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Título: Estudo da competitividade da indústria brasileira - competitividade da indústria de alumínio Autor: Jorge Nogueira de Paiva Britto

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IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE
DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
_____________________________________________________________________________________________
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE ALUMÍNIO
Nota Técnica Setorial
do Complexo Metal-Mecânico
O conteúdo deste documento é de
exclusiva responsabilidade da equipe
técnica do Consórcio. Não representa a
opinião do Governo Federal.
Campinas, 1993
Documento elaborado pelo consultor Jorge Nogueira de Paiva Britto (FEA/UFF).
A Comissão de Coordenação - formada por Luciano G. Coutinho (IE/UNICAMP), João Carlos Ferraz (IEI/UFRJ), Abílio dos Santos
(FDC) e Pedro da Motta Veiga (FUNCEX) - considera que o conteúdo deste documento está coerente com o Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira (ECIB), incorpora contribuições obtidas nos workshops e servirá como subsídio para as Notas Técnicas Finais de síntese do Estudo.
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CONSÓRCIO
Comissão de Coordenação
INSTITUTO DE ECONOMIA/UNICAMP
INSTITUTO DE ECONOMIA INDUSTRIAL/UFRJ
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR
Instituições Associadas
SCIENCE POLICY RESEARCH UNIT - SPRU/SUSSEX UNIVERSITY
INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI
NÚCLEO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA
DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - IG/UNICAMP
INSTITUTO EQUATORIAL DE CULTURA CONTEMPORÂNEA
Instituições Subcontratadas
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA - IBOPE
ERNST & YOUNG, SOTEC
COOPERS & LYBRANDS BIEDERMANN, BORDASCH
Instituição Gestora
FUNDAÇÃO ECONOMIA DE CAMPINAS - FECAMP
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenação Geral: Luciano G. Coutinho (UNICAMP-IE)
João Carlos Ferraz (UFRJ-IEI)
Coordenação Internacional: José Eduardo Cassiolato (SPRU)
Coordenação Executiva: Ana Lucia Gonçalves da Silva (UNICAMP-IE)
Maria Carolina Capistrano (UFRJ-IEI)
Coord. Análise dos Fatores Sistêmicos: Mario Luiz Possas (UNICAMP-IE)
Apoio Coord. Anál. Fatores Sistêmicos: Mariano F. Laplane (UNICAMP-IE)
João E. M. P. Furtado (UNESP; UNICAMP-IE)
Coordenação Análise da Indústria: Lia Haguenauer (UFRJ-IEI)
David Kupfer (UFRJ-IEI)
Apoio Coord. Análise da Indústria: Anibal Wanderley (UFRJ-IEI)
Coordenação de Eventos: Gianna Sagázio (FDC)
Contratado por:
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
COMISSÃO DE SUPERVISÃO
O Estudo foi supervisionado por uma Comissão formada por:
João Camilo Penna - Presidente Júlio Fusaro Mourão (BNDES)
Lourival Carmo Monaco (FINEP) - Vice-Presidente Lauro Fiúza Júnior (CIC)
Afonso Carlos Corrêa Fleury (USP) Mauro Marcondes Rodrigues (BNDES)
Aílton Barcelos Fernandes (MICT) Nelson Back (UFSC)
Aldo Sani (RIOCELL) Oskar Klingl (MCT)
Antonio dos Santos Maciel Neto (MICT) Paulo Bastos Tigre (UFRJ)
Eduardo Gondin de Vasconcellos (USP) Paulo Diedrichsen Villares (VILLARES)
Frederico Reis de Araújo (MCT) Paulo de Tarso Paixão (DIEESE)
Guilherme Emrich (BIOBRAS) Renato Kasinsky (COFAP)
José Paulo Silveira (MCT) Wilson Suzigan (UNICAMP)
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO ............................................................................................................ 1
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 25
1. ANÁLISE DE TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS ............................................................ 27
1.1. Características Estruturais.............................................................................................. 27
1.2. Estratégias Empresariais ................................................................................................ 33
1.3. Principais Fatores de Competitividade............................................................................ 35
2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO............................ 37
2.1. Evolução Recente do Mercado de Alumínio................................................................... 37
2.2. Desempenho e Capacitação na Indústria de Alumínio Primário....................................... 45
2.2.1. Porte empresarial e desempenho econômico da indústria ...................................... 45
2.2.2. Atualização tecnológica dos processos................................................................. 48
2.2.3. Eficiência energética ............................................................................................ 52
2.2.4. Nível tecnológico dos produtos gerados............................................................... 54
2.2.5. Modernização Produtiva, Processo de Trabalho e Qualificação da Mão-de-
Obra.................................................................................................................... 55
2.2.6. Gerenciamento da Produção e da Qualidade......................................................... 58
2.2.7. Gerenciamento Ambiental .................................................................................... 61
2.2.8. Comportamento dos custos de produção.............................................................. 62
2.3. Capacitação e Desempenho na Indústria de Transformados............................................ 64
2.3.1. Extrusão .............................................................................................................. 66
2.3.2. Laminação ........................................................................................................... 67
2.3.3. Fundição.............................................................................................................. 69
2.3.4. Cabos e fios ......................................................................................................... 69
2.4. Capacitação nas Atividades de Reciclagem de Alumínio................................................. 70
2.5. Fatores Sistêmicos Condicionantes da Competitividade.................................................. 72
2.6. Obstáculos e Oportunidades à Competitividade.............................................................. 79
2.6.1. Produção de alumínio primário............................................................................. 79
2.6.2. Produção de transformados.................................................................................. 83
2.6.3. Reciclagem de alumínio........................................................................................ 84
3. PROPOSTAS DE POLÍTICA............................................................................................... 86
3.1. Políticas de Reestruturação Setorial ............................................................................... 86
3.2. Políticas de Modernização Produtiva ............................................................................. 94
3.3. Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos ................................................................. 102
4. INDICADORES DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA .......................................... 110
5. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 114
RELAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS.............................................................................. 117
ANEXO 1...............................................................................................................................119
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ANEXO 2: PESQUISA DE CAMPO - ESTATÍSTICAS BÁSICAS DO SETOR ................... 122
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RESUMO EXECUTIVO
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DA COMPETITIVIDADE
1.1. Características Estruturais da Indústria
Até meados da década de 70 a indústria de alumínio caracterizava-se como um oligopólio
estável, marcado pela elevada concentração, por barreiras à entrada expressivas e por uma
liderança-preço exercida por um pequeno grupo de grandes produtores __ Alcoa, Kaiser,
Reynolds, Alcan, Pechiney e Alusuisse __, aos quais se agregava uma "franja" de empresas
marginais. Após-1974 inicia-se um período de instabilidade da indústria, em virtude dos choques
resultantes da elevação dos preços do petróleo, que implicaram o crescimento dos custos
energéticos da indústria, deprimindo as margens de lucro de diversas plantas nos EUA, Europa e
Japão, muitas das quais foram fechadas.
A elevação generalizada dos custos de produção se refletiu na busca de um
reposicionamento das empresas nas curvas de custo da indústria, o que favoreceu a reorientação
da produção para países ricos em energia. Observa-se uma expansão mais acelerada da "franja" de
pequenos produtores, a partir da entrada de firmas localizadas em países com dotação favorável
de recursos naturais e energéticos, em detrimento da participação das firmas líderes no mercado.
Como conseqüência, a distribuição espacial da produção modificou-se sensivelmente ao longo da
última década, penalizando produtores localizados nos EUA, Europa e Japão. Além disso, a
entrada de novos produtores implicou a volatilização dos preços do alumínio, que passaram a ser
definidos não mais em função dos custos marginais de produção das firmas líderes, e sim de
acordo com flutuações sazonais no mercado spot do metal. Mais recentemente, esta dinâmica de
comportamento foi reforçada pela colocação no mercado de excedentes de produção da antiga
União Soviética.
A produção mundial de alumínio primário atingiu, aproximadamente, 18 milhões de
toneladas em 1990, destacando-se como maiores produtores EUA, Ex-União Soviética, Canadá,
Austrália e Brasil, em ordem decrecente de importância. Em contrapartida, como maiores
consumidores aparecem os EUA, Japão, Alemanha e França. O consumo per capita de alumínio
dos principais países industrializados é superior a 20 kg/habitante/ano.
Os preços internacionais se encontram atualmente bastante deprimidos, na faixa de 1200
US$/tonelada após terem atingido um patamar mínimo de 1100 US$/tonelada, esperando-se que
uma paulatina estabilização do mercado poderia no médio prazo elevar este valor para 1500
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US$/tonelada. A queda dos preços internacionais é resultante, em boa medida, do crescimento dos
estoques disponíveis para venda no mercado spot, que se elevaram de 160 mil t em 1980 para 1,4
milhões t em 1992.
