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TCC Vanessa Wiebbelling

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FACULDADE ASSIS GURGACZ - FAG 
VANESSA WIEBBELLING 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DE UMA ÁRVORE DE FALHAS 
DE PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL - PR 
2014 
 
 
FACULDADE ASSIS GURGACZ - FAG 
VANESSA WIEBBELLING 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DE UMA ÁRVORE DE FALHAS 
DE PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES 
 
 
 
Trabalho apresentado na disciplina de Trabalho 
de Conclusão de Curso II, do Curso de 
Engenharia Civil, da Faculdade Assis Gurgacz - 
FAG, como requisito parcial para obtenção do 
título de Bacharel em Engenharia Civil. 
 
Professor Orientador: Prof. M. Eng. Maycon 
André de Almeida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL - PR 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu pai Valmor, 
à minha mãe Lourdes, 
todo o mérito de minha formação 
pelos sacrifícios, incentivo e amor! 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Cabe, neste sonhado TCC, o espaço para ser grata aos que têm sua contribuição na 
minha formação de engenheira civil. 
De insubstituível importância, aos responsáveis por esse mérito, meus pais Lourdes e 
Valmor, obrigada por todos os sacrifícios feitos para me proporcionar a chance de uma 
formação. Por todo o trabalho, paciência, empenho, carinho e incentivo em todas as fases desta 
jornada. 
À minha irmã Andréia e ao meu sobrinho Felipe, por todo o carinho e alegrias que 
tornam os dias mais leves. 
Ao meu professor e orientador, Maycon de Almeida, pela inspiração profissional, pela 
sugestão de tema e pelo brilhante desempenho na orientação deste trabalho. Tanto pela 
paciência e disponibilidade de tempo e materiais, quanto pelo domínio e interesse no trabalho. 
É teu, também, o mérito. 
Ao meu amor, Maycon, pela inspiração pessoal, pelo carinho e dedicação, pelo respeito 
e incentivo. Por estar ao meu lado em todos os momentos, exigindo resultados, e vibrando por 
eles. 
A todos os professores que se empenharam em minha formação e fizeram dela um 
trabalho mais agradável. A todos, integralmente. 
Aos meus amigos engenheiros civis Andressa, Josiane, Leila, Ricardo, Rhayza e Valcir, 
pela amizade e parceria durante os cinco anos de engenharia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Considerando-se a dificuldade dos profissionais de engenharia no diagnóstico de patologias em 
fundações, devido à escassez de referências bibliográficas que abordem em um único material 
suas causas, origens, mecanismos deflagradores e características de danos, o presente trabalho 
trata da reunião dessas informações em uma árvore de falhas – AAF. O desenvolvimento da 
árvore objetiva elaborar uma ferramenta de fácil visualização e análise de origens dessas 
patologias, focando as fases de investigações geotécnicas, projeto, execução de fundações e 
eventos pós-conclusão de obras, que são as principais fases de recorrências de patologias. Todas 
as informações apresentadas na árvore foram fundamentadas em referências sobre as 
características do solo e de fundações, e de patologias incidentes nas mesmas, além de livros 
sobre a configuração de bancos de dados. Além disso, são feitas sugestões de reparo para cada 
origem de patologia apresentada. 
 
Palavras-chave: patologias, fundações, árvore de falhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Esquema de ensaio SPT. .......................................................................................... 20 
Figura 2: Esquema de corte com camada de solo instável. ..................................................... 21 
Figura 3: Estrangulamento do fuste de uma estaca pela instabilidade do solo. ...................... 22 
Figura 4: Rompimento do fuste de uma estaca pela instabilidade do solo. ............................ 22 
Figura 5: Edificações com solicitações de cargas diferentes e fundações diferentes sem junta 
de trabalho. ....................................................................................................................... 23 
Figura 6: Edificações com solicitações de cargas diferentes em uma mesma fundação sem junta 
de trabalho. ....................................................................................................................... 23 
Figura 7: Esquematização de recalque diferencial em uma edificação. .................................. 25 
Figura 8: Apoio de fundação direta sobre camadas de solo heterogêneas. ............................. 26 
Figura 9: Apoio de edificação sobre camadas de solo heterogêneas com representação de trinca 
característica. .................................................................................................................... 26 
Figura 10: Apoio de fundação sobre camadas de solo heterogêneas. ..................................... 27 
Figura 11: Apoio de edificação sobre bolsão de solo colapsível e trinca característica. ........ 27 
Figura 12: Intersecção de bulbos de tensões de edificações vizinhas. .................................... 28 
Figura 13: Fissuramento em parede homogênea e não homogênea. ....................................... 30 
Figura 14: Tensões geradas entre alvenaria e estrutura devido a recalque diferencial entre 
pilares. .............................................................................................................................. 31 
Figura 15: Estado de tensões geradas por recalque diferencial entre pilares, na alvenaria 
solidária à estrutura. .......................................................................................................... 31 
Figura 16: Ruptura da alvenaria por esforços de tração. ......................................................... 31 
Figura 17: Fissuras em aberturas causadas por recalque. ........................................................ 32 
Figura 18: Fissura junto à janela. ............................................................................................ 32 
Figura 19: Fissuras causadas por recalque de pilares. ............................................................. 33 
Figura 20: Fissuras por cisalhamento na interface entre alvenaria e estrutura. ....................... 33 
Figura 21: Esquema de tensões geradas por pilar de canto. .................................................... 34 
Figura 22: Assentamento excessivo de pilar de canto............................................................. 34 
Figura 23: Fissura provocadas pelo assentamento ou levantamento de fundação numa 
estrutura. ........................................................................................................................... 35 
Figura 24: Fissuras inclinadas por torção na laje devido ao recalque na fundação nesse ponto.
 .......................................................................................................................................... 35 
Figura 25: Deformação côncava de uma parede em alvenaria estrutural. .............................. 36 
 
 
Figura 26: Fissuramento em forma de arco em parede homogênea com abaixamento no trecho 
central. .............................................................................................................................. 37 
Figura 27: Deformação convexa de uma parede em alvenaria estrutural. .............................. 37 
Figura 28: Provável fissuramento de edificação assente sobre solo heterogêneo. .................. 38 
Figura 29: Rotação de fundação causando deslocamento de parede de fachada. ................... 38 
Figura 30: Prováveis fissuramentos em estruturas de concreto. ............................................. 39 
Figura 31: Árvorede falhas. .................................................................................................... 41 
Figura 32: Árvore de falhas de patologias em fundações – Fase de Projeto. .......................... 46 
Figura 33: Árvore de falhas de patologias em fundações – Fase de Execução. ...................... 47 
Figura 34: Árvore de falhas de patologias em fundações – Pós conclusão de obras. ............. 49 
Figura 35: Aplicação da AAF – Fase de projeto. .................................................................... 50 
Figura 36: Aplicação da AAF – Materiais Constituintes. ....................................................... 51 
Figura 37: Aplicação da AAF – Fase de execução. ................................................................ 51 
Figura 38: Aplicação da AAF – Uso das edificações.............................................................. 51 
Figura 39: Aplicação da AAF – Causas Externas. .................................................................. 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Identificação de fissuras – Causas patológicas de fundações.............................................43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1.  INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 
1.1. OBJETIVOS .................................................................................................................. 12 
1.1.1.  Objetivo Geral .................................................................................................. 12 
1.1.2.  Objetivos Específicos ....................................................................................... 12 
1.2.  JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 12 
1.3.  CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................ 13 
1.4.  DELIMITAÇÃO DA PESQUISA............................................................................ 13 
2.  REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 14 
2.1.  CARACTERIZAÇÃO DO SOLO ........................................................................... 14 
2.2.  INFLUÊNCIAS NA INTERAÇÃO SOLO E ESTRUTURA DE FUNDAÇÃO .... 15 
2.2.1. Plasticidade, Índice de Vazios e Grau de Saturação ............................................... 15 
2.2.2. Solos Colapsíveis e Influência Hidrostática ........................................................... 16 
2.2.3. Adensamento .......................................................................................................... 16 
2.2.4. Aterros Em Solos Orgânicos .................................................................................. 17 
2.2.5. Matacões ................................................................................................................. 17 
2.3.  CAUSAS DE PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES .................................................. 18 
2.3.1.  Investigações Geotécnicas ................................................................................ 18 
2.3.2.  Execução de Fundações .................................................................................... 20 
2.3.3.  Projeto de Fundações ........................................................................................ 22 
2.3.4.  Eventos Pós-Conclusão .................................................................................... 24 
2.4.  CARACTERÍSTICAS DE FISSURAS .................................................................... 29 
3.  MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 40 
3.1.  CONFIGURAÇÕES DE BANCOS DE DADOS .................................................... 40 
3.2.  ANÁLISE DE BANCO DE DADOS ....................................................................... 42 
4.  RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 43 
4.1.  TABELA DE IDENTIFICAÇÃO DE FISSURAS .................................................. 43 
4.2.  ÁRVORE DE FALHAS DE PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES – AAF .............. 44 
4.3.  APLICAÇÃO DA ÁRVORE DE FALHAS – AAF ................................................ 50 
5.  CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 53 
6.  SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 55 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 56 
APÊNDICE ............................................................................................................................. 58 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
As patologias em construções são objeto de estudo recente, uma vez que suas 
recorrências têm sido motivadas pelo aumento da demanda da construção civil, movida a um 
regime acelerado e de economias que acarretam na execução inadequada das edificações. 
DAL MOLIN (1988) demonstra que 5,59 % das fissuras que surgem em estruturas de 
concreto armado são causadas por problemas em fundações. Já em pesquisa realizada por 
ALVES (2009) junto ao CREA-GO, 37,50 % das patologias em edificações no estado foram 
causadas por problemas nas fundações. Desses, 66,67 % foram de baixa gravidade, 26,67% de 
gravidade moderada e 6,67% de gravidade alta. SILVA (1993), segundo estatísticas de 
patologias recorrentes no Rio Grande do Sul, define que a principal causa trata das falhas nas 
etapas de projeto de fundações, representando 55,2% dos casos, e que cerca de 80% dos casos 
de patologias estudados são decorrentes da falta de conhecimento sobre as propriedades do 
subsolo em todas as fases da execução das fundações. E a principal causa das patologias em 
fundações é a eliminação de custos relativos a investigações geotécnicas, prática essencial à 
elaboração de uma fundação adequada. 
Por tratar-se de uma estrutura não aparente, muitas vezes não se leva em consideração 
que os efeitos de um mau dimensionamento acarretarão custos de reparação muito superiores 
aos de um dimensionamento adequado. As consequências são possíveis desde a fase de 
execução até a vida útil de uma edificação e variam desde o aparecimento de pequenas fissuras 
na alvenaria e estrutura, até o desaprumo da edificação. 
O exemplo mais clássico de uma patologia em fundação, segundo SILVA (1993), é o 
recalque diferencial sofrido pela torre de Pisa, na Itália. A estrutura começou a inclinar-se logo 
após sua construção, em 1973, devido ao mau dimensionamento da fundação e da 
desconsideração do comportamento do solo nesse processo. 
A necessidade de estudos nessa área se dá porque as patologias em fundações, em 
especial, têm escassas referências bibliográficas, limitando-se a publicações de trabalhos 
acadêmicos e poucos livros. Isso dificulta o trabalho dos profissionais na determinação das 
causas, origens e definição de conduta nesse tipo de caso. 
O presente trabalho trata, então, da reunião do máximo de informações quantas forem 
possíveis, para que os dados referentes a causas de patologias em fundações encontrem-se em 
um banco de dados, e ainda, que tenham fácil identificação, através de uma ferramenta de 
análise denominada AAF – Análise de Árvore de Falhas. 
12 
 
