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Metodologia Científica

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1 
Rede de Ensino DOCTUM 
 Núcleo de Educação a Distância - NEaD 
Disciplina: METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 
Professor Responsável: Msc. Fabrício Emerick Soares 
 
 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 
(Conteúdo das Aulas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caratinga 
2014 
 2 
 
 
“A vida sem ciência é uma espécie de morte” 
 
(Sócrates) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jornal da Ciência nº 643, 30/04/2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Caro acadêmico(a), 
 
 Seja muito bem vindo ao curso da disciplina Metodologia do Trabalho 
Científico na modalidade EaD (Educação a Distância) da Rede Doctum de Ensino. 
A disciplina Metodologia do Trabalho Científico, embora pouco pareça, é mais 
prática e menos teórica, pois, deve estimular os discentes na busca de motivações para 
levantar questionamentos e problemas e procurar-lhes respostas. Contudo, essa 
busca-procura deverá seguir o princípio científico e sua apresentação deverá ser feita 
através das normas acadêmicas vigentes, pois a inserção do aluno no espaço da 
Universidade pressupõe o ingresso no campo da elaboração do trabalho científico. 
Este tem como principal elemento norteador à pesquisa. 
 Sendo assim, parece-nos evidente que a Metodologia do Trabalho Científico 
não é simples conteúdo a ser decorado pelos alunos. Trata-se, na verdade, de fornecer 
aos discentes um instrumental importante para a boa realização do trabalho científico 
através da organização e da disciplina. 
Nestes termos, consideramos bastante relevante o lugar ocupado na 
Universidade pela disciplina de Metodologia do Trabalho Científico, pois, em se 
tratando de curso superior, espaço no qual o aluno busca incessantemente o saber 
científico, é de fundamental importância o entendimento de que a Metodologia 
Científica é o estudo dos caminhos do saber, pois “método” quer dizer caminho e 
“logia” quer dizer estudo e ciência. 
Também é muito importante lembrar neste momento que você está iniciando 
um curso com uma metodologia totalmente diferente e nova para a maioria das 
pessoas. Trata-se de um curso a distância - EaD, onde você não terá um professor a 
discorrer sobre o conteúdo da disciplina. Portanto, o seu desempenho dependerá 
muito de quanto tempo você dispõe para dedicar-se ao curso, dependerá de sua 
autodisciplina, dedicação, compreensão de familiares, capacidade de organizar o seu 
tempo e de seguir um cronograma preestabelecido por você na execução de suas 
tarefas (Agenda Pedagógica). Em contrapartida, uma das características mais 
importantes na Educação a Distância – EaD é a flexibilidade de local e tempo de 
 4 
estudo, uma vez que o discente é o protagonista de sua aprendizagem, sendo 
reservado para o mesmo o papel ativo na construção e reconstrução do 
conhecimento. 
Para tanto, a Rede Doctum de Ensino, numa iniciativa nova e ousada, em 
sintonia com as diretrizes da educação para o século XXI e implementando um projeto 
pegagógico inovador, propõe a oferta da disciplina Metodologia do Trabalho 
Científico na modalidade EaD, disponibilizando ao discente, em linhas gerais, uma 
estrutura/organização acadêmica que contempla: 
 
1 – Conteúdo da Disciplina: todo o conteúdo programático da disciplina de 
Metodologia do Trabalho Científico foi organizado em aulas, em número total de 10, 
disponibilizadas no Portal Universitário Doctum; conforme Agenda Pedagógica, o 
discente deverá fazer o estudo de cada aula indicada nas respectivas etapas de notas; 
as aulas contam com objetivos bem definidos de aprendizagem, conteúdos em forma 
de esquemas explicativos e textos de apoio, além de vídeos que complementam as 
temáticas principais de cada aula e sugestões de bibliografia de pesquisa. 
2 – Tutoria: para o desenvolvimento das atividades da disciplina de Metodologia do 
Trabalho Científico, o discente conta com o apoio de tutores à distância – 
responsáveis por todo o processo comunicativo/interacional entre a disciplina (Portal 
Universitário) e os discentes, além dos tutores presenciais, responsáveis pela 
materialidade da disciplina e pela organização dos encontros presenciais. 
3 – Avaliação da Aprendizagem: o processo avaliativo da disciplina de Metodologia do 
Trabalho Científico, conta com atividades a distância (AD) e atividades presenciais 
(AP); as atividades a distância, contam com as atividades de verificação da 
aprendizagem (VA); quanto as avaliações presenciais (AP) são em número de duas. O 
discente também conta com o exame especial (EE), aplicado ao final do semestre 
letivo. As indicações de descrição, período, duração e valoração em notas das 
atividades a distância e presenciais encontram-se bem definidas na Agenda Pedagógica 
da disciplina. 
 Por fim, quanto aos apsectos legais da oferta da disciplina de Metodologia do 
Trabalho Científico na modalidade EaD, sinalizamos a Portaria nº 4.059, de 10 de 
dezembro de 2004 - DOU de 13/12/2004, Seção 1, p. 34, que estabelece em linhas 
 5 
gerais, a saber: Art. 1: As instituições de ensino superior poderão introduzir, na 
organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta 
de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial, com 
base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria. § 1 Para fins 
desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-presencial como quaisquer 
atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na 
auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em 
diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota. 
§ 2. Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, 
desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do 
curso. 
Bom semestre letivo para todos... 
Professor Msc. Fabrício Emerick Soares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
Atividades 
propostas para a 
disciplina 
1ª Etapa de Notas – 
01/08/2013 até 
20/09/2013 
2ª Etapa de Notas – 
21/09/2013 até 
01/11/2013 
3ª Etapa de Notas – 
02/11/2013 até 
06/12/2013 
Exame 
Especial 
 
Aulas Aula 01 
Aula 02 
Aula 03 
Aula 04 
Aula 05 
Aula 06 
Aula 07 
Aula 08 
Aula 09 
Aula 10 
 
Atividade a 
Distância – 
Verificação de 
Aprendizagem - AD 
- VA 
AD – VA 1 ,VA 2, VA 3, 
VA 4, VA 5 e VA 6: 
Valor Total: 30 pontos 
– 01 ponto cada 
questão (Aulas 01, 02, 
03, 04, 05 e 06) 
PRAZO FINAL PARA A 
POSTAGEM DAS AD-VA 
– 20/09/2013 
AD – VA 7, VA 8, VA 9 e 
VA 10: Valor Total: 20 
pontos -– 01 ponto 
cada questão (Aulas 07, 
08, 09 e 10) 
PRAZO FINAL PARA A 
POSTAGEM DAS AD-VA 
– 01/11/2013 
 50 
pontos 
Avaliação Presencial 
– AP 
 AP 1 – Valor: 20 pontos 
(avaliação individual , 
com questões objetivas 
e com consulta ao 
material das aulas 01, 
02, 03, 04, 05 e 06); 
aplicada entre os dias 
23 até 27/09/2013. 
AP 2 – Valor: 30 pontos 
(avliação individual , 
com questões objetivas 
e com consulta ao 
material das aulas 07, 
08, 09 e 10); aplicada 
entre os dias 18 até 
22/11/2013. 
 50 
pontos 
Exame Especial – EE 
(aplicado de 11 até 
17/12/2013); 
avaliação 
individual; sem 
consulta ao 
material das aulas. 
 EE – Valor: 
100 pontos 
 
TOTAL 100 
pontos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
AULA 01: Metodologia do Trabalho Científico – organização e disciplina da vida de 
estudos na universidade 
 
OBJETIVOS: 
* Apresentar os fundamentosconceituais da metodologia, abordando a filosofia e a 
história da ciência, bem como fornecer os pressupostos básicos da pesquisa e do 
trabalho científico, permitindo melhor convivência acadêmica entre professores e 
alunos; 
* Organizar a vida de estudos na universidade, através do conhecimento das diretrizes 
de uma boa leitura, análise e interpretação de textos, o conhecimento dos 
instrumentos de trabalho científico, organização de seminários, dentre outros; 
* Relembrar a importância dos hábitos de estudo científico, possibilitando o 
desenvolvimento de uma vida intelectual disciplinada e sistematizada; 
 * Compreender a importância do conhecimento para o desenvolvimento pessoal e 
profissional; 
* Caracterizar e aplicar os processos da técnica de leitura analítica para análise e 
interpretação de textos teóricos e científicos. 
 
CONTEÚDO: 
Para começar bem a metodologia é preciso começar de si mesmo, começar em 
si mesmo um processo gradual de descoberta, de pensar sobre sua identidade, seus 
desejos, seu estar no mundo, sua direção e seus propósitos. 
 
Sem esse começar, tudo será vazio, nada lhe dirá respeito, nada lhe interessará 
e você passará como branca nuvem, sem aproveitar sua vida nos aspectos mais 
valiosos, e um deles é o aspecto acadêmico. 
Antes de iniciar a jornada pela metodologia... 
 
 Refletir sobre sua opção e escolha: qual meta eu quero atingir em minha 
vida? 
• Sinceridade: consigo mesmo... 
• Questionar-se sobre seus motivos e identidade. 
• Identificar suas resistências e suas afinidades; 
• Consciência da entrada em uma nova etapa da vida: a formação acadêmica; 
• Motivar-se: porque desejo o que desejo? 
 
Metodologia: do grego “meta” (ao largo), “odos” (caminho) e “logos” (discurso, 
estudo), ou o “caminho que conduz ao conhecimento de algo”. 
 
Ciência refere-se a qualquer conhecimento. Etimologicamente vem do verbo 
“saber”. Já no sentido estrito, ela se opõe a opinião, a superstição. Simplesmente quer 
dizer que ela explica algo através da observação. 
 
