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Conceito de Empresário

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Superior Tribunal de Justiça
AgRg nos EDcl no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.367.961 - PR (2010/0213154-4)
 
RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA
AGRAVANTE : SERVIÇO DE HEMODINÂMICA DE ARAPONGAS S/S LTDA 
ADVOGADO : MARCELO DE LIMA CASTRO DINIZ E OUTRO(S)
AGRAVADO : MUNICÍPIO DE ARAPONGAS 
ADVOGADO : IVAN FONÇATTI E OUTRO(S)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Cuida-se de agravo 
regimental interposto contra decisão assim ementada:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECOLHIMENTO DO ISS. 
DECRETO-LEI 406/68. SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS (MÉDICOS). ACÓRDÃO 
FUNDADO EM INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL E PROBATÓRIO. 
SÚMULA 07/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO.
1. A sociedade civil faz jus ao benefício previsto no art. 9º, § 3º, do DL 406/68, 
desde que preste serviço especializado, com responsabilidade pessoal e sem caráter 
empresarial. Precedentes.
2. O Tribunal de origem, com base na análise dos fatos, das provas e do contrato 
social afirmou que "a empresa apelante não possui direito à tributação fixa anual, consoante 
prevê o § 3º do art. 9º do Decreto-Lei n.º 406/68, devendo ser mantida a sentença, pois pela 
análise do contrato social constata-se que se trata de uma sociedade com caráter 
empresarial" (e-STJ fl. 19).
3. A revisão de tal entendimento implicaria sindicar matéria fático-probatória e 
cláusulas contratuais, o que é defeso na via especial. Inteligência da Súmula 07/STJ: "A 
pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial ". Inteligência da 
Súmula 05/STJ: "A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso 
especial" .
4. É patente que a divergência jurisprudencial suscitada não atende ao requisito da 
identidade fático-jurídica entre os acórdãos confrontados, uma vez que as peculiaridades do 
caso vertente não se encontram espelhadas nos paradigmas, os quais, a toda evidência, se 
lastrearam em fatos, provas e circunstâncias distintas das constantes dos autos sob análise.
5. Agravo de instrumento não provido (e-STJ fl. 217).
Os embargos de declaração subsequentes foram rejeitados.
No recurso especial interposto com apoio nas alíneas "a" e "c", do permissivo da 
Constituição da República, a recorrente alega que o acórdão recorrido infringiu o art. 9º, § 3º, do 
Decreto 406/68.
Alega que estaria demonstrado o caráter não empresário da sociedade, preenchendo os 
requisitos necessários ao tratamento privilegiado do ISSQN, conforme preceitua o dispositivo de lei 
supracitado. Argumenta que faz jus à tributação diferenciada, tendo em vista que é formada 
exclusivamente por médicos.
É o relatório.
 
Documento: 18196702 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 1 de 9
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgRg nos EDcl no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.367.961 - PR (2010/0213154-4)
 
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECOLHIMENTO DO ISS. 
DECRETO-LEI 406/68. SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS (MÉDICOS). 
ACÓRDÃO FUNDADO EM INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL E 
PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO 
DEMONSTRADO.
1. A sociedade civil faz jus ao benefício previsto no art. 9º, § 3º, do DL 406/68, 
desde que preste serviço especializado, com responsabilidade pessoal e sem caráter 
empresarial. Precedentes.
2. O Tribunal de origem, com base na análise dos fatos, das provas e do contrato 
social afirmou que "a empresa apelante não possui direito à tributação fixa anual, 
consoante prevê o § 3º do art. 9º do Decreto-Lei n.º 406/68, devendo ser mantida a 
sentença, pois pela análise do contrato social constata-se que se trata de uma sociedade 
com caráter empresarial" (e-STJ fl. 19).
3. A revisão de tal entendimento implicaria sindicar matéria fático-probatória e 
cláusulas contratuais, o que é defeso na via especial. Inteligência da Súmula 07/STJ: "A 
pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial ". Inteligência da 
Súmula 05/STJ: "A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso 
especial" .
4. O argumento de que a sociedade em questão faria jus à tributação diferenciada, 
tendo em vista ser formada exclusivamente por médicos, por si só não é suficiente a 
embasar a tese da recorrente. 