Foi analisada a princípio a bibliografia referente às características do solo e de sua 
interação com os elementos estruturais de fundações. A revisão sobre as causas de patologias 
se subdividiu entre investigações geotécnicas, execução, projeto de fundações e eventos pós-
conclusão de obras. Em seguida, são apresentadas informações referentesaos danos causados 
por essas patologias e seus mecanismos deflagradores. 
Em um segundo momento, todas as informações apresentadas foram analisadas, 
organizadas e relacionadas em uma árvore de causas – AAF, visando a facilitar o trabalho dos 
profissionais na identificação das causas de patologias, além de sugerir medidas de reparo para 
cada caso apresentado. 
 
 
1.1. OBJETIVOS 
 
1.1.1. Objetivo Geral 
 
Desenvolver uma Árvore de Falhas (AAF) por meio da análise de manifestações 
patológicas em fundações originadas durante as fases de projeto, execução e pós-conclusão de 
obras, através de pesquisa bibliográfica e de casos reais. 
 
1.1.2. Objetivos Específicos 
 
 Coletar informações sobre causas, origens e mecanismos deflagradores de patologias 
em fundações; 
 desenvolver uma árvore de falhas para o tema a fim de auxiliar na identificação e 
tomada de decisão quanto à solução a ser adotada para cada problema de patologia 
em fundação. 
 
1.2. JUSTIFICATIVA 
 
A importância da fundação, quando relegada, pode acarretar altos custos de reparo, 
muitas vezes maiores que os recorrentes da execução adequada dessas estruturas. Não só à 
própria edificação, mas às edificações vizinhas que podem sofrer danos quando 
desconsideradas durante as fases de projeto e execução. 
13 
 
Mas ainda mais importantes do que custos são os problemas causados na incidência de 
patologias mais graves, que podem levar as edificações à ruína e ameaçar a segurança dos 
usuários. 
Um dos fatores de grande importância para a garantia de tal segurança é a análise do 
solo anterior ao projeto das fundações, que é indispensável ao dimensionamento adequado da 
infraestrutura. O solo é um material de construção não uniforme de variada composição, que 
apresenta grande dificuldade de classificação, exigindo ensaios para as determinações 
referentes às suas características. 
Incidências patológicas em fundações causam danos não só à infraestrutura. As 
consequências são refletidas na edificação como um todo, e seu diagnóstico exige um conjunto 
grande de informações de difícil acesso e complexa recuperação de danos. 
Desenvolver uma árvore de falhas pode auxiliar os profissionais da área de engenharia 
na identificação de patologias, na dinâmica correta de análise e execução das fundações e na 
prevenção da reincidência das patologias discutidas. 
 
 
1.3. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA 
 
Considerando as dificuldades de identificação de causas e origens de patologias, 
principalmente as relacionadas a fundações, a utilização de uma ferramenta de diagnóstico 
como árvore de falhas irá facilitar esse trabalho e a definição de conduta dos profissionais? 
 
 
1.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 
 
Foram consultadas na bibliografia as características das patologias e suas incidências e 
as principais influências sobre fundações. Foi então desenvolvida, através da coleta de dados, 
uma árvore de falhas para a relação entre essas informações e a determinação do tipo de 
patologia. Esses dados foram obtidos através da análise de casos de patologias em fundações 
apresentadas em trabalhos acadêmicos e em bibliografias, buscando suas causas, origens, 
mecanismos deflagradores e possibilidades de reparo. 
 
 
 
14 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO 
 
 
HACHICH et al. (1998) define a engenharia de fundações como uma arte cujo objetivo 
é analisar e interpretar o comportamento das fundações e sua integração com o solo. Isso 
depende do entendimento das peculiaridades desse material, que apresenta comportamentos 
distintos perante as solicitações de cargas de cada estrutura. 
A distinta composição dos solos e a vulnerabilidade sob as ações do meio torna 
impossível sua padronização em grupos específicos. Por isso, em cada caso de projeto de 
fundações, o solo é estudado para que seja obtida uma previsão de comportamento, define ainda 
HACHICH et al. (1998). 
Segundo a EMBRAPA (Centro Nacional de Pesquisa dos Solos), os solos podem ser 
classificados de maneira geral como: 
 
[...] uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e 
gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos 
[...], contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e, 
eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas. 
(EMBRAPA, 2006, p.32) 
 
Essa combinação de variadas naturezas e suscetibilidade a interferências externas torna 
a análise do solo indispensável à elaboração de projetos de fundação, que sofrem pela ação 
química dos elementos constituintes desse meio e pela variação volumétrica causada pela 
incidência de cargas. 
MACIEL FILHO (1997) classifica os solos de maneira básica, levando em consideração 
as proporções de areia, silte e argila para a identificação de cada caso. E considera que, ainda 
que se façam necessários ensaios para a determinação das características dos solos, a 
classificação natural deles pode fornecer muitas indicações relativas a seu comportamento e 
propriedades. 
Quando um solo é submetido a ações externas, como carregamentos de estruturas e 
descarregamentos em escavações, sua resistência é alterada, devido a variações nas tensões 
internas (HACHICH et al., 1998). Em consequência disso, o solo se deforma, já que a força de 
contato entre as partículas não é suficiente para evitar o escorregamento entre elas, provocando 
um rearranjo em sua estrutura. 
15 
 
HACHICH et al. (1998) define que o nível de deformação do solo está ligado a quatro 
índices físicos: módulo de elasticidade, módulo de elasticidade volumétrico, módulo 
edométrico e módulo de cisalhamento. Esses valores são obtidos por ensaios laboratoriais, que 
são importantes na determinação das características do solo para um projeto de fundações. 
Apesar da precisão dos ensaios laboratoriais e da quantidade de informações a respeito 
do solo que proporcionam, outros fatores que influenciam as deformações das camadas de solo 
podem ser identificados por ensaios em campo, que foram descritos no item 2.3.1. 
 
2.2. INFLUÊNCIAS NA INTERAÇÃO SOLO E ESTRUTURA DE FUNDAÇÃO 
 
Dada a análise genérica do solo, as características que influenciam de maneira direta sua 
interação com as estruturas de fundação, e que são relevantes para a discussão deste trabalho, 
são plasticidade, índice de vazios e grau de saturação, solos colapsíveis e influência hidrostática, 
adensamento, aterros em solos orgânicos e existência de matacões. Cada uma dessas 
peculiaridades será fundamentada a seguir. 
 
2.2.1. Plasticidade, Índice de Vazios e Grau de Saturação 
 
MACIEL FILHO (1997) afirma que a plasticidade é um dos índices que também 
promovem influência sobre o comportamento do solo e classifica os solos como líquidos, 
plásticos, semissólidos e sólidos. Essa classificação varia de acordo com os teores de água e 
umidade presentes no solo em seu estado natural. 
A permeabilidade, característica ligada ao índice de vazios do solo, é influenciada pelo 
tamanho das partículas e as propriedades físicas de cada grão. Essa permeabilidade influencia 
o grau de saturação do solo, que pode promover o rearranjo das partículas e causar um colapso, 
como define BARDEN et al. (1973). Logo, a variação de umidade em suas camadas influencia 
diretamente o comportamento dos solos. 
O grau de saturação é definido por MACIEL FILHO (1997) como sendo uma proporção 
da umidade natural na qual o solo se encontra em relação à saturação máxima desse solo. Ele o 
classifica como naturalmente seco, úmido, muito úmido, altamente saturado e saturado. 
 
