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Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 1 Aula 1 Direito Constitucional Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Professor: Frederico Dias `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 2 Olá! Hoje, vamos dar iniciar nosso curso, abordando uma parte mais teórica, referente à Teoria do Direito Constitucional. Falaremos sobre interpretação e aplicabilidade das normas constitucionais. Espero que você aprecie a aula. Vejamos, em forma de sumário, o nosso conteúdo de hoje. Tópicos da Aula 1) Interpretação da Constituição . ............................................................................................................... 2 1.1. Princípios de Interpretação ..................................................................................................................... 5 1.2. Métodos de Interpretação .................................................................................................................... 13 2) Aplicabilidade e eficácia: Classificação das normas constitucionais . .................................................... 21 2.1. Normas de eficácia plena ...................................................................................................................... 22 2.2. Normas de eficácia contida ................................................................................................................... 22 2.3. Normas de eficácia limitada . ................................................................................................................ 23 3) Lista das Questões Comentadas . .......................................................................................................... 34 4) Gabarito ................................................................................................................................................. 41 1) Interpretação da Constituição A partir de agora, tratarei da interpretação constitucional. Você precisa conhecer os métodos de interpretação e principalmente os princípios de interpretação, sendo mais comuns de serem cobrados estes últimos. Nesse assunto, você vai ter que aprender os conceitos de forma de geral e guardar determinadas expressões para identificar de qual princípio/método a questão está falando. Inicialmente, preciso estabelecer aqui três conceitos que têm sido abordados em concursos de mais alto nível: correntes interpretativistas e não interpretativistas; sociedade aberta dos intérpretes e a noção de “Constituição aberta”. Correntes interpretativistas x não interpretativistas Aula 1 - Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 3 Didaticamente, podemos considerar que o que diferencia essas correntes, essencialmente, é o grau de liberdade do juiz-intérprete, no exercício da interpretação. As correntes interpretativistas vão, de certa forma, limitar um pouco o poder de interpretação do juiz. Considera-se que os juízes, ao interpretarem a Constituição, devem limitar-se a captar o sentido dos preceitos expressos na Constituição, ou, pelo menos, nela claramente implícitos. Embora não se confunda com o literalismo – a competência interpretativa dos juízes vai apenas até onde o texto claro da interpretação lhes permite -, as correntes interpretativistas apontam como limites de competência interpretativa a textura semântica e a vontade do legislador. Já as correntes não interpretativistas vão defender a possibilidade de os juízes invocarem e aplicarem valores e princípios substantivos – princípios da liberdade, igualdade e da justiça – contra atos da responsabilidade do Legislativo em desconformidade com o projeto da Constituição. Em suma, num caso, o juiz está limitado ao texto da norma e à vontade do legislador (interpretativistas); no outro, o juiz pode extrapolar esse limite, invocando outros valores e princípios (não interpretativistas). Sociedade aberta dos intérpretes Aqui, devemos considerar a existência de uma democratização da hermenêutica (interpretação) constitucional – defendida por Peter Häberle. Segundo o autor, se a Constituição determina o comportamento de toda sociedade, não é justo (nem democrático) que apenas alguns tenham “o direito” de interpretá-la. Nesse sentido, a função de interpretar a Constituição não poderia estar restrita aos seus intérpretes formais (os juízes) e nem a determinados procedimentos formalizados. Daí a noção de “sociedade aberta” dos intérpretes. É como se a atividade de interpretação devesse apresentar contornos mais democráticos e estar “aberta” a toda comunidade, sendo função não só dos órgãos estatais, mas dos cidadãos em geral, associações, organizações políticas etc. Constituição “aberta” Além do conceito de “Sociedade aberta dos intérpretes” (estudado no item precedente), você pode encontrar na sua prova o conceito de “Constituição aberta”. É importante não confundi-los. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 4 Vimos que os adeptos da teoria de “Sociedade aberta dos intérpretes” defendem que a interpretação da Constituição não poderia estar restrita aos seus intérpretes formais, sendo função de toda a comunidade política. Outra coisa é o conceito de “Constituição aberta”. Canotilho ensina que dizer que a Constituição é um “sistema aberto”. Significa afirmar que suas normas estão aptas a captar as mudanças da realidade e estão abertas às concepções cambiantes da verdade e da justiça. O que se observa é que se a Constituição não estiver “aberta” para captar a evolução da sociedade, ela pode ficar completamente desconectada da realidade, fora de seu tempo. Nessa hipótese, a Constituição acabaria perdendo parte de sua força normativa, ou seja, passaria a influir cada vez menos na realidade. Veja como esses conceitos (abstratos, eu sei...) foram cobrados... 1. (CESPE/PROCURADOR/NATAL/2008) No âmbito da doutrina que estuda a interpretação constitucional, é possível identificar duas correntes de pensamento: os interpretativistas e os não-interpretativistas. A diferença entre elas, em linhas gerais, é que os interpretativistas defendem um ativismo judicial na interpretação da Constituição, admitindo a possibilidade de os juízes irem além do texto da lei, invocando valores como justiça, igualdade e liberdade na criação judicial do direito, o que é repelido pelos não-interpretativistas. O Cespe simplesmente interveteu os conceitos. A corrente não- interpretativistaé que admite a possibilidade de o juiz ir além do texto da lei, invocando princípios como os da justiça, da igualdade e da liberdade. Item errado. 2. (CESPE/PROCURADOR/NATAL/2008) A sociedade aberta dos intérpretes da Constituição, defendida por Peter Häberle, propõe que a interpretação constitucional seja tarefa desenvolvida por todos aqueles que vivem a norma, devendo ser inseridosno processo de interpretação constitucional todos os órgãos estatais, os cidadãos e os grupos sociais. A questão está correta. Trata-se de uma democratização da tarefa de interpretação da Constituição, o que implica a participação de todos que sofrem os efeitos da norma constitucional: a sociedade como um todo. Item certo. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 5 3. (CESPE/ADVOGADO/CORREIOS/2011) Segundo os doutrinadores, a ideia de uma constituição aberta está ligada à possibilidade de sua permanência dentro de seu tempo, evitando-se o risco de perda ou desmoronamento de sua força normativa. A assertiva está correta. A idéia de uma Constituição aberta está relacionada com a necessidade de que ela possa se adaptar às mudanças da realidade, de forma a preservar sua força normativa. Item certo. 