As crescentes pressões altistas sobre os custos de produção implicaram a busca de um
melhor rendimento energético das unidades produtoras. Através da ampliação do tamanho das
células eletrolíticas e da diminuição da densidade de corrente, foi possível obter-se expressiva
melhoria dos coeficientes de rendimento energético. A melhor tecnologia disponível apresenta um
consumo energético na faixa entre 12.600-13900 KWh-DC/t de alumínio, com eficiência de
corrente entre 94-98%. Esta tecnologia está associada a linhas de produção com escala superior a
200 mil t/ano, que exigem uma capacidade de corrente da ordem de 150 a 270 KA e requerem
elevados investimentos em capital e tecnologia.
A busca de maior eficiência energética se reflete também na disseminação de práticas
cooperativas entre a indústria e os fornecedores de energia, como por exemplo, o atrelamento das
tarifas ao preço internacional do metal, já presente em 30% do total da produção mundial. Em
1990, a tarifa média de energia elétrica era de 20 US$/Mwh para o total da indústria e de 15
US$/Mwh para os países exportadores.
Com a abrupta elevação dos custos de produção e a crescente instabilidade da demanda
que prevalecem durante a década de 80, os esforços tecnológicos realizados no âmbito da
indústria começaram a ser re-examinados e as suas prioridades revistas. Os programas de
otimização de processos passaram a ser acompanhados pelo desenvolvimento de novos produtos
__ a partir da busca de propriedades necessárias ao desempenho de funções específicas e do
desenvolvimento de ligas e compostos de alumínio e outros metais. Em consequência, verifica-se
uma crescente sofisticação tecnológica das atividades de fundição e laminação.
Três aspectos dessas tendências devem ser ressaltados. Em primeiro lugar, elas acarretam
uma reorientação dos investimentos da indústria, da expansão da capacidade de redução em favor
da modernização das unidades produtivas. Em segundo lugar, elas implicam na exploração mais
intensa de segmentos rentáveis do mercado que demandam produtos de alto desempenho. Em
terceiro lugar, elas determinam uma reorientação das estratégias empresariais no setor,
estimulando a geração de produtos de maior valor agregado.
1.2. Estratégias Empresariais
Atualmente é possível identificar três tipos de atores presentes na indústria de alumínio. O
primeiro deles compreende grandes grupos integrados, presentes nas diferentes etapas das cadeias
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produtivas da indústria __ desde a exploração de bauxita até a obtenção de produtos semi-
manufaturados. Este grupo é formado atualmente por treze empresas, originárias de países ricos
em recursos energéticos, que comandam a dinâmica da indústria __ Alcan, Alcoa, Alumax,
Alumix, Alusuisse, Austria Metall, Comalco, Hydro Aluminium, Inespal, Kaiser, Pechiney,
Reynolds e VAW - responsáveis, em conjunto, por 70% da capacidade de redução de alumínio
primário.
No caso dos produtores integrados verificam-se investimentos crescentes em atividades
downstream, em detrimento de expansões das capacidades de redução e de geração de matérias
primas (bauxita e alumina). As estratégias implementadas por estas empresas tem contemplado as
seguintes linhas de ação:
- desverticalização da produção de bauxita e alumina e sua substituição por contratos de
abastecimento a longo prazo com produtores mais eficientes (como no caso da Reynolds e
Alusuisse);
- realocação da capacidade na direção de países com maior disponibilidade de recursos
energéticos (de que é exemplo a atuação da Alcoa na Austrália);
- modernização e automatização crescentes das unidades de redução, fundição e
laminação, visando reduzir custos operacionais e obter produtos com requisitos específicos de
qualidade e performance (a Alcoa, por exemplo, opera com uma previsão de investimentos da
ordem de US$ 2 bilhões, apenas para modernização de suas atividades de laminação);
- especialização no atendimento a mercados específicos (aeroespacial, embalagens,
eletrônico, automobilístico), onde as firmas possuam vantagens competitivas (podendo-se destacar
a especialização da Reynolds no mercado de embalagens e da Alcoa no mercado aeroespacial);
- intensificação do comércio de tecnologias e especialização de determinadas empresas
como licenciadoras de tecnologias mais modernas (a Pechiney, por exemplo, tornou-se nos
últimos anos a empresa-líder no fornecimento de tecnologias de redução, sendo que metade das
unidades instaladas entre 1982 e 1992 utilizam tecnologias por ela fornecidas);
- diversificação para segmentos mais dinâmicos de mercado, na indústria ou fora dela, a
partir da aquisição de empresas localizadas no mercado de interesse (como no caso da expansão
da Pechiney para os mercados de cerâmicas/novosmateriais e de embalagens para bebidas).
O segundo grupo de firmas é formado por produtores não integrados, dependentes da
aquisição de insumos de terceiros, no qual se destacam os produtores japoneses e algumas
empresas européias. Tais empresas usufruem uma maior rentabilidade nos períodos de retração
dos preços do alumínio mas, por outro lado, operam com maior vulnerabilidade em virtude das
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flutuações do preço do metal no período mais recente. As estratégias empresariais procuram
reduzir esta vulnerabilidade, privilegiando os seguintes aspectos:
- desenvolvimento de relacionamentos cooperativos entre estas empresas e produtores
independentes de metal, recorrendo-se a sistemáticas negociadas na fixação de preços e a
participações societárias cruzadas entre as empresas (como no caso de empresas japonesas em
relação a produtores de alumínio do terceiro mundo);
- aproximação com indústrias consumidoras, gerando produtos que atendam requisitos
técnicos específicos e solidifiquem vínculos econômico-tecnológicos entre os agentes.
O terceiro grupo de empresas é formado por produtores primários pouco integrados à
frente, localizados em países com disponibilidade de recursos energéticos, cuja principal vantagem
competitiva reside no baixo custo da energia. Como comercializam um produto menos elaborado,
estes produtores tornam-se vulneráveis à instabilidade dos preços do metal primário. Muitas
destas empresas foram criadas a partir da atuação empresarial direta do Estado __ de que são
exemplo empresas no Brasil, Venezuela, e em países do Oriente Médio, além de agências
provinciais no Canadá (Quebec) e Austrália (Victória). Nestes casos, as estratégias empresariais
privilegiam os seguintes aspectos:
- estabelecimento de contratos de longo prazo com os clientes, que contemplem alguma
forma de proteção contra a volatilidade dos preços do metal primário através, por exemplo, da
disseminação da prática de hedge nas operações comerciais;
- expansão para atividades localizadas mais à frente na cadeia de transformação do metal,
gerando produtos de maior valor agregado com melhores condições de colocação no mercado
internacional.
1.3. Principais Fatores de Competitividade
Nas atividades de redução, os custos de infra-estrutura e os riscos econômicos têm se
elevado na medida em que novas unidades produtoras operam com maior escala e tendem a se
localizar fora dos países desenvolvidos. Como consequência, consolida-se a formação de
consórcios entre firmas para repartir os custos e garantir os mercados requeridos para a
implantação de grandes plantas. Além disso, verificam-se pressões para elevação dos índices de
produtividade, principalmente quanto à eficiência do consumo energético. Para isso, intensifica-se
a automação industrial, que permite um controle mais estreito e preciso sobre as condições do
processo, elevando sua eficiência. Destaca-se também a renegociação dos contratos de
fornecimento de energia elétrica, buscando-se redução de tarifas e o seu acoplamento à evolução
do preço do metal primário.
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A valorização de produtos assume crescente importância na dinâmica competitiva e
tecnológica da indústria. Neste sentido, busca-se elevar a qualidade dos produtos gerados,
viabilizando sua certificação, e sofisticam-se as atividades de fundição e laminação. Como
consequência, são realizados investimentos crescentes em atividades downstream, em detrimento
de expansões das capacidades de redução. Estas transformações modificam qualitativamente o
processo de P&D na indústria, aumentando a importância da cooperação tecnológica, pois a
obtenção de produtos de alto desempenho adaptados à utilizações específicas implica aprendizado
mútuo entre a indústria e seus consumidores.
Outros dois fatores influenciam a competitividade da indústria. Por um lado, como atesta a
significativa parcela de energia tarifada em função do preço do metal, verifica-se uma maior
cooperação entre empresas da indústria e concessionárias de energia já sendo comum o
compartilhamento de riscos entre estes agentes e, até mesmo, a inter-penetração societária entre
os mesmos. Por outro lado, o fenômeno da "globalização" ao nível da indústria implica três
tendências articuladas: a inter-penetração de capitais; a maior aproximação com indústrias
consumidoras e a homogeneização dos padrões de consumo de alumínio (o que implica ajustes
nos sistemas de normalização dos diversos países).
Ao nível empresarial, verifica-se a implementação de estratégias que viabilizem uma
redução dos custos operacionais e uma melhoria da qualidade dos produtos. As estratégias de
resposta às novas condições competitivas se associam à reestruturação organizacional das diversas
empresas, evoluindo-se de uma estrutura piramidal fortemente verticalizada na direção de
estruturas do tipo multidivisional, na qual a diversidade dos mercados atendidos torna-se
responsável pela lógica de organização interna das empresas. Com este objetivo, as atividades
downstream são reestruturadas no sentido de melhor atender as necessidades dos consumidores;
muitas vezes este processo é levado a termo a partir da cooperação direta com os consumidores
da indústria, podendo inclusive envolver a formação de joint-ventures para o desenvolvimento de
produtos específicos.