16 
 
2.2.2. Solos Colapsíveis e Influência Hidrostática 
 
A característica de alta variação do grau de saturação é nítida nos solos colapsíveis, que 
são descritos por MILITITSKY et al. (2005) como causasde grandes problemas em fundações. 
O autor define ainda que, tratando-se de uma característica diretamente ligada a variações de 
umidade, grandes colapsos em fundações são ligados a casos onde ocorram vazamentos de 
reservatórios de água como piscinas, e grandes coberturas onde não haja a devida captação de 
águas pluviais. 
Ainda segundo MILITITSKY et al. (2005), outros fatores que influenciam no teor de 
umidade do solo são as variações sazonais do nível dos lençóis freáticos, regime de chuvas e 
presença de vegetação. 
Em depósitos naturais de solo, é comum que suas camadas se distribuam com diferentes 
granulometrias, gerando diferentes tensões, verticais e horizontais, pelo peso próprio do 
material. Quando na presença de nível d´água, existe ainda o fator da carga hidráulica e da 
percolação da umidade pelos vazios à influenciarem as alterações volumétricas do solo. 
HACHICH et al. (1998) explica que o efeito da água nas tensões no solo é hidrostático, 
sendo aplicados às direções vertical e horizontal, mas estando também sob influência das cargas 
da estrutura e do peso próprio do solo. 
Com o aumento das tensões verticais ocorre o recalque, que será analisado no Item 
2.3.4.1, que se dá quando há a diminuição do número de vazios no solo pela expulsão da água, 
podendo provocar o desaprumo da edificação. Segundo HACHICH et al. (1998), a 
deformabilidade do solo é cerca de cem vezes maior do que a da água. Por isso o carregamento 
da estrutura é suportado inicialmente pela água existente no solo, que passa a ser expulsa dos 
vazios e a transferir gradualmente essa carga aos grãos do solo. 
Já o aumento das tensões horizontais pode ou não afetar a estrutura do solo, sendo mais 
ligada aos efeitos de empuxo e à cavitação, quando a água tende a subir à superfície por 
capilaridade ou é absorvida pelas pedras porosas e pelas camadas drenantes. No entanto, a 
pressão neutra da água existente em capilaridades influencia diretamente a estabilidade do solo, 
uma vez que altera sua tensão efetiva (HACHICH et al., 1998). 
 
2.2.3. Adensamento 
 
17 
 
A dissipação das pressões neutras e das deformações correspondentes é caracterizada 
como o adensamento do solo. A velocidade desse fenômeno está relacionada à permeabilidade 
no sentido horizontal, à característica não unidimensional do adensamento e à interferência de 
lentes de areia nos depósitos sedimentares (HACHICH et al., 1998). 
Segundo MILITITSKY et al. (2005), os tipos de fundações mais suscetíveis aos efeitos 
do adensamento de solos colapsíveis são as fundações superficiais, e ainda estacas e tubulões. 
Mas, com ensaios e a identificação adequada do solo, os três tipos podem ser empregados 
quando devidamente dimensionados. Ainda segundo os autores, as variações de umidade do 
solo devem ser monitoradas e, quando necessário, deve-se proceder a intervenções no projeto. 
 
2.2.4. Aterros Em Solos Orgânicos 
 
Um dos casos em que a probabilidade de adensamento de estruturas é grande é na 
existência de aterros. Trata-se de depósitos de solos criados pelo homem, e geralmente de 
composição com alta heterogeneidade, que muitas vezes não proporcionam a segurança e a 
estabilidade necessárias para o suporte de fundações, afirma HACHICH et al. (1998), uma vez 
que, ainda que superficialmente aparentem ser devidamente compactados, pode haver camadas 
no subsolo de comportamento imprevisível e colapsível. 
Na composição dessas camadas pode haver a presença de materiais orgânicos que, 
quando submetidos às cargas das estruturas, sofrem grandes deformações. No entanto, quando 
esses aterros forem executados com acompanhamento técnico e o devido controle, podem suprir 
as necessidades de suporte das fundações. 
Ainda segundo HACHICH et al. (1998), os aterros têm suas desvantagens também pela 
falta de compactação adequada. O objetivo da compactação é diminuir o máximo quanto for 
possível o índice de vazios, garantindo uma menor deformabilidade do solo. 
 
2.2.5. Matacões 
 
Um dos materiais de grande influência nas fundações são as rochas. MACIEL FILHO 
(1997) define que o caso mais crítico, em que a rocha sofre intemperismo e encontra-se em fase 
de transição entre rocha e solo, é o que merece mais atenção. Por estarem sendo fragmentados, 
esses materiais perdem sua capacidade de resistência mecânica, como é o caso dos matacões. 
18 
 
Segundo MILITITSKY et al. (2005), na fase de execução, os matacões dificultam a 
implantação de sapatas e tubulões devido à dificuldade de manejo e a escassez de equipamentos. 
Quando não identificados na fase de projeto, podem provocar alterações da resistência do 
subsolo prevista em projeto. Além disso, podem não oferecer a devida resistência para o apoio 
de fundações previstas para serem apoiadas sobre rochas. 
As principais causas de patologias em fundações são recorrentes do comportamento do 
solo, que teve sua fundamentação apresentada neste item de maneira suficiente para as 
discussões que serão apresentadas a seguir. 
 
2.3. CAUSAS DE PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES 
 
Segundo MILITITSKY et al. (2005), as principais fases em que há a ocorrência ou a 
origem de patologias em fundações são as fases de caracterização do comportamento do solo, 
análise e projeto, execução, eventos pós-conclusão das obras e degradação dos materiais 
constituintes das fundações. Essas fases serão tomadas como referência para a discussão dos 
principais fatores influentes em patologias em fundações. 
Já segundo LOGEAIS (1971), as três causas predominantes de patologias em fundações, 
segundo estatísticas francesas, são aterros insuficientemente aterrados, sinistros provocados 
pela presença de água e fundações heterogêneas, independentemente da causa pela qual não 
houve a padronização. 
As particularidades, no entanto, são numerosas, uma vez que os métodos executivos e 
as características de cada estrutura de fundação são tão variáveis quanto o comportamento do 
meio em que são inseridos. 
 
2.3.1. Investigações Geotécnicas 
 
Para MILITITSKY et al. (2005), a execução de investigações do subsolo através de um 
número mínimo de furos de sondagem é uma questão de bom senso dos profissionais de 
engenharia, além de ser uma prática normalizada pela ABNT NBR 6122/1996 e ABNT NBR 
8036/1983. Consideram ainda que mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundações 
se dão devido à ausência de investigações, investigações insuficientes, investigações com falhas 
e por interpretação inadequada dos dados investigados. Segundo o autor, o custo das 
investigações é proporcional à importância e à complexidade da fundação de uma obra. 
19 
 
Considerando a mesma linha de importância, CAPUTO (1987) afirma que um bom 
programa de investigações, com coleta de amostras para ensaios laboratoriais, fornece dados 
valiosos sobre a estrutura e a natureza dos materiais subterrâneos. 
MACIEL FILHO (1997) determina como principais métodos de investigações 
geotécnicas a amostragem, as sondagens e os métodos geofísicos. As sondagens englobam as 
sondagens a trado, poços de inspeção em solos e galerias, sondagens rotativas, sondagens 
rotativas com amostragem integral e sondagens de simples reconhecimento do solo que 
englobam sondagens à percussão, ensaio de simples reconhecimento do solo (SPT), ensaio de 
lavagem por tempo, ensaios de permeabilidade, ensaio de infiltração, ensaio de rebaixamento, 
ensaio de bombeamento, ensaio de recuperação e ensaios de penetração estática. Enquanto os 
métodos geofísicos envolvem o método da resistividade elétrica e o método sísmico de refração. 
MILITITSKY et al. (2005) determina o ensaio de simples reconhecimento do solo 
(SPT) como o a base para investigações geotécnicas no Brasil, tendo como complementares o 
ensaio de cone (CPT), piezocone, pressiômetro, palheta e sísmico superficial e os ensaios 
laboratoriais envolvendoo adensamento, triaxiais, cisalhamento direto, entre outros. 
Um dos fatores que pode não ser identificado quando há a falta de investigações 
geotécnicas é a existência de vegetação que possa interferir nas fundações. Além dos danos 
físicos que as raízes podem causar, elas alteram o teor de umidade do subsolo, remetendo 
novamente à questão do adensamento e recalque (MILITITSKY et al., 2005). 
 
