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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS HAROLDO BARRETO DE ARAÚJO FILHO PRODUÇÃO CONJUNTA: Uma abordagem prática no ramo de frigorífico do RN NATAL – RN 2015 HAROLDO BARRETO DE ARAÚJO FILHO PRODUÇÃO CONJUNTA: Uma abordagem prática no ramo de frigorífico do RN Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências do Curso de Ciências Contábeis, para obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Dr. Ridalvo Medeiros Alves de Oliveira NATAL – RN 2015 HAROLDO BARRETO DE ARAÚJO FILHO PRODUÇÃO CONJUNTA: Uma abordagem prática no ramo de frigorífico do RN Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências do Curso de Ciências Contábeis, para obtenção do título de Bacharel. APROVADO: 18/06/2015 ____________________________________________________ Prof. Dr. Ridalvo Medeiros Alves de Oliveira – Orientador ____________________________________________________ Profª. M. Sc. Daniele da Rocha Carvalho – Examinadora ____________________________________________________ Prof. M. Sc. Luiz Vieira de Oliveira Sobrinho – Examinador MÉDIA: 10,0. AGRADECIMENTOS A Deus por minha vida, por ter me dado força e capacidade para superar as dificuldades. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, seu corpo docente, direção e administração por transmitir todo conhecimento sempre de forma ética e responsável. Ao meu orientador por toda dedicação, empenho, correções e incentivos para elaboração deste trabalho. Aos meus amigos Fagner Bispo e Josineide Benigna pelo apoio, orientação e conhecimentos compartilhados, que foram fundamentais para a conclusão deste trabalho. Obrigado pela amizade ao longo de todo o curso. Aos meus amigos do curso de Ciências Contábeis que fizeram parte da minha formação, obrigado pela amizade ao longo dessa jornada. Aos meus pais, irmãos e noiva pelo amor incondicional e incentivo nas horas difíceis. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, o meu muito obrigado. RESUMO Com uma vistoria sucinta em frigoríficos do estado, foi observado que nenhum aplicava controle à sua produção. Assim, esse trabalho objetiva demonstrar a aplicação de métodos de custeio em uma empresa do ramo de frigorifico no estado do Rio Grande do Norte, que também não possui nenhum critério de custeio aplicado à industrialização de suas matérias-primas. O produto em questão a ser analisado é o traseiro bovino, que por sua vez, passa por um processo de produção conjunta, originando vários outros produtos, como subprodutos, coprodutos e sucatas. O conceito foi aplicado através de respaldo bibliográfico e da aplicação de métodos também. Contudo, foi realizada uma comparação com a forma de custeamento utilizada pela entidade, tendo em vista que tudo nela é feito de maneira empírica, baseada na experiência adquirida e aplicada pelo proprietário da empresa. Identificou-se quais os impactos causados no rendimento do produto, e quanto os custos diretos consomem desse rendimento. Assim, o resultado dessa análise tornou-se uma ferramenta gerencial, mostrando de um jeito mais claro e nítido quais os custos diretos do traseiro bovino e qual o custo real de cada corte de carne. Concluiu- se que a utilização de uma ferramenta contábil é muito importante para o controle gerencial, que, por sua vez, melhora o processo de gestão de uma empresa. Palavras-chave: Produção conjunta. Métodos de custeio. Controle gerencial. ABSTRACT With a brief survey in some meat markets of the state, it was observed that no one applies control to its production. So this paper aims to demonstrate the application of costing methods in a meat sector company in Rio Grande Do Norte, which also has no cost criterion for the industrialization of its raw materials. The product in question to be analyzed is the rear beef, which undergoes a joint production process, yielding various other products such as by-products, co-products and scrap. The concept will be implemented through bibliographic support and the application of methods as well. However a comparison will be made with the form used by the entity in order that everything in it is done empirically, experience and applied by the business owner. We will see what are the impacts on product yield and the direct costs consume that income, so the result of this analysis will become a management tool, showing in a clearer way what are the direct costs of bovine rear and what is the real cost of each cut of meat. It was made a use of an accounting tool in a practical case, showing how it can be important to have a management control and how it can help in the process of a company. Key words: Joint production. Cost methods. Management control. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7 1.1 Problema de pesquisa .................................................................................................... 8 1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 8 2 CONCEITOS DE CUSTOS E MÉTODOS DE CUSTEIO ............................................... 10 2.1 Conceitos de custos ...................................................................................................... 10 2.2 Terminologia de custos ................................................................................................. 12 2.3 Métodos de custeio ....................................................................................................... 12 2.3.1 Método de Custeio por Absorção ........................................................................ 12 2.3.2 Método de Custeio Variável .................................................................................. 13 2.3.3 Método de Custeio Baseado em Atividades (ABC) .......................................... 