Os significados de metodologia mudaram ao longo de milhares de anos, e, no 
século XXI, com o rápido desenvolvimento das ciências (e da tecnologia) e do ensino 
superior, a metodologia tem hoje um amplo domínio, com pelo menos três áreas 
distintas, mas inter-relacionadas: 
 8 
 
* Metodologia científica ou da ciência (filosofia da ciência): preocupa-se com as 
reflexões epistemológicas sobre os caminhos das diversas ciências, procurando os 
fundamentos do saber das diversas ciências, os limites da linguagem, dos conceitos, 
das teorias; 
* Metodologia da pesquisa: procura apresentar e aperfeiçoar as diversas maneiras de 
se empreender pesquisas que tenham um cunho acadêmico e científico; apresenta os 
instrumentais de pesquisa (questionário, entrevista etc.) disponíveis e as formas de 
analisar os dados obtidos por meio desses instrumentos; 
* Metodologia do trabalho acadêmico: apresenta os principais tipos de trabalho 
acadêmico, a importância da normalização e formalização dos trabalhos como fator de 
qualidade da produção acadêmica. 
 
De um modo amplo e geral, a metodologia pode ser chamada de 
“metaciência”, ou seja, um estudo e uma prática cujos objetivos são as próprias 
ciências particulares, isto é, um estudo que tem por objeto a própria ciência e as 
técnicas específicas de cada ciência. 
 
O que a Metodologia procura e o que não procura? 
 
a) Não procura soluções, mas escolhe as maneiras de encontrá-las; 
b) Integra os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes 
disciplinas científicas ou filosóficas; 
c) Estuda, avalia e identifica as limitações, quanto a utilização, dos métodos 
disponíveis; 
d) Em um nível aplicado, examina e avalia as técnicas de pesquisa bem como a geração 
ou verificação de novos métodos que conduzem à captação e processamento de 
informações com vistas à resolução de problemas de investigação; 
e) Auxilia e orienta no processo de investigação para tomar decisões oportunas. 
 
Qual o maior desafio ao trilhar os caminhos da Metodologia? 
* o uso de processos metodológicos de seu raciocínio lógico; 
* a articulação entre hábitos de pesquisa e estudo com a criatividade e a apresentação 
formal (as regras técnicas). 
 
O que a Metodologia Científica não é e, em alguns casos, não deveria ser? 
* Um amontoado de técnicas, embora estas devam existir; 
* Um “fio” desligado da “tomada”, ou seja, das questões cruciais vividas nas 
disciplinas, na vida cotidiana, que é a sala de aula. 
 
Como assim? De um modo geral, os professores já fazem pesquisa, todos os 
dias, mesmo sem o saberem. Chamamos esse processo de pesquisa assistemática. 
 
Assim, para preparar uma aula, o professor pesquisa, assistematicamente, uma 
bibliografia (seleciona livros, textos, exemplos práticos, monta apostilas), entre outros 
procedimentos comuns. Outras vezes retira de sua própria experiência, reflexões e 
 9 
constatações: “ turma X é assim”, “o perfil do aluno do curso tal é assim...”, a “vida é 
assim”. 
 
A partir das experiências empíricas, empreendemos a generalização ou 
sinédoque, como preferem os lingüistas. Mas a ciência precisa de rigor para fazer 
qualquer generalização. 
 
E temos aqueles que já fazem trabalhos e estudos organizados e trabalham 
com grupos de estudo, em seminários, em associações científicas, em mestrados e 
doutorados, que escrevem livros etc. 
 
Há duas formas de apresentar a metodologia: 
Há diversas maneiras de abordar e apresentar as metodologias. Apresentamos, 
especificamente, duas formas distintas: 
 
Formal – abre-se um “velho” manual. Dele se extraem conceitos e definições. Aplicam-
se conhecidas formas de avaliação, procura-se “reproduzir” o que se leu e aprendeu; 
 
Vital – abre-se a vida, e as experiências do dia-a-dia, e a partir dela mergulha-se nas 
metodologias e nas pesquisas; aplicam-se, de forma inovadora, conhecidas formas de 
avaliação, e, porque não, elaboram-se novas maneiras de avaliar. 
 
Muitas vezes, vem à tona a questão da utilidade e da importância das 
metodologias. Consideradas pelo prisma “formal”, essa questão tende a ser 
respondida de forma negativa, ou seja, o estudo das metodologias é considerado 
inútil, porque detalhista. 
Na maneira “vital”, as questões cotidianas, os interesses mais próximos de nós, 
tornam-se propulsores dos caminhos que queremos trilhar, dos “apetrechos” que 
precisamos usar para a caminhada. Os “apetrechos” são as regras, as normas e 
técnicas. E mais importante é a disposição de ”caminhar”, de buscar conhecimentos, 
pois afinal, os apetrechos servem para ajudar... 
 
Organização e Disciplina na vida acadêmica: 
A inserção do aluno no espaço da Universidade pressupõe o ingresso no campo 
da elaboração do trabalho científico, que tem como principal elemento norteador à 
pesquisa. Para uma boa realização do trabalho científico recomenda-se a organização 
e a disciplina. 
 
Por organização entende-se o bom aproveitamento do tempo, do espaço e dos 
instrumentos, equipamentos e recursos disponibilizados para o estudo, tais como, a 
duração das aulas, os laboratórios e bibliotecas, os livros, computadores e também os 
docentes. 
 
Por disciplina entende-se a dedicação do aluno ao estudo, sabendo beneficiar-
se o máximo possível da vida universitária para sua formação humana e profissional. 
 
 10 
É, pois, finalidade da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico auxiliar 
aos alunos a organizarem-se melhor nesse espaço escolar no qual se encontram e 
através de recomendações, dicas e orientações como poderão lidar com as exigências 
próprias da produção do trabalho científico, embora nada impeça que o aluno crie sua 
estratégia própria de organização, desde que não comprometa o processo de sua boa 
formação acadêmica. 
 
Condições para iniciara Metodologia: 
• Leitura: organização de horários; 
• Posição corporal; 
• Diversificação de fontes; 
• Leitura contínua. 
 
Diretrizes para a Leitura, análise e interpretação de textos: 
Indiscutivelmente, a leitura é o ponto de partida para a realização de qualquer 
trabalho científico. Entretanto, a leitura realizada com a finalidade de se elaborar um 
trabalho científico requer algumas condições como ambiente adequado, organização 
de horários, postura corporal adequada, diversificação dos tipos textuais, estudo do 
vocabulário do texto, questionamento do que se lê, identificação das referências 
históricas e filosóficas contidas no texto, sublinhamento de palavras-chave e idéias 
principais. 
 
Cinco passos básicos para uma boa leitura: 
• 1º passo: leitura elementar ou global: folhear e refletir sobre capa, sumário, 
introdução, conclusão, início de cada capítulo; 
• 2º passo: questionar o que se lê; rascunhar perguntas a lápis no texto, ou 
escrever perguntas no papel sobre o texto; uma técnica é dar títulos, subtítulos, fazer 
grifos, interpretar itálicos etc.; transformam-se os títulos/subtítulos em perguntas, 
esboçando-se, a seguir, respostas. 
• 3º passo: estudo do vocabulário: dicionários específicos (sociologia, psicologia, 
filosofia); levantamento de termos à medida que se lê; Um dicionário comum ajuda, 
mas é indispensável o uso de dicionários específicos (Filosofia, Psicologia, Sociologia) 
para o bom entendimento de um texto. A expressão “papel social”, por exemplo, será 
encontrada em um dicionário de Sociologia. Ainda nesse passo, realize o levantamento 
de termos ou palavras não compreendidas em uma folha, à medida que se lê, sem 
parar a leitura, pelo menos, até o item seguinte; depois procure o significado deles. Na 
pesquisa de vocabulário, faz-se a procura de termos próximos (por exemplo, para o 
termo “racionalidade”, podem ser procuradas “razão”, “objetividade” e “ciência”) ou 
termos da mesma família lingüística (sociologia, sociedade e socialização) ou pela 
origem etimológica (sociologia: do latim socius = sociedade e do grego logia / lógos = 
tratado, estudo). 
• 4º passo: identificar o contexto e as referências históricas, filosóficas, etc.; Mas 
não basta apenas a consulta das palavras, é preciso identificar-se o contexto em que 
são empregadas: a palavra está sendo usada para discutir-se uma proposição, para 
criticar-se um posicionamento? 
 11 
• 5º passo: sublinhar apenas palavras chave. Cuidado para não grifar tudo, não 
se deve pensar que tudo é importante; muitos não conseguem separar o que é 
importante do que é acessório. 
 
Observações: 
• Faça pausas na leitura. Recomenda-se que a cada 50 minutos, se faça uma 
pausa de 10 minutos. Deve-se ter sempre presente: o que o autor quer dizer com tal 
texto? 
• Identificação da tese do autor: todo texto tem uma proposição central, aquela 
que norteia os argumentos do autor. 
• Avaliação das idéias expostas: os argumentos do autor estão bem articulados? 
Que falhas existem na exposição das idéias? Elas estão estreitamente relacionadas 
entre si? 
• Só se devem sublinhar aspectos essenciais. Por exemplo, elementos de coesão 
que criem idéia de oposição (mas, embora etc.); 
• Reconstituição do texto, baseando-se nas palavras e expressões sublinhadas, o 
que permite a visualização imediata das idéias principais. 
Veja-se um exemplo de texto sublinhado: 
“A pergunta crucial do nosso tempo é se as formas de resistência atuais dos 
setores e classes sociais que estão sendo dilacerados pelo sistema têm outras 
alternativas. Uma saída não conservadora que possa aprofundar a democracia e 
retomar a inclusão social como essência do desenvolvimento [...]” (GENRO, 2000, p. 
66). 
 
