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Araceli S Mello Testemunhos Historicos das Profecias de Daniel

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TESTEMUNHOS HISTÓRICOS 
DAS 
PROFECIAS DE DANIEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reservam-se todos os direitos de propriedade do autor 
 
 
ARACELI S. MELLO 
____ 
 
 
 
 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS 
D A S 
PROFECIAS DE DANIEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
1968 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALAVRA DO AUTOR 
 
 
Em 1959 veio à luz o meu primeiro exaustivo trabalho: — A 
Verdade Sobre as Profecias do Apocalipse. Como, porém, há certa 
afinidade entre as profecias do Apocalipse e as de Daniel, meu anélo 
foi escrever uma segunda obra — A Verdade Sobre as Profecias de 
Daniel. Tanto as profecias de Daniel como as do Apocalipse — 
constituem uma síntese profética antecipada de acontecimentos 
internacionais — civis e eclesiásticos — pelo que ambos os dois livros 
só poderão ser satisfatoriamente explanados por uma ampla 
documentação histórica evidente. É grave delito contra o divino 
Revelador fazer uma diminuta exposição de suas grandes e solenes 
profecias, deixando assim o leitor e investigador sem o devido 
esclarecimento. Ninguém acatará e aceitará como vinda de Deus uma 
mensagem mal esclarecida, mal documentada e portanto mal 
interpretada. A verdade celestial deve ser apresentada com 
inconfundível clareza. Quem crerá numa simples epítome sobre os tão 
importantes livros de Daniel e do Apocalipse? Já o rabujento 
preconceito dos declarados incrédulos e dos infiéis cristãos — exige 
que se dê a estes livros uma explanação coerente, ampla e 
convincente, em vez duma apreciação ridícula para ser recusada com 
manifesto desinteresse. 
Foi para salvaguardar a sua responsabilidade diante de Deus de 
não pôr nas mãos do público uma obra desonesta, mesquinha e 
ambígua, que desinteressasse em vez de interessar o leitor ou 
pesquizador da verdade, deixando-o por isso mesmo longe de Deus 
como antes, — que o autor em sua exposição das profecias de Daniel 
deu amplitude de explanação fazendo com que a luz das profecias 
brilhasse com intensidade e o esclarecesse arrebatando-o das trevas 
da incerteza para o meridiano sol da Revelação de Deus e o 
abençoasse ricamente. 
Cada pormenor das profecias de Daniel foi esclarecido à luz dos 
fatos verídicos que os cumpriram em cheio. Em nenhum caso usou o 
autor de subterfúgios e mistificações para evadir-se à realidade do 
verdadeiro significado da Revelação. Sôbre impérios e indivíduos 
ARACELI S. MELLO 
8 
 
alvos das profecias de Deus que no passado existiram e que, portanto, 
já cumpriram o seu papel no palco da História e da profecia, foi o 
autor desta obra claro e imparcial. Sôbre os poderes civis e 
eclesiásticos que atualmente desempenha de igual modo o seu papel 
histórico-profético no palco da hodierna civilização, foi êle também 
imparcial, sem rodeios, sem paixão e sem sacrificar a verdade em 
suas considerações. 
Certamente haverá aqueles que se oporão a determinadas 
explanações dadas pelo autor sôbre as profecias de Daniel. A êstes 
dizemos que têm todo o direito de o fazer. Porém, antes de tomarem 
uma medida drástica, será prudente examinar bem o ponto de 
oposição que formularem para estarem seguros ou não do passo que 
pretendem dar; que sejam ponderados e coerentes; que reflitam 
somente para poderem apreciar maduramente aquilo que pareça 
chocar-lhes as velhas idéias próprias e metê-los num imaginário cáos, 
em face duma interpretação desconhecida e aparentemente 
controvertida; que não fiquem desrazoavelmente desorientados e a 
trovejar sôbre o autor, mas que sejam indulgentes para com êle que, 
como êles, tem também o direito de pensar. 
Nada melhor e mais acertado do que examinar aquilo que se 
desconhece. A luz nasce do acurado exame. É êste o meu anélo a 
todos quantos entrarem em contato com este livro. Confrontem êles 
detidamente a profecia e a sua explanação dada à luz do comprovante 
histórico justaposto; se algo estiver comprovadamente incorreto, serei 
bastante humilde para dar a mão à palmatória e receber a inexorável 
condenação como justa. Urge, todavia, uma investigação com perícia, 
desapaixonada e desacompanhada de fatais preconceitos injustos e 
prejudiciais. 
Na interpretação das profecias de Daniel como nas do 
Apocalipse, não empreguei métodos humanos preconcebidos e 
destituídos de crédito e de senso que se denotam em tantas obras 
congêneres. A ninguém consultei sôbre como devia ou não interpretar 
as profecias do grande livro. Tão pouco segui a linha de 
interpretação de quaisquer intérpretes antigos ou modernos. Nem 
mesmo levei em conta meus próprios conceitos ao dar o cunho 
interpretativo que dei. Se em tão magna obra seguisse qualquer 
orientação humana, mesmo minha, teria sido desleal à Revelação e ao 
Revelador; teria ofendido a santa verdade e sido por demais 
imprudente ao tratar com tão grande mensagem inspirada. Tive mêdo 
de violar a Palavra de Deus que declara: “Sabendo primeiramente, 
isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
9 
 
interpretação.1 Portanto, creio ter seguido o rumo de interpretação 
orientado pela lógica e pelas Sagradas Escrituras, que é aquela dada 
pela própria História, dos fatos que sucederam e cumpriram com 
irrecusável exatidão as profecias. Sim, somente a História que 
cumpre as profecias é o seu verdadeiro, único e legítimo intérprete. 
Creio, assim, não ter sido desleal à acertada lógica de interpretação 
profética — que é a união evidente da profecia e dos fatos históricos 
seus intérpretes, pois não me arrisquei ao infalível desagrado do 
Revelador do tão maravilhoso livro de Daniel. 
Findando, imploro ao Creador, o Grande Autor da Revelação, 
que derrame suas copiosas bênçãos a todos quantos lerem e 
estudarem êste livro; que os ilumine ao considerarem as suas grandes 
profecias, para que eles possam fruir o máximo para a vida vitoriosa 
do presente; nêle encontrar a senda real que conduz a um futuro 
glorioso e a uma eternidade feliz. Que os próprios ateus e críticos 
mais acérrimos possam ser amplamente abençoados ao examinarem 
este livro. 
 
 
A. S. MELLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 II S. Pedro 1:20. 
ARACELI S. MELLO 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
 
É com a mais viva emoção que abrimos ao estudo a grande obra 
sacra inspirada — o livro de Daniel. É verdadeiramente um privilégio 
todo especial estudar o grande livro e conhecer profundamente o seu 
maravilhoso conteúdo histórico e profético. Comparamos a notável 
obra à “sarsa ardente” do deserto do Sinai na experiência de Moisés. 
Um santo fogo abrazador envolvia a memóravel sarsa sem consumí-
la. A Moisés, que dela se aproximava curioso pelo inédito espetáculo 
e para observá-lo de perto, foi incontinentemente ordenado a deter-se 
e solenemente advertido: “Moisés, Moisés... não te chegues para cá; 
tira os sapatos de teus pés, porque o lugar em que tú estás é terra 
santa”.1 
Que rigorosa e impressionante advertência! A presença da 
Majestade celestial em meio à sarsa em chamas emprestava ao local 
tôda a solenidade e santidade, pelo que o experiente pastor de Midiã 
devia descalçar-se e demonstrar a mais santa reverência antes de 
avançar mais um só passo. 
Assim é o livro de Daniel — uma “sarsa ardente”, abrazadora, 
em meio a qual faz-Se presente o Todo-poderoso do universo. Seja 
quem fôr, pois, que deste livro lance mão — quer para estudá-lo ou 
pregá-lo — deve descalçar-se de todo o preconceito, de tôda a 
suspeita, de todo o escrúpulo, e manifestar o mais profundo 
sentimento de respeito e reverência, já pela presençado Revelador no 
livro, já pela mensagem por Êle revelada. Ê inadmissível que um 
convicto cristão se aproxime dêste tão santo livro com indiferença ou 
sem o manifesto espírito de respeito e submissão Aquele que é a 
pessoa central de sua revelação e sem a firme decisão de acatar e 
viver a sua poderosa mensagem inspirada. 
As profecias de Daniel requerem especial atenção, pois 
destinam-se especialmente ao tempo em que vivemos. Gabriel, o anjo 
assistente do profeta, declarou enfaticamente que o livro de Daniel 
estaria selado até “o fim do tempo” — que é a nossa atual geração 
 
1 Êxodo 3:1-5. 
ARACELI S. MELLO 
12 
 
— quando então seria aberto à consideração. “Os sábios 
entenderão” declarou o Santo anjo.1 Assim as profecias de Daniel 
demandam hoje absoluta atenção e diligente estudo por parte de 
todos os cristãos. Isto fortificá-los-á e elevá-los-á a uma inapreciável 
experiência nova com relação à fé e a verdade revelada de Deus. 
Tôdas as profecias de Daniel ligadas ao nosso tempo findam com 
o estabelecimento do reino de Deus e a volta de nosso Senhor Jesus 
Cristo, pelo que devem ser examinadas com todo o interêsse e 
respeito, vividas para sermos capacitados à categoria de verdadeiros 
cristãos nêste derradeiro “tempo do fim”, e estarmos prontos para 
recebermos do supremo Rei as boas vindas ao eterno reino que Êle 
virá inaugurar. 
* * * 
Quando falamos em profecias, um dos principais fatores de 
importância que surge — é a pessoa do profeta. Mas, um profeta não 
é profeta porque desejou sê-lo ou porque fez-se profeta por si mesmo. 
O profeta é o indivíduo a quem Deus chama e o investe no encargo de 
profeta, para exercer o ofício de profeta. Em nenhum caso um profeta 
de Deus investira-se nêste honroso encargo por sua conta própria. 
Não é qualquer homem que está categorizado a ser um profeta de 
Deus. Qualquer um deles não escolhera Deus para tão alta função de 
profeta. O homem dá preferência de Deus para ser Seu honrado 
profeta, deve ser distinto, possuir qualidades que o habilitem a êste 
tão sagrado ministério. Será um servo leal de Deus — fiel em todos os 
sentidos aos reclamos de Sua divina vontade como exarada em sua 
santa lei; um homem humilde, despretencioso, zeloso da honra de 
Deus, de Sua causa e de Seu povo; um fervoroso porta-voz de Deus 
desembaraçado deste mundo, de absoluta confiança, de fervente fé e 
de muita oração. Enfim, um homem que consinta em que Deus o dirija 
na obra para a qual é chamado e empossado. Assim foram os profetas 
de Israel na antiguidade — homens de absoluta honradez e elevada 
consagração. Assim foi de modo particular e glorioso o profeta cujo 
importante livro estamos considerando — Daniel, o honrado de Deus. 
Outrossim, o profeta não prevê coisa alguma. Tudo o que êle 
propala oralmente ou por escrito, em virtude de sua investidura como 
profeta — lhe é antecipadamente mostrado ou revelado por Deus. 
Como profeta êle é tão somente um porta-voz de Deus. É um 
mensageiro de Deus portador de uma mensagem de poder — de 
 