2.3.1.1. Ensaio de Simples Reconhecimento (SPT) 
 
O Standart Penetration Test (SPT) é reconhecido por SCHNAID (2000) como a mais 
popular, rotineira e econômica técnica de investigação geotécnica, que permite a análise da 
consistência de solos coesivos e mesmo de rochas. Segundo ele, o ensaio SPT constitui uma 
medida de resistência feita através de uma sondagem de simples reconhecimento. 
Com metodologia de execução definida pela NBR 6484: Solo - Sondagens de Simples 
Reconhecimento com SPT - Método de ensaio, amostras do solo são coletadas a cada metro de 
perfuração, que é feita por um amostrador-padrão de diâmetro externo de 50 mm. 
O ensaio consiste na cravação desse amostrador no fundo de uma escavação, revestida 
ou não, feita por um peso de 65 kg, lançado a uma altura de 75 cm. O número de golpes 
necessário para penetrar os últimos 30 cm do amostrador no solo, após uma cravação inicial de 
20 
 
15 cm, representa o valor do Nspt, que é a resistência do solo a penetração do amostrador 
(SCHNAID, 2000). 
A vantagem do Ensaio de Simples Reconhecimento (SPT) com relação aos demais 
ensaios está relacionada à simplicidade do equipamento, baixo custo e obtenção do valor 
numérico Nspt que é relacionado a vários valores utilizados em projetos de fundações. 
O esquema de montagem do equipamento utilizado na realização do Ensaio de Simples 
Reconhecimento (SPT) está representado na Figura 1. 
 
 
Figura 1: Esquema de ensaio SPT. 
(Fonte: Autor, 2014). 
2.3.2. Execução de Fundações 
 
As patologias da fase de execução das fundações mais recorrentes são consequências da 
instabilidade do solo; dos erros humanos, causados pelo mal preparo ou pela imprudência da 
mão de obra, que podem ser consequências da falta de acompanhamento de responsável técnico; 
21 
 
e de equipamentos inapropriados para o tipo de fundação projetado ou para o local onde esta 
deverá ser executada e ainda manejo incorreto daqueles (MILITITSKY et al., 2005). 
2.3.2.1. Instabilidade Do Solo 
 
A instabilidade do solo representa as principais patologias recorrentes nas fases de 
execução de fundações e subsolos, e cada tipo de fundação possui características relacionadas 
ao suporte de solos instáveis. 
Os principais tipos de fundação utilizados em Cascavel são as estacas do tipo Strauss e 
hélice contínua e tubulões. Esse último tipo de fundação merece principal atenção quanto à 
instabilidade do subsolo. 
Como mostra o exemplo da Figura 2, as paredes de áreas escavadas podem ceder pela 
existência de solos instáveis. 
 
Figura 2: Esquema de corte com camada de solo instável. 
(Fonte: Adaptado de MILITITSKY, 2005). 
Em fundações indiretas, a instabilidade do subsolo pode causar o estrangulamento do 
fuste de estacas, como mostra a Figura 3, levando à inutilização da estaca, uma vez que seu 
diâmetro é consideravelmente diminuído e de maneira brusca. 
22 
 
 
Figura 3: Estrangulamento do fuste de uma estaca pela instabilidade 
do solo. 
(Fonte: Adaptado de MILITITSKY, 2005). 
Pela instabilidade e pela distância não suficientes entre duas estacas, pode ocorrer o 
rompimento das paredes do furo, como mostra a Figura 4. Esse fato causa grande prejuízo pela 
perda de material e retrabalho. 
 
Figura 4: Rompimento do fuste de uma estaca pela instabilidade do 
solo. 
(Fonte: Adaptado de MILITITSKY, 2005). 
2.3.3. Projeto de Fundações 
 
Os erros decorrentes das fases de projeto, segundo MILITITSKY et al. (2005), podem 
se dar pela má interpretação dos dados de sondagem, má interpretação das cargas de projeto, 
dimensionamento para a carga total da edificação desconsiderando as especificidades de pontos 
23 
 
particulares, alterações das cargas sem o conhecimento do projetista de fundações e, 
principalmente, pela escolha de tipo de fundação com desempenho insuficiente para a situação. 
Os danos podem ser também causados pela falta de junta de trabalho para edificações 
de portes diferentes, fazendo com que elas sofram adensamentos de formas distintas e a 
estrutura sofra com o aumento de tensões, como demonstra a Figura 5. Isso pode se dar também 
pela execução de fundações contínuas, suportadas por uma mesma viga baldrame, nessas 
edificações de cargas desuniformes, caso observado na Figura 6. 
Nesses casos ocorre o surgimento de trincas na edificação de menor porte, uma vez que 
é submetida a sobretensões causadas pelo movimento vertical de uma carga muito superior a 
sua, para as quais não foi projetada. 
 
Figura 5: Edificações com solicitações de cargas diferentes e 
fundações diferentes sem junta de trabalho. 
(Fonte: Adaptado de MILITITSKY, 2005). 
 
Figura 6: Edificações com solicitações de cargas diferentes em uma 
mesma fundação sem junta de trabalho. 
(Fonte: Adaptado de MILITITSKY, 2005). 
24 
 
2.3.4. Eventos Pós-Conclusão 
 
Para MILITITSKY et al. (2005), as principais incidências patológicas incidentes nos 
eventos pós-conclusão de obras são causadas por recalque das edificações, que será discutido 
no item 2.2.4.1, e pela degradação dos materiais de construção empregados. 
2.3.4.1. Recalque 
 
Entre os problemas decorrentes típicos da falta de investigações destacam-se, nas 
fundações diretas, os fatores que geram como consequência principal os recalques. São 
provocados quando as tensões de contato são incompatíveis com as reais características do solo, 
fundações em aterros heterogêneos, fundações sobre solos compressíveis ou sobre materiais de 
comportamentos muito diferentes sem juntas, e fundações apoiadas sobre crosta dura sobre solo 
mole (MILITITSKY et al., 2005). 
A definição de MACIEL FILHO (1997) para recalques é de que são movimentos 
verticais de uma estrutura provocados pelo peso próprio ou pela deformação do subsolo por 
outro agente. Segundo ele, o principal problema causado por esse fenômeno não é o 
rebaixamento da edificação propriamente dito, mas as tensões de flexão que são geradas sobre 
a estrutura pelo desaprumo. 
CAPUTO (1997) distingue três tipos de recalque. O primeiro deles, o recalque por 
deformação elástica, se dá pela deformação dos materiais e é imediato à aplicação da carga. Já 
o recalque por escoamento lateral origina-se porque as partículas das zonas mais carregadas 
tendem a deslocar-se para as zonas menos carregadas. No caso do recalque por adensamento, 
que tem sua atuação por todo o período em que houver carregamento, o rebaixamento é 
recorrente da expulsão da água dos vazios do solo. 
Ainda segundo CAPUTO (1996), a superposição dos campos de pressões causados 
pelas cargas das edificações também é uma das causas de recalque. Isso se dá pois as fundações 
são expostas a bulbos de tensões que não foram considerados durante as fases de projeto. Esse 
é um dos fatores de causa de patologias em edificações vizinhas às obras onde as fundações são 
executadas, quando construídas principalmente em divisas. 
Geralmente os recalques em fundações não são uniformes, pois as diferenças de cargas 
e múltiplas resistências do subsolo provocam recalque diferencial sobre vários pontos das 
edificações, e são de importância muito maior para as patologias em fundações do que o 
recalque total. Este tipo de heterogeneidade no recalque é o que provoca o desaprumo das 
25 
 
edificações além da adição de esforços às estruturas muitas vezes comprometendo sua 
estabilidade (CAPUTO, 1996). 
Para CAPUTO (1996), os danos causadospor recalque diferencial são evidenciados 
pelo desnivelamento de pisos, trincas e desaprumos da construção, como mostra a Figura 7. 
 
 
Figura 7: Esquematização de recalque diferencial em uma edificação. 
(Fonte: Adaptado de MILITITSKY, 2005). 
O recalque em edificações tem por principais causas as apresentadas a seguir. 
Quando há a execução de determinado tipo de fundação apoiado linearmente sobre o 
mesmo nível, desconsiderando as variações de resistência nos diferentes pontos de apoio, como 
mostra a Figura 8. 
Um exemplo de camadas de diferentes resistências é a situação de terreno com regiões 
de corte e aterro de solo. O solo no nível de corte foi naturalmente compactado durante o tempo, 
enquanto no aterro a compactação mecânica ainda sofrerá com tais ações, tendendo ao 
adensamento. 
26 
 
 
Figura 8: Apoio de fundação direta sobre camadas de solo 
heterogêneas. 
(Fonte: Autor, 2014). 
Em tal situação, a edificação sofrerá um aumento de tensões para a qual não foi 
dimensionada, ocasionando o aparecimento de trincas na alvenaria, como mostra a Figura 9. 
Essa é uma das consequências marcantes de patologias de fundações. 
 
 
Figura 9: Apoio de edificação sobre camadas de solo heterogêneas 
com representação de trinca característica. 
(Fonte: Autor, 2014). 
Outro caso de apoio de fundação em camadas de solo de resistências diferentes se dá na 
presença de bolsões de solo colapsível, muitas vezes orgânico, que podem não ter sido 
identificados pela insuficiência do número de furos de sondagem nas investigações geotécnicas. 
A Figura 10 ilustra essa situação, e a Figura 11 representa a edificação com trinca característica. 
 
 
Figura 10: Apoio de fundação sobre camadas de solo heterogêneas. 
(Fonte: Autor, 2014). 
 
