Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO AV1 – METODO DE OBSERVAÇÃO E PESQUISA EM PSICOLOGIA CIÊNCIAS PURAS – Desenvolvimento de teorias APLICADAS – Aplicação de teorias as necessidades humanas NATURAIS – O estudo do mundo natural SOCIAIS / HUMANAS – O estudo do comportamento humano e da sociedade CIENCIAS SOCIAIS E HUMANAS PARTICULALIDADES Os fenômenos humanos não ocorrem de forma semelhante à do mundo físico, dificultando a previsibilidade; A quantificação dos resultados é complexa e limitada Os pesquisadores têm crenças que podem influenciar a condução de suas pesquisas e a interpretação de seus resultados; Autonomia Ç. Kağitçibaşi O desenvolvimento do self assume diversas trajetórias de acordo com modelos culturais, que se constroem em reação a contextos específicos. Este trabalho como objetivo apresentar a adaptação de um instrumento de avaliação dessa variedade de trajetórias de desenvolvimento, desenvolvido por Ç. Kağitçibaşi. O instrumento é composto de três escalas: Autonomia, Interdependência e Autonomia- relacionada. As escalas foram traduzidas, adaptadas e aplicadas em 207 participantes adultos de ambos sexos. A Análise de Componentes Principais e a Análise Fatorial Exploratória sugerem, com ressalvas, a unidimensionalidade de cada escala. O Alfa de Cronbach revelou consistência interna moderada para todas as três escalas. Os resultados foram discutidos em relação ao modelo teórico. O instrumento pode ser útil em estudos brasileiros de sistemas de crenças e modelos culturais, mas suas limitações foram ponderadas, assim como a necessidade de estudos futuros para o desenvolvimento de um instrumento que avalie as dimensões de agência e distância interpessoal. Palavras-chave: autonomia; interdependência; autonomia-relacionada Observação em Psicologia Técnica para colher impressões e registros sobre um fenômeno por meio do contato direto com as pessoas a serem observadas ou de instrumentos auxiliares (câmera de vídeo, filmadoras, etc.), de modo a abstraí-lo de seu contexto para que possa ser analisado em suas diferentes dimensões. Tal procedimento é útil não somente à obtenção de informações a serem fornecidas em resposta a questões de pesquisa mas também ao desenvolvimento de hipóteses a serem testadas em estudos futuros. A observação informal de situações cotidianas é diferente da observação científica, pois a última possui uma finalidade conhecida de antemão, descrita através dos objetivos da pesquisa em questão •onde-em que local e situação a observação será realizada; •quando-em que momentos ela será realizada; •quem-quais serão os sujeitos a serem observados; •oque-que comportamentos e circunstâncias ambientais devem ser observados; •como-qual a técnica de observação e registro a ser utilizada Vantagens e limitações das técnicas observacionais: •Limitação: longo tempo necessário para análise •Crítica frequente: estão sujeitas a erros provenientes de interpretações subjetivas das situações (Adler &Adler, 1994) •Por outro lado, o fato do observador ter idéias preconcebidas a respeito do que será observado pode fazer com que tais idéias interfiram na decisão do que observar (Goodwim, 1995) Sem parâmetros científicos claros, uma observação não é válida e nem passível de reprodução. Importância dos protocolos de observação e dos métodos de validação e fidedignidade Grau de intervenção do observador Observação Artificial ou Naturalista Naturalista - Se dá em ambientes reais, sem que haja a intervenção do observadorno fluxo de acontecimentos, interações e comportamentos naturalmente emitidos pelos indivíduos em sua vida diária. Ex: registro da interação mãe/bebê no ambiente doméstico; registro da interação entre patrão e empregado no ambiente de trabalho; etc. Artificial - Ocorre no contexto da pesquisa experimental, ondeo pesquisador manipula condições do ambiente (variáveis independentes) a fim de registrar a resposta dos observados (variáveis dependentes). Ex: experimentos em laboratório; observação de comportamento não verbal em grupos focais de debate; etc. Qual a melhor opção? Quando o interesse está centrado em aspectos da ontogênese do processo, a técnica de observação em ambiente naturalao longo de um período do seu desenvolvimento pode ser a melhor opção; Quando o interesse está centrado em aprofundar o conhecimento ou testar hipótesessobre comportamentos/construtos/conceitos específicos, a observação em ambiente artificial(laboratório) pode ser a melhor opção; Exemplos clássicos Observação artificial R. Fantz (1965) -Estudo de capacidade de discriminação