1 Daniel 12:4-10. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
13 
 
aprovação, de repreensão, de conselho ou de previsão do futuro bom 
ou mau. Uma importante pergunta: Como é transmitida ao profeta a 
revelação de Deus? Sôbre isto veja-se: 2.ª Parte, título: Uma Visão 
num Sonho Noturno. 
Portanto, as profecias das Sagradas Escrituras, procedentes da 
pena dos profetas de Deus, as únicas inspiradas e verdadeiras, não 
podem ser interpretadas segundo o molde do pensamento humano. 
Exclusivamente os eventos históricos delas comprobatórios — são os 
seus legítimos interpretes. “A profecia” disse Arturo T. Pierson, 
“representa uma fechadura, para a qual só uma história subsequente 
pôde proporcionar a chave”. Será uma preterição muito absurda do 
indivíduo, seja quem ele possa ser, arrogar-se intérprete da revelação 
profética de Deus. O autor desta dissertação sôbre o livro de Daniel, 
não interpretou em absoluto nenhuma de suas providenciais 
profecias. O que êle fez foi tão somente reunir os seus legítimos 
intérpretes — os testemunhos históricos evidentes, colocando-os lado 
a lado com elas. Disto resultou êste livro que, injustamente, trás o 
nome de quem o escreveu — quando o seu legítimo autor é a História 
que cumpriu rigorosa e gloriosamente todas as profecias de Daniel 
mesmo em seus mínimos e impressionantes detalhes. O único mérito 
que o escritor desta obra requereu para si e que recompensou mais 
que tudo, seu hercúleo esforço, foi o prazer de vê-la sair do prelo 
para as mãos de milhares de leitores e sinceros pesquizadores da 
verdade profética de Deus. 
A profecia nada mais é, segundo a palavra de São Pedro, do que 
“uma luz que alumia em lugar escuro”.1 Todo o futuro do mundo tem 
sido iluminado ao povo de Deus pela palavra da profecia. Seu povo 
que tem marchado através dos séculos em demanda de Seu reino de 
paz e perfeição, não tem andado às cégas. Todo o futuro lhe tem sido 
claro, e isto lhe revelou Deus pelas profecias infalíveis, para que se 
precavesse em face de seus inimigos de emboscadas ao longo do 
caminho. Todos os movimentos dos grandes impérios e das nações da 
terra foram e são controlados por Deus e revelados a seu escolhido 
povo que em meio às tão variadas mutações da História prossegue 
para o supremo alvo — o glorioso reino do Senhor. Tudo, porém, no 
que respeita aos marcos principais da História foi traçado por Deus e 
comunicado aos profetas Seus servos, principalmente a Daniel e São 
João. Os dois grandes livros, Daniel e Apocalipse, são os que 
 
1 II S. Pedro 1:19. 
ARACELI S. MELLO 
14 
 
enfeixam as principais profecias inspiradas, cujo cumprimento 
histórico tem sido incontestável e irrefutável. Resumindo, dizemos: À 
luz da palavra profética marcha a História e com ela marcha o Povo 
de Deus. 
* * * 
Há nas Sagradas Escrituras dois livros de suma importância; o 
de Daniel no Velho Testamento e o do Apocalipse no Novo 
Testamento. Não queremos dizer que os outros livros dos dois 
Testamentos não são importantes. O que dizemos é que êstes dois 
livros salientam-se mais que todos — pelas mensagens proféticas que 
contêm e pelo tempo em que foram reveladas. Posto que o Apocalipse 
encerre uma mensagem profética que enche tôda a era cristã — de 
primeiro ao segundo advento de Cristo — a mensagem do livro de 
Daniel enche duas eras — antes de Cristo desde Babilônia e depois de 
Cristo até ao Seu segundo advento. Todavia, a importância do livro 
de Daniel jaz no fato de ser sua revelação especialmente para a atual 
geração — pois foi selada até ao presente tempo.1 “Acham-se sôbre 
nós os perigos dos derradeiros dias, e cumpre-nos vigiar e orar, 
estudar e dar ouvidos às lições que nos são dadas nos livros de 
Daniel e do Apocalipse”.2 Que gloriosa luz deu-nos Deus para este 
final da história humana! Anda na escuridão apenas aquele que o 
quer! 
“Há necessidade urgente e premente de uma acurada 
investigação das profecias de Daniel e do Apocalipse, afim de saber-
se com precisão o que Deus requer dos homens, mòrmente dos 
cristãos, que esperam ser súditos do futuro reino de Cristo. Os dois 
livros podem ser considerados um só. Ambos se interpretam 
mutuamente. Os detalhes que possam ser obscuros no livro de Daniel 
são muitas vêzes esclarecidos por comparação no livro do 
Apocalipse. O livro de Daniel tem seu lugar evidente no livro do 
Apocalipse e neste aparece êle claramente aberto e descerrada a sua 
mensagem outrora selada. As profecias do Apocalipse são o 
complemento das profecias de Daniel. Ambos os livros se 
autentificam. Se as visões de Daniel houvessem sido estudadas com 
interesse o povo entenderia melhor as de S. João. Ambos os livros — 
Daniel e Apocalipse— dizem o que é a verdade que o mundo tanto 
carece no presente século. Os perigos dêstes finais dias requerem um 
 
1 Daniel 12:4. 
2 Testemunhos Seletos, ed. mundial, E. G. White, Vol. II página 410. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
15 
 
eficaz exame de ambos os livros e uma aceitação sincera da 
mensagem una que encerra. Não há outro meio de escapar aos 
rigores da iminente crise que se aproxima inexorável. Aqueles que 
neste solene tempo estudarem as profecias dêstes dois profetas, 
receberão grande luz de Deus. A cristalina verdade lhes brilhará 
claramente como o sol de meio dia. 
“Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem 
compreendidos, os crentes terão uma experiência religiosa 
inteiramente diferente. Ser-lhes-ão dados tais vislumbres das portas 
abertas do Céu que o coração e mente se impressionarão com o 
caráter que todos devem desenvolver afim de alcançar a bem-
aventurança que deve ser a recompensa dos puros de coração”.1 
Porém, por culpa dos mestres religiosos em declarar que os 
livros de Daniel e Apocalipse são livros fechados, obscuros e 
incompreensíveis mistérios, o povo tem com grande perda espiritual 
se afastado deles. Êsses falsos líderes de religião estão mais 
capacitados a receber e abraçar com entusiasmo as suposições dos 
geólogos ateus modernos que contrariem abertamente o primeiro 
capítulo do Gênesis, do que as cristalinas verdades proféticas de 
Daniel e Apocalipse e de outras porções das Sagradas Escrituras. 
Grandes têem sido os preconceitos dos líderes do cristianismo 
nominal contra os maravilhosos livros de Daniel e do Apocalipse. A 
verdadeira razão de tais preconceitos no fato de a mensagem dos 
aludidos livros não se prestar à ambiciosa política religiosa dêsses 
pretensos guias espirituais. Já os judeus de ontem e de hoje é por seus 
malsãos preconceitos, recusaram o livro de Daniel porque as suas 
profecias apontavam “tão insofismável para o tempo de vinda do 
Messias, e tão diretamente lhes predizia Sua morte, que eles 
descoroçoavam o estudo dessa profecia, e finalmente os rabís 
pronunciaram a maldição sôbre todos os que tentassem uma 
contagem do tempo. Em sua cegueira e impenitência, o povo de Israel 
tem permanecido, por mil e novecentos anos, indiferente ao 
misericordioso oferecimento da salvação, desprecupado das bênçãos 
do evangelho, como solene e terrível advertência do perigo de rejeitar 
a luz do Céu”. “Deus confiou estas profecias aos dirigentes judeus; 
estariam sem desculpas si não soubessem nem declarassem ao povo 
que a vinda do Messias estava às portas. Sua ignorância era o 
resultado da pecaminosa negligência”. “Absortos em suas ambiciosas 
lutas para conseguir posição e poderio entre os homens, perderam de 
 
1 Testemunhos para Ministros E. G. White, pág. 114. 
ARACELI S. MELLO 
16 
 
vista as honras divinas que lhes eram oferecidas pelo Rei do céu”. 1 
E, êsse cristianismo que por aí vai, despido da justiça de Cristo e da 
alma da religião cristã, está fadado, por sua absoluta culpabilidade 
em negligenciar e relegar as profecias de Daniel e do Apocalipse, a 
receber com aqueles o prêmio que o céu tem reservado aos que 
menosprezam a inspiração de Deus para o bem e salvação da 
humanidade. 
* * * 
O TEMA DO LIVRO DE DANIEL 
É um privilégio quasi sobrenatural estudar o grande livro, suas 
famosas profecias tratam dum conflito multi-secular entre a vontade 
de Deus e a vontade do homem; entre a verdade do céu revelada e o 
tradicionalismo doentio dos apóstatas; entre o supremo Governador 
do universo e os frágeis governadores do mundo. No centro dêste 
conflito, segundo as profecias de Daniel, está o povo de Deus — alvo 
de hostilidades das forças do mal; civis e eclesiásticas. Durante o 
domínio dos quatro grandes impérios e a divisão de Roma até ao 
presente, a igreja de Deus, de acordo às profecias de Daniel e os 
fatos comprobatórios, foi visada pelos opressores — tanto no que 
respeita ao velho como ao novo Israel. Os referidos poderes a 
oprimiram e a dizimaram; encarceraram seus componentes e os 
quebraram. Por conseguinte, o tema do livro de Daniel não visou nem 
visa simplesmente indicar o levantamento e queda de poderosos 
reinos e nações, mas demonstrar como Deus encerra o orgulho do 
homem e joga a glória no pó — como Deus lança abaixo o poderoso e 
despótico governador e estabelece outro em seu lugar; como Êle 
controla os poderes políticos e eclesiásticos da terra de modo a 
facilitar a marcha ascendente vitoriosa de Seu povo a despeito de 
sérios obstáculos, oposições e incontáveis perseguições. É dentro 
dêste tremendo conflito que devemos estudar o livro de Daniel. Se 
todos os maus críticos o estudassem e o considerassem dentro dêste 
escopo, seguramente abjurariam suas oposições e teriam uma nova 
visão da grande revelação de Deus aos homens através de Seu grande 
e honrado profeta Daniel. 
Dêste modo o tema geral do livro de Daniel, em outras palavras, 
é demonstrar aos poderosos da terra que êles são meros “nadas’’ e 
que Deus é o verdadeiro Soberano — que os põe no governo do 
 