Figura 11: Apoio de edificação sobre bolsão de solo colapsível e 
trinca característica. 
(Fonte: Autor, 2014).
2.3.4.2. Influência de Obras Vizinhas 
 
Segundo SILVA (1993), após a conclusão das obras, dois fatores externos podem 
promover intervenções na estabilidade das fundações e provocar o aparecimento de patologias, 
ambos ligados à construção de edificações vizinhas. 
O primeiro deles, na execução de escavações em terrenos vizinhos sem a devida 
contenção da parede de solo escavada. Isso promove a alteração do estado de tensões do solo 
28 
 
e consequentes deformações e, caso alguma estrutura de fundação esteja na área afetada, sofrerá 
movimentações. Isso ocorre principalmente com fundações superficiais (SILVA, 1993). 
O segundo caso trata da construção de edificações, execução de aterros, ou estocagens 
em terrenos vizinhos, que podem promover recalques na edificação em questão. Isso ocorre 
devido à sobreposição de bulbos de transmissão de tensões das fundações, aumentando o valor 
da tensão efetiva na área interceptada. Isso causa uma maior solicitação do solo, para a qual não 
possui suporte em alguns casos, provocando o surgimento de recalques, conforme ilustra a 
Figura 12. 
 
Figura 12: Intersecção de bulbos de tensões de edificações vizinhas. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
2.3.4.3. Degradação dos Materiais 
 
 Devido aos reagentes existentes no solo, que podem ser de origem natural ou industrial, 
as estruturas de fundação podem sofrer degradação por corrosão dos materiais. Vários fatores 
podem interferir no processo de degradação, destacando-se, segundo SILVA (1993), a 
permeabilidade do concreto à água e aos gases, o grau de carbonatação, a composição química 
do aço, o estado de fissuração da peça e características ambientais como umidade, temperatura 
e presença de agentes agressivos. 
 Nas estruturas de concreto armado, principalmente, o dano ocorre devido à corrosão da 
armadura devido a agentes do solo e do próprio concreto. Os mesmos agentes são responsáveis 
pela corrosão de estacas metálicas, e entre os principais meios agressivos estão os ambientes 
marinhos, solos com elevado teor de matéria orgânica em decomposição, solos contaminados, 
29 
 
atmosferas urbanas e industriais. Os ambientes são ainda influenciados pelo teor de umidade de 
cada região (SILVA, 1993). 
 No caso de estacas em madeira, a corrosão se dá pela ação de fungos que provocam o 
apodrecimento das peças. Isso depende do tipo da madeira, do tratamento utilizado, da umidade 
do solo e do clima. Para cada solo, deve-se considerar o devido tratamento da madeira para a 
prevenção de patologias (SILVA, 1993). 
2.4. CARACTERÍSTICAS DE FISSURAS 
 
CARVALHO (2010) diz que uma forma de compreender melhor as patologias em 
fundações é estudar as fissuras, que podem dar informação sobre o tipo de patologia que a 
estrutura apresenta. Quando os esforços provocados por recalques e os esforços da própria 
estrutura atingem o limite da resistência à tração, à compressão e esforço cortante dos materiais, 
são originadas as fissuras. 
SILVA (1993), define as fissuras como consequências dos casos onde as tensões 
causadas pela movimentação das fundações superam a resistência dos componentes de uma 
edificação, ou a resistência de união entre eles, fazendo com que trabalhem de formas distintas 
e rompendo camadas de aderência. Já o desaprumo corresponde ao caso contrário, quando a 
estrutura trabalha de maneira homogênea, e devido à maior esbeltes (relação entre base e altura), 
sofre o deslocamento de seu centro de gravidade na existência de tensões superiores às previstas 
em projeto. 
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003. Apud ALVES, 2009), as fissuras são consideradas 
agressivas quando sua abertura na superfície do elemento construtivo ultrapassa valores como 
0,2 mm para peças expostas em meio agressivo muito forte (industrial e respingos de maré), 0,3 
mm para peças expostas a meio agressivo moderado e forte (urbano, marinho e industrial), 0,4 
mm para peças expostas em meio agressivo fraco (rural e submerso). 
Para SILVA (1993), a gravidade das fissuras é subjetiva, pois varia de acordo com a 
destinação da edificação. Uma pequena fissura pode ser apenas visualmente desconfortável em 
uma edificação de uso residencial, por exemplo, mas em clínicas e hospitais onde há maiores 
rigores quanto à estabilidade, pode tornar o reparo indispensável ao sucesso operacional da 
edificação. 
A configuração das fissuras possui algumas características básicas: podem ser verticais, 
horizontais ou inclinadas, sempre aparecem em ambas as faces do componente comprometido 
e tem maior abertura em uma das extremidades. Não possuirão configuração mapeada, isso é, 
30 
 
quando na existência de mais de uma, terão a mesma direção e aproximadamente a mesma 
espessura. Em edificações de alvenaria estrutural, as fissuras ocorrerão em todos os pavimentos 
e com a mesma intensidade (SILVA, 1993). 
Segundo SILVA (1993), a homogeneidade do elemento da edificação também 
influenciará a configuração das fissuras. Nos elementos de vedação, por exemplo, a intensidade 
da aderência entre o bloco e a argamassa influencia diretamente a linha de ruptura. Nos casos 
de elementos bem executados, a linha de ruptura é semelhante à existente em elementos de 
concreto armado. Já em casos de menor aderência entre bloco e argamassa de assentamento, a 
linha seguirá a camada de menor resistência. Os dois casos podem ser observados na Figura 13. 
 
 
Figura 13: Fissuramento em parede homogênea e não homogênea. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
No caso de edificações estruturadas em concreto armado, a flexibilidade do conjunto 
estrutural vigas-pilares, a aderência entre alvenaria e estrutura e a distribuição dos recalques 
definirão a orientação e intensidade das fissuras. 
SILVA (1993) define que no caso de recalque diferencial entre pilares de uma estrutura, 
as tensões serão distribuídas de maneira desuniforme para manter o equilíbrio do sistema, 
conforme o esquema da Figura 14. Issoprovocará o surgimento de reações de tração e 
compressão, esquematizadas na Figura 15, no elemento de vedação, o qual não suporta tais 
tensões e sofre o fissuramento, como mostra a Figura 16. 
31 
 
 
Figura 14: Tensões geradas entre alvenaria e estrutura devido a 
recalque diferencial entre pilares. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
 
Figura 15: Estado de tensões geradas por recalque diferencial entre 
pilares, na alvenaria solidária à estrutura. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
 
Figura 16: Ruptura da alvenaria por esforços de tração. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
32 
 
Segundo CARVALHO (2010), a existência de aberturas na alvenaria provoca a 
concentração de tensões nos cantos das mesmas, cujos valores podem ser até seis vezes 
superiores às tensões existentes no restante da alvenaria. Isso cria uma maior probabilidade de 
que o fissuramento ocorra nos cantos de aberturas, geralmente a 45° como ilustrado nas Figuras 
17 e 18. 
 
Figura 17: Fissuras em aberturas causadas por recalque. 
(Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2010). 
 
Figura 18: Fissura junto à janela. 
(Fonte: CARVALHO, 2010). 
33 
 
Quando ocorre o recalque de um dos pilares de uma edificação, as fissuras geralmente 
inclinam-se em direção à ele, tangenciando o mesmo. Isso quer dizer que todas as paredes 
ligadas ao mesmo sofrerão o dano, cuja intensidade depende da rigidez da edificação (SILVA, 
1993). A Figura 19 ilustra os principais tipos de fissuras devido ao recalque de um pilar. 
 
 
Figura 19: Fissuras causadas por recalque de pilares. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
Segundo CARVALHO (2010), nos casos em que a aderência entre a alvenaria e as vigas 
for baixa, podem ocorrer fissuras na interface entre os dois elementos. O mesmo ocorre entre 
pilares de alvenaria. As fissuras podem ser inclinadas e paralelas, características de esforço 
cortante, ou uma única fissura horizontal, como observa-se na Figura 20. 
 
Figura 20: Fissuras por cisalhamento na interface entre alvenaria e 
estrutura. 
(Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2010). 
Quando o recalque ocorre em pilares de canto, não há pilares e vigas suficientes para o 
equilíbrio das tensões, o que pode gerar uma reação horizontal das forças e gerar momento na 
34 
 
interface entre o pilar e a fundação. Essa tensão horizontal provoca uma reação na alvenaria, 
com o surgimento de trincas como as ilustradas nas Figuras 21 e 22 (CARVALHO, 2010). 
 
 
Figura 21: Esquema de tensões geradas por pilar de canto. 
(Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2010). 
 
Figura 22: Assentamento excessivo de pilar de canto. 
(Fonte: CARVALHO, 2010). 
 Ainda segundo CARVALHO (2010), nos casos em que a rigidez da estrutura seja muito 
alta, quando ocorrer adensamento do solo de fundação pode ocorrer o levantamento de 
35 
 
fundações rasas do tipo sapatas e consequente surgimento de fissuras no terço inferior do pilar, 
e também nas alvenarias adjacentes, que se diferenciam das demais fissuras por surgirem na 
base dos elementos, conforme mostra a Figura 23. 
 
 
Figura 23: Fissura provocadas pelo assentamento ou levantamento 
de fundação numa estrutura. 
(Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2010). 
Em lajes, o surgimento de fissuras se dá pelo surgimento de esforços de torção devido 
ao recalque do pilar, e as fissuras são inclinadas em relação as bordas, conforme ilustrado na 
Figura 24 (SILVA, 1993). 
 