Pré-condições do Trabalho Acadêmico: 
Diante da exigência de trabalhos acadêmicos, é preciso relembrar as pré-condições 
para uma boa vida acadêmica, para uma boa pesquisa, para um bom aproveitamento 
das disciplinas. Quais seriam: 
 Ambiente adequado; 
 Organização de horários para estudo e leitura; 
 Descanso: a cada hora de estudo 10 minutos de intervalo; 
 Posição corporal adequada: mesmo sendo-se malabarista, deve-se atentar para 
a posição, correta e confortável, ao estudar. 
 Diversificação das fontes de leitura para que se consiga “navegar” pelos 
diferentes tipos de textos. 
 Leitura contínua para a aquisição da prática: quem não possui hábito da leitura, 
ler devagar ou precisar de reler o texto várias vezes. 
 
O trabalho acadêmico, segundo a ABNT é: 
 
 Um documento que resulta de um estudo e que expressa um conjunto de 
conhecimentos construídos e adquiridos nas disciplinas, nos cursos e programas 
desenvolvidos. 
 Definição mais ampla: todo trabalho em forma de documento produzido no âmbito 
do Ensino Superior. 
 Nessa definição entram resenhas, resumos, projetos, relatórios (dos mais variados 
aspectos e formas). 
 12 
 
Forma e da estrutura – ABNT: 
 Os elementos da forma dizem respeito à apresentação gráfica, a como o trabalho 
deve ser digitado. A estrutura dos trabalhos, dizem respeito aos itens obrigatórios e 
essenciais. 
Elementos da estrutura do trabalho: 
O trabalho acadêmico é dividido em três partes básicas: 
* Elementos pré-textuais (antecedem o texto), 
* Elementos textuais (o texto) 
* Elementos pós-textuais (vêm após o texto). 
 
TEXTOS COMPLEMENTARES: 
 
TEXTO 01: O DESAFIO DA LEITURA 
 
 Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e 
principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar 
apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para 
os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. É muito 
importante participar das aulas; elas não circunscrevem, não limitam; ao contrário, 
abrem horizontes para as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos e 
quer atingir resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras 
desenvolvem programas de pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas 
e reconstrua ativamente o que outros já construíram. Para elaborar trabalhos de 
pesquisa, é necessário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e, 
principalmente, ler bem. 
 Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam 
criteriosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obrigatória, para quem 
quer colher todo fruto das aulas; outros são mais especializados ou se concentram em 
algum item do programa, e pode, entre os tratados gerais de consulta obrigatória, ser 
indicado um, como livro de texto. A indicação do livro de texto tem vantagens e 
inconvenientes cuja a análise ultrapassaria os limites que este compêndio impõe. 
Diremos, apenas, que o aluno não pode ater-se exclusivamente a ele. “Timeo 
Hominem Unius Libri”, diziam os antigos. Devemos temer o homem de um livro só. É 
necessário abeberar-se de outras fontes mais amplas mais especializadas sobre cada 
tema ou sobre cada pormenor dos programas. 
 Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer 
aparecer espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é necessário programar 
criteriosamente a utilização desse tempo, não seria igualmente impossível pensar em 
fazer um bom curso sem ter à mão boas fontes de leitura? É possível que se pretenda 
fazer um curso universitário sem freqüentar bibliotecas ou sem adquirir, ao menos, os 
livros básicos para cada programa? 
 A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo 
cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de 
comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com 
formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. 
Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lêmemoriza elementos de um todo 
 13 
que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não só estar 
capacitados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também estar 
habilitados a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aulas. 
Deveríamos ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conhecimentos, ou 
mero encanamento por onde as coisas apenas passam. 
 É preciso ler, ler muito, ler bem. 
 É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-lo. É necessário 
iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural tem 
crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de 
alimentar-se; comprometeria sua saúde. Também na leitura trabalhada devemos ser 
perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração 
de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada. 
 
TEXTO 02: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA 
 
Antes de evidenciarmos a importância da leitura, precisamos entender o que é 
ler e porque a leitura é uma atividade complexa que envolve vários aspectos, pois 
exige que o leitor mobilize diferentes tipos de conhecimentos para realizá-la. 
 De acordo com Isabel Solé, ler é um processo de interação entre o leitor e o 
texto. (Solé, 1987). Esta afirmação implica em várias conseqüências. Primeiro envolve 
a presença de um leitor ativo que processa e examina o texto, depois vem a existência 
de um objetivo para guiar a leitura, quer dizer uma finalidade. O universo de objetivos 
e finalidades que levam um leitor a um texto é amplo e variado; devanear, preencher 
um momento de lazer, buscar informações concretas, informar-se sobre um 
determinado fato, confirmar ou refutar sobre um conhecimento prévio, aplicar os 
conhecimentos obtidos com a leitura na realização de um trabalho. 
 Leitura é também construção de sentidos, Os PCNs em um trecho dizem que: "A 
Leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção de 
significados do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o 
assunto, sobre o leitor, de tudo o que se sabe sobre a língua: características do gênero, 
do portador, do sistema de escrita: decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. 
Trata-se de uma atividade que implica necessariamente, compreensão na qual os 
sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita. Qualquer 
leitor experiente que consegue analisar sua própria leitura constatará que a 
decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê: a leitura fluente 
envolve uma série de outras estratégias como seleção, antecipação, inferência e 
verificação, sem as quais não é possível rapidez e proficiência. "(PCNs, 1998). Nessa 
perspectiva permite-nos dizer que o leitor competente é aquele que é capaz de 
selecionar e utilizar dos mais variados textos que circulam socialmente e que consegue 
entender o que ler. 
 A Leitura constitui um importante escudo contra o processo de alienação, mas 
isso só é possível a partir do momento em que o sujeito compreende o que lê, ou seja, 
é capaz de ler além do texto. A Leitura tem uma função crítica e social muito 
importante, pois dá ao homem direito à opção, a um posicionamento próprio da 
realidade. 
 Podemos considerar que há finalidade da leitura que fazem parte das 
perspectivas gerais do individuo: 
 14 
 Ampliar a visão do mundo; 
 Inserir o indivíduo na cultura letrada; 
 Possibilitar a vivência de emoções; 
 Permitir a compreensão do processo comunicativo da linguagem; 
 Favorecer o processo de humanização e interagir nas relações sociais de seu 
tempo. 
 Dessa forma, uma educação que se queira libertadora, humanizante e 
transformadora passa necessariamente, pelo caminho da Leitura. E na organização de 
uma sociedade mais justa e mais democrática que vise a ampliar as oportunidades de 
acesso ao saber, não se pode desconhecer a importante contribuição política da 
leitura. 
 
LEITURA RECOMENDADA: 
 
ALVES, Rubem. A aula e o seminário. In: __________. O amor que acende a lua. São 
Paulo: Papirus, 1999. 
DEMO, Pedro. Princípio científico e educativo. 8ª ed. São Paulo, Cortez, 2001. 
LAVILLE, C.; DIONE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em 
ciências humanas. Belo Horizonte: UFMG; Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 
LIBANIO, J. B. Introdução à vida intelectual. São Paulo: Loyola, 2001. 
SILVA, José Maria; SILVEIRA, Emerson Sena. Apresentação de Trabalhos Acadêmicos: 
normas e técnicas. Juiz de Fora: Juizforana, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
AULA 02: Elaborando os Trabalhos Acadêmicos 
 
OBJETIVOS: 
* Apresentar os principais tipos de trabalho acadêmico tanto do ponto de vista dos 
conceitos, quanto das normas técnicas; 
* Identificar, caracterizar e diferenciar os principais tipos de trabalho acadêmico e os 
elementos constitutivos dos mesmos; 
* Apontar as diversas técnicas de documentação para elaboração do trabalho 
acadêmico e Identificar as características da linguagem científica. 
 
CONTEÚDO: 
 
Elaborando Fichamentos, Resumos e Resenhas... 
 
Relembrando os passos básicos da leitura: 
 Visão global: toma-se o livro ou texto, faz-se a leitura e a reflexão sobre o 
sumário, as “orelhas”, os subtítulos, a introdução, a conclusão e a lista das fontes de 
pesquisa; 
 Questionamento do que se lê: faz-se uma série de perguntas ao texto, 
rascunhadas (a lápis); 
 Um dicionário comum ajuda, mas é indispensável o uso de dicionários 
específicos (Filosofia, Psicologia, Sociologia); 
 Realizar um levantamento de termos não compreendidos; 
 Identificação das referências históricas e sociais contidas, para que o contexto 
seja esclarecido; 
 Na busca da essência do texto, o leitor tenta identificar as idéias principais. 
 
 
Nesta etapa, são exigências: 
a) A apreensão das principais proposições do autor; 
b) Não perder tempo, registrando-se detalhes; 
c) Conhecimento dos argumentos do autor (refutação, comprovação ou 
questionamento); 
d) Deve-se ter sempre presente: o que o autor quer dizer com tal texto? 
e) Avaliação das idéias expostas: os argumentos do autor estão bem articulados? Que 
falhas existem na exposição das idéias? Elas estão estreitamente relacionadas entre si? 
 
Organização da leitura 
• Ao se ler um livro ou qualquer texto para um resumo, uma prova, uma 
monografia, um relatório etc., é essencial que se façam anotações por escrito. 
• Podem ser utilizadas duas maneiras: a) anotação esquemática: um esquema 
numerado das idéias principais; b) anotação resumida: colocação das idéias principais. 
• Para realizá-las, é necessário: ler o texto sem interrupção; reler; levantar 
informações importantes para a compreensão do que se lê; sublinhar e rascunhar as 
anotações. 
 