1 O Conflito dos Séculos, E. G. White, pág. 378, 312. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
17 
 
mundo e das nações e dêle os depõe, afim de que seu escolhido povo 
possa cumprir livre e desembaraçadamente a sua missão enquanto 
marcha vitorioso em demanda do reino eterno. 
* * * 
A mensagem básica, fundamental do livro de Daniel é a 
intervenção de Deus no domínio do homem no mundo. O clímax da 
mensagem do livro é o estabelecimento do reino de Deus na terra. As 
profecias dos capítulos dois, sete e oito que historiam o domínio do 
homem, culminam com a futura vinda do glorioso reino. A segunda 
vinda de Cristo para ajuste com os poderes constituídos é o desfecho 
anunciado sôbre a má administração do homem nos negócios da 
terra, que se opõem aos planos e intentos de Deus. A história do 
mundo revela uma contínua anarquia resultante da dominação do 
homem e seu desqualificado despotismo arrogante e destruidor. A 
intervenção de Deus, clara nas profecias de Daniel, porá um 
dramático fim ao abuso e exterminará totalmente um domínio que se 
tem demonstrado falho e prejudicial à civilização humana. Fogo, 
rezam as profecias, será o remédio de Deus para estirpar o mal 
crônico da arrogância e da desmedida opressão. O dono do mundo 
virá governar aqui, pois só Êle sabe governar. O homem insiste em 
governar sem saber governar. E, até agora, êle próprio tem provado 
por seu govêrno na terra, que na verdade não sabe dirigir os destinos 
da civilização. Seu govêrno findará para dar lugar ao govêrno de 
Deus. 
* * * 
O Livro de Daniel contém uma mensagem especial para o tempo 
do profeta. A vida pessoal de Daniel — como primeiro ministro dum 
império mundial — já constituía uma mensagem de Deus para o seu 
tempo, mormente para Nabucodonosor, rei de Babilônia, e sua côrte. 
Os quatro primeiros capítulos de seu livro encerraram uma poderosa 
mensagem sob vários aspectos dirigida ao rei Nabucodonosor e seu 
reino. Cada um dêstes capítulos contém uma especial mensagem de 
Deus a Babilônia e seu soberano. No primeiro capitulo vemos quão 
estupendo fôra que o próprio monarca tenha proclamado a altas 
vozes a superioridade intelectual de Daniel e seus três companheiros 
— servos do Deus de Israel — no exame final da universidade da 
côrte. Foi uma fenomenal mensagem apelativa ao soberano relativa à 
supremacia do Deus do céu, o Deus de Israel. 
ARACELI S. MELLO 
18 
 
O capítulo dois enfeicha talvez a mais poderosa mensagem de 
Deus diretamente concedida ao rei Nabucodonosor em um sonho 
inspirado. A grandeza de seu reino e sua queda ficaram claras na 
interpretação de Daniel. Foi reveladoaquele monarca que Deus é 
quem empossa e depõe os governantes das nações estabelece e 
remove os reinos. Exemplo frizante disso temos nas numerosas nações 
e povos que desapareceram para sempre na história, e isto por 
determinação do Conselho de Deus segundo profecias muito evidentes 
de Isaías, Jeremias, Ezequiel e outros profetas de Deus. 
O capítulo três compreende uma visão do próprio Filho de Deus, 
em pleno forno de fogo na libertação dos três hebreus injustamente 
sentenciados. Sua aparição visou convencer o rei Nabucodonosor de 
Seu poder e certificá-lo da inutilidade em batalhar contra a causa do 
céu esposada e propagada na vida e obras de Seus representantes em 
sua corte real. 
O capítulo quatro relata a mais direta ação de Deus contra 
Nabucodonosor, visando convertê-lo de uma vez para sempre. O 
soberano reconheceu afinal a mão de Deus sobre si, sua misericórdia 
em procurar salvá-lo ainda que dum modo dramático e tremendo. 
O capitulo cinco refere a mensagem do céu ao último rei de 
Babilônia — Belshazzar. Foi uma mensagem de juízo e condenação. 
Na interpretação de Daniel ficou assentado que Deus deu o império 
de Babilônia aos medos e persas, fato que mais uma vez demonstra 
que Deus exerce o controle das nações. Assim os cinco primeiros 
capítulos do livro de Daniel encerram a mensagem especial de Deus 
para o seu tempo no que respeita a Babilônia e seus monarcas. 
O capítulo seis contém a mensagem de Deus no que concerne à 
Medo-Pérsia de Dario, o Medo. Uma mensagem de poder que revelou 
ao monarca e seus cortesões o pêso do caráter dum homem que 
representa a Deus na terra. O livramento de Daniel na cova dos 
leões, como antes o dos três jovens hebreus na fornalha de 
Nabucodonozor, foi a mais poderosa mensagem de Deus a Dario, sua 
corte e seu inteiro reino que foi notificado do espetacular livramento. 
O capítulo dez contém a mensagem de Deus a Ciro, relativa à 
luta renhida que se travou na Judéia ao tempo da reconstrução do 
templo pelos cativos judeus libertos. Ciro pôde ver a mão auxiliadora 
de Deus na proteção de Seu povo, e nada mais teve a resolver senão 
ceder diante da influência do Excelso Deus. 
Assim os seis primeiros capítulos e mais o décimo, enfeixam a 
mensagem do livro de Daniel para o seu tempo — que revelou a 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
19 
 
supremacia de Deus sôbre todos os poderes e inclinou os reis a 
reconhecerem-nO como o Supremo Monarca do universo. 
* * * 
O livro de Daniel contém mensagens especiais para os últimos 
dias. Sete profecias há no referido livro relativas ao povo de Deus do 
derradeiro final da história do mundo. A primeira é a abertura do 
livro de Daniel, o estudo de suas profecias, principalmente a do 
versículo quatorze do capítulo oitavo, que resultaria, como resultou, 
no grande movimento religioso do século dezenove — tal como 
anunciado por São João no décimo capítulo do Apocalipse.1 
A segunda — é a restauração do evangelho desde o ano de 1844 
ou desde o final das duas mil e trezentas tardes e manhãs, segundo o 
capítulo oito versículo quatorze. Uma gigantesca obra de restauração 
final do evangelho da graça pela apostasia; um derradeiro convite 
evangélico da graça antes do fechamento da sua porta; um 
extraordinário movimento missionário mundial do povo de Deus 
apontado também nas profecias do Apocalipse, capítulo dez, onze, 
doze, quatorze e dezoito. 
A terceira é a purificação do santuário celestial ou o juízo de 
investigação, desde o ano de 1844 ao término da obra da graça, que 
envolveria apenas o povo de Deus como o envolve, e cujo objetivo, é 
perdoá-lo, remover seus pecados do santuário e conceder-lhe 
“sentença favorável” pelo Supremo Juiz em face da obra meditória de 
Cristo.2 
A quarta — é a proteção do Senhor e Seus escolhidos no tempo 
da cruel angústia que se seguirá ao encerrar-se a graça redentora e a 
intercessão de Cristo por êles diante de Seu Pai, o Juiz Supremo.3 Os 
santos estarão garantidos na tempestade. 
A quinta — é o segundo advento de Cristo para libertar Seu povo 
e levá-lo para o glorioso reino, acontecimento futuro também 
anunciado pelos profetas, por Cristo mesmo pessoalmente e pelos 
apóstolos, mormente por São João nas profecias do Apocalipse.4 
A sexta — são duas ressurreições simultâneas especiais — dos 
que morreram na fé da terceira mensagem angélica e dos que 
 
1 Daniel 12:4. 
2 Daniel 8:14; 7:9-10; 13-14, 22. 
3 Daniel 12:1. 
4 Daniel 12:1. 
ARACELI S. MELLO 
20 
 
crucificaram Jesus, aquela para a vida eterna e esta para vergonha e 
desprêso eterno.1 
A sétima — é a ressurreição dos santos de todos os séculos para 
o novo e eterno reino, incluso Daniel, que com êles estará na sua 
“côrte no fim dos dias”.2 
Depois dêstes setuplos acontecimentos, a terra estará no seu 
glorioso período de paz imperturbável e passando ela a ser a morada 
perpétua da divindade — onde a comunhão com o Pai celeste e o 
maravilhoso Salvador será gozada pelos remidos através dos 
infindáveis séculos da eternidade. 
* * * 
O livro de Daniel pode ser chamado — um manual de história e 
profecia. A profecia predita é uma prévia história e a história é a 
profecia predita passando em revista. As quatro linhas de profecias 
do livro de Daniel — capítulo dois, sete, oito e dez — são um breve 
esboço da história do mundo desde Babilônia ao fim do tempo. Cada 
uma destas linhas alcançará o seu clímax quando o Deus do céu 
estabelecer o Seu reino que jamais será destruído. 
As profecias de Daniel constituem uma divina ponte construída 
sôbre o abismo dos séculos até às iluminadas praias da eternidade. 
Uma ponte pela qual, aqueles que como Daniel propõem em seus 
corações amar e servir a Deus, possam transpô-la pela fé — da 
incerteza e aflição da vida presente à paz e segurança da vida futura. 
As maiores mensagens do livro de Daniel são o primeiro e o 
segundo adventos de Cristo e o estabelecimento do reino de Deus. 
É interessante notarmos o emprego no livro de Daniel, pela 
Revelação, para representar império, nações e indivíduos, — de 
símbolos como metais vários, animais diversos, chifres, árvore e um 
Homem vestido de linho. Foram também assentados quatro períodos 
proféticos: Um tempo, dois tempos e metade de um tempo; duas mil e 
trezentas tardes e manhãs; mil duzentos e noventa dias e mil trezentos 
e trinta e cinco dias. Inúmeros indivíduos tiveram o seu papel 
marcado pela Revelação do livro de Daniel sem que fôssem 
simbolizados ou nominalmente citados. 
 