 
Figura 24: Fissuras inclinadas por torção na laje devido ao recalque 
na fundação nesse ponto. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
36 
 
Segundo SILVA (1993), no caso de edificações de alvenaria estrutural, as fissuras terão 
três configurações básicas, que dependerão diretamente da distribuição do assentamento do 
solo. 
Na primeira delas, nos casos em que o recalque tiver maior intensidade no centro do 
vão, o painel de alvenaria se comportará como uma viga submetida a flexão, provocando o 
surgimento de fissuras na parte inferior do mesmo, que é submetido a esforços de tração, 
conforme mostra a Figura 25. Essas fissuras se agravarão nos cantos de aberturas, como já 
mencionado anteriormente. Esse tipo de fissuramento é definido como Deformação Côncava 
em alvenaria autoportante. As fissuras tendem à verticalização à medida em que convergem ao 
centro da parede. 
 
 
Figura 25: Deformação côncava de uma parede em alvenaria 
estrutural. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
Nesses casos, pode ocorrer o surgimento de uma única fissura em forma de arco, que 
ocorre devido à união dos extremos de duas fissuras no centro do vão, como mostra a Figura 
26. Esse fenômeno ocorre em paredes de maior homogeneidade, e depende de uma série de 
fatores como a causa do recalque, a altura do painel de alvenaria, o número e as dimensões das 
aberturas, entre outros (SILVA, 1993). 
37 
 
 
Figura 26: Fissuramento em forma de arco em parede homogênea 
com abaixamento no trecho central. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
O segundo caso ocorrerá quando, ao contrário do apresentado anteriormente, o recalque 
diferencial se concentrar nas extremidades da parede, ou ainda quando houver o levantamento 
do centro, caso comum na existência de solos expansivos. Aqui, a parte superior do painel de 
alvenaria estará sujeito a esforços de tração, provocando o surgimento de trincas, e ilustrando 
as deformações denominadas Convexas, cujos danos são muito superiores aos causados pelas 
Côncavas, como pode-se observar na Figura 27. Assim como no caso anterior, à medida em 
que convergem ao centro as fissuras tendem à verticalização. 
 
 
Figura 27: Deformação convexa de uma parede em alvenaria 
estrutural. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
 Na terceira configuração de danos causados a alvenarias autoportantes, tem-se o caso 
de edificações assentadas sobre camadas de solos heterogêneas, como em casos de corte e 
aterro, onde uma camada é rígida enquanto outra é compressível. O painel se comportará como 
38 
 
uma viga em balanço, e haverá o surgimento de fissuras horizontais na alvenaria, de maior 
abertura na parte superior, caso observado na Figura 28. 
 
 
Figura 28: Provável fissuramento de edificação assente sobre solo 
heterogêneo. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
Segundo SILVA (1993), também podem ocorrer trincas na edificação devido a rotações 
nas fundações, causadas por momentos fletores gerados por excentricidades na transferência de 
cargas entre estrutura e fundação ou por influências externas. Essas fissuras terão maior abertura 
nas regiões mais altas da edificação, como ilustra a Figura 29. 
 
 
Figura 29: Rotação de fundação causando deslocamento de parede de 
fachada. 
(Fonte: Adaptado de SILVA, 1993). 
39 
 
A interpretação do fissuramento em estruturas de concreto armado, no entanto, é um 
pouco mais complexa. Segundo SILVA (1993), elementos como os tipos de vinculações da 
estrutura, a distribuição dos esforços entre os elementos estruturais (pilares, vigas e lajes) e 
entre estrutura e alvenaria, além das taxas de armadura em cada ponto considerado, influenciam 
diretamente no surgimento de fissuras. Por isso, para sua melhor compreensão, devem ser 
estudados a fundo em cada caso de patologia. 
A Figura 30 representa um esquema entre os esforços cortantes e momentos fletores, e 
suas respectivas reações em uma estrutura de concreto. 
 
 
Figura 30: Prováveis fissuramentos em estruturas de concreto. 
(Fonte: MAÑA, 1978, apud SILVA, 1993). 
 
40 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
3.1. CONFIGURAÇÕES DE BANCOS DE DADOS 
 
 
Um banco de dados é, segundo GUIMARÃES (2003), uma coleção de dados ou 
informações relacionadas entre si. Essas informações apresentam aplicações específicas, e são 
armazenadas e organizadas com determinado objetivo, que determinao uso do banco de dados. 
Essa reunião de informações pode variar quanto à magnitude, evoluindo de simples a 
complexos bancos de dados, e se diferenciam de uma simples coleção de arquivos por terem, 
como característica fundamental, relação entre si (GUIMARÃES, 2003). 
Para a análise de patologias deste trabalho, foi adotado como instrumento metodológico 
o método de análise de dados denominado Árvore, nome que foi historicamente motivado por 
sua representação gráfica, que é definida por WIRTH (1989) como a maneira mais simples de 
visualização de fluxo entre informações correlacionadas, onde há a conexão entre uma 
informação inicialmente vazia (nesse caso, a patologia), com estruturas finitas denominadas 
sub árvores (as motivações da patologia) através de nós do tipo “T”, que representam a relação 
entre as informações. 
A estrutura desse método de análise pode ser analogicamente comparada a uma árvore 
visualizando-se a informação primitiva como a raiz e os dados descendentes como ramos. 
Quando uma informação não possibilita o surgimento de novos nós, ela pode ser definida como 
a folha da árvore, ou causa primária (WIRTH, 1989). No caso da análise de uma patologia, aí 
estará a provável origem do dano. 
BECK (2012) define que existem várias configurações de Árvores de análise, estando 
entre as mais usuais a Árvore de Causas – AAC, amplamente utilizada em Engenharia de 
Segurança do Trabalho, que relaciona apenas as causas a um determinado problema; a Árvore 
de Eventos - AAE, que trabalha com a relação de causa e efeito entre os dados, a partir de um 
problema inicial, trabalhando em paralelo à ação de mecanismos de segurança; e a Árvore de 
Falhas – AAF, que serve de ferramenta para a análise de patologias do presente trabalho, e será 
descrita a seguir. 
 
3.1.1. Análise de Árvore de Falhas – AAF 
 
41 
 
BECK (2012) define uma árvore de falhas - AAF como a decomposição de um evento 
principal em eventos básicos que tenham relação com um acidente analisado. Essa 
decomposição, como a ilustrada na Figura 31, se dá até que os eventos básicos tenham 
conhecida probabilidade de acontecer e possam ser a possível origem do dano estudado. Isso 
permite a combinação de incidentes que podem ter causado a falha e que de outra maneira 
passariam despercebidos. 
 
Figura 31: Árvore de falhas. 
(Fonte: BECK, 2012). 
Os dados na árvore de falhas são consequentes de todas as fases ligadas ao surgimento do 
elemento principal, podendo estar relacionados a erros humanos e / ou de equipamentos. No 
caso de patologias em fundações, os eventos serão relacionados às fases de projeto, execução 
de fundações e eventos pós-conclusão de obras, que foram definidos por Milititsky (2005) como 
as principais fases de surgimento dessas patologias e que já foram fundamentadas no decorrer 
do trabalho. 
A sequência de eventos que levam a uma provável causa da patologia é denominada 
caminho crítico e, analisando-se os eventos, é possível corrigir esse caminho e minimizar a 
recorrência de novos acidentes com as mesmas causas (BECK, 2012). 
BECK (2012) aponta ainda, como característica básica de uma AAF, o fato de que ela não 
apresenta todas as possibilidades de erro do sistema. Isto é, o dano pode ter sido causado por 
um evento não qualificado na árvore. Além disso, ressalta que há nesse método de análise a 
independência entre eventos. 
42 
 
A organização geométrica de uma árvore de falhas é de consenso entre WIRTH (1989) e 
VILLAS et al. (1993), que afirmam que os fatores relacionados à formatação da mesma, como 
a direção do fluxo e as caixas de informações, devem seguir os critérios do próprio programador 
do banco de dados, não havendo em Engenharia de Programação regras quanto a isso. Nesse 
caso, a formatação ficou a critério da autora. 
 