visual em bebês –examinando o reflexo na pupila do bebê através de um orifício. Diante de uma figura com padrão uniforme cinza e de outra listrada, os bebês demonstram olhar mais a segunda. Observação naturalista Observação do comportamento de interação de alunos do ensino médio em ambiente escolar, durante o intervalo. Limitações Observação Naturalista 1.As observações naturalistas são de difícil replicação; 2.O controle sobre as variáveis estranhas é reduzido, não se podem estabelecer relações causa- efeito: as conclusões são suposições; 3.Se os participantes sabem que estão sendo observados, o seu comportamento será menos natural - se não sabem, o seu comportamento não tem caráter público, podem colocar-se problemas que invalidem a observação (violação de privacidade); 4.Onde há só um observador - como muitas vezes acontece - é difícil verificar autenticidade e fidedignidade dos dados. Observação Artificial 1. Efeito de habituação no ambiente artificial; 2. O ambiente é artificial, afetando por isso o comportamento dos sujeitos; 3. Há comportamentos que não podem ser observados em laboratório; 4. O observado tende a comportar-se de acordo com o que julga ser as expectativas do observador; Tipo de Interação Observação Participante Origem na Antropologia - grande interação entre o observador e os participantes da pesquisa (de forma anônima ou não); Absorver e reproduzir os padrões comportamentais do grupo ou contexto em questão; Registro não imediato Não-participante Caracteriza-se pelo não envolvimento do observador com o contexto a ser observado; “Flyonthewall”– comportamento do observador deve ser não-reativo aos conteúdos da intervenção; Registro contínuo (diários de campo) Registro de observação Assistemática Também chamada de não estruturada ou livre Não envolve o estabelecimento de critérios prévios; Narrativa flexível - fenomenológica/Gestalt O foco do pesquisador deve ser direcionado para aquilo que emerge na „cena‟; Descrição minuciosa da totalidade do fenômeno: espaço, objetos, tempo, atores, atividades, etc. Sistemática Também chamada de padronizada ou estruturada Implica em decisões prévias sobre os elementos e situações a serem observados; Roteiros, fichas ou catálogos de observação prefixados; Foco do pesquisador voltado aunidade de observação; Descrição dos aspectos de interesse do estudo em questão (ex: freqüência, ocorrência, etc.) Registro de observação Sistemática e Assistemática Diferenças quanto ao grau de objetividade da linguagem: Registro de ObservaçãoAssistemática Registro de Observação Sistemática 1) Sanda à procura de um lugar pra sentar. 1) Ônibus com todos os assentos ocupados. S dentro do ônibus, em pé, anda em direção à porta traseira do ônibus. 2) Como não encontra, para ao lado da oitava fileira de bancos, atrás do motoristas.Tenta pedir um lugar aos passageiros que se encontram sentados naquele banco. 2) Ônibuscom todos os assentos ocupados. Sparada de pé, ao lado da oitava fileira de bancos, atrás do motorista, Vira a cabeça em direção aos passageiros que estão sentados no banco. 3) Como ninguém se incomoda, cansada, ela desiste. 3) Ônibuscom todos os assentos ocupados. Sparada de pé, ao lado da oitava fileira de bancos, atrás do motorista. Passageiros do banco olham em direção à rua. Sexpira fundo e fecha os olhos. Diferenças quanto ao grau de objetividade da linguagem: Registro de ObservaçãoAssistemática Registro de Observação Sistemática 1) Sanda à procura de um lugar pra sentar. 1) Ônibuscom todos os assentos ocupados. S dentro do ônibus, em pé, anda em direção à porta traseira do ônibus. 2) Como não encontra, para ao lado da oitava fileira de bancos, atrás do motoristas. Tenta pedir um lugar aos passageiros que se encontram sentado naquele banco. 2) Ônibuscom todos os assentos ocupados. Sparada de pé, ao lado da oitava fileira de bancos, atrás do motorista, Vira a cabeça em direção aos passageiros que estão sentados no banco. 3) Como ninguém se incomoda, cansada, ela desiste. 