 
 16 
FICHAMENTOS DE LEITURAS: 
 
• Os fichamentos destinam-se ao registro da leitura, essencial ao trabalho 
acadêmico (MEDEIROS, 2000). Eles podem ser feitos no computador, em fichas de 
papel com pauta, ou mesmo em folhas de ofício comuns (ou caderno, mas sem picote). 
Havendo necessidade de mais de uma ficha, elas serão numeradas no canto direito 
superior. 
• Os tipos básicos de fichamentos são: 
 
a) Fichamento de bibliografia: levantamento de livros, artigos e outras fontes sobre 
um tema. Um título genérico deve indicar o assunto que se está fichando (Cultura e 
violência, no exemplo abaixo). 
Cultura e violência 1 
MOESCH, N. Brasil: exclusão, direito e violência. Revista Científica da REDE DOCTUM, 
Caratinga, ano 23, v. 2, p. 34-56, abr. 2009. 
SARAMAGO, J. O novo mundo digital. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 junho 2003.Mais!, p. 3. 
SARAIVA, Bernardo. O mundo da violência. Petrópolis: Vozes, 2003. 
Obs.: a ficha de bibliografia pode ser prolongada indefinidamente e deve passar por 
uma constante atualização. 
 
b) Fichamento de citação: transcrevem-se os trechos essenciais do livro ou texto. 
Usam-se aspas e registra-se a página de onde foi retirada a citação. Obs.: Colocar o 
número da página da qual se extraiu a citação é essencial. Cuidado com o recorte de 
frases! Atentar para o contexto no qual elas estão inseridas. 
 
 
c) Fichamento de resumo: resume-se o conteúdo da leitura (partes ou todo). 
 
Metodologia da ciência 1 
 
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 15. ed. 
Brasiliense: São Paulo, 1992, capítulo 01. 
 
P. 03-05 – Esse texto reflete sobre a relação de semelhança entre senso-comum e a 
ciência. Analisa as imagens mais comuns sobre a ciência e o cientista. Defende que é 
preciso superar a crença de que o cientista, em relação a outras pessoas comuns, 
pensa mais e melhor. 
 
 
Metodologia da ciência 1 
 
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 15. ed. 
Brasiliense: São Paulo, 1992. 
 
P. 11 - “O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque ele induz o 
comportamento e inibe o pensamento.” 
 17 
RESENHA: 
O que é resenha, afinal? A resenha é um “trabalho crítico, exigente e criativo” 
(MEDEIROS, 2000). Podem ser resenhados filmes, peças teatrais, livros literários 
(romance, poesia etc.), livros acadêmico-científicos, artigos etc. Seu tamanho, em 
geral, varia de três a seis páginas. Há dois tipos de resenha: descritiva e avaliativa. O 
primeiro tipo é geral, aparece em jornais e revistas de grande circulação. O segundo é 
mais específico, sendo a resenha realizada por especialistas da área em questão, 
aparecendo em revistas acadêmico-científicas. 
A resenha compõe-se de 3 partes básicas: 
1- Breve resumo inicial: apresentam-se o autor e o livro; as conclusões/metodologia do 
autor, explicitando-se as teorias e os dados nos quais o autor se baseou; 
 
2 - Apreciação crítica: avaliação da qualidade/consistência. O resenhista posiciona-se, 
analisando-o (não usa ADJETIVOS ou “Eu acho”), comenta as fontes, teorias e autores 
mencionados; identifica os diversos tipos de contexto nos quais a obra está inserida: 
(histórico,social, político). A crítica deve seguir dois caminhos: a) interna (conteúdo da 
obra e significado analisados); b) externa (obra analisada nos contextos cultural e 
social nos quais foi produzida); 
 
3 - Conclusão: síntese ou elaboração de um texto que expresse de forma sintética as 
idéias originais. É opcional a recomendação da leitura. 
 
A resenha deve fazer três tipos de análise: 
 
Análise textual: pesquisa do vocabulário e sondagem dos fatos apresentados e 
autoridade dos autores citados; estudam-se conceitos, termos empregados, dados 
históricos e teorias usadas; a seguir, elabora-se um rascunho; 
 
Análise temática: responde-se às seguintes questões: sob qual perspectiva o texto 
trata dos assuntos? Que problema o autor enfoca? Como soluciona? Que posição 
assume? Como demonstra o raciocínio? 
Análise interpretativa: apresenta-se uma posição a respeito das idéias do texto. Situa-
se o autor em um contexto, respondendo-se às seguintes questões: qual a 
coerência/originalidade do texto? Qual a contribuição que apresenta? O autor atinge o 
objetivo proposto? O que deixou de ser abordado? A abordagem foi adequada? 
 
A resenha é digitada com as seguintes regras: 
 
 Título: a resenha PODE (ou não) ter título próprio digitado em letras maiúsculas, 
tamanho 12, centralizadas, negritadas e entrelinhamento 1,5, na 3ª linha. O subtítulo 
(se houver) deve subordinar-se ao título, com a mesma formatação, separado do título 
por dois pontos. 
 Autor: nome de quem fez a resenha, seguido de uma nota de rodapé na primeira 
página, com o breve relato das credenciais do autor da resenha. 
 Nome do autor digitado com recuo esquerdo de 8 cm (letras normais, 12, sem 
negrito, com entrelinhamento 1,5); entre o título/subtítulo e o autor, deixa-se uma 
linha em branco de espaçamento (tamanho 12 e entrelinhamento 1,5). 
 18 
 Referência: letra tamanho 12, alinhadas à esquerda, entrelinhamento simples; 
entre o nome do autor da resenha e a referência, deixa-se uma linha em branco de 
espaçamento; o mesmo espaçamento entre a referência e o início do texto. 
 O texto da resenha é escrito em letras normais, tamanho 12, justificadas e com 
entrelinhamento 1,5. 
Exemplo: 
 
CILENE, Emile. A falência do modelo patriarcal de família. 3. ed. São Paulo: Graal, 
2009, 40 páginas, 14 x 21 cm, ISBN 309868-89. 
 
Haverá um futuro para a família tradicional? 
Renato Emílio1 
 
Emile Cilene, pesquisadora e socióloga francesa radicada no Brasil é 
considerada um das melhores estudiosas da sociologia da família. Pesquisando 
estatísticas e desenvolvendo análises longitudinais, o livro é perturbador, para dizer o 
mínimo. 
Segundo Cilene, a família patriarcal tradicional está em constante e 
irremediável declínio, constatação que aparece ao longo dos dez capítulos da obra. 
Escrito originalmente na década de 1979, é criativo, porém peca ao não citar 
as fontes. O livro é escrito em uma postura ofensiva, sem atentar para a linguagem 
científica. 
Nos capítulos iniciais, a família patriarcal é demolida a golpes de psicanálise e 
sociologia. A família patriarcal é fonte de neuroses e acumuladora de capital. 
Portanto, apesar de ser um clássico na sociologia das famílias, é preciso ler 
com cuidado, pois falta ao autor, a linguagem científica exigida em um assunto tão 
importante. 
____________________________ 
1 Mestre em Administração, professor da Rede Doctum ou Aluno do 2º período do 
curso de Administração das Faculdades Doctum de Caratinga. 
 
RESUMO: 
O que é um resumo? Ele pode ser definido como “uma apresentação sintética e 
seletiva das idéias de um texto, ressaltando a progressão e a articulação entre elas” 
(MEDEIROS, 2000, p. 123). 
 
O que não é resumir? Resumir não é cópia, não é substituição de um termo ou outro, 
não é inversão da ordem da frase. Por fim, ele não deve apresentar crítica, pois, nesse 
caso, tornar-se-ia uma resenha. 
 
Os resumos são classificados em dois tipos básicos: 
 
Resumo indicativo: resumo da idéia principal. Digitado em bloco único. (notas e 
comunicações, “orelhas” de livros, artigos e trabalhos de conclusão, relatórios técnico-
científicos, dissertações e teses); 
Referência com os dados completos 
Título de apresentação da resenha (opcional) 
Nome do resenhista, indicado por uma nota de 
rodapé na primeira página. 
Introdução: panorama da obra. 
Conclusão: posição e recomendação. 
Apresentação do autor e do livro. 
Credenciais do resenhista. 
Análise, apreciação ou desenvolvimento. 
 19 
Resumo informativo: expõe finalidades, metodologia, resultados e conclusões, 
podendo substituir a consulta ao texto original. Pode chegar à cerca de 15% do texto 
completo. 
 
Como deve ser um bom resumo? Ao se resumir um livro (ou partes), um artigo etc., o 
texto deve ser redigido como um todo, com poucas divisões internas e sem se 
imitarem as divisões de capítulos/itens do livro ou do texto. 
 
Quais são os principais itens de um resumo? Para que seja inteligível, o resumo deve 
conter três partes: 1 - Introdução: apresentação do autor do livro ou texto 
(credenciais, formação etc) e do livro (exposição geral dasidéias importantes e da 
estrutura do livro ou obra); 2 - Desenvolvimento: assunto do texto, objetivo, 
metodologia, critérios utilizados e a articulação das idéias; 3 - Conclusão: síntese dos 
principais argumentos do autor. 
 
Qual poderia ser o estilo de redação do resumo? Pode-se: a) Usar linguagem pessoal 
(“busco apresentar neste trabalho...”) ou impessoal (“busca-se apresentar neste 
trabalho...”), desde que ela seja uniforme ao longo de todo o trabalho; 
Não usar adjetivos! 
Resumir comporta duas partes: 1. a compreensão do texto original; 2. a elaboração de 
um texto pessoal. Na construção da redação final do resumo, a idéia do autor do texto 
original surge reelaborada. O principal instrumento disso é a paráfrase. 
 