14 2.3.4 Método de Custeio RKW ....................................................................................... 16 3 PRODUÇÃO CONJUNTA ................................................................................................... 18 3.1 Novos produtos da Matéria-prima ............................................................................... 19 3.1.1 Coprodutos .............................................................................................................. 19 3.1.2 Subprodutos ............................................................................................................ 20 3.1.3 Sucatas .................................................................................................................... 20 3.2 Custos Conjuntos ........................................................................................................... 21 4 ESTUDO DE CASO: BOMFIM LTDA. .............................................................................. 23 4.1 Metodologia..................................................................................................................... 23 4.2 A comercialização de traseiro bovino .........................................................................24 4.3 A matéria-prima e os novos produtos ......................................................................... 27 4.4 Gerenciamento contábil da Bomfim Ltda. .................................................................. 31 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 32 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 33 7 1 INTRODUÇÃO O Brasil é um grande produtor mundial de proteína animal, e teve como mercado interno o principal destino de sua produção em 2010 (75% da produção foi consumida internamente no país). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2008 a 2012 o rebanho bovino brasileiro cresceu 6,5%, passando de 199,75 para 212,85 milhões de cabeças. Segundo o IBGE, esse crescimento de rebanho é continuo desde 2008, o que pode ser explicado pelo investimento dos pecuaristas, em 2007, na ampliação do rebanho devido aos preços de venda e rentabilidades mais atrativas da cria, gerados pela valorização dos animais adultos e de reposição. O mercado de bovinos no Rio Grande do Norte é bastante aquecido; são muitas as empresas que movimentam a economia do Estado nesse ramo. Desta forma, é de fundamental importância ter um controle gerencial eficaz que passe segurança para a gestão dessas empresas. O ciclo de vida das empresas de pequeno e médio porte, em geral, tem curta duração. As principais causas do fechamento são a falta de experiência dos gestores e a falta de planejamento administrativo e organizacional. Uma gestão deficiente pode ter como resultado o fechamento da empresa em pouco tempo, e a contabilidade pode ser uma ferramenta crucial para a permanência da empresa no mercado. Entende-se que a contabilidade é uma ciência de grande importância para as empresas, de um modo geral, tanto para as grandes quanto para as pequenas, e essa ciência, em muitos casos, não é utilizada da maneira abrangente ou até mesmo de maneira alguma. Essa é a realidade de algumas empresas do Brasil, e ainda mais forte no Rio Grande do Norte A contabilidade gerencial é uma ferramenta de grande valor nas empresas do mundo atual. Devido à velocidade em que as informações circulam pelo mercado, as entidades estão cada vez mais utilizando-se dessa ferramenta poderosa de gestão para tomada de decisão, mensuração e identificação de processos. Sendo assim, é de fundamental importância para continuidade da entidade a utilização da contabilidade gerencial. Os empreendedores, nas empresas de pequeno porte, exercem várias funções gerenciais, devido à falta de planejamento estratégico, e assim tomam 8 suas decisões à medida que os problemas aparecem. Desse modo, não possuem um conjunto de informações que possam auxiliá-los no processo de decisão. A contabilidade, como um instrumento que auxilia à administração a tomar decisão, coleta dados e mensura-os de maneira monetária, registrando em relatórios, que são comunicados para seus usuários, contribuindo para tomada de decisão. A empresa alvo desse estudo é a Central Comércio e Distribuição de Alimentos Bomfim Ltda. A Bomfim é uma empresa familiar, e possui mais de 10 anos no mercado no ramo de frigorifico. Em 2014 teve um faturamento acima de 80 milhões de reais, e metade desse faturamento é referente aos coprodutos e subprodutos inerentes do processo de produção da indústria de bovinos e resfriados. Mesmo com esse fator expressivo de 50%, a entidade não possui controle gerencial sobre estoque e processo de produção. Esse estudo pode demonstrar um diagnóstico diferente da visão do gestor e, possivelmente, sobre a lucratividade da empresa. 1.1 Problema de pesquisa Na empresa alvo do estudo não se observa aplicação de métodos de custeio, sendo essa a justificativa para a elaboração deste trabalho, que buscou responder à seguinte questão de pesquisa: qual o método de alocação de custos conjuntos mais apropriado à Bomfim? 1.2 Objetivos O objetivo principal dessa pesquisa é identificar o método de custeio mais adequado para a empresa Bomfim. Os objetivos específicos estão alinhados com a justificativa do estudo. Para um melhor entendimento, os principais são listados: Conhecer o processo de produção que é aplicado na empresa Bomfim; Identificar os critérios adotados pelo gestor para tomada de decisão; Coletar dados para análise de custos; Comparar as práticas adotas pelo gestor com os métodos contábeis; e 9 Verificar o impacto que a aplicação desses métodos pode causar na parte gerencial, e se os mesmos poderão ser usados como ferramenta de gestão pelo empresário. 