3) Ônibuscom todos os assentos ocupados. Sparada de pé, ao lado da oitava fileira de bancos, atrás do motorista. Passageiros do banco olham em direção à rua. Sexpira fundo e fecha os olhos. Impressão do observador acerca do estado do sujeito Registro Interpretação do observador Na observação sistemática, busca-se evitar: a) A utilização de termos que designem estados subjetivos(ex: cansada, triste, alegre, etc.) – preferência a indicadores tais como movimentos corporais, posturas, expressões faciais, etc. b) A atribuição de intenções ao sujeito: Ex: ao invés de registrar “a professora ia pegar o apagador”, o observador registrará “a professora estende a mão em direção ao apagador”. c) A atribuição de finalidades à ação observada: Ex: ao invés de registrar “S fecha a porta porque venta”, o observador registrará “S fecha a porta. Venta lá fora”. Além da objetividade da linguagem, busca-se também a clareza/precisãonos registros; Para um relato ser claro e preciso, deve-se evitar: a) Termos amplos (Ex: ao invés de “a criança brincava” registra-se “a criança jogava peteca”) b) Termos indefinidos ou vagos (Ex: ao invés de “a criança brincou durante muito tempo” registra-se “a criança jogou peteca por aproximadamente 30 minutos” c) Termos ou expressões ambíguas (Ex: No registro “P amarra o sapato. Encosta na parede”, alguém pode indagar: Pencostou-se ou encostou o sapato à parede?”) Em um registro do tipo sistemático, a linguagem objetiva busca garantir a cientificidadedo relato –eliminar margem para possíveis divergências entre observadores; Argumenta-se, por outro lado, que esse tipo de linguagem não exprime com verdade/veracidade o que está ocorrendo - informações que dão sentido às ações são omitidas; Não há modo melhor ou pior, tudo depende da adequação do método aos objetivos da pesquisa em questão! Em um registro do tipo sistemático, a linguagem objetiva busca garantir a cientificidade do relato – eliminar margem para possíveis divergências entre observadores; Argumenta-se, por outro lado, que esse tipo de linguagem não exprime com verdade/veracidade o que está ocorrendo - informações que dão sentido às ações são omitidas; Não há modo melhor ou pior, tudo depende da adequação do método aos objetivos da pesquisa em questão! Estudo observacional do comportamento Ecologia Comportamental (Profª Jeanne Altmann – Princeton University) Altmann (1974), em um artigo que se tornou clássico, focaliza os métodos de amostragem no estudo observacional do comportamento; Quatro pontos principais são analisados: O enfoque do registro O planejamento das sessões O número de indivíduos por sessão As técnicas de registro 1. Enfoque do registro – Refere-se a como o observador focaliza o comportamento, como um estadoou como um evento. Ex: Registro do evento locomoção = ocorre quando o sujeito começa a andar x Registro do estadolocomoção = ocorre durante todo o período em que o sujeito se locomove 2. Planejamento das sessões de amostragem – O observador deve especificar os critérios para início e término da sessão. 3. Número de indivíduos focalizados – Carvalho (1992) destaca os registros: focais (apenas um indivíduo), de varredura (todos os indivíduos presentes na área, em sequência causal) ou de episódios (enfoque nas variáveis observadas, registram-se todos os envolvidos com elas) 4. Técnicas de registro Técnicas de registro sistemático e suas classificações Registro contínuo x em amostras de tempo Registro contínuo Dentro de um período ininterrupto, registra-se o que ocorre na situação, obedecendo a sequência natural dos eventos; O registro contínuo é uma espécie de „filmagem escrita‟ do que acontece Registro em amostras de tempo É feito em determinados períodos de tempo; Por exemplo, de 20 em 20 segundos o observador olha para o sujeito e registra o que ele está fazendo Registro cursivo x categorizado Registro cursivo O observador registra os eventos tais como eles se apresentam –abordagem narrativa; Cuidando somente do uso da linguagem científica! Exemplo de registro cursivo: Ao registrar as brincadeiras de uma menina de 2 anos, o observador anotaria: “B levanta-se do chão, corre na direção da boneca que está sobre a mesa, etc.” Registro categorizado O observador trabalha com categorias pré-definidas – abordagem descritiva; As categorias são definidas com base em trabalho anterior do próprio pesquisador ou da literatura científica disponível; Exemplo de registro categorizado: Ao registrar as brincadeiras de uma menina de 2 anos, o observador anotaria: brincadeiras com objeto, brincadeiras com as mãos sem objeto, brincadeiras com os pés sem objeto, brincadeiras com todo o corpo sem objeto, anotando quando as mesmas ocorrem. Registro contínuo Registro contínuo cursivo Forma mais clássica de registro de observação Consiste em registrar, utilizando a linguagem científica, os eventos na sequência temporal em que acontecem Registro contínuo categorizado: O observador registra a sequência de ocorrência das categorias pré-definidas As formas mais conhecidas de registro contínuo categorizado são o registro de evento e o registro de duração Registro contínuo categorizado Registro de