5. “As sociedades de profissionais liberais, malgrado formadas exclusivamente 
por médicos, constituíram-se formalmente como sociedades empresariais, de modo que a 
simples presença deles não representa elemento hábil a desfigurar a natureza comercial 
da atividade exercida” (AgRg no REsp 1.003.813/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, 
Segunda Turma, julgado em 02/09/2008, DJe 19/09/2008).
6. Agravo regimental não provido.
 
 
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Pretende a agravante que 
possa recolher o ISS em termos idênticos ao das sociedades uniprofissionais, já que todos os sócios 
são profissionais médicos, reunidos para a prestação de serviço dessa natureza. 
Não há como acolher-se a pretensão da agravante.
Com efeito, em relação ao tratamento conferido às sociedades civis para incidência do 
ISSQN, a matéria não é nova nesta Corte Superior. A jurisprudência seimentou-se no sentido de 
que a sociedade civil faz jus ao benefício previsto no art. 9º, § 3º, do Decreto-Lei n.º 406/68, desde 
que preste serviço especializado, com responsabilidade pessoal e sem caráter empresarial. 
Confiram-se os seguintes precedentes:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO 
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Superior Tribunal de Justiça
TRIBUTÁRIO. ISS. SOCIEDADE UNIPROFISSIONAL. REGIME ESPECIAL DE 
TRIBUTAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO.
1. A dispensa do recolhimento de ISS, prevista no artigo 9º, parágrafos 1º e 3º, do 
Decreto-Lei nº 406/68, exige que a sociedade seja uniprofissional, com responsabilidade 
pessoal, não alcançando as sociedades empresariais, como as sociedades por quotas cuja 
responsabilidade é limitada ao capital social. Precedentes.
2. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp 1185792/MS, Rel. Ministro 
Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 03.08.2010);
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. ISS. 
SOCIEDADE CIVIL QUE PRESTA SERVIÇOS CONTÁBEIS. SOCIEDADE 
LIMITADA. FINALIDADE EMPRESARIAL. NÃO-INCIDÊNCIA DO ART. 9º, § § 1º E 
3º, DO DECRETO-LEI N. 406/68. REVISÃO DAS CONCLUSÕES DO TRIBUNAL DE 
ORIGEM. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS N. 5 E 7 DESTA CORTE SUPERIOR. 
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. ART. 535, II, DO CPC. 
NÃO OCORRÊNCIA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO.
1. Prevê o art. 535 do CPC a possibilidade de manejo dos embargos de declaração 
para apontar omissão, contradição ou obscuridade na sentença ou acórdão. Não há, no 
presente arrazoado, qualquer indicação de omissão, contradição ou obscuridade capaz de 
subsidiar a oposição dos aclaratórios.
2. Incide a Súmula 211/STJ quando a matéria federal tida por violada não foi 
enfrentada no aresto a quo recorrido, malgrado a oposição dos embargos declaratórios.
3. O art. 9º, § 3º, do DL 406/68 concede às sociedades civis uniprofissionais, que 
têm por objeto a prestação de serviço especializado, com responsabilidade pessoal e sem 
caráter empresarial, tratamento privilegiado quanto à cobrança do ISSQN.
4. A decisão agravada foi baseada na jurisprudência pacífica desta Corte, no 
sentido de que para fazer jus ao benefício disposto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei n. 
406/68, a empresa deve caracterizar-se como sociedade uniprofissional, o que não se 
compatibiliza com a adoção do regime da sociedade limitada, em razão do caráter 
empresarial de que se reveste este tipo social.
5. Ademais, o Tribunal a quo, no acórdão combatido, destacou que, da análise dos 
documentos acostados nos autos, tem-se que a sociedade recorrente não preenche os 
requisitos no § 3º do art. 9º do Decreto-lei n. 406/68.
6. A parte recorrente pretende com a tese defendida
é, na verdade, rever a premissa 
fixada pelo Tribunal de origem, soberano na avaliação do conjunto fático-probatório 
constante dos autos, o que é vedado ao Superior Tribunal de Justiça por suas Súmulas n. 5 e 
7.