1.1. Princípios de Interpretação Vejamos um a um os principais aspectos relacionados a cada princípio. Princípio da Unidade da Constituição O texto da Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições (antinomias) entre suas normas. Isso porque a Constituição deve ser considerada na sua globalidade, exigindo-se do intérprete a busca da interpretação que harmonize suas aparentes contradições. Como decorrência desse princípio, temos que não existem antinomias normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais. Cabe ao intérprete o exercício de eliminar as eventuais contradições (antinomias) aparentes. Princípio do Efeito Integrador De acordo com o princípio do efeito integrador, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. Princípio da Máxima Efetividade Segundo o princípio da máxima efetividade (ou princípio da eficiência, ou princípio da interpretação efetiva), o intérprete deve extrair da norma constitucional o sentido que lhe dêmaior eficácia, a mais ampla efetividade social. Princípio da Justeza Também chamado de princípio da conformidade funcional, o princípio da justeza preconiza que os intérpretes não poderão chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 6 constituinte, notadamente no que tange à alteração da repartição de funções constitucionalmente estabelecida. Princípio da Harmonização Conhecido também como princípio da concordância prática, exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos quando houver conflito ou concorrência entre eles, a fim de se evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros. Ou seja, decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios, ocasionando uma coexistência harmônica entre eles. Princípio da Força Normativa da Constituição Desenvolvido por Konrad Hesse, esse princípio preconiza que o intérprete dê sempre prevalência aos pontos de vista que contribuem para uma eficácia ótima da Constituição (haja vista seu caráter normativo). Assim, devem ser valorizadas as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Lei Maior. Interpretação conforme a Constituição Esse princípio é o mais relevante de todos, portanto, não deixe de conhecê-lo. O princípio da interpretação conforme é especialmente aplicável no âmbito do controle de constitucionalidade, em casos de normas infraconstitucionais de múltiplos significados (plurisignificativas). Assim, havendo vários significados para aquela norma, cabe ao intérprete dar prevalência àquele sentido que esteja conforme a Constituição. Assim, ao invés de declarar a norma inconstitucional, o intérprete deve dar aplicação ao seu sentido compatível com a Constituição e afastar a aplicação daquele sentido que seja desconforme. Podemos dizer que dessa forma prevalece a supremacia da Constituição (na medida em que repele a aplicação inconstitucional) e o princípio de presunção de constitucionalidade das leis (que inclui o esforço de conservação da norma, já que deixa de declará-la inconstitucional como um todo). Evidentemente, nesse esforço não pode o aplicador da lei chegar a uma interpretação que subverta o próprio sentido e teor da lei (ou seja, a fim de adequá-la à Constituição, não pode o intérprete seguir interpretação dissonante com a vontade do legislador). Isso porque essa forma de interpretação, na prática, transformaria o intérprete em legislador positivo. Em suma: `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 7 I) no caso de uma norma plurissignificativa, deve-se favorecer a interpretação que lhe compatibilize a Constituição (valorizando a supremacia da Constituição); II) o esforço é no sentido da conservação da validade da lei (e não da declaração de sua inconstitucionalidade); assim, a norma não deve ser declarada inconstitucional quando for possível conferir a ela uma interpretação conforme (valorizando a presunção de constitucionalidade das leis). Sintetizando: 4. (FGV/SEFAZ/MT/2014) Analise o fragmento a seguir. “Sempre que uma norma jurídica comportar mais de um significado possível, deve o intérprete optar por aquele que melhor realize o espírito da Constituição, rejeitando as exegeses contrárias aos preceitos constitucionais.” Assinale a opção que indica o princípio de interpretação constitucional a que o fragmento se refere. a) Princípio da Unidade da Constituição. b) Princípio da Interpretação Conforme a Constituição. c) Princípio da Supremacia da Constituição. d) Princípio da Força Normativa da Constituição. e) Princípio da Concordância Prática. O princípio da interpretação conforme a Constituição impõe que, no caso de normas polissêmicas ou plurissignificativas (aquelas que admitem mais de uma Unidade da Constituição Efeito integrador Máxima efetividade Justeza (conformidade funcional) Harmonização Força normativa da constituição Interpretação conforme a constituição evitar contradições (antinomias) integração política e social e o reforço da unidade política sentido que dê maior eficácia, mais ampla efetividade social esquema organizatório-funcional evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição preferência ao sentido da norma que a compatibilize com o conteúdo da Constituição `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 8 interpretação), deve prevalecer aquele sentido que lhes compatibilize com o conteúdo da Constituição. A partir da rejeição dos sentidos contrários à Constituição, preserva-se a norma no ordenamento jurídico. Gabarito: “b” 5. (FGV/ANALISTA/TCE/BA/2013)O princípio da unidade impõe ao intérpreteo encontro de uma solução que harmonize tensões existentes entre as diversas disposições constitucionais. Como decorrência do princípio da unidade, temos que não existem antinomias normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais, uma vez que a Constituição deve ser considerada na sua globalidade. Cabe ao intérprete o exercício de harmonizar eventuais contradições (antinomias) aparentes. Item certo. 6. (FGV/ANALISTA/TCE/BA/2013) O princípio da concordância prática é um critério orientador da atividade interpretativa, corrigindo leituras desviantes da distribuição de competências, seja entre os entes federados, seja entre os poderes constituídos. A questão mistura princípio da concordância prática e princípio da conformidade funcional. O princípio da conformidade funcional (ou da justeza) preconiza que os intérpretes não poderão chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte, notadamente no que tange à alteração da repartição de funções constitucionalmente estabelecida. Já o da concordância prática exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos quando houver conflito, a fim de se evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros. Item errado. 7. (FGV/ANALISTA/TCE/BA/2013)O princípio da máxima efetividade, impõe que “a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê”. É certo que o princípio da máxima efetividade impõe que o intérprete extraia da norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, a mais ampla efetividade social. Item certo. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 9 8. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Pelo princípio da concordância prática ou harmonização, na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre bens jurídicos constitucionalizados, deve-se buscar a coexistência entre eles, evitando-se o sacrifício total de um princípio em relação ao outro. O princípio da concordância prática (ou da harmonização) exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos quando houver conflito ou concorrência entre eles, a fim de se evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros. Ou seja, esse princípio decorre da inexistência de hierarquia entre os bens jurídicos constitucionalizados, ocasionando uma necessidade de coexistência harmônica entre eles. Item certo. 9. (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Pelo princípio da conformidade funcional, a contradição entre princípios deve ser superada por meio da redução proporcional do âmbito de alcance de cada um deles ou pelo reconhecimento da preferência ou prioridade de certos princípios em relação a outros. O conceito apresentado na assertiva não tem relação com o princípio da conformidade funcional. O princípio da conformidade funcional (ou da justeza) preconiza que os intérpretes não poderão chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte, especialmente no que se refere à repartição de funções entre os poderes. Item errado. 10. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA: EXECUÇÃO DE MANDADOS/TRT 17ª REGIÃO/2009) Segundo o princípio da unidade da constituição, cada país só pode ter uma constituição em vigor, de modo que a aprovação de nova constituição implica a automática revogação da anterior. Segundo o princípio da unidade, o texto da Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições (antinomias) entre suas normas. Isso porque a Constituição deve ser considerada na sua globalidade, exigindo-se do intérprete a busca da interpretação que harmonize suas aparentes contradições. Como decorrência desse princípio, temos que não existem antinomias normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais. Cabe ao intérprete o exercício de eliminar as eventuais contradições (antinomias) aparentes. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 10 Item errado. 