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Abstract: This paper describes the development of a Project to automate an artisan microbrewery, based in logic fuzzy to control the temperature during the manufacturing. This solution is composed by a software, firmware and hardware. This project aims to improve, standardize and reduce contamination in the production of craft beer, controlling the processes automatically, reducing manual contact during manufacturing, providing reuse of revenue, thus standardizing the manufacturing. Resumo: Este artigo especifica o desenvolvimento de um projeto para automatizar uma micro cervejaria artesanal, utilizando lógica fuzzy para controle de temperatura na fabricação. A solução é composta por software, firmware e hardware. O projeto visa aperfeiçoar, padronizar e reduzir a contaminação na produção de cerveja artesanal, controlando os processos automaticamente, diminuindo o contato manual durante a fabricação, oferecendo reaproveitamento de receitas, desta forma padronizando a fabricação. Palavras chave: Controle de Temperatura. Micro Cervejaria Artesanal. Lógica Fuzzy. I. INTRODUÇÃO A cerveja é um produto consumido e fabricado há muito tempo, não há como definir com exatidão quando surgiu o processo de fermentação que deu origem à cerveja. Acredita- se que este processo surgiu há mais de 10.000 anos, conforme citado em [2]. Com a popularização desta bebida, e seu alto consumo pelo mundo, a cerveja tornou-se um produto altamente rentável para grandes empresas, surgindo, assim, rigorosos processos de fabricação e em alta escala. Atualmente, uma nova tendência vem ganhando força no mercado cervejeiro: a cerveja artesanal, segundo [1]. O Market Share deste produto vem se multiplicando cada vez mais, onde a fabricação do mesmo pode ser voltada para a venda ou simplesmente para o consumo pessoal. A fabricação de cerveja artesanal deve seguir rigorosos padrões para garantir a qualidade da fabricação. Para se fabricar uma cerveja são necessárias várias etapas: controle de tempo, temperatura, resfriamento, adicionamento de produtos, etc [1]. Vale ressaltar que são necessários certos cuidados para evitar contato manual com a cerveja e assim diminuir a contaminação que poderia ocorrer e, também, garantir exatidão no controle de temperatura na fabricação da mesma [1]. 1- Trabalho apresentado no V Seminário de Automação Industrial e Sistemas Eletro-Eletrônicos – SAISEE (ISSN 2319-0280), ocorrido em 02 de Julho na cidade de Santa Rita do Sapucaí-MG. Este artigo apresenta o projeto de um controle automatizado de temperatura, utilizando sistema embarcado e lógica fuzzy, para o controle do processo de fabricação doméstico de cerveja. Historicamente, o consumo de cerveja está em constante crescimento. Países como Brasil, Rússia e China são grandes consumidores em expansão, como dito em [1]. Apesar destes países estarem em constante crescimento do consumo desta bebida, países europeus estão consumindo cerveja de forma estável. Mesmo assim, estes últimos tem o maior consumo per capita de cerveja do mundo. [1] No Brasil o mercado de cervejas artesanais, também conhecidas como cervejas Gourmet, está em forte crescimento, onde estas bebidas são direcionadas para um consumidor mais exigente, com um paladar mais refinado e sofisticado, sendo produzidas em menor escala e recebendo processos especiais que agregam mais valor ao produto final. Atualmente, o consumo de cerveja artesanal no Brasil representa 6% do total de cervejas consumidas nacionalmente, mas há cinco anos este valor era de 2%. Estes dados demonstram o crescimento de cervejas artesanais comerciais, ainda existindo fabricantes domésticos, que não estão presentes nessa estatística, segundo [1] Para a produção de cerveja artesanal, algumas dificuldades são encontradas: uma das principais é o controle da temperatura e do tempo de produção. Pode-se utilizar um termômetro e um cronometro para realizar medições no decorrer das etapas, mas esta forma de controle rudimentar aumenta o risco de falhas, e consequentemente a perda de qualidade. Para solucionar estes possíveis problemas e minimizar as falhas no processo de fabricação de cerveja artesanal, este projeto especifica a utilização de um controle automatizado, utilizando software embarcado e lógica fuzzy, o que pode resultar na implementação de um controle de temperatura baseado em tempo, de forma mais precisa e eficiente. A lógica fuzzy, também conhecida como logica difusa, diferente da lógica booleana que representa 1(verdadeiro) e 0 (falso), permite representar valores entre 0 e 1, podendo desta forma não só responder perguntas com sim ou não, mas também com talvez, o que será melhor explicado no decorrer do artigo. II. PROCESSO DE FABRICAÇÃO CERVEJEIRA Automatização Micro Cervejaria Artesanal utilizando Lógica Fuzzy Paulo Sérgio de Carvalho & Evandro L. B. Gomes 1 A fabricação de cerveja artesanal envolve equipamentos adequados, ingredientes selecionados e cuidados especiais com os processos de fabricação. Podemos iniciar realizando a seleção da matéria-prima baseando-se na receita escolhida para a produção. Existem inúmeras receitas que podem ser encontradas na Internet, ou obtidas com a troca de informações com outros cervejeiros e, ainda, há a possibilidade de se criar uma receita própria com experiência adquirida. Mesmo a matéria-prima seja simples, que é basicamente água, malte de trigo ou cevada, lúpulo e fermento, tem-se que