Prévia do material em texto
Prof. Nathalia Masson Aula 04 1 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Aula 04 Noções de Direito Constitucional – Interpretação da Constituição e Princípios constitucionais Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Prof. Nathalia Masson Prof. Nathalia Masson Aula 04 2 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Sumário SUMÁRIO 2 INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 3 (1) MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 3 (A) MÉTODO JURÍDICO OU HERMENÊUTICO CLÁSSICO 3 (B) MÉTODO CIENTÍFICO-ESPIRITUAL (OU VALORATIVO OU INTEGRATIVO) 6 (C) MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO (OU MÉTODO DA TÓPICA) 8 (D) MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR 8 (E) MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE (OU CONCRETISTA) 10 (2) PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E DAS LEIS 12 (A) PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO 12 (B) PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO 14 (C) PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS 16 (D) PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO 16 (E) PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA 23 (F) PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR 26 (G) PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO 27 (H) PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA (INTERVENÇÃO EFETIVA) 30 (I) PRINCÍPIO DA CONFORMIDADE FUNCIONAL OU JUSTEZA 32 (3) QUESTÕES RESOLVIDAS EM AULA 35 (4) OUTRAS QUESTÕES: PARA TREINAR 48 (5) RESUMO DIRECIONADO 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64 Prof. Nathalia Masson Aula 04 3 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS (1) MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO Segundo nos ensina o professor português J. J. Gomes Canotilho, “a interpretação das normas constitucionais é um conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência com base em critérios ou premissas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas) diferentes mas, em geral, reciprocamente complementares”1. Neste item da aula, verificaremos quais são as particularidades de cada um dos métodos hermenêuticos (de interpretação) que o mestre português e a doutrina pátria elencam. Mas antes, estude o esquema abaixo e já vá se familiarizando com a nomenclatura dos métodos que são corriqueiramente cobrados em provas de concursos públicos: (A) Método jurídico ou hermenêutico clássico Este método parte da premissa de que a Constituição é uma lei (pode até ser “a lei das leis”, mas é uma lei, isto é, um documento normativo escrito) de modo que todos os tradicionais e conhecidos métodos da hermenêutica clássica (concebidos por Savigny para a feitura da interpretação das leis em geral), podem ser manejados na realização da interpretação. Nesse contexto, todos os elementos que 1. CANOTILHO, Jose Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6ª. ed. Coimbra: Almedina, 1993, p. 213. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO Método jurídico ou hermenêutico clássico Método científico-espiritual (ou integrativo) Método tópico-problemático (ou método da tópica) Método hermenêutico-concretizador Método normativo-estruturante (ou concretista) Prof. Nathalia Masson Aula 04 4 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT são utilizados na tarefa interpretativa legal serão também manuseados no momento de interpretarmos o texto constitucional. Assim, será possível operar com os seguintes: (i) O genético: que possui o intuito de apurar e pesquisar a origem dos conceitos que foram postos no documento constitucional pelo poder constituinte originário. (ii) O histórico: que verifica os anais da confecção daquele dispositivo, ou seja, busca compreender em que momento histórico aquela norma foi elaborada, avaliando, inclusive, o contexto de sua formação (se havia um projeto prévio; como se desenvolveram os debates que culminaram na aprovação; se pareceres foram apresentados, etc.). (iii) O sistemático: como o nome indica, é um elemento que nos lembra que a Constituição deve ser lida como ‘um todo’ e não como um conjunto de normas esparsas, reunidas ao acaso. (iv) O literal: também intitulado de gramatical, sua finalidade é a de promover uma interpretação textual e literal do dispositivo. (v) O lógico: cujo objetivo é o de examinar as conexões que envolvem a norma que deve ser interpretada com os demais dispositivos da Constituição, buscando harmoniza-la com o todo constitucional. (vi) O teleológico: busca a finalidade da norma, o intuito que ela pretendia alcançar quando foi editada. Vale destacar três coisas antes de passarmos à análise do próximo método: (i) A doutrina majoritária indica não haver qualquer hierarquia entre os citados elementos de interpretação. Os mesmos podem (e devem!) ser utilizados juntos, de modo combinado, para que possam se reforçar mutuamente e, claro, para que se controlem reciprocamente. (ii) Esse método atribui protagonismo indiscutível ao texto constitucional, conferindo ao intérprete apenas o papel de desvendar o real significado da norma e o seu sentido. Há um peso óbvio dado à literalidade do texto no método em estudo. E há, também, uma limitação evidente da tarefa criativa do intérprete, que somente deve buscar o sentido da norma, não estando autorizado a formular quaisquer juízos de valor. (iii) É indiscutível que esses tradicionais elementos contribuem para a interpretação constitucional. No entanto, quando Savigny os pensou, certamente foi considerando institutos jurídicos típicos do direito privado, sem, obviamente, pensar nas particularidades das normas constitucionais. Por isso, a doutrina é contundente em afirmar que o método hermenêutico clássico, quando utilizado isoladamente, não é satisfatório para uma interpretação constitucional adequada, tampouco tem aptidão para solucionar apropriadamente os casos difíceis. Prof. Nathalia Masson Aula 04 5 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT No mais, tome muito cuidado com questões de prova que digam que o método clássico não se aplica à interpretação constitucional, pois ele é sim um indiscutível contributo para essa tarefa! Veja abaixo esse assunto em prova: Questão para fixar [INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor Público - Adaptada] Sobre os métodos e princípios hermenêuticos aplicáveis na seara constitucional, julgue a assertiva: Os métodos clássicos de interpretação (literal ou gramatical, histórico, sistêmico e teleológico), segundo a doutrina majoritária, não são aplicáveis na interpretação do texto constitucional. Comentário: Foi tranquilo marcar essa assertiva como falsa, não é? Confiante que sim! Como já sabemos, os elementos clássicos são aplicáveis na interpretação do texto constitucional. Gabarito: Errado E para treinarmos um pouco mais a incidência desse método em prova, dê uma olhada em mais essas questões: Questões para fixar [CESPE - 2012 - TJ-BA - Juiz Substituto - Adaptada] Com relação aos elementos da Constituição, à aplicabilidade e à interpretação das normas constitucionais, julgue a assertiva: O método hermenêutico clássico de interpretação constitucional concebe a interpretação como uma atividade puramente técnica de conhecimento do texto constitucional e preconiza que o intérprete da Constituição deve se restringir a buscar o sentido da norma e por ele se guiar na sua aplicação, semé a letra ‘c’! Como sabemos, o princípio da concordância prática impõe a harmonização (compatibilização) entre dois ou mais direitos fundamentais em caso de colisão entre eles. Gabarito: C [FCC - 2013 - DPE-SP - Defensor Público] A doutrina elenca alguns princípios de interpretação especificamente constitucionais, nos quais se encarta o princípio da concordância prática, que consiste na busca do intérprete e aplicador das normas constitucionais: A) pela primazia de pontos de vista que favoreçam a integração política e social, de modo a alcançar soluções pluralisticamente integradoras. B) pela coexistência harmônica entre bens constitucionalmente protegidos que estejam em uma aparente situação de conflito entre eles, evitando-se o sacrifício total de um deles em detrimento do outro. C) por uma interpretação que atenda a harmonia entre os três Poderes do Estado, evitando a ofensa ao princípio da tripartição dos poderes. D) pela garantia de manutenção do esquema organizatório-funcional estabelecido pela Constituição ao prever um sistema harmônico de repartição de competências entre os entes federativos. Comentário: Prof. Nathalia Masson Aula 04 30 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Pode assinalar como alternativa correta a da letra ‘b’, pois ela descreve, de forma exata, o princípio da concordância prática, que impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito entre eles, evitando o sacrifício de um em relação ao outro. Gabarito: B [TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto] A Constituição brasileira possui uma plêiade de princípios, muitos deles em conflito em casos concretos. Há vetores interpretativos que auxiliam o juiz no trabalho de construção da decisão. Um desses vetores da hermenêutica contemporânea (v.g., Canotilho) tem campo de atuação em hipóteses de colisão entre direitos fundamentais, sendo que subjacente a este princípio está a ideia de igual valor dos bens constitucionais que impede, como solução, o sacrifício de uns em relação aos outros e impõe condicionantes recíprocas. Esse vetor traduz o princípio da: A) Concordância prática. B) Máxima efetividade. C) Correção funcional. D) Interpretação. Comentário: Foi fácil marcar a letra ‘a’ como resposta, certo? Depois que já resolvemos algumas questões sobre o tema, as perguntas seguintes ficam parecendo repetitivas (e, de fato, elas são!). Realmente é o princípio da concordância prática que tem seu campo de atuação em hipóteses de colisão entre direitos fundamentais, sendo que subjacente a este princípio está a ideia de igual valor dos bens constitucionais que impede, como solução, o sacrifício de uns em relação aos outros e impõe condicionantes recíprocas. Gabarito: A (H) Princípio da máxima efetividade ou da eficiência (intervenção efetiva) Doutrinariamente, aponta-se que a definição desse postulado é muito semelhante à de um princípio já estudado anteriormente: o da força normativa. O que os diferencia é a circunstância de o princípio da força normativa se referir à Constituição globalmente considerada e o da máxima efetividade relacionar-se, sobretudo, aos direitos fundamentais. O princípio da máxima efetividade (ou da eficiência) apresenta-se, portanto, como um apelo para que seja realizada a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar a maior efetividade possível, de maneira a otimizar a norma e dela extrair todo o seu potencial protetivo. Vejamos nas questões seguintes como esse princípio pode vir a ser cobrado em sua prova: Prof. Nathalia Masson Aula 04 31 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Questões para fixar [CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2] O aplicador do direito, ao interpretar as normas constitucionais pretendendo otimizar-lhes a eficácia, sem alterar o seu conteúdo, lança mão do princípio da: A) máxima efetividade. B) interpretação conforme a Constituição. C) concordância prática. D) eficácia integradora. E) correção funcional. Comentário: Na questão apresentada devemos assinalar como correta a alternativa ‘a’: o princípio da máxima efetividade estabelece que o intérprete da norma constitucional deve a ela atribuir o sentido capaz de lhe conferir maior efetividade. Deste modo, ao aplicar tal princípio, o intérprete pretende extrair do texto toda a sua potencialidade. Cumpre destacar que a sua utilização se dá, principalmente, na aplicação dos direitos fundamentais, muito embora este princípio possa ser usado na interpretação de todas as normas constitucionais. Gabarito: A [CESPE - 2015 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - Adaptada] Julgue a assertiva: O princípio da máxima efetividade da Constituição propõe que se dê primazia às soluções hermenêuticas que, compreendendo a historicidade das estruturas constitucionais, possibilitem a sua atualização normativa, garantindo a sua eficácia e permanência. Comentário: A assertiva apresentada está equivocada e deverá ser marcada como falsa, vez que ela descreve o princípio da força normativa da Constituição, e não o da máxima efetividade. Este último prevê que quando é realizada a interpretação do texto constitucional devemos atribuir à norma o sentido que lhe dê maior efetividade. Gabarito: Errado [FCC - 2017 - ARTESP - Especialista em Regulação de Transporte III - Direito - Adaptada] A norma constitucional não se confunde com seu texto, de modo que é preciso extrair dele o conteúdo e sentido da norma. Para tanto o intérprete pode se valer dos princípios interpretativos, como o princípio da máxima efetividade, que confere à norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia. Comentário: Prof. Nathalia Masson Aula 04 32 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT A assertiva está correta! De fato, “texto” e “norma”, são vocábulos que não se confundem: o texto são os signos linguísticos, aquilo que está escrito; já a norma é o sentido que vamos extrair do texto. Por isso, se o texto é formado por palavras plurívocas/polissêmicas, que admitem mais de um sentido, podemos extrair daquele texto mais de uma norma (mais de uma interpretação possível). E nessa tarefa interpretativa, podemos nos valer do princípio da máxima efetividade (também conhecido como princípio da eficiência ou da interpretação efetiva), segundo o qual o intérprete deverá atribuir à norma o sentido que seja capaz de lhe conferir maior efetividade. Tal princípio visa maximizar a eficácia da norma, de modo que se extraia dela todas as suas potencialidades. Gabarito: Certo (I) Princípio da conformidade funcional ou justeza Sabemos que é tarefa da Constituição fixar a estrutura política organizacional do Estado, estabelecendo as atribuições dos Poderes. Manter intacto o panorama de competências tal qual ele foi pensado pela Carta Maior é imprescindível à própria continuidade do projeto constitucional. É nesse contexto que o princípio da conformidade funcional ou justeza visa impedir que os órgãos encarregados de realizar a interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição, sob pena de usurpação de competência. Por fim, não podemos nos esquecer que a origem deste princípio na Alemanha é a de combater o ativismo judicial, numa clara tentativa de conter a participação mais intensa do Tribunal Constitucional nos debates político-jurídicos, ao argumento de que o campo político deve se manter reservado ao legislador. O princípio da conformidade funcional, nesse contexto, se apresenta como maisadequado a “consolidar essa visão anacrônica de separação de poderes – e não somente entre Judiciário e Legislativo, mas entre todos os poderes – que ser um instrumento ‘moderno’ de interpretação constitucional”16. As questões postas a seguir nos ajudarão a identificar como o tema é exigido em prova: 16. SILVA, Virgílio Afonso da. Interpretação constitucional e sincretismo metodológico; In: Interpretação constitucional. 1ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 132-133. Prof. Nathalia Masson Aula 04 33 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Questões para fixar [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico] Pelo princípio da justeza ou da conformidade funcional da Constituição Federal: a) as normas constitucionais devem ser interpretadas no sentido de terem a mais ampla efetividade social, reconhecendo a maior eficácia possível aos direitos fundamentais. b) partindo da ideia de unidade da Constituição, os bens jurídicos constitucionalizados deverão coexistir de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre esses bens e princípios, por inexistir hierarquia entre eles. c) o intérprete máximo da Constituição, ao concretizar a norma constitucional, será responsável por estabelecer sua força normativa, não podendo alterar a repartição de funções constitucionalmente estabelecida pelo constituinte originário. d) as normas constitucionais devem ser interpretadas em sua globalidade, afastando‐se as aparentes antinomias. e) na resolução dos problemas jurídico‐constitucionais deve‐se dar primazia aos critérios que favoreçam a integração política e social, e o reforço da unidade política do Estado. Comentário: O princípio da justeza está muito bem delineado na alternativa ‘c’. É ele que impõe ao órgão encarregado de interpretar o texto constitucional a tarefa de não subverter o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo constituinte. Mesmo depois de assinalar a resposta, aproveite para treinar um pouco mais, identificando quais princípios foram mencionados nas demais alternativas: (i) na letra ‘a’ temos o Princípio da Máxima Efetividade; (ii) na letra ‘b’ temos o Princípio da Concordância Prática; (iii) já a letra ‘d’ nos leva ao Princípio da Unidade da Constituição; (iv) por fim, a letra ‘e’ nos apresenta ao Princípio do efeito integrador. Gabarito: C [FCC - 2010 - TRE-AC - Analista Judiciário - Área Judiciária] Sobre a interpretação das normas constitucionais, analise: I. O órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte. II. O texto de uma Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições (antinomias) entre suas normas, e sobretudo, entre os princípios constitucionais estabelecidos. Os referidos princípios, conforme doutrina dominante, são denominados, respectivamente, como: A) da força normativa e da justeza. B) do efeito integrador e da harmonização. Prof. Nathalia Masson Aula 04 34 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT C) da justeza e da unidade. D) da máxima efetividade e da unidade. E) do efeito integrador e da forma normativa. Comentário: I - É claro que aqui estamos diante do princípio da justeza (ou da conformidade funcional), que visa impedir que os órgãos encarregados de realizar a interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema já estabelecido pela Constituição. II - Aqui foi narrado o princípio da unidade da Constituição, que dita que o texto constitucional deverá ser interpretado de modo a ser compreendido como um todo unitário e harmônico, sem a presença de antinomias reais, reconhecendo, deste modo, um sentido global para a Constituição. Sendo assim, deveremos marcar como correta a alternativa ‘c’. Gabarito: C [CESPE - 2015 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - Adaptada] Julgue a assertiva: O princípio da justeza ou da conformidade funcional preceitua que o órgão encarregado da interpretação constitucional não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema de repartição de funções constitucionalmente estabelecido. Comentário: Creio que tenha sido tranquilo identificar o item como correto, certo? De fato, o princípio da justeza, também chamado de princípio da conformidade funcional, objetiva impedir que os órgãos encarregados de realizar a interpretação constitucional cheguem a um resultado que desconstrua o esquema organizatório funcional já estabelecido pelo poder constituinte originário. Gabarito: Certo Prof. Nathalia Masson Aula 04 35 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT (3) Questões resolvidas em aula QUESTÃO 01 [INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor Público - Adaptada] Sobre os métodos e princípios hermenêuticos aplicáveis na seara constitucional, julgue a assertiva: Os métodos clássicos de interpretação (literal ou gramatical, histórico, sistêmico e teleológico), segundo a doutrina majoritária, não são aplicáveis na interpretação do texto constitucional. QUESTÃO 02 [CESPE - 2012 - TJ-BA - Juiz Substituto - Adaptada] Com relação aos elementos da Constituição, à aplicabilidade e à interpretação das normas constitucionais, julgue a assertiva: O método hermenêutico clássico de interpretação constitucional concebe a interpretação como uma atividade puramente técnica de conhecimento do texto constitucional e preconiza que o intérprete da Constituição deve se restringir a buscar o sentido da norma e por ele se guiar na sua aplicação, sem formular juízos de valor ou desempenhar atividade criativa. QUESTÃO 03 [CESPE - 2013 - STM - Juiz-Auditor Substituto - Adaptada] No que se refere aos métodos de interpretação da CF, julgue a assertiva: No método jurídico, defende-se a identidade entre lei e constituição, esta considerada espécie de lei, devendo, portanto, ser interpretada pelas regras tradicionais de hermenêutica. QUESTÃO 04 [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico - Adaptada] Julgue o item a seguir: De acordo com o método jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, todos os métodos tradicionais de exegese deverão ser utilizados na tarefa interpretativa. QUESTÃO 05 [IADES - 2014 - METRÔ-DF - Advogado - Adaptada] No que se refere aos métodos de interpretação da Constituição Federal (CF), julgue o item: No método jurídico, defende-se a identidade entre lei e constituição, esta considerada espécie de lei, devendo, portanto, ser interpretada pelas regras tradicionais de hermenêutica. QUESTÃO 06 [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico - Adaptada] Julgue a assertiva a seguir apresentada: De acordo com o método científico-espiritual, a análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional. Prof. Nathalia Masson Aula 04 36 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT QUESTÃO 07 [CESPE - 2013 - STM - Juiz-Auditor Substituto - Adaptada] No que se refere aos métodos de interpretação da CF, julgue o item: De acordo com o método científico-espiritual, deve-se priorizar a concretização em detrimento da interpretação, que é apenas uma etapa da concretização, visto que é impossível isolar a norma da realidade. QUESTÃO 08 [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - DPE-MG - Defensor Público - Adaptada] Quanto aos métodosde interpretação da Constituição e das normas constitucionais, julgue a assertiva: Diz-se método científico espiritual, valorativo ou sociológico, aquele que parte de uma tese da identidade que existiria entre a constituição e as demais leis, ou seja, se a constituição é uma lei, não há por que ter método específico para interpretá-la. QUESTÃO 09 [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - DPE-MG - Defensor Público - Adaptada] Julgue a assertiva a seguir: Diz-se método tópico problemático aquele em que o intérprete se vale de suas pré-compreensões valorativas para obter o sentido da norma em um determinado problema pois o conteúdo da norma somente é alcançado a partir de sua interpretação concretizadora, dotada de caráter criativo que emana do exegeta. QUESTÃO 10 [CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto- Adaptada] A respeito de hermenêutica constitucional e de métodos empregados na prática dessa hermenêutica, julgue a assertiva apresentada: De acordo com o método tópico, o texto constitucional é ponto de partida da atividade do intérprete, mas nunca limitador da interpretação. QUESTÃO 11 [CESPE - 2012 - TCE-ES - Auditor de Controle Externo - Direito] Com relação à aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais, julgue o item subsequente: De acordo com o método hermenêutico concretizador, elaborado com base nos ensinamentos de Konrad Hesse, a norma deve ser interpretada a partir da análise do problema concreto, tendo-se a constituição como um sistema aberto de regras e princípios. QUESTÃO 12 Prof. Nathalia Masson Aula 04 37 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - DPE-MG - Defensor Público - Adaptada] Quanto aos métodos de interpretação da constituição e das normas constitucionais, julgue a assertiva a seguir: Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas. QUESTÃO 13 [CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto- Adaptada] Julgue o item a seguir: Segundo a metódica jurídica normativo-estruturante, a aplicação de uma norma constitucional deve ser condicionada às estruturas sociais que delimitem o seu alcance normativo. QUESTÃO 14 [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto] Sobre a supremacia da Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA: A) A supremacia está no fato de o controle da constitucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tribunal Federal. B) A supremacia está na obrigatoriedade de submissão das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela instituído. C) A supremacia está no fato de a interpretação da constituição não depender da observância dos princípios que a norteiam. D) A supremacia está no fato de que os princípios e fundamentos da constituição se resumam na declaração de soberania. QUESTÃO 15 [FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador] À atividade judicial de evitar a anulação da lei em razão de normas dúbias nela contidas, desde que, naturalmente, haja a possibilidade de compatibilizá-las com a Constituição Federal, dá-se o nome de: A) interpretação autêntica da Constituição. B) controle concentrado de constitucionalidade. C) interpretação conforme a Constituição. D) interpretação analógica da Constituição. E) integração constitucional por via de controle difuso e interpretação literal. QUESTÃO 16 Prof. Nathalia Masson Aula 04 38 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT [VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia] Em recente julgamento nos autos da ADPF no 132, o Supremo Tribunal Federal, diante da possibilidade de duas ou mais interpretações razoáveis sobre o art. 1.723 do Código Civil, que trata sobre a união estável entre homem e mulher, reconheceu a união homoafetiva como família. Nesse caso, é correto afirmar que a técnica de interpretação utilizada foi: A) interpretação teleológica. B) mutação constitucional informal. C) interpretação conforme. D) mutação constitucional formal. E) ponderação pelo princípio da proporcionalidade. QUESTÃO 17 [ESAF - 2016 - ANAC - Analista Administrativo - Conhecimentos Básicos - Áreas 1 e 2 - Adaptada] A Supremacia das Normas Constitucionais no ordenamento jurídico e a presunção de constitucionalidade das leis e dos atos normativos editados pelo poder público competente exigem que, na função hermenêutica de interpretação do ordenamento jurídico, seja sempre concedida preferência ao sentido da norma que seja adequado à Constituição Federal. Nesse sentido, quanto à interpretação constitucional, julgue a assertiva: O Supremo Tribunal Federal, ao reduzir o alcance valorativo da norma impugnada, adequando-a à Carta Magna, excluindo da norma impugnada determinada interpretação incompatível com a Constituição Federal, utiliza a interpretação conforme sem redução do texto. QUESTÃO 18 [VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto] Com relação aos princípios e métodos de interpretação constitucional, julgue o item: A interpretação conforme a Constituição, instrumento previsto no artigo 28, parágrafo único, da Lei n° 9.868/1999, permite a interpretação contrária à literalidade da norma (contra legem), desde que necessária à preservação do princípio da supremacia da Constituição. QUESTÃO 19 [VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto] Com relação aos princípios e métodos de interpretação constitucional, julgue o item: Segundo o princípio da unidade da Constituição, as normas constitucionais devem ser interpretadas como integrantes de um todo, de modo que, se qualquer delas implica ruptura da unidade, deve ser declarada inconstitucional, conforme já decidiu o Supremo Tribunal na ADIN 815. Prof. Nathalia Masson Aula 04 39 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT QUESTÃO 20 [PGR - 2015 - PGR - Procurador da República - Adaptada] Julgue a assertiva: O princípio da identidade ou da não contradição impede que no interior de uma Constituição originária possam surgir normas inconstitucionais, razão por que o STF não conheceu de ADI em que se impugnava dispositivo constitucional que estabelecia a inelegibilidade do analfabeto. QUESTÃO 21 [IBFC - 2014 - TRE-AM - Analista Judiciário - Área Administrativa] “A Constituição deve ser sempre interpretada em sua globalidade como um todo e, assim, as aparentes antinomias deverão ser afastadas.” O enunciado se refere ao princípio de interpretação constitucional: A) Da Máxima Efetividade. B) Da Unidade da Constituição. C) Do Efeito Integrador. D) Da Harmonização. QUESTÃO 22 [CESPE - 2013 - ANTT - Analista Administrativo - Direito] No que concerne ao poder constituinte e à interpretação das normas constitucionais, julgue o item subsequente: Em sede de interpretação das normas constitucionais, o princípio do efeito integrador é muitas vezes associado ao princípio da unidade da constituição, já que, conforme aquele, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, o que reforça a unidade política. QUESTÃO 23 (TRT 21ªR/Juiz/TRT 21ªR/RN/2011 - Adaptada) Leia a assertiva seguinte e julgue-a: Não obstante o princípio da unidade da Constituição, admite-se a existência de hierarquia envolvendo duas normas constitucionais originárias, com a possibilidade excepcional de declaração de inconstitucionalidade de uma ou outra. QUESTÃO 24 [CESPE - 2011- DPE-MA - Defensor Público] O art. 102, caput, da CF dispõe que compete ao STF, precipuamente, a guarda da Constituição, o que implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel de fiscal do poder constituinte originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositivo que ele próprio havia incluído no texto da mesma CF. Por outro lado, as cláusulas Prof. Nathalia Masson Aula 04 40 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a CF as prevê apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a CF, elaborada pelo poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio poder constituinte originário com relação a outras que não sejam consideradas cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida por impossibilidade jurídica do pedido. ADI 815, relator Min. Moreira Alves, DJ, 10/5/1996 (com adaptações). Considerando esse julgado do STF, é correto afirmar que o princípio constitucional que melhor retrata o entendimento exposto é o da: A) simetria. B) conformidade funcional. C) unidade da Constituição. D) força normativa da Constituição. E) máxima efetividade. QUESTÃO 25 [FCC - 2010 - TRE-AM - Analista Judiciário - Área Judiciária] Com relação aos princípios interpretativos das normas constitucionais, aquele segundo o qual a interpretação deve ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas é denominado de: A) conformidade funcional. B) máxima efetividade. C) unidade da constituição. D) harmonização. E) força normativa da constituição. QUESTÃO 26 [CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Judiciária] Julgue o item seguinte referente à teoria constitucional: De acordo com o princípio da unidade da Constituição, a interpretação constitucional deve ser realizada de forma a evitar contradição entre suas normas. QUESTÃO 27 [INSTITUTO CIDADES – 2010 - DPE-GO - Defensor Público] A maioria da doutrina constitucionalista admite a especificidade da interpretação constitucional e lista alguns princípios a serem observados Prof. Nathalia Masson Aula 04 41 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT nessa tarefa. Quando o intérprete se depara com duas normas constitucionais aparentemente contraditórias e incidentes sobre a mesma situação fática, o princípio aplicável é o da: A) interpretação conforme a Constituição. B) unidade da Constituição. C) presunção da constitucionalidade das leis e atos do poder público. D) máxima efetividade. E) força normativa da Constituição. QUESTÃO 28 [VUNESP - 2014 - DPE-MS - Defensor Público - Adaptada] No que se refere à Hermenêutica Constitucional, analise as assertivas: (i) Há hierarquia entre normas constitucionais originárias, admitindo-se a declaração de inconstitucionalidade de determinada norma em face de outra, gerando assim declaração das normas constitucionais inconstitucionais. (ii) O princípio da unidade da Constituição prevê que o intérprete deve considerar o texto na sua globalidade de forma a se evitarem contradições e antinomias entre normas constitucionais. QUESTÃO 29 [VUNESP - 2016 - TJRJ -Juiz] No estudo da Hermenêutica Constitucional se destaca a importância no constitucionalismo contemporâneo de uma Constituição concreta e historicamente situada com a função de conjunto de valores fundamentais da sociedade e fronteira entre antagonismos jurídicos- políticos. A Constituição não está desvinculada da realidade histórica concreta do seu tempo. Todavia, ela não está condicionada, simplesmente, por essa realidade. Em caso de eventual conflito, a Constituição não deve ser