Ao nível sistêmico, os principais fatores condicionantes da competitividade referem-se à
consolidação de um "ambiente" que permita aos agentes produtivos enfrentar as condições
adversas com as quais a indústria se defronta no cenário internacional. Por um lado, na efetivação
de novos projetos, assume particular importância a concessão de algum tipo de benefício por
agências governamentais (subsídios, empréstimos favorecidos, tarifas diferenciadas de energia,
etc.) que diminua o risco inerente a estes investimentos. Por outro lado, consolidam-se três
grandes blocos inter-regionais integrados: (a) mercado americano __ abastecido pelos próprios
produtores dos EUA, por empresas canadenses e por alguns produtores do terceiro mundo; (b)
mercado europeu __ abastecido por unidades de redução européias, pela Rússia e por novas
unidades instaladas em países do Oriente Médio; (c) mercado japonês __ abastecido
principalmente por empresas australianas e por empreendimentos nos quais os capitais japoneses
detem uma participação societária (no Brasil e na Venezuela, por exemplo).
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
2.1. Diagnóstico da Competitividade da Indústria Brasileira
O Brasil é um dos principais produtores e exportadores de alumínio primário do mundo:
os produtores brasileiros __ Alcoa, Alcan, Billinton, CBA e Aluvale __ tiveram em 1992 uma
produção de 1.195 mil toneladas, o que representa uma parcela importante do total da produção
mundial, localizada na faixa de 18.000 toneladas. O Brasil exporta 787 mil toneladas de alumínio
primário (dados referentes a 1991), sendo que a maioria das empresas apresenta um perfil
nitidamente exportador. O alumínio secundário, por sua vez, é produzido a partir de sucata, cujo
volume de geração atingiu 66 mil toneladas em 1991. Considerando o baixo nível de consumo per
capita de alumínio no país (2,3 kg/hab/ano), pode-se inferir que existe um campo bastante amplo
para o crescimento da indústria, principalmente a partir de um eventual reaquecimento do
mercado interno.
O parque nacional produtor de alumínio primário é de implantação recente, sendo que a
grande expansão da indústria ocorreu somente nos anos 80. A ampliação da capacidade de
produção se deu com a instalação de unidades no norte do país (Albrás e Alumar), tendo sido
investidos ao longo da última década aproximadamente US$ 4 bilhõesno parque industrial, o que
coloca o setor como uma das poucas atividades industriais que tem sustentado expressivos
programas de inversão.
Os maiores atrasos ou defasagens em termos do processo produtivo encontram-se
diferenciados entre as unidades recém-implantadas (que utilizam tecnologias de anodos pré-
cozidos e operam com escalas de produção elevadas) e as mais antigas (que utilizam tecnologias
Soderberg em plantas de menor escala). Há também uma grande heterogeneidade quanto às
tecnologias de processo e à qualidade dos produtos transformados de alumínio, que não têm
conseguido acompanhar o ritmo intenso de mudanças que vem se processando nestes estágios ao
nível internacional. O mix de produção da indústria brasileira é pouco nobre, o que pode ser
percebido pelo baixo nível de sofisticação tecnológica dos produtos transformados e pelas
limitadas exportações realizadas por este segmento. Contudo, apesar dos impactos negativos da
recessão, já se observa um esforço de dinamização de determinados segmentos de transformados,
como o de latas de bebidas.
O Brasil apresenta um potencial bastante favorável à expansão da indústria, podendo-se
ressaltar os seguintes aspectos: (a) a existência de fartas reservas de bauxita; (b) o potencial
hidroelétrico abundante e em condições de ser competitivo em custo; (c) a existência de uma mão-
de-obra competitiva em custo e qualificação; (d) a disponibilidade de tecnologias atualizadas; (e) a
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existência de um mercado interno com potencial de crescimento. Apesar disto, a indústria vem se
defrontando com problemas. Além da instabilidade inerente à evolução dos preços do metal
primário, o comportamento das tarifas de energia tem criado dificuldades para a indústria manter
custos competitivos com relação a seus concorrentes internacionais.
Algumas empresas presentes na indústria são verticalizadas, compreendendo desde a
produção de minério (bauxita), passando pela produção de alumina, pela geração de alumínio em
unidades de redução e atingindo até a produção de semimanufaturados; outras produzem apenas
alumínio primário. Existem ainda empresas transformadoras independentes de pequeno e médio
porte, num total de 300 estabelecimentos.
Ao nível das estratégias empresariais, destacam-se duas tendências. Os produtores de
alumínio primário tendem a aprofundar o processo de verticalização, consolidando a presença em
segmentos mais dinâmicos do mercado que oferecem uma proteção contra a volatilidade dos
preços do metal. Nas empresas multinacionais presentes na indústria esta tendência já está
consolidada, ao contrário da situação verificada para os produtores nacionais.
Nos segmentos de produtos transformados, observa-se uma excessiva fragmentação da
estrutura industrial, não obstante a presença de agentes isolados que já demonstram possuir uma
efetiva capacitação. Existe, nestes segmentos, um nítido atraso tecnológico em termos das escalas
de produção, da difusão de equipamentos mais modernos e da intensidade dos esforços em
pesquisa e desenvolvimento. A entrada de produtores verticalizados neste segmento não tem
conseguido, por si só, promover uma modernização produtiva no ritmo desejável.
Fundamentalmente, o incremento da capacitação no segmento exige uma elevação do porte
empresarial, através da aglutinação de agentes que torne possível a sua modernização produtiva e
atualização tecnológica.
2.2. Oportunidades e Obstáculos à Competitividade
Algumas características intrínsecas à produção de alumínio, e outras relacionadas
específicamente ao modo como a mesma se organiza no Brasil, constituem fatores favoráveis à
sustentação da competitividade da indústria. Dentre estes fatores, cabe destacar: (i) a relativa
atualização tecnológica de grande parte do parque produtor de alumínio primário; (ii) a viabilidade
técnica da modernização das unidades produtivas com o advento da automação industrial; (iii) o
aprendizado tecnológico já experimentado pelos produtores nacionais; (iv) a existência de
produtores verticalizados já presentes em segmentos mais dinâmicos do mercado final; (v) a
disponibilidade de recursos naturais necessários à instalação de novas unidades; (vi) o baixo nível
de consumo per-capita de alumínio no Brasil quando comparado a padrões internacionais,
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caracterizando um grande potencial de crescimento para a indústria. Além disso, a possibilidade
de ocorrer um novo ciclo de inversões na indústria a nível mundial poderia ser aproveitada pelo
Brasil.
Por outro lado, identificam-se obstáculos concretos à competitividade da indústria de
alumínio no Brasil: (i) problemas relativos ao custo energético, devido ao encarecimento das
tarifas e ao progressivo estrangulamento da oferta de energia; (ii) o atraso relativo do processo de
diferenciação de produto, em virtude do baixo nível de exigência em termos dos padrões de
qualidade e normalização técnica dos consumidores industriais; (iii) a heterogeneidade produtiva e
tecnológica do parque produtor de alumínio primário, existindo instalações antigas defasadas em
termos de eficiência produtiva; (iv) o baixo grau de integração "à frente" do conjunto da indústria,
dificultando o acompanhamento das tendências internacionais de valorização dos produtos; (v) a
baixa intensidade do esforço tecnológico consubstanciado em atividades de P&D; (vi) a falta de
uma articulação produtiva e tecnológica mais estável e fecunda entre as firmas produtoras de
alumínio e os setores industriais consumidores do metal.
Segundo informações levantadas junto à indústria (tabela 1), o custo de produção de
alumínio primário no Brasil estava em torno de 1277 US$/tonelada em outubro de 1992, contra
uma média mundial de 1186 US$/tonelada. Estes valores estão, porém, superestimados, pois
referem-se ao custo de produção nas regiões nordeste/sudeste, sensivelmente superior ao das
unidades localizadas no norte do país. Estas últimas (Albrás e Alumar) apresentam um custo de
produção próximo a 1000 US$/tonelada, o que lhes confere uma competitividade satisfatória.
No caso das empresas multinacionais verticalizadas, a estratégia de diversificação na
direção da produção de transformados já está consolidada e tende a ser reforçada. Nesta produção
encontram-se as maiores perspectivas de ampliação dos mercados, através da incorporação de
tecnologias mais avançadas disponíveis nos países desenvolvidos. Esta diversificação tende a ser
acompanhada por mudanças na estrutura organizacional dessas empresas, que reforcem a
autonomia das diferentes atividades controladas.