1 Daniel 12:2. 
2 Daniel 7:27; 12:13. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
21 
 
* * * 
O livro de Daniel compreende duas distintas seções: A histórica, 
capítulos um a seis, e profética, capítulos sete a doze. 
A seção histórica, que é a primeira do livro, pode ser 
considerada como um prefácio da sessão profética. Com exceção do 
sexto capítulo, os cinco primeiros referem a dois exclusivos monarcas 
babilônios: Nabucodonosor e Belshazzar. Os quatro primeiros 
capítulos tratam direta e exclusivamente ao rei Nabucodonosor em 
suas relações com o Deus de Israel através de Daniel e seus três 
companheiros. O quinto historia o trágico fim do império de 
Babilônia e de seu último soberano sob o juízo divino. O sexto 
capítulo menciona um só rei — Dario, o Medo, em suas relações com 
o Deus de Israel através de Daniel. 
Cada capítulo desta seção histórica encerra uma lição básica do 
céu dirigida ao monarca do reino mundial dominante no tempo de sua 
mensagem, bem como aos governantes das nações de todos os tempos 
— de que a supremacia pertence a Deus e não ao homem. 
Revela esta seção ainda, principalmente três dramáticos 
espetáculos em que estiveram em perigo de vida os servos de Deus 
Seus representantes nacôrte do mundo de então. O céu, porém, 
estava a postos e interviu nos momentos precisos para livrá-los de 
perecerem. Entretanto, os reis que correspondem a esta seção foram 
ricamente abençoados pela presença dos embaixadores de Deus em 
suas cortes, e os próprios negócios de seus reinos prosperaram pela 
sabedoria com que cumpriram a missão de que foram incumbidos por 
Deus. 
A seção profética do livro salienta-se por tríplice resumo: 1) 
Despotismo político opressivo; 2) despotismo eclesiástico apóstata; 3) 
religião verdadeira triunfante. As profecias desta seção subordinam-
se a três visões de Daniel (caps. 7, 8, 10), e tratam de poderosos 
impérios, de grandes e influentes nações, dum arrogante poder 
religioso intolerante e do propósito de Deus com Seu povo. O 
desfecho da crise da história é assinalado pela intervenção de Cristo 
no mundo como solução única para os incontáveis e insolúveis 
problemas da terra que afligem e desesperam as nações e os povos. 
O quadro geral desta seção é verdadeiramente sensacional no 
que respeita a seu simbolismo. No que se relaciona aos grandes 
impérios, dum lado são representados por terríveis feras insaciáveis 
de sangue, enquanto por outro lado por animais pacíficos atuando 
como indomáveis e bravios. O poder religioso apóstata, representado 
ARACELI S. MELLO 
22 
 
num “chifre pequeno” com olhos e bôca, é o que mais chama a 
atenção por suas palavras altivas e seu aberto levante e audácia 
contra, o céu, enquanto reduz a nada o poder dos soberanos da terra 
sobre os quais se impõe inexorável. 
Todavia, em meio ao dantesco espetáculo das forças do mal em 
ação, deparamos as profecias que tratam do plano de Deus de 
restauração de tudo e da marcha vitoriosa de Seu povo por entre os 
séculos em meio a um dilúvio de oposições e um inferno de 
perseguições. Vê-se claramente a mão do Onipotente no leme da nau 
do mundo conduzindo Seus planos a bons termos e guiando Seu povo 
ao porto seguro e glorioso da eternidade, a despeito dos tantos recifes 
do caminho. 
Damos a seguir um esboço rápido das duas seções do livro de 
Daniel, em que aparecem os títulos chaves de cada capitulo, tais 
como expostos em tôda a dissertação. Não afirmamos que estes títulos 
correspondam à inteira matéria de cada capítulo; porém, como o 
fizemos, julgamos ter escolhido os que mais se aproximam da 
essência do mais importante conteúdo histórico ou profético de cada 
capítulo: 
Capitulo primeiro: — Embaixadores de Deus na corte de 
Babilônia. 
Capitulo segundo: — O impressionante sonho dos impérios. 
Capítulo terceiro: — Uma poderosa lição de liberdade de 
consciência. 
Capítulo quarto: — O seguro resultado na procrastinação. 
Capítulo quinto: — O banquete fatal de Babilônia. 
Capítulo sexto: — Vitória na cova dos leões. 
Capítulo sétimo: — O drama das opressões políticas e religiosas. 
Capítulo oitavo: — O santuário celestial e o Augusto Tribunal de 
Deus. 
Capítulo nono: — O tempo profético do advento do Messias. 
Capítulo décimo: — A intervenção de Cristo na côrte persa. 
Capítulo undécimo: — Luta de morte pela supremacia política. 
Capítulo duodécimo: — O desenlace da crise da História. 
* * * 
É importante considerarmos em rápidas pinceladas — o mundo 
nos dias de Daniel. É interessante atentarmos em primeiro lugar que, 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
23 
 
ao atingir Daniel a idade de doze anos (612 a.C.) o império assírio, 
outróra poderoso no mundo, caíra nas mãos de Nabopolasar, seu 
forte vassalo governador de Babilônia. O Egito, que antes da Assíria 
era a potência suprema na África e na Ásia, vira na queda desta 
potência que o vassalara uma nova chance de reabilitar-se à sua 
primitiva supremacia. Mas não teve mais forças para erguer-se e todo 
o seu empenho nêste sentido foi em vão diante do nôvo poder — de 
Babilônia sob os caldeus — que se levantava para dominar a terra 
inteira. A êste tempo três novos poderes cresciam e esperavam na fila 
da História a sua vez de dominação mundial — Medo-Persa, Grécia e 
Roma. Porém, o que mais importante se nos apresenta quanto à época 
de Daniel, é o império de Babilônia, no qual êle viveu durante 70 
anos, em cuja côrte foi primeiro ministro enquanto embaixador do Rei 
do universo. É de importância apreciarmos a origem do império de 
Babilônia, no Capítulo II, titulo: A Origem do Império de Babilônia. 
Veja-se também, no mesmo Capítulo, o título: Nabucodonosor Rei do 
Mundo. 
Estava, pois, o mundo sob um só poderoso soberano e uma só 
vontade — o rei Nabucodonosor. Uma absoluta vaidade caracterisou 
o reinado mundial dêste potentado. O povo de Deus jazia fora de sua 
terra, em cativeiro no Oriente. Dois homens foram especialmente 
tomados por Deus naquela solene época histórica enquanto o povo do 
Senhor jazia em cativeiro: Nabucodonosor e Daniel. O primeiro para 
assegurar a paz na terra e o segundo para influenciar no primeiro 
toda a simpatia, benevolência e proteção ao cativo povo de Deus. 
Assim era o mundo nos dias de Daniel e da revelação da 
extraordinária mensagem de seu livro. 
* * * 
Lamentàvelmente há várias adições apócrifas no livro de Daniel. 
Há em tôda a Bíblia sete livros essencialmente apócrifos. Foram 
introduzidos pela primeira vez na “Versão dos Setenta”. São êles; 
Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Profecia de Baruque, I 
Macabeus, II Macabeus e adições no livro de Ester. Passaram depois 
a figurar em outras versões incluso a Vulgata ou Católica — donde a 
versão brasileira do Padre Matos Soares. Êstes livros apresentam-se 
sem o respectivo autor, pelo que atestam sua origem, apócrifa, o que 
não sucederia se fôssem inspirados do céu. Além de tudo, falta nêles 
o elemento profético. Josefo sustém (Ap. 1,8) que o ensino exato, fiel e 
preciso dos profetas foi interrompido depois do fêcho do Velho 
ARACELI S. MELLO 
24 
 
Testamento. Desde Malaquias (cêrca de 400 a.C.) até João Batista, 
nenhum profeta foi levantado por Deus. O próprio primeiro livro dos 
Macabeus fala na ausência de profetas.1 Também a leitura de tais 
livros já indica não terem sido inspirados, havendo até porções que 
contradizem as mensagens dos livros autênticos e inspirados. É digno 
de menção que nenhum dos profetas verdadeiros fez qualquer alusão 
dos livros apócrifos. Cristo jamais se referiu a êles, e mesmo os 
apóstolos e a igreja apostólica jamais importaram-se com êles. 
O canon hebreu que é a coletânia dos livros inspirados através 
os profetas de Israel, não contém os apócrifos citados. Justino, o 
mártir, Origenes, Jerônimo e S. Agostinho aprovaram o cânon 
judáico sem os apócrifos. Wiclife afirmou não terem “autoridade de 
credo” e Lutero declarou: “não serem iguais às Escrituras”. A 
Assembléia de Teólogos de Westminster em 1643, excluiu os livros 
apócrifos. Em 1643, o Dr. Lightfoot na Câmara dos Comuns, referiu-
se aos “desprezíveis apócrifos”, como “remendos de invenção 
humana”. Para termos uma idéia da falsidade destes apócrifos: 
Tobias 6:6-8, autoriza o charlatanismo; II Macabeus 12:44-45, 
recomenda ofertas e orações pelos pecados dos mortos; Judite 9:9-10, 
especialmente, propugna e justifica o engano; Sabedoria 8:19-20, 
ensina a reencarnação. E há outras contraditórias declarações. O 
valor dos apócrifos, portanto, como fonte de verdade e edificação 
espiritual, é nulo, e devem ser eles rejeitados como nocivos à fé e aos 
costumes do são cristianismo. 
O livro de Daniel foi também alvo da injuriosa bagagem de 
edições apócrifas. Segundo a Bíblia Católica do Padre Matos Soares 
— tradução da Vulgata Latina — o capítulo três contém duas adições 
apócrifas: A “oração de Azarias”, na fornalha ardente, e o “cântico 
dos três jovens”, também na fornalha ardente. O capítulo treze 
encerra a história de Suzana e dois velhos por ela apaixonados, 
bastante vergonhosa para que Daniel a inserisseem seu glorioso 
livro. E o capitulo quatorze e último contém duas ridículas histórias; 
A de Bel e a do Dragão, em que o impúdico desconhecido autor-
apócrifo envolveu a Daniel, aquele santo e puro caráter, como 
também é envolvido na história de Suzana pelo mesmo impúdico autor 
ignorado que a inventou. 
Estas adições apócrifas ao livro de Daniel constituem franca 
contradição da narrativa total e original do livro do profeta. Daniel 
seria muito insensato para introduzir em sua belíssima obra inspirada 
 