11. (CESPE/AUFC/TCU/2009) O princípio da concordância prática ou da harmonização, derivado do princípio da unidade da CF, orienta o aplicador ou intérprete das normas constitucionais no sentido de que, ao se deparar com um possível conflito ou concorrência entre os bens constitucionais, busque uma solução que evite o sacrifício ou a negação de um deles. Na assertiva anterior foi apresentado o conceito do princípio da unidade. De fato, o princípio da concordância prática pode ser considerado como derivado do princípio da unidade. Este último exige do intérprete a busca da interpretação que harmonize aparentes contradições do texto constitucional. Da mesma forma, o princípio da harmonização (ou da concordância prática) exige coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito a fim de se evitar o sacrifício total de um deles. Item certo. 12. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) Atendendo ao princípio denominado correção funcional, o STF não pode atuar no controle concentrado de constitucionalidade como legislador positivo. Segundo o princípio da correção (ou conformidade) funcional, os intérpretes da Constituição não poderão chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte, especialmente no que tange à alteração da repartição de funções entre os poderes constitucionalmente estabelecidos. Assim, a assertiva estabelece a seguinte relação: não se admite que o STF atue como legislador positivo no âmbito do controle concentrado, uma vez que a função legislativa é precipuamente destinada ao Poder Legislativo. Assim, eventual atuação do STF nesse sentido estaria subvertendo a repartição constitucional de funções entre os poderes (situação que o princípio da conformidade funcional tenta prevenir). Item certo. 13. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRE MA/2009) De acordo com o princípio interpretativo da máxima efetividade ou da eficiência das normas constitucionais, devem ter prioridade, quando da resolução de problemas jurídico-constitucionais, critérios que favoreçam a integração política e social. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 11 Segundo o princípio da máxima efetividade (ou princípio da eficiência, ou princípio da interpretação efetiva), o intérprete deve extrair da norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, a mais ampla efetividade social. Já a prioridade aos critérios que favoreçam a integração política e social decorre do princípio do efeito integrador. Item errado. 14. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Em razão do princípio da eficácia integradora, se norma fundamental instituir um sistema coerente e previamente ponderado de repartição de competências, não poderão os seus aplicadores chegar a resultado que subverta esse esquema organizatório-funcional. De acordo com o princípio do efeito integrador (ou da eficácia integradora), na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração políticae social e o reforço da unidade política. A assertiva atribuiu incorretamente ao princípio da eficácia integradora a definição do princípio da conformidade funcional (vedação a que os intérpretes cheguem a um resultado que subverta o esquema organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido). Item errado. 15. (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIÁRIO/INST. PREV. CARIACICA/2007) A aplicação do princípio da interpretação conforme a Constituição não está limitada à literalidade da norma, ou seja, é permitido ao intérprete inverter o sentido das palavras e subverter a intenção do legislador. O princípio da interpretação conforme a Constituição é o mais relevante para concursos públicos. No esforço de dar à norma uma interpretação conforme a Constituição, não pode o aplicador da lei chegar a um resultado que subverta o próprio sentido e teor da norma (ou seja, a fim de adequá-la à Constituição, não pode o intérprete seguir interpretação dissonante com a vontade do legislador). Se assim fosse, essa forma de interpretação, na prática, transformaria o intérprete em legislador positivo. Item errado. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 12 16. (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIÁRIO/INST. PREV. CARIACICA/2007) Sempre que uma lei puder de alguma forma colocar em risco o ordenamento constitucional, cumpre ao Poder Judiciário anulá-la, não sendo possível aplicar-lhe uma forma de interpretação que preserve um dos sentidos que ela comporte e que esteja em harmonia com a Constituição Federal. A assertiva está incorreta, pois a técnica da interpretação conforme a Constituição objetiva exatamente isto: preservar um dos sentidos da norma, aquele que se harmonize com a Constituição. Item errado. 17. (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Pelo princípio da força normativa da CF, às normas constitucionais deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhes conceda. Desenvolvido por Konrad Hesse, o princípio da força normativa da Constituição preconiza que o intérprete dê sempre prevalência aos pontos de vista que contribuem para uma eficácia ótima da Constituição como um todo (haja vista seu caráter normativo). Assim, devem ser valorizadas as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Carta Maior. A assertiva apresentou o sentido do princípio da máxima efetividade, segundo o qual o intérprete deve extrair da norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia. Item errado. 18. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA: EXECUÇÃO DE MANDADOS/TRT 17ª REGIÃO/2009) O princípio do efeito integrador estabelece que, havendo lacuna na CF, o juiz deve recorrer a outras normas do ordenamento jurídico para integrar o vácuo normativo. A assertiva apresentou uma definição inadequada para o princípio do efeito integrador. Segundo esse princípio, na resolução dos problemas jurídico- constitucionais, o intérprete deve dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. Item errado. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 13 1.2. Métodos de Interpretação Um pouco menos amigáveis, mas também menos cobrados que os princípios de interpretação, temos de conhecer os métodos de interpretação. Método Jurídico (hermenêutico clássico) O método jurídico (hermenêutico clássico) adota a premissa de que a Constituição deve ser encarada como uma lei. Logo, interpretar a Constituição é interpretar uma lei. Em suma, para a atividade de interpretação da Constituição, atribui-se grande importância ao texto da norma: a função do intérprete é desvendar o sentido do texto, sem ir além do teor literal dos seus preceitos. Assim, desvenda-se o sentido das normas constitucionais por meio da utilização dos elementos: (i) filológico (literal, textual ou gramatical); (ii) lógico (sistemático – análise do todo, harmonia lógica); (iii) histórico (analisa o projeto de lei, sua justificativa, discussões etc.); (iv) teleológico (elemento racional, finalidade da norma); (v) genético (investigação das origens dos conceitos empregados no texto da norma). Método Tópico-Problemático O método tópico-problemático baseia-se na priorização do estudo do caso concreto sobre a norma, já que parte da premissa de que a interpretação tem um caráter prático (procura resolver problemas concretos) e as normas constitucionais têm caráter aberto. A denominação do método não é ocasional. Esse nome quer dizer que o método é tópico orientado a problema (ou orientado pelo problema concreto a ser resolvido), ou seja, a Constituição será interpretada topicamente, a cada problema. Em outras palavras, haverá uma priorização do problema, uma vez que ele passa a ser o centro do método (e não a própria norma). Bem, se o foco é o problema concreto, tenta-se adaptar ou adequar a norma constitucional a ele. Dentre os vários sentidos que o texto da norma apresenta, extrai-se aquele que mais se enquadra àquela realidade, a interpretação mais conveniente ao caso concreto. Daí se dizer que, nesse método, o problema prevalece sobre a norma. Agora, você concorda que esse método dá uma enorme liberdade ao juiz, já que ele poderá adaptar a interpretação da norma ao seu bel prazer, para enquadrá-la na situação concreta? Afinal, nesse caso, o intérprete está partindo do problema para a norma... `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 14 Pois é, os críticos desse método dizem exatamente isso. Eles defendem que a interpretação segundo o método tópico-problemático conduziria a