7. Não houve a demonstração da exata similitude fático-jurídica entre os acórdãos 
tidos por divergentes e, tampouco o cotejo analítico entre eles, o que se afigura 
indispensável para a admissão do apelo especial, conforme os ditames estabelecidos pelo § 
2º do art. 255 do RISTJ e art. 541, parágrafo único, do CPC.
8. Agravo regimental não provido (AgRg no Ag 1023655/SP, Rel. Ministro Mauro 
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 29.04.2010).
O cerne da questão consiste em definir se a recorrente faz jus ao tratamento favorecido, 
concedido às sociedades uniprofissionais, sem caráter empresarial, no que se refere à tributação do 
ISS. 
O Tribunal de origem, com base na análise dos fatos e das provas, decidiu que a ora 
agravante exerce atividade tipicamente empresarial, concluindo que "a empresa apelante não possui 
direito à tributação fixa anual, consoante prevê o § 3º do art. 9º do Decreto-Lei n.º 406/68, devendo 
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ser mantida a sentença, pois pela análise do contrato social, constata-se que se trata de uma 
sociedade com caráter empresarial" (e-STJ fl. 70).
É o que se infere da fundamentação do aresto impugnado a seguir transcrita:
Cinge-se a controvérsia sobre a possibilidade de pagamento do ISSQN mediante 
aplicação de alíquota fixa, conforme previsto no § 3º do art. 9º do Decreto-Lei n.º 406/68. 
Pretende a Apelante a declaração desse direito e a restituição dos valores pagos 
indevidamente.
Para o cálculo do imposto por meio de alíquotas fixas, exige o § 3º do art. 9º do 
Decreto-Lei n.º 406/68, recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o enquadramento 
da atividade da sociedade nos itens 1, 4, 8, 25, 52, 88, 89, 90, 91 e 92 da lista anexa ao 
Decreto mencionado e que cada profissional responda pessoalmente pelos serviços 
prestados, verbis:
"Art. 9° A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.
§ 1° Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do 
próprio contribuinte, o imposto será calculado, por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em 
função da natureza do serviço ou de outros fatores pertinentes, nestes não compreendida a 
importância paga a título de remuneração do próprio trabalho.
§ 2° Na prestação dos serviços a que se referem os itens 19 e 20 da lista anexa o 
imposto será calculado sobre o preço deduzido das parcelas correspondentes:
a) ao valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços;
b) ao valor das subempreitadas já tributadas pelo imposto.
§ 3° Quando os serviços a que se referem os itens 1, 4, 8, 25, 52, 88, 89, 90, 91 e 
92 da lista anexa forem prestados por sociedades, estas ficarão sujeitas ao imposto na forma 
do § 1°, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que 
preste serviços em nome da sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos 
termos da lei aplicável."
Além disso, o parágrafo único do art. 8º da Lei do Município de Arapongas n.º 
3.072/2003 dispõe:
"Considera-se prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio 
contribuinte, o simples fornecimento de trabalho por profissional autônomo qualificado, que 
não tenha, a seu serviço, empregado da mesma qualificação profissional e no máximo de 
dois empregados."
Trata-se, portanto, de um regime especial que afasta a cobrança do ISSQN sobre o 
valor do serviço prestado, ou seja, o imposto passa a ser cobrado de forma fixa. E para ser 
enquadrada nesse regime fiscal é necessário que a sociedade não tenha caráter empresarial, 
seja uniprofissional, e que os sócios respondam pessoalmente por suas atividades.
No caso, pela análise do contrato social se verifica que se trata de sociedade 
composta exclusivamente por médicos, uma vez que a pessoa jurídica que compunha a 
sociedade se retirou do quadro, consoante a 3ª Alteração Contratual. 
Consta do Contrato Social ainda que a atividade econômica da sociedade é de 
"serviços médicos de diagnósticos, exames, intervenções terapêuticas, endovasculares, 
cardiológicas, neurológicas e vasculares periféricas".
Contudo, embora a sociedade seja composta exclusivamente por médicos, pela 
análise do contrato social se constata a limitação da responsabilidade dos sócios, o que 
afasta a responsabilidade pessoal exigida. 
Conforme o parágrafo primeiro da Cláusula Terceira, "a responsabilidade dos 
sócios é limitada a importância total do capital social". 