3.2. ANÁLISE DE BANCO DE DADOS 
 
Para a análise de causas de patologias em fundações deste trabalho, como já mencionado 
anteriormente, utilizou-se o método de análise de árvore de falhas – AAF, fundamentada por 
referências ligadas à análise de bancos de dados, à caracterização de comportamento de solos e 
fundações e a eventos ligados a patologias originadas nas fundações. 
Para a melhor organização e visualização, os eventos inseridos no fluxo da AAF foram 
organizados seguindo a hierarquia mencionada no item 2.5.1, subdividindo-se portanto em 
eventos relacionados ás fases de projeto, às fases de execução e a eventos relacionados á pós 
conclusão das obras, e sua ordem não apresentará alterações no resultado final caso seja 
alterada, como já afirmado por BECK (2012), uma vez que se trata apenas da análise dos dados 
e não da reconstrução da estrutura de fundação. 
Enfatiza-se, novamente, seguindo o proposto por BECK (2012), que não é apresentada na 
árvore a totalidade de causas relacionadas à patologia, cabendo no caso da não identificação da 
origem do dano, estudos complementares para seu diagnóstico como ensaios laboratoriais dos 
materiais constituintes e ensaios de integridade dos elementos de fundação. E, ainda, que os 
dados são independentes e a ordem de sua apresentação não interfere no resultado final da 
análise, ou seja, caso a fase de execução das fundações fosse apresentada na árvore antes da 
fase de projeto não haveria alterações no resultado da análise. Por esse motivo, a ordem dos 
dados que foram inseridos na árvore de falhas foi metodizada segundo a ordem de causas de 
patologias apresentadas na bibliografia deste trabalho. 
As configurações de fissuras apresentadas no tópico 2.4 foram simplificadas em uma 
tabela, para facilitar a identificação da causa dos danos. Foram organizadas através da 
representação da fissura, sua inclinação e subsequente causa. Essa esquematização visa a 
facilitar o diagnóstico nos casos de patologias que possam ter ligação com a estrutura de 
fundação. 
Após a apresentação da árvore de falhas, foi feita sua aplicação em um banco de dados de 
patologias em fundações para testar sua funcionalidade. 
43 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
4.1. TABELA DE IDENTIFICAÇÃO DE FISSURAS 
 
Na Tabela 1 está apresentada a identificação de fissuras e as possíveis causas que tenham 
relação com patologias de fundações, cuja fundamentação teórica é descrita no Item 2.4. Após 
a identificação do tipo de fissura e sua causa, o estudo da patologia segue através da análise de 
árvore de falhas – AAF, na sequência. 
Tabela 1: Identificação de fissuras – Causas patológicas de fundações 
Tipo de Fissura Inclinação Causa 
 
 
 45° - Fissura por recalque do pilar no ponto A. 
 
 
 45° - Fissura em abertura por recalque do pilar no ponto A. 
 
 
 
 
45° - Fissura em abertura por recalque do pilar no ponto A. 
 
 
 
 45° - Fissura por recalque do pilar no ponto A. 
 
 
 45° a 90° - Fissura geral em parede de alvenaria estrutural, por recalque no centro do vão. 
 
 
 
 Arco - Fissura em arco em parede de alvenaria estrutural, por recalque no centro do vão. 
 
 
 
 45° a 90° - Fissura geral em parede de alvenaria estrutural, por recalque nas laterais do vão. 
 
 
 
 45° - Fissura de canto em laje, devido ao recalque do pilar no ponto A. 
 
 
 
 
45° e 90° - Fissura em abertura e no ponto de encontro entre solo aterrado e compactado, em edificação de alvenaria estrutural. 
A edificação cede no ponto A. 
44 
 
 
 45° - Fissura geral em edificação de alvenaria estrutural, por 
recalque no ponto A. 
 
 
 
 Variável - Desaprumo da edificação por recalque diferencial. 
 
 
 Variável 
- Fissura entre edificações de diferentes portes, por falta de 
junta de trabalho ou compartilhamento de viga baldrame. 
(FONTE: Autor, 2014) 
 É importante frisar aqui que, no estudo de qualquer incidência patológica, a 
determinação de causas é subjetiva, e a análise da relação entreeventos deve ser feita com a 
reunião do máximo de informações sobre o histórico da edificação, uma vez que a mesma 
configuração de fissura pode ser motivada tanto por problemas na fundação quanto por 
problemas estruturais. 
 
4.2. ÁRVORE DE FALHAS DE PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES – AAF 
 
A árvore de falhas de patologias em fundações foi construída, então, embasando-se nas 
informações apresentadas, e sua formatação foi descrita a seguir. 
Dividem-se os eventos decorrentes, como já mencionado, em eventos de fase de projetos, 
eventos de execução da fundação e eventos pós-conclusão de obras, distintos segundo as cores: 
 
Os eventos ligados às fases de projeto englobaram a fase de caracterização do solo e 
retomam as recorrências descritas nas referências bibliográficas do trabalho. Foram 
considerados, então, eventos como a ausência de investigações, investigações insuficientes, 
investigações com falhas, má interpretação dos dados de sondagem, má interpretação das cargas 
de projeto, dimensionamento para a carga total da edificação desconsiderando as 
especificidades de pontos particulares, alterações das cargas sem o conhecimento do projetista 
de fundações e, principalmente, a escolha de tipo de fundação com desempenho insuficiente 
para a situação. 
45 
 
Já os eventos ligados à fase de execução de fundações englobam instabilidade do solo, 
erros humanos, mal preparo ou imprudência da mão de obra, falta de acompanhamento de 
responsável técnico, equipamentos inapropriados para o tipo de fundação projetado ou para o 
local onde ela deverá ser executada e, ainda, manejo incorreto do equipamento e execução de 
juntas de trabalho entre edificações. 
Os eventos relacionados à pós-conclusão de obras englobam os recalques e a degradação 
dos materiais constituintes da fundação, e considerou-se também a influência de obras em 
edificações vizinhas. 
As causas primárias, definidas por WIRTH (1989), são representadas por esferas 
vermelhas, em que foram consideradas as prováveis origens da patologia em questão, ou 
retângulos verdes, quando não houver mais eventos que possam representar mecanismos 
deflagradores da mesma: 
 
As falhas primárias apresentadas na AAF serão descritas na sequência e acompanhadas 
de possibilidades de reparo. Como o foco do trabalho é a identificação de patologias, os reparos 
apresentados trataram apenas de sugestões, cabendo ao leitor um aprofundamento de cada caso 
em trabalhos complementares sobre o tema. 
A árvore de falhas – AAF de patologias em fundações, elaborada segundo os conceitos 
bibliográficos apresentados neste trabalho e cuja metodologia de configuração foi descrita no 
item anterior é apresentada nas Figuras 32, 33 e 34, subdividida em fases de projeto, execução 
e pós conclusão de obras e completa no Apêndice A – ÁRVORE DE FALHAS DE 
PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES. E as falhas primárias foram descritas na sequência. 
 
 
 
46 
 
 
Figura 32: Árvore de falhas de patologias em fundações – Fase de 
Projeto. (FONTE: Autor, 2014). 
 Não1 Cargas de projeto estrutural dimensionadas de maneira incoerente ou não compatibilizadas 
com o projeto, devido ao sub dimensionamento da fundação, promovendo o aparecimento de 
fissuras na edificação, em virtude dos recalques que a edificação sofrerá. 
Uma possibilidade de reparo é a readequação do projeto de fundação e reforço de 
fundação nos pontos afetados. 
 
 Não2 Os vários tipos de estruturas de fundação possuem, para cada formatação, diferentes 
capacidades de carga e de suporte de solo, definidas pela NBR 6122/2010, que variam de acordo 
com a geometria, profundidade, natureza do material empregado e resistência do solo-base. O 
tipo de sistema de fundação escolhido deve ser funcional em cada caso específico de solo e 
porte da edificação. Caso contrário, haverá a deflagração de patologias por recalque. 
Deve-se proceder à reanálise do projeto de fundação e à verificação de necessidade de 
reforço de fundação. 
 
 Não3 Fundações em estacas em aterro acarretam sobrecarga na fundação devido ao atrito 
negativo, enquanto para fundações rasas o aterro pode ser um fator positivo. No entanto, se há 
47 
 
a presença de camadas moles ou compressíveis em profundidade, o bulbo de tensões pode 
incidir sobre essa camada e causar recalques por adensamento. Em ambos os casos, podem 
ocorrer recalques devido a erros de dimensionamento, por não se considerar a influência da 
camada aterrada ou por se a superestimar, tendo como consequência o surgimento de 
patologias. 
 Como se trata de um erro na etapa de projeto, pode-se readequar o projeto de fundação 
e realizar reforço de fundação através de estacas de grande profundidade (em caso de recalques 
por adensamento), o que pode ser realizado reforçando o bloco afetado ou através da criação de 
novas estruturas de fundação. 
 
 Não4 A distância mínima entre estacas assegura que não haverá risco de desabamento e 
principalmente que não haverá sobreposição de tensões oriundas dos dois elementos de 
fundação próximos, que podem acarretar a redução da transferência de carga entre o elemento 
estrutural de fundação e o solo e, consequentemente, um subdimensionamento da fundação. 
A readequação do projeto de fundação e adequação dos espaçamentos entre estacas, 
empregando blocos ou outros formatos de blocos de coroamento, é uma das possibilidades de 
reparo nesse caso de patologia. 
 
Figura 33: Árvore de falhas de patologias em fundações – Fase de 
Execução. (FONTE: Autor, 2014). 
48 
 
 
 Não5 O controle de prumo e profundidade garante que o projeto seja devidamente executado, 
sem o surgimento de excentricidades de carga ou elementos de porte inferior ao necessário, o 
que poderia promover recalques e consequentes patologias, como por exemplo ruptura do 
elemento estrutural de fundação por flexo-compressão. 
Para o reparo desse tipo de patologia, pode-se realizar reforço de fundação através de 
estacas Mega (em caso de fundações de pequeno porte e caso o problema seja de profundidade 
não suficiente). Caso o problema envolva ruptura de elementos estruturais devido a esforços de 
flexo-compressão e não utilização de área de aço necessária para as solicitações, macaquear a 
estrutura e apoiá-la em nova a fundação a ser realizada (a estrutura pode também ser condenada 
dependendo da magnitude dos recalques). 
 