um casuísmo sem limites e que a atividade interpretativa não deveria partir do problema para a norma (como ocorre nesse método), mas da norma para o caso concreto. Método Hermenêutico-Concretizador O método hermenêutico-concretizador também não despreza a importância do caso concreto ao qual aquela norma se aplica; ou seja, também se dirige a um pensamento problematicamente orientado. Entretanto, esse método reconhece a importância do aspecto subjetivo, da pré-compreensão do intérprete. Assim, a interpretação constitucional dá-se pela conjugação dessa pré-compreensão e o caso concreto. Vejamos como isso ocorre... Ao ler a norma, o intérprete tem sua própria pré-compreensão (juízo abstrato e antecipado sobre aquele texto). Ou seja, o ponto de partida da atividade interpretativa é a pré-compreensão do intérprete sobre a norma. Todavia, essa norma será concretizada a partir de uma dada situação histórica (problema ou situação concreta). A doutrina denomina essa pré-compreensão da norma de pressuposto subjetivo. E o momento seguinte (o contexto de mediação entre o texto e a situação concreta) de pressuposto objetivo. A interpretação da norma se dá pela conjugação desses dois elementos (subjetivo e objetivo,) em que a própria pré-compreensão que o intérprete tem passa a ser reformulada a partir da aplicação no caso concreto. É o que se denomina de “círculo hermenêutico”: movimento de ir e vir entre o elemento subjetivo e o objetivo, em que a análisedo caso concreto frente à norma reformula a própria pré-compreensão do intérprete (elemento subjetivo). E essa reformulação influirá na nova observação da realidade frente ao conteúdo da norma, num contínuo movimento de ir e vir entre o contexto de aplicação da norma e a pré-compreensão do intérprete. Nesse sentido, esse método ocasiona uma concretização da norma a partir de uma situação concreta. Entretanto, precisamos saber diferenciá-lo do método tópico problemático. É que os adeptos desse método hermenêutico-concretizador, sem perder de vista a realidade concreta, tentam ancorar a atividade interpretativa no texto da norma (o que diminui um pouco a margem de liberdade do intérprete). `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 15 Assim, ao contrário do método tópico-problemático, no método hermenêutico- concretizadora norma prevalece sobre o problema. Método Científico-Espiritual O Método Científico-Espiritual baseia-se na idéia de uma Constituição como instrumento de integração política e social, absorvendo os conflitos da sociedade e contribuindo para a preservação da unidade social. Assim, trata-se de método de interpretação sistêmico e espiritualista, que parte da premissa de que o intérprete deve levar em conta os valores subjacentes à Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais), integrando o sentido de suas normas a partir da “captação espiritual” da realidade da comunidade. Ou seja, as normas são analisadas menos pelo seu sentido textual e mais pela ordem de valores do mundo real (realidade social), a fim de alcançar a integração da Constituição com a realidade espiritual da comunidade. Por fim, é importante que você observe que essa “capacidade integradora” não é algo do ponto de vista meramente jurídico e formal (no sentido de integrar o ordenamento jurídico como um todo – a Constituição e as normas que lhe são subordinadas). Não, não. Trata-se de uma integração em sentido amplo (perspectiva política e sociológica), em que a Constituição deve funcionar como instrumento de solução dos conflitos que ocorrem na sociedade. Método Normativo-Estruturante Os defensores do método normativo-estruturante distinguem a “norma constitucional” do “texto da norma” (inexistência de identidade entre a norma jurídica e o texto normativo). Ou seja, quando você lê um dispositivo constitucional, aquele texto ali escrito não representa toda a norma jurídica. Não, não. Ali está apenas o “texto da norma”, a parte “visível” da norma. Ora, a norma é muito mais do que isso! Além do texto, a “norma constitucional” compreende também um pedaço da realidade concreta (domínio normativo). Assim, a tarefa do intérprete abrange interpretar o texto da norma (elemento literal) e também verificar os modos de sua concretização na realidade social. Em suma, é como se a norma constitucional fosse composta de duas parcelas. Uma delas está visível, está expressa no comando jurídico (texto ou programa normativo). A outra parcela da norma está oculta (domínio normativo ou “pedaço de realidade”). Para finalizar, permita-nos recorrer a uma metáfora clássica. Imagine que a norma é um iceberg. O programa normativo (texto da norma) é apenas a ponta `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 16 do iceberg. A base do iceberg seria aquela parcela da norma que está oculta, não está no texto normativo, e constitui a realidade concreta (“domínio normativo” ou “situação normada”). Cabe ao intérprete considerar também o domínio normativo na sua atividade de interpretação. Interpretação Comparativa Esse é o mais simples! Com o método de interpretação comparativa pretende- se captar a evolução de institutos jurídicos, normas e conceitos de vários ordenamentos jurídicos, mediante comparação entre eles, identificando semelhanças e diferenças. Essa análise pode esclarecer o significado a ser atribuído a determinadas expressões presentes nas normas constitucionais. Sintetizando: I) método jurídico = interpreta-se a constituição como se interpreta uma lei; II) método tópico problemático = confere primazia ao problema perante a norma, parte-se do problema para a norma; III) método hermenêutico concretizador = pré-compreensão do sentido do texto constitucional, conferindo primazia à norma perante o problema, formando um círculo hermenêutico; IV) método científico-espiritual = leva em conta a ordem de valores subjacente ao texto, bem assim a integração do texto constitucional com a realidade da comunidade; V) método normativo-estruturante = a norma constitucional abrange um pedaço da realidade social(é mais do que o texto normativo); assim, a interpretação deve verificar o texto da norma, bem como sua concretização na realidade; VI) método comparativo = comparação entre diferentes ordenamentos constitucionais. 19. (FGV/ANALISTA/DPE/DF/2014) Através do método clássico, a Constituição deverá ser interpretada da mesma forma que as demais leis do nosso ordenamento jurídico. A interpretação da Constituição não fugiria dos padrões hermenêuticos criados por Savigny, quais sejam, a interpretação sistemática, histórica, lógica e gramatical, apesar da importância singular que possui na ordem jurídica. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 17 O método jurídico (hermenêutico clássico) adota a premissa de que interpretar a Constituição é interpretar uma lei. Por isso, desvenda-se o sentido das normas constitucionais por meio da utilização dos elementos tradicionais de interpretação. Item certo. 20. (FGV/ANALISTA/DPE/DF/2014) O método da tópica analisa a Constituição pelo primado do texto constitucional. A tarefa hermenêutica é suscitada por um problema, mas, para equacioná-lo, o aplicador se vincula ao texto constitucional. O foco é a norma da Constituição e não apenas o problema, como pode ser observado em outros métodos. O método tópico-problemático (ou método da tópica) baseia-se na priorização do estudo do caso concreto sobre a norma, já que parte da premissa de que a interpretação tem um caráter prático (procura resolver problemas concretos) e as normas constitucionais têm caráter aberto. A questão está errada, pois haverá uma priorização do problema sobre a norma. Vale dizer, no método da tópica o foco é o problema concreto. Item errado. 21. (FGV/ANALISTA/DPE/DF/2014) O método hermenêutico-concretizador determina que a Constituição é um conjunto aberto de regras e princípios, dentre os quais o aplicador do direito deverá escolher aquele que soluciona o problema da forma mais justa. O foco, para o método, é o problema, servindo as normas constitucionais como um catálogo múltiplo e variado de princípios, onde se localiza o fundamento adequado para a solução prática. A questão está apresentando o conceito do método tópico-problemático. Dica: por mais que você ache intrincado o texto, aprenda a resolver as questões sobre ele. Falou que o foco é o problema a ser solucionado, falou que o problema prevalece sobre a norma, marque o método tópico-problemático (ouda tópica). ** Método tópico-problemático → primazia do problema sobre a norma (foco no problema) ** Método hermenêutico-concretizador→primazia da norma sobre o problema. Item errado. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 18 22. (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA DIREITO/2010) Entre os métodos compreendidos na hermenêutica constitucional inclui-se o tópico problemático, que consiste na busca da solução partindo-se do problema para a norma. De fato, o método tópico-problemático baseia-se na priorização do estudo do caso concreto sobre a norma, já que parte da premissa de que a interpretação tem um caráter prático. Assim, a Constituição é entendida como um sistema aberto de regras e princípios. Nesse sentido, a questão está correta, pois, nesse método, o caso concreto é o foco: o problema concreto prevalece sobre a norma. Item certo. 23. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) O método hermenêutico-concretizador caracteriza-se pela praticidade na busca da solução dos problemas, já que parte de um problema concreto para a norma. Na verdade, o método tópico-problemático é que se caracteriza pelo caráter prático da interpretação, em que se parte do problema para a norma. Portanto, errada a questão. Ao contrário, o método hermenêutico-concretizador parte da Constituição para o problema, sendo que a norma prevalece sobre o caso concreto. Assim, é importante destacar a distinção que a doutrina faz entre os dois métodos: Método tópico-problemático → primazia do problema sobre a norma Método hermenêutico-concretizador→primazia da norma sobre o problema. Item errado. 24. (CESPE/ADVOGADO JÚNIOR/PETROBRÁS/2007) Segundo o método jurídico de Forsthoff, a interpretação da constituição não se distingue da interpretação de uma lei e, por isso, para se interpretar o sentido da lei constitucional, devem-se utilizar as regras tradicionais da interpretação. O método jurídico (hermenêutico clássico) – que tem Forsthoff como expoente - adota a premissa de que a Constituição deve ser encarada como uma lei. Logo, interpretar a Constituição é interpretar uma lei. Para a atividade de interpretação da Constituição, atribui-se grande importância ao texto da norma: `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 19 a função do intérprete é desvendar o sentido do texto, sem ir além do teor literal dos seus preceitos. Assim, desvenda-se o sentido das normas constitucionais por meio dos métodos tradicionais de hermenêutica, utilizando os elementos: (i) literal ou textual (filológico); (ii) lógico (sistemático); (iii) histórico; (iv) teleológico (finalidade da norma); (v) genético (investigação das origens dos conceitos empregados no texto constitucional). Item certo. 25. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Pelo método de interpretação hermenêutico-concretizador, a análise da norma constitucional não se fixa na sua literalidade, mas decorre da realidade social e dos valores insertos no texto constitucional, de modo que a constituição deve ser interpretada considerando-se seu dinamismo e constante renovação, no compasso das modificações da vida da sociedade. A definição apresentada não se refere ao método hermenêutico-concretizador, e sim ao método de interpretação científico-espiritual. A assertiva traz o conceito apresentado por Pedro Lenza para este último método: “A análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto da Constituição. Assim, a Constituição deve ser interpretada como algo dinâmico e que se renova constantemente, no compasso das modificações da vida em sociedade.” Item errado. 26. (CESPE/ANALISTA/ÁREA: JUDICIÁRIA/TRE/GO/2008) Esse método parte da premissa de que existe uma relação necessária entre o texto e a realidade, entre preceitos jurídicos e os fatos que eles intentam regular. Para Müller, na tarefa de interpretar-concretizar a norma constitucional, o intérprete aplicador deve considerar tanto os elementos resultantes da interpretação do texto (programa normativo), como os decorrentes da investigação da realidade (domínio normativo). Isso porque, partindo do pressuposto de que a norma não se confunde com o texto normativo, afirma Müller que o texto é apenas a ‘ponta do iceberg’; mas a norma não compreende apenas o texto, pois abrange também “um pedaço de realidade social”, sendo esta talvez a parte mais significativa que o intérprete aplicador deve levar em conta para realizar o direito. Dirley da `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 20 Cunha Júnior. Curso de Direito Constitucional. 2.ª ed. Salvador: Editora Juspodivum, 2008, p. 214. (com adaptações). O trecho acima descreve o método de interpretação constitucional denominado a) método científico-espiritual. b) método normativo-estruturante. c) método tópico-problemático. d) método hermenêutico-clássico. Os defensores do método normativo-estruturante distinguem a “norma constitucional” do “texto da norma” (inexistência de identidade entre a norma jurídica e o texto normativo). Ou seja, além do texto, a norma constitucional compreende também um domínio normativo, isto é, pedaço da realidade concreta, que o programa normativo só parcialmente contempla. Assim, a tarefa do intérprete abrange interpretar o texto da norma (elemento literal) e também verificar os modos de sua concretização na realidade social. Daí a questão mencionar a necessidade de que o intérprete considere tanto os elementos resultantes da interpretação do texto (programa normativo), como os decorrentes da investigação da realidade (domínio normativo), pois a norma jurídica é mais do que o texto em si. Este texto normativo é apenas a “ponta do iceberg”, na medida em que a norma compreende também a realidade social, e esta realidade deve ser levada em conta pelo intérprete para realizar o direito. Portanto, o trecho destacado pela questão relaciona-se ao método normativo- estruturante. Gabarito: “b” 27. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) De acordo com o método de interpretação constitucional denominado científico-espiritual, a Constituição é instrumento de integração, não apenas sob o ponto de vista jurídico-formal, mas também, e principalmente, em perspectiva política e sociológica, como instrumento de solução de conflitos, de construção e de preservação da unidade social. O método científico-espiritual caracteriza-se como um método de interpretação sistêmico e espiritualista, que se baseia na premissa de que o intérprete deve levar em conta os valores subjacentes à Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais), integrando o sentido de suas normas a partir da "captação espiritual" da realidade da comunidade. Ou seja, as normas são analisadas menos pelo seu sentido textual (aspecto jurídico-formal) e mais pela ordem de `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidadedas Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 21 valores do mundo real (realidade social), a fim de alcançar a integração da Constituição com a realidade espiritual da comunidade. A doutrina ressalta que essa integração não se restringe ao ponto de vista jurídico (integrar o ordenamento jurídico como um todo – a Constituição e as normas que lhe são subordinadas). Trata-se de uma integração sob a perspectiva política e sociológica, em que a Constituição deve funcionar como instrumento de solução dos conflitos que ocorrem na sociedade. Item certo. 2) Aplicabilidade e eficácia: Classificação das normas constitucionais Iniciarei a aula abordando sucintamente o assunto eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais. Em primeiro lugar: todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica. Podemos até considerar a existência de uma variação no grau de eficácia e aplicabilidade dessas normas. Mas, não existem normas desprovidas de eficácia jurídica no texto da Constituição. Bem, ocorre que algumas normas já produzem seus efeitos essenciais com a simples promulgação da Constituição. Outras têm um grau de eficácia reduzido, já que só produzem os seus plenos efeitos quando forem regulamentados por lei. Quem melhor desenvolve esse assunto é o prof. José Afonso da Silva, que classifica as normas constitucionais em: eficácia plena, limitada e contida. Fique atento, pois esse assunto não cai, despenca em concursos! E o melhor é que é bem simples de você aprender... As normas constitucionais dividem-se em três diferentes graus de eficácia: → eficácia plena → eficácia contida → eficácia limitada `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 22 2.1. Normas de eficácia plena As normas de eficácia plena são aquelas que já estão aptas para produzirem os seus plenos efeitos com a simples entrada em vigor da Constituição, independentemente de regulamentação por lei. Assim, são dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptas para produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação da Constituição); direta (porque não dependem de nenhuma norma regulamentadora intermediária para a produção de efeitos); e integral (porque já produzem seus essenciais efeitos). 