De fato o art. 983 do Código Civil autoriza que a sociedade empresária ou a 
simples se constituam segundo um dos tipos regulados nos artigos 1.039 a 1.092 daquele 
Código, incluindo aqui a sociedade limitada, regulada nos artigos 1.052 e seguintes. 
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No entanto, quando a sociedade simples opta por se constituir sob o tipo sociedade 
limitada, possui por um lado o privilégio de restrição de responsabilidade ao valor das 
quotas de cada sócio, e, por outro o impedimento de ser enquadrada no § 3º do art. 9º do 
Decreto-Lei. Isso porque "na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita 
ao valor de suas quotas", conforme disposto no art. 1.052 do Código Civil.
Nesse sentido, esclarece a doutrina:
"Assim, diferentemente das demais espécies de sociedades referidas nos artigos 
antecedentes, a sociedade limitada prevê, relativamente a seus sócios, a garantia da 
limitação da responsabilidade, estabelecendo nítida separação entre o patrimônio da 
sociedade, representado a partir de seu capital, e o patrimônio pessoal dos sócios, que não 
pode ser alcançado nem executado em razão de dívidas e obrigações sociais."
Apesar de o médico poder ser responsabilizado pessoalmente por suas atividades 
profissionais, a responsabilidade limitada escolhida pela sociedade impede, por exemplo, 
que o profissional seja responsabilizado pessoalmente de imediato pelos débitos fiscais. 
Necessário, assim, fazer essa diferenciação entre a responsabilidade do médico por suas 
atividades e a responsabilidade tributária da sociedade. 
Além disso, não comprovou a Apelante que os sócios exercem pessoalmente as 
atividades e que recebem proporcionalmente ao seu trabalho. Pelo contrário, presume-se que 
os lucros de todos os sócios são somados e divididos proporcionalmente entre os sócios, o 
que afasta o cálculo tributário sob a forma fixa. E essa conclusão decorre também da análise 
da Cláusula Oitava, a qual trata do Balanço Geral, que será feito anualmente, e dos 
resultados, dispondo que serão "distribuídos proporcionalmente aos sócios ou mantidos em 
reservas na sociedade". 
Sobre essa necessária pessoalidade na prestação do serviço médico para que a 
sociedade faça jus ao tratamento tributário diferenciado, vejamos a seguinte decisão do 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS:
"EMBARGOS À EXECUÇÃO - ISSQN - PROFISSIONAIS MÉDICOS - 
DECRETO LEI 406/68 - NÃO INCIDÊNCIA.
Não faz "jus" à tributação especial, baseada no número de profissionais 
habilitados, a sociedade empresarial, cujos sócios não promovem, exclusiva e pessoalmente, 
sob caráter permanente, os serviços para os quais estão habilitados. A terceirização de 
serviços é suficiente para excluir a aplicação do art. 9º, § 3º, do Decreto-Lei 406/68."
Do acórdão se extrai a seguinte fundamentação:
"Verifica-se do contrato social da apelante, que a mesma é formada por dois 
sócios, sendo a sociedade por quotas de responsabilidade limitada. 
A sociedade tem como objetivos sociais a exploração do ramo de prestação de 
serviços de exame de ultra-som, ecocardiografia,
consultas médicas, eletrocardiografia, 
ergometria, rolther, monitorização ambulatorial de pressão arterial e patologia clínica, 
tomografia e radiológicos por imagem e serviços de plestimografia, desitometria óssia e 
medicina nuclear. 
Há de se verificar que anteriormente à propositura da presente ação, foi proposto 
processo administrativo em face da apelante, onde foram mantidas as exigências apontadas 
no Termo de Notificação Fiscal. 
A empresa apelante apresentou recurso administrativo, sendo a decisão pelo não 
provimento do recurso. 
As notas fiscais juntadas aos autos às f. 57/67, comprovam que os serviços são 
prestados pela pessoa jurídica e não por trabalho pessoal de seus sócios, o que 
descaracteriza a incidência do ISS na forma prescrita no § 1º do art. 9º do Decreto 406/68, o 
que afasta o critério de unipessoalidade na prestação do serviço. Quanto a este critério passo 
à breve explanação. 