evento Após definir os comportamentos a serem observados, o observador procede à contagem do número de vezes que o comportamento ocorre num determinado período de tempo; É, por definição, um registro de frequência Registro de duração Neste caso, o observador registra o tempo que o comportamento foi apresentado na sessão de observação; Geralmente utilizando um cronômetro, o observador anota os segundos em que o comportamento inicia e os segundos em que ele termina; Análises de contingência Exemplo: Ao registrar a duração da fala de uma adolescente em um grupo de debates, o observador anotaria: a) Utilizando o cronômetro: 10” –5” –12” –8” –9” = 44 seg; ou b) Utilizando um relógio com marcação de segundos: 10-20, 26-31, 42-54, 56-04, 25-34= 44 seg. Técnicas de registro sistemático e suas classificações Quanto ao período: registro contínuo x em amostras de tempo Registro contínuo Dentro de um período ininterrupto, registra-seo que ocorre na situação, obedecendo a sequência natural dos eventos; O registro contínuo é uma espécie de „filmagem escrita‟ do que acontece Registro em amostras de tempo É feito em determinados períodos de tempo; Por exemplo, de 20 em 20 segundos o observador olha para o sujeito e registra o que ele está fazendo Exemplo: Registro contínuo categorizado do comportamento de um rato em uma caixa de condicionamento Quanto à forma: Registro cursivo x categorizado Registro cursivo O observador registra os eventos tais como eles se apresentam - abordagem narrativa; Cuidando somente do uso da linguagem científica! Registro categorizado O observador trabalha com categorias pré-definidas - abordagem descritiva; As categorias são definidas com base em trabalho anterior do próprio pesquisador ou da literatura científica disponível; Registros em amostras de tempo Geralmente, ocorrem de forma “acidental”, mas podem refletir uma escolha teórica ou metodológica do pesquisador; As amostras de tempo podem ser definidas: A priori - nos registros categorizados, ou Durante o curso natural da sessão de observação - registros cursivos; Registros cursivos em amostras de tempo A divisão dos intervalos é definida pelo momento de registro - No início, ou no final de cada intervalo (segundo o que ficar convencionado), o observador olha para o sujeito e registra o que ele está fazendo; Leite (1977) registrou cursivamenteem amostras de tempo os comportamentos de alunos e professores em sala de aula. ‐ De 10 em 10 segundos o observador olhava em direção ao sujeito, observava-o por um ou dois segundos e no restante do período registrava o que via; ‐ O observador registrava: como o sujeito se encontrava no momento da observação (por ex., em pé, sentado na carteira); onde o sujeito se encontrava nesse momento (por ex., entre as carteiras c3 e c4); o que o sujeito estava fazendono momento da observação (por ex., conversa) e com quem, isto é a pessoa ou estímulo ambiental a quem o sujeito dirigia sua ação (por ex., conversa com Aou aponta o lápis). Registros categorizados em amostras de tempo No trabalho com o registro de categorias observadas em amostras de tempo, quatro técnicas têm sido utilizadas na pesquisa em psicologia: 1) Listas para assinalar; 2) Registros de intervalo; 3) Verificação de atividade planejada; 4) Registros de memória Listas para assinalar Nesse tipo de registro, os comportamentos a serem observados são previamente definidos (registro categorizado) e a sessão definida em intervalos de tempo; No tempo pré-definido, especificamente no início ou no fim de um intervalo, o observador olha para o sujeito e identifica os comportamentos que estão ocorrendo no momento do contato visual; Por exemplo, ao registrar as categorias fala (F), contato físico (CF), contato visual (CV) e manipulação de objetos (MO), no final de cada intervalo de 10 segundos, teremos: Listas para assinalar – Exemplos Registros de intervalo Assim como nas listas para assinalar, os comportamentos e a sessão de observação são divididos em períodos de tempo, no entanto, o registro é feito somente ao finaldo período e abrange todo o intervalo observado Geralmente é feito a partir de gravações de vídeo; Embora o sujeito seja focalizado initerruptamente, o registro é de uma única ocorrência do comportamento em cada intervalo! Registros de intervalo Exemplo: ao registrar as ocorrências das categorias fala (F), contato visual (CV) e contato físico (CF), em intervalos de 10 segundos teríamos: Para haver uma correspondência entre ocorrência e frequência do comportamento, é necessário ajustar o tamanho dos intervalos! Comportamentos