O que é paráfrase? É traduzir “as palavras de um texto por outras de sentido 
equivalente, mantendo as idéias originais” (MEDEIROS, 2000, p. 151). 
 
Evite a paráfrase de simples substituição, muito comum. As palavras são substituídas 
por termos equivalentes, ou inverte-se a ordem da frase. Exemplo: “O problema, 
portanto, não é realizar ou não as reformas, mas como realizá-las”. Paráfrase pobre: O 
problema é como realizarem-se as reformas, não saber se vão ou não ser realizadas. 
Essa paráfrase é pobre, é quase plágio. 
 
Segundo o dicionário Aurélio, plágio significa “Assinar ou apresentar como seu (obra 
artística ou científica de outrem)”. A origem etimológica da palavra ilustra o conceito 
que ela carrega: vem do grego (através do latim) plagios, que significa trapaceiro (...) 
(FERREIRA, 2004). 
 
Quais são os passos do resumo? 
PRIMEIRO - Ler atentamente: uma leitura de folheio e outra mais profunda 
(vocabulário); 
SEGUNDO - Sublinhar as palavras-chave; 
TERCEIRO – Aplicar, caso seja possível, 3 itens: 
1- Enxugamento: cortar todas as palavras não essenciais ou que não interfiram no 
sentido do texto; (cuidado com palavras de oposição: mas, contudo, todavia) 
2 – Generalização: trocar elementos particulares por um elemento geral. Exemplo: 
 Em um dia de domingo, José foi a feira comprar batata, chuchu, cenoura e nabo. 
 José comprou legumes na feira. 
 20 
3 – Seleção: o texto é relido e seleciona-se os termos definitivos; 
QUARTO – Rascunho: elabora-se um rascunho sem ler o original. 
QUINTO - Depois se compara com o original, corrigi-se e se faz o definitivo. 
 
Diretrizes para a realização de um Seminário: 
 
O que é um seminário? O seminário é um procedimento que usa dinâmica de grupo 
para estudo e pesquisa. 
 
Qual seu objetivo? Ele visa a aprofundar a reflexão sobre determinado problema a 
partir da utilização de textos/equipes. É um círculo de debates para o qual todos 
devem estar suficientemente preparados. Pode incluir o uso de recursos visuais 
 
Existem diverso tipos de seminário? Sim, entre eles: 
 1- Seminário temático: os participantes apresentam trabalhos, diversificados quanto à 
maneira de abordagem do tema, mas convergentes na temática. Um seminário sobre 
violência, por exemplo, pode apresentar e discutir visões diferentes acerca do tema; 
nesse caso, pode-se lançar mão de outros recursos (vídeo, murais, símbolos etc.) 
desde que não exceda o tempo de apresentação do grupo; 
2 - Seminário de leitura/estudo de textos: escolhem-se diversos textos por tema, os 
quais todos os participantes devem ler, para que ocorra um bom debate. A lista das 
fontes precisa ser bem selecionada. Não é recomendável a divisão de páginas de 
leitura ou capítulos de uma mesma obra entre os membros do grupo. Isso dificulta a 
visão do todo. O ideal é que todos leiam integralmente o texto e, depois, discutam. 
 
Quais os procedimentos importantes para a boa realização de um seminário? 
 Cada equipe do seminário tenha no máximo 5 ou 6 integrantes; 
 A equipe deve reunir-se algumas vezes antes da apresentação, para melhor 
preparar o seminário; 
 A arrumação do local deve permitir o diálogo coletivo (disposição circular é uma 
alternativa, entre outras); 
 É necessário um texto-roteiro, escrito e distribuído com antecedência aos 
participantes (pelo menos uma semana antes). O texto deve ter: apresentação geral 
(resumo do tema), esquema (tópicos), questões para debate (2 ou 3) e o trecho de um 
livro, artigo etc., que sirva de base às discussões; 
 O coordenador do seminário e distribui o tempo da apresentação de cada grupo 
(máximo 20 minutos) e realiza intervenções oportunas. O tempo deve ser dividido de 
forma a se contemplarem os seguintes momentos: breve apresentação inicial do tema, 
apresentação das questões norteadoras, amplo debate acerca do tema e breve 
conclusão. 
 
O professor poderá intervir nas exposições e debates sempre que julgar necessário, 
pois o seminário é como juntar as peças de um grande quebra-cabeça: cada um tem 
um pedacinho. Qualquer um do grupo pode fazer a pergunta inicial. O professor 
funciona apenas como juiz da partida (ALVES, 1999). 
 
 
 21 
TEXTOS COMPLEMENTARES: 
 
TEXTO 01: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L9610.htm 
 
TEXTO 02: ERA DA INFORMAÇÃO OU DO LIXO ELETRÔNICO? 
Stephen Kanitz - administrador e economista. 
 
"Vigilância epistêmica" é a preocupação que todos nós devíamos ter com relação a 
tudo o que lemos, ouvimos e aprendemos de outros seres humanos, para não sermos 
enganados. Significa não acreditar em tudo o que é escrito e é dito por aí, inclusive 
em salas de aula. Achar que tudo o que ouvimos é verdadeiro, que nunca há uma 
segunda intenção do interlocutor, é viver ingenuamente, com sérias conseqüências 
para nossa vida profissional. Discordo profundamente desses gurus, estamos na 
realidade na "Era da Desinformação", de tanto lixo e "ruído" sem significado científico 
que nos são transmitidos diariamente por blogs, chats, podcasts e internet, sem a 
menor vigilância epistêmica de quem os coloca no ar. É mais uma conseqüência dessa 
visão neoliberal de que todos têm liberdade de expressar uma opinião, como se 
opiniões não precisassem de rigor científico e epistemológico antes de ser emitidas. 
Infelizmente, nossas universidades não ensinam epistemologia, aquela parte da 
filosofia que nos propõe indagar o que é real, o que dá para ser mensurado ou não, e 
assim por diante. Embora o ser humano nunca tenha tido tanto conhecimento como 
agora, estamos na "Era da Desinformação" porque perdemos nossa vigilância 
epistêmica. Ninguém nos ensina nem nos ajuda a separar o joio do trigo. Foi por isso 
que as "elites" intelectuais da França, Itália e Inglaterra no século XIV criaram as várias 
universidades com catedráticos escolhidos criteriosamente, justamente para servir de 
filtros [...] Há 500 anos nós, professores titulares, livres-docentes e doutores, nos 
preocupamos com o método científico, a análise dos fatos usando critérios científicos, 
lógica, estatísticas de todos os tipos, antes de sair proclamando "verdades" ao grande 
público. Hoje, essa elite não é mais lida, prestigiada, escolhida, entrevistada nem 
ouvida em primeiro lugar. Pelo contrário, está lentamente desaparecendo, com sérias 
conseqüências. 
 
Fonte do texto: Revista VEJA; São Paulo: Abril, edição 2028, ano 40, n º 39, 3 de out. 
2007, p. 20. 
 
 
LEITURA RECOMENDADA: 
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 
1995. 
LAVILLE, C.; DIONE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em 
ciências humanas. Belo Horizonte: UFMG; Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 
1992. 
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1996. 
SILVA, José Maria; SILVEIRA, Emerson Sena. Apresentação de Trabalhos Acadêmicos: 
normas e técnicas. Juiz de Fora: Juizforana, 2002. 
 
 22 
AULA 03: A Ciência e o Conhecimento nas suas múltiplas interações – Apontamentos 
sobre o Conhecimento Humano 
 
OBJETIVOS:* Reconhecer a importância do conhecimento para o desenvolvimento pessoal e 
profissional. 
* Identificar a importância do conhecimento para o desenvolvimento de uma nação. 
* Identificar os tipos de conhecimento existentes diferenciando-os do conhecimento 
científico a partir da caracterização dos mesmos; 
* Compreender os conceitos dos tipos de conhecimento e sua aplicabilidade na 
construção da ciência 
 
O Conhecimento Humano e seu Foco Histórico... 
 
Antes de tudo, é necessária a compreensão de que o conhecimento é a 
incorporação de uma explicação nova, ou original, ou a revisão de alguma outra 
explicação sobre um determinado fato, fenômeno ou evento. 
 
Disto decorre que o conhecimento não nasce do vazio, mas das atividades 
humanas, de suas experiências cotidianas. Por isso o homem é o único ser capaz de 
criar, produzir e transformar conhecimento, bem como aplicá-lo em diferentes meios e 
situações visando a melhoria da condição humana. 
 
 Nesse processo, criamos sistemas simbólicos, como a linguagem, do qual nos 
utilizamos para registrar nossas próprias experiências e repassá-las aos outros. Por 
essa razão, o conhecimento científico deve ser entendido como uma forma de 
conhecimento, mas não a única, pois se trata de uma linguagem (ou sistema simbólico) 
própria para o registro e transmissão das experiências humanas. 
 
Os Tipos de Conhecimento... 
 
Conhecer é atividade fundamental e importante para as ciências em geral, para 
os homens, para as organizações. Na vida pessoal e profissional. 
 
Mas como se conhece? Com o é possível ter certezas sobre o que se conhece? 
Quais são os tipos de conhecimento? 
 
São perguntas importantes para adentrar na metodologia, ou seja, no caminho 
que conduz ao conhecimento. 
 
 
POR ONDE A GENTE APRENDE E CONHECE? 
 