ter cuidado com a qualidade dos produtos, proporções, manuseio e higienização. [1] A água deve ser mineral, filtrada e declorada, sendo ela a principal matéria-prima da cerveja, pois cerca de 90% da fabricação da cerveja é composta por esse elemento. Dessa forma, qualquer tipo de contaminação presente na água é nitidamente percebida ao ser concluído o processo de fabricação, podendo ressaltar gostos e aromas indesejáveis, podendo ser responsável pelo fracasso da produção, como explicado em [1] Existem vários tipos de malte (cevada, trigo, centeio, defumado, entre outros), sendo o mesmo responsável por fornecer o açúcar que será transformado em gás carbônico e álcool para a produção. O malte deve ser moído e a moagem deve granulá-lo, porém não deve se tornar um farelo. É possível encontrá-lo moído, o que facilita a produção [1]. O lúpulo é responsável por adicionar sabor (amargor) e aroma à cerveja e para pequenos produtores artesanais ele pode ser adquirido pronto para a fabricação. Existem lúpulos especiais capazes de trazer personalização para a cerveja, podendo adicionar novos sabores e aromas [1]. A levedura também é um produto que é comprado pronto para utilização, sendo o fermento responsável pelo processo de fermentação da cerveja, gerando o álcool. Também é utilizado o açúcar invertido ou cristal para finalizar o processo de fabricação. Para apresentar o processo de fabricação da cerveja, foi utilizada a Fig. 1, mostrada abaixo. Fig. 1. Micro cervejaria artesanal. O processo de fabricação pode sofrer alterações e adaptações, como visto em [1]. Aqui está representado um processo com os equipamentos utilizados no estudo de caso, envolvendo duas panelas, sendo uma de fervura (Panela 1), e outra de brasagem (Panela 2). Tal processo pode ser apresentado da seguinte forma simples: - A água para o processo de fabricação de cerveja é adicionada na panela de brasagem, após sua fervura é adicionado o malte. O resultado deste processo chamado de mosto, fica circulando por um Chillerpresente na panela de fervura. Desta forma a cerveja não tem contato direto com o fogo. Para o aquecimento é utilizado água fervendo na panela de fervura que transfere o calor para a cerveja circulando no Chiller, neste momento a cerveja será circulada pelo Chiller, retornando assim para a panela de brasagem. O fluxo de cerveja em fabricação é circular, saindo da panela de brasagem, passando pela panela de fervura, realizando a circulação do mosto (cerveja em fabricação). O fluxo é conduzido por uma bomba, passando por dentro do Chiller. - O processo citado acima é repetido inúmeras vezes ao decorrer da fabricação e durante as repetições são adicionados o malte (grão maltado) e o lúpulo (O lúpulo é um conservante natural, sendo essa uma das principais razões para ser adotado na produção de cerveja). Portanto, os principais ingredientes são: água, malte, lúpulo e a levedura (utilizada ao final do processo, são fungos utilizados na fermentação), sendo esta última responsável pela fermentação da cerveja. Outros produtos podem ser adicionados a cerveja agregando valor e personalidade ao produto artesanal. - Durante estes processos existem curvas de temperaturas que devem ser respeitadas para a fabricação de cerveja, qualquer descuido ou descontrole, pode gerar superaquecimento que pode prejudicar a quebra de enzimas importantes na fabricação da cerveja. Durante o processo existem momentos quando a temperatura deve subir constantemente, e outros quando deve ser mantida invariável durante um tempo determinado. Qualquer erro neste controle pode gerar perda da produção. - Ao finalizar os processos de controle de tempo e temperatura, adicionando parte dos devidos ingredientes à fabricação, basta adicionar a levedura para realizar a fermentação da cerveja, o que pode durar até 20 dias. Durante este tempo a cerveja deve permanecer em espera. - O processo seguinte é o envasamento e maturação da cerveja, que pode durar de 15 a 20 dias. Depois deste tempo a cerveja está pronta para o consumo. O processo citado acima é utilizado na demonstração da solução proposta. O mesmo pode ser modificado dependendo da forma de fabricação, ou tipo de cerveja e receita utilizada. III. AUTOMATIZAÇÃO DOS PROCESSOS Quando o homem deixa de executar as suas tarefas manuais, passando a utilizar máquinas e métodos automáticos para esta execução, é chamado automatização, ou seja, mudar a forma de executar um processo para melhorar sua qualidade e desempenho [3]. Este que será o foco do projeto. Para realizar a automação do processo será implementado uma solução composta por hardware (protótipo, não foi implementado uma versão final), firmware, e software, apresentada na Fig. 2. O firmware (Linguagem C) e software (Linguagem Java) foram desenvolvidos por completo, para ser implementada toda a lógica do sistema. Porém, a proposta do hardware será implementada em um protótipo, utilizando um kit de desenvolvimento. Foi escolhido o kit “LPCXpresso Base Board”, por se tratar de um kit e processador bem conhecido e de maior domínio. Fig. 2. Arquitetura do sistema. O foco da automatização está na realização do controle de temperatura e tomada de decisão em acionamento da válvula solenoide para aumentar ou diminuir a vazão de gás, controlando desta forma a combustão e potência da chama, resultando no controle da temperatura [4]. Este controle será implementado com lógica fuzzy. Outro fator importante que será controlado é o tempo, porque