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Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 64 AULA 05: Poder Legislativo. Sumário Página 1-Poder Legislativo 1-56 2- Lista de Questões 57-62 3- Gabarito 63-64 Conceito O Poder Legislativo é o órgão encarregado de elaborar as leis que regulam as ações dos integrantes do Estado, em suas relações entre si ou com o Poder Público. Funções As funções típicas do Legislativo são legislar e fiscalizar. No desempenho da primeira, elabora as leis. No exercício da segunda, realiza a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo, bem como investigar fato determinado por meio das comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Além dessas funções, o Legislativo tem outras, atípicas. Uma dessas funções é a administrativa, que exerce, por exemplo, quando dispõe sobre sua organização interna ou sobre a criação dos cargos públicos de suas Casas. Outra função atípica é a de julgamento, exercida quando o Legislativo julga autoridades como o Presidente da República, por exemplo (art. 52, I e II e parágrafo único, CF). Congresso Nacional O Poder Legislativo federal é representado pelo Congresso Nacional, composto de duas Casas (Câmara dos Deputados e Senado Federal). O Senado Federal é composto de representantes dos Estados e do Distrito Federal, enquanto a Câmara é composta de representantes do povo. No que se refere à composição, no Legislativo federal vigora o bicameralismo federativo. Por bicameralismo, entende-se o fato de o Legislativo ser composto de duas Casas: a Câmara dos Deputados (composta por representantes do povo) e o Senado Federal (que representa os Estados e o Distrito Federal). Já a denominação “federativo” se deve ao fato de alguns entes federativos (Estados e Distrito Federal) terem representantes no Legislativo federal. Veja o que determina a CF/88: Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 64 Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. (...) Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. A representação dos Estados e do Distrito Federal no Senado se dá de forma paritária: três senadores para cada ente federado. Com isso, assegura- se o equilíbrio entre esses entes: Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. § 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. Já a representação do povo na Câmara se dá de pelo sistema proporcional, ou seja, de forma proporcional à população de cada ente federado, de modo a assegurar-se a democracia. Sobre esse sistema, dispõe a CF/88 que: Art. 45, § 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. Questão de prova: 1. (Cespe/2012/TJ-AC) O número total de deputados federais deve ser estabelecido por lei complementar, enquanto o número de representantes por estado e pelo DF deve ser estabelecido por lei ordinária, proporcionalmente ao número de eleitores. Comentários: Tanto o número total de deputados quanto o número de representantes por Estado e pelo Distrito Federal será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população (art. 45, § 1º, CF). Questão incorreta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 64 O Poder Legislativo estadual, distrital e municipal é unicameral, sendo composto por uma única Casa, que representa o povo. O Congresso Nacional, em regra, atua por meio da manifestação do Senado e da Câmara em separado, de forma autônoma. Cada Casa delibera sobre as proposições de acordo com seu respectivo regimento interno, sem subordinação de uma Casa a outra. Entretanto, em algumas situações, há o trabalho simultâneo e conjunto das Casas, por previsão constitucional. Trata-se da sessão conjunta, em que as Casas deliberam separadamente, com contagem de votos dentro de cada Casa, embora estas atuem ao mesmo tempo. Além de outras hipóteses previstas na Constituição, o art. 57, §3º da CF determina que a Câmara e o Senado reunir- se-ão em sessão conjunta para: Inaugurar a sessão legislativa; Elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; Receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; Conhecer do veto e sobre ele deliberar. Outra importante previsão constitucional de sessão conjunta é a reunião para discutir e votar a lei orçamentária (art. 166, CF). Esquematizando: H I P Ó T E S E S D E S E S S à O C O N J U N T A ELABORAR O REGIMENTO COMUM E REGULAR A CRIAÇÃO DE SERVIÇOS COMUNS ÀS DUAS CASAS RECEBER O COMPROMISSO DO PRESIDENTE E DO VICE- PRESIDENTE DA REPÚBLICA CONHECER DO VETO E SOBRE ELE DELIBERAR DISCUTIR E VOTAR A LEI ORÇAMENTÁRIA OUTRAS HIPÓTESES PREVISTAS PELA CONSTITUIÇÃO Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 64 Destaca-se também que o texto constitucional prevê uma hipótese de sessão unicameral do Congresso Nacional (ADCT, art. 3º). Trata-se da reunião, já realizada, para aprovar emendas constitucionais pelo processo simplificado de revisão, cinco anos após a promulgação da Constituição. O Congresso, nesse caso, atuou como se fosse uma só Casa. 2. (Cespe) Os deputados federais e os senadores, todos eles eleitos pelo sistema majoritário, representam o povo dos seus respectivos estados. Comentários: Apenas os senadores são eleitos pelo sistema majoritário (art. 46, “caput”, CF). Os deputados federais elegem-se pelo sistema proporcional (art. 45, “caput”, CF). Questão incorreta. 3. (Cespe/2010/TRE-BA) De acordo com a CF, a eleição para o Senado Federal realiza-se mediante o denominado sistema proporcional. Comentários: As eleições para o Senado Federal realizam-se mediante o sistema majoritário (art. 46, “caput”, CF). Questão incorreta. 4. (Cespe/2009/OAB) Além de outros casos previstos na CF, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão, em sessão conjunta, para a apreciação de veto presidencial a projeto de lei e sobre ele deliberar. Comentários: De fato, segundo a Constituição, além de outros casos previstos por ela, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para conhecer do veto e sobre ele deliberar (art. 57, § 3º, IV, CF). Questão correta. 5. (Cespe/2009/TRE-MA) O sistema legislativo vigente é o unicameral, opção adotada a partir da Constituição Federal de 1934, exatamente porque os projetos de lei, obrigatoriamente, têm de ser Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br5 de 64 aprovados pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em sessão conjunta, para que possam ser levados à sanção do presidente da República. Comentários: O sistema legislativo vigente é o bicameral, pelo fato de o Legislativo ser Legislativo ser composto de duas Casas: a Câmara dos Deputados (composta por representantes do povo) e o Senado Federal (que representa os Estados e o Distrito Federal). Questão incorreta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 64 Câmara dos Deputados O art. 45 da Carta Magna estabelece que a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. Essa proporcionalidade é assegurada, dentre outros, pelo art. 45, § 1o, da Carta Magna, que determina que o número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população. O sistema proporcional visa, portanto, a distribuir os mandatos de modo que o número de representantes em cada circunscrição eleitoral seja dividido em relação ao número de eleitores. Observa-se, porém, que a Constituição Federal atenuou o critério puro da proporcionalidade entre a população (representados) e os deputados (representantes). Isso porque determina a realização dos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta deputados. Além disso, fixa, independentemente da população, o número de quatro Deputados para cada Território (art. 45, § 2o, CF). Isso gera distorções na representatividade popular na Câmara dos Deputados, pois o voto do cidadão em um Estado-membro menos populoso vale mais do que o de o voto em um estado mais populoso. Para a implementação do sistema proporcional, é necessário regulamentação por lei ordinária, por se tratar de um conceito jurídico indeterminado. 