considerada, necessariamente, a parte mais fraca. O texto ressalta corretamente o seguinte princípio: a) hermenêutica clássica. b) nova retórica constitucional. c) senso comum que norteia a eficácia constitucional. d) tópico-problemático constitucional. e) força normativa da Constituição. QUESTÃO 30 [FCC - 2011 - TRE-PE - Analista Judiciário - Área Judiciária] No tocante à interpretação das normas constitucionais, o Princípio da Força Normativa da Constituição determina que: Prof. Nathalia Masson Aula 04 42 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT A) a interpretação constitucional deve ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas. B) entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais. C) os órgãos encarregados da interpretação da norma constitucional não poderão chegar a uma posição que subverta o esquema organizatório funcional constitucionalmente já estabelecido. D) na solução dos problemas jurídicos constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social. E) a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito seja destinada a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. QUESTÃO 31 [FCC - 2017 - ARTESP - Especialista em Regulação de Transporte I – Direito – Adaptada] Julgue o item: A hermenêutica das normas constitucionais permite que se extraia o sentido das mesmas, havendo diversos métodos para aplicação das técnicas de interpretação. Há, além disso, princípios específicos que se destinam a auxiliar na interpretação das normas constitucionais, dos quais é exemplo o Princípio da força normativa da Constituição, que orienta à escolha da interpretação que permita maior eficácia às normas constitucionais. QUESTÃO 32 [CESPE - 2010 - DPE - BA - Defensor Público] No que se refere à hermenêutica e interpretação constitucional, julgue o item subsequente: De acordo com o denominado princípio do efeito integrador, deve-se dar primazia, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, aos critérios que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. QUESTÃO 33 [VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto] Com relação aos princípios e métodos de interpretação constitucional, julgue o item: Segundo o princípio da concordância prática ou da harmonização, eventual conflito entre bens juridicamente protegidos deve ser solucionado pela coordenação e combinação entre eles, de modo que o estabelecimento de limites recíprocos evite o sacrifício de uns em relação aos outros. QUESTÃO 34 Prof. Nathalia Masson Aula 04 43 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT [VUNESP - 2011 - CREMESP - Advogado] Dentro da hermenêutica constitucional, o princípio de interpretação constitucional que exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros denomina-se princípio: A) da unidade da Constituição. B) do efeito integrador. C) da máxima efetividade. D) da concordância prática. E) da conformidade funcional. QUESTÃO 35 [CESPE - 2018 - PGM - João Pessoa - PB - Procurador do Município] Os bens jurídicos reconhecidos e protegidos constitucionalmente devem ser ordenados de tal forma que, havendo colisões entre eles, um não se realize à custa do outro. Essa máxima é representada, no âmbito da interpretação constitucional, pelo princípio: A) da concordância prática. B) da supremacia da Constituição. C) da máximaeficácia da norma constitucional. D) da força normativa da Constituição. E) do efeito integrador. QUESTÃO 36 [CESPE - 2018 - DPE‐PE] A colisão entre dois ou mais direitos fundamentais resolve‐se com a aplicação preponderante do princípio: a) da força normativa. b) da dignidade da pessoa humana. c) da concordância prática. d) da eficiência. e) do efeito integrador QUESTÃO 37 [FCC - 2013 - DPE-SP - Defensor Público] A doutrina elenca alguns princípios de interpretação especificamente constitucionais, nos quais se encarta o princípio da concordância prática, que consiste na busca do intérprete e aplicador das normas constitucionais: Prof. Nathalia Masson Aula 04 44 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT A) pela primazia de pontos de vista que favoreçam a integração política e social, de modo a alcançar soluções pluralisticamente integradoras. B) pela coexistência harmônica entre bens constitucionalmente protegidos que estejam em uma aparente situação de conflito entre eles, evitando-se o sacrifício total de um deles em detrimento do outro. C) por uma interpretação que atenda a harmonia entre os três Poderes do Estado, evitando a ofensa ao princípio da tripartição dos poderes. D) pela garantia de manutenção do esquema organizatório-funcional estabelecido pela Constituição ao prever um sistema harmônico de repartição de competências entre os entes federativos. QUESTÃO 38 [TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto] A Constituição brasileira possui uma plêiade de princípios, muitos deles em conflito em casos concretos. Há vetores interpretativos que auxiliam o juiz no trabalho de construção da decisão. Um desses vetores da hermenêutica contemporânea (v.g., Canotilho) tem campo de atuação em hipóteses de colisão entre direitos fundamentais, sendo que subjacente a este princípio está a ideia de igual valor dos bens constitucionais que impede, como solução, o sacrifício de uns em relação aos outros e impõe condicionantes recíprocas. Esse vetor traduz o princípio da: A) Concordância prática. B) Máxima efetividade. C) Correção funcional. D) Interpretação. QUESTÃO 39 [CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2] O aplicador do direito, ao interpretar as normas constitucionais pretendendo otimizar-lhes a eficácia, sem alterar o seu conteúdo, lança mão do princípio da: A) máxima efetividade. B) interpretação conforme a Constituição. C) concordância prática. D) eficácia integradora. E) correção funcional. QUESTÃO 40 Prof. Nathalia Masson Aula 04 45 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT [CESPE - 2015 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - Adaptada] Julgue a assertiva: O princípio da máxima efetividade da Constituição propõe que se dê primazia às soluções hermenêuticas que, compreendendo a historicidade das estruturas constitucionais, possibilitem a sua atualização normativa, garantindo a sua eficácia e permanência. QUESTÃO 41 [FCC - 2017 - ARTESP - Especialista em Regulação de Transporte III - Direito - Adaptada] A norma constitucional não se confunde com seu texto, de modo que é preciso extrair dele o conteúdo e sentido da norma. Para tanto o intérprete pode se valer dos princípios interpretativos, como o princípio da máxima efetividade, que confere à norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia. QUESTÃO 42 [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico] Pelo princípio da justeza ou da conformidade funcional da Constituição Federal: a) as normas constitucionais devem ser interpretadas no sentido de terem a mais ampla efetividade social, reconhecendo a maior eficácia possível aos direitos fundamentais. b) partindo da ideia de unidade da Constituição, os bens jurídicos constitucionalizados deverão coexistir de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre esses bens e princípios, por inexistir hierarquia entre eles. c) o intérprete máximo da Constituição, ao concretizar a norma constitucional, será responsável por estabelecer sua força normativa, não podendo alterar a repartição de funções constitucionalmente estabelecida pelo constituinte originário. d) as normas constitucionais devem ser interpretadas em sua globalidade, afastando‐se as aparentes antinomias. e) na resolução dos problemas jurídico‐constitucionais deve‐se dar primazia aos critérios que favoreçam a integração política e social, e o reforço da unidade política do Estado. QUESTÃO 43 [FCC - 2010 - TRE-AC - Analista Judiciário - Área Judiciária] Sobre a interpretação das normas constitucionais, analise: I. O órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte. II. O texto de uma Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições (antinomias) entre suas normas, e sobretudo, entre os princípios constitucionais estabelecidos. Prof. Nathalia Masson Aula 04 46 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Os referidos princípios, conforme doutrina dominante, são denominados, respectivamente, como: A) da força normativa e da justeza. B) do efeito integrador e da harmonização. C) da justeza e da unidade. D) da máxima efetividade e da unidade. E) do efeito integrador e da forma normativa. QUESTÃO 44 [CESPE - 2015 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - Adaptada] Julgue a assertiva: O princípio da justeza ou da conformidade funcional preceitua que o órgão encarregado da interpretação constitucional não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema de repartição de funções constitucionalmente estabelecido. Prof. Nathalia Masson Aula 04 47 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT GABARITO 1 – F 2 – V 3 – V 4 – V 5 – V 6 – V 7 – F 8 – F 9 – F 10 – F 11 – F 12 – V 13 – F 14 – B 15 – C 16 – C 17 – V 18 – F 19 – F 20 – V 21 – B 22 – V 23 – F 24 – C 25 – C 26 – C 27 – B 28 – I) F / II) V 29 – E 30 – B 31 – V 32 – V 33 – V 34 – D 35 – A 36 – C 37 – B 38 – A 39 – A 40 – F 41 – V 42 – C 43 – C 44 – V Prof. Nathalia Masson Aula 04 48 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT (4) Outras questões: para treinar QUESTÃO 01 [CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto] Julgue a assertiva apresentada a respeito de hermenêutica constitucional e de métodos empregados na prática dessa hermenêutica: O princípio da unidade da Constituição orienta o intérprete a conferir maior peso aos critérios que beneficiem a integração política e social. QUESTÃO 02 [CESPE - 2009 - ANATEL - Analista Administrativo - Direito] À luz do direito constitucional, julgue o item que segue: Concebido por Ferdinand Lassale, o princípio da força normativa da CF é aquele segundo o qual os aplicadores e intérpretes da Carta, na solução das questões jurídico constitucionais, devem procurar a máxima eficácia do texto constitucional. QUESTÃO 03 [CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos específicos - Adaptada] No que se refere à interpretação das normas constitucionais, julgue o item: Tem-se a aplicação do denominado princípio da correção funcional quando, por meio da interpretação de algum preceito, busca-se não deturpar o sistema de repartição de funções entre os órgãos e pessoas designados pela CF.QUESTÃO 04 [CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos específicos - Adaptada] No que se refere à interpretação das normas constitucionais, julgue o item: O denominado método hermenêutico-concretizador não admite que o intérprete se valha de suas pré- compreensões sobre o tema para obter o sentido da norma. QUESTÃO 05 [CESPE - 2014 - AGU - Advogado da União] Julgue a assertiva: O princípio da conformidade funcional impõe que, na concretização constitucional, o intérprete- aplicador considere a Constituição em sua globalidade, evitando que o resultado da tarefa interpretativa crie antinomias ou antagonismos entre as normas constitucionais. QUESTÃO 06 [FCC - 2017 - DPE-SC - Defensor Público Substituto - Adaptada] No âmbito da interpretação constitucional, analise as assertivas: Prof. Nathalia Masson Aula 04 49 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT I - O princípio da concordância prática objetiva, diante da hipótese de colisão entre direitos fundamentais, impedir o sacrifício total de um em relação ao outro, estabelecendo limites à restrição imposta ao direito fundamental subjugado, por meio, por exemplo, da proteção do núcleo essencial. II - O princípio da unidade da Constituição determina que a norma constitucional deva ser interpretada à luz de todo o sistema constitucional vigente, ou seja, na sua globalidade e de forma sistemática. QUESTÃO 07 [FCC - 2017 - ARTESP - Especialista em Regulação de Transporte I - Direito] A hermenêutica das normas constitucionais permite que se extraia o sentido das mesmas, havendo diversos métodos para aplicação das técnicas de interpretação. Há, além disso, princípios específicos que se destinam a auxiliar na interpretação das normas constitucionais, dos quais é exemplo o Princípio: A) da unidade da constituição, que estabelece que há somente uma interpretação possível daquelas normas. B) do efeito integrador, que auxilia na determinação da norma constitucional válida em detrimento de outra conflitante, que àquela fica integrada. C) da força normativa da Constituição, que orienta à escolha da interpretação que permita maior eficácia às normas constitucionais. D) da máxima efetividade, que estabelece haver apenas uma única interpretação possível, e portanto máxima, das normas constitucionais. E) da harmonização, que estabelece serem todas normas constitucionais compatíveis, razão pela qual somente com a existência de todas elas é possível retirar a maior força e eficácia constitucional. QUESTÃO 08 [FCC - 2011 - DPE-RS - Defensor Público - Adaptada] Considere e julgue a seguinte afirmação: No Direito Constitucional brasileiro fala-se de uma certa relatividade dos direitos e garantias individuais e coletivos, bem como da possibilidade de haver conflito entre dois ou mais deles, oportunidade em que o intérprete deverá se utilizar do princípio da concordância prática ou da harmonização para coordenar e combinar os bens tutelados, evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros, sempre visando ao verdadeiro significado do texto constitucional. QUESTÃO 09 [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico - Adaptada] Em relação à natureza e classificação das normas constitucionais, julgue a assertiva: Prof. Nathalia Masson Aula 04 50 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT A interpretação conforme a Constituição pressupõe uma Constituição rígida e, em decorrência, a supremacia hierárquica das normas constitucionais perante o ordenamento jurídico, normas essas que obedecem ao princípio da presunção de constitucionalidade. QUESTÃO 10 [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico] É INCORRETO afirmar que, na interpretação da norma constitucional, por meio do método: A) hermenêutico-concretizador, parte-se da norma constitucional para o problema concreto, valendo-se de pressupostos subjetivos e objetivos e do chamado círculo hermenêutico. B) jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, todos os métodos tradicionais de exegese deverão ser utilizados na tarefa interpretativa. C) tópico-problemático, parte-se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à intepretação um caráter prático visando à solução dos problemas concretizados. D) normativo-estruturante, esta terá de ser concretizada tão-só pela atividade do legislador, excluindo- se os demais Poderes federais. E) científico-espiritual, a sua análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional. QUESTÃO 11 [VUNESP - 2012 - DPE-MS - Defensor Público- Adaptada] Analise o item e julgue a alternativa correta: I. “(...) É uma especificação da interpretação sistemática, impondo ao intérprete o dever de harmonizar as tensões e contradições entre normas jurídicas.” (Luís Roberto Barroso. In: Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, Saraiva, 2009) O trecho de doutrina transcrito diz respeito ao tema dos princípios de interpretação constitucional. Assinale a alternativa que contempla, corretamente, esse princípio de hermenêutica sobre o qual trata o referido autor de direito constitucional A) Da interpretação conforme a Constituição. B) Da unidade da Constituição. C) Da presunção de constitucionalidade. D) Da força normativa da Constituição. QUESTÃO 12 [VUNESP - 2014 - DESENVOLVESP - Advogado] Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como ao Prof. Nathalia Masson Aula 04 51 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT reforço da unidade política. Essa afirmação refere-se ao seguinte princípio de interpretação das normas constitucionais: A) da unidade da constituição. B) da máxima efetividade ou da eficiência. C) do efeito integrador. D) da força normativa da constituição. E) da concordância prática ou da harmonização. QUESTÃO 13 [FGV - 2013 - TJ-AM - Juiz - Adaptada] A respeito dos métodos de aplicação e interpretação da Constituição, julgue a assertiva: A interpretação conforme a Constituição é uma técnica aplicável quando, entre interpretações plausíveis e