1 I Livro dos Macabeus cap. 4 verso 46. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
25 
 
tamanhas aberrações e tolices. Nelas é bem patente o dedo do inimigo 
de tôda a justiça que com facilidade extrema serviu-se de apóstatas 
declarados para macular um santo livro como o de Daniel, do mesmo 
modo como o fêz com outros das Sagradas Escrituras. A eterna 
verdade de Cristo foi assim maculada com a presença destes espúrios 
escritos; foram vituperados os servos de Deus que falam em Seu 
nome; e foi ofendido o Espírito Santo — o Agente da inspiração de 
procedência celestial. Os verdadeiros cristãos rejeitarão os apócrifos 
e darão preferência às Bíblias que são isentas deles — como 
prejudiciais à fé cristã. Guerra, pois, aos injuriosos apócrifos de 
origem meramente humana, faltos da inspiração divina e ofensivos a 
Deus e sua justiça. 
* * * 
Seria um milagre se um livro como o de Daniel, cujas profecias 
são tão exatas e tão evidentemente comprovadas por irrecusáveis 
testemunhos históricos — fôsse isento dos ataques de Satanás. 
Deveras nenhum outro livro tem sido tão atacado como êste grande 
livro inspirado. O inimigo do direito tem estado a postos através dos 
séculos para opôr-se à autenticidade e inspiração dos livros das 
Escrituras Sagradas, principalmente o livro de Daniel. Durante 
dezesseis séculos homens ímpios — filósofos pagãos e incrédulos — 
têm procurado derribar a sua autenticidade. Mas êle se tem 
demonstrado como uma bigorna sôbre a qual os martelos dos críticos 
se têm despedaçado. 
Os líderes do judaísmo, os próprios compatriotas de Daniel, 
foram os primeiros a olhar com olhos vesgos ao profeta como profeta 
e a seu livro como matéria inspirada de crédito. Deram ao referido 
livro um lugar inferior no Canon. Não o inscreveram na série dos 
grandes profetas — Isaías, Jeremias e Ezequiel — e nem mesmo entre 
os chamados “profetas menores”, mas o colocaram entre os 
“Escritos” (Kethubins ou Hagiógrafos) — ao par com livros poéticos 
e históricos. Esta atitude equivaleu ao não reconhecimento legal em 
absoluto de Daniel como um profeta de importância e a seus escritos 
como de valor real. Outrossim, o colocaram entre os sábios homens 
que, embora senhores do Dom de Profecia, não são chamados 
profetas nos livros que trazem os seus nomes. Assim repudiaram os 
rabinos a Daniel e seu livro dando-lhe apenas um lugar secundário 
no cânon. Uma das razões do infeliz repúdio judaico ao profeta e 
conseqüentemente ao teu livro, consiste na alegação de que êle, 
embora exercesse o dom profético, não exerceu o ofício profético de 
mediador entre Deus e sua nação, como os demais profetas. Outra 
ARACELI S. MELLO 
26 
 
razão do injusto repúdio é o alegado fato de Daniel ter vivido em 
palácio como primeiro ministro dum reino opressor de seu povo em 
cativeiro e não entre os seus compatriotas opressos. Esqueceram-se, 
porém, que, não fôra Daniel ali naquela corte estar como embaixador 
de Deus, não teriam tido seus antepassados cativos o ameno cativeiro 
que tiveram e muito menos um regresso seguro, em paz e com alegria, 
findo os 70 anos de exílio, para reconstruírem o seu lar nacional na 
Judéia. É, pois, injusta a atitude do judaísmo contra Daniel e seu 
livro, e aqui fica o protesto contra esta descabida injúria que o céu 
um dia vingará. 
* * * 
Uma outra oposição ao livro de Daniel, mais audaz e inspiradora 
de maior descrédito ao seu autor e sua mensagem, é a que originou-se 
no terceiro século com o sofista sírio e filósofo pagão neo-platônico 
— Porfírio (233-304 A.D ). Os impertinentes ataques de Porfírio e 
dos que aplaudiram suas objeções temos a seguir: 
 
“Até o tempo comparativamente recente, com algumas poucas 
excessões, a genuinidade e autenticidade do livro de Daniel tem sido 
consideradas como estabelecidas, e sua autoridade canônica foi tão 
pouco duvidada como a de qualquer outra porção da Bíblia. Os 
antigos hebreus jamais duvidaram de sua autenticidade” embora lhe 
dessem um lugar inferior no cânon — pelo menos o equipararam aos 
livros históricos e poéticos. 
“O primeiro aberto e confesso adversário da genuinidade e 
autenticidade do livro de Daniel, foi Porfírio, um ferrenho adversário 
da fé cristã no terceiro século. Escreveu êle (aos quarenta anos de 
idade) quinze livros contra o cristianismo (obra intitulada — Contra 
os Cristãos), dos quais todos se perderam, exceto alguns fragmentos 
preservados por Eusébio, Jerônimo e outros. Suas objeções contra 
Daniel foram feitas em seu décimo-segundo livro, e tudo o que temos 
de tais objeções foi preservado por Jerônimo em seu comentário 
sôbre o livro de Daniel. Uma inteira informação, suas objeções 
contra os cristãos e os livros sagrados do Velho e Nôvo Testamentos, 
tanto quanto agora se conhece, pode ser encontrado em Lardner — 
Testemunhos Judaicos e Pagãos, Vol. VII, páginas 390, 470, de suas 
obras, edição de Londres, 1829. 
“De acordo a Jerônimo, portanto, Porfírio insinuou “que o livro 
de Daniel não foi escrito por aquele cujo nome o livro trás, mas por 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
27 
 
outro que viveu na Judéia no tempo de Antíoco Epifanes no segundo 
século a.C.; e que o livro de Daniel não prediz coisas futuras, mas 
relatos daquilo que já havia sucedido. Numa palavra, seja o que fôr 
que ele contenha do tempo de Antíoco é história verdadeira; se há 
alguma coisa relatada para tempos futuros é falsidade; porquanto o 
escritor não podia ver coisas futuras, se não que quando muito 
somente podia fazer algumas conjecturas sôbre elas. A êle diversos de 
nossos autores têm dado respostas de grande trabalho e diligência, 
em particular Eusébio, bispo de Cesaréia, em três volumes. 
Apolinarius, também, em um vasto livro, que é o 26.°, e antes deles, 
em parte, Methodius. Como não é meu objetivo, disse Jerônimo, 
“refutar as objeções do adversário, que podia requerer uma longa 
exposição, mas apenas explanar o profeta a nosso próprio povo, isto é 
os cristãos, observarei que nenhum dos profetas falou tão claramente 
de Cristo como Daniel, porque êle não somente predisse Sua vinda, 
como igualmente outros fizeram, mas também anunciou o tempo 
quando Êle apareceria, e menciona em sua ordem os príncipes do 
espaço intermediário, o número de anos e os sinais de seu 
aparecimento. E em virtude de Porfirio vêr que todas estas coisas se 
cumpriram, e não podia negar que todas elas em seu tempo já tinham 
passado, foi êle compelido a dizer, como disse; e devido a similitude 
de algumas circunstâncias, “afirmou que as coisas preditas para 
serem cumpridas pelo Anticristo no fim do mundo, cumpriram-se no 
tempo de Antíoco Epifanes. Tal espécie de oposição é um testemunho 
da verdade; porque tal é o plano de interpretação das palavras, que 
aos homens incrédulos o profeta parece não predizer coisas futuras, 
mas descrever coisas já passadas.”1 
Porfírio fundou-se em certos extraviados autores gregos pagãos 
para suster a sua inglória oposição. Suas opiniões, porém, exerceram 
pouca influência nos séculos subsequentes no Oriente e nenhuma no 
Ocidente, e o primitivo ponto de vista correto sôbre Daniel e seu livro 
dominou tôda a Idade Média. Cristãos e judeus, católicos e 
protestantes, estiveram geralmente unânimes que o livro de Daniel foi 
escrito durante o exíliodo autor em Babilônia no sexto século a.C. 
* * * 
A teoria de Porfírio jazeu dormindo a maior parte do tempo até 
depois da Reforma, quando foi trazida de sua obscuridade por Hugh 
 
1 Source Book for Bible Studentes, ed. 1927, pág. 127. 
ARACELI S. MELLO 
28 
 
Broughton (1549-1612) da Inglaterra. Desde então tem sido ela 
ventilada especialmente por Johann S. Semler (1791), Wilhelm A. 
Corrodi (1793), Leonhard Bertholdt (1806-1808) e outros que nada 
fizeram senão repetir as declarações de Porfírio, o assaltante número 
um do cristianismo no terceiro século. Os que propagam esta 
deletéria teoria de Porfírio, o fazem sem conhecimento real de sua 
origem e de seu verdadeiro objetivo, que era simplesmente depreciar 
o cristianismo. 
Ninguém, pretendem os maus críticos, exceto um compatriota de 
Antíoco IV Epifanes, rei da Síria, no segundo século, seria capaz de 
referir com tal exatidão os eventos daquele tempo. Portanto, o 
escritor do livro de Daniel, afirmam êles — como Porfírio — deve 
evidentemente ter sido um erudito, ou um personagem cujo coração 
encheu-se com o santo desejo por comunicar fôrça e valor a seu povo 
naquele preciso tempo de guerra e perseguição do período Macabeu. 
Êle deve, afirmam, ter sido uma figura saliente que tomou o nome de 
Daniel como seu pseudônimo, para dar maior pêso às suas exortações 
e predições. Mas, é bastante estranho que o incógnito autor, assim 
chamado, escrevesse o livro de Daniel como exortação aos heróicos 
Macabeus perseguidos e em armas contra a Síria e nada se referi-se a 
essa guerra, ao esforço de seu povo em aflição e jamais referisse no 
livro o nome Macabeu! 
Para fortalecer o seu ponto de vista, os críticos lançaram mão do 
fato de não ser Daniel mencionado entre os profetas, no Cânon judeu, 
e nem na importante lista de homens do livro de Eclesiásticus 
(Sirach), escrito cerca de 190-170 a.C. A conclusão a que chegaram é 
que o livro de Daniel deve ter sido escrito numa data posterior, 
provàvelmente cerca de 165 a.C. Hoje grande número de expositores 
aceitam a posterior ridícula data da redação do livro de Daniel. 
Aliás, não aceitam o sexto século como tempo em que o autor do livro 
o escreveu em Babilônia, mas sim o segundo século, ao tempo de 
Antíoco Epifanes. 
* * * 
Dois pontos essenciais há levantados pelos discípulos de Porfírio 
em tôrno de sua teoria sôbre o livro de Daniel: 
 
 1. Desde que certas profecias apontam Antíoco IV Epifanes da 
Síria (175-164), e desde que, de acôrdo às suas concepções, a maioria 
das profecias — pelo menos as que demonstraram um acurado 
cumprimento — foram escritas depois dos eventos descritos terem 
ocorrido, assim as profecias de Daniel, conforme estas suas 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
29 
 
preterições, devem ser datadas do tempo seguinte ao reinado de 
Antíoco Epifanes e não de antes de seu tempo. 
2. Desde que, a seção histórica de Daniel lembra certos eventos 
que discordam dos fatos históricos conhecidos nas fontes em vigor, 
estas discordâncias — asseveram os críticos — podem ser justificadas 
simplesmente pelo fato de o autor do livro de Daniel ter estado 
distante dos eventos, tanto pelo espaço como pelo tempo, e também 
pelo limitado conhecimento que possuía do que sucedera nos sétimo e 
oitavo séculos a.C., 400 anos antes. 
 