No caso da CVRD __ Aluvale, o reforço da capacitação passa por três frentes: (i) o
fechamento da cadeia produtiva, com a produção de alumina a ser obtida com a retomada do
projeto Alunorte; (ii) a produção, em simultâneo ao alumínio primário, de ligas que permitam o
enobrecimento do produto; (iii) a participação da Aluvale, de forma minoritária, em
empreendimentos de transformação de alumínio. No caso da CBA, o reforço da capacitação
envolve uma atuação mais incisiva na ponta da indústria (transformados) e uma maior
descentralização/flexibilização da estrutura organizacional.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 1
CUSTOS DE PRODUÇÃO DO ALUMÍNIO PRIMÁRIO - BRASIL X MÉDIA MUNDIAL
(OUTUBRO DE 1992)
(US$/tonelada)
BRASIL(*) MUNDO
US$/ton % US$/ton %
Energia Elétrica 453 35,5 307 25,9
Matérias-Primas 558 43,7 577 48,7
Mão de Obra 132 10,3 174 14,7
Outros custos 134 10,5 128 10,8
Custos Totais (**) 1277 100,0 1186 100,0
Preço Médio LME/ média outubro de 1992 (***)
à vista 1174 US$/ton
três meses 1198 US$/ton
Obs: (*) unidade do NE/SE, excluindo geração própria
(**) excluindo-se depreciação edespesas administrativas e comerciais
Fonte: ABAL
Finalmente, o incremento da capacitação dos produtores independentes de transformados
depende das condições de acesso às tecnologias necessárias à modernização de suas instalações e
à obtenção de um produto de melhor qualidade. Neste sentido, os principais instrumentos seriam a
intensificação da aquisição/absorção de tecnologias mais modernas e a re-estruturação empresarial
deste segmento, promovendo-se uma aglutinação de agentes que reforçasse a sua competitividade.
Ao nível sistêmico, diversos fatores impõem restrições à competitividade da indústria. As
tarifas de energia, em particular, afetam de forma dramática a competitividade da indústria,
apresentando participação elevada em relação ao preço LME - London Metal Exchange - do
metal (39% em outubro de 1992). Verifica-se ainda grande sensibilidade do resultado econômico
em relação a essas tarifas, uma vez que uma variação de 20% nos custos energéticos provoca
variação de até 30% na rentabilidade da indústria. Apesar das concessionárias de energia
ressaltarem a defasagem relativa das tarifas cobradas, o valor da tarifa média vigente na indústria
(30 US$/MWh em outubro de 92), bastante superior à média mundial, tem implicado a
deterioração da competitividade da indústria nacional.
Outro fator sistêmico que afeta consideravelmente a competitividade da indústria,
principalmente ao considerar-se seu perfil exportador, é a carga tributária. Segundo os dados
relativos a outubro de 1992, a carga tributária incidente sobre a produção exportada atingia 277
US$/tonelada, e aquela incidente sobre a produção vendida no mercado interno 399
US$/tonelada. Quanto à produção orientada ao mercado interno, esta carga representa
aproximadamente 31% do custo de produção (avaliado em 1277 US$/tonelada), enquanto para a
produção orientada ao mercado externo, ela corresponde a 27% do custo de produção (avaliado
em US$ 1000/tonelada pelas empresas produtoras).
10
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Considerando o segmento de transformados de alumínio, é importante ressaltar o impacto
de dois outros fatores sistêmicos que influenciam a competitividade da indústria: a estrutura de
tarifas de importação e a infra-estrutura do sistema de normalização.
Atualmente a estrutura tarifária impõe alíquotas de 0% para o metal primário e secundário,
10% para importações de produtos semi-manufaturados de alumínio (laminados e extrudados) e
alíquotas de 20% para produtos manufaturados de alumínio. Os representantes da indústria tem
reinvidicado uma modificação desta gradação tarifária no intuito de estimular o processo de
enobrecimento dos produtos da indústria, mas os policy makers parecem pouco sensíveis a estas
reinvidicações. De qualquer forma, alguns ajustes na estrutura tarifária terão de ser realizados com
o advento do Mercosul.
Quanto à infra-estrutura do sistema de normalização, a maioria das normas técnicas
estabelecidas pela ABNT está relacionada às características do alumínio e suas ligas e às
especificações dos produtos transformados. Além do número reduzido, comparativamente aos
países mais desenvolvidos, as normas existentes são pouco exigentes quanto às especificações dos
produtos. Apesar disto se dever, em parte, a natural adaptação do sistema de normalização à
heterogeneidade tecnológica da indústria, tal fato não estimula a difusão de produtos de maior
conteúdo tecnológico.
11
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
3.1. Políticas de Reestruturação Setorial
A principal diretriz da reestruturação da indústria de alumínio visando incrementar a
competitividade setorial é a promoção de um maior grau de integração entre as diversas etapas da
cadeia de produção e consumo. Esta integração deve dar-se em quatro frentes: conclusão da
integração alumínio primário-alumina; verticalização dos produtores do metal primário em direção
ao setor de transformados; maior articulação entre a indústria de alumínio e seus consumidores;
reestruturação das atividades de reciclagem.
Com relação à vulnerabilidade no suprimento de alumina, deve-se buscar agilizar as
negociações relativas à participação de outros sócios em conjunto com a CVRD no
empreendimento da Alunorte, bem como facilitar as importação de equipamentos para a
montagem de instalações. Outros instrumentos a serem mobilizados seriam o aporte de recursos
de agências públicas de fomento e a reabertura de linhas de crédito no exterior (a partir da
renegociação do serviço da dívida da Albrás).
Com relação à verticalização de produtores de alumínio primário que não estão presentes
no mercado de transformados, deve ser buscada uma melhor adequação do mix de produtos
gerados às necessidades do parque transformador, inclusive através do reforço das atividades de
marketing e assistência técnica. No caso específico dos produtores de alumínio de origem estatal,
deve ser acelerada a diversificação visando o enobrecimento de produtos, a ser acompanhada pela
sua reestruturação organizacional e pela reorientação de seu esforço tecnológico. Neste sentido,
deve ser considerada a utilização de participações societárias minoritárias em transformadores
independentes como meio de direcionar o processo e o eventual aporte de recursos de agências
públicas de fomento.
Do lado do parque transformador, é necessária a elevação do porte empresarial e das
escalas de produção, partindo-se da identificação de empresas com capacitação já acumulada para
atuarem como foco de aglutinação de recursos e qualificações. Participações societárias cruzadas
entre essas empresas e produtores de metal primário não-verticalizadas contribuiriam para esse
objetivo. Outros instrumentos a serem utilizados seriam: concessão de aportes de capitais por
agências públicas de fomento; concessão seletiva de incentivos (fiscais, creditícios, etc) que
estimulem a aglutinação empresarial; montagem de grupos setoriais por segmento de
transformados, com a função de coordenar o processo, avaliando os desenvolvimentos realizados
a partir de parâmetros de eficiência e capacitação.
12
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
A montagem de articulações produtivo-tecnológicas de longo prazo entre empresas
produtoras de alumínio e empresas consumidoras localizadas em setores tecnologicamente
dinâmicos é o outro eixo da reestruturação setorial. Devem ser implementados programas
setorializados orientados à elevação do consumo de alumínio, no qual poderiam interagir
empresas produtoras do metal e empresas das principais setores consumidores como a indústria
alimentícia (embalagens e peças laminadas), a indústria da construção (peças extrudadas) e
indústria de material de transportes (peças fundidas). Além disso, é interessante que ocorra uma
inter-penetração patrimonial entre empresas consumidoras e produtores de transformados de
alumínio em segmentos específicos do mercado. O processo de adensamento da interação
produtor-usuário deve envolver também consumidores de alumínio de outros países,
aproveitando-se a formação de mercados inter-regionais integrados com o advento do Mercosul.
É também necessário aprofundar as atividades de reciclagem de alumínio, através de
programas institucionais e do apoio à capacitação tecnológica do segmento produtor de alumínio
secundário. Em particular, seria interessante uma aglutinação de refusores independentes em
unidades de maior escala (inclusive recorrendo-se à concessão de linhas especiais de crédito) e/ou
uma diversificação de produtores primários para atividades de refusão, através da montagem de
unidades com escalas mais econômicas.
Ainda ao nível da reestruturação setorial, é importante realizar adaptações que permitam
explorar de forma mais efetiva oportunidades vislumbradasno mercado e que viabilizem o
enfrentamento do contexto externo desfavorável. Estratégias mais agressivas de exportação
devem voltar-se, preferencialmente, para a ocupação de nichos dinâmicos do mercado mundial de
transformados, acompanhando a tendência internacional de crescente valorização dos produtos.