 Não6 O controle da concretagem dos elementos de fundação é importante porque não é possível 
fazer o monitoramento interno do elemento durante sua execução. Nesse caso, é possível manter 
um controle do volume de concreto utilizado que reflete informações quando comparado ao 
volume de concreto calculado para a concretagem da fundação. 
Quando a quantidade utilizada exceder o volume de concreto calculado para cada estaca, 
pode significar o rompimento entre dois furos. Caso contrário, se houver significativa sobra de 
material, pode ter ocorrido a obstrução do fuste da estaca por detritos ou rompimento das 
paredes do fuste e consequente estrangulamento do fuste. 
Nesses casos, é conveniente a execução de nova fundação para o pilar afetado e 
fechamento / inutilização das estacas escavadas que apresentaram a patologia com mistura de 
solo-cimento. 
 
 Não7 Ensaios são a maneira mais prática de verificação de anomalias em estacas, uma vez que 
indicam a existência de obstruções ou rompimentos no elemento de fundação. São a maneira 
mais viável de identificar patologias originadas durante a execução das fundações, como o 
estrangulamento do fuste. 
 Assim como no caso anterior, pode ser executada nova fundação para o ponto afetado 
ou, caso a anomalia não condene o elemento estrutural de fundação executado, pode ser 
executado um reforço na fundação com estacas Mega. 
 
 Não8 Edificações de portes diferentes construídas em divisa ficam sujeitas a diferentes 
solicitações de carga. Dessamaneira, caso não haja juntas de trabalho entre elas, a edificação 
49 
 
de menor porte terá um aumento de tensões para o qual não foi projetado, pois tende a sofrer o 
mesmo abaixamento da edificação de maior porte. Isso provocará o surgimento de fissuras. 
Deve-se promover, nesse caso, a readequação do projeto de fundação e reforço com a 
utilização de estacas de grande profundidade e / ou melhoramento do solo da camada 
compressível. 
 
Figura 34: Árvore de falhas de patologias em fundações – Pós 
conclusão de obras. (FONTE: Autor, 2014). 
 Não9 A degradação dos materiais constituintes das estruturas de fundação depende do grau de 
agressividade do ambiente, que deve ser considerado na escolha do tipo de fundação para que 
não haja a recorrência de patologias devido à corrosão. 
Entre os fatores mais relevantes, devem ser considerados a permeabilidade do concreto 
à água e aos gases, o grau de carbonatação, a composição química do aço, o estado de fissuração 
da peça e características ambientais como umidade, temperatura e presença de agentes 
agressivos. Além de, no caso de estacas de madeira, devido tratamento do material contra o 
apodrecimento. 
No caso de patologias decorrentes da degradação dos materiais, deve ser promovido um 
estudo para a escolha de novos materiais, com a devida resistência, para a execução de reforço 
de fundação, caso a estrutura não esteja em ruína. 
50 
 
 Não10 Ao ser construída uma nova edificação em terreno vizinho ao da obra em questão, há o 
surgimento do bulbo de tensões da nova fundação. Dependendo da proximidade das 
edificações, pode ocorrer a sobreposição desse bulbo com o da fundação existente, isso 
provocará um aumento na tensão efetiva na área da intersecção, e, caso o solo não tenha 
capacidade de suporte para tal, haverá a sua deformação e recalque da edificação existente. 
Pode-se realizar o mesmo reparo do caso 7, com a execução de nova fundação para o 
ponto afetado ou pode ser executado um reforço na fundação com estacas Mega. 
 
4.3. APLICAÇÃO DA ÁRVORE DE FALHAS – AAF 
 
Foi proporcionado por SILVA (1993) o banco de dados necessário para a visualização 
da aplicação da árvore de falhas. Trata-se da reunião de informações referentes às origens de 
375 casos de patologias em fundações no Rio Grande do Sul, apresentadas na tabela do Anexo 
A, que distribui as mesmas de acordo com a fase onde houve a origem. 
Essas patologias estão organizadas em falhas de projetos, materiais, execução, uso e 
fatores externos, todas falhas que são apresentadas na AAF. O intuito dessa análise é verificar, 
dentre as 273 patologias apresentadas, quais podem ser relacionadas aos eventos da árvore de 
falhas, o que significa o número de aplicações da mesma tanto na identificação, quanto na 
análise das origens e utilização das sugestões de reparo. O número de patologias apresentadas 
por Silva (1993) encontradas na árvore de falhas foi apresentado nos gráficos das Figuras 35, 
36, 37, 38 e 39. 
Considerando os erros decorrentes das fases de projeto apresentados no Anexo A, como 
apresentado na Figura 35, dentre o total de 218 patologias podem ser identificadas na árvore de 
falhas 211, que correspondem à inexistência de investigações geotécnicas, investigações 
inadequadas ou incompletas, falta de especificações de projeto, erro na determinação das 
cargas, estacas muito próximas, escolha do tipo de fundação inadequada e falta de interação 
entre projetos. 
 Figura 35: Aplicação da AAF – Fase de projeto. 
(FONTE: Adaptado de SILVA, 1993) 
97%
3%
Patologias Encontradas na AAF
Patologias NÃO Encontradas na
AAF
51 
 
Do total de 8 patologias devido aos materiais constituintes das estruturas de fundação 
apresentadas no Anexo A, todas puderam ser identificadas na árvore de falhas, como mostra o 
gráfico da Figura 36. 
 
Figura 36: Aplicação da AAF – Materiais Constituintes. 
(FONTE: Adaptado de SILVA, 1993) 
Já as patologias decorrentes das falhas de execução de fundações, como mostra o gráfico 
da Figura 37, num total de 41 apresentadas no Anexo A, 26 foram apresentadas na árvore de 
falhas, nos eventos de tipo de fundação executada, profundidade de assentamento, erro na 
locação das fundações e mau adensamento do concreto. 
 Figura 37: Aplicação da AAF – Fase de execução. 
(FONTE: Adaptado de SILVA, 1993) 
Para as patologias decorrentes do uso das edificações, das 15 apresentadas no Anexo A, 
todas foram representadas em eventos na árvore de falhas, por sobrecargas, escavações laterais 
e ampliações sem juntas de trabalho, como é possível se observar no gráfico da Figura 38. 
 
Figura 38: Aplicação da AAF – Uso das edificações. 
(FONTE: Adaptado de SILVA, 1993) 
100%
Patologias Encontradas na AAF
Patologias NÃO Encontradas na
AAF
63%
37% Patologias Encontradas na AAF
Patologias NÃO Encontradas na
AAF
100%
Patologias Encontradas na AAF
Patologias NÃO Encontradas na
AAF
52 
 
 Já as patologias apresentadas no Anexo A originadas por causas externas, foi possível 
encontrar dentre os eventos apresentados na árvore de falhas 51 entre as 93 patologias 
apresentadas como mostra o gráfico da Figura 39, considerando escavações próximas, alívios 
de tensões na fundação devido a fundações próximas, aumento de carga no subsolo e ataque de 
agentes agressivos. No entanto, outras 36 foram discutidas no referencial bibliográfico do 
trabalho, principalmente devido ao rompimento de tubulações e influência de vegetação. 
 
Figura 39: Aplicação da AAF – Causas Externas. 
(FONTE: Adaptado de SILVA, 1993) 
 Totalizou-se, desta maneira, 311 patologias identificadas na árvore de falhas, dentre as 
375 analisadas, como mostra o gráfico da Figura 40, o que significa um total de 311 patologias 
esclarecidas nas explanações sobre as origens das mesmas, e a mesma quantidade de sugestões 
de reparo. 
 
Figura 40: Aplicação da AAF – Causas Externas. 
(FONTE: Adaptado de SILVA, 1993) 
 
55%
45% Patologias Encontradas na AAF
Patologias NÃO Encontradas na
AAF
56%
2%
7%
4%
14%
17%
Projeto (211 de 218)
Degradação (8 de 8)
Execução (26 de 41)
Pós‐Conclusão (15 de 15)
Causas Externas (51 de 93)
Não Constam (64 de 375)
53 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A funcionalidade da árvore de falhas de patologias em fundações ficou clara na 
aplicação da mesma sob o banco de dados apresentado por Silva (1993). A identificação dos 
eventos foi de extrema versatilidade na ferramenta elaborada, que contou com a explicação 
sobre cada uma das 311 patologias identificadas, além de sugerir medidas de reparo para cada 
um dos casos. 
Pode-se concluir com isso que a reunião dessas informações em um único elemento, 
somadas às sugestões de reparo apresentadas, irá facilitar a visualização dos mecanismos de 
ação das patologias em fundações para os profissionais que se depararem com os casos 
apresentados. 
Tão importante quanto a identificação de patologias já existentes, é o fato de que a 
facilidade de interpretação dos eventos inseridos na árvore de falhas poderá torná-la, também, 
uma maneira de evitar a reincidência das patologias analisadas. Isto é, se os caminhos críticos 
da árvore forem adotados pelos profissionais de engenharia como cuidados durante as fases de 
projeto, execução e pós-conclusão de novas fundações, serão minimizados os riscos do 
surgimento de patologias nas edificações devido às estruturas de fundação. 
Um dos pontos cuja importância ficou clara no trabalho foi a execução de investigações 
geotécnicas em sua representação na árvore de causas, que demonstrou ser esse um evento 
crucial na segurança de uma estrutura de fundação. Tanto pelo fato de serem normatizadas pela 
NBR 6484, quanto pela importância dada às mesmas pelos vários autores que fundamentaram 
o trabalho, fica claro o fato das sondagens

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