Replicamos: — O primeiro argumento opositor, é destituído de 
valor para aquêle que crê que o inspirado profeta fêz acuradas e 
importantes predições concernentes ao curso da História, desde 
Babilônia aos fins dos tempos. O segundo argumento é verídico no 
que afirma que Daniel descreveu alguns eventos que mesmo hoje não 
pedem ser verificados por meio das antigas fontes de material 
disponível. Um de tais eventos é a enfermidade de Nabucodonosor, 
que não é mencionada em qualquer antigo relato existente e que os 
críticos têm-na como objeção ao livro de Daniel. A ausência de 
relatórios seculares para uma temporária incapacidade do maior rei 
do império neo-babilônico não é um fenômeno estranho em um tempo 
quando os relatórios do trôno continham somente narrativas 
louváveis. Também é enigmático Dario, o Medo, cujo lugar na 
História não tem sido estabelecido por fatores de confiança não 
bíblica. Veja-se Capítulo IV, título: “E Dario, o Medo, ocupou o 
reino”. 
Outras chamadas dificuldades históricas mencionadas no livro 
de Daniel foram já solvidas pelo incremento do conhecimento provido 
pela arqueologia moderna, como damos a seguir: 
 
1. A suposta discrepância cronológica entre Daniel 1:1 e 
Jeremias 25:1, — o primeiro texto dando conta que Nabucodonosor, 
como rei de Babilônia, tomou Jerusalém no terceiro ano de Joaquim; 
e o segundo definindo que o primeiro ano de Nabucodonosor como 
rei de Babilônia era o quarto ano de Joaquim. Porém, os 
conhecimentos e as descobertas arqueológicas vieram comprovar em 
solução a êste problema, — 1) que Nabucodonosor era co-regente 
com seu pai Nabopolasar, tendo o título de rei sem reinar como 
soberano oficial único no trono; — 2) que de acordo à cronologia do 
trono de Babilônia, não era tomada em conta no cômputo do reinado 
o ano da ascenção oficial de seus monarcas. Daí o ano da ascenção 
ARACELI S. MELLO 
30 
 
de Nabucodonosor, que foi o terceiro ano de Joaquim da Judéia, não 
ter sido computado nos anos de seu reinado oficial como sucessor de 
seu pai Nabopolasar, sendo o seu primeiro ano, conforme a 
cronologia do trono e o relato do profeta Jeremias, em verdade o 
quarto ano de Joaquim. 
 
2. Nabucodonosor é apresentado em Daniel como o grande 
edificador de Babilônia,1, ao passo que esta honra havia sido dada 
pelos clássicos gregos à rainha Semírames. Mas a arqueologia nestes 
últimos 100 anos tem mudado inteiramente o quadro pintado pelos 
clássicos escritores e tem corroborado com o relato do livro de 
Daniel que credita a Nabucodonosor a honra de edificador e 
embelezador da grande cidade da Caldéia. Semírames, chamada 
Sammu-ramat em inscrições cuneiformes, foi agora descoberta como 
uma rainha mãe da Assíria, regente de seu filho menor Adad-nirari 
III, e não como uma soberana de Babilônia como pretendem as fontes 
clássicas. As inscrições demonstraram que ela jamais estêve ligada 
com alguma atividade de edificação em Babilônia. De outro lado, 
numerosas inscrições de Nabucodonosor provam que êle tornou-se o 
criador de uma nova Babilônia pela reedificação de palácios, templos 
e de novos edifícios e fortificações. Veja-se a exposição do versículo 
trinta do quarto capítulo, título: “Nabucodonosor Enche a Medida”. 
Tal informação de crédito a Nabucodonosor, inserida no livro de 
Daniel, ninguém senão um escritor do século neo-babilônico podia ter 
fornecido. A presença de uma tal informação no livro de Daniel 
confunde completamente os maus críticos que não crêm que seu livro 
tenha sido escrito no sexto século, mas antes no segundo século a.C. 
Um típico exemplo do dilema que os envolve, é a seguinte confissão 
de R. H. Pfeiffer, da universidade de Harvard:”Nós presumivelmente 
jamais saberemos como o nosso autor tomou conhecimento, que a 
Nova Babilônia foi a criação de Nabucodonosor..., como as 
escavações têm provado”.2 BC, 748. 
3. Belshazzar, rei de Babilônia, constituiu outra fortaleza dos 
críticos contra o livro de Daniel. Até não faz muito tempo, Belshazzar 
era olhado através do livro de Daniel, onde unicamente era referido, 
como uma figura legendária, em virtude de a história secular não o 
ter mencionado na lista cronológica dos reis de Babilônia. O silêncio 
que fizeram sobre Belshazzar os antigos historiadores, levou o mau 
criticismo a erguer-se contra a historicidade do livro de Daniel e a 
 
1 Daniel 4:30. 
2 Seventh-Day Adventist Bible Commentary, Vol. IV, pág. 748. 
TESTEMUNHOSHISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
31 
 
duvidar mesmo da existência deste rei. A dificuldade era acentuada 
pelo fato que diversas antigas fontes davam listas dos reis de 
Babilônia até ao fim da história desta nação, as quais mencionavam 
Nabonidos, em diferentes períodos, como último rei antes de Ciro, 
que foi o conquistador de Babilônia. Mas o livro de Daniel coloca os 
eventos imediatamente precedentes à queda de Babilônia no reinado 
de Belshazzar. Porém, a alta crítica (ou baixa), inventou numerosas 
interpretações para esplanar a aparente discrepância ante os relatos 
bíblicos e as fontes profanas. De acôrdo a Raymond P. Dougherty, em 
Nabonidos e Belshazzar, páginas 13, 14; “Belshazzar era (1) um 
outro nome do filho de Nabucodonosor conhecido como Evil-
Merodach, (2) um irmão de Evil-Merodach, (3) um filho de Evil-
Merodach, conseqüentemente neto de Nabucodonosor, (4) um outro 
nome de Nergal-shar-usur, genro de Nabucodonosor, (5) um outro 
nome de Labashi-Merduch, filho de Nergal-shar-usur, (6) um outro 
nome dado a Nabonidus, (7) o filho de Nabonidus e uma filha de 
Nabucodonosor”.1 
 
Uma outra invenção dos críticos refere o nome de Belshazzar 
como uma invenção do escritor do livro de Daniel que viveu no tempo 
dos Macabeus no segundo século. 
Porém, nestes tempos modernos, a pá e a picareta da 
arqueologia reduziram a frangalhos as pretensões e ataques da 
chamada “alta crítica” revelando a veracidade do registro de Daniel 
quanto a Belshazzar como personagem não imaginária ou legendária, 
não como filho dêste ou daquele, mas como filho de Nabonidos e co-
regente com êste. Dentre os muitos achados arqueológicos que 
revelam a existência real de Belshazzar, citaremos uma insuspeita 
oração de Nabonidos, que julgamos o suficiente para confirmar os 
relatos de Daniel sôbre Belshazzar. Ei-la abaixo; 
“Quanto a mim, Nabuna’id rei de Babilônia, livra-me de pecar 
contra tua grande natureza divina e concede-me longos dias de vida. 
E concernente a Belshazzar meu primogênito, o rebento de meu 
corpo, seu coração encha tú também com respeito de tua grande 
divindade, para que êle jamais possa condescender no pecado. 
Permita-lhe satisfazer-se na abundância de dias”.2 
Isto escreveu Nabonidus dirigindo-se a Sin, deus da Lua. Esta 
própria declaração dêste rei atestando Belshazzar como seu filho 
 
1 Seventh-Day Adventist Bible Commentary, Vol. IV, pág. 806. 
2 A Dictionary of the Bible, John D. Davis, art. Belshazar. 
ARACELI S. MELLO 
32 
 
primogênito, que por direito seria o herdeiro do trôno, é suficiente 
para crermos na veracidade da pessoa histórica, dêste soberano. 
Verdadeiramente ficam, pelas modernas descobertas da 
arqueologia, pulverizadas as oposições da “alta crítica” quanto à 
historicidade do livro de Daniel, e mais que nunca este profeta de 
Deus e seu livro são reivindicados e exaltados como autênticos. 
* * * 
Segundo a teoria do pagão Porfírio, o quarto reino dos capítulos 
dois e sete de Daniel é aplicado no período helenista: Babilônia é 
contada como o primeiro império, Média como o segundo, Pérsia 
como o terceiro, e Alexandre e seus sucessores como o quarto. 
Todavia a Média e a Pérsia jamais formaram dois impérios mundiais 
separadas uma da outra ou uma seguindo à outra ou um conquistado 
pelo outro. Tanto pela profecia como pela História secular 
constatamos que os dois poderes uniram-se num só para submeterem 
Babilônia, o primeiro império, e formarem assim o segundo império 
mundial, da profecia e da História. Mas a teoria de Porfírio do quarto 
reino helenista, define o “chifre pequeno” dos capítulos sete e oito de 
Daniel, como aplicável a Antíoco IV Epifane rei da Síria. Porém, no 
capítulo sete, o “chifre pequeno”, o mesmo do capítulo oito, surge da 
cabeça do quarto animal, que representa o quarto reino da terra ou 
Roma, e Antíoco Epifanes, em seu tempo, representou o poder sírio e 
não o poder romano.1 O “chifre pequeno” surgiu entre os 10 chifres 
do quarto animal, romano que representam os bárbaros que 
dividiram Roma Ocidental e formaram a Europa moderna,2 e Antíoco 
Epifanes não se levantou como rei em meio aos 10 reinos europeus e 
tão pouco destruiu três deles para sempre — Hérulos, Vândalos e 
Ostrogodos — como reza à profecia que faria o “chifre pequeno”. 
Vêr adiante, o título: “Estorvos no Caminho do Papado”. 
Antíoco reinou 11 anos e o “chifre pequeno” reinaria, como 
reinou, 1260 anos segundo a profecia. O reino que seguiu o império 
de Alexandre, não foi o reino de Deus, que, segundo a profecia, 
seguiria o quarto reino dividido em dez — mas Roma-Pagã foi que o 
seguiu. O “chifre pequeno” estenderia suas conquistas ao Oriente e 
ao Sul; mas Antíoco Epifanes foi detido no Sul, no Egito, pela palavra 
de um mero oficial romano, Caio Pompílio Lena, — veja página 339 
— e na Palestina foi derrotado, por fim na guerra dos Macabeus. E 
 