1 Essa lei adotou o método do quociente eleitoral, que consiste no cálculo de quantas cadeiras serão ocupadas por cada legenda partidária. Para isso, inicialmente, divide-se o total de votos válidos em candidatos pelo número de cargos em disputa, obtendo-se o quociente eleitoral. O total de votos obtidos por cada legenda partidária é dividido por esse quociente, chegando-se, finalmente, ao número de cadeiras por legenda. Problema importante na aplicação do sistema proporcional se refere às sobras eleitorais, que correspondem às vagas não preenchidas pelo método anterior. Para a solução desse problema, a legislação brasileira adotou o critério da melhor média. Esse critério consiste na realização do cálculo real do número de votos que o partido necessitou para conquistar cada cadeira. As cadeiras constantes das sobras eleitorais serão, então, distribuídas aos partidos que obtiveram as melhores médias. No que se refere à fidelidade partidária, não há disposição expressa da Constituição a respeito. Entretanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o STF entendem que os partidos políticos e as coligações partidárias têm o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema eleitoral proporcional, se, não ocorrendo razão legítima que o justifique, registrar-se ou o cancelamento de filiação 1 STF, Pleno, Rextr. No 140.543-1/RO, 09.02.1995. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 64 partidária ou a transferência para legenda diversa, do candidato eleito por outro partido. Esse entendimento estende-se, também, para os cargos majoritários – senadores, prefeitos, governadores e Presidente da República. No caso de terem havido coligações partidárias para as eleições proporcionais, a vaga igualmente pertencerá à coligação. Isso porque, segundo o STF2, a coligação assume perante os demais partidos e coligações, os órgãos da Justiça Eleitoral e, também, os eleitores, por ter natureza de superpartido. A sistemática estabelecida no ordenamento jurídico eleitoral para o preenchimento dos cargos disputados no sistema de eleições proporcionais é declarada no momento da diplomação, quando são ordenados os candidatos eleitos e a ordem de sucessão pelos candidatos suplentes. Qualquer mudança dessa ordem atenta contra o ato jurídico perfeito e desvirtua o sentido e a razão de ser das coligações. Ao se coligarem, os partidos aquiescem com a possibilidade de distribuição e rodízio no exercício do poder em conjunto no processo eleitoral. O Supremo Tribunal Federal (STF) entende, porém, que em algumas situações excepcionais – mudança significativa de orientação programática do partido ou comprovada perseguição política – tornam legítimo o desligamento voluntário do partido. Nesse caso, o parlamentar tem direito a instaurar, perante a Justiça Eleitoral, procedimento no qual possa demonstrar a ocorrência dessas situações, caso em que manterá a titularidade de seu mandato eletivo. Senado Federal De acordo com o art. 46 da Constituição, o Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. Pelo sistema majoritário simples, considera-se eleito o candidato com maior número de votos nas eleições, excluídos os votos em branco e os nulos, em um só turno de votação. Cada Estado e o Distrito Federal elegem três Senadores, com mandato de oito anos (§ 1º, art. 46, CF). A representação de cada Estado e do Distrito Federal renova-se de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços (§ 2º, art. 46, CF). Cada senador é eleito com dois suplentes (§ 3º, art. 46, CF). Caso ocorra renúncia ou perda do mandato de senador da República, deverá ser chamado para assumir a vaga no Senado Federal seu 1o suplente, e, no impedimento deste, sucessivamente o 2o suplente. Destaca-se que, de maneira semelhante ao que vimos no estudo da Câmara dos Deputados, entendem o TSE e o STF que perderá a condição de suplente, mesmo se tratando de mandato majoritário, o candidato diplomado 2 STF, Pleno, MS 30260/DF, 27.04.2011. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 64 pela Justiça Eleitoral que, posteriormente, se desvincular do partido que o elegeu. Isso porque os mandatos pertencem, segundo essas Cortes, ao partido político. Mesas Diretoras Os trabalhos do Congresso e de cada uma de suas Casas são dirigidos pelas Mesas diretoras, comissões permanentes responsáveis pelas funções meramente administrativas. A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (art. 57, § 5º, CF). Já as Mesas da Câmara e do Senado são eleitas, respectivamente, pelos deputados e senadores, devendo assegurar-se, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 58, § 1º, CF). O art. 57, § 4º, CF, determina que cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a reconduçãopara o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. A vedação para a recondução ao mesmo cargo se dá, segundo o STF, dentro de uma mesma legislatura, nada impedindo a recondução no âmbito de uma legislatura diferente3. Além disso, destaca-se que segundo o STF essa vedação não é de reprodução obrigatória nas Constituições dos estados-membros, que poderão estabelecer a possibilidade de recondução para o mesmo cargo na Mesa da Assembleia Legislativa dentro da mesma legislatura4 . Em consonância com esse entendimento, as leis orgânicas dos municípios também poderão estabelecer a possibilidade de recondução dos membros de suas mesas para o mesmo cargo na eleição subsequente. Por fim, é importante ressaltar que a composição das Mesas deverá, tanto quanto possível, assegurar a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 58, § 1º, CF). Reuniões O art. 57, “caput”, da Constituição Federal, estabelece que o Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Trata-se da sessão legislativa ordinária. 3 STF, Pleno, MS no 22.183-6, 12.12.1997. 4 STF, ADIn 793/RO – Informativo no 65, ADIn 792/RJ, Informativo STF no 73. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 64 Cada sessão legislativa ordinária compreende dois períodos legislativos (02/02 a 17/07 e 01/08 a 22/12). Os intervalos entre esses períodos são chamados recessos parlamentares. No primeiro ano da legislatura, há sessão preparatória no dia 1º de fevereiro, com a posse dos parlamentares e eleição das Mesas das Casas Legislativas. Ao conjunto de quatro sessões legislativas denomina-se legislatura. No Brasil, de acordo com o parágrafo único do art. 44 da CF/88, cada legislatura terá duração de quatro anos. A legislatura coincide com a duração do mandado do Presidente da República e dos Deputados Federais. Questão de prova: 6. (Cespe/2013/TRE-MS) O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, com legislatura anual. Comentários: De fato, o Congresso Nacional é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. O erro da questão é que a legislatura não é anual, mas sim tem a duração de quatro sessões legislativas (quatro anos). Questão incorreta. Comissões Com o objetivo de facilitar o trabalho das Casas Legislativas, a Constituição prevê que algumas atribuições poderão ser realizadas pelas Comissões Parlamentares: Art. 58, § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 64 V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Essas Comissões são criadas por cada Casa separadamente ou pelo Congresso Nacional, na forma do regimento interno correspondente. Quando constituídas no âmbito de cada Casa, são compostas por deputados (Câmara) ou senadores (Senado). No Congresso, pode haver Comissões Mistas, compostas tanto por deputados como por senadores. É o caso da Comissão Mista que aprecia as medidas provisórias, por exemplo (art. 62, §9º, CF). O Plenário, órgão de deliberação máxima das Casas Legislativas, é formado por todos os parlamentares que fazem parte desta. Na constituição de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 58, §1º, CF). As comissões podem ser permanentes ou temporárias. As primeiras têm caráter técnico legislativo ou especializado, apreciando as proposições submetidas a seu exame e exercendo a fiscalização dos atos do poder público, no âmbito dos respectivos campos de atuação. Integram a própria estrutura da Casa Legislativa de que fazem parte, tendo suas competências definidas pelo regimento interno respectivo. Já as segundas são criadas para apreciar determinada matéria, extinguindo-se com o término da legislatura, quando realizam seu objetivo ou quando expira o prazo de sua duração. Uma importante comissão temporária é aquela prevista no art. 58, §4º, CF/88: § 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária. Vale lembrar que a sessão legislativa ordinária é composta de dois períodos legislativos (02/02 a 17/07 e 01/08 a 22/12). Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) O art. 58, §3º, CF/88 determina que: § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 64 além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Assim, para a criação de uma CPI, são necessários três requisitos: requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa (no caso de comissão mista, um terço dos membros de cada uma das Casas); indicação de fato determinado a ser investigado e fixação de prazo certo para o fim dos trabalhos. Destaca-se que essa locução “prazo certo”, segundo o STF (RTJ 163/176), não impede prorrogações sucessivas dentro da legislatura, Contudo, o final da legislatura sempre representará um termo final para as CPIs. O STF entende ainda que, cumpridos os requisitos para a criação da CPI, esta se dá no ato mesmo da apresentação do requerimento ao Presidente da Casa Legislativa, independente de deliberação plenária. Além disso, destaca- se o entendimento da Corte de que o modelo de criação e instauração de CPIs deve ser compulsoriamente observado pelas Assembleias Legislativas dos Estados. É importante destacar que a CPI pode investigar mais de um fato, desde que todos os fatos investigados sejam determinados. Além disso, a regra que determina a necessidade de criação das comissões com objeto específico não impede a apuração de fatos conexos ao principal, ou, ainda, de outros fatos, inicialmente desconhecidos, que surgirem durante a investigação, bastando, para que isso ocorra, que haja um aditamento do objeto inicial da CPI5. O STF entende, também,que não há vedação constitucional à norma regimental que estabeleça limites para a criação simultânea de CPIs. Outro importante posicionamento do Supremo Tribunal Federal diz respeito às minorias parlamentares. Segundo o Pretório Excelso, preenchidos os requisitos constitucionais do art. 58, § 3o, da Constituição Federal, existe direito público subjetivo de as minorias parlamentares verem instaurado o inquérito parlamentar, com apoio no direito de oposição, legítimo consectário do princípio democrático6. O STF declarou, ainda, inconstitucional previsão de Regimento Interno de Assembleia Legislativa que exigia aprovação, por maioria absoluta, do requerimento de 1/3 dos parlamentares estaduais, tendo afirmado o Ministro Eros Grau que “em decorrência do pacto federativo, o modelo federal de criação e instauração das comissões parlamentares de inquérito constitui matéria compulsoriamente a ser observada pelas Casas Legislativas 5 STF, HC no 71.039/RJ, 0704.1994. 6 STF, Pleno, MS 24831/DF; MS 24845/DF; MS 24846/DF. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 64 estaduais (…) daí porque se há de ter, na garantia da criação da comissão parlamentar de inquérito mediante requerimento de criação de um terço dos membros da Assembleia Legislativa, a garantia da sua instalação independentemente de deliberação do plenário. A sujeição do requerimento de criação da comissão a essa maioria equivaleria a frustração da própria garantia. As minorias – vale dizer, um terço dos membros da Assembleia Legislativa – já não mais deteriam o direito à criação da comissão parlamentar de inquérito, que passaria a depender de decisão da maioria, tal como expressa no plenário”7. Os poderes de investigação das CPIs são limitados, não alcançando todas as matérias de competência dos membros do Poder Judiciário. Assim, as CPIs não podem determinar interceptação telefônica ou declarar a indisponibilidade dos bens do investigado, por exemplo. O poder das CPIs também não alcança os atos de natureza jurisdicional (decisões judiciais), sob pena de se ferir a separação dos Poderes. Além disso, os poderes das CPIs criadas pelas Casas do Congresso Nacional não alcançam fatos ligados estritamente à competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Também não alcançam os negócios privados dos indivíduos, quando inexistir nexo causal com a gestão da coisa pública. Entretanto, as CPIs podem investigar fatos relacionados a integrantes da população indígena, desde que, segundo o STF, o índio seja ouvido dentro da área indígena, em dia e hora previamente acordados com a comunidade e com a presença de representante da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e de um antropólogo com conhecimento da mesma comunidade. Os depoentes devem ter seus direitos constitucionais respeitados pela CPI: direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF); direito ao sigilo profissional; direito de assistência por advogado; indenização por danos morais e à imagem etc. Entretanto, uma vez que os trabalhos da CPI têm caráter meramente inquisitório, ou seja, de reunião de provas para futura acusação a cargo do Ministério Público, não se assegura ao depoente o direito ao contraditório na fase de investigação parlamentar. Destaca-se também que as Comissões Parlamentares de Inquérito devem absoluto respeito à separação de Poderes, ao princípio federativo e, consequentemente à autonomia dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios. Segundo a jurisprudência, as CPIs podem: • Determinar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e de dados. • Realizar a oitiva de testemunhas, inclusive mediante condução coercitiva. Essa prerrogativa recai sobre qualquer pessoa, servidor público ou 7 STF, Pleno, ADIn no 3619/SP. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 64 particular, inclusive Ministros de Estado, desde que a oitiva seja necessária à investigação. • Ouvir investigados ou indiciados, respeitado o direito ao silêncio, consagrado constitucionalmente. Segundo o STF8, os poderes da CPI devem ser exercidos com respeito aos direitos constitucionalmente garantidos, tais como: privilégio contra a autoincriminação, direito ao silêncio e a comunicar-se com o seu advogado. No mais, a jurisprudência da Suprema Corte firmou o entendimento de que o privilégio contra a autoincriminação se aplica a qualquer pessoa, independentemente de ser ouvida na condição de testemunha ou de investigada 9 . Assim, o indiciado ou testemunha tem o direito ao silêncio e de não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), embora esteja obrigado a comparecer à sessão na qual será ouvido, onde poderá, ou não, deixar de responder às perguntas que lhe forem feitas.10 • Realizar perícias e exames necessários à dilação probatória, bem como requisição de documentos e busca de todos os meios de prova legalmente admitidos11. • Determinar buscas e apreensões, respeitada a inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI, CF). O poder da CPI, entretanto, é limitado pela cláusula de reserva jurisdicional, que confere ao Judiciário a competência exclusiva para a prática de determinados atos. Por esse motivo, não podem as CPIs: • Decretar quaisquer hipóteses de prisão, exceto em flagrante delito. Entende o STF que o “ordenamento constitucional brasileiro, ressalvadas as situações de flagrância penal ou de prisão na vigência do estado de defesa, somente deferiu competência para ordenar a privação da liberdade individual aos órgãos que, posicionados na estrutura institucional do Poder Judiciário, acham-se investidos de função jurisdicional. A Comissão Parlamentar de Inquérito, desse modo, exatamente por não dispor da prerrogativa magna de julgar, não parece possuir, como efeito consequencial, competência para determinar, “ex auctoritate propria”, a prisão de qualquer pessoa”12. • Determinar a aplicação de medidas cautelares, tais como indisponibilidade de bens, arrestos, sequestro, hipoteca judiciária ou, ainda, proibição de ausentar-se da comarca ou do país; • Proibir ou restringir a assistência jurídica aos investigados. Isso porque a Constituição consagrou, em seu art. 133, a indispensabilidade e a imunidade do advogado como princípios constitucionais. Nas palavras do eminente Ministro Marco Aurélio, “a assistência por profissional da advocacia constitui um direito, até mesmo natural, do cidadão, estando pedagogicamente 8 HC 98441 DF, 31/03/2009. 9 HC nº 79.812/SP, Plenário, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 16/12/01 e HC nº 92.371-MC/DF, decisão monocrática, Relator o Ministro Eros Grau, DJ de 3/9/07. 10 Nesse sentido: HC nº 94.082-MC/RS, DJE de 24/3/08; HC nº 92.371-MC/DF, DJ de 3/9/07; HC nº 92.225-MC/DF, DJ de 14/8/07. 11 STF, HC no 71.039/RJ, 07.04.1994. 12 HC 71279 RS, DJ 23/03/1994. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 64 previsto no campo normativo. A admissibilidade integra o devido processo legal na substância”13. • Determinar a anulação de atos do Poder Executivo, sob pena de violação ao princípio da separação dos Poderes; • Determinar a quebra do sigilo judicial, pois nem mesmo o Judiciário detém essa competência (MS27483 DF, 14/08/2008). • Autorizar a interceptação telefônica, por ser esse ato reservado à competência jurisdicional (MS 27483 DF, 14/08/2008). • Conferir publicidade indevida a dados sigilosos obtidos em função de suas investigações. Nesse sentido, entende o STF que "com a transmissão das informações pertinentes aos dados reservados, transmite-se à Comissão Parlamentar de Inquérito - enquanto depositária desses elementos informativos -, a nota de confidencialidade relativa aos registros sigilosos". Dessa forma, "constitui conduta altamente censurável - com todas as consequências jurídicas (inclusive aquelas de ordem penal) que dela possam resultar - a transgressão, por qualquer membro de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, do dever jurídico de respeitar e de preservar o sigilo concernente aos dados a ela transmitidos” 14. Questão de prova: 7. (Cespe/2012/TCU) Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pode determinar a interceptação telefônica de uma pessoa, desde que esta esteja sendo investigada pela Comissão. Comentários: Embora as CPIs possam quebrar o sigilo telefônico do investigado, não podem determinar a interceptação telefônica. Somente o Judiciário pode fazê-lo, por se tratar de reserva de jurisdição. Questão incorreta. Convocação extraordinária O art. 57, § 6º, da Constituição Federal, determina que: § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far- se-á: I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República; 13 HC 98667 DF, DJe-077 28/04/2009. 14 MS nº 23452/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 12.5.2000. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 64 II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Somente a convocação feita pelo Presidente do Senado Federal independe de aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Na sessão legislativa extraordinária o Congresso apenas deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado (art. 57, §7º, CF) e sobre medidas provisórias em vigor na data da convocação (art. 57, §8º, CF). Além disso, não há pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação extraordinária. Questão de prova: 8. (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) A convocação extraordinária do Congresso Nacional, nos casos e hipóteses previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), depende de requerimento da maioria dos membros do Senado e da Câmara e condiciona-se à aprovação da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas. Comentários: Também pode haver convocação extraordinária do Congresso Nacional pelo Presidente do Senado Federal, pelo Presidente da República e pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Questão incorreta. Atribuições do Congresso Nacional O art. 48 traz as atribuições do Congresso Nacional que dependem de sanção do Presidente da República para se aperfeiçoarem. Essas atribuições são um rol meramente exemplificativo, podendo haver outras fora dessas hipóteses. Deverão ser disciplinadas por meio de lei. Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 64 II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas; VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal; X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal. XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. Já as atribuições do art. 49 da CF são reguladas por meio de decreto legislativo. Essa espécie normativa dispensa a sanção do Presidente da República. São as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional. Veja quais são elas: Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 64 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessãode emissoras de rádio e televisão; Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 64 XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. Questões de prova: 9. (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) É da competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais em terras indígenas. Comentários: É o que dispõe o art. 49, XVI, da CF/88. Questão correta. 10. (Cespe/2013/TRE-MS) Compete exclusivamente ao Congresso Nacional sustar portaria ministerial que exorbite do poder regulamentar. Comentários: É o que determina o art. 49, V, da Constituição Federal. Questão correta. As atribuições do art. 49 da CF são reguladas por meio de decreto legislativo. Essa espécie normativa dispensa a sanção do Presidente da República. No que se refere ao inciso V desse artigo, a sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa é um mecanismo de controle e fiscalização, pelo Legislativo, dos atos do Executivo, dando efetividade ao sistema de freios e contrapesos. Esse sistema, criado pela doutrina norte-americana, prevê a interferência legítima de um Poder sobre o outro, nos limites estabelecidos constitucionalmente. Tem como objetivo garantir o equilíbrio necessário à concretização da soberania popular, evitando o exercício arbitrário das funções pelos Poderes. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 64 11. (Cespe/2010/AGU) É da competência exclusiva do Senado Federal autorizar o presidente da República a se ausentar do país, quando a ausência exceder a quinze dias. Comentários: Trata-se de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49, III, CF). Questão incorreta. 12. (Cespe/2010/TRT 1ª Região) Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do presidente da República, autorizar a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais em terras indígenas. Comentários: Essa competência do Congresso Nacional é exercida por decreto legislativo, sem a sanção do Presidente da República. Questão incorreta. 13. (Cespe/2009/OAB) A convocação extraordinária do Congresso Nacional pode ser feita pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e pelo presidente da República, nos casos taxativamente previstos na CF. Os membros de ambas as casas não têm competência para propor esse tipo de convocação. Comentários: A convocação extraordinária também pode ser feita pela maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante (art. 57, § 6º, II, CF). Questão incorreta. 14. (Cespe/2009/BACEN) Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional delibera, além da matéria para a qual foi convocado e das medidas provisórias em vigor na data da convocação, a respeito dos projetos de lei complementar em regime de urgência. Comentários: Na sessão legislativa extraordinária o Congresso apenas deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado (art. 57, §7º, CF) e sobre medidas Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 64 provisórias em vigor na data da convocação (art. 57, §8º, CF). Questão incorreta. 15. (Cespe/2009/TRE-MA) Por ser o segundo na linha de sucessão do presidente da República, cabe ao presidente da Câmara dos Deputados fazer a convocação de sessão legislativa extraordinária do Congresso Nacional para o compromisso e a posse do presidente e do vice-presidente da República. Comentários: Cabe ao Presidente do Senado Federal fazer a convocação extraordinária do Congresso Nacional para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice- Presidente da República (art. 57, § 6º, I, CF). Questão incorreta. 16. (Cespe/2012/TJ-AC) Cabe ao Congresso Nacional aprovar o estado de defesa e a intervenção federal; entretanto, a suspensão dessas medidas é competência privativa do presidente da República, dispensada a manifestação do Poder Legislativo. Comentários: De acordo com o art. 49, IV, da Constituição, é de competência exclusiva do Congresso Nacional, dispensada a manifestação do Poder Executivo, aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas. Questão incorreta. 17. (Cespe/2012/TJ-AC) Compete privativamente ao Senado Federal escolher dois terços dos membros do TCU. Comentários: Trata-se de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49, XIII, CF). Questão incorreta. 18. (Cespe/2010/Abin) Os senadores, representantes dos estados e do Distrito Federal, são eleitos com três suplentes, segundo o princípio proporcional, para mandato de oito anos. Comentários: Os Senadores são eleitos com dois suplentes, segundo o princípio majoritário (art. 46, CF). Questão incorreta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 64 Atribuições da Câmara dos Deputados Apesar de o art. 51 denominar as atribuições nele arroladas como privativas, trata-se de competência exclusiva, por ser indelegável e exercida sem qualquer interferência ou participação indireta de outro Poder ou órgão. Veja o que dispõe o texto constitucional: Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. Questão de prova: 19. (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) Pertence à Câmara dos Deputados, de forma privativa, dispor sobre sua organização, seu funcionamento e sua polícia e sobre a criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços. Comentários: É o que determina o art. 51, IV, da Constituição. Questão correta. Essas competências são disciplinadas por resolução da Câmara dos Deputados, sem sanção do Presidente da República, exceto no que se refere ao inciso IV. Isso porque a Câmara dos Deputados tem apenas a iniciativa de lei referente a fixação de remuneração dos cargos, empregos e funções de seus serviços. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina– Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 64 No que concerne ao inciso I, o STF entende que a necessidade de autorização da Câmara para formação de processo contra Ministros de Estado restringe-se aos crimes comuns e de responsabilidade conexo com os de mesma natureza imputados ao Presidente da República. Outra observação sobre o inciso I é que a autorização da Câmara obriga à instauração de processo de crime de responsabilidade pelo Senado, mas não obriga o STF a julgar os crimes de sua competência. 20. (Cespe) Compete à Câmara dos Deputados eleger dois cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, para o Conselho da República. Comentários: É o que determina o art. 51, V, da Constituição Federal. Questão correta. 