de longa duração pedem intervalos maiores, enquanto os de curta duração, intervalos menores. Registros de Memória Nas técnicas descritas até aqui, a observação e o registro de comportamento ocorrem simultaneamente - em determinadas situações esse cenário não pode ser garantido! Nos registros de memóriao registro é feito a posteriori, isto é, após um período de observação. O uso de categorias, nestes casos, é flexibilizado - recorre-se a temas gerais ou classes de eventos; Entre os registros de memória estão: a) Diário – O observador registra o que o sujeito fez ao longo de um dia ou de uma sessão, respeitando ao máximo o registro curso dos eventos. Ex: Um psicólogo pode registrar os conteúdos das falas que observou em um grupo focal de professores em classes, como: “problemas com os chefes”, “propostas de mudança”, etc. b) Relato anedótico – descrição sucinta de determinados episódios. Ex: Um observador interessado em registros dos comportamentos agressivos de criança pode solicitar a professoras de creche que registrem as brigas entre alunos em classes gerais de: “quem brigou”, “motivo da briga”, etc. Registros de Memória Diário– O observador registra o que o sujeito fez ao longo de um dia ou de uma sessão, respeitando ao máximo o registro curso dos eventos. Ex: Um psicólogo pode registrar os conteúdos das falas que observou em um grupo focal de professores em classes, como: “problemas com os chefes”, “propostas de mudança”, etc. Relato anedótico – descrição sucinta de determinados episódios. Ex: Um observador interessado em registros dos comportamentos agressivos de criança pode solicitar a professoras de creche que registrem as brigas entre alunos em classes gerais de: “quem brigou”, “motivo da briga”, etc. Tipologia da observação em Psicologia: diferentes formas Comportamento Verbal e Não-verbal São manifestações comportamentais que integram um fenômeno muito mais amplo: a comunicação Comunicação ocorre quando o comportamento de um organismo gera estímulos que afetam o comportamento de outro organismo (Baum, 1999); Etimologicamente significa “tornar comum” (Baum, 1999). Remetente Idéia/Mensagem/Significado Destinatário Comportamento Verbal e Não verbal. Integram a comunicação: Comportamento verbal Comportamento não verbal Linguagem falada (fala) Linguagem escrita Linguagem pictórica (sinais, símbolos, desenhos, etc.) Comportamento Verbal Definição comportamentalista/behaviorista: Comportamento verbal é o comportamento que não age diretamente sobre o mundo físico e é reforçado por um ouvinte treinado de acordo com as práticas do grupo do qual o ouvinte e ofalante são membros.(Skinner, 1957) Estímulos verbais (fala, sons, etc.), ainda de acordo com Skinner, são os produtosdo comportamento verbal - são definidos como estímulos, de fato, apenasquando especificam relações entre os eventos que o antecedem e algum comportamento subsequente. Para o behaviorismo - fala como um elemento funcional Outras correntes teóricas e abordagens (Psic. Social, Psic. Sócio histórico, Psic. do Desenvolvimento, entre outras) analisam o comportamento verbal com metodologias distintas, dentre as quais: A análise do comportamento verbal pode envolver os conteúdos da fala; Estabelecimento de classes e categorias - estudo de sua relação com representações sociais, padrões e normas culturais; Idéia é Codificada. Transmitida em Código. Decodificada pelo Destinatário Em síntese: observação do comportamento verbal como ferramenta de análise da psicologia humana de modo mais holístico. Comportamentonão verbal Definição de Giri(2009): Inclui o uso de sinais visuais como a linguagem corporal (kinesics), distância (proxemics), de voz (paralanguage) e de toque/sensação (haptics). Também pode incluir cronêmicos (o uso do tempo) e oculesics(contato visual e as ações de olhar enquanto falando e ouvindo, frequência de olhares, padrões de fixação, dilatação da pupila e taxa de piscar). Inclui o uso de sinais visuais como a linguagem corporal (kinesics), distância (proxemics), de voz (paralanguage) e de toque/sensação (haptics). Também pode incluir cronêmicos (o uso do tempo) e oculesics(contato visual e as ações de olhar enquanto falando e ouvindo, frequência de olhares, padrões de fixação, dilatação da pupila e taxa de piscar). Inclui o uso de sinais visuais como a linguagem corporal (kinesics), distância (proxemics), de voz (paralanguage) e de toque/sensação (haptics). Também pode incluir cronêmicos (o uso do tempo) e oculesics(contato visual e as ações de olhar enquanto falando e ouvindo, frequência de olhares, padrões de