alternativas de certo enunciado normativo, exista alguma que permita compatibilizá-la com a Constituição. QUESTÃO 14 [FGV - 2013 - TJ-AM - Juiz - Adaptada] A respeito dos métodos de aplicação e interpretação da Constituição, analise e julgue o item: O princípio da concordância prática consiste numa recomendação para que o aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de nenhum. QUESTÃO 15 [FGV - 2013 - TCE-BA - Analista de Controle Externo] Acerca dos princípios constitucionais, analise as afirmativas a seguir: I. O princípio da unidade impõe ao intérprete o encontro de uma solução que harmonize tensões existentes entre as diversas disposições constitucionais. II. O princípio da concordância prática é um critério orientador da atividade interpretativa, corrigindo leituras desviantes da distribuição de competências, seja entre os entes federados, seja entre os poderes constituídos. III. O princípio da máxima efetividade, impõe que “a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê”. Assinale: Prof. Nathalia Masson Aula 04 52 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT A) se somente a afirmativaI estiver correta. B) se somente a afirmativa II estiver correta. C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Prof. Nathalia Masson Aula 04 53 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT GABARITO COMENTADO QUESTÃO 01 [CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto] Julgue a assertiva apresentada a respeito de hermenêutica constitucional e de métodos empregados na prática dessa hermenêutica: O princípio da unidade da Constituição orienta o intérprete a conferir maior peso aos critérios que beneficiem a integração política e social. Comentário: Item claramente falso. Sabemos, futuro Analista/futuro Oficial, que o princípio da unidade da Constituição determina que o texto da Constituição deva ser interpretado em sua totalidade, a fim de evitar contradições entre suas normas. A assertiva descreve o princípio do efeito integrador, que visa a integração política e social, bem como o reforço da unidade política. QUESTÃO 02 [CESPE - 2009 - ANATEL - Analista Administrativo - Direito] À luz do direito constitucional, julgue o item que segue: Concebido por Ferdinand Lassale, o princípio da força normativa da CF é aquele segundo o qual os aplicadores e intérpretes da Carta, na solução das questões jurídico constitucionais, devem procurar a máxima eficácia do texto constitucional. Comentário: Ao contrário do que estabelece a assertiva (que é falsa!), o princípio da força normativa foi idealizado por Konrad Hesse e estabelece que será função do intérprete priorizar a interpretação que dê maior concretude à normatividade constitucional, jamais negando-lhes eficácia. Lembre-se, meu caro aluno, que Ferdinand Lassalle é o autor do texto “A Essência da Constituição”, que trata do sentido (ou da concepção) sociológica da Constituição. QUESTÃO 03 [CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos específicos - Adaptada] No que se refere à interpretação das normas constitucionais, julgue o item: Tem-se a aplicação do denominado princípio da correção funcional quando, por meio da interpretação de algum preceito, busca-se não deturpar o sistema de repartição de funções entre os órgãos e pessoas designados pela CF. Comentário: Prof. Nathalia Masson Aula 04 54 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Acertou essa? O item apresentado é verdadeiro! O princípio da correção funcional (ou conformidade funcional ou justeza) visa impedir que os órgãos competentes para realizar a interpretação do texto constitucional cheguem a um resultado capaz de subverter ou perturbar todo o sistema organizatório funcional estabelecido pela Carta Constitucional, ocasionando uma inaceitável usurpação de competência. QUESTÃO 04 [CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos específicos - Adaptada] No que se refere à interpretação das normas constitucionais, julgue o item: O denominado método hermenêutico-concretizador não admite que o intérprete se valha de suas pré- compreensões sobre o tema para obter o sentido da norma. Comentário: Marcou essa assertiva como falsa com tranquilidade? Ora, ao contrário do que ela menciona, o intérprete, ao se valer do método hermenêutico-concretizador, vai sim se valer de suas pré- compreensões sobre o tema, atuando como uma espécie de mediador entre a norma constitucional e o problema concreto a ser solucionado, sempre considerando a realidade social na qual a discussão se insere. QUESTÃO 05 [CESPE - 2014 - AGU - Advogado da União] Julgue a assertiva: O princípio da conformidade funcional impõe que, na concretização constitucional, o intérprete- aplicador considere a Constituição em sua globalidade, evitando que o resultado da tarefa interpretativa crie antinomias ou antagonismos entre as normas constitucionais. Comentário: Não deve ter sido difícil assinalar essa assertiva como falsa! O princípio da conformidade funcional (também intitulado de princípio da justeza) visa impedir que os órgãos encarregados de realizar a interpretação constitucional cheguem a um resultado que perturbe o sistema organizatório funcional estabelecido pelo texto constitucional. O princípio descrito na assertiva, por outro lado, é o da unidade da Constituição, cuja finalidade é a de conferir um caráter ordenado e sistematizado do texto constitucional, permitindo que ele seja entendido como um todo unitário e harmônico. QUESTÃO 06 [FCC - 2017 - DPE-SC - Defensor Público Substituto - Adaptada] No âmbito da interpretação constitucional, analise as assertivas: Prof. Nathalia Masson Aula 04 55 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT I - O princípio da concordância prática objetiva, diante da hipótese de colisão entre direitos fundamentais, impedir o sacrifício total de um em relação ao outro, estabelecendo limites à restrição imposta ao direito fundamental subjugado, por meio, por exemplo, da proteção do núcleo essencial. II - O princípio da unidade da Constituição determina que a norma constitucional deva ser interpretada à luz de todo o sistema constitucional vigente, ou seja, na sua globalidade e de forma sistemática. Comentário: Ambas as assertivas apresentadas estão corretas, caro aluno! O princípio da harmonização ou da concordância prática consiste na recomendação de que o intérprete da norma, em caso de colisão de bens constitucionalmente protegidos, adote uma solução que otimize a realização de ambos, mas sem nega-los ou extirpa-los do ordenamento jurídico. Enquanto isso, o princípio da unidade estabelece que o texto constitucional deve ser entendido como um conjunto harmônico de normas, desprovido de antinomias. Eventuais conflitos entre normas constitucionais originárias são, meramente, aparentes, pois todas elas são compatíveis entre si. QUESTÃO 07 [FCC - 2017 - ARTESP - Especialista em Regulação de Transporte I - Direito] A hermenêutica das normas constitucionais permite que se extraia o sentido das mesmas, havendo diversos métodos para aplicação das técnicas de interpretação. Há, além disso, princípios específicos que se destinam a auxiliar na interpretação das normas constitucionais, dos quais é exemplo o Princípio: A) da unidade da constituição, que estabelece que há somente uma interpretação possível daquelas normas. B) do efeito integrador, que auxilia na determinação da norma constitucional válida em detrimento de outra conflitante, que àquela fica integrada. C) da força normativa da Constituição, que orienta à escolha da interpretação que permita maior eficácia às normas constitucionais. D) da máxima efetividade, que estabelece haver apenas uma única interpretação possível, e portanto máxima, das normas constitucionais. E) da harmonização, que estabelece serem todas normas constitucionais compatíveis, razão pela qual somente com a existência de todas elas é possível retirar a maior força e eficácia constitucional. Comentário: Prof. Nathalia Masson Aula 04 56 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Nossa alternativa correta é a letra ‘c’! O princípio da força normativa, idealizado por Konrad Hesse, dá ao intérprete a função de priorizar a interpretação capaz de dar concretude à normatividade constitucional, não lhe negando a eficácia. É o único princípio que foi corretamente narrado pelo examinador. QUESTÃO 08 [FCC - 2011 - DPE-RS - Defensor Público - Adaptada] Considere e julgue a seguinte afirmação: No Direito Constitucional brasileiro fala-se de uma certa relatividadedos direitos e garantias individuais e coletivos, bem como da possibilidade de haver conflito entre dois ou mais deles, oportunidade em que o intérprete deverá se utilizar do princípio da concordância prática ou da harmonização para coordenar e combinar os bens tutelados, evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros, sempre visando ao verdadeiro significado do texto constitucional. Comentário: Excelente questão. Relaciona aspectos que já estudamos na aula de Teoria Geral dos Direitos e das Garantias Fundamentais com o tema deste nosso encontro (Interpretação). O princípio da concordância prática visa exatamente solucionar possíveis conflitos concretos e específicos entre normas constitucionais, em especial as que envolvem os direitos fundamentais. QUESTÃO 09 [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico - Adaptada] Em relação à natureza e classificação das normas constitucionais, julgue a assertiva: A interpretação conforme a Constituição pressupõe uma Constituição rígida e, em decorrência, a supremacia hierárquica das normas constitucionais perante o ordenamento jurídico, normas essas que obedecem ao princípio da presunção de constitucionalidade. Comentário: O item é verdadeiro! O princípio da interpretação conforme a Constituição é uma decorrência direta do princípio da supremacia da Constituição: afinal, se ela é um documento superior a todos os demais, estes últimos devem ser interpretados em conformidade com ela. Não custa também lembrar que a supremacia constitucional tem ligação direta com a ideia de rigidez. E que todas as normas que ingressam no ordenamento são, presumivelmente (presunção relativa) constitucionais, já que podemos imaginar que os órgãos públicos vão agir em conformidade com a Constituição na confecção das normas. QUESTÃO 10 [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico] É INCORRETO afirmar que, na interpretação da norma constitucional, por meio do método: Prof. Nathalia Masson Aula 04 57 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT A) hermenêutico-concretizador, parte-se da norma constitucional para o problema concreto, valendo-se de pressupostos subjetivos e objetivos e do chamado círculo hermenêutico. B) jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, todos os métodos tradicionais de exegese deverão ser utilizados na tarefa interpretativa. C) tópico-problemático, parte-se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à intepretação um caráter prático visando à solução dos problemas concretizados. D) normativo-estruturante, esta terá de ser concretizada tão-só pela atividade do legislador, excluindo- se os demais Poderes federais. E) científico-espiritual, a sua análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional. Comentário: Todas as definições estão corretas, com exceção daquela listada na letra ‘d’, que deverá ser assinalada. O método normativo-estruturante, cujo maior expoente é Friedrich Müller, reconhecemos uma ausência de identidade entre texto e norma – sendo que esta última será construída a partir do texto, mas não só, pois numerosos outros diplomas que extrapolam o texto (tais como os manuais doutrinários, os estudos monográficos pátrios e também os de direito comparado, os precedentes judiciais dos nossos tribunais e de tribunais estrangeiros) vão contribuir na estruturação da norma. QUESTÃO 11 [VUNESP - 2012 - DPE-MS - Defensor Público- Adaptada] Analise o item e julgue a alternativa correta: I. “(...) É uma especificação da interpretação sistemática, impondo ao intérprete o dever de harmonizar as tensões e contradições entre normas jurídicas.” (Luís Roberto Barroso. In: Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, Saraiva, 2009) O trecho de doutrina transcrito diz respeito ao tema dos princípios de interpretação constitucional. Assinale a alternativa que contempla, corretamente, esse princípio de hermenêutica sobre o qual trata o referido autor de direito constitucional A) Da interpretação conforme a Constituição. B) Da unidade da Constituição. C) Da presunção de constitucionalidade. D) Da força normativa da Constituição. Comentário: Prof. Nathalia Masson Aula 04 58 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Nossa alternativa correta é a ‘b’! O princípio da unidade determina que o texto constitucional deva ser entendido como um todo unitário e harmônico, desprovido de contradições, sendo um agrupamento de preceitos integrados. QUESTÃO 12 [VUNESP - 2014 - DESENVOLVESP - Advogado] Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como ao reforço da unidade política. Essa afirmação refere-se ao seguinte princípio de interpretação das normas constitucionais: A) da unidade da constituição. B) da máxima efetividade ou da eficiência. C) do efeito integrador. D) da força normativa da constituição. E) da concordância prática ou da harmonização. Comentário: Nossa alternativa correta é a letra ‘c’! Ao aplicar o princípio do efeito integrador para a interpretação da Constituição, deve-se buscar a leitura que reforce a ideia de que a Constituição é um documento composto por normas conectadas, que devem ser lidas de maneira a reforçar e reafirmar a integração política e social planejada pelo poder constituinte originário. QUESTÃO 13 [FGV - 2013 - TJ-AM - Juiz - Adaptada] A respeito dos métodos de aplicação e interpretação da Constituição, julgue a assertiva: A interpretação conforme a Constituição é uma técnica aplicável quando, entre interpretações plausíveis e alternativas de certo enunciado normativo, exista alguma que permita compatibilizá-la com a Constituição. Comentário: O item deverá ser marcado como verdadeiro! De acordo com o citado princípio, as normas infraconstitucionais polissêmicas, capazes de dar margem à diversas leituras, deverão ser mantidas no ordenamento jurídico quando puderem ser interpretadas de dada maneira que as compatibilize com o texto constitucional. QUESTÃO 14 Prof. Nathalia Masson Aula 04 59 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT [FGV - 2013 - TJ-AM - Juiz - Adaptada] A respeito dos métodos de aplicação e interpretação da Constituição, analise e julgue o item: O princípio da concordância prática consiste numa recomendação para que o aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de nenhum. Comentário: Item correto, pois em completa consonância com a definição do princípio da concordância prática. QUESTÃO 15 [FGV - 2013 - TCE-BA - Analista de Controle Externo] Acerca dos princípios constitucionais, analise as afirmativas a seguir: I. O princípio da unidade impõe ao intérprete o encontro de uma solução que harmonize tensões existentes entre as diversas disposições constitucionais. II. O princípio da concordância prática é um critério orientador da atividade interpretativa, corrigindo leituras desviantes da distribuição de competências, seja entre os entes federados, seja entre os poderes constituídos. III. O princípio da máxima efetividade, impõe que “a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê”. Assinale: A) se somente a afirmativa I estiver correta. B) se somente a afirmativa II estiver correta. C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Comentário: Nossa alternativa correta é a letra ‘d’, uma vez que tão somente as assertivas I e III estão corretas. A assertiva II erra, uma vez que conceitua o princípio da conformidade funcional (ou justeza) e não o da concordância prática. Prof. Nathalia Masson Aula 04 60 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT (5) Resumo direcionado Métodos de interpretação da Constituição Introdução Método jurídico ou hermenêutico clássico Método científico- espiritual (ou integrativo) Método tópico- problemático (ou método da tópica) “A interpretação das normas constitucionais é um conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência com base em critérios ou premissas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas) diferentes