A crescente organização societária de profissionais da área médica, ao longo dos 
últimos anos, acabou por desvirtuar a conceituação de sociedade unipessoal tratada na 
Documento: 18196702 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 5 de 9
 
 
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legislação ora invocada. Recorrentemente o Judiciário esbarra em casos como este, quando a 
análise de cada caso concreto torna-se imperiosa para que a questão seja dirimida 
corretamente. Guardando estreita relação com o caráter de serviço personalíssimo que a 
prestação de serviços deveria ter, podemos citar também a importância da unipessoalidade 
de tal serviço. 
Unipessoalidade denota a prestação individualizada do serviço, quando, mesmo se 
tratando de organização societária permanece possível distinguir uma prestação específica 
de cada médico, que recebe por cada trabalho específico, prestando-o pessoalmente e não 
como mero "empregado da empresa", tendo sua própria clientela, porquanto a organização 
societária de profissionais passa a ser apenas meio de elisão fiscal, ou uma mera forma 
organizacional, mas, jamais, um meio de universalização do serviço médico, pela criação de 
empresa mercantil de prestação de serviços." 
A jurisprudência do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA também não admite a 
tributação diferenciada quando ausente a pessoalidade:
"TRIBUTÁRIO - SOCIEDADES CIVIS - MÉDICOS - ISS - FINALIDADE 
EMPRESARIAL - NÃO-INCIDÊNCIA DO § 3º DO ARTIGO 9º DO DECRETO-LEI N. 
406/68.
1. A controvérsia limita-se a saber se a recorrente faz jus ao privilégio fiscal 
previsto no Decreto-Lei n. 406/68, estando assentado na instância ordinária sua natureza 
empresarial.
2. As sociedades de profissionais liberais, malgrado formadas exclusivamente por 
médicos, constituíram-se formalmente como sociedades empresariais, de modo que a 
simples presença deles não representa elemento hábil a desfigurar a natureza comercial da 
atividade exercida.
3. Conquanto o corpo de sócios seja formado exclusivamente por médicos, as 
sociedades constituídas sob a modalidade "limitadas" desempenham atividade empresarial, 
uma vez que, nos contratos sociais, há, inclusive, disposição de como devem ser distribuídos 
os dividendos. (grifamos)
Agravo regimental improvido."
"ISS. ALÍQUOTA FIXA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO 
DO BENEFÍCIO. SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. 
I - A agravante não se enquadra no conceito de sociedade uniprofissional integrada 
por profissionais que atuam com responsabilidade pessoal. É sociedade por cotas de 
responsabilidade limitada e, nos termos da jurisprudência desta Corte, o ISS é devido 
quando a sociedade assume caráter empresarial. Precedentes: REsp nº 555.624/PB, Rel. 
Min. FRANCIULLI NETTO, DJ de 27/09/2004, p. 324; AgRg no AG nº 458.005/PR, Rel. 
Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 04/08/2003, p. 233; REsp nº 334.554/ES, Rel. 
Min. GARCIA VIEIRA, DJ de 11/03/2002, p. 202; REsp nº 145.051/RJ, Rel. Min. 
MILTON LUIZ PEREIRA, DJ de 22/06/1998, p. 34. 
II -Agravo regimental improvido."
No mesmo sentido, as decisões deste TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
"TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO 
DECLARATÓRIA. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS). SOCIEDADE POR QUOTA DE 
RESPONSABILIDADE LIMITADA. PRETENSÃO DE TRIBUTAÇÃO MEDIANTE 
ALÍQUOTA FIXA ANUAL. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS 
AUTORIZADORES DO PRIVILÉGIO TRIBUTÁRIO. SOCIEDADE DE 
PROFISSIONAIS MÉDICOS COM CARÁTER EMPRESARIAL. 
Recurso provido, na parte conhecida e sentença alterada em sede de Reexame 
Necessário."
"[...] 2. DO DIREITO À TRIBUTAÇÃO PELO REGIME FIXO (ISSQN): As 
sociedades profissionais somente gozam do benefício da tributação do ISS por meio de 
alíquotas fixas quando há efetiva demonstração de que a prestação de serviços se dá em 
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caráter pessoal, em que o sócio assume, individualmente, responsabilidade profissional. E 
isso não ocorreu, no caso. [...]"