fixação, dilatação da pupila e taxa de piscar). Envelopecultural da comunicação não-verbalem humanos. Pesquisa se iniciou com Darwin no livro“A expressão das emoções nos homens e nos animais” Por que a comunicação não verbal humana tem sinais faciais específicos e como isso funciona? Comportamento Verbal x Não verbal Zettlee Hayes (1982) -classificação dos elementos de comunicação verbal em: estímulos verbais discriminativos;estabelecedores; eliciadores; reforçadores, etc.; Posteriormente, estendem essa classificação aos estímulos não verbais, que podem assumir essas mesmas funções, mas por meio de processos diferentes Estímulos verbais são atribuídos de sentido pela decodificação de seu conteúdo linguístico - palavras são interpretadas pelo que significam em sua definição (ex.: “Levante-se, por favor” –significado em língua portuguesa: levantar = erguer o corpo para assumir posição ereta + por favor = pedido cordial) Estímulos não verbais são atribuídos de sentido pela história de reforço diferencial de um indivíduo em sua cultura (ex: um suspiro de uma senhora em pé no ônibus pode ser interpretado como um pedido para que eu me levante de meu assento) Paralinguagem é um conceito que se aplica às modalidades da voz (modificações de altura, intensidade, ritmo) que fornecem informações sobre o estado afetivo do locutor, e ainda outras emissões vocais tais como o bocejo, o riso, o grito, a tosse. O tom de voz e a maneira de falar são exemplos de paralinguagem. Como observar e como analisar? Exemplos de estudos observacionais de comportamento verbal e não verbal. Elementos da comunicação interpessoal Elementos da comunicação interpessoal As expressões das emoções fazem parte da paralinguagem; Como adequar os princípios de objetividade e precisão dos métodos de observação para „dar conta‟ dos aspectos implícitos da paralinguagem? Observação das emoções Uma das formas mais comuns de estudo das emoções humanas é através da observação das expressões faciais; Paul Ekman, influenciado pelos estudos de Darwin, evidenciou a relação existente entre o comportamento da face humana e as emoções; Darwin propôs o que quase um século depois veio a ser confirmado pelas pesquisas de Ekman: As emoções humanas têm expressões faciais universais, não apenas transculturais, como também partilhadas com outras espécies animais. Elementos da Comunicação Interpessoal 7% conteúdo falado (palavras) 38% tom de voz 55% linguagem corporal Prof. Dr. Albert Mehrabian Universidade da California, Los Angeles (UCLA) Observação das emoções Expressões faciais Evidências de estudos transculturais de Ekman(1972) apontam para a universalidade na expressão de seis emoções humanas: 42 músculos envolvidos na expressão facial –possibilidade infinita de combinações gerando micro expressões A luta por um método objetivo: O sistema de codificação das unidades de ação da face (FACS) Desafios metodológicos para o estudo observacional das emoções... Ekman e Friesen construíram o primeiro instrumento que permite fazer a análise e descrição objetivas movimentos dos músculos da face humana: O Facial Action Coding System (FACS) O instrumento: Mede toda expressão facial ou comportamento facial visível, e não apenas ações que presumivelmente podem estar relacionadas a uma emoção. Distinguem 44 unidades de ação, estas são as unidades mínimas anatomicamente separadas ligadas aos movimentos faciais. Todos os movimentos faciais podem ser descritos em termos de uma ação particular da unidade que, isoladamente ou em combinação com outras unidades, produz a expressão. FACS–Etapa 1 Cada região da face recebe um número específico FACS–Etapa 2 As regiões recebem subcódigos referentes as possibilidades de movimentação FACS–Etapa 3 As combinações de códigos e subcódigos configuram a expressão das emoções Universalidade das emoções codificadas pelo FACS –evidências em primatas não-humanos A luta por um método objetivo: O sistema de codificação das unidades de ação da face (FACS) Duas descobertas importantes foram feitas com a construção do FACS: 1. Existem músculos da face que não podem ser voluntariamente manipulados, no entanto, estão envolvidos na expressão natural (espontânea) de certas emoções - contribui para a interpretação do comportamento facial e detecção de fraudes (mentiras) 2. O ato de mimetizar uma expressão facial de uma emoção, ativa um processo fisiológico correspondente a tal emoção (Ex: choro porque estou triste, ou estou triste por que choro?) Apesar do estudo das micro expressões, a categorização das emoções de Ekmanse restringe as 6 