender uma guerra injusta (pois o poder de realizar atos desse gênero jamais lhe pertenceu); [...]
Terceiro: O poder que um conquistador adquire sobre aqueles que ele venceu em uma guerra justa é perfeitamente despótico; ele tem um poder absoluto sobre as vidas daqueles que, colocando-se em um estado de guerra, tiveram este poder confiscado; mas não tem por isso direito nem título sobre seus bens.”

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