"Tributário. ISS. Pretendido recolhimento de tributação fixa. Sociedade de 
engenheiros constituída, no entanto, como sociedade por quotas de responsabilidade 
limitada, com característica empresarial. Impossibilidade. Recurso não provido."
"TRIBUTÁRIO. ISS. SOCIEDADE DE PROFISSIONAIS. PRETENSÃO AO 
BENEFÍCIO DA TRIBUTAÇÃO FIXA. DISPOSIÇÃO CONTIDA NA NORMA DO §3º 
DO ART. 9º, DO DECRETO-LEI 406/1968. CONSTITUCIONALIDADE DO 
DISPOSITIVO RECONHECIDA PELA SÚMULA 663/STF. NORMA NÃO REVOGADA 
PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 116/2003. NÃO PREENCHIMENTO DE TODOS OS 
REQUISITOS AUTORIZADORES DO GOZO DA TRIBUTAÇÃO FIXA. CARÁTER 
EMPRESARIAL DA SOCIEDADE APELANTE. RECURSO NÃO PROVIDO."
"APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. IMPOSTO SOBRE 
SERVIÇO - ISS. PRETENSÃO DE TRIBUTAÇÃO MEDIANTE ALÍQUOTA FIXA 
ANUAL. ARGUMENTO DE SOCIEDADE UNIPROFISIONAL. IMPOSSIBILIDADE. 
SOCIEDADE LIMITADA. CARÁTER EMPRESARIAL CONFIGURADO. 
DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS SOCIAIS, REMUNERAÇÃO MENSAL DOS SÓCIOS 
POR PRO LABORE. PRECEDENTES DO STJ. COBRANÇA DO ISS SOBRE O PREÇO 
DOS SERVIÇOS PRESTADOS. RECURSO DE APELAÇÃO E REEXAME 
NECESSÁRIO PROVIDOS. RECURSO ADESIVO PREJUDICADO. CUSTAS E 
DESPESAS PELA PARTE AUTORA"
Por esses motivos, a empresa apelante não possui direito à tributação fixa anual, 
consoante prevê o § 3º do art. 9º do Decreto-Lei n.º 406/68, devendo ser mantida a sentença, 
pois pela análise do contrato social constata-se que se trata de uma sociedade com caráter 
empresarial (e-STJ fls. 72/79). 
Dessa forma, o Tribunal a quo definiu que a recorrente caracteriza-se como sociedade 
com caráter empresarial. 
A pretensão trazida no recurso especial, portanto, implica o indispensável reexame de 
matéria fático-probatória, o que é vedado nesta via, ante o disposto na Súmula 07/STJ: "A 
pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial ".
Ademais, é defeso apreciar as cláusulas do contrato social, para se perquirir sobre a 
natureza empresarial da sociedade, como informa o teor da Súmula 05/STJ: "A simples 
interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial" .
O argumento de que a sociedade em questão faria jus à tributação diferenciada, tendo 
em vista que é formada exclusivamente por médicos, por si só não é suficiente a embasar a tese da 
recorrente. “As sociedades de profissionais liberais, malgrado formadas exclusivamente por 
médicos, constituíram-se formalmente como sociedades empresariais, de modo que a simples 
presença deles não representa elemento hábil a desfigurar a natureza comercial da atividade 
exercida” (AgRg no REsp 1.003.813/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado 
em 02/09/2008, DJe 19/09/2008).
Nesse sentido, confiram-se:
TRIBUTÁRIO – SOCIEDADES CIVIS – MÉDICOS – ISS – FINALIDADE 
EMPRESARIAL – NÃO-INCIDÊNCIA DO § 3º DO ARTIGO 9º DO DECRETO-LEI N. 
406/68.
1. A controvérsia limita-se a saber se a recorrente faz jus ao privilégio
fiscal 
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Superior Tribunal de Justiça
previsto no Decreto-Lei n. 406/68, estando assentado na instância ordinária sua natureza 
empresarial.