emoções universais... Observação das emoções Expressões faciais Plutchik (1980) – teoria psicoevolucionistadas emoções Proposta de um espectro mais amplo de emoções a partir de 8 dimensões emocionais básicas: 1. Confiança 2. Medo 3. Surpresa 4. Tristeza 5. Nojo 6. Raiva 7. Antecipação/Ansiedade 8. Alegria Registro de observação das emoções através das expressões faciais Expressão facial como o aspecto geral, num dado momento, do rosto de uma pessoa; Reflete, no conjunto, as disposições espaciais em que se encontram a cabeça, a testa, as sobrancelhas, os olhos, o nariz, as bochechas, a boca e o queixo; Conjunto de disposições espaciais de vários segmentos do rosto que podem se alterar com rapidez–necessidade de registros contínuos e uso de vídeos e fotografias! Registro de observação das emoções através das expressões faciais Exemplos Observação das emoções Expressões faciais Estudo através de pistas de micro expressões–complexidade das emoções e dos estados emocionais humanos Necessidade de protocolos objetivos Exercício feito com fotografias - expressões estáticas Como classificar a observação das pistas não verbais em contextos reais de interação? Uso das técnicas observacionais em entrevistas Entrevista - técnica de coleta de dados que supõe o contato face a face entre a pessoa que recolhe a que fornece informações, em geral sobre si própria, muito embora tais informações possam se referir a outras pessoas e eventos relevantes (Seidl-de-Moura& Ferreira, 2005). Sempre envolvem comunicaçãoverbal - necessidade de técnicas que considerem a interação dos conteúdos verbais x não verbais; Podem diferir quanto ao nível de estruturação, mas sempre implicam em algum grau de interação interpessoal. Cria-se um cenário de interação observacional Entrevista Cenário de interação observacional Diferentes unidades em interação Entrevista Diferentes estruturas ESTRUTURADAS Apresentamum formulário previamente elaborado de perguntas, redigidas em consonância com os objetivos do estudo, contendo um número limitado de opções de respostas. (Fontana & Frey, 1994) INESTRUTURADAS Não requeremum roteiro prévio de perguntas, sendo compostas apenas de estímulos iniciais, ditados pelos objetivos da pesquisa. SEMI-ESTRUTURADAS Ponto intermediário entre as duas técnicas anteriorese se apresenta sob a forma de um roteiro preliminar de perguntas que se molda à situação concreta da entrevista. Abordagem sistêmica de Neil Cowie(2009) Escolhas necessárias: Comportamento do entrevistador (fala, reações imediatas, expressões faciais, pistas) Comportamento do entrevistado (respostas, linguagem corporal, cronêmicas, etc.) Moderada pelo tipo (estrutura) da entrevista Contexto da entrevista (ambiente físico e social) Observador = Entrevistador??? •Observação participante ou não-participante •Registro de memória ou registro imediato Interação a) Da unidade de observação, considerando a interação entre elas b) Das técnicas de coleta e registro apropriadas Técnicas de coleta e registro nas entrevistas Quatro alternativas comuns no uso de entrevistas: 1. Recolher a informação de forma simultânea, enquanto o entrevistado fala –desvia a atenção do entrevistador 2. Recolher a informação imediatamente após a finalizaçãoda entrevista –implica perda de informação 3. Tomar notas duranteda entrevista e completar a informação no final 4. Utilização de gravações de vídeo ou áudio Importante: Consentimento livre e informado do participante Nos registros simultâneos, não escrever nada que o entrevistado não possa ler! Bourdieu(1999) Sugestões para a realização de entrevistas científicas A presença do gravador, como instrumento de pesquisa, em alguns casos pode causar inibição/constrangimento, aos entrevistados; Uma transcrição de entrevista não é só o mecânico de passar para o papel o discurso gravado do informante - não ignorar silêncios, gestos, os risos, a entonação de voz do informante durante a entrevista; Esses “sentimentos” que não passam pela fita do gravador são muito importantes na hora da análise - comunicação verbal x não verbal Grupos focais Definições Uma técnica de pesquisa qualitativa, derivada das entrevistas grupais, que coleta informações por meio das interações grupais. Forma de entrevistas com grupos, baseada na comunicação e na interação. Seu principal objetivo é reunir informações detalhadas sobre um tópico específico a partir de um grupo de participantes selecionados. Busca colher informações que possam proporcionar a compreensão de percepções, crenças, atitudes sobre um tema, produto ou serviços. Morgan, D. L. (1997) Kitzinger, J. (2000) Difere da entrevista individual por basear-se inteiramente na interação entre as pessoas para obter os dados necessários à pesquisa – não há análise de indivíduos e sim de processos grupais Três tradições estão associadas a essa ideia: 1. Terapia de grupo 2. Avaliação da eficácia da comunicação (Merton; Kendall) 3. Dinâmicas de grupo (Psic. Social) (Kurt Lewin) Etapas 1. Introdução - O facilitador apresenta a visão geral e os objetivos da discussão. Os participantes se apresentam. 