10 2 CONCEITOS DE CUSTOS E MÉTODOS DE CUSTEIO Embora o objetivo seja apresentar da maneira mais clara e simples uma metodologia de custeio, faz-se necessário o conhecimento de alguns dos principais conceitos de custos e métodos de custeio. O referencial teórico adotado para desenvolvimento da pesquisa envolve alguns conceitos de contabilidade de custos, tais como: custos e suas classificações, métodos de custeio e custeio da produção conjunta. 2.1 Conceitos de custos Segundo Martins (2003), custo é um gasto que pode ser relativo a um determinado bem ou serviço que será utilizado na produção de outros bens ou serviços. Com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em 2005, o IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, deixou de emitir pronunciamentos contábeis, passando a participar como membro do CPC. Porém, em 1999, na sua Norma e Procedimento Contábil (NPC) nº 2, o IBRACON definiu custos como sendo: a soma dos gastos incorridos e necessários para a aquisição, conversão e outros procedimentos necessários para trazer os estoques à sua condição e localização atuais, e compreende todos os gastos incorridos na sua aquisição ou produção, de modo a colocá-los em condições de serem vendidos, transformados, utilizados na elaboração de produtos ou na prestação de serviços que façam parte do objeto social entidade, ou realizados de qualquer outra forma. (IBRACON, 1999, p.1) Alguns estudiosos da área de custos corroboram essa definição, como Martins (2010), que define custo como o gasto relativo a bem ou serviço consumido na produção de outros bens e serviços, e Wernke (2004, p. 11-12), que define custos como: Gastos efetuados no processo de fabricação de bens ou de prestação de serviços. No caso industrial, são os fatores utilizados como matérias-primas, salários e encargos sociais dos operários da fábrica, depreciação das maquinas, dos moveis e das ferramentas utilizadas no processo produtivo. 11 12 2.2 Terminologia de custos Dentro da contabilidade de custos básica existem algumas terminologias importantes para o entendimento do processo de produção das indústrias. Essas terminologias podem causar algum tipo de confusão se não interpretadas da maneira correta, sendo elas: gastos, desembolso, investimento, custo (já citado anteriormente), despesas e perdas. Segundo Martins (2010, p. 24) “gasto é compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”. O mesmo autor prossegue, definindo desembolso como o pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço; investimento, como o gasto ativado em função da sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros períodos;e despesa como um bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas. (MARTINS, 2010) 2.3 Métodos de custeio O método de custeio normalmente é aplicado de acordo com a necessidade ou processo de produção da empresa, tendo que ser utilizado de maneira útil para o gerenciamento da empresa. De nada adianta usar um método muito complexo, se o mesmo não se encaixa no funcionamento da empresa, tornando o processo mais oneroso e inviável para a entidade. 2.3.1 Método de Custeio por Absorção Esse método consiste em atribuir todo tipo de custo, seja ele direto ou indireto, aos produtos que fazem parte do processo de produção, alocando-os de maneira adequada. Como exemplos de custo direto temos: matéria-prima e mão-de-obra direta. Por sua vez os exemples de custos indiretos são: aluguel, energia, mão-de-obra indireta e depreciação, entre outros. Martins (2010, p. 37) diz que o custeio por absorção consiste “na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos”. 13 Leone (1997) defende que o Método de Custeio por Absorção é aquele que adiciona todos os custos indiretos de fabricação de um determinado período nos custos de suas diferentes atividades industriais, sejam produtos, processos ou serviços. O critério deriva de vários processos de rateio por causa dos custos comuns, de difícil identificação ou não relevantes. A finalidade principal do critério é ter o custo total (direto e indireto) de cada objeto de custeio. Esse custo total se destina, entre outros fins, a determinar a rentabilidade de cada atividade, a avaliar os elementos que compõem o patrimônio e a compor uma informação significativa no auxílio à decisão de estabelecer os preços de venda dos produtos e serviços. Maher (2001, p.360) observa que o custeio por absorção é um “método de contabilização no qual tanto os custos fixos como os custos variáveis de produção são considerados custos do produto”. Isso pressupõe que os produtos “absorvem” todos os custos de produção, ou seja, todos os custos de produção são atribuídos às unidades produzidas. Horngren et al. (2000, p. 211) dizem que o “custeio por absorção é o método de custeio do estoque no qual todos os custos de fabricação, variáveis ou fixos, são considerados custos inventariáveis. Isto é, o estoque ‘absorve’ todos os custos de fabricação”. 2.3.2 Método de Custeio Variável Este método limita-se em apropriar todos os custos variáveis de produção, sejam eles diretos ou indiretos, aos produtos elaborados. Sob o Custeio Variável, apenas e tão somente os custos variáveis são apropriados à unidade de produto, não permitindo-se nenhuma apropriação a gastos fixos. Aos custos e despesas variáveis é, então, adicionada a denominada Margem de Contribuição, que deve ser suficiente para a cobertura dos Custos e Despesas Fixas e, ainda, do necessário lucro. (NASCIMENTO, 1989, p. 32) Complementando, Vartanian (2000) relata que o Método de Custeio Variável é aquele em que somente os custos diretos ou indiretos variáveis e as despesas variáveis são atribuídos aos objetos de custeio. Os custos e despesas fixas são levados integral e diretamente ao resultado do período. 