2. As sociedades de profissionais liberais, malgrado formadas exclusivamente por 
médicos, constituíram-se formalmente como sociedades empresariais, de modo que a 
simples presença deles não representa elemento hábil a desfigurar a natureza comercial da 
atividade exercida.
3. Conquanto o corpo de sócios seja formado exclusivamente por médicos, as 
sociedades constituídas sob a modalidade "limitadas" desempenham atividade empresarial, 
uma vez que, nos contratos sociais, há, inclusive, disposição de como devem ser distribuídos 
os dividendos.
Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1003813/SP, Rel. Ministro 
Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 02/09/2008, DJe 19/09/2008);
SOCIEDADES - MÉDICOS - ISS - SERVIÇOS PRESTADOS POR 
LABORATÓRIOS DE ANÁLISES - ITENS 1 E 2 DA LISTA DE SERVIÇOS ANEXA AO 
DECRETO-LEI N. 406/68 - NÃO INCIDÊNCIA DO §3º DO ARTIGO 9º DO REFERIDO 
DECRETO.
De pronto, impende ressaltar que as sociedades de profissionais liberais, malgrado 
formadas exclusivamente por médicos, constituíram-se formalmente como sociedades 
comerciais, de modo que a simples presença desses não representa elemento hábil a 
desfigurar a natureza comercial da atividade exercida.
Conquanto seu corpo de sócios seja formado exclusivamente por médicos, as 
sociedades constituídas sob a modalidade de limitadas desempenham atividade empresarial, 
uma vez que seus contratos sociais dispõem até mesmo como devem ser distribuídos os 
dividendos.
Sobeja asseverar, por oportuno, que uma sociedade comercial formada 
exclusivamente por médicos também se encontra apta a praticar atos de comércio, de sorte 
que o principal fator a ser verificado para se identificar a finalidade da sociedade é seu 
objeto social. Em espécie, resta inequívoco que o objeto social das sociedades comerciais 
recorridas é a prestação de um serviço especializado, todavia, inequivocamente associado ao 
exercício da empresa.
Merece reparo, portanto, o v. acórdão recorrido, porquanto nem todos os 
laboratórios de análises e clínicas que possuem profissionais de medicina entre seus sócios 
devem ser beneficiados pelo regime privilegiado de tributação concedido aos serviços 
previstos no item 1 daquela Lista pelo § 3º do artigo 9º do Decreto-Lei n. 406/68.
Para tanto, é imprescindível seja aferido se os médicos que integram tais entidades 
desempenham a atividade de forma uniprofissional e sem finalidade empresarial.
Recurso especial provido (REsp 555.624/PB, Rel. Ministro Franciulli Netto, 
Segunda Turma, julgado em 19/02/2004, DJ 27/09/2004);
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – ISS – SOCIEDADE POR COTAS DE 
RESPONSABILIDADE LIMITADA – CLÍNICA MÉDICA – CARÁTER EMPRESARIAL 
– NÃO COMPROVADA CARACTERIZAÇÃO COMO SOCIEDADE 
UNIPROFISSIONAL – RECURSO ESPECIAL – AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CPC – INOCORRÊNCIA 
– DECISÃO RECORRIDA CONSENTÂNEA COM A ORIENTAÇÃO JURISDICIONAL 
DO STJ – CONHECIMENTO PARCIAL - IMPROVIMENTO.
Não cabe conhecer do recurso especialmente quanto à alegativa de violação a 
dispositivo legal não prequestionado.
Rejeitados os embargos de declaração porque já examinados os pontos essenciais 
para o deslinde da questão, não há como divisar violação ao artigo 535, inciso II, do CPC.
É devido o ISS pelas sociedades profissionais quando estas assumem caráter 
Documento: 18196702 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 8 de 9
 
 
Superior Tribunal de Justiça
empresarial.
As sociedades civis, para terem direito ao tratamento privilegiado previsto pelo 
artigo 9º, § 3º do Decreto-lei n° 406/68, têm que ser constituídas exclusivamente por 
médicos, ter por objeto social a prestação de serviço especializado, com responsabilidade 
pessoal e sem caráter empresarial.
Recurso parcialmente conhecido, mas improvido (REsp 334.554/ES, Rel. Ministro 
Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 06/12/2001, DJ 11/03/2002).
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto.
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