 
Pense nas situações abaixo: 
 
 23 
 Um grupo de guerreiros indígenas toma cuidado quando colocam a canoa na 
água porque crêem que se ela balançar não terão êxito na pesca; 
 Um homem anda pelo mato, corta um galho na forma da letra V, levando-o 
suspenso acima do solo procurando fontes de água; 
 Um médico percorre as páginas de um livro de Dermatologia tentando 
identificar uma erupção na pele de um paciente; 
 
 Cada uma dessas pessoas procura solução e explicação. Suas fontes de "verdade". 
 
E, em termos metodológicos, quais poderiam ser as fontes da verdade ou das 
verdades? 
 
Intuição: qualquer lampejo de introvisão (certa ou errada) cuja fonte o receptor não 
pode ou não consegue identificar/explicar totalmente. 
 
Ex.: Galeno, médico grego do século II d. C.. Preparou um mapa do corpo humano que 
mostrava onde poderia ser penetrada a pessoa humana que 
houvesse ferimento fatal. Como sabia? Apenas sabia. 
 
Autoridade: legitima a massa de experiência e de conhecimento. 
 
Ex.: Galeno, médico grego foi citado e usado como fonte verdadeira até cerca de 1800 
pelos médicos. Outra autoridade na área dos conhecimentos em geral foi Aristóteles. 
 
Uma autoridade não descobre novas verdades, mas pode sufocar ou impedir a 
investigação e a descoberta de outras. 
 
Ex: A Inquisição Católica, O Partido Comunista etc. 
 
Mas a autoridade é um ponto de referência. Por quê? Grande quantidade de 
conhecimentos = os indivíduos não dominam todo conteúdo = os especialistas que 
coletaram conhecimento em determinado campo. 
 
Autoridade pode ser: 
 
Autoridade religiosa ou sagrada, que surge da fé, da tradição ou de documentos 
sagrados: Bíblia, Alcorão ou Tradição oral; 
 
Autoridade secular, que surge do acúmulo da tradição não-religiosa por meio da 
literatura ou das comprovadas investigações científicas. Subdividida em: científica 
secular e humanista secular. 
 
a) Tradição e costumes: Caracteriza-se pelo acúmulo de experiências e informações. 
Porém preserva tanto sabedoria como informações inúteis. 
 
b) Bom senso: podem ser definidas como um grupo de idéias formuladas pela 
observação e experiência assistemática, sem controle científico. Elas frequentemente 
 24 
resultam em auto-engano, pois alega-se que não precisam de provas ou então que já 
forma provadas. Não resistem a uma análise científica mais eficaz. 
 
Leia os exemplos: 
 O caráter de uma pessoa transparece no rosto; 
 Quem trapaceia nas cartas trapaceia nos negócios; 
 A literatura pornográfica encoraja crimes e perversões sexuais; 
 
Esses ditados populares são apenas impressões, pois a investigação científica constata 
que: 
 
 Não existe correlação definida entre as características faciais e as da 
personalidade 
 A honestidade em uma situação pouco diz sobre o comportamento de uma 
pessoa em outra 
 Não existe correlação entre o consumo de literatura pornográfica e 
comportamento sexual socialmente desaprovado. 
 
 Bom senso e tradição estão juntas e formam o saber tradicional de um 
povo. O chamado conhecimento popular ou senso comum. A distinção entre os dois 
tipos de fontes de verdade é a seguinte: a primeira seriam as “verdades” aceitas sem 
critica (recentes ou antigas) e a segunda seriam as “verdades” que a muito tempo se 
acreditam que sejam assim. 
 
 O bom senso reúne observações práticas da vida social. Muitas vezes se 
baseiam em ignorância, preconceito e interpretação errônea. Ex.: o europeu medieval 
observando que os pacientes febris estavam livres de piolhos, o que não ocorria com 
os outros tiraram conclusões do bom senso de que o piolho curava a febre e por isso 
salpicavam de piolhos a cabeça dos pacientes febris. 
 
CONSTRUINDO CONCEITOS A PARTIR DOS TIPOS DE CONHECIMENTO: 
 
Conhecimento 
Popular 
Conhecimento 
Filosófico 
Conhecimento 
Religioso 
(Teológico) 
Conhecimento 
Científico 
Valorativo 
Reflexivo 
Assistemático 
Verificável 
Falível 
Inexato 
Valorativo 
Racional 
Sistemático 
Não verificável 
Infalível 
Exato 
Valorativo 
Inspiracional 
Sistemático 
Não verificável 
Infalível 
exato 
Real (factual) 
Contingente 
Sistemático 
Verificável 
Falível 
Aproximadamente 
exato 
Fonte: (TRUJILLO,1974) 
 
 
 
 
 25 
Conhecimento Popular: 
 
Pelo conhecimento empírico, a pessoa percebe entes, objetos, fatos e 
fenômenos e sua ordem aparente, tem explicações concernentes à razão de ser das 
coisas e das pessoas. Esse conhecimento é constituído de interações, de experiências 
vivenciadas pela pessoa em seu cotidiano e de investigações pessoais feitas ao sabor 
das circunstâncias da vida; é sorvido dos outros e das tradições da coletividade ou, 
ainda, tirado de uma religião positiva (CERVO; BERVIAN; SILVA apud IBE, 2010, p.05). 
 
A pessoa comum, que não precisa operacionalizar métodos e técnicas 
científicas para a construção de seu conhecimento, tem, entretanto, conhecimento do 
mundo material exterior em que se acha inserida e de um certo número de pessoas, 
seus semelhantes, com as quais convive. Vê essas pessoas no momento presente, 
lembra-se delas, prevê o que poderão fazer e ser no futuro. Tem consciência de si 
mesma, de suas ideias, tendências e sentimentos. Cada qual se serve da experiência do 
outro ora ensinando, ora aprendendo, em um intenso processo de interação humana e 
social. Pela vivência coletiva, os conhecimentos são transmitidos de uma pessoa a 
outra e de uma geração a outra. (IBE, 2010, p.05) 
 
Conhecimento Filosófico: 
 
Distingue-se do conhecimento científico pelo objeto de investigação e pelo 
método. O objetodas ciências são os dados próximos, imediatos, perceptíveis pelos 
sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem material e física, são suscetíveis 
de experimentação. O objeto da filosofia é constituído de realidades mediatas, 
imperceptíveis aos sentidos e que, por serem de ordem suprassensíveis, ultrapassam a 
experiência. A ordem natural do procedimento é, sem dúvida, partir dos dados 
materiais e sensíveis (ciência) para se elevar aos dados de ordem metafísica, não 
sensíveis, razão última da existência dos entes em geral (filosofia). Parte-se do 
concreto material para o concreto supramaterial, do particular ao universal (CERVO; 
BERVIAN; SILVA apud IBE, 2010, p.06). 
 
Para (SOUZA; FIALHO; OTONI, apud IBE, 2010, p. 08) o conhecimento filosófico 
se caracteriza pelo esforço da razão em questionar os problemas humanos. Reflete a 
crença de um grupo de pessoas que são os filósofos. A postura destes é especulativa 
diante dos fenômenos gerando conceitos subjetivos. Eles dão sentido aos fenômenos 
gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. 
 
Conhecimento Religioso ou Teológico: 
 
Apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por 
terem sido reveladas pelo sobrenatural e que, por esse motivo, são consideradas 
infalíveis e indiscutíveis. (IBE, 2010, p.08) 
 
O que funda o conhecimento religioso é a fé. Não é preciso ver para crer e 
devemos crer mesmo que as evidências apontem para o contrário do que a religião 
nos ensina. As “verdades” religiosas estão registradas em livros sagrado ou são 
 26 
reveladas pelos deuses (ou outros seres espirituais) por meio de alguns iluminados, 
santos ou profetas. Essas verdades são em geral tidas como definitivas e não permitem 
revisão mediante a reflexão ou a experiência. Nesse sentido, podemos classificar sob 
esse título os conhecimentos ditos místicos ou espirituais (MATTAR apud IBE, 2010, 
p.08). 
 
Conhecimento Científico: 
 
Ultrapassa os limites do conhecimento empírico na medida em que procura 
evidenciar, além do próprio fenômeno, as causas e a lógica de sua ocorrência. O 
conhecimento científico, assim como o filosófico, é racional, mas tem a pretensão de 
ser sistemático e de revelar aspectos da realidade. As noções de experiência e 
verificação são essenciais nas ciências; o conhecimento científico deve ser justificado e 
é sempre passível de revisão, desde que se possa provar sua inexatidão. Entretanto, 
não devemos esquecer que a Matemática, por exemplo, é considerada por muitos 
uma ciência, apesar de grande parte de seus conhecimentos não se referir 
diretamente à realidade e não poderem ser por ela provados ou refutados. (IBE, 2010, 
p. 09). 
 
Para o conhecimento científico a única autoridade é a reflexão, a critica, a 
testagem e a verificação, mesmo se aplicadas contra ela mesma. Aliás, é isso a 
principal diferença do conhecimento científico para outros tipos de conhecimento: a 
capacidade de colocar o conhecimento como algo provisório, sujeito a uma futura 
superação. 
 
 
Para José Carlos Rodrigues: 
 
o que faz do cientista um cientista é, sobretudo, a consciência que tem do caráter 
acientífico da ciência. Ele não acredita no mito da ciência e é exatamente essa 
desconfiança o que lhe permite exigir métodos cada vez mais rigorosos, teorias 
crescentemente explicativas e bem formuladas, pontos de vista intelectuais sempre 
mais flexíveis, diversificados e abrangentes [...] Criticando-se continuamente, 
utilizando a própria debilidade como força maior, a ciência se faz. 
 
 
 O fiel acredita no mito de sua religião, inclusive pensando que não se trata de 
mito, mas da verdade. “Os mitos são as crenças e os conhecimentos dos outros, a 
minha crença e meu conhecimento são verdadeiros e, portanto, fora de dúvida e 
questão...”. 
 