2.2. Normas de eficácia contida As normas de eficácia contida, restringidaou restringível também estão aptas para a produção de seus plenos efeitos com a simples promulgação da Constituição, mas podem ser restringidas. Promulgada a Constituição, aquele direito (nelas previsto) é imediatamente exercitável, mas esse exercício poderá ser restringido no futuro. Assim, são dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptas para produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação da Constituição); direta (porque não dependem de nenhuma norma regulamentadora intermediária para a produção de efeitos); mas não-integral (porque sujeitas à imposição de restrições). Ademais, vale a pena comentar que as restrições às normas de eficácia contida podem ser impostas: a) por lei (exemplo: art. 5º, XIII, da CF/88, que prevê as restrições ao exercício de trabalho, ofício ou profissão, que poderão ser impostas pela lei que estabelecer as qualificações profissionais); b) por outras normas constitucionais (exemplo: art. 139 da CF/88, que impõe restrições ao exercício de certos direitos fundamentais, durante o período de estado de sítio); c) por conceitos ético-jurídicos geralmente aceitos (exemplo: art. 5º, XXV, da CF/88, em que o conceito de “iminente perigo público” autoriza a autoridade competente a impor uma restrição ao direito de propriedade, requisitando administrativamente a propriedade particular). `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 23 2.3. Normas de eficácia limitada As normas de eficácia limitada são aquelas que só produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentação. Elas asseguram determinado direito, mas esse direito não poderá ser exercido enquanto não for regulamentado pelo legislador ordinário. Enquanto não expedida a regulamentação, o exercício do direito permanece impedido. São, por isso, dotadas de aplicabilidade mediata (só produzirão seus efeitos essenciais posteriormente, depois da regulamentação por lei); indireta (não asseguram, diretamente, o exercício do direito, dependendo de norma regulamentadora intermediária para tal); e reduzida. Podemos dizer que, com a simples promulgação da Constituição, sua eficácia é meramente “negativa”. É importante explicar melhor essa eficácia negativa. É que elas não produzem seus plenos efeitos ainda (já que dependem da regulamentação), mas já servem de parâmetro para a realização do controle de constitucionalidade das leis: (i) revogando a legislação pretérita em sentido contrário; e (ii) permitindo a declaração da inconstitucionalidade da legislação posterior em sentido contrário. Ademais, essas normas também servem de parâmetro para o exercício da interpretação constitucional. Atenção! Diante do que eu disse aqui, é errada a questão que afirme que até a regulamentação, as normas de eficácia limitada são desprovidas de eficácia. Continuando nossa análise sobre as normas de eficácia limitada, elas podem ser divididas em dois grupos: a) de princípio institutivo ou organizativo; b) de princípio programático. As normas definidoras de princípio institutivo ou organizativo são aquelas em que a Constituição estabelece regras para a futura criação, estruturação e organização de órgãos, entidades ou institutos, mediante lei (por exemplo, “a lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios” (CF, art. 33)). Vale comentar que essas normas constitucionais definidoras de princípio institutivo podem ser impositivas (quando determinam peremptoriamente a edição de norma) ou facultativas (quando apenas facultam ao legislador, não impõem). Ou seja: `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀi ÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 24 I) Impositivas→ aquelas vinculadas, em que se determinaao legislador a obrigação de emissão da legislação integrativa (por exemplo, art. 20, §2°; art. 32, §4°; art. 33; art. 88; art. 91, § 2°); e II) Facultativas→ aquelas que dão ao legislador ordinário a possibilidade (e não a obrigação) de instituir ou regular a situação nelas delineada (por exemplo, art. 22, § único; art. 125, § 3°; art. 195, § 4°; art. 25, § 3°; art. 154, I). Já as normas constitucionais definidoras de princípios programáticos são aquelas em que a Constituição estabelece os princípios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos órgãos estatais (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), visando à realização dos fins sociais do Estado. Constituem programas a serem realizados pelo Poder Público, disciplinando interesses econômico-sociais, tais como: realização da justiça social; valorização do trabalho; amparo à família; combate ao analfabetismo etc. (por exemplo, “a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações” (CF, art. 4°, parágrafo único)). Esse grupo é composto pelas chamadas normas programáticas. Bem, esquematizei essas informações para que você possa memorizá-las de forma mais simples. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 25 Sintetizando: Agora, vou reforçar (e aprofundar) o que vimos sobre normas programáticas com uma questão de concurso muito boa. 28. (CESPE/JUIZ/PB/2011) As normas constitucionais programáticas cingem-se a estipular princípios ou programas que devem ser perseguidos pelos poderes públicos, não possuindo eficácia vinculante nem sendo capazes de gerar direitos subjetivos na sua versão positiva ou negativa, embora impeçam a produção de normas que contrariem o direito nelas inserido. De fato, conceituam-se as normas constitucionais programáticas como aquelas que estipulam princípios ou programas que devem ser perseguidos pelos poderes públicos. É certo ainda que essas normas impedem a produção de leis que contrariem o direito nelas inserido (eficácia reduzida). De qualquer forma, a questão está incorreta. Ora, são cada vez mais recorrentes as decisões do Supremo Tribunal Federal considerando que o Eficácia Plena Eficácia Contida - Só produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentação - Aplicabilidade - Princípio Institutivo ? regras para a futura criação, estruturação e organização de órgãos, entidades ou institutos, mediante lei. - Princípio Programático ? pr incípios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos órgãos estatais visando à realização dos fins sociais do Estado. Eficácia das normas constitucionais Mediata (efeitos essenciais apenas após regulamentação) Indireta (dependem de norma regulamentadora) Reduzida (com a promulgação da Constituição, sua eficácia é meramente “negativa”, isto é, revogam a legislação pretérita e proíbem a legislação futura em sentido - Produzem seus efeitos essenciais com a simples entrada em vigor Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente) Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora) - Aplicabilidade - Produzem seus efeitos essenciais, mas eles podem ser restringidos Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente) Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora) - Aplicabilidade Eficácia Limitada `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀ iÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 26 cumprimento de um mandamento constitucional previsto em norma programática não constitui discricionariedade do gestor público. Tomemos como a norma programática prevista no art. 196 da CF/88: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” O caráter programático do dispositivo não significa que o Poder Público terá a liberdade para fornecer ou não saúde para a população. Não, não. Essa norma, por si só, já vincula o poder público à implementação de políticas públicas e impõe ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso das pessoas a tal serviço. Diante disso, apesar de previsto em norma programática, “o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público (...). A interpretação da norma programática não pode transformá-la em promessa constitucional inconsequente” (RE 271.286-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, 12.9.2000). Ou seja, não se pode dizer que uma norma programática não se revista de caráter vinculante, nem que não possa nunca gerar direitos subjetivos. Item errado. 