21. (Cespe/2012/TJ-AC) Se o presidente da República não apresentar ao Congresso Nacional as contas relativas ao exercício anterior até sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, caberá ao Senado Federal proceder à tomada de contas. Comentários: Nesse caso, caberá à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas do Presidente da República (art. 51,II, CF). Questão incorreta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 64 Atribuições do Senado Federal As atribuições do Senado Federal são arroladas no art. 52 da Constituição. Apesar de o texto constitucional chamá-las privativas, estas são, na realidade, exclusivas, por serem indelegáveis e não serem exercidas com participação ou interferência de qualquer outro Poder ou órgão. Veja quais são elas: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f) titulares de outros cargos que a lei determinar; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 64 VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 64 Essas competências são disciplinadas por resolução do Senado Federal, sem sanção do Presidente da República, exceto no que se refere ao inciso XIII. Isso porque o Senado Federal tem apenas a iniciativa de lei referente a fixação de remuneração dos cargos, empregos e funções de seus serviços. Quando o Senado realiza o julgamento das autoridades enumeradas nos incisos I e II, tem-se o chamado “impeachment”. No “impeachment”, o Presidente do STF é que assume a direção dos trabalhos. 22. (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) Compete privativamente à Câmara dos Deputados, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos estados, do DF e dos municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo poder público federal. Comentários: Trata-se de competência privativa do Senado Federal (art. 52, VI, CF). Questão incorreta. 23. (Cespe/2012/TJ-RR) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar o procurador-geral da República e o advogado-geral da União nos crimes de responsabilidade. Comentários: É o que dispõe o art. 52, II, da Constituição. Questão correta. 24. (Cespe/2010/TRT 1ª Região) O Senado Federal tem competência para fixar, por proposta do presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Comentários: É o que determina o art. 52, VI, da Carta Magna. Questão correta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 64 25. (Cespe/2010/TRE-MT) Compete privativamente à Câmara dos Deputados processar e julgar o presidente e o vice-presidente da República nos crimes de responsabilidade. Comentários: Trata-se de competência privativa do Senado Federal (art. 52, I, CF). Questão incorreta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 64 Imunidades e prerrogativas dos parlamentares A Carta da República estabelece, na Seção V, Capítulo I, Título IV, imunidades e vedações aos parlamentares, afim de garantir tanto ao Poder Legislativo como um todo quanto a seus membros independência e liberdade no exercício de suas funções constitucionais. A essas regras, a doutrina convencionou chamar estatuto dos congressistas. Busca-se, com isso, proteger os parlamentares contra abusos e pressões de outros Poderes, conferindo-lhes liberdade de convicção, pensamento e ação. Como se pode perceber, tal proteção é imprescindível à própria existência da democracia. i. Imunidades As imunidades parlamentares são prerrogativas que visam a dar aos congressistas liberdade no exercício do mandato. São um pressuposto da própria democracia, uma vez que protegem os parlamentares contra ingerência de outros Poderes. Essas imunidades podem ser do tipo material ou formal. A primeira delas, a imunidade material, substancial ou de conteúdo, visa a garantir aos parlamentares liberdade de opinião, palavras e votos (art. 53, “caput”, CF/88), sem pressões ou constrangimentos. Exclui a antijuricidade, fazendo com que a conduta do parlamentar deixe de ser considerada crime. Entretanto, só protege atos praticados no exercício de suas funções, dentro ou fora do Congresso Nacional. Nesse sentido, tem-se o entendimento do Pretório Excelso de que “não existem dúvidas de que as imunidades parlamentares, outorgadas em face da independência do Poder Legislativo, como garantia para o bom desempenho de função, são prerrogativas constitucionalmente asseguradas. A imunidade material prevista no artigo 53, caput, da Constituição Federal, significa que o Deputado Federal ou Senador - com extensão aos Deputados Estaduais, por força do artigo 57, da Constituição Estadual - tem ampla liberdade de expressão, estando isento de enquadramento penal por suas opiniões, palavras e votos, quando no exercício da função parlamentar, considerada em sentido amplo como atributo essencial à própria existência do Parlamento. Portanto, são passíveis da imunidade parlamentar material os congressistas nos atos, palavras, opiniões e votos proferidos no exercício da função política, isto é, no exercício do mandato legislativo, qualquer que seja o âmbito parlamentar ou extraparlamentar, desde que exercida “ratione muneris”15. Reforçando esse entendimento, destaca-se julgado em que o Pretório Excelso esclareceu que a garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, "caput") somente protege o membro do 15 STF-Inquérito 510-DF. Tribunal Pleno. Rel. Min. Celso de Mello. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 64 Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial ("locus") em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa Legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática "in officio") ou tenham sido proferidas em razão dela (prática "propter officium"). Doutrina. Precedentes. A cláusula de inviolabilidade constitucional, que impede a responsabilização penal e/ou civil do membro do Congresso Nacional, por suas palavras, opiniões e votos, também abrange, sob seu manto protetor, (1) as entrevistas jornalísticas, (2) a transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas e (3) as declarações feitas aos meios de comunicação social, eis que tais manifestações - desde que vinculadas ao desempenho do mandato - qualificam-se como natural projeção do exercício das atividades parlamentares16. Destaca-se que essa espécie de imunidade apresenta peculiaridades. Primeiramente, refere-se apenas a atos funcionais, ou seja, praticados pelos parlamentares no exercício de suas funções. Além disso, possui eficácia temporal permanente, perpétua, pois persiste mesmo após o término da legislatura. A segunda espécie de imunidade parlamentar, a formal, processual ou de rito, garante ao parlamentar tanto a impossibilidade de ser ou permanecer preso quanto a possibilidade de sustação do andamento da ação penal pelos crimes praticados após a diplomação. Destaca-se que os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, tanto nos crimes de responsabilidade quanto nos crimes comuns (art. 53, § 1º, CF). Questão de prova: 16 Inq 2332 DF, DJe-040, p.01-03-2011. I M U N I D A D E M A T E R I A L D O S P A R L A M E N T A R E S INVIOLABILIDADE CIVIL E PENAL POR SUAS OPINIÕES, PALAVRAS E VOTOS É PERMANENTE: PERSISTE, APÓS A LEGISLATURA É NECESSÁRIO QUE O PARLAMENTAR ESTEJA NO DESEMPENHO DE SUAS FUNÇÕES Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 64 26. (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) Apenas