 Algum outro tipo de conhecimento (religioso, teológico, popular, tradicional) é 
capaz de se repensar e pensar, duvidar de si e buscar novas perguntas, sempre? 
 
 O problema é quando este argumento, o da confiança e da autoridade, é 
invocado para desqualificar indivíduos ou grupos. No entanto, mesmo os cientistas e 
professores-pesquisadores podem usá-lo... 
 27 
 
 Por isso, de golpes e contragolpes vive a Ciência. Outros pensadores surgiram e 
golpearam as idéias dos três homens mencionados acima. Por exemplo: Karl Popper. 
 
 Para ele, o método indutivo, base da Ciência Moderna (observação de fatos 
particulares, análise com a descoberta de padrões e posterior generalização que se 
torna “lei”) é falho. Suponha-se que se observem e se analisem patos. Todos os mil 
patos observados durante a experiência eram brancos com bolinhas pretas. Com base 
nessas premissas (aplicando testes, experimentos e fazendo reverificações) conclui-se: 
os patos são brancos com bolinhas pretas. 
 
 Mas basta aparecer um com bolinhas roxas (e de repente, mais outro, mais 
outro...) que a teoria dos patos vai precisar ser revisada. Nada na razão humana 
garante (100%) que não vá aparecer ou que não exista um pato com bolinhas roxas. 
Em outras palavras, a ciência não se move nas certezas, mas nas PROBABILIDADES. 
 
 E aqui vale uma lição dos livros de investigação policial: o improvável não é 
impossível. 
 
 Quanto a Marx e a Freud, Popper diz que muitos (não todos) de seus 
postulados não são conhecimentos científicos, mas um tipo de saber, uma mitologia, 
meta-narrativas ou outra coisa (menos ciência) por que não são FALSIFICÁVEIS. 
 
 O que quer dizer essa palavra complexa? Quer dizer que não podem ser 
submetidos a uma prova de refutação, a testes rigorosos, a tentativas de refutação, 
em outras palavras, são crenças: ou se acredita ou não se acredita. Mais ou menos 
como um “credo religioso”. 
 
O que hoje se pensa a respeito dessa diversidade de conhecimentos? 
 
PRIMEIRO: não há hierarquia de fato, ou seja, um não é “superior” ao outro, todos são 
formas de compreender a complexa realidade que envolve todos os seres humanos, 
embora haja grupos que consideram um ou outro “melhor”; 
 
SEGUNDO: o positivismo, que via no conhecimento científico a suprema realização do 
homem e a necessidade deste de subjugar os outros tipos, acabou sendo questionado 
tanto nas ciências humanas, quanto nas ciências naturais; 
 
TERCEIRO: as relações entre os conhecimentos são complexas, não são de total 
negação e conflito e também de total aprovação e harmonia. No entanto, em alguns 
momentos na história e nas sociedades, os conhecimentos travam violenta disputa, 
por exemplo: a condenação de Galileu perante o papado em Roma ou uma, menos 
conhecida, como a do médico espanhol Miguel de Servet diante de Calvino, um dos 
líderes da Reforma Protestante. 
 
 28 
QUARTO: são conhecimentos simultâneos e, muitas vezes, passamos de um para o 
outro sem perceber. Se o movimento de trânsito é percebido, é porque se faz um 
esforço de pesquisa e de reflexão sobre as práticas diárias. 
 
 Alguns dizem que a ciência deve ser engajada nas mudanças: deve dizer o que 
fazer, deve assumir uma postura real e ajudar na socialização dos conhecimentos 
(evitar ou diminuir a formação de “elites do saber”; promover a diminuição da desigual 
distribuição da tecnologia), na emancipação do sujeito (contribuir efetivamente para 
que as pessoas sejam autônomas social e politicamente) e na mudança social (atuar 
na busca do desenvolvimento social e econômico para todos). 
 
 Outros pensam que ela deve buscar objetividade e neutralidade, embora não 
sejam de todo alcançáveis, e que os cientistas é que devem fazer, por sua conta e 
risco, opções e propostas. 
 
Os Níveis de Conhecimento... 
 
Em se tratando do conhecimento científico, identificamos pelo menos três 
níveis para sua abordagem: o nível ontológico ou cosmogológico, o nível 
epistemológico ou das teorias do conhecimentoe o nível metodológico. 
 
TEXTOS COMPLEMENTARES: 
 
TEXTO 01: A realidade como ponto de partida para a construção do conhecimento 
 
 É, pois, a realidade o ponto focal do processo de construção do conhecimento. 
Assim, é preciso compreender o que é a realidade enquanto objeto de estudo, pois 
ela não é algo que se constrói fora da relação com o sujeito. Ao contrário, é na 
interação com o sujeito que ela é significada. Por isso, cada sujeito a representa de 
forma diferenciada, pois as interações não se repetem, dependem da temporalidade 
sócio-históricas em que o sujeito se insere. Numa via de mão dupla, realidade e 
sujeitos se constroem mutuamente e pela relação que se estabelece entre eles. A 
interrogação sobre a realidade é sempre feita a partir de um ponto de vista, social e 
historicamente determinado. 
 Nesse sentido, podemos dizer que o conhecimento é social e historicamente 
construído. Ele é uma forma de compreender e significar o mundo e a vida. É o que 
pode ser lido na história da ciência, seja no campo das ciências da natureza, seja no 
campo das ciências sociais. Seja passando por Aristóteles, Newton ou Einstein, seja 
passando por Descartes, Marx, Weber ou Freud. O ponto comum entre eles é a 
interrogação incessante na busca de compreensão da realidade, tanto natural, quanto 
social. 
 Tem-se, portanto, como ponto de partida, na produção do conhecimento, um 
ponto de vista sobre o qual se exerce uma ação reflexiva utilizando-se de informações 
teóricas já produzidas, mas sempre desdogmatizando-se, para se permitir construir 
outros conhecimentos necessários à compreensão da realidade. Disso decorre que o 
conhecimento sobre um determinado objeto pode ter diversas versões, dependendo 
de quem o conhece, quando o conhece e para busca conhecê-lo. 
 29 
 Estar atento às perguntas, aos pontos de vistas é, portanto, promover a 
construção do conhecimento comprometido com os problemas sociais, culturais, 
econômicos e políticos do contexto vivido, traduzindo-o em produtos e processos 
úteis para a sociedade em geral. Isso significa romper com a representação segundo a 
qual o lugar de produção, circulação e utilização de conhecimento é, essencialmente, 
a comunidade acadêmica. 
 A pesquisa é a atividade básica da ciência na sua indagação e construção da 
realidade. É a pesquisa que alimenta a construção do conhecimento e o atualiza 
frente à realidade do mundo. Sendo assim, o ato de pesquisar é direcionado pela 
aquisição de um conhecimento que possibilita a solução e a explicação de fenômenos 
e problemas práticos da realidade cotidiana vivenciada pelo homem. 
 O problema, é portanto, a base, o início da investigação: uma dúvida, uma 
questão, uma pergunta, que demanda a criação de novos referenciais. Como afirma 
Einstein a formulação de um problema é mais essencial que sua solução. Isto porque a 
ciência não tem por finalidade descrever a realidade, mas lançar perguntas para 
resignificá-la. 
 
(RIBEIRO, Lusia Pereira e VIEIRA, Martha Lourenço. Fazer pesquisa é um problema? 
Belo Horizonte: Lápis Lazuli, 1999). 
 
TEXTO 02: A Ciência 
 
Do medo à Ciência 
 A evolução humana corresponde ao desenvolvimento de sua inteligência. Sendo 
assim podemos definir três níveis de desenvolvimento da inteligência dos seres 
humanos desde o surgimento dos primeiros hominídeos: o medo, o misticismo e a 
ciência. 
 
a) O medo: 
 Os seres humanos pré-históricos não conseguiam entender os fenômenos da 
natureza. Por este motivo, suas reações eram sempre de medo: tinham medo das 
tempestades e do desconhecido. Como não conseguiam compreender o que se 
passava diante deles, não lhes restava outra alternativa, senão o medo e o espanto 
daquilo que presenciavam. 
 
 b) O misticismo: 
 Num segundo momento, a inteligência humana evoluiu do medo para a tentativa 
de explicação dos fenômenos através do pensamento mágico, das crenças e das 
superstições. Era, sem dúvida, uma evolução já que tentavam explicar o que viam. 
Assim, as tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da 
benevolência dos mitos, as desgraças ou as fortunas do casamento do humano com o 
mágico. 
 
 c) A ciência: 
 Como as explicações mágicas não bastavam para compreender os fenômenos os 
seres humanos finalmente evoluíram para a busca de respostas através de caminhos 
que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a ciência metódica, que 
 30 
procura sempre uma aproximação com a lógica. 
 O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta 
característica permite que os seres humanos sejam capazes de refletir sobre o 
significado de suas próprias experiências. Assim sendo, é capaz de novas descobertas 
e de transmiti-las a seus descendentes. 
 O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua 
característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a 
outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a 
ciência. 
 