1 Daniel 7:23. 
2 Daniel 7:24. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
33 
 
no Oriente, foi êle derrotado em sua última expedição que resultou em 
sua morte. Vemos assim, uma vez, que a teoria de Porfírio, ainda hoje 
esposada pelos modernistas e encontrada na maioria dos comentários 
críticos — de que o livro de Daniel foi fabricado por um desconhecido 
no período Macabeu depois de ocorridos os fatos por êle descritos, e 
não no sexto século por seu legitimo autor — tem-se demonstrado 
ridícula e destituída de fundamento. Nenhuma profecia de Daniel a 
ela se ajusta, principalmente quanto à sua pretensão do quarto reino 
helenista e muito menos de Antíoco IV Epifanes como representante 
do “chifre pequeno”. 
Inúmeros outros indestrutíveis argumentos poderiam ser 
aduzidos como evidências da nulidade da teoria de Porfírio ainda 
hoje aceita pelos declarados inimigos de Deus e da sã verdade 
revelada do Céu. Veja-se página 419 titulo: “Uma concepção errônea 
do “Chifre Pequeno”. 
* * * 
Há no livro de Daniel duas linguagens distintas. Foi escrito 
parcialmente em hebráico e parcialmente em aramaico. Do capitulo 
um versículo um ao capítulo dois versículo três e do capítulo oito 
versículo um até ao fim do capitulo doze, foi escrito em hebráico, e, 
do capítulo dois versículo quatro até ao fim do capítulo sete, foi 
escrito em aramaico. Isto tem levado os críticos a numerosas 
conjeturas. Suas pretenções de que o livro é de posterior origem e não 
do sexto século, são baseadas, em parte, nos idiomas empregados no 
livro. Afirmaram que a seção aramaica corresponde ao aramaico 
usado no segundo e terceiro séculos a.C., e não ao aramaico usado 
no sexto século a.C. 
Entretanto, dizemos que a mera forma de linguagem não é em si 
mesma suficiente para estabelecer a data de escritos da antigüidade, 
porque os copistas daquele tempo eram acostumados a “modernizar” 
o estilo da ortografia ou fraseado, embora o pensamento original 
permanecesse. Dizemos de nossos dias, que a última revisão 
ortográfica da Bíblia Almeida em português pela Sociedade Bíblica 
do Brasil, não pode ser tomada como prova de que a Bíblia Almeida 
foi originalmente escrita ou traduzida no século XX. Assim com o 
livro de Daniel. Nada prova que o aramaico do livro, semelhante ao 
do segundo século, seja a última palavra para atestar que o profeta 
escreveu seu livro no segundo século. 
Aqueles que datam, a origem do livro de Daniel do segundo 
século a. C., têm também o problema da explanação: Por que um 
autor hebreu do período dos Macabeus escreveria parte do livro em 
ARACELI S. MELLO 
34 
 
aramaico e não todo êle em hebraico? Além disso, têm também de 
explicar a razão do autor introduzir 15 palavras persas e 3 gregas em 
seu livro, justamente no aludido período Macabeu, em que teve em 
vista encorajar, como afirmam, os seus compatriotas judeus afligidospor Antíoco IV Epifanes. 
Outro ponto que deixa perplexos e sem saída os opositores de 
Daniel e seu livro, é o notável fato que, a parte aramaica do livro é 
justamente a que trata de Babilônia como dominadora suprema no 
mundo. A profecia do capítulo oito, onde o autor retoma a escrever 
em hebraico, revelada exatamente no último ano de Babilônia como 
Império do orbe, já não trata mais dêsse poder. Daniel seguramente 
escreveu em aramaico, a língua da diplomacia mundial de então, a 
parte profética de seu livro que mais poderia interessar aos caldeus e 
para chamar-lhes a atenção para a derrocada que infalivelmente 
viria a seu império mundial. 
Nestes últimos dias o livro de Daniel foi completamente 
reivindicado. Seus infiéis opositores foram declarados ignorantes e 
considerados obstinados inimigos gratuitos da Bíblia. A arqueologia 
vem de dar um golpe de estremecer o ceticismo dos críticos, 
mormente pela descoberta, em 1947, numa caverna próximo ao Mar 
Morto, de parte de dois rolos do livro de Daniel — “contendo os 
nomes de Daniel, Cedrach, Mesach e Abednego, e incluindo o ponto 
onde a porção aramaica do livro começa”.1 
* * * 
Outro fato interessante do livro de Daniel é que o autor aparece 
em duas pessoas distintas. Nos primeiros sete capítulos Daniel fala de 
si na terceira pessoa; e nos capítulos Daniel fala de si na terceira 
pessoa; e nos capítulos subsequentes apresenta-se na primeira 
pessoa. E a razão é simples: As circunstâncias da época da história 
referida nos seis primeiros capítulos e da revelação contida no sétimo 
capitulo — eram desfavoráveis a si em face de seus não poucos 
gratuitos adversários, pelo que teve a prudência de não dar um auto-
testemunho de sua pessoa como suprema em face de todos êles, 
preferindo escrever sua vitoriosa história e sua primeira grande 
revelação como se outrem as escrevesse, para não aparecer como 
superior em talento e caráter diante dos esbirros que o odiavam e 
assim exasperá-los ainda mais contra si. Assim sendo e ainda por ser 
considerado um cativo embora um grande homem do reino, preferiu 
 
1 The Prophetic Faith of Our Fathers, Vol. II, pág. 58. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
35 
 
Daniel falar de si na terceira pessoa como se não fôsse o autor da 
parte em questão do livro, provavelmente escrita até à sua libertação 
de perecer na cova dos leões. Porém, estava Daniel agora 
pràticamente livre de inimigos e do cativeiro que expirava, preferindo 
então escrever suas últimas visões — desde o capitulo oito ao fim de 
seu livro — aparecendo figurado como autor na primeira pessoa. Foi 
a prudência, para seu bem e de seu povo e como porta-voz de Deus 
em duas cortes — de Babilônia e da Medo-Persa — que ditou-lhe 
dever agir assim com referência à sua pessoa como autor de seu livro. 
Porém, a atitude de Daniel em preferir aparecer figurado em 
duas pessoas, como vimos, levou os críticos a descarregarem sôbre 
êle e seu livro mais uma porção de bombas, e negarem que o livro 
fôsse escrito por êle no sexto século a.C., mas insistindo que fôra 
escrito na primeira metade do segundo século a.C., ao tempo da 
guerra dos Macabeus contra Antíoco Epifanes. Todavia suas bombas 
eram e ainda são apenas de fumaça, não tendo o poder de destruir o 
famoso livro que permanece intacto e mais indestrutível do que 
jamais, como uma fortaleza inespugnável da Revelação em 
testemunho da verdade. 
* * * 
Agora algumas palavras sôbre os críticos modernos que em 
nosso presente século persistem em defender a insustentável teoria 
arcáica de Porfírio, e que o fazem por devotado e injustificável ódio 
contra o cristianismo e a doutrina cristã. Infelizmente não fazem êles 
diferença entre o são cristianismo e o cristianismo espúrio e barato 
do tempo atual. Êste foi o grave êrro de Porfírio que redundou numa 
inglória guerra de sua parte mesmo contra o Filho de Deus — pois 
ninguém pode guerrear o cristianismo legítimo sem guerrear o seu 
Autor. Quanto ao livro de Daniel, recusam-se estes maus críticos a 
depor o orgulho que lhes é próprio ante às acumulativas provas de 
sua inspiração e sua composição no sexto século a.C., — e o fazem 
simplesmente por teimosia e falta de humildade e sinceridade em 
reconhecer o direito e a verdade que o livro encerra. A vesga é 
sempre repetida declaração porfírica, nestes modernos tempos, de 
que o livro de Daniel é uma farsa de autor fanático do segundo século 
a.C., só poderia proceder, realmente, duma mente pagã como a de seu 
originador, é aceita e propagada por cérebros enuviados como o seu 
— a serviço do inimigo da justiça — Satanás. Recusar a voz da 
História por já vinte e cinco séculos exaltando as profecias de Daniel 
ARACELI S. MELLO 
36 
 
num testemunho eloquente e indestrutível, deixando em tudo 
desbaratada a infeliz teoria de Porfírio e desmascarando totalmente a 
seus modernos propagadores, significa falta de senso e honradez. 
Quando cérebros que se julgam lúcidos, deixam de reconhecer o 
cumprimento exato e altamente comprovado daquilo que combatem 
sem tréguas, é de duvidar da lucidez de tais cérebros. 
Um após outro império, reinos e nações anunciados no grande 
livro de Daniel surgiram e caíram segundo os ditames de suas 
profecias. Cada pormenor encontrou irrecusável cumprimento nos 
fatos internacionais ocorridos. As predições que dizem respeito ao 
povo de Deus e ao Messias foram tão exatamente comprovadas pelos 
acontecimentos, mesmo em suas datas fixas preditas, que não podem 
deixar de causar, admiração. As que apontam os inimigos de Deus e 
de Seu povo também foram em todo o sentido perfeitamente 
cumpridas. Assim o uníssono testemunho da História em cumprir 
todas as profecias de Daniel atesta a sua divina inspiração. Recusar 
as profecias de Daniel como autênticas significa recusar e insurgir-se 
contra a própria História que as cumpriu do modo mais eloqüente e 
incontestável. 
Os fiéis cristãos, que prezam a Revelação de Deus, exarada no 
livro de Daniel e nos demais das Sagradas Escrituras, não serão 
afetados pelos deletérios ensinos forjados por seus opositores; por 
homens que à luz chamam trevas e as trevas chamam luz; que 
consideram o erro como verdade e a verdade como erro; por 
indivíduos, enfim, que se erguem ousadamente para enfrentar o Todo-
Poderoso numa guerra ateística desajuizada. Um dia serão êles 
responsabilizados perante o tribunal do Excelso por seus deboches e 
seus despreziveis ataques de mentira à Revelação do céu. Tarde 
demais reconhecerão o ultrage e o sacrilégio que cometeram com 
toda a arrogância e insolente irreverência. 
* * * 
O livro de Daniel é uma cronologia tão perfeita, desde Babilônia 
aos nossos dias, que seria impossível um plágio do segundo século 
a.C., ou de qualquer outro. Todos os grandes acontecimentos da 
História são tão perfeitamente exarados em suas profecias e tão 
evidentemente cumpridos desde vinte e cinco séculos atrás até ao 
presente, que em verdade é impossível que o nome do autor do livro 
aluda apenas a um simples pseudônimo para encobrir uma obra 
espúria, em vez de aludir ao nome de um legítimo, grande e inspirado 
profeta como autor. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
37 
 