14 Segundo Leone (1997, p. 96) o custeio variável “é o procedimento empregado pela contabilidade de custos para determinar o custo de uma produção no qual só são debitados à conta de fabricação os seus custos variáveis, diretos e indiretos”. Alguns autores tratam métodos de custeio direto como sendo sinônimo do variável, como Martins (2010). Porém, a literatura traz casos onde há um tratamento diferenciado, como Vartanian (2000). Para Martins (2010, p. 204) o “Custeio Variável (ou Direto), em que só são agregados aos produtos seus custos variáveis, considerando-se os custos fixos como se fossem despesas”. Por sua vez, Vartanian (2000) tem a opinião contrária à de Martins, diferenciando Custo Direto do Custo Variável: Custeio Variável não é a mesma coisa que custeio direto, pois, nesse último, custos fixos e despesas são diretamente alocados no produto, elevando o objeto de custeio, algo que jamais ocorre no custeio variável. (VARTANIAN, 2000, p.72). Desta forma, no Método de Custeio Direto, todas as despesas e custos fixos ou variáveis são alocados à unidade de produto, sendo os variáveis alocados diretamente e os fixos por rateio. 2.3.3 Método de Custeio Baseado em Atividades (ABC) Segundo Kaplan e Anderson (2007), o método de custeio ABC iniciou-se na década de 1980, pois os métodos existentes até a época eram ineficientes e não mostravam e nem forneciam as informações necessárias aos gestores. Contudo, Nakagawa (1995) afirma que o método de custeio ABC já era utilizado no início do século passado. Porém, no Brasil, as pesquisas sobre esse método começaram na década de 1980. O método ABC foi desenvolvido como um sistema de contabilidade, tido como avançado; porém, esse método tem ajudado as entidades a otimizarem seus processos de produção de maneira mais eficiente, fornecendo uma maior quantidade de informação para a tomada de decisão, fornecendo subsídios para que as organizações melhorem seu desempenho em suas atividades. (GOSSELIN, 2007) 15 Para Martins (2010, p.87) “O Custeio Baseado em Atividades, conhecido como ABC (Activity-Based Costing), é um método de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”. Nakagawa (1995, p. 39) cita que "os recursos de uma empresa são consumidos por suas atividades e não pelos produtos que ela fabrica". Assim, o objetivo do processo é rastrear as atividades mais importantes da empresa e planejar de que maneira esses recursos podem ser utilizados de maneira mais eficaz, em dois estágios. No primeiro estágio, denominado de “custeio das atividades”, os custos são direcionados às atividades. No segundo estágio, denominado de custeio dos objetos, os custos das atividades são atribuídos aos produtos, serviços e clientes, conforme demonstrado esquematicamente por Moura (2015) na Figura 1. Figura 1 – Representação esquemática do ABC em dois estágios Fonte: Moura (2015, p. 17) Warren, Reeve e Fess (2003, p. 396) explicam que o método ABC "utiliza os custos das atividades para determinar os custos do produto. Sob esse método, os custos indiretos de fabricação são inicialmente contabilizados em grupos de custos de atividades". 16 Atkinson et al. (2000, p. 308) dizem que o custeio baseado em atividades é um método que ajuda como os direcionadores de custos podem vincular, diretamente, as atividades executadas aos produtos produzidos, pois os direcionadores de custos medem o consumo médio ocorrido, em cada atividade, pelos vários produtos. Então, os custos das atividades são atribuídos aos produtos, na proporção do consumo que os produtos exerceram, em média, sobre as atividades. Para Leone (1997), o principal objetivo do sistema ABC é a atribuição mais eficaz de gastos indiretos ao produto ou serviço produzido pela empresa, permitindo um melhor suporte nas decisões gerenciais. Pode-se dizer que o ABC é uma ferramenta poderosa para a tomada de decisão, pois ajuda ao gestor a ratear os custos indiretos de maneira mais precisa e eficaz. 2.3.4 Método de Custeio RKW O método de custeio Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit1 (RKW) surgiu na Alemanha, no início do século XX. Ele tem como princípio a alocação dos custos fixose variáveis aos produtos, incluindo também as despesas. Martins (2001) leva em consideração que esse sistema é um rateio dos custos e despesas totais; desta maneira, segundo o autor, é possível chegar ao valor de “produzir e vender”. Segundo Bornia (2010), este método trata apenas de custos de transformação, não contempla matérias-primas e outros materiais diretos. Ele divide a empresa em centro de custos e, desses centros, os custos são alocados ao produto de acordo com sua participação na produção. Os centros [de custos] são determinados considerando-se o organograma (cada setor da empresa pode ser um centro de custos), a localização (quando partes da empresa encontram-se em localidades diferentes, cada local pode ser um centro), as responsabilidades (cada gerente pode ter sob sua responsabilidade um centro de custos) e a homogeneidade. (BORNIA, 2010, p. 89) 1 Em tradução literal para o português significa "Conselho Administrativo do Império para a Eficiência Econômica". 17 Bornia (2010, p. 91-92) resume o método RKW (método dos centros de custos) em cinco processos: 1. Separação dos custos em itens. 2. Divisão da empresa em centros de custos. 3. Identificação dos custos com os centros (distribuição primária). 4. Distribuição dos custos dos centros indiretos até os diretos (distribuição secundária). 5. Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos (distribuição final). Conforme Oliveira (2011, p. 32) o RKW é uma derivação de custeio por absorção “pois mantém a filosofia de alocação dos custos fixos e variáveis aos produtos, incluindo-se as despesas”. Segundo Martins e Rocha (2010, p. 130), “a principal vantagem do método de custeio por centros de custos, é o fato de ser alocada, nos produtos, a totalidade dos gastos relativos ao esforço de produzir, administrar e vender”. Vartanian (2000) diz que o método RKW é simples e claro, se aplicado da forma certa. As seções devem ser claras e deve existir uma “unidade de trabalho” para medir toda a produção, e as seções devem ser mínimas. Nota-se que o RKW é mais uma ferramenta poderosa de gestão que, se aplicada da maneira correta, pode trazer benefícios para empresa, além dos já citados, como o de mostrar o quanto a empresa precisa sacrificar para produzir e vender o produto. 18 3 PRODUÇÃO CONJUNTA Em algumas atividades industriais ocorre um fenômeno chamando de produção conjunta, que é o aparecimento de vários produtos a partir de uma determinada matéria-prima. Empresas com processo de produção conjunta são aquelas em que, basicamente, a partir do processamento, em várias fases e departamentos, da mesma matéria-prima básica, são obtidos vários produtos, denominados coprodutos, e, eventualmente, alguns subprodutos. (IUDÍCIBUS, 1993) Backer e Jacbsen (1984, p. 305) dizem que “quando dois ou mais produtos emergem de uma mesma matéria-prima ou processo, ou de várias matérias-primas e processos, a produção é chamada de produção conjunta”. Para Hansen e Mowen (2001, p. 225), “produtos conjuntos são dois ou mais produtos produzidos pelo mesmo processo até um ponto de ‘separação’. O ponto de separação é o ponto no qual os produtos conjuntos se tornam separados e identificáveis”. Desta maneira quando o processo de produção ocorre em um determinado ponto, há formação de mais de um produto caracterizando a produção conjunta, da mesma maneira que ocorre na empresa alvo da pesquisa. Horngren et al. (1981, p. 385) conceituam que “custo conjunto é o custo de um único processo que gera diversos produtos simultaneamente”. Sendo assim, quando dois ou mais produtos, de custos elevados e importantes para empresa, surgem de uma única matéria-prima, ocorre a produção conjunta. Outros autores que seguem a mesma linha definição para Produção Conjunta são Niswonger & Fess (1977, p. 183), que trazem um conceito bastante parecido sobre o tema: Quando dois ou mais produtos de valor significativo são produzidos de uma única matéria-prima direta, temos os chamados produtos conjuntos (joint products). Da mesma forma, custos implicados na fabricação de tais produtos são chamados custos conjuntos. Nota-se que vários autores têm definições convergentes, não deixando dúvidas sobre o processo de definição e contribuindo para uma identificação mais exata desse processo de produção. 19 No caso da Bomfim, se considerada como matéria-prima a carcaça do boi, os coprodutos são o quarto dianteiro e o quarto traseiro. Se considerada como matéria-prima um desses, são gerados vários coprodutos, dentre os quais estão: alcatra, picanha, contrafilé, filé, maminha, etc., como demonstra a Figura 2. Figura 2 – Coprodutos da carcaça bovina Fonte: O próprio autor. 3.1 Novos produtos da Matéria-prima 3.1.1 Coprodutos Como foi citado anteriormente e mostrado na Figura 2, durante o processo de produção conjunta ocorre o surgimento de vários produtos derivados de uma matéria-prima; desta forma, alguns autores trazem certas definições para o assunto. Horngren et al. (1981, p. 385) afirmam que os coprodutos “têm valor de venda relativamente alto, mas não são identificáveis isoladamente como produtos individuais até o ponto de separação”. (subproduto) 20 Martins (2010, p. 162), define que os coprodutos “são os próprios produtos principais, só que assim chamados porque nascidos de uma mesma matéria-prima. São os que substancialmente respondem pelo faturamento da empresa”. No caso da Bomfim os coprodutos têm uma grande representatividade no faturamento da empresa. 3.1.2 Subprodutos Os subprodutos, assim como os coprodutos, são oriundos de um processo de produção conjunta, e o que os diferencia é que eles têm menor valor de mercado. Segundo Horngren et al. (1981, p. 709), subproduto é um “produto obtido de um processo conjunto, com pequeno valor de venda em comparação com os do produto principal ou do coproduto”. Corroborando esse entendimento, Martins (2010, p.122) define como subprodutos: aqueles itens que, nascendo de forma normal durante o processo de produção, possuem mercado de venda relativamente estável, tanto no que diz respeito à existência de compradores como quanto ao preço. São itens que tem comercialização tão normal quanto os produtos da empresa, mas que representam porção ínfima do faturamento total. Devido a essa baixa representatividade no faturamento, normalmente os subprodutos não possuem capacidade de absorção de custos, ficando registrados no estoque pelo seu valor realizável líquido. Esse valor deve ser, então, deduzido dos custos de produção, que são alocados apenas aos estoques dos coprodutos. 