após tomarem posse em seus respectivos cargos, deputados e senadores passarão a ser julgados perante o STF. Comentários: Isso se dá desde a diplomação, não após a posse (art. 53, § 1º, CF). Questão incorreta. No que se refere à prisão, dispõe a Carta Magna que, desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável (art. 53, § 2º, CF). Nesse caso, os autos serão remetidos à Casa respectiva para que, pelo voto aberto da maioria absoluta dos seus membros, resolva sobre a prisão. Com isso, em regra, não se pode aplicar ao parlamentar a pena de privação da liberdade. Há, contudo, duas exceções: No caso de flagrante de crime inafiançável; No caso de sentença judicial transitada em julgado, segundo jurisprudência do STF (RTJ, 135:509). Já no que se diz respeito à imunidade processual relativa à prisão, em regra, oferecida a denúncia contra o parlamentar, o STF poderá recebe-la, independentemente de prévia licença da Casa Legislativa a que ele pertence. Depois do recebimento da denúncia, no caso de crime cometido após a diplomação do parlamentar, o Supremo dará ciência à Casa respectiva, para que ela se manifeste. A Casa poderá, então, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, sustar o andamento da ação penal. O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 64 É importante ressaltar que a imunidade material protege o parlamentar mesmo depois do mandato. Já a formal é limitada no tempo, protegendo o parlamentar após a diplomação e enquanto durar o mandato. Segundo o STF, o termo “ad quem” do mandato (ou seja, o seu final) equivale ao início da próxima legislatura (STF, RTJ, 107:911-912). Por fim, é importante salientar que, segundo o STF, as imunidades não se estendem aos suplentes. Isso porque elas decorrem do efetivo exercício da função parlamentar, não são prerrogativas da pessoa. Em outras palavras, elas são objetivas, não subjetivas. Outro ponto importante é que, de acordo com o art. 27, § 1º, da CF/88, aos Deputados Estaduais serão aplicadas as regras previstas Constituição sobre sistemaeleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. Obviamente, deverá ser feita a correspondência: no caso de flagrante delito de crime inafiançável, por exemplo, os autos deverão ser remetidos à Assembleia Legislativa no prazo de 24 horas para que esta, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Questão de prova: 27. (Cespe/2013/TRE-MS) Ao mandato dos deputados estaduais I M U N I D A D E F O R M A L D O S P A R L A M E N T A R E S RELATIVA À PRISÃO DESDE A EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA EXCEÇÃO; FLAGRANTE POR CRIME INAFIANÇÁVEL RELATIVA AO PROCESSO APENAS PARA CRIMES COMETIDOS APÓS A DIPLOMAÇÃO O PROCESSO PODERÁ SER SUSTADO A PEDIDO DE PARTIDO COM REPRESENTAÇÃO NA CASA LEGISLATIVA A CASA LEGISLATIVA TERÁ 45 DIAS, IMPRORROGÁVEIS, DO RECEBIMENTO DO PEDIDO PELA MESA DIRETORA, PARA VOTAR DECISÃO: VOTO DA MAIORIA ABSOLUTA, OSTENSIVO E NOMINAL Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 64 aplicam-se as regras da CF quanto ao sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. Comentários: É o que determina o art. 27, § 1º, da Constituição. Questão correta. Além das imunidades que acabamos de estudar, os parlamentares apresentam três importantes prerrogativas: a isenção do dever de testemunhar, a necessidade de prévia licença para incorporação às Forças Armadas e a imunidade parlamentar durante o estado de sítio. A isenção do dever de testemunhar dos parlamentares é garantida pela CF/88 em seu art. 53, § 6º. Reza o texto constitucional que os deputados e senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. No que se refere à necessidade de licença para incorporação às Forças Armadas, determina a CF/88 que esta deverá se dar previamente ao ato, mesmo que o parlamentar seja militar e houver guerra (CF, art. 53, § 7º). Trata-se, de acordo com a doutrina, de mais uma imunidade, uma vez que livra o parlamentar de uma obrigação constitucionalmente imposta (CF, art. 143). Por fim, a CF/88 garante aos parlamentares a manutenção de suas imunidades material e formal durante o estado de sítio (CF, art. 53, § 8º). Essas imunidades só poderão ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, no caso de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional e que sejam incompatíveis com a execução da medida. Note que não há possibilidade de suspensão dessas imunidades no estado de defesa. 28. (Cespe) Desde a expedição do diploma, deputados federais e senadores estão sujeitos a julgamento perante o STF, o qual, ao receber a denúncia contra congressista, deverá solicitar autorização à respectiva Casa para prosseguir com a ação penal. Comentários: Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 64 Não há tal previsão na Constituição. Oferecida a denúncia contra o parlamentar, o STF poderá recebê-la, independentemente de prévia licença da Casa Legislativa a que ele pertence (art. 53, § 3o, CF). Questão incorreta. 29. (Cespe/2010/TRE-BA) Ainda que fora do Congresso Nacional, se estiver no exercício de sua função parlamentar, o deputado federal é inviolável, civil ou penalmente, por suas palavras e opiniões. Comentários: Como vimos, é esse o entendimento do STF. Destaca-se, ainda, que para o Pretório Excelso a garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, "caput") somente protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial ("locus") em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa Legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática "in officio") ou tenham sido proferidas em razão dela (prática "propter officium"). Questão correta. 30. (Cespe/2010/TRE-MT) Os deputados e senadores, desde o momento em que tomarem posse em seus cargos, não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Comentários: Cuidado com a pegadinha! A imunidade à prisão tem início desde o momento da expedição do diploma. Questão incorreta. 31. (Cespe/2010/TRE-MT) Os membros do Congresso Nacional são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, e suas imunidades só poderão ser suspensas durante o estado de sítio por decisão motivada do executor das medidas, com especificação e justificação das providências adotadas. Comentários: Nada disso! Essas imunidades só poderão ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, no caso de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional e que sejam incompatíveis com a execução da medida. Questão incorreta. 32. (Cespe/2009/OAB) Recebida a denúncia contra senador ou deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa do parlamentar réu ou do partido político a que é filiado, pode sustar o andamento da ação. Comentários: Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 64 Nada disso! De acordo com o art. 53, § 3º, da Constituição, depois do recebimento da denúncia, no caso de crime cometido após a diplomação do parlamentar, o Supremo dará ciência à Casa respectiva, para que ela se manifeste. A Casa poderá, então, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, sustar o andamento da ação penal. Questão incorreta. 