A parte histórica do livro de Daniel, que trata de acontecimentos 
internacionais ligados ao início e ao término do império de Babilônia, 
está em perfeita harmonia com escritos de outros profetas dos sétimo 
e sexto séculos a.C., e com os de Herôdoto e Xenofonte, clássicos do 
quinto e quarto séculos a.C. respectivamente, — e portanto antes de 
Antíoco IV Epifanes, ou do segundo século a.C. — não podendo, 
portanto, ter sido forjada em primeira mão por um autor anônimo ou 
um pseudo Daniel da época de Macabeus. Cai assim por terra mais 
uma vez a expúria e malfadada teoria de que o livro de Danielé obra 
inventada no segundo século em vez de original e legítima do sexto 
século. 
* * * 
A data bíblica do livro de Daniel está em primeiro lugar ligada à 
própria pessoa do escritor como indivíduo histórico e real do sexto 
século a.C. em Babilônia. O primeiro grande e incontestável 
testemunho nêste respeito é o de Ezequiel que foi também um dos 
cativos judeus no cativeiro babilônico, bem como um profeta de Deus 
entre os seus compatriotas no exílio. Como indiscutível prova de que 
Ezequiel foi um profeta do período do cativeiro, êle próprio relata 
quatorze revelações que recebera de Deus, datando cada uma delas 
com um dos anos do cativeiro, sendo que em dois daqueles anos 
recebera três visões em cada um dêles. As datas das referidas visões, 
conforme relatadas em seu livro, são os anos 601, 600, 599, 597, 596, 
595, 594, 581, 579, 576. Datando uma dessas visões, a do ano 581, o 
profeta começa enfaticamente assim: “No ano vinte e cinco do nosso 
cativeiro”1. Estas datas de suas visões comprovam que êle foi profeta 
no período do cativeiro pelo menos durante 25 anos, aliás, de 601 a 
576 a.C. Repetindo, frisamos: Ficou provado e documentado pelo 
próprio profeta Ezequiel que êle foi um dos profetas do período do 
cativeiro, e, portanto, um compatriota-contemporâneo de Daniel. 
O inolvidável testemunho inspirado de Ezequiel sobre Daniel, seu 
contemporâneo, que é portanto o próprio testemunho de Deus mesmo, 
aqui o temos em suas palavras: “Eis que mais sábio és que 
Daniel...”2 O profeta estava fazendo uma ilustração da sabedoria de 
Lucifer na pessoa do rei de Tiro. 
 
1 Ezequiel 1:2-3; 8:1; 20:1-2; 24:1; 29:1; 26:1; 30:20; 31:1; 32:1-17; 33:21-22; 40:1; 29:17; 1:1. 
2 Ezequiel 28:3. 
ARACELI S. MELLO 
38 
 
Havia, então, segundo Ezequiel, no tempo do cativeiro babilônio, 
um sábio chamado Daniel. E não é discutível a verdade quanto a 
referir-se êle ao Daniel autor do livro que trás o seu nome. Aquele 
sábio Daniel, na altura deste testemunho, de Deus através de 
Ezequiel, cerca do décimo ano de cativeiro, 596 a.C., já era 
proverbialmente conhecido em Babilônia como principal sábio do 
reino mundial dos caldeus.1 A solução que Daniel deu aos dois sonhos 
do rei Nabucodonosor (caps. 2 e 4), e às misteriosas palavras da 
parede do palácio festal de Belshazzar (cap. 5), o colocaram acima de 
todos os sábios do mundo de seus dias. A velha rainha, filha do rei 
Nabucodonosor, declarou ao agoniado rei Belshazzar na última noite 
de sua vida: 
“Há no teu reino um homem, que tem o espírito dos deuses 
santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e 
sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei 
Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos 
astrólogos, dos chaldeus, e dos advinhadores. Porquanto se achou 
neste Daniel um espírito excelente, e ciência e entendimento, 
interpretando sonhos, e explicando enigmas, e sólvendo dúvidas, ao 
qual o rei poz o nome de Belteshazzar; Chame-se pois, agora Daniel, 
e êle dará a interpretação”.2 
Inquestionavelmente, portanto, o sábio Daniel do testemunho 
inspirado do profeta Ezequiel, seu contemporâneo, era o profeta 
Daniel, o autor do grande livro que consideramos, e que viveu, diante 
do testemunho daquele homem de Deus — no sexto século ou no 
reinado de Nabucodonosor rei de Babilônia. 
Outro testemunho sôbre Daniel, o Daniel do livro de Daniel 
como indivíduo do sexto século, é ainda o do próprio Senhor Deus 
através do mesmo Ezequiel, Seu profeta. Seu novo e indubitável 
testemunho é comprovante de que Daniel em verdade viveu nos dias 
do profeta Ezequiel, e, portanto, no sexto século a.C. Ei-lo: “Ainda 
que estivessem no meio dela êstes três homens, Noé, Daniel e J...” 3. 
Poderá alguém duvidar do testemunho de Deus? Se o Daniel do livro 
de Daniel fôsse, como querem os críticos, uma quimera do segundo 
século, Deus não falaria dêle no sexto século. Só há um grande 
Daniel em tôda a história bíblica — o Daniel do tempo do profeta 
Ezequiel e do rei Nabucodonosor, o Daniel do sexto século. É preciso 
 
1 Daniel 1:20; 2:48. 
2 Daniel 5:11-12. 
3 Ezequiel 14:14, 20. 
TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL 
39 
 
ser muito cético e desafiante para rejeitar o testemunho do Todo-
poderoso. 
Ainda um outro testemunho de valor eterno é o de nosso Senhor 
Jesus Cristo. Pondo sêlo de autenticidade no livro de Daniel, 
confirmou a veracidade de suas profecias e aconselhou atendê-las. 
Aqui estão as Suas palavras; “Quando, pois, virdes que a 
abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no 
lugar santo; quem lê, atenda”.1 Êste testemunho de Cristo eqüivale ao 
do Pai referente ao autor do livro de Daniel como profeta e escritor 
do sexto século. Daria o Senhor Jesus o Seu testemunho em favor de 
um autor espúrio, como é acusado o autor do livro de Daniel pelos 
críticos? Jamais isto faria o Filho de Deus. 
Assim, a data bíblica do livro de Daniel, testemunhada pelo 
profeta Ezequiel, por Deus e por nosso Senhor Jesus Cristo, é o sexto 
século a.C. E nenhum autor poderia escrever um tal livro a não ser 
que tivesse vivido no sexto século. O tríplice testemunho aqui dado 
destrói as invenções de má fé de Porfírio e seus seguidores. 
* * * 
A historicidade do livro de Daniel ê uma verdade indiscutível. A 
parte histórica do livro abre-se com um grande acontecimento; a 
conquista da Judéia por Nabucodonosor, rei de Babilônia, no terceiro 
ano de Joaquim, rei dos judeus. Êste memorável sucesso, aceito sem 
qualquer oposição pelos simpatizantes do livro de Daniel, é inegável 
pelos críticos seus inimigos. O grande acontecimento político 
internacional de conquista mencionado inicialmente no livro, 
constitue um marco indestrutível de sua historicidade. Diremos que 
êle é o pórtico de acesso a uma obra em todo o sentido documentada 
por evidências que nenhum esforço poderá destruir. 
Os cinco primeiros capítulos do livro de Daniel encerram parte 
da história do império de Babilônia do ano 606 ao ano 359 a.C., 
amplamente comprovada pelas Sagradas Escrituras de vários 
profetas, pelos antigos historiadores clássicos e pela arqueologia 
moderna. O quinto capítulo demonstra bem evidente a derrocada final 
do império mundial caldeu sob o rei Belshazzar — nas mãos dos 
medos e persas unidos, fato sobejamente atestado pela história 
secular e os documentos arqueológicos dêstes últimos tempos. O sexto 
capítulo começa com a presença de Dario o Medo, o nôvo rei do 
mundo, personagem muito discutida, todavia comprovada afinal como 
 
1 S. Mateus 24:15. 
ARACELI S. MELLO 
40 
 
Xiaxares II, tio de Ciro o Grande, conquistador de Babilônia. Êste é o 
resumo do quadro histórico do livro de Daniel, documentado por 
fatos históricos ligados ao final do sétimo século e ao sexto século até 
ao ano 534 a.C. Somente um homem que viveu na época dêstes 
acontecimentos, que foi testemunha ocular deles e que os 
acompanhou com interesse, poderia referi-los como os referiu. Dai 
Daniel, o autor do livro que trás o seu nome ser aquele Daniel que foi 
profeta de Deus enquanto primeiro ministro de duas cortes mundiais 
no sexto século a.C. — a de Babilônia e a da Medo-Persa. 
Outras irrefragáveis provas da historiedade do livro de Daniel 
são as datas de suas visões que êle não esquecera de justapor às 
mesmas. O sonho do rei Nabucodonosor revelado a Daniel para que o 
notificasse e interpretasse, foi dado no segundo ano dêste soberano 
604 a.C.1 A visão do capítulo sete está datada do primeiro ano de 
Belshazzar, 541 a.C.2 A do capítulo oito, do terceiro ano dêste mesmo 
monarca — 539 a.C.3 A do capítulo dez, do terceiro ano de Ciro — 
534 a.C.4 A festa de Belshazzar, do capítulo cinco, foi realizada no

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