3.1.3 Sucatas Outro item que pode aparecer, devido ao processo de produção conjunta, são as sucatas. Esses itens recebem um tratamento diferente, já que não são tratados como produto normal da empresa. Segundo Martins (2010, p.124), ”sucatas são aqueles itens cuja venda é esporádica e realizada por valor não previsível na data em que surgem na 21 produção”. Por essa razão, as sucatas não só não recebem custos, como não tem sua eventual receita considerada como diminuição dos custos de produção. Mesmo que existam em quantidades razoáveis, não aparecem como estoque na contabilidade. Para Horngren et al. (1981, p. 709), as sucatas são um “produto com valor de venda mínimo”. Já Maher (2001, p.896) afirma que sucata é um “produto cujo valor realizável líquido é mínimo, ou mesmo negativo, em função dos custos de sua disposição”.De acordo com Santos (2000, p. 147), “As sucatas são resíduos que podem ou não ser decorrência normal do processo de produção, não possuindo valor de venda e condições de negociabilidade boas”. Face a essa incerteza, as receitas provenientes da venda de sucatas são lançadas diretamente em receitas eventuais. Sucatas (ou resíduos ou sobras) são produtos que emergem da produção (seja conjunta ou não) que, em estado normal ou com defeitos ou estragados, não têm mercado garantido de comercialização, e sua venda, portanto, é bastante incerta, não se podendo estabelecer, a priori, se ela ocorrerá ou não. (NEVES; VICECONTI, 2001, p. 117) 3.2 Custos Conjuntos Custos Conjuntos são os custos aplicados no mesmo processo de produção que no determinado ponto de separação, são identificados novos produtos separadamente. Figura 3 – Custos conjuntos e ponto de separação 22 Fonte: http://www.peritocontador.com.br/artigos/apresentacao_producao_conjunta.pdf No ramo de frigorífico há vários produtos: gordura, limpeza, ossos, carnes e diversos outros produtos, alguns dos quais demonstrados na Figura 1. Segundo Matz, Curry e Frank (1978, p. 397), “custos conjuntos são aqueles incorridos antes do ponto em que os produtos identificáveis separadamente emergem dos mesmos processos”. Segundo Cashin e Polimeni (1982, p. 368), “custos conjuntos são os custos incorridos num mesmo processo até um determinado ponto em que os produtos individuais podem ser identificados”. Na literatura é possível encontrar diversos critérios de alocação dos custos conjuntos aos coprodutos. Na visão de Martins (2010), os principais critérios são: método do valor de mercado, método dos volumes produzidos e método da igualdade do lucro bruto. O método do valor de mercado é um dos métodos mais utilizados, pois distribui de forma igualitária os custos aos coprodutos, de acordo com sua participação na receita. Segundo Martins (2010, p. 164) ”o grande mérito [deste método] está no fato de distribuir o resultado de forma homogênea aos coprodutos”. O método dos volumes produzidos, defende Martins (2010, p. 165) ”acaba por apropriar custos iguais por unidade de volume elaborado”. Sendo assim, os produtos originados do processo de separação teriam o mesmo custo. Por fim, o método da igualdade de lucro bruto distribui os custos de forma que cada produto tenha o mesmo lucro bruto por unidade. 23 4 ESTUDO DE CASO: BOMFIM LTDA. Tendo em vista a grande movimentação econômica do mercado de bovinos no Rio Grande do Norte, é de fundamental importância que as empresas do ramo tenham um controle gerencial eficaz. Contudo, observando o controle interno das empresas do estado, é mínimo ou inexistente o uso dessa ferramenta tão importante. A empresa alvo desse estudo, a Central Comércio e Distribuição de Alimentos Bomfim Ltda. não utiliza nenhuma ferramenta contábil para controle do seu estoque ou da sua produção; a gestão é baseada nos anos de experiência do proprietário, de forma puramente empírica. A Bomfim Ltda. é uma empresa do setor de frios e congelados de origem animal, localizada em Natal-RN. Seu principal produto é o traseiro bovino, que passa por um processo de produção, mas também pode ser vendido inteiro. Sendo também uma indústria com grande representatividade no comércio de carnes bovinas no Rio Grande do Norte, com 10 anos no mercado e cerca de 90 funcionários, a mesma apenas utiliza a experiência do proprietário, adquirida através de anos no ramo de carnes bovinas. Devido à necessidade da Bomfim e das outras empresas do ramo, essa pesquisa tem como objetivo identificar qual o método de custeio mais adequado á produção conjunta de resfriados bovinos, e comparar os métodos com a forma que é aplicada pelo gestor na empresa. 4.1 Metodologia A metodologia utilizada nesse trabalho é um Estudo de Caso de caráter qualitativo e exploratório. O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante outros tipos de delineamentos considerados. (GIL, 1999, p.73) Yin (2002, p.21) ressalta que o estudo de caso 24 permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais, administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores. Contudo observa-se que esse tipo de metodologia aplica-se na pesquisa em questão, tendo em vista que a empresa a ser analisada trata-se de um fenômeno real. Quanto à sua tipologia é qualitativa, pois segundo Richardson (1999, p. 80) os estudos que empregam uma metodologia qualitativa “podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. No caso da Bomfim a análise de um sistema de custeio, através do levantamento de dados, para comparar com o método já utilizado pela empresa demonstra que a pesquisa é qualitativa. Por fim, ela também é exploratória, por que há pouco conhecimento sobre a temática, já que não foram realizados em Natal-RN estudos no ramo de frigorífico sobre produção conjunta, comparando-os com as práticas adotadas pelos empreendedores e administradores das empresas. 