Identificados os segmentos onde existam condições favoráveis à penetração de produtos
brasileiros (rodas para automóveis, fios e cabos para transmissão de energia, latas para bebidas,
etc), deve ser fornecido um apoio logístico e operacional à penetração das empresas no mercado
internacional, via acordos de cooperação com empresas dotadas de maior capacitação comercial e
mercadológica. Outros instrumentos importantes para alcançar este objetivo são: a eliminação de
entraves burocráticos à realização de exportações; a concessão de linhas de crédito seletivas aos
exportadores; a manutenção de uma política de realismo cambial; o ajuste da carga tributária; a
intensificação dos esforços orientados à certificação dos produtos oferecidos.
É também importante diminuir a vulnerabilidade das empresas exportadoras brasileiras em
relação às variações de preços do metal primário no mercado internacional. Neste sentido, devem
ser adotadas políticas comerciais que contemplem preferencialmente contratos de longo prazo.
Para algumas empresas, é importante diminuir a dependência em relação a tradings na
comercialização do produto no mercado internacional, inclusive através da realização de
operações triangulares envolvendo a comercialização de bauxita, alumina e alumínio. Também
13
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
devem ser privilegiadas operações no mercado futuro (baseadas em mecanismos de hedge), como
forma de proteção contra a instabilidade dos preços do alumínio primário.
O incremento da competitividade requer também a melhoria das condições de suprimento
dos principais insumos da indústria de alumínio primário (piche eletrolítico, criolita, fluoreto de
alumínio e coque de petróleo), eliminando-se trâmites à realização de importações daqueles para
os quais só exista um produtor nacional, que geralmente impõe um sobre-preço ao seu produto.
Além disso, devem ser montados programas envolvendo produtores de alumínio e fornecedores
de insumos, adequando-se as condições de suprimento aos requerimentos da indústria em termos
de custo, qualidade, performance e prazo de entrega.
3.2. Políticas de Modernização Produtiva
A modernização produtiva do parque produtor de alumínio primário deve pautar-se pela
busca de atualização tecnológica dos equipamentos utilizados, com aumento do grau de
automação, redução dos índices de consumo energético, aumento da capacitação tecnológica e
gerencial para o enobrecimento de produtos e o upgrading da qualidade. No caso das plantas
Soderberg, os esforços de otimização operacional e atualização tecnológica são particularmente
vitais para a sustentação de sua competitividade.
Visando promover a atualização tecnológica dos processos e intensificar a automação
industrial, devem ser identificadas as necessidades de equipamentos nos diversos segmentos,
definindo-se aqueles que podem ser produzidos internamente a preços competitivos e com boa
qualidade. Para esses equipamentos, deve-se buscar uma maior padronização, em articulação com
os fornecedores mais capacitados, dentro de um programa de normalização técnica. Para os
demais, devem ser facilitadas as importações. Visando acelerar a capacitação dos fabricantes
nacionais de equipamentos, deve ser estimulada a formação de joint ventures entre estes
produtores e detentores externos de tecnologia, particularmente importantes para o
aperfeiçoamento da base eletro-eletrônica dos equipamentos. O incremento da capacitação dos
fornecedores na área de controle automatizado de processo pressupõe também a realização de um
trabalho cooperativo com a indústria para o desenvolvimento de softwares específicos.
Para reduzir os índices de consumo energético nas diferentes unidades produtoras de
alumínio primário, devem ser otimizadas as condições operacionais que interferem sobre o
rendimento energético das instalações (sistema de alimentação de alumina; estabilidade do banho
eletrolítico; dimensionamento de equipamentos; otimização da carga de corrente; etc.). Devem
também ser ampliados os financiamentos a projetos de racionalização do consumo de energia, bem
como estimulados os esforços orientados ao aumento dos índices de autogeração __ com
14
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
diminuição de entraves burocráticos, liberação de linhas de crédito e montagem de arranjos com
concessionárias de energia para realização de investimentos.
Além do aperfeiçoamento da capacitação produtiva, deve-se intensificar o esforço
tecnológico especificamente orientado às atividades de pesquisa e desenvolvimento. Devem ser
fortalecidos os departamentos de engenharia das empresas, dotando-os de infra-estrutura
necessária e profissionais qualificados para melhorar o nível de capacitação, criando condições
para que no futuro sejam criados centros de tecnologia melhor estruturados. Deve-se considerar
também a concessão de benefícios fiscais à realização de dispêndios em P&D para enobrecimento
de produtos e otimização de processos. Devem ser facilitadas as importações de tecnologias mais
modernas e equipamentos mais sofisticados necessários à montagem de laboratórios de análise,
atrelando-as a um investimento em pesquisa interno. Outros instrumentos a serem utilizados são a
maior articulação do setor empresarial com universidades e institutos de pesquisa e o
aperfeiçoamento do sistema de normalização no tocante à realização de análises físico-químicas.
Nas unidades de redução, a modernização produtiva implica uma reestruturação interna
que envolve a reformulação dos organogramas, visando dotar as áreas operacionais (linhas de
redução, fundição, fábrica de anodos) de maior autonomia para monitorar e aperfeiçar sua
eficiência. Nas firmas com maior grau de verticalização "à frente", é fundamental a criação de
áreas de negócio com autonomia para o enfrentamento da concorrência nos vários segmentos.
Com relação ao parque transformador de alumínio, a melhoria da qualidade e do nível tecnológico
dos produtos gerados requer uma aglutinação dos produtores, criando condições internas
favoráveis ao enfrentamento de uma concorrência mais seletiva e à exploração de segmentos mais
dinâmicos do mercado. É fundamental promover uma flexibilização organizacional das empresas,
que lhes permita operar em segmentos mais exigentes do ponto de vista tecnológico e
mercadológico. Como tendências gerais, destacam-se a diminuição de níveis associados à
estrutura hierárquica, o enxugamento do quadro de pessoal e a inserção nos organogramas de
atividades especificamente orientadas ao controle e garantia da qualidade e ao incremento da
produtividade.
Um aspecto central para o reforço da competitividade internacional da indústria é a
incorporação de práticas mais modernas de gerenciamento da qualidade. Deve ser acelerada a
implementação de programas internos de gerenciamento da qualidade que permitam a paulatina
adequação das práticas produtivas aos requerimentos dos modernos sistemas de certificação da
qualidade (do tipo ISO 9000). É importante modificar as políticas de pessoal, estimulando-se a
participação e agilizando-se os mecanismos de ascensão funcional, bem como reformular
procedimentos operacionais e adotar sistemas mais modernos de gerenciamento da produção, que
serviririam de base para implantação de programas de "Qualidade Total". Como forma de
viabilizar estas transformações, destaca-se a contratação de consultorias externas, capazes de
15
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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orientar a implementaçãode metodologias mais modernas de gerenciamento da qualidade. Este
processo poderia ser estimulado pela criação de auditorias em ISO 9000, capazes de certificar
empresas de consultoria para coordenar a implementação de tais sistemas. Além disso, se poderia
utilizar o poder de compra de empresas estatais como estímulo à adoção de sistemas de
gerenciamento da qualidade, que passaria a ser um pré-requisito para aquisição de produtos.
A modernização produtiva da indústria deve contemplar também a reducão dos impactos
ambientais relacionados aos seus diversos estágios tecnológicos. Neste sentido, deve-se, em
primeiro lugar, promover o reflorestamento das áreas de mineracão e dos depósitos de "lama
vermelha" resultante da produção de alumina. No tocante às unidades de redução, é fundamental
atualizar tecnologicamente os sistemas de tratamento de emissões, particularmente quanto a gases
ricos em flúor, que tem um forte efeito de degradação ambiental. É também importante buscar-se
o reaproveitamento dos resíduos de materiais dos fornos eletrolíticos, através da transferência
desse material para reprocessamento em indústrias de cerâmicas. No segmento de transformados,
destaca-se o reaproveitamento da sucata industrial gerada por unidades de fundicão, extrusão e
laminacão. Em suma, é fundamental que o gerenciamento ambiental seja explicitamente
incorporado como elemento importante das estratégias competitivas das empresas do setor.
3.3. Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos
O equacionamento das condições de suprimento de energia elétrica é o principal requisito
relacionado aos condicionantes sistêmicos que interferem na competitividade da indústria. Além
da retomada dos programas de investimento do setor elétrico, reduzindo a restrição quantitativa
em termos da disponibilidade de energia, é necessário:
. promover uma reestruturação do regime de tarifação, de modo a possibilitar o
atrelamento das tarifas à evolução do preço internacional do metal, desde que sejam equacionados
mecanismos compensatórios no intuito de não onerar adicionalmente o setor elétrico. Neste
sentido, a adoção de uma sistemática de deferimento das faturas de energia dos produtores de
alumínio primário, baseada em conta de débito e crédito a ser periodicamente re-pactuada,
também pode ser considerada. Ao nível da política de preços, deve-se buscar o afrouxamento da
penalização incidente sobre as tarifas no caso de ultrapassagem do valor previamente contratado e
a adoção de tarifas mais baixas para energia não garantida, configurando um mercado "de risco".