mas, em geral, reciprocamente complementares” (J. J. Gomes Canotilho). Este método parte da premissa de que a Constituição é uma lei (pode até ser “a lei das leis”, mas é uma lei, isto é, um documento normativo escrito) de modo que todos os tradicionais e conhecidos métodos da hermenêutica clássica (concebidos por Savigny para a feitura da interpretação das leis em geral), podem ser manejados na realização da interpretação. - Será possível operar com os seguintes elementos: (i) Genético (ii) Histórico (iii) Sistemático (iv) Literal (v) Lógico (vi) Teleológico Pensado por Rudolf Smend, é um método que preconiza que a interpretação das normas e dos institutos constitucionais não deve se ater somente à literalidade do texto, devendo considerar: (i) a Constituição como um sistema harmônico (ou seja, como “um todo”), (ii) fatores extraconstitucionais, tais como a realidade social, e os valores subjacentes ao texto da Constituição (método valorativo). Pensado por Theodor Viehweg, é um método no qual a principal incumbência do intérprete é a de encontrar a solução mais acertada para o “problema” que deve ser resolvido. O direito é, pois, compreendido como uma disciplina prática, cuja finalidade central é a de resolver problemas concretos. Prof. Nathalia Masson Aula 04 61 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Método hermenêutico- concretizador Método normativo- estruturante (ou concretista) Princípios instrumentais de interpretação da Constituição e das leis Introdução Princípio da supremacia da Constituição A inspiração para a construção de um rol de princípios constitucionais interpretativos é garantir a supremacia da Constituição, pilar do constitucionalismo contemporâneo, o que é feito de duas maneiras: (i) primeiro procura-se organizar os mandamentos principiológicos aplicáveis às leis, de forma que estas sejam compreendidas sob a ótica da Constituição, documento central do ordenamento, e não sobrevivam validamente se com ela não guardarem compatibilidade; (ii) na sequência, procura-se conciliar os aparentes confrontos que eventualmente surgem entre os variados direitos que são tutelados pela Carta Maior, ofertando soluções capazes de conferir maior eficácia e efetividade ao conjunto normativo constitucional. Em razão de a Constituição ocupar o ápice (o topo) da estrutura normativa em nosso ordenamento, todas as demais normas e atos do Poder Público somente serão considerados válidos quando em conformidade com ela. Tendo por teórico central Konrad Hesse, neste método parte-se da norma constitucional para o problema (e não do caso concreto para a norma, como no método anteriormente estudado), havendo, portanto, uma prevalência do texto constitucional diante do problema. - Friedrich Müller é o autor que arquiteta este método, no qual se reconhece a ausência de identidade entre texto e norma – sendo esta última bem mais ampla e complexa que o primeiro. Assim, o texto é entendido como sendo, tão somente, a forma da lei, não possuindo normatividade. Em outras palavras, o texto representa uma “moldura”: dentro dela, várias interpretações são viáveis, isto é, várias normas podem ser extraídas (pois existem vários sentidos para aquele texto). - A norma será o resultado da interpretação do texto associado ao contexto. Afinal, a norma será construída a partir do texto, mas não só, pois numerosos outros diplomas que extrapolam o texto vão contribuir na estruturação da norma. Prof. Nathalia Masson Aula 04 62 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Princípio da interpretação conforme a Constituição Princípio da presunção de constitucionalida de das leis Princípio da unidade da Constituição Princípio da força normativa - Não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim da legislação infraconstitucional. Todas as normas no ordenamento devem ser interpretadas em conformidade com a Constituição Federal. - Regras que devem ser observadas na utilização da interpretação conforme à Constituição: (i) a interpretação conforme só é utilizável quando a norma impugnada admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a compatibilize com a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco. (ii) Não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra seu limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas do texto, não podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma nova a partir da tarefa interpretativa. - As normas produzidas pelo Poder Legislativo (e também pelos demais poderes, no exercício da função atípica de natureza legislativa) possuem a presunção de serem constitucionais, de terem sido engendradas em conformidade com o que prescreve a Carta Maior. - Essa presunção não é absoluta, é apenas relativa, isto é, admite prova em contrário. - Possui a finalidade de conferir um caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o texto da Carta Maior seja compreendido como um todo unitário e harmônico, desprovido de antinomias (contradições) reais. - Não há hierarquia normativa, tampouco subordinação entre as normas constitucionais; eventuais conflitos entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica. A função do intérprete é a de sempre “valorizar as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição". Prof. Nathalia Masson Aula 04 63 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Princípio do efeito integrador Princípio da concordância prática ou harmonização Princípio da máxima efetividade ou da eficiência (intervenção efetiva) Princípio da conformidade funcional ou justeza Quando da interpretação da Constituição, deve-se, necessariamente, buscar a leitura que reforce o ideal de que a Constituição é um agrupamento normativo único, composto por normas conectadas, que devem ser lidas de maneira a reforçar e a reafirmar a integração política e social planejada pela Constituição. Tal qual o princípio da unidade constitucional, o da concordância prática também visa resolver eventuais desacertos entre as normas constitucionais. Enquanto o primeiro, no entanto, é utilizado em abstrato, envolvendo normas que dissociadas das ocorrências fáticas já se põem em rota decolisão, o último atua perante conflitos específicos, que somente se pronunciam diante de um caso concreto. Este princípio apresenta-se como um apelo para que seja realizada a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar a maior efetividade possível, de maneira a otimizar a norma e dela extrair todo o seu potencial protetivo. O princípio da conformidade funcional ou justeza visa impedir que os órgãos encarregados de realizar a interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição, sob pena de usurpação de competência. Prof. Nathalia Masson Aula 04 64 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017. BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotada. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 7ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2019. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 41ª ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2018. SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014.formular juízos de valor ou desempenhar atividade criativa. Comentário: A assertiva está correta! O método hermenêutico clássico preza pela interpretação da norma pela sua origem, historicidade, finalidade, sistemática e literalidade, tão somente. Sendo assim, a criatividade do intérprete é limitadíssima, não podendo construir uma interpretação subjetiva ou calcada na realidade social. Gabarito: Certo [CESPE - 2013 - STM - Juiz-Auditor Substituto - Adaptada] No que se refere aos métodos de interpretação da CF, julgue a assertiva: No método jurídico, defende-se a identidade entre lei e constituição, esta considerada espécie de lei, devendo, portanto, ser interpretada pelas regras tradicionais de hermenêutica. Prof. Nathalia Masson Aula 04 6 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Comentário: Item correto! O método jurídico (ou hermenêutico clássico) parte do pressuposto de que a Constituição é uma lei (apesar de ser dotada de supremacia formal e material) e como tal deverá ser interpretada. Gabarito: Certo [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico - Adaptada] Julgue o item a seguir: De acordo com o método jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, todos os métodos tradicionais de exegese deverão ser utilizados na tarefa interpretativa. Comentário: Eis outra assertiva correta! De acordo com o método jurídico clássico, a Constituição deverá ser interpretada como uma lei, apesar de suas evidentes particularidades. Sendo assim, os elementos tradicionais da hermenêutica deverão ser utilizados na tarefa interpretativa. Gabarito: Certo [IADES - 2014 - METRÔ-DF - Advogado - Adaptada] No que se refere aos métodos de interpretação da Constituição Federal (CF), julgue o item: No método jurídico, defende-se a identidade entre lei e constituição, esta considerada espécie de lei, devendo, portanto, ser interpretada pelas regras tradicionais de hermenêutica. Comentário: Ao utilizar o método jurídico ou hermenêutico clássico, o intérprete deverá encarar a Constituição como uma lei e, portanto, deverá aplicar na tarefa interpretativa todos os elementos tradicionais da hermenêutica clássica. Destarte, a assertiva é verdadeira Gabarito: Certo (B) Método científico-espiritual (ou valorativo ou integrativo) Pensado por Rudolf Smend, é um método que preconiza que a interpretação das normas e dos institutos constitucionais não deve se ater somente à literalidade do texto, devendo considerar: (i) a Constituição como um sistema harmônico (ou seja, como “um todo”), (ii) fatores extraconstitucionais, tais como a realidade social, e os valores subjacentes ao texto da Constituição (método valorativo). Destarte, como as normas constitucionais deverão ser interpretadas de acordo com a realidade social e, sendo esta o fruto de uma sociedade dinâmica, as normas constitucionais também deverão ser lidas com idêntico dinamismo. Em outras palavras, a interpretação (sempre flexível) se renovará para adequar-se aos anseios sociais, devendo o intérprete realizar uma espécie de “captação espiritual” da realidade social. Prof. Nathalia Masson Aula 04 7 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Não é um método imune às críticas. A circunstância de ter sido construído com termos bastante vagos, sem uma base filosófica-jurídica consistente que lhe dê sustentação teórica, e também a ausência de determinação de quais podem ser os resultados alcançados com sua aplicação, são as censuras normalmente apresentadas. As questões abaixo ilustram o modo como o tema é exigido em prova: Questões para fixar [FCC - 2014 - TCE-PI - Assessor Jurídico - Adaptada] Julgue a assertiva a seguir apresentada: De acordo com o método científico-espiritual, a análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional. Comentário: Marcou este item como verdadeiro? Ótimo! As normas constitucionais, consoante esse método, deverão ser interpretadas de acordo com a realidade social. Sendo assim, frente a uma sociedade dinâmica, as normas constitucionais também deverão ser. Isso quer dizer que a sua interpretação se renovará para adequar-se aos anseios sociais, devendo o intérprete realizar a “captação espiritual” da realidade social. Gabarito: Certo [CESPE - 2013 - STM - Juiz-Auditor Substituto - Adaptada] No que se refere aos métodos de interpretação da CF, julgue o item: De acordo com o método científico-espiritual, deve-se priorizar a concretização em detrimento da interpretação, que é apenas uma etapa da concretização, visto que é impossível isolar a norma da realidade. Comentário: Item incorreto! De acordo com o que nos ensina o Prof. Paulo Bonavides, no método científico-espiritual o intérprete da Constituição deverá ater-se à realidade da vida, à concretude da existência, compreendida esta sobretudo pelo que tem de espiritual, enquanto processo unitário e renovador da própria realidade, submetida à lei de sua integração. A assertiva de prova trata, em verdade, do método normativo- estruturante (que estudaremos mais adiante), no qual parte-se da premissa de que direito e realidade não subsistem autonomamente, e, justamente por não ser factível isolar a norma da realidade, devemos falar em concretização das normas, e não em interpretação das mesmas (lembrando que a interpretação seria, tão somente um dos elementos, ainda que dos mais relevantes, no processo de concretização). Gabarito: Errado [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - DPE-MG - Defensor Público - Adaptada] Quanto aos métodos de interpretação da Constituição e das normas constitucionais, julgue a assertiva: Diz-se método científico espiritual, valorativo ou sociológico, aquele que parte de uma tese da identidade que existiria entre a constituição e as demais leis, ou seja, se a constituição é uma lei, não há por que ter método específico para interpretá-la. Prof. Nathalia Masson Aula 04 8 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Comentário: O item é falso! De acordo com o método científico espiritual, o intérprete da norma não se fixa na literalidade do texto constitucional, pois deve considerar fatores extraconstitucionais, tais como a realidade social e os valores subjacentes ao texto da Constituição (método valorativo). Deste modo, a Constituição é interpretada como algo que se renova constantemente, assim como a própria vida em sociedade. A ideia de que a Constituição é uma lei advém do método jurídico ou hermenêutico clássico. Gabarito: Errado (C) Método tópico-problemático (ou método da tópica) Pensado por Theodor Viehweg, é um método no qual a principal incumbência do intérprete é a de encontrar a solução mais acertada para o “problema” que deve ser resolvido. O direito é, pois, compreendido como uma disciplina prática, cuja finalidade central é a de resolver problemas concretos. Na tópica, parte-se do problema concreto para a norma, vale dizer, buscamos a solução de um certo problema por intermédio da interpretação de norma constitucional. Muitos são os que reprovam esse método, argumentando que o movimento interpretativo deveria ser inverso: deveríamos partir da norma constitucional para a solução do problema, e não do problema em direção à busca de uma norma constitucional que ampare aquele resultado já previamente esperado pelo intérprete. Também rejeita-se doutrinariamente este método sob a justificativa de que pode nos levar à um casuísmo ilimitado, já que para cada problema concreto teremos uma específica solução. (D) Método hermenêutico-concretizadorTendo por teórico central Konrad Hesse, neste método parte-se da norma constitucional para o problema (e não do caso concreto para a norma, como no método anteriormente estudado), havendo, portanto, uma prevalência do texto constitucional diante do problema. Tal método pressupõe não haver interpretação constitucional dissociada de problemas concretos, de forma que a interpretação e a aplicação possam ser consideradas como partes de um processo uno, no qual existem três elementos centrais: a norma constitucional a ser concretizada, a compreensão prévia que o intérprete possui e o problema concreto que deve ser solucionado. Destarte, nessa busca pelo sentido e concretização da norma constitucional, o intérprete vai iniciar sua leitura do texto da Constituição valendo-se das suas pré-compreensões sobre o tema, atuando como uma espécie de mediador entre a norma constitucional e o problema concreto a ser solucionado, sempre considerando a realidade social na qual a discussão se insere. Lembrando que o movimento Prof. Nathalia Masson Aula 04 9 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT interpretativo será contínuo e construído em uma “via de mão dupla”, num “vai e vem” do texto para o contexto (círculo hermenêutico). Claro que o fato de o ponto de partida dessa proposta hermenêutica-concretizadora ser calcado em pré-compreensões que o intérprete possua pode acabar por distorcer não apenas a realidade, mas igualmente o próprio sentido da norma, sendo esta a principal censura que o método recebe da doutrina. Veja nas questões abaixo, caro aluno, como os dois últimos métodos estudados, o tópico- problemático e o hermenêutico-concretizador, podem ser mesclados pelo examinador no intuito de lhe confundir: Questões para fixar [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - DPE-MG - Defensor