A evolução da Ciência 
 Os egípcios já tinham desenvolvido um saber técnico evoluído, principalmente nas 
áreas de matemática, geometria e na medicina, mas os gregos foram provavelmente 
os primeiros a buscar o saber que não tivesse, necessariamente, uma relação com 
atividade de utilização prática. A preocupação dos precursores da filosofia (filo = 
amigo + sofia (sóphos) = saber e quer dizer amigo do saber) era buscar conhecer o 
porque e o para que de tudo o que se pudesse pensar. 
 O conhecimento histórico dos seres humanos sempre teve uma forte influência de 
crenças e dogmas religiosos. Mas, na Idade Média, a Igreja Católica serviu de marco 
referencial para praticamente todas as idéias discutidas na época . A população não 
participava do saber, já que os documentos para consulta estavam presos nos 
mosteiros das ordens religiosas. 
 Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre o séculos XV e XVI (anos 
1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o 
prazer de pensar e produzir o conhecimento através das idéias. Neste período as 
artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significativo. Neste período 
Michelangelo Buonarrote esculpiu a estátua de David e pintou o teto da Capela 
Sistina, na Itália; Thomas Morus escreveu A Utopia (utopia é um termo que deriva do 
grego onde u = não + topos = lugar e quer dizer em nenhum lugar); Tomaso 
Campanella escreveu A Cidade do Sol; Francis Bacon, A Nova Atlântica; Voltaire, 
Micrômegas, caracterizando um pensamento não descritivo da realidade, mas criador 
de uma realidade ideal, do dever ser. 
 No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) a burguesia assumiu uma característica 
própria de pensamento tendendo para um processo que tivesse imediata utilização 
prática. Com isso surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que propôs "a luz da razão 
sobre as trevas dos dogmas religiosos". O pensador René Descartes mostrou ser a 
razão a essência dos seres humanos, surgindo a frase "penso, logo existo". No 
aspecto político o movimento Iluminista expressou-se pela necessidade do povo 
escolher seus governantes através de livre escolha da vontade popular. Lembremo-
nos de que foi neste período que ocorreu a Revolução Francesa em 1789. 
 O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para 
se chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. Já no fim do 
período do Renascimento, Francis Bacon pregava o método indutivo como meio de se 
produzir o conhecimento. Este método entendia o conhecimento como resultado de 
experimentações contínuas e do aprofundamento do conhecimento empírico. Por 
outro lado, através de seu Discurso sobre o método, René Descartes defendeuo 
método dedutivo como aquele que possibilitaria a aquisição do conhecimento através 
 31 
da elaboração lógica de hipóteses e a busca de sua confirmação ou negação. 
 A Igreja e o pensamento mágico cederam lugar a um processo denominado, por 
alguns historiadores, de "laicização da sociedade". Se a Igreja trazia até o fim da Idade 
Média a hegemonia dos estudos e da explicação dos fenômenos relacionados à vida, a 
ciência tomou a frente deste processo, fazendo da Igreja e do pensamento religioso 
razão de ser dos estudos científicos. 
 No século XIX (anos 1800) a ciência passou a ter uma importância fundamental. 
Parecia que tudo só tinha explicação através da ciência. Como se o que não fosse 
científico não correspondesse a verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, 
Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos pela Igreja, em função de suas 
idéias sobre as coisas do mundo, o século XIX serviu como referência de 
desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas. Na sociologia 
Augusto Comte desenvolveu sua explicação de sociedade, criando o Positivismo, 
vindo logo após outros pensadores; na Economia, Karl Marx procurou explicar a 
relações sociais através das questões econômicas, resultando no Materialismo-
Dialético; Charles Darwin revolucionou a Antropologia, ferindo os dogmas 
sacralizados pela religião, com a Teoria da Hereditariedade das Espécies ou Teoria da 
Evolução. A ciência passou a assumir uma posição quase que religiosa diante das 
explicações dos fenômenos sociais, biológicos, antropológicos, físicos e naturais. 
 
 A neutralidade científica 
 É sabido que, para se fazer uma análise desapaixonada de qualquer tema, é 
necessário que o pesquisador mantenha uma certa distância emocional do assunto 
abordado. Mas será isso possível? Seria possível um padre, ao analisar a evolução 
histórica da Igreja, manter-se afastado de sua própria história de vida? Ou ao 
contrário, um pesquisador ateu abordar um tema religioso sem um conseqüente 
envolvimento ideológico nos caminhos de sua pesquisa? 
 Provavelmente a resposta seria não. Mas, ao mesmo tempo, a consciência desta 
realidade pode nos preparar para trabalhar esta variável de forma que os resultados 
da pesquisa não sofram interferências além das esperadas. É preciso que o 
pesquisador tenha consciência da possibilidade de interferência de sua formação 
moral, religiosa, cultural e de sua carga de valores para que os resultados da pesquisa 
não sejam influenciados por eles além do aceitável. 
 
PEDAGOGIA EM FOCO. Disponível em 
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met00.htm. 
 
LEITURA RECOMENDADA: 
CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6 ed. 
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 
CHAUÍ, Marilena. A Ciência na história. In:_____, Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 
1993. 
DEMO, Pedro. Princípio científico e educativo. 8 ª ed. São Paulo, Cortez, 2001. 
MOREIRA, Herivelto; CALEFFE, Luiz Gonzaga. Metodologia da pesquisa para o 
professor pesquisador. 2 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008. 
SANTOS, A. R. dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 6. ed. Rio 
de Janeiro: DP & A, 2004. 
 32 
AULA 04: A Ciência e o Conhecimento nas suas múltiplas interações – Apontamentos 
sobre a Ciência. 
 
 
OBJETIVOS: 
* Reconhecer a importância da ciência para o desenvolvimento humano a partir da 
história do progresso científico; 
* Estabelecer as diferenças entre a ciência e o senso-comum; 
* Caracterizar o conhecimento científico e sua aplicabilidade na prática universitária; 
* Identificar os variados tipos e concepções de ciência estabelecendo diferenças e 
semelhanças entre suas abordagens; 
 
CONTEÚDO: 
 
Pode-se afirmar ter sido a intrínseca inquietude/curiosidade humana em 
relação aos fenômenos, fatos e eventos presentes em nossa realidade, no sentido de 
levantar perguntas e problemas e buscar-lhes respostas/explicações, que realizou o 
parto da ciência ou então do método científico, ou melhor, dos métodos científicos, 
pois essa categoria dever ser compreendida enquanto uma definição filosófico-
abstrata ligada à concepção de ciência da qual, o pesquisador parte para realizar seus 
estudos. 
 
Há 2.500 anos na Grécia, Sócrates acendeu uma chama que percorre 
continuamente a história humana. Essa atitude foi levada adiante por pensadores e 
cientistas do porte de Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico, Charles Darwin e Albert 
Einstein. Mas não só, também grandes líderes como Gandhi e Martin Luther King. 
 
Alguns atribuem a Sócrates a frase: “Sem pensar na vida não vale a pena viver”. 
Mas pensar de qualquer jeito? Não. 
Pensar com método. Não de qualquer jeito ou qualquer maneira. Por isso 
método é o caminho escolhido para se alcançar conhecimento, verdade, 
compreensão. 
 
Na vida profissional, pessoal, na vida acadêmica e também na ciência, começar 
de qualquer jeito, continuar de qualquer jeito não vale a pena.... 
 
Porque Sócrates? Ele foi o primeiro a introduzir um método com base na razão, 
questionando mitos. 
 
O que se procura? 
 
• Respostas para determinados tipos de pergunta; 
• E respostas que sejam “verdadeiras” e não “falsas”. 
 
Aqui, a “coisa” fica complicada. O que é a verdade? Na história do Ocidente, 
desde a Grécia, existem três concepções de “verdade” distintas, que se formaram ao 
longo das experiências, reflexões e pesquisas das civilizações e povos: 
 33 
 
Concepção grega (aletheia) - o que não é oculto, dissimulado, mas aquilo que se 
manifesta ao corpo e a alma. Opõe-se ao falso, pois a verdade e o verdadeiro estão nas 
coisas, na realidade, e não no sujeito. Em outras palavras, a verdade está no mundo e 
é preciso descobri-la. A verdade é o espelho da realidade; 
 
Concepção latina (veritas) – relaciona-se ao rigor, a exatidão de um relato, aos 
detalhes. Depende da memória. A verdade está na linguagem e depende da forma 
como se enuncia. A realidade corresponde ao que dela se diz. 
 
Concepção hebraica (emunah), retomada pelo cristianismo – relaciona-se a confiança 
e ao pacto. Por isso a idéia central é a revelação: a verdade é revelada, pois se confia e 
se espera. A autoridade faz o pacto, é depositária da confiança (sacerdotes em geral, 
escrituras sagradas, etc.). Cada uma dessas concepções pode-se dizer, apresenta 
impactos “positivos” e “negativos”, apontados a seguir: 
 
 Na concepção grega: o impacto positivo é a necessidade de investigar a 
realidade para desvelá-la, tirar os véus que a ocultam, recusando-se a atribuir à 
dimensão sobrenatural (de qualquer espécie) a causa da realidade. O impacto negativo 
é a confiança absoluta no conhecimento como espelho da realidade, o que hoje as 
teorias e práticas científicas têm mostrado é que a teoria não é espelho da realidade, 
não há correspondência perfeita, mas aproximada, entre teoria e realidade; 
 Na concepção latina: o impacto positivo é a preocupação com a memória e a 
exatidão da linguagem usada para descrever a realidade. O impacto negativo é a 
crença de que a linguagem é independente da realidade e que basta falar para 
acontecer; 
 Na concepção hebraico-cristã: o impacto positivo é a possibilidade de construir 
comunidades e consensos mais duradouros e estáveis. O impacto negativo é o 
bloqueio da crítica e da investigação devido a uma confiança absoluta em algum tipo 
de autoridade (refratária à autocrítica e a outros pontos de vista que não o sancionado 
como legítimo): do padre, pastor, do guru, do sacerdote, do próprio cientista e de suas 
próprias instituições, das igrejas, dos templos, das instituições, do mercado etc. 
 
Essas concepções se entrelaçaram na história das ciências. Muitos paradigmas 
e metodologias têm como pressuposto “oculto” uma ou várias dessas concepções.

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