. aprofundar a cooperação e os mecanismos de compartilhamento de risco entre empresas
do setor e concessionárias de energia. A participação societária minoritária de concessionárias de
energia em empresas do setor, tendo como base o valor da energia contratada poderia estimular a
cooperação entre ambos. Essa maior cooperação poderia também envolver projetos de auto-
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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geração, seja através da venda de unidades para o setor privado, seja através de assistência técnica
que reduza o custo de geração em tais projetos.
Com relação à infra-estrutura de transportes, é necessário a modernização da estrutura
portuária, que encarece excessivamente os custos de exportação. Neste sentido, é importante
aprofundar a desregulamentação das atividades portuárias, contra metas de redução do custo de
movimentação de carga. Deve-se também possibilitar às empresas do setor arrendarem instalações
portuárias. Também é importante que sejam retomados os investimentos da Portobrás,
viabilizando uma modernização da infra-estrutura física dos portos, e que se modernize a
navegação por cabotagem, viabilizando o abastecimento do mercado interno por uma parcela da
produção das unidades exportadoras localizadas na amazônia.
Visando estimular a melhoria da qualidade dos produtos transformados de alumínio, é
interessante que se promova a adequação do Código de Defesa do Consumidor. Neste sentido,
devem ser impostas penalizações elevadas para produtores que vendem artefatos de alumínio fora
dos padrões de especificação. Em contrapartida, devem ser criados centros para aferição e
certificação da qualidade dos artefatos de alumínio colocados junto ao mercado consumidor. É
importante, também, que sejam estruturados programas educativos orientados aos
transformadores independentes, que lhes permitam obter conhecimentos técnicos imprescindíveis
à melhoria da qualidade dos produtos.
Com o mesmo objetivo, deve ser promovida a revisão paulatina das normas ABNT
relativas às características dos produtos transformados da indústria __ extrudados, fundidos e
laminados __, ao tratamento de superfície do alumínio e suas ligas, aos procedimentos de
soldagem e às análises químicas e metalográficas realizadas pela indústria, adequando-as a um
maior nível de exigência. É também fundamental a realização de programas institucionais de
caráter educativo, visando adequar o nível tecnológico dos produtores aos requerimentos
definidos pelo sistema de normalização.
Com relação à política tarifária, os ajustes na estrutura de tarifas de importação devem
resultar de negociações mais aprofundadas entre os produtores de alumínio primário e semi-
manufaturados, os transformadores independentes do metal e os setores consumidores. Com este
intuito, poderiam ser montados grupos setorializados com representantes dos diversos estágios
tecnológicos referentes à produção e consumo de cada tipo de produto (laminado, extrudado,
etc). Visando acelerar o processo de integração regional decorrente da criação do Mercosul,
poderiam ser criados programas institucionais que facilitassem a exploração do mercado intra-
regional por transformadores independentes (eventualmente aglutinados em empreendimentos
com maior capacitação). Também é importante compatibilizar a estrutura tarifária com o processo
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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de integração intra-regional resultante da criação do Mercosul, através da criação de uma Tarifa
Externa Comum.
Com relação à política fiscal, três instrumentos particularmente importantes devem
comandar o ajustamento da carga tributária: a redução da carga (ICMS e IPI) incidente sobre
insumos e matérias primas adquiridos por empresas exportadoras; a eliminação da cobrança de
impostos seletivos sobre a energia elétrica, presente na proposta original de Reforma Fiscal; e a
diminuição da carga tributária incidente sobre a remessa de lucros e dividendos para o exterior,
estimulando a internalização de recursos por parte das empresas multinacionais.
18
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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3.4. Proposições de Política para Indústria de Alumínio - Quadro Sinótico
 AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
1. Reestruturação Setorial
Objetivo: Incrementar a verticalização à frente
de produtores de alumínio primário
Ações: - promover participações societárias
 minoritárias em transformadores X
- adequar "mix" de produtos X
- diversificar e enobrecer produtos
 das estatais X
- aportar recursos de fomento X
Objetivo: Redução da vulnerabilidade em relação
ao suprimento de alumina
Ações: - participação de outros sócios com a
 CVRD na Alunorte X
- facilitar importação de equipamentos
 para a Alunorte X
- abrir linhas de financiamento X
- reabrir linhas de crédito no exterior X X X
Objetivo: Diminuir a vulnerabilidade às oscila-
ções de preços internacionais
Ações: - realizar contratos de longo prazo
 com cláusulas de proteção X
- realizar operações triangulares com
 as "tradings" X
- realizar operações de hedge no
 mercado futuro X
Objetivo: Elevação do porte empresarial e da
escala de produção
Ações: - utilizar empresas nacionaismais
 capacitadas como foco de aglutinação X
- promover participações societárias
 cruzadas X
- aportar recursos de fomento X
- conceder incentivos seletivos à
 aglutinação empresarial X
- montar e fortalecer grupos setoriais
 por segmento de transformados X
Objetivo: Exportação para nichos dinâmicos do
mercado de transformados
Ações: - identificar segmentos de transfor-
 mados com melhores perspectivas de
 exportação X
- apoio logístico e operacional às
 exportações X X
- eliminar entraves burocráticos às
 exportações X
- conceder linhas de crédito seletivas
 aos exportadores X
- manter realismo cambial X
19
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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 AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
Objetivo: Reestruturação empresarial do segmento
produtor de alumínio secundário
Ações: - dar continuidade e aprofundar pro-
 gramas de reciclagem X X
- aglutinar refusores independentes X X
- diversificar produtores primários
 e transformadores mais capacitados
 para atividades de refusão X
Objetivo: Cooperacão entre produtores de alumínio
e empresas consumidoras dinâmicas
Ações: - definir programas setorializados de
 elevação do consumo X
- promover inter-penetração patrimonial
 entre empresas consumidoras e trans-
 formadores de alumínio X
- articular com empresas consumidoras
 de outros países (Mercosul) X X
Objetivo: Garantia de suprimento dos principais
insumos
Ações: - eliminar entraves à realização de
 importações X
- definir programas envolvendo forne-
 cedores X X
2. Modernização Produtiva
Objetivo: Aumento do grau de automação industrial
e de atualização tecnológica
Ações: - definir e padronizar equipamentos
 passíveis de produção local X X
- facilitar importações de equipamentos
 mais sofisticados X
- formar joint-ventures entre produ-
 tores nacionais de equipamentos e
 detentores externos de tecnologia X X
- desenvolver softwares para geren-
 ciamento do processo X
Objetivo: Redução do consumo energético na
redução
Ações: - otimização das condições operacionais X X
- implementar programas de aumento da
 eficiência energética X X
- ampliar financiamentos a projetos de
 racionalização/auto-geração X X
20
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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 AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
Objetivo: Intensificação das atividades de
pesquisa e desenvolvimento
Ações: - fortalecer departamentos de enge-
 nharia das empresas X X
- conceder benefícios fiscais X X
- facilitar importações de tecnologias
 modernas X
- articular com universidades e insti-
 tutos de pesquisa X X X
Objetivo: Redução dos impactos ambientais
Ações: - aproveitar resíduos de fornos
 eletrolíticos X
- modernizar sistemas de tratamento
 de emissões X X
- reflorestar áreas de mineracão e
 dos depósitos de lama vermelha X
- reaproveitar a sucata industrial X
- difundir informacões relativas a
 gerenciamento ambiental X X X
Objetivo: Melhoria da qualidade e do nível tec-
nológico dos produtos transformados
Ações: - diferenciar atual estrutura tarifária X
- atualizar sistema de normalização X
- definir programas setorializados X
- definir programas de certificação
 dos produtos X X
- utilizar poder de compra de empresas
 estatais X
- vincular financiamentos à moderni-
 zação e agregação de valor X
Objetivo: Reestruturação organizacional dos
produtores
Ações: - flexibilizar a estrutura organiza-
 cional das empresas X
- reformular organogramas e procedi-
 mentos nas unidades de redução X
- criar áreas de negócios nas firmas
 verticalizadas X
- diminuir níveis hierárquicos e
 racionalizar pessoal X X
- vincular financiamentos X
Objetivo: Modernização das práticas da qualidade
Ações: - adequar aos sistemas de certificação
 da qualidade (ISO 9000) X X
- estimular a participação e agilizar
 a ascensão funcional X X
- adotar sistemas modernos de geren-
 ciamento X X
- criar cursos de auditoria em normas
 ISO 9000 X X
- utilizar poder de compra das estatais X
21
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
 AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
3. Fatores Sistêmicos
Objetivo: Reestruturação do sistema de tarifas
de energia
Ações: - atrelar tarifas à evolução do preço
 internacional do metal X X
- adoção de sistemáticas de deferi-
 mento de tarifas X X X
- afrouxar a penalização no caso de
 ultrapassagem do valor contratado X
- adotar tarifas mais baixas para
 energia não garantida X
Objetivo: Aumento da cooperação entre produtores
de alumínio e concessionárias de energia
Ações: - promover participação societária mino-
 ritária com base na energia contratada X X
- promover cooperação em projetos de
 auto-geração X X
Objetivo: Aumento da disponibilidade de energia
Ação: - retomar programas de investimento do
 setor elétrico X
Objetivo: Melhoria da infra-estrutura portuária
Ações: - desregulamentar atividades portuárias X
- liberar arrendamento de portos X X
- retomar investimentos da Portobrás X X
- modernizar infra-estrutura para
 cabotagem X X
Objetivo: Adequação do Código de Defesa do
Consumidor
Ações: - impor penalizações elevadas para
 vendas fora de especificação X X
- criar centros para aferição e certi-
 ficação dos artefatos de alumínio X X X
- desenvolver programas educativos
 para transformadores independentes X
Objetivo: Revisão do sistema de normalização
Ações: - rever normas dos produtos transfor-
 mados da indústria X X
- aperfeiçoar normas de tratamento,
 soldagem e análises X X
- implementar programas institucionais
 educativos X X
22
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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 AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
Objetivo: Adequação da estrutura de tarifas de
importação de transformados
Ação: - ajustar estrutura de tarifas de
 forma negociada X X
Objetivo: Aceleração da integração no Mercosul
Ações: - estimular a exploração do mercado
 intra-regional X X
- compatibilizar estrutura tarifária X X
Objetivo: Ajustamento da carga tributária
Ações: - reduzir ICMS e IPI sobre insumos
 adquiridos por exportadores X X
- eliminar impostos seletivos sobre
 a energia elétrica X
- diminuir tributos sobre remessa de
 lucros para o exterior X
Legendas: EXEC - Executivo
LEG - Legislativo
EMP - Empresas e Entidades Empresariais
TRAB - Trabalhadores e Sindicatos
ASSOC - Associações Civis
ACAD - Academia
Nota: Em caso de coluna em branco, leia-se "sem recomendação".