Público - Adaptada] Julgue a assertiva a seguir: Diz-se método tópico problemático aquele em que o intérprete se vale de suas pré-compreensões valorativas para obter o sentido da norma em um determinado problema pois o conteúdo da norma somente é alcançado a partir de sua interpretação concretizadora, dotada de caráter criativo que emana do exegeta. Comentário: A assertiva é falsa por apresentar a definição do método hermenêutico-concretizador, que se sustenta na primazia da norma diante do problema. Ao utilizar tal método, o intérprete inicia sua leitura da Constituição valendo-se das suas pré-compreensões sobre o tema, atuando como uma espécie de mediador entre a norma e o problema concreto a ser solucionado, sempre considerando a realidade social na qual a discussão se insere. Gabarito: Errado [CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto- Adaptada] A respeito de hermenêutica constitucional e de métodos empregados na prática dessa hermenêutica, julgue a assertiva apresentada: De acordo com o método tópico, o texto constitucional é ponto de partida da atividade do intérprete, mas nunca limitador da interpretação. Comentário: A assertiva deverá ser marcada como falsa, pois refere-se ao método hermenêutico-concretizador, no qual o intérprete partirá da norma constitucional para o problema. Na tópica, como você bem sabe, parte-se do problema concreto para a norma, vale dizer, busca-se a solução de um certo problema por intermédio da interpretação de norma constitucional. Gabarito: Errado Prof. Nathalia Masson Aula 04 10 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT [CESPE - 2012 - TCE-ES - Auditor de Controle Externo - Direito] Com relação à aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais, julgue o item subsequente: De acordo com o método hermenêutico concretizador, elaborado com base nos ensinamentos de Konrad Hesse, a norma deve ser interpretada a partir da análise do problema concreto, tendo-se a constituição como um sistema aberto de regras e princípios. Comentário: Marcou como falsa? Excelente. Bom, no método hermenêutico concretizador, do qual realmente Konrad Hesse apresenta-se como principal expoente, parte-se da norma constitucional para o problema (e não do caso concreto para a norma, como no método anteriormente estudado), havendo, portanto, uma prevalência do texto constitucional diante do problema. Gabarito: Errado (E) Método normativo-estruturante (ou concretista) Friedrich Müller é o autor que arquiteta este método, no qual se reconhece a ausência de identidade entre texto e norma – sendo esta última bem mais ampla e complexa que o primeiro. Assim, o texto é entendido como sendo, tão somente, a forma da lei, não possuindo normatividade. Vai atuar como um limite que abarca todas as possibilidades legais de concretização material de um determinado direito. Em outras palavras, o texto representa uma “moldura”: dentro dela, várias interpretações são viáveis, isto é, várias normas podem ser extraídas (pois existem vários sentidos para aquele texto). Do parágrafo anterior você já deve ter concluído que a norma será o resultado da interpretação do texto associado ao contexto. Afinal, a norma será construída a partir do texto, mas não só, pois numerosos outros diplomas que extrapolam o texto (tais como os manuais doutrinários, os estudos monográficos pátrios e também os de direito comparado, os precedentes judiciais dos nossos tribunais e de tribunais estrangeiros) vão contribuir na estruturação da norma. Segundo Inocêncio Mártires Coelho, “em síntese, no dizer do próprio Müller, o teor literal de qualquer prescrição de direito positivo é apenas a ‘ponta do iceberg’; todo o resto, talvez a parte mais significativa, que o intérprete-aplicador deve levar em conta para realizar o direito, isso é constituído pela situação normada, na feliz expressão de Miguel Reale”2. 2. COELHO, Inocêncio Mártires. Interpretação constitucional. 3ª ed. Ver. E aum. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 93. Prof. Nathalia Masson Aula 04 11 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Por fim, ainda sobre este método vale mencionar que ele parte da premissa de que direito e realidade não sobrevivem autonomamente, e, justamente por não ser factível isolar a norma da realidade, devemos falar em concretização das normas, e não em interpretação das mesmas (lembrando que a interpretação seria, tão somente um dos elementos, ainda que dos mais relevantes, no processo de concretização). Veja nas questões a seguir como este tópico pode ser exigido em uma prova: Questões para fixar [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - DPE-MG - Defensor Público - Adaptada] Quanto aos métodos de interpretação da constituição e das normas constitucionais, julgue a assertiva a seguir: Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas. Comentário: A assertiva apresentada está correta! De fato, para o método normativo-estruturante a norma que resulta da interpretação do texto legal é significativamente mais complexa do que ele. Afinal, na sua formatação, considera-se muito mais do que a mera forma da lei (o texto), pois também contribuem nesse processo a jurisprudência, a doutrina, a história, a cultura e as decisões políticas. Gabarito: Certo [CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto- Adaptada] Julgue o item a seguir: Segundo a metódica jurídica normativo-estruturante, a aplicação de uma norma constitucional deve ser condicionada às estruturas sociais que delimitem o seu alcance normativo.Comentário: Assertiva falsa! A narração feita no item refere-se ao método científico-espiritual, que preconiza que a interpretação das normas e dos institutos constitucionais não deve se ater somente à literalidade do texto, devendo sempre considerar fatores extraconstitucionais, tais como a realidade social, e os valores subjacentes ao texto da Constituição (método valorativo). Já no método normativo-estruturante, que estudamos nesse item, reconhecemos a ausência de identidade entre texto e norma – sendo esta última bem mais ampla e complexa que o primeiro, pois é fruto do texto interpretado, associado a numerosos outros diplomas que extrapolam o texto (tais como os manuais doutrinários, os estudos monográficos pátrios e também os de direito comparado, os precedentes judiciais dos nossos tribunais e de tribunais estrangeiros). Gabarito: Errado Prof. Nathalia Masson Aula 04 12 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT (2) PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E DAS LEIS Você bem sabe, meu caro aluno, que nosso ordenamento jurídico tutela direitos e bens muito diversificados, o que propicia um ambiente favorável a possíveis tensões entre os distintos interesses protegidos. Por isso, foi construído um catálogo composto por diversos princípios voltados à interpretação do texto constitucional e da legislação infraconstitucional que a ele se subordina. A inspiração para a construção desse rol de princípios constitucionais interpretativos é, claro, garantir a supremacia da Constituição, pilar do constitucionalismo contemporâneo, o que é feito de duas maneiras: (i) primeiro, procura-se organizar os mandamentos principiológicos aplicáveis às leis, de forma que estas sejam compreendidas sob a ótica da Constituição, documento central do ordenamento, e não sobrevivam validamente se com ela não guardarem compatibilidade; (ii) na sequência, procura-se conciliar os aparentes confrontos que eventualmente surgem entre os variados direitos que são tutelados pela Carta Maior, ofertando soluções capazes de conferir maior eficácia e efetividade ao conjunto normativo constitucional. Em decorrência dessa constante necessidade interpretativa, de conciliar valores e direitos que por vezes entram em aparente choque/confronto, note, futuro Analista Judiciário/futuro Oficial Avaliador, o quão relevantes são os princípios que auxiliam essa tarefa. A seguir, vou lhe explicar os mais importantes e com mais probabilidade de serem cobrados em sua prova. Em frente! (A) Princípio da supremacia da Constituição Essa é uma importante premissa interpretativa que estabelece que, em razão de a Constituição ocupar o ápice (o topo) da estrutura normativa em nosso ordenamento, todas as demais normas e atos do Poder Público somente serão considerados válidos quando em conformidade com ela. De acordo com a doutrina: de fato, o princípio da supremacia constitucional constitui o alicerce em que se assenta o edifício do moderno Direito Público. Normas constitucionais põem-se acima das demais normas jurídicas (hierarquia) e essa preeminência é que vai constituir superioridade da Constituição.3 E é exatamente em decorrência da supremacia e da rigidez da Constituição que é possível questionar a constitucionalidade dos diplomas infraconstitucionais (e das emendas constitucionais) por 3. PALU, Oswaldo Luiz. Controle de Constitucionalidade. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 145. Prof. Nathalia Masson Aula 04 13 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT intermédio do controle de constitucionalidade. Note, meu caro aluno, que a ideia de “supremacia da Constituição” não traz propriamente um critério interpretativo específico, sendo, na verdade, uma premissa para a realização da interpretação. Desta forma, nosso ponto de partida na interpretação normativa terá sempre como pressuposto a superioridade jurídica e axiológica (de valor) da nossa Lei Maior, de modo que nenhum ato jurídico que seja incompatível com a Constituição possa ser considerado válido. A questão abaixo vai ilustrar a incidência deste princípio em uma prova: Questão para fixar [FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto] Sobre a supremacia da Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA: A) A supremacia está no fato de o controle da constitucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tribunal Federal. B) A supremacia está na obrigatoriedade de submissão das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela instituído. C) A supremacia está no fato de a interpretação da constituição não depender da observância dos princípios que a norteiam. D) A supremacia está no fato de que os princípios e fundamentos da constituição se resumam na declaração de soberania. Comentário: A alternativa que deverá ser marcada é a da letra ‘b’! A premissa estabelecida pelo Princípio da Supremacia da Constituição dita que o texto constitucional, por ocupar o patamar mais alto da estrutura normativa, deverá ser respeitado por todas as demais normas, que deverão obedece-lo de forma estrita para que possam ser considerados válidos. Gabarito: B Prof. Nathalia Masson Aula 04 14 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT (B) Princípio da interpretação conforme a Constituição De início, estimado aluno, eu gostaria que você entendesse que este é um postulado que não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim da legislação infraconstitucional. Segundo nos ensina Virgílio Afonso da Silva4, (...) é fácil perceber que quando se fala em interpretação conforme à Constituição não se está falando de interpretação constitucional, pois não é a constituição que deve ser interpretada em conformidade com ela mesma, mas as leis infraconstitucionais. A interpretação conforme a constituição pode ter algum significado, então, como um critério para a interpretação das leis, mas não para a interpretação constitucional. Este princípio, que vai nos ajudar na interpretação das normas infraconstitucionais é uma decorrência direta daquele que estudamos anteriormente: afinal, se a Constituição é dotada de supremacia, todas as demais normas no ordenamento devem ser interpretadas em conformidade com ela. Outro detalhe importante: esse princípio encontra sua morada nas chamadas normas polissêmicas ou plurissignificativas, isto é, aquelas que podem ser interpretadas de maneiras diversas. Quer ver um exemplo? Imaginemos que uma norma “A” possua três leituras normativas possíveis: de todas, teremos que escolher aquela que seja mais conforme à Constituição, que esteja em consonância e harmonia mais direta com o texto da Carta Maior. Conforme nos ensina o professor português J.J Gomes Canotilho: a interpretação conforme a Constituição só é legítima quando existe um espaço de decisão (espaço de interpretação) aberto a várias propostas interpretativas, umas em conformidade com a Constituição e que devem ser preferidas, e outras em desconformidade com ela.5 Repare que ao optarmos pela interpretação que seja mais conforme com a Constituição, poderemos manter a norma no ordenamento jurídico, evitando sua declaração de inconstitucionalidade. Esse princípio da interpretação conforme prestigia, por isso, um outro princípio também muito relevante: o princípio da presunção relativa de constitucionalidade das leis. Esse último princípio, que será estudado a seguir (no próximo item), opera a favor da conservação da norma legal, que não deve ser retirada do ordenamentojurídico se a ela resta um sentido que seja compatível com a Constituição. 4. Interpretação constitucional e sincretismo metodológico; In: Interpretação constitucional. 1ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 132-133. 5. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. Coimbra: Almedina, 1993. p. 230. Prof. Nathalia Masson Aula 04 15 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Há, no entanto, regras a serem observadas na utilização da interpretação conforme à Constituição: (i) primeiro, se o texto do dispositivo é unívoco (sentido único), isto é, não tolera interpretações múltiplas, não há que se falar em interpretação conforme. Consoante esclareceu o STF, a interpretação conforme só é “utilizável quando a norma impugnada admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a compatibilize com a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco”.6 (ii) segundo, não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra seu limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas do texto, não podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma nova a partir da tarefa interpretativa. Tampouco está o intérprete autorizado a ferir a finalidade inequivocamente pretendida e desejada pelo legislador, haja vista os objetivos da lei terem de ser considerados. Em outras palavras: a vontade do juiz-intérprete não pode simplesmente substituir a do legislador, de forma que a interpretação funcione como um princípio de autolimitação judiciária7. Nesse sentido, veja uma boa síntese feita pelo STF: se a única interpretação possível para compatibilizar a norma com a Constituição contrariar o sentido inequívoco que o Poder legislativo pretendeu dar, não se pode aplicar o princípio da interpretação conforme a Constituição, que implicaria, em verdade, criação de norma jurídica, o que é privativo do legislador positivo.8 Veja como o tema pode ser exigido em uma prova: Questão para fixar [FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador] À atividade judicial de evitar a anulação da lei em razão de normas dúbias nela contidas, desde que, naturalmente, haja a possibilidade de compatibilizá-las com a Constituição Federal, dá-se o nome de: A) interpretação autêntica da Constituição. B) controle concentrado de constitucionalidade. C) interpretação conforme a Constituição. D) interpretação analógica da Constituição. E) integração constitucional por via de controle difuso e interpretação literal. 6. ADI 1.344-ES, STF, Rel. Min. Moreira Alves, noticiada no Informativo nº 17, STF. 7. MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição Constitucional. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 232. 