29. (FCC/ANALISTA/TRF - 3ª REGIÃO/2016) Uma das classificações das normas constitucionais quanto a sua aplicabilidade foi proposta por José Afonso da Silva. Segundo a classificação desse autor, entende-se por norma constitucional de eficácia contida aquela que possui aplicabilidade a) direta e imediata, produzindo de logo todos os seus efeitos, os quais, no entanto, podem ser limitados por outras normas jurídicas, constitucionais ou infraconstitucionais. b) direta, imediata e integral, não estando sujeita a qualquer tipo de limitação infraconstitucional. c) indireta e mediata, vez depender a sua plena efetividade de regulamentação infraconstitucional. d) direta, imediata e integral, competindo ao Poder Público apenas regrar a forma de seu exercício por meio de normas administrativas infralegais, vedada qualquer limitação. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 27 e) indireta e mediata, vez depender a sua plena efetividade da aplicação de outras normas constitucionais. As normas de eficácia contida, restringida ou restringível são dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptas para produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação da Constituição); direta (porque não dependem de nenhuma norma regulamentadora intermediária para a produção de efeitos); mas não-integral (porque sujeitas à imposição de restrições pela legislação infraconstitucional, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos geralmente aceitos, como “iminente perigo público”, por exemplo). Gabarito: A 30. (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que apresentam aplicabilidade reduzida, haja vista necessitarem de norma ulterior para que sejam aplicadas. Para acertar as questões de concursos sobre esse assunto, você vai precisar saber diferenciar, especialmente, as normas de eficácia limitada e as normas de eficácia contida. Essa questão, por exemplo, mistura as normas de eficácia contida com o conceito das normas de eficácia limitada. As normas de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade imediata e, por isso, não necessitam de lei posterior para que sejam aplicadas. Na realidade, lei posterior viria apenas para restringir o exercício do direito nelas previsto. Item errado. 31. (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas constitucionais de eficácia limitada estreitam-se com o princípio da reserva legal, haja vista regularem interesses relativos à determinada matéria, possibilitando a restrição por parte do legislador derivado. Mais uma vez, a Esaf inverteu os conceitos tentando confundir o candidato. A assertiva apresenta um conceito relacionado com as normas de eficácia contida (e não limitada), pois é característica desse tipo de norma a possibilidade de restrição pelo legislador ordinário. Item errado. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MAAula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 28 32. (FCC/TÉCNICO/TCE/CE/2015)Consideram-se normas constitucionais de eficácia contida aquelas em que o legislador constituinte a) regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria produzindo a norma desde logo seus efeitos, mas deixou margem à atuação restritiva por parte do Poder Público, nos termos que vierem a ser previstos em lei. b) deixou ao legislador ordinário o poder pleno de disciplinar a matéria, sem delinear os limites de tal atuação. c) regulamentou inteiramente a matéria, a qual não pode ser objeto de nenhum juízo restritivo por parte do Poder Público. d) deixou ao legislador ordinário o poder de disciplinar a matéria, dependendo a norma constitucional, para gerar efeitos, da existência de regras restritivas por este traçadas. e) previu os princípios que devem ser observados pelo Poder Público, sem fixar diretriz a ser seguida na elaboração das leis ordinárias posteriores. As normas de eficácia contida, restringida ou restringível estão aptas para a produção de seus plenos efeitos com a simples promulgação da Constituição (pois foram suficientemente reguladas na própria Constituição). Todavia, elas podem vir a ser restringidas pela legislação infraconstitucional, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos geralmente aceitos (“iminente perigo público”, por exemplo). Gabarito: A 33. (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) O condicionamento da aplicação de direitos e garantias fundamentais à preexistência de lei, não retira o poder normativo do dispositivo constitucional, haja vista impor ao legislador e ao aplicador da norma limites de atuação. O fato de a Constituição condicionar o exercício da aplicação de certos direitos e garantias fundamentais à regulamentação por lei não retira a força normativa dessas normas constitucionais de eficácia limitada. É importante você ter em mente que mesmo uma norma constitucional dependente de regulamentação já tem alguma eficácia com a sua simples entrada em vigor. Com efeito, com a promulgação da Constituição, sua eficácia é meramente “negativa”. É que elas não produzem seus plenos efeitos ainda (já que `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 29 dependem da regulamentação), mas já servem de parâmetro para a realização do controle de constitucionalidade das leis: (i) revogando a legislação pretérita em sentido contrário; e (ii) permitindo a declaração da inconstitucionalidade da legislação posterior em sentido contrário. Ademais, essas normas também servem de parâmetro para o exercício da interpretação constitucional. Atenção! Diante do que eu disse aqui, é errada qualquer questão que afirme que, até a regulamentação, as normas de eficácia limitada são desprovidas de eficácia. Item certo. 34. (ESAF/AFT/2003) Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de aplicação restringido por uma legislação futura, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos. Acredito que você não teve dificuldades em acertar essa questão. Ela apresenta corretamente o conceito de norma constitucional de eficácia contida ou restringível. Memorize esses conceitos: Se o direito pode ser restringido→ eficácia restringívelou contida É interessante comentar que as restrições às normas de eficácia contida podem ser impostas: a) por lei (exemplo: art. 5º, XIII, da CF/88, que prevê as restrições ao exercício de trabalho, ofício ou profissão, que poderão ser impostas pela lei que estabelecer as qualificações profissionais); b) por outras normas constitucionais (exemplo: art. 139 da CF/88, que impõe restrições ao exercício de certos direitos fundamentais, durante o período de estado de sítio); c) por conceitos ético-jurídicos geralmente aceitos (exemplo: art. 5º, XXV, da CF/88, em que o conceito de “iminente perigo público” autoriza a autoridade competente a impor uma restrição ao direito de propriedade, requisitando administrativamente a propriedade particular). Item certo. 35. (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) As normas programáticas não são auto-aplicáveis porque retratam apenas diretrizes políticas que `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 30 devem ser alcançadas pelo Estado Brasileiro, não possuindo caráter vinculante imediato. As normas programáticas são aquelas por meio das quais a Constituição estabelece os princípios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos órgãos estatais (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), visando à realização dos fins sociais do Estado.Constituem programas a serem realizados pelo Poder Público, disciplinando interesses econômico-sociais, tais como: realização da justiça social; valorização do trabalho; amparo à família; combate ao analfabetismo etc. (por exemplo, “a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações” (CF, art. 4°, parágrafo único)). Esse grupo é composto pelas chamadas normas programáticas. Uma dúvida comum é se a existência de uma norma programática vincularia a atuação dos agentes estatais, ou se retrataria mera orientação aos gestores. Modernamente, predomina o entendimento de que a entrada em vigor de um preceito de natureza programática vincula a atuação do Estado no sentido de buscar o seu alcance. Tanto é assim que pode ser questionada a inconstitucionalidade de uma ação estatal em sentido contrário. Assim, está errado afirmar que não teriam as normas programáticas caráter vinculante. Item errado. 