23
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
Quatro grupos de indicadores podem ser utilizados para avaliar a competitividade das
linhas de redução dos produtores de alumínio primário, relacionados aos seguintes aspectos:
. características físicas das unidades produtivas (escala das linhas de redução, tipo de
tecnologia utilizada e arranjo de fornos, etc.);
. parâmetros técnicos de consumo de matérias primas;
. condições operacionais dos processos (temperatura dos fornos, eficiência de corrente, etc.);
. envolvimento da mão-de-obra com o processo produtivo.
Na avaliação da competitividade da produção de alumínio primário, é particularmente
importante considerar as interações que se estabelecem entre os parâmetros técnicos de consumo
de insumos e os preços dos mesmos. Neste sentido, os parâmetros referentes à energia elétrica se
mostram fundamentais, delimitando, em boa medida, o nível de eficiência dos diversos produtores.
Quanto à qualidade dosprodutos gerados, os indicadores de competitividade devem
considerar os seguintes aspectos:
. nível de pureza do alumínio;
. quantidade de material particulado presente no alumínio líquido na saída dos fornos;
. peso e homogeneidade dos lingotes na etapa de fundição;
. rigidez das normas referentes à realização de ensaios laboratoriais;
. metodologias de controle da qualidade utilizadas ao longo do processo.
Considerando a noção de competitividade em uma perspectiva dinâmica, é importante
incorporar indicadores que expressem o esforço de capacitação dos agentes ao longo do tempo.
Neste sentido, indicadores relativos aos seguintes aspectos devem ser considerados:
. evolução recente do quadro de pessoal "vis-à-vis" a evolução do nível de produção;
. gastos realizados com atividades estritamente tecnológicas e com a aquisição e/ou
transferência de tecnologias do exterior;
. reformulações ocorridas ao nível da estrutura organizacional dos agentes, verificando-se
os impactos em termos de maior eficiência e flexibilidade operativa;
. investimentos realizados em termos da ampliação da capacidade de auto-geração de
energia e da intensificação da automação industrial;
24
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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. evolução do "mix" de produtos gerados, considerando a obtenção de produtos de maior
valor agregado;
. evolução das exportações realizadas em termos de valor, destino, e tipo de produto
comercializado;
. valor das vendas de alumínio primário realizadas intra-firma, correlacionando-as à
intensidade da verticalização para produtos de maior valor agregado.
Os indicadores da competitividade na indústria do alumínio modificam-se qualitativamente
na medida em que se evolui para a produção de semi-manufaturados e produtos transformados.
No caso específico das atividades de laminação, três tipos de indicadores devem ser considerados:
. indicadores relativos ao arranjo físico e à sofisticação tecnológica das instalações
(número de rolos por gaiola, largura dos laminadores, número de recozimentos, etc..);
. indicadores relativos à produtividade dos processos (quilos de lâminas geradas por
homem/hora de trabalho, velocidade do processo medida em metros de produtos laminados por
minuto, etc.);
. indicadores relativos à qualidade dos produtos gerados (margem de tolerância na
espessura das chapas, limites de ruptura, contagem das inclusões presentes nas chapas, etc.).
No que se refere às atividades de extrusão, a elevada heterogeneidade tecnológica dificulta
a identificação de indicadores de competitividade que sejam válidos para o conjunto deste
segmento; apesar disto, é possível identificar alguns indicadores de eficiência produtiva, como a
capacidade das prensas de extrusão e o número de empregados necessários à operação de cada
uma delas. Finalmente, nas atividades de fundição de peças em alumínio, a competitividade está
menos associada à produtividade dos processos e mais relacionada à qualidade da peça fundida
gerada, destacando-se os seguintes indicadores: nível tecnológico dos moldes, velocidade de
solidificação da peça, grau de hidrogênio dissolvido em metal líquido, disponibilidade de sistemas
CAD para execução do projetamento de peças, utilização de equipamentos de raio-X para o
controle da qualidade da peça.
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APRESENTAÇÃO
O relatório está dividido em quatro partes. A primeira parte discute as principais
tendências em termos da dinâmica tecnológica e do padrão de concorrência existentes na indústria
ao nível internacional, identificando as estratégias empresariais mais comuns na indústria e os
principais fatores de competitividade.
A segunda parte discute a situação atual da competitividade da indústria produtora de
alumínio primário no Brasil, considerando o recorte analítico utilizado no projeto - fatores
estruturais, empresariais e sistêmicos.
Uma primeira seção apresenta a evolução recente do mercado de alumínio no Brasil,
analisando o comportamento da indústria em seus diversos estágios tecnológicos no tocante a
parâmetros como níveis de produção, consumo, exportações, grau de concentração, etc. As três
seções seguintes discutem a capacitação da indústria nos estágios tecnológicos relativos,
respectivamente, à produção de alumínio primário, à produção de transformados e às atividades
de reciclagem. Quanto à produção de alumínio primário são discutidos oito condicionantes da
competitividade: o porte e desempenho dos produtores; a atualização tecnológica dos processos;
a eficiência energética das unidades de redução; o nível tecnológico dos produtos gerados; a
intensidade da modernização e sua articulação com o número e a qualificação dos postos de
trabalho; as práticas de gerenciamento ambiental; o gerenciamento de produção e da qualidade; o
comportamento dos custos de produção. Quanto à indústria de transformados, é discutida
genericamente a capacitação dos produtores nos seus diversos segmentos __ extrusão, laminação,
fundição e produção de cabos e fios. Quanto às atividades de reciclagem, são identificados os
fatores que explicam o grande impulso que as mesmas vêm apresentando no período mais recente,
procurando-se correlacioná-los à paulatina capacitação dos produtores de alumínio secundário.
A seção seguinte discute os principais fatores sistêmicos condicionantes da
competitividade, procurando ressaltar a especificidade destes fatores no tocante aos diversos
estágios tecnológicos da indústria. A última seção deste bloco, identifica os principais obstáculos e
oportunidades à competitividade da indústria nos seus diferentes estágios, definindo algumas
orientações gerais a serem incorporadas às estratégias dos agentes.
A terceira parte do relatório identifica propostas de política a serem operacionalizadas no
intuito de reforçar a competitividade da indústria de alumínio no Brasil. Estas propostas são
sistematizadas em termos de políticas de reestruturação setorial, políticas de modernização
produtiva e políticas relacionadas a fatores sistêmicos. Para cada proposição de políticas são
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identificadas as ações a serem implementadas e os diferentes agentes a serem mobilizados no
processo.
O quarta parte procura identificar os principais indicadores a serem considerados na
avaliação da competitividade dos agentes atuantes nos diferentes estágios tecnológicos da
indústria de alumínio.
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1. ANÁLISE DE TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
1.1. Características Estruturais
Até meados da década de 70 a indústria de alumínio caracterizava-se como um oligopólio
concentrado estável, marcado por barreiras à entrada expressivas e por uma liderança-preço
exercida de forma efetiva por um pequeno grupo de grandes produtores - os "seis grandes":
Alcoa, Kaiser, Reynolds, Alcan, Pechiney e Alusuisse -, aos quais se agregavam uma "franja" de
empresas marginais. Após-1974 inicia-se um período de instabilidade que aponta para uma
crescente maturidade da indústria. Os choques resultantes da elevação dos preços do petróleo
implicaram grande crescimento dos custos energéticos da produção, deprimindo as margens de
lucro de diversas plantas nos EUA, Europa e Japão, muitas das quais foram fechadas.