2. Etapa da Construção do Entendimento - Para iniciar a discussão e a relação entre o grupo o facilitador faz perguntas simples aos participantes 3. Discussão Profunda - O facilitador faz perguntas relacionadas ao objetivo principal do grupo focal, que incentive a discussão que revele os pensamentos e opiniões dos participantes. É nesta etapa que a informação mais importante é recolhida. 4. Conclusão -O facilitador resume a informação discutida e os participantes esclarecem ou confirmam a informação. O facilitador responde a qualquer pergunta, agradece aos participantes e encerra. Diferentes modalidades – Morgan (1997) Grupos autorreferentes (amostragem de um grupo maior sob o qual se pretende fazer inferências. Ex: grupo focal de imigrantes, grupo focal de professores, etc.) Grupo como técnica complementar/preliminar para avaliação de programas de intervenção e construção de questionários e escalas; Grupo em proposta multi-métodos, que integra resultados com entrevistas individuais em profundidade - confronto de opiniões. Diferentes modalidades – Fern(2001) Exploratórios–centrados na produção de conteúdos; orientação teórica voltada para a geração de hipóteses e desenvolvimento de modelos e teorias. Clínicos – centrados na compreensão das crenças, sentimentos, comportamentos - prática voltada para descobrirprojeções, identificações, vieses e resistência a persuasão. Vivenciais - os processos internos ao grupo são o alvo da análise e estão subordinados a dois propósitos: na vertente teórica, de permitir a comparação com outras evidências –na vertente prática, de permitir o entendimento da linguagem do grupo, suas formas de comunicação, preferências compartilhadas. Ênfase na análise intragrupal. Observação participante Entrevistas em profundidade Grupos focais Como observar? Geralmente, grupos focais envolvem entre 6 a 15 pessoas - como utilizar a observação nesse cenário? Um modelo teórico para guiar o protocolo de observação é imprescindível! Análise do comportamento não verbal Abordagem funcional ou de análise interpretativa (conteúdos implícitos) Análise do comportamento verbal Abordagem funcional ou de conteúdo/discurso Análise do comportamento não verbal Segundo Dana e Matos (2006), pistas não verbais podem ser analisadas através: Do comportamento motor Estabelecimento e alteração de contato físico entre os indivíduos Mudanças na postura ou posição Locomoções As expressões faciais Aspectos „paralinguísticos‟ do comportamento vocal (tonalidade, risadas, volume, etc.) Análise do comportamento verbal – abordagem de conteúdo Foco nos fenômenos, processos, ideias comunicadas, padrões e tendências de respostas. Ao analisar os resultados o pesquisador deve considerar: Palavras: avalie o significado das palavras utilizadas pelos participantes. Contexto: considere as circunstâncias nas quais um comentário foi feito, tom e intensidade do comentário. Concordância interna: descubra se a mudança de opiniões durante as discussões foi causada pela pressão do grupo. Precisão de respostas: verifique quais respostas foram baseadas em experiência pessoal. Quadro geral: defina as idéias preponderantes. Propósito do relatório: considere os objetivos do estudo e a informação necessária para a tomada de decisão. Análise do comportamento verbal –abordagem funcional Técnica de verificação da atividade planejada (Hall, 1975) O observador: a) Define o comportamento que deseja registrar; b) Divide o período total da sessão em intervalos de tempo; c) No tempo pré-determinado (início ou fim do intervalo), o observador contaquantos indivíduos estão apresentando o comportamento definido, e registra esse total d) Conta o total de indivíduos presentes no grupo e) O número de indivíduos que apresentam o comportamento é dividido pelo número de indivíduos presentes e multiplicado por 100 –porcentagem de ocorrência do comportamento naquele intervalo 𝑷𝒐=𝑵𝒐𝑵𝒕 Po – porcentagem de observação do comportamento No – Número de indivíduos exibindo o comportamento Nt – Total de indivíduos presentes Vantagens e desvantagens
Compartilhar