36. (ESAF/APO/MPOG/2005) Uma norma constitucional que possua em seu texto a expressão “na forma da lei”, até a promulgação e publicação dessa lei, é classificada por José Afonso da Silva, quanto à sua aplicabilidade, como norma constitucional de eficácia contida. Não há que se estabelecer uma relação entre a expressão “na forma da lei” e a classificação da norma. De qualquer forma, normalmente, essa expressão indica uma norma constitucional de eficácia limitada (e não contida, como afirmado no enunciado). Entretanto, não se trata de regra absoluta! Diversas normas constitucionais de eficácia limitada não vêm acompanhadas de nenhuma dessas expressões. Item errado. 37. (ESAF/AFRF/2000) Normas constitucionais não auto-aplicáveis somente se tornam normas jurídicas depois de reguladas por lei, uma vez que, antes disso, não são capazes de produzir efeito jurídico. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 31 As normas constitucionais não auto-aplicáveis (as normas de eficácia limitada) não produzem os seus plenos/essenciais efeitos com a sua promulgação. Porém, não se pode afirmar que sejam elas totalmente desprovidas de eficácia jurídica, pois, como jávimos exaustivamente nesta aula, com a simples promulgação da Constituição, já produzem, pelo menos, os seguintes efeitos: a) revogam as disposições pretéritas em sentido contrário; b) impedem a produção legislativa posterior contrária aos seus comandos. Ademais, a doutrina ressalta o entendimento de que não há norma constitucional desprovida de eficácia jurídica. O que pode variar, de uma norma para outra, é o seu grau de eficácia e aplicabilidade. Item errado. 38. (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) O art. 5º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, que estabelece “Art. 5º [...] inciso XXII – é garantido o direito de propriedade”, é uma norma constitucional de eficácia contida ou restringível. Para a doutrina, o direito de propriedade (CF, art. 5º, XXII) é típica norma de eficácia contida. Segundo o prof. José Afonso da Silva, o direito de propriedade é norma de eficácia contida porque, embora a Constituição Federal assegure sua imediata eficácia (art. 5º, XXII), o mesmo texto constitucional já autoriza a imposição de restrição ao seu gozo, mediante desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social (art. 5º, XXIV) e também mediante requisição administrativa, em caso de iminente perigo público (art. 5º, XXV). Item certo. 39. (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Uma norma constitucional classificada quanto à sua aplicabilidade como uma norma constitucional de eficácia contida não possui como característica a aplicabilidade imediata. Como vimos, uma norma constitucional de eficácia contida tem como característica a aplicabilidade direta e imediata, podendo o exercício do direito nela previsto ser restringido posteriormente por lei, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos amplamente aceitos. Item errado. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 32 40. (ESAF/PROCURADOR Da FAZENDA NACIONAL/2006) Uma norma constitucional programática pode servir de paradigma para o exercício do controle abstrato de constitucionalidade. Vimos que, com a mera promulgação da Constituição, a norma programática poderá ser parâmetro para o controle de constitucionalidade das leis (abstrato ou concreto), haja vista que nem a legislação pretérita, nem a legislação futura poderão contrariar os seus comandos programáticos. Assim, a legislação pretérita conflitante com a norma programática será por esta revogada, e a legislação futura que a contrariar poderá ser declarada inconstitucional. Item certo. 41. (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) No caso das normas constitucionais de eficácia contida, a atividade integradora do legislador infraconstitucional é vinculada e não discricionária, ante a necessidade, para fins de auto-execução, de delimitar o ambiente da sua atuação restritiva. A assertiva está incorreta, pois dá a entender que, para fins de auto-execução das normas de eficácia contida, seria necessária atuação do legislador infraconstitucional. As normas constitucionais de eficácia contida são plenamente exercitáveis independentemente de regulamentação. Diante disso, também não há que se falar em vinculação dessa atividade legislativa. Item errado. 42. (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A norma constitucional que prevê que a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem é de eficácia limitada. A questão exige que o candidato raciocine com base no dispositivo constitucional mencionado. A publicidade dos atos processuais é ampla, até que uma lei venha para restringi-la (especificamente para aqueles casos em que a defesa da intimidade ou o interesse social o exijam, nos termos do art. 5°, LX da CF/88). Observe que a norma constitucional estabelece um direito direta e imediatamente exercitável, com a simples promulgação da Constituição. Entretanto, esse exercício poderá ser restringido no futuro. Em suma, trata-se de norma de eficácia contida. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 33 Item errado. 43. (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Pelo princípio da força normativa da Constituição, apenas as normas constitucionais que apresentam todas as condições de eficácia vinculam, de alguma forma, os poderes públicos. A questão está errada, pois não é necessário que a norma constitucional apresente todas as condições de eficácia para poderem vincular o poder público. Vejamos as normas programáticas. Elas não apresentam todos os seus efeitos integrais com a simples promulgação da Constituição. Mesmo assim, elas têm a capacidade de vincular o Poder Público à adoção de medidas que tendam a concretizar os objetivos nelas previstos. Item errado. 44. (ESAF/PGFN/2012) “Norma de eficácia limitada”, ou “norma de eficácia relativa”, é aquela que depende de legislação infraconstitucional para a sua plena eficácia. As normas constitucionais de eficácia limitada são, de fato, aquelas que dependem de regulamentação infraconstitucional para a produção de seus plenos efeitos. Item certo. 45. (ESAF/PGFN/2012) “Norma de eficácia contida”, ou “norma de eficácia restringível”, é aquela que independe de regulação infraconstitucional para a sua plena eficácia, porém pode vir a ter a sua eficácia ou o seu alcance restringido por legislação infraconstitucional. A questão apresenta corretamente o conceito de normas constitucionais de eficácia contida. Item certo. É isso aí. Segue, agora, a lista das questões comentadas. Um grande abraço – e bons estudos! Frederico Dias `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ �vÝÊ*ÀÊ*��Ê `ÌÀÊ /ÊÀiÛiÊÌ ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê ÜÜÜ°Vi°VÉÕV° Ì Direito Constitucional – Sefaz/MA Aula 1 – Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Frederico Dias 34 3) Lista das Questões Comentadas 1. (CESPE/PROCURADOR/NATAL/2008) No âmbito da doutrina que estuda a interpretação constitucional, é possível identificar duas correntes de pensamento: os interpretativistas e os não-interpretativistas. A diferença entre elas, em linhas gerais, é que os interpretativistas defendem um ativismo judicial na interpretação da Constituição, admitindo a possibilidade de os juízes irem além do texto da lei, invocando valores como justiça, igualdade e liberdade na criação judicial do direito, o que é repelido pelos não-interpretativistas. 2. (CESPE/PROCURADOR/NATAL/2008) A sociedade aberta dos intérpretes da Constituição, defendida por Peter Häberle, propõe que a interpretação constitucional seja tarefa desenvolvida por todos aqueles que vivem a norma, devendo ser inseridos no processo de interpretação constitucional todos os órgãos estatais, os cidadãos e os grupos sociais. 3. (CESPE/ADVOGADO/CORREIOS/2011) Segundo os doutrinadores, a ideia de uma constituição aberta está ligada à possibilidade de sua permanência dentro de seu tempo, evitando-se o risco de perda ou desmoronamento de sua força normativa. 4. (FGV/SEFAZ/MT/2014) Analise o fragmento a seguir. “Sempre que uma norma jurídica comportar mais de um significado possível, deve o intérprete optar por aquele que melhor realize o espírito da Constituição, rejeitando as exegeses contrárias aos preceitos constitucionais.”
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