A elevação generalizada dos custos de produção se refletiu na busca de um
reposicionamento das empresas, favorecendo a reorientação da produção para países com forte
disponibilidade de energia. Como consequência, observou-se uma expansão mais acelerada de
pequenos produtores, com a entrada de firmas localizadas em países com dotação favorável de
recursos naturais e energéticos, em detrimento da participação das firmas líderes no mercado.Quatro novos tipos de atores destacam-se nesse processo: (i) companhias estatais do terceiro
mundo (CVRD, Venalum); (ii) fabricantes independentes que penetraram em diferentes estágios
das cadeia produtiva da indústria; (iii) conglomerados, localizados originariamente em outros
setores, interessados em oportunidades de diversificação (Shell/Billinton); (iv) novos produtores
em países ricos em recursos energéticos (Hydro Aliminium; Comalco).
Como consequência, a distribuição espacial da produção de alumínio primário
experimentou sensíveis modificações ao longo da última década, favorecendo novos produtores e
penalizando produtores localizados nos EUA, Europa e Japão (ver Tabela 1). A produção mundial
de alumínio primário atingiu, aproximadamente, 18 milhões de toneladas em 1990, destacando-se
como maiores produtores EUA, Ex-União Soviética, Canadá, Austrália e Brasil, em ordem
decrecente de importância. Em contrapartida, como maiores consumidores aparecem os EUA,
Japão, Alemanha e França. O consumo per capita de alumínio dos principais países
industrializados é superior a 20 kg/habitante/ano. A entrada de novos produtores provovou a
volatilização dos preços do alumínio primário, que passaram a ser definidos não mais em função
dos custos marginais de produção das firmas líderes e sim de acordo com flutuações sazonais no
mercado "spot" do metal. Este mercado, baseado nas cotações da bolsa de metais de Londres -
London Metal Exchange(LME) - , passou a definir um preço de referência para as operações de
compra e venda do alumínio primário.
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TABELA 1
CONSUMO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO - PRINCIPAIS PAÍSES
(em 1000 t)
País 1980 1982 1984 1986 1987 1988 1989 1990
Brasil 307 303 312 435 415 359 420 341
Canadá 312 297 336 313 423 437 459 459
Estados Unidos 4,454 3,581 4,457 4,316 4,539 4,598 4,326 4.230
Japão 1,639 1,654 1,572 1,624 1,697 2,123 2,204 2,414
Austrália 250 219 265 287 319 328 324 288
Alemanha Ocidental 1,052 1.000 1,152 1,187 1,186 1,233 1.290 1,294
França 601 578 579 593 616 661 685 723
Itália 458 420 448 510 548 581 607 693
Reino Unido 409 326 370 389 384 427 455 441
Espanha 263 223 191 244 255 268 273 287
Holanda 106 91 100 123 113 127 125 108
Suécia 76 96 87 95 86 90 91 79
PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO - PRINCIPAIS PAÍSES
(em 1000 t)
País 1980 1982 1984 1986 1987 1988 1989 1990
Brasil 261 299 455 757 843 874 888 931
Cadaná 1,068 1,065 1,222 1,355 1.540 1,535 1,555 1,567
Austrália 303 381 758 882 1,004 1.150 1,244 1,233
Noruega 653 638 765 726 806 864 859 871
Venezuela 328 274 386 424 440 455 500 595
U.S.A. 4,654 3,274 4,099 3,037 3,343 3,944 4.030 4,048
Japão 1,091 351 287 140 41 35 35 34
Alemanha Ocidental 731 723 777 765 738 744 742 720
China 360 380 400 410 615 800 825 826
Rússia 1.760 1.900 2.100 2.300 2.400 2.400 2.400 2.400
Total Mundial 15,382 13,433 15,705 15,413 16,385 17,608 17,933 18,134
Fonte: ABAL, Boletim Estatístico, 1992
Ao longo da década de 80, a perda da coordenação oligopolística da indústria manifestou-
se em duas tendências expressas no Gráfico 1 (em anexo): a ocorrência de intensas flutuações no
preço do alumínio primário ao longo do período (considerando o preço LME) e o grande
crescimento dos estoques disponíveis para venda a partir de 1990. Esta última tendência decorreu,
em boa medida, do aumento das exportações da Rússia e outras repúblicas da antiga União
Soviética (da ordem de aproximadamente 960 mil toneladas/ano), que desestabilizaram
completamente as condições do mercado internacional. Como consequência, os preços
internacionais se encontram atualmente bastante deprimidos, na faixa de 1200 US$/tonelada após
terem atingido um patamar mínimo de 1140 US$/tonelada. Face ao atual contexto recessivo, não
é esperada qualquer elevação mais significativa dos preços para os próximos três anos. A oferta
mundial não deverá se elevar além de 4,0% ao ano, pois a viabilização de novos projetos deverá
ser compensada pelo fechamento de plantas menos rentáveis nos EUA e, principalmente, na
Europa. Estima-se que uma paulatina estabilização do mercado poderia elevar o valor do metal
primário para a faixa de 1500 US$/tonelada.
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O principal determinante da competitividade das instalações produtoras de alumínio
primário é o seu custo energético, pois a eletricidade costuma representar aproximadamente 40%
do custo de produção do metal. Neste sentido, as crescentes pressões altistas sobre estes custos
implicaram na busca de um melhor rendimento energético das unidades produtoras. Através da
ampliação do tamanho das células eletrolíticas e do ajuste da densidade de corrente, foi possível
obter-se expressiva melhoria dos coeficientes de rendimento energético. A melhor tecnologia
disponível no mercado, incorporada nas plantas mais recentes, apresenta um consumo energético
na faixa entre 12.600-13900 KWh-DC/t de alumínio, podendo-se falar em uma best practice por
volta de 13000 KWh-DC/t, com eficiência de corrente entre 94-98%. Esta tecnologia está
associada a linhas de produção com escala superior a 200 mil t/ano, que exigem uma capacidade
de corrente da ordem de 150 a 270 KA e requerem elevados investimentos em capital e
tecnologia. Há indícios da possibilidade de diminuição do consumo energético, em prazo
relativamente curto, para algo em torno de 12 Kwh/kg. Existe uma forte tendência à interrupção
das operações de plantas com custos energéticos excessivamente elevados. A otimização do
consumo energético implica também no aprofundamento das articulações entre produtores de
alumínio primário e concessionárias de energia. Atualmente, 30% da produção de alumínio a nível
mundial é viabilizada através de contratos que vinculam as tarifas energéticas ao preço do metal.
Além disso, torna-se cada vez mais comum o compartilhamento de riscos entre estes agentes e,
até mesmo, a inter-penetração societária entre os mesmos.
A abrupta elevação dos custos de produção e a crescente instabilidade da demanda que
prevaleceram durante a década de 80, levaram a que os programas de P&D realizados no âmbito
da indústria começassem a ser re-examinados e as suas prioridades revistas. Em particular, os
programas de otimização de processos passaram a ser acompanhados por um esforço orientado ao
desenvolvimento de novos produtos. Este movimento decorre do valor mais elevado e da menor
volatilidade das margens de lucro na fabricação de produtos semi-manufaturados e transformados,
quando comparada às margens relacionadas à produção de alumínio primário (ver Tabela 2).
Assim, a presença dos produtores nos segmento de semi-manufaturados e transformados permite
um relativo isolamento contra os fatores especulativos que afetam a rentabilidade da produção
primária.
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TABELA 2
COMPARATIVO DE MARGENS DE LUCRO -
PRODUÇÃO PRIMÁRIA X PRODUÇÃO DE TRANSFORMADOS DE ALUMÍNIO
(em $/lb)
Produção Primária Produção de
(lingotes) Transformados
1981 0,15 0,27
1982 0,03 0,19
1983 0,09 0,19
1984 0,13 0,27
1985 0,02 0,20
1986 0,09 0,24
1987 0,14 0,30
1988 0,34 0,40
Fonte: Choksi, S.- Aluminium Price Behaviour: A decade on the LME; Resources Policy, march, 1991.
Três aspectos relacionados à crescente ênfase atribuída pelo padrão concorrencial da
indústria à sofisticação tecnológica dos produtos devem ser ressaltados. Em primeiro lugar, ela
implica uma re-orientação dos investimentos da indústria, da expansão da capacidade de redução
em favor da ampliação das atividades de transformação. Em segundo lugar, ela implica um maior
ritmo de modernização tecnológica nas atividades transformação - extrusão, laminação, fundição e
produção de cabos e fios. Em terceiro lugar, ela resulta na exploração mais intensa

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