33. (Cespe/2009/OAB) A imunidade parlamentar formal não obsta, observado o devido processo legal, a execução de pena privativa de liberdade decorrente de decisão judicial transitada em julgado. Comentários: É o que entende o STF. Questão correta. 34. (Cespe/2009/OAB) As imunidades de deputados e senadores não subsistirão durante o estado de sítio dada a gravidade da situação de crise e da excepcionalidade da medida. Comentários: De acordo com o § 8º do art. 53 da Constituição, as imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Questão incorreta. 35. (Cespe/2012/TJ-AC) Os deputados e senadores dispõem de foro privilegiado desde a expedição do diploma, estando, portanto, uma vez diplomados, ainda que ainda não tenham tomado posse, submetidos a julgamento perante o STF. Comentários: É o que determina o art. 53, § 1º, da Constituição. Questão correta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 64 Incompatibilidades dos parlamentares De acordo com o art. 54 da Carta Magna, os Deputados e Senadores não poderão: Desde a expedição do diploma: • Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica dedireito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; • Aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; Desde a posse: • Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; • Ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público; • Patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades acima citadas; • Ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. 36. (Cespe) Os deputados federais e os senadores não podem assumir cargo de confiança na direção de empresas públicas ou sociedades de economia mista da União. Comentários: É o que determina o art. 54, II, “b”, da Constituição. Questão correta. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 64 Perda do mandato O art. 55 da Constituição estabelece as hipóteses em que os parlamentares perderão o mandato, antes do término da legislatura. São elas: • Infringência de qualquer das incompatibilidades previstas no art. 54 da Constituição; • Procedimento declarado incompatível com o decoro parlamentar. Por decoro parlamentar, entende-se o conjunto de regras legais e morais que devem balizar a conduta do parlamentar. Segundo o art. 55, § 1o, da Constituição Federal, são incompatíveis com o decoro parlamentar, além dos casos descritos no Regimento Interno das Casas Legislativas, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. Note que a perda do mandato, nesses casos, deverá ser declarada pela Casa Legislativa respectiva, não competindo ao Poder Judiciário discutir sobre o mérito da tipicidade da conduta do parlamentar ou mesmo sobre o acerto da decisão, desde que garantido o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório. Isso porque a competência exclusiva do Poder Legislativo é determinada pela própria Constituição (art. 55, §§ 1o e 2o), sem previsão de qualquer recurso de mérito. Por fim, destaca-se que essa penalidade é aplicável aos parlamentares temporariamente afastados para o exercício dos cargos de Ministro de Estado, Secretário de Estado ou Secretário de Prefeitura de Capital. Entende o STF que o membro do Congresso Nacional que se licencia do mandato para investir-se no cargo de Ministro de Estado não perde os laços que o unem, organicamente, ao Parlamento. Cumpre-lhe, por isso, guardar estrita observância às vedações e incompatibilidades inerentes ao estatuto constitucional do congressista, assim como às exigências ético-jurídicas que a Constituição e os regimentos internos das Casas legislativas estabelecem como elementos caracterizadores do decoro parlamentar. Por esse motivo, os atos ministeriais do parlamentar licenciado se submetem à jurisdição censória da respectiva câmara legislativa17. • Falta de comparecimento, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; • Perda ou suspensão dos direitos políticos; Decretação pela Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição; • Condenação criminal em sentença transitada em julgado. Nos casos de infringência das incompatibilidades previstas no art. 54 da Constituição e falta de decoro parlamentar, a perda do mandato será decidida pela respectiva Casa Legislativa, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no 17 STF, Pleno, MS no 25579/DF, 19.10.2005. Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 64 Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. Caberá ao Judiciário apenas apreciar a legalidade da medida, jamais o mérito da mesma. O mesmo vale para os casos em que o parlamentar sofrer condenação criminal transitada em julgado, salvo algumas exceções, conforme entendimento do STF. O Pretório Excelso, a partir do julgamento da AP 470, referente ao “mensalão”, passou a entender que, no caso de a condenação criminal se dar por crime incompatível com a permanência do condenado no cargo (condenação por improbidade administrativa ou quando for aplicada a pena privativa de liberdade por mais de quatro anos), a perda do mandato dar-se-á automaticamente. Destaca-se que, nas palavras do Ministro Gilmar Mendes, “esse entendimento não esvazia o conteúdo normativo do art. 55, VI, e § 2º, da Constituição Federal, uma vez que, nas demais hipóteses de condenação criminal, a perda do mandato dependerá de decisão da Casa legislativa a que pertencer o congressista, tal como nos crimes de menor potencial ofensivo”. Já nos casos de ausência à terça parte das sessões ordinárias da respectiva Casa, de decretação da perda pela Justiça Eleitoral ou de privação dos direitos políticos, a perda será declarada pela Mesa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. Destaca-se que na perda do cargo por declaração da perda do mandato pela Justiça Eleitoral, não se exige o trânsito em julgado da sentença. Isso porque, segundo o STF, a atribuição da Mesa da Casa a que pertence o parlamentar nos casos previstos nos incisos III e V do art. 55 da CF/88 limita- se a declarar a perda do mandato, dando posse a quem deverá ocupar o cargo, uma vez que o registro do parlamentar já terá sido cassado pela Justiça Eleitoral, não podendo subsistir, dessa forma, o mandato eletivo (STF, Pleno, MS 27613/DF. 28.10.2009). Esquematizando: Perderá o mandato o Deputado ou Senador... Que infringir qualquer das proibições do art. 54 da Constituição; Cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado18. A perda do mandato dependerá de juízo do Plenário da Casa Legislativa (decisão política) 18 A exceção dar-se-á nos casos de condenação criminal por improbidade administrativa ou quando for aplicada a pena privativa de liberdade por mais Direito Constitucional p/AFT Profa. Nádia Carolina – Aula 05 Prof. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 64 Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição. A perda será declarada pela Mesa da Casa Legislativa, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa A Constituição Federal excepciona algumas hipóteses em que não perderá o mandato o Deputado Federal ou Senador (art. 56): • Quando investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de
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