4.2 A comercialização de traseiro bovino O traseiro bovino é o produto que dá origem às carnes nobres do boi, como filé mignon e picanha. A empresa comercializa cerca de 1200 peças de traseiro por mês, tendo uma representatividade no faturamento de 30%. Esse produto, durante sua industrialização, dá origem a vários outros produtos. A Bomfim não possui nenhum controle gerencial e nenhum método de apropriação de custos, por isso este produto foi escolhido para análise e aplicação de critério de apropriação dos custos conjuntos, sendo utilizados os critérios de valor de mercado e de volume produzido. Todos os dados coletados foram referentes a uma média mensal do ano de 2015. A coleta foi feita da seguinte maneira: foram selecionados dez traseiros de maneira aleatória, com pesos variados, e apenas um desossador foi selecionado para participar do processo, para eliminar uma variável, já que 25 os pesos dos novos produtos podem variar de acordo com o corte feito pelo funcionário. O peso da matéria-prima foi registrado antes do processo e à medida que novos produtos iam surgindo também eram registrados. Feito isso com os dez traseiros, chega-se a uma média, conforme demonstrado no Quadro 1. Quadro 1 – Produtos originados do Traseiro Bovino MÉDIA TRASEIRO KG TRASEIRO ANTES DO PROCESSO 68,45 PERDA 0,12 ALCATRA 5,97 PICANHA 1,94 COXÃO DURO 8,36 PATINHO 5,79 COXÃO MOLE 10,02 MUSCULO DA CHÃ 2,37 OSSO DO PATINHO 0,56 FILÉ MIGNON 2,50 CONTRA-FILÉ 8,50 CARNE MOÍDA 0,48 FRALDINHA 2,07 ARANHA 0,27 XAXADO 1,79 CAPA CONTRA-FILÉ 1,74 OSSO DA ALCATRA 0,72 OSSO REJEITE 1,17 OSSO SABAO 8,86 PERNA 4,02 COSTELINHA 1,24 Fonte: Dados da pesquisa Nota-se que de uma matéria prima originaram-se 20 novos produtos, que são divididos em coprodutos, subprodutos e sucatas. Também foi observada uma média de perda por desidratação de 120 gramas por traseiro, que será incorporada ao custo do produto por se tratar de algo que acontece normalmente durante o processo. Com o levantamento dos custosdiretos, chega-se aos principais e mais relevantes demonstrados no Quadro 2. 26 27 Quadro 2 – Levantamento dos custos mais relevantes na Bomfim Ltda CUSTOS DIRETOS R$ Aquisição 924.075,00 Folha 12.575,49 Serv. Manutenção 2.500,00 Energia 1.928,57 Perda Normal 1.620,00 TOTAL 942.699,06 Fonte: Dados da pesquisa Custo de aquisição: refere-se ao valor da compra de traseiros no mês. Custo da folha: todos os salários e encargos dos funcionários que trabalham no setor de produção de traseiro. Serviço manutenção: custos referentes ao funcionamento de maquinário para armazenamento de traseiros. Energia: o custo total seria de R$13.500,00, mas o critério de rateio utilizado foi a quantidade de câmaras frias para o armazenamento da matéria-prima, sendo 1 no total de 7. A depreciação não foi considerada um custo relevante, tendo em vista que o prazo de vida útil do maquinário é de 20 anos, garantidos pelo fabricante, e seu valor de aquisição é baixo diante do investimento total. 4.3 A matéria-prima e os novos produtos Mediante os dados levantados, foi aplicado o método dos volumes produzidos e o método valor de mercado como demonstrado na Tabela 1. Tabela 1 – Aplicação de métodos de apropriação de custos MÉTODO DOS VOLUMES PRODUZIDOS MÉTODO VALOR DE MERCADO KG % VOLUME PRDUZIDO % PREÇO RECEITA TRASEIRO ANTES DO PROCESSO 68,33 KG/PÇ 81.996 VOLUME TOTAL 227,83 1.082.564,40 REC/PÇ ALCATRA 5,97 8,74% 7.164 8,74% 17,49 125.298,36 11,57% PICANHA 1,94 2,84% 2.328 2,84% 21,00 48.888,00 4,52% COXÃO DURO 8,36 12,23% 10.032 12,23% 15,69 157.402,08 14,54% 28 PATINHO 5,79 8,47% 6.948 8,47% 16,19 112.488,12 10,39% COXÃO MOLE 10,02 14,66% 12.024 14,66% 17,19 206.692,56 19,09% MUSCULO DA CHÃ 2,37 3,47% 2.844 3,47% 12,59 35.805,96 3,31% OSSO DO PATINHO 0,56 0,82% 672 0,82% 5,49 3.689,28 0,34% FILÉ MIGNON 2,50 3,66% 3.000 3,66% 29,00 87.000,00 8,04% CONTRA-FILÉ 8,50 12,44% 10.200 12,44% 17,49 178.398,00 16,48% CARNE MOÍDA 0,48 0,70% 576 0,70% 13,69 7.885,44 0,73% FRALDINHA 2,07 3,03% 2.484 3,03% 12,59 31.273,56 2,89% ARANHA 0,27 0,40% 324 0,40% 12,99 4.208,76 0,39% XAXADO 1,79 2,62% 2.148 2,62% 5,00 10.740,00 0,99% CAPA CONTRA-FILÉ 1,74 2,55% 2.088 2,55% 12,59 26.287,92 2,43% OSSO DA ALCATRA 0,72 1,05% 864 1,05% 5,00 4.320,00 0,40% OSSO REJEITE 1,17 1,71% 1.404 1,71% 1,99 2.793,96 0,26% OSSO SABAO 8,82 12,91% 10.584 12,91% 0,10 1.058,40 0,10% PERNA 4,02 5,88% 4.824 5,88% 6,25 30.150,00 2,79% COSTELINHA 1,24 1,81% 1.488 1,81% 5,50 8.184,00 0,76% Fonte: Dados da pesquisa Na coluna “Métodos dos Volumes Produzidos” foi levada em consideração a quantidade de quilos de traseiro produzidos, calculada de acordo com a média de compra de traseiro, multiplicada pela média de quilos por traseiro, resultando no valor de 81.996kg. Esse valor foi rateado por peça de acordo com seu percentual de representatividade. Na coluna “Método Valor de Mercado” levou-se em consideração a receita que cada corte bovino teve em relação ao total, multiplicando o preço do quilo da peça pela quantidade produzida. Tabela 2 – Rateio pelo volume produzido CUSTOS CONJUNTOS 942.699,06 TOTAL CUSTO UNIT. ALCATRA 8,74% 82.363,73 11,50 PICANHA 2,84% 26.764,76 11,50 COXÃO DURO 12,23% 115.336,81 11,50 PATINHO 8,47% 79.880,40 11,50 COXÃO MOLE 14,66% 138.238,62 11,50 MUSCULO DA CHÃ 3,47% 32.697,16 11,50 OSSO DO PATINHO 0,82% 7.725,91 11,50 FILÉ MIGNON 3,66% 34.490,67 11,50 CONTRA-FILÉ 12,44% 117.268,29 11,50 CARNE MOÍDA 0,70% 6.622,21 11,50 FRALDINHA 3,03% 28.558,28 11,50 29 ARANHA 0,40% 3.724,99 11,50 XAXADO 2,62% 24.695,32 11,50 CAPA CONTRA-FILÉ 2,55% 24.005,51 11,50 OSSO DA ALCATRA 1,05% 9.933,31 11,50 OSSO REJEITE 1,71% 16.141,63 11,50 OSSO SABAO 12,91% 121.683,09 11,50 PERNA 5,88% 55.461,00 11,50 COSTELINHA 1,81% 17.107,37 11,50 Fonte: Dados da pesquisa A Tabela 2 demonstra o rateio dos custos de acordo com as quantidades produzidas. Observa-se que os custos para todos os produtos são iguais, o que torna esse método ineficaz para empresa alvo do estudo, já que possui uma liquidez variável para cada produto e um preço que varia muito de acordo com o corte. Assim, a mesma teria um prejuízo muito elevado para alguns produtos, o que não condiz com a realidade e não demonstra nenhuma informação significativa para a tomada de decisão. Tabela 3 – Rateio pelo valor de mercado CUSTOS CONJUNTOS 942.699,06 TOTAL CUSTO UNIT. ALCATRA 11,57% 109.110,04 15,23 PICANHA 4,52% 42.571,76 18,29 COXÃO DURO 14,54% 137.066,02 13,66 PATINHO 10,39% 97.954,86 14,10 