8. Rep. 1.417-DF, Rel. Min. Moreira Alves. Prof. Nathalia Masson Aula 04 16 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Comentário: A letra ‘c’ é a nossa resposta. Trata-se de um princípio interpretativo que tem por objetivo o de preservar a validade da norma, conferindo-lhe um sentido capaz de conduzi-la à constitucionalidade, evitando, com isso, que ela seja declarada inconstitucional. Gabarito: C (C) Princípio da presunção de constitucionalidade das leis Como os poderes públicos extraem suas competências da Constituição, podemos presumir que eles sempre agirão em consonância com ela. Isso confere às normas produzidas pelo Poder Legislativo (e também pelos demais poderes, no exercício da função atípica de natureza legislativa) a presunção de serem constitucionais, de terem sido engendradas em conformidade com o que prescreve a Carta Maior. Ou seja, podemos presumir que uma norma, ao entrar no ordenamento jurídico, é constitucional, isto é, foi feita de acordo com o que a Constituição preceitua. Acaso não existisse essa presunção, não se poderia falar em imperatividade das normas jurídicas, característica necessária para impor que todas as pessoas as obedeçam. Mas não se engane, meu caro aluno! Essa presunção não é absoluta, é apenas relativa, isto é, admite prova em contrário. Isso autoriza que as normas (infraconstitucionais e as constitucionais derivadas – que são as emendas constitucionais) submetam-se ao controle de constitucionalidade, que tem como objetivo principal manter a higidez do ordenamento jurídico e assegurar a supremacia da Carta constitucional. (D) Princípio da unidade da Constituição Este é um princípio muito importante, futuro servidor do TJDFT! Sua finalidade é a de conferir um caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o texto da Carta Maior seja compreendido como um todo unitário e harmônico, desprovido de antinomias (contradições) reais. Muito mais que um conjunto caótico de normas desconectadas e esparsas, o texto constitucional é um agrupamento de preceitos integrados, alinhavados pelo ideal de unidade. O princípio em estudo ganha ainda mais relevância quando estamos perante o texto constitucional de uma sociedade democrática e plural (tal como se passa com a nossa Carta republicana de 1988), cuja redação final não é o produto de um acordo estável e pacífico, mas sim de pequenas concessões e instáveis e frágeis consensos. Em outras palavras, como nossa Constituição se formou a partir de diferentes ideologias e pretensões, potencializa-se a possibilidade conflitiva entre suas Prof. Nathalia Masson Aula 04 17 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT disposições normativas, tornando possíveis as tensões e os confrontos entre as diversificadas (e, por vezes, opostas) ideias consagradas. A solução é reconhecer um sentido global para a Constituição, de modo que todos os diversos componentes do tecido social, enquanto intérpretes, se empenhem na difícil, mas possível, tarefa de composição desses múltiplos interesses. Em decorrência desse princípio interpretativo, pode-se afirmar que não há hierarquia normativa, tampouco subordinação entre as normas constitucionais; eventuais conflitos entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica. É nesse sentido que no direito pátrio é inviável a declaração de inconstitucionalidade de uma norma constitucional originária em face de outra. Dito de outra forma: todas as normas constitucionais originárias são constitucionais e um eventual conflito entre elas será aparente e terá que ser solucionado por meio da interpretação (porque nenhuma norma originária poderá ser considerada inconstitucional). Vejamos, para finalizar este tópico, algumas questões de prova que já cobraram o tema: Questões para fixar [VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia] Em recente julgamento nos autos da ADPF no 132, o Supremo Tribunal Federal, diante da possibilidade de duas ou mais interpretações razoáveis sobre o art. 1.723 do Código Civil, que trata sobre a união estável entre homem e mulher, reconheceu a união homoafetiva como família. Nesse caso, é correto afirmar que a técnica de interpretação utilizada foi: A) interpretação teleológica. B) mutação constitucional informal. C) interpretação conforme. D) mutação constitucional formal. E) ponderação pelo princípio da proporcionalidade. Comentário: No caso apresentado, realizou-se a interpretação conforme! Trata-se de princípio aplicado à interpretação das normas infraconstitucionais (como a inscrita no art. 1.723 do Código Civil), cujo objetivo é preservar a validade de uma norma, de forma a evitar que ela seja declarada inconstitucional, se existe para ela uma interpretação compatível coma Constituição. Sendo assim, ao invés de o STF declarar a inconstitucionalidade da norma, o Tribunal a interpreta buscando lhe conferir uma interpretação que seja harmônica com a Lei Maior, mantendo-a no ordenamento. É, portanto, um princípio que opera a favor da conservação da norma legal, que não deve ser retirada do ordenamento jurídico se a ela resta um sentido que seja compatível com a Constituição. A letra ‘c’ é nossa resposta. Gabarito: C Prof. Nathalia Masson Aula 04 18 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT [ESAF - 2016 - ANAC - Analista Administrativo - Conhecimentos Básicos - Áreas 1 e 2 - Adaptada] A Supremacia das Normas Constitucionais no ordenamento jurídico e a presunção de constitucionalidade das leis e dos atos normativos editados pelo poder público competente exigem que, na função hermenêutica de interpretação do ordenamento jurídico, seja sempre concedida preferência ao sentido da norma que seja adequado à Constituição Federal. Nesse sentido, quanto à interpretação constitucional, julgue a assertiva: O Supremo Tribunal Federal, ao reduzir o alcance valorativo da norma impugnada, adequando-a à Carta Magna, excluindo da norma impugnada determinada interpretação incompatível com a Constituição Federal, utiliza a interpretação conforme sem redução do texto. Comentário: Item verdadeiro! A interpretação conforme a Constituição pode ser de dois tipos: concessiva ou excludente. No primeiro caso, o Tribunal confere à norma um sentido que a torne compatível com a Constituição, para que ela seja mantida no ordenamento (afinal, se existe uma interpretação da norma que preserva sua constitucionalidade, porque iriamos retira-la do ordenamento jurídico?). No segundo caso, o Tribunal vai excluir da norma um sentido, novamente no intuito de torna-la compatível com o texto constitucional (afinal, se interpretada da maneira ‘X’ a norma é inconstitucional, porque manteríamos como possível essa interpretação?). Gabarito: Certo [VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto] Com relação aos princípios e métodos de interpretação constitucional, julgue o item: A interpretação conforme a Constituição, instrumento previsto no artigo 28, parágrafo único, da Lei n° 9.868/1999, permite a interpretação contrária à literalidade da norma (contra legem), desde que necessária à preservação do princípio da supremacia da Constituição. Comentário: A assertiva está equivocada, pois afirma que uma interpretação contrária à literalidade da norma (contra legem) seria possível. No entanto, nós já sabemos que não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra seu limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas do texto, não podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma nova a partir da tarefa interpretativa. Gabarito: Errado [VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto] Com relação aos princípios e métodos de interpretação constitucional, julgue o item: Segundo o princípio da unidade da Constituição, as normas constitucionais devem ser interpretadas como integrantes de um todo, de modo que, se qualquer delas implica ruptura da unidade, deve ser declarada inconstitucional, conforme já decidiu o Supremo Tribunal na ADIN 815. Comentário: Prof. Nathalia Masson Aula 04 19 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT A assertiva está equivocada. Segundo o princípio da unidade, não há hierarquia normativa, tampouco subordinação entre as normas constitucionais; eventuais conflitos entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica. É nesse sentido que podemos dizer que no direito brasileiro é inviável a declaração de inconstitucionalidade de uma norma constitucional originária em face de outra. E o STF, na ADI 815, afirmou exatamente o contrário do que foi indicado pela assertiva: consoante nossa Corte Suprema, “A tese da hierarquia entre as normas constitucionais originárias é incompatível com o sistema de Constituição rígida. O fundamento da validade de todas as normas constitucionais originárias repousa no poder constituinte originário, e não em outras normas constitucionais.” Gabarito: Errado [PGR - 2015 - PGR - Procurador da República - Adaptada] Julgue a assertiva: O princípio da identidade ou da não contradição impede que no interior de uma Constituição originária possam surgir normas inconstitucionais, razão por que o STF não conheceu de ADI em que se impugnava dispositivo constitucional que estabelecia a inelegibilidade do analfabeto. Comentário: O item está correto. O STF não reconhece a existência de normas constitucionais originárias inconstitucionais, baseando-se no fato de que não existem antinomias reais no texto da Constituição. Sendo assim, pelo princípio da unidade (que, pode-se dizer, deriva da ideia de não-contradição entre normas originárias), a Constituição deve ser interpretada como um todo único. Gabarito: Certo [IBFC - 2014 - TRE-AM - Analista Judiciário - Área Administrativa] “A Constituição deve ser sempre interpretada em sua globalidade como um todo e, assim, as aparentes antinomias deverão ser afastadas.” O enunciado se refere ao princípio de interpretação constitucional: A) Da Máxima Efetividade. B) Da Unidade da Constituição. C) Do Efeito Integrador. D) Da Harmonização. Comentário: Nossa alternativa correta é a da letra ‘b’! O princípio da unidade impõe ao intérprete a consideração do texto constitucional na sua globalidade, no intuito de harmonizar os espaços de tensão existentes entre as normas. Seguindo na análise da questão, para estudarmos o tema um pouco mais profundamente, temos: - Letra ‘a’: de acordo com o princípio da máxima efetividade, à norma constitucional deverá ser atribuído o sentido capaz de lhe dar maior eficácia. - Letra ‘c’: o princípio do efeito integrador dita que nas resoluções de problemas jurídicos constitucionais a prioridade será da interpretação que favoreça a integração política e social, criando um efeito conservador desta unidade. Prof. Nathalia Masson Aula 04 20 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT - Letra ‘d’: por fim, o princípio da harmonização preza por harmonizar normas ou princípios conflitantes, de modo que a aplicação de um não sacrifique o outro. Gabarito: B [CESPE - 2013 - ANTT - Analista Administrativo - Direito] No que concerne ao poder constituinte e à interpretação das normas constitucionais, julgue o item subsequente: Em sede de interpretação das normas constitucionais, o princípio do efeito integrador é muitas vezes associado ao princípio da unidade da constituição, já que, conforme aquele, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, o que reforça a unidade política. Comentário: O item é verdadeiro. Tais princípios se relacionam na medida que o princípio da unidade objetiva evitar futuras contradições entre as normas constitucionais, visando a harmonização de aparentes antinomias. Por sua vez, o princípio do efeito integrador (decorrente do princípio da unidade), objetiva a primazia de critério ou pontos de vista capazes de favorecer a integração política e social, por consequência, reforçar a unidade política. Gabarito: Certo (TRT 21ªR/Juiz/TRT 21ªR/RN/2011 - Adaptada) Leia a assertiva seguinte e julgue-a: Não obstante o princípio da unidade da Constituição, admite-se a existência de hierarquia envolvendo duas normas constitucionais originárias, com a possibilidade excepcional de declaração de inconstitucionalidade de uma ou outra. Comentário: A assertivaapresentada é falsa! Em decorrência do princípio da unidade da Constituição, pode-se afirmar que não há hierarquia normativa, tampouco subordinação, entre as normas constitucionais. Destaca-se que não há possibilidade de declaração de inconstitucionalidade de normas constitucionais originárias, só de normas constitucionais derivadas. Gabarito: Errado [CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público] O art. 102, caput, da CF dispõe que compete ao STF, precipuamente, a guarda da Constituição, o que implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel de fiscal do poder constituinte originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositivo que ele próprio havia incluído no texto da mesma CF. Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a CF as prevê apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a CF, elaborada pelo poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio poder constituinte originário com relação a outras que não sejam consideradas cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida por impossibilidade jurídica do pedido. ADI 815, relator Min. Moreira Alves, DJ, 10/5/1996 (com adaptações). Prof. Nathalia Masson Aula 04 21 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Considerando esse julgado do STF, é correto afirmar que o princípio constitucional que melhor retrata o entendimento exposto é o da: A) simetria. B) conformidade funcional. C) unidade da Constituição. D) força normativa da Constituição. E) máxima efetividade. Comentário: A alternativa que deverá ser marcada é a da letra ‘c’: o princípio da unidade da Constituição objetiva conferir caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, o que faz com que o texto constitucional seja entendido como um todo unitário e harmônico. As demais podem ser assim comentadas: - Letra ‘a’: o princípio da simetria dita que deve haver relação simétrica entre as normas jurídicas da Constituição Federal e as regras previstas nas Constituições Estaduais. - Letra ‘b’: o princípio da conformidade funcional ou justeza impede que os órgãos encarregados de interpretar o texto constitucional cheguem a um resultado que subverta o esquema organizatório funcional previamente estabelecido. - Letra ‘d’: O princípio da força normativa da Constituição dita que o intérprete deverá priorizar a interpretação que dê concretude à normatividade constitucional, sem negar-lhe a eficácia. - Letra ‘e’: por fim, o princípio da máxima efetividade dita que deverá ser feita uma interpretação dos direitos e garantias fundamentais capazes de conferir a maior efetividade possível, otimizando a norma e extraindo dela todo o seu maior potencial protetivo. Gabarito: C [FCC - 2010 - TRE-AM - Analista Judiciário - Área Judiciária] Com relação aos princípios interpretativos das normas constitucionais, aquele segundo o qual a interpretação deve ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas é denominado de: A) conformidade funcional. B) máxima efetividade. C) unidade da constituição. D) harmonização. E) força normativa da constituição. Comentário: A alternativa que deverá ser marcada é a letra ‘c’: o princípio da unidade da Constituição é o que impõe ao intérprete o dever de harmonizar as aparentes contradições existentes entre as normas presentes no texto constitucional, que deve ser entendido como um sistema interno unitário e harmônico de regras e princípios. Prof. Nathalia Masson Aula 04 22 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Gabarito: C [CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Judiciária] Julgue o item seguinte referente à teoria constitucional: De acordo com o princípio da unidade da Constituição, a interpretação constitucional deve ser realizada de forma a evitar contradição entre suas normas. Comentário: Pode marcar essa alternativa como correta! De acordo com o princípio da Unidade da Constituição, o intérprete do texto constitucional deverá prezar pela harmonização de contradições aparentes entre as normas. Gabarito: Certo [INSTITUTO CIDADES – 2010 - DPE-GO - Defensor Público] A maioria da doutrina constitucionalista admite a especificidade da interpretação constitucional e lista alguns princípios a serem observados nessa tarefa. Quando o intérprete se depara com duas normas constitucionais aparentemente contraditórias e incidentes sobre a mesma situação fática, o princípio aplicável é o da: A) interpretação conforme a Constituição. B) unidade da Constituição. C) presunção da constitucionalidade das leis e atos do poder público. D) máxima efetividade. E) força normativa da Constituição. Comentário: Aqui, a alternativa a ser marcada é a letra ‘b’: o princípio da unidade da Constituição reconhece um sentido global para o texto constitucional, de modo que todos os diversos componentes do tecido social, enquanto intérpretes, se empenhem na difícil (mas possível) tarefa de composição de interesses. - Letra ‘a’: errada uma vez que tal princípio não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim da legislação infraconstitucional. Encontra sua morada diante das chamadas normas polissêmicas ou plurissignificativas, isto é, aquelas que podem ser interpretadas de maneiras diversas - Letra ‘c’: errada, pois, por força deste princípio, há a presunção de que as normas produzidas pelo Poder Legislativo (e pelos demais Poderes, no exercício da função atípica de natureza legislativa) sejam constitucionais, de terem sido engendradas em conformidade com o que prescreve a Carta Maior. - Letra ‘d’: ao aplicar o princípio da máxima efetividade, realiza-se uma interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar sua maior efetividade, otimizando a norma e extraindo dela todo o seu potencial protetivo. - Letra ‘e’: de acordo com o princípio da força normativa da Constituição, o intérprete do texto constitucional deve priorizar a interpretação que seja capaz de dar concretude à normatividade constitucional, jamais lhe negando a eficácia. Prof. Nathalia Masson Aula 04 23 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Gabarito: B [VUNESP - 2014 - DPE-MS - Defensor Público - Adaptada] No que se refere à Hermenêutica Constitucional, analise as assertivas: (i) Há hierarquia entre normas constitucionais originárias, admitindo-se a declaração de inconstitucionalidade de determinada norma em face de outra, gerando assim declaração das normas constitucionais inconstitucionais. (ii) O princípio da unidade da Constituição prevê que o intérprete deve considerar o texto na sua globalidade de forma a se evitarem contradições e antinomias entre normas constitucionais. Comentário: A primeira assertiva apresentada deverá ser marcada como incorreta: por força do princípio da unidade da Constituição, pode-se afirmar que não há hierarquia normativa, tampouco subordinação, entre as normas constitucionais; eventuais conflitos entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica. É nesse sentido que no direito pátrio é inviável a declaração de inconstitucionalidade de uma norma constitucional originária em face de outra. Por outro lado, a segunda assertiva deverá ser marcada como verdadeira. Dotado de acentuadaimportância, o princípio da unidade da Constituição visa conferir um caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o texto da Carta Maior seja compreendido como um todo unitário e harmônico, desprovido de antinomias reais. Muito mais que um conjunto caótico de normas desconectadas e esparsas, o texto constitucional é um agrupamento de preceitos integrados, alinhavados pelo ideal de unidade Gabarito: i) Errado / ii) Certo (E) Princípio da força normativa Idealizado por Konrad Hesse, preceitua ser função do intérprete sempre “valorizar as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição"9. Assim, deve o intérprete priorizar a interpretação que dê concretude à normatividade constitucional, jamais negando- lhes eficácia. Nesse contexto, Canotilho leciona que “deve dar-se primazia às soluções hermenêuticas que, compreendendo a historicidade das estruturas constitucionais, possibilitam a atualização normativa, garantindo, do mesmo pé, a sua eficácia e permanência10”. 9. PAULO, Vicente. Direito constitucional descomplicado. São Paulo: Método. 2011. p. 75. 10. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6ª ed. Coimbra: Almedina, 1993, p. 229. Prof. Nathalia Masson Aula 04 24 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Gilmar Mendes11 nos ensina, ainda, que (...) sem desprezar o significado dos fatores históricos, políticos e sociais para a força normativa da Constituição, confere Hesse peculiar realce à chamada vontade da Constituição (Wille zur Verfassung). A Constituição, ensina Hesse, transforma-se em força ativa se existir a disposição de orientar a própria conduta segundo a ordem nela estabelecida, se fizerem presentes, na consciência geral — particularmente, na consciência dos principais responsáveis pela ordem constitucional —, não só a vontade de poder (Wille zur Macht), mas também a vontade de Constituição (Wille zur Verfassung). Vejamos, agora, o modo como o tema pode vir a ser cobrado em prova: Questões para fixar [VUNESP - 2016 - TJRJ -Juiz] No estudo da Hermenêutica Constitucional se destaca a importância no constitucionalismo contemporâneo de uma Constituição concreta e historicamente situada com a função de conjunto de valores fundamentais da sociedade e fronteira entre antagonismos jurídicos-políticos. A Constituição não está desvinculada da realidade histórica concreta do seu tempo. Todavia, ela não está condicionada, simplesmente, por essa realidade. Em caso de eventual conflito, a Constituição não deve ser considerada, necessariamente, a parte mais fraca. O texto ressalta corretamente o seguinte princípio: a) hermenêutica clássica. b) nova retórica constitucional. c) senso comum que norteia a eficácia constitucional. d) tópico-problemático constitucional. e) força normativa da Constituição. Comentário: O princípio da força normativa da Constituição é o único que corresponde adequadamente ao texto proposto no enunciado, sendo correta, portanto, a alternativa “e”. Entenda o porquê, estimado aluno: a Constituição presta-se a ordenar e conformar a realidade social e política de um Estado, sendo também reflexo da sociedade que rege. Contudo, a interpretação e aplicação das normas constitucionais podem conflitar com a realidade prática, gerando antagonismos jurídicos-políticos. Nesse sentido, o princípio da força normativa impõe ao intérprete a valorização das soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição. Em outras palavras, a partir dessa perspectiva, a hermenêutica constitucional deve especial atenção às novas realidades sociais e políticas geradas pelos processos históricos, permitindo que o texto constitucional a elas se adapte, dando-lhe plena eficácia e a máxima 11. Esse trecho foi extraído da apresentação que o Min. Gilmar faz ao trabalho de Konrad Hesse, intitulado “A força normativa da Constituição”. Prof. Nathalia Masson Aula 04 25 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT aplicabilidade. Vale lembrar que, no contexto brasileiro, a jurisdição constitucional possui papel de destaque nesse processo. Gabarito: E [FCC - 2011 - TRE-PE - Analista Judiciário - Área Judiciária] No tocante à interpretação das normas constitucionais, o Princípio da Força Normativa da Constituição determina que: A) a interpretação constitucional deve ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas. B) entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais. C) os órgãos encarregados da interpretação da norma constitucional não poderão chegar a uma posição que subverta o esquema organizatório funcional constitucionalmente já estabelecido. D) na solução dos problemas jurídicos constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social. E) a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito seja destinada a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. Comentário: Consoante o princípio da força normativa da Constituição, os intérpretes do texto constitucional, diante de um conflito, deverão priorizar a interpretação que de forma à normatividade constitucional, de modo que não lhes negue a eficácia. Nesse contexto, o professor Canotilho nos ensina que devemos dar primazia as soluções hermenêuticas que, compreendendo a historicidade das estruturas constitucionais, possibilitam a atualização normativa, garantindo a sua eficácia e permanência. Sendo assim, nossa alternativa correta é a constante na letra ‘b’. Gabarito: B [FCC - 2017 - ARTESP - Especialista em Regulação de Transporte I – Direito – Adaptada] Julgue o item: A hermenêutica das normas constitucionais permite que se extraia o sentido das mesmas, havendo diversos métodos para aplicação das técnicas de interpretação. Há, além disso, princípios específicos que se destinam a auxiliar na interpretação das normas constitucionais, dos quais é exemplo o Princípio da força normativa da Constituição, que orienta à escolha da interpretação que permita maior eficácia às normas constitucionais. Comentário: Item correto! Pelo princípio em comento firmamos a ideia de que a Constituição é dotada de força normativa, o que orienta o intérprete do seu texto a sempre escolher a interpretação que permita uma maior eficácia das normas constitucionais. Nota-se, aliás, que é um princípio estreitamente vinculado ao da máxima efetividade. Gabarito: Certo Prof. Nathalia Masson Aula 04 26 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT (F) Princípio do efeito integrador Como a finalidade primordial da Constituição é ordenar a vida em sociedade, integrando-a a um Estado formalmente constituído, todas as suas normas devem ser interpretadas de maneira a prestigiar a unidade política instaurada pelo documento constitucional. Note, portanto, que este princípio tem relação direta com o anterior, pois justamente visa preservar a ideia de unidade. Segundo Canotilho, “na resolução dos problemas jurídicos-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política"12. Destarte, quando da interpretação da Constituição, deve-se, necessariamente, buscar a leitura que reforce o ideal de que a Constituição é um agrupamento normativo único, composto por normas conectadas, quedevem ser lidas de maneira a reforçar e a reafirmar a integração política e social planejada pela Constituição. A doutrina sustenta que o efeito integrador não passa de uma aplicação do princípio da unidade da Constituição, e, portanto, da interpretação sistemática, em conjunto com a ideia de força normativa da Constituição, uma vez que “o efeito integrador nada mais seria do que ‘dar efetividade ótima’ (força normativa) à unidade político-constitucional (unidade da Constituição)”13. Veja como o tema aparece em prova: Questão para fixar [CESPE - 2010 - DPE - BA - Defensor Público] No que se refere à hermenêutica e interpretação constitucional, julgue o item subsequente: De acordo com o denominado princípio do efeito integrador, deve-se dar primazia, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, aos critérios que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. Comentário: O item deverá ser marcado como verdadeiro. Uma vez que a finalidade primordial do texto constitucional é a de ordenar a vida em sociedade, integrando-a a um Estado formalmente constituído, todas as suas normas devem ser interpretadas de maneira a prestigiar a unidade política instaurada pelo documento constitucional. 12. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6ª ed. Coimbra: Almedina, 1993, p. 227. 13. Interpretação constitucional e sincretismo metodológico; In: Interpretação constitucional. 1ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 130. Prof. Nathalia Masson Aula 04 27 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Gabarito: Certo (G) Princípio da concordância prática ou harmonização Tal qual o princípio da unidade constitucional, o da concordância prática também visa resolver eventuais desacertos entre as normas constitucionais. Enquanto o primeiro, no entanto, é utilizado em abstrato, envolvendo normas que dissociadas das ocorrências fáticas já se põem em rota de colisão, o último atua perante conflitos específicos, que somente se pronunciam diante de um caso concreto. Pode-se mencionar, como exemplo, os direitos à liberdade de informação e à privacidade que, abstratamente, não guardam ente si qualquer tensão visível. Perante casos concretos, entretanto, é possível supor que colidam quando, imaginemos, a não exibição de uma reportagem (direito à privacidade) for confrontada com o direito à informação em se exibir tal matéria jornalística. Para resolver a questão, faz-se necessário conciliá-los, a fim de desvendar uma resposta normativa que impeça a negação de um em face do outro. Nesse sentido, Inocêncio Coelho14 nos ensina que o princípio da harmonização ou da concordância prática consiste, essencialmente numa recomendação para que o aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de nenhum. Forçoso será, pois, reconhecer que ambos são valores muito caros ao ordenamento e que ostentam idêntica importância e status normativo, de modo que a solução é salvaguardar ambos, a partir de condicionamentos recíprocos. Sendo possível, o ideal é a concordância prática, a redução proporcional de cada um deles que não ocasione o sacrifício de um em detrimento de outro. Nos dizeres de Canotilho: “Subjacente a este princípio está a ideia do igual valor dos bens constitucionais (e não uma diferença de hierarquia) que impede, como solução, o sacrifício de uns em relação aos outros, e impõe o estabelecimento de limites e condicionamentos recíprocos de forma a conseguir uma harmonização ou concordância prática entre estes bens”.15 Em encerramento a este tópico, treinemos o modo de incidência deste princípio nas provas por meio de algumas questões: 14. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 174. 15. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6ª ed. Coimbra: Almedina, 1993, p. 228. javascript:PesquisaAutor(); Prof. Nathalia Masson Aula 04 28 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT Questões para fixar [VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto] Com relação aos princípios e métodos de interpretação constitucional, julgue o item: Segundo o princípio da concordância prática ou da harmonização, eventual conflito entre bens juridicamente protegidos deve ser solucionado pela coordenação e combinação entre eles, de modo que o estabelecimento de limites recíprocos evite o sacrifício de uns em relação aos outros. Comentário: Alternativa correta. De fato, eventuais conflitos entre bens juridicamente protegidos deverão ser solucionados pela sua coordenação e combinação, de forma que se estabeleçam limites recíprocos, evitando o sacrifício de qualquer um deles. É usualmente utilizado em casos de colisão entre direitos fundamentais os quais, como já sabemos, não são absolutos. Gabarito: Certo [VUNESP - 2011 - CREMESP - Advogado] Dentro da hermenêutica constitucional, o princípio de interpretação constitucional que exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros denomina-se princípio: A) da unidade da Constituição. B) do efeito integrador. C) da máxima efetividade. D) da concordância prática. E) da conformidade funcional. Comentário: De início, repare que essa questão ilustra bem um expediente bastante comum dos examinadores, que é o de listar todos os princípios nas alternativas para, na sequência, nos pedirem para marcarmos aquele único condizente com a narração feita no texto introdutório da questão. No caso em tela, o princípio da concordância prática (ou harmonização) é o que impõe ao intérprete do texto constitucional a compatibilização dos bens jurídicos caso exista um específico conflito entre eles, de forma a evitar o sacrifício de um bem em relação a outro (pois ambos são valores que o ordenamento pretende preservar). É aplicado, geralmente, quando estamos diante de uma colisão entre direitos fundamentais. A letra ‘d’, portanto, deverá ser assinalada. Gabarito: D [CESPE - 2018 - PGM - João Pessoa - PB - Procurador do Município] Os bens jurídicos reconhecidos e protegidos constitucionalmente devem ser ordenados de tal forma que, havendo colisões entre eles, um não se realize à custa do outro. Essa máxima é representada, no âmbito da interpretação constitucional, pelo princípio: A) da concordância prática. Prof. Nathalia Masson Aula 04 29 de 64| www.direcaoconcursos.com.br Noções de Direito Constitucional – Analista Judiciário AJ e Oficial Avaliador – TJDFT B) da supremacia da Constituição. C) da máxima eficácia da norma constitucional. D) da força normativa da Constituição. E) do efeito integrador. Comentário: Outra vez as alternativas trazem os princípios relacionados à interpretação. Mas a que deverá ser marcada é a da letra ‘a’, vez que é o princípio da concordância prática, também chamado de princípio da harmonização, que impõe a compatibilização de bens jurídicos em caso de conflito entre eles, evitando, deste modo, o sacrifício de um em relação aos outros. Gabarito: A [CESPE - 2018 - DPE‐PE] A colisão entre dois ou mais direitos fundamentais resolve‐se com a aplicação preponderante do princípio: a) da força normativa. b) da dignidade da pessoa humana. c) da concordância prática. d) da eficiência. e) do efeito integrador Comentário: A nossa alternativa correta