COXÃO MOLE 19,09% 179.988,26 14,97 MUSCULO DA CHÃ 3,31% 31.179,90 10,96 OSSO DO PATINHO 0,34% 3.212,63 4,78 FILÉ MIGNON 8,04% 75.759,76 25,25 CONTRA-FILÉ 16,48% 155.349,31 15,23 CARNE MOÍDA 0,73% 6.866,66 11,92 FRALDINHA 2,89% 27.233,07 10,96 ARANHA 0,39% 3.665,00 11,31 XAXADO 0,99% 9.352,41 4,35 CAPA CONTRA-FILÉ 2,43% 22.891,57 10,96 OSSO DA ALCATRA 0,40% 3.761,86 4,35 OSSO REJEITE 0,26% 2.432,99 1,73 OSSO SABAO 0,10% 921,66 0,09 PERNA 2,79% 26.254,68 5,44 COSTELINHA 0,76% 7.126,64 4,79 Fonte: Dados da pesquisa No método apresentado na Tabela 3, a distribuição dos custos conjuntos é feita proporcionalmente à participação dos produtos na receita. Quanto maior o preço de venda de um produto, mais custos ele irá receber. Observa-se que cada produto possui um custo unitário diferente, possibilitando ao gestor observar mais claramente qual o custo unitário por produto. Isso pode ser 30 usado estrategicamente, tornando esse rateio uma importante ferramenta gerencial. Tabela 4 – Rateio empírico da empresa CUSTOS CONJUNTOS 924.075,00 PEÇA PREÇO UNITARIO RECEITA ALCATRA 5,97 17,49 104,42 PICANHA 1,94 21,00 40,74 COXÃO DURO 8,36 15,69 131,17 PATINHO 5,79 16,19 93,74 COXÃO MOLE 10,02 17,19 172,24 MUSCULO DA CHÃ 2,37 12,59 29,84 OSSO DO PATINHO 0,56 5,49 3,07 FILÉ MIGNON 2,50 29,00 72,50 CONTRA-FILE 8,50 17,49 148,67 CARNE MOÍDA 0,48 13,69 6,57 FRALDINHA 2,07 12,59 26,06 ARANHA 0,27 12,99 3,51 XAXADO 1,79 5,00 8,95 CAPA CONTRA-FILÉ 1,74 12,59 21,91 OSSO DA ALCATRA 0,72 5,00 3,60 OSSO REJEITE 1,17 1,99 2,33 OSSO SABAO 8,82 0,10 0,88 PERNA 4,02 6,25 25,13 COSTELINHA 1,24 5,50 6,82 Fonte: Dados da pesquisa A Tabela 4 mostra os coprodutos e subprodutos da produção, com os seus respectivos valores de venda que, multiplicados pelas médias das quantidades das peças de carne, resulta no seu rendimento. É desta forma que o empresário encontra seu rendimento, que no caso estudado é de 15%. Dessa forma, ele vai ajustando os preços de acordo com sua experiência, de modo que a receita seja suficiente para cobrir os custos e deixe uma margem de lucro aceitável. Como a empresa não aplica nenhum método de custeio, tudo é feito de forma empírica. O gestor já sabe, por experiência no ramo, qual margem deve aplicar para ter o lucro desejado. Assim, seu preço de venda é praticado de acordo com o mercado, e pode variarsua margem final do produto. O Quadro 3 apresenta um resumo para melhor entendimento. 31 Quadro 3 – Comparativo de rendimento Real x Contábil TRASEIRO CUSTO DE AQUISIÇAO CUSTO TRASEIRO RECEITA TRASEIRO RENDIMENTO MÉTODO DA EMPRESA 68,33 11,25 768,71 902,14 15% MÉTODO CONTABIL 68,33 VARIÁVEL POR PRODUTO 785,58 902,14 13% Fonte: Dados da pesquisa Esse quadro mostra que os custos conjuntos consomem cerca de 2% do rendimento da matéria-prima. Observa-se que a Bomfim não utiliza qualquer distinção de custo, portanto o único custo considerado é o de aquisição, sendo ele o de maior expressão. 4.4 Gerenciamento contábil da Bomfim Ltda. Analisando o método da empresa, como já foi dito anteriormente, o administrador não utiliza nenhuma ferramenta gerencial, e também não há uma separação entre despesa e custo. O Quadro 3 mostra que a empresa pratica uma margem de 15%, que está relacionada com o preço de mercado e que, para o gestor, é suficiente para cobrir seus gastos e gerar a margem de lucro desejada. Com anos de experiência no ramo, o método torna a entidade sustentável por tentativa, oscilando entre erros e acertos. Analisando o método contábil, com a distribuição dos custos diretos, há uma diferença de 2% no rendimento, se comparado ao método utilizado pela empresa. Esse percentual, considerando o ramo de atividade e os volumes de faturamento, tem uma representatividade considerável. É possível que o gestor saiba que existe esse custo, mas ele não sabe o tamanho do impacto e sua mensuração na margem final do produto. Contudo, a empresa se manteria sustentável, pois o administrador sabe que a margem está de acordo com o que ele acha necessário para manter o funcionamento da empresa. 32 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A empresa sempre deve usar métodos que facilitem sua tomada de decisão, com isso ela terá uma gama de informações para saber qual caminho deve seguir, e se está agindo de maneira correta. Apesar de não apresentar um grande impacto no rendimento da Bomfim, o método de custeio do valor de mercado utilizado nesse trabalho pode servir como um caminho mais claro para o gestor. Observa-se que, com a utilização dos dados e aplicação dos métodos, a empresa pode deixar de funcionar baseada apenas no feeling do gestor, passando a ter uma visão mais técnica e clara de como está caminhando. Isso é notado quando se analisa o custo conjunto pelo valor de mercado, pois a entidade não sabia qual seu custo unitário por produto, muito menos quanto seus custos diretos impactavam no seu rendimento. Propõe-se que a Bomfim utilize essas informações para sua gestão, mesmo sabendo que a sua ideologia está mantendo a empresa, pois ela terá mais opções na sua tomada de decisão. Fica também como sugestão para trabalhos futuros a aplicação dos métodos de custeio em uma gama maior de produtos, fazendo paralelamente uma análise no impacto do lucro líquido da empresa. É necessário, também, compará-lo com os métodos utilizados pela entidade, já que ela também não usa ferramentas contábeis para estudo do seu lucro final. 33 REFERÊNCIAS ATKINSON, A. A.; BANKER, R. D.; KAPLAN, R. S.; YOUNG, S. M. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BACKER, M.; JACOBSEN, L. E. Contabilidade de custos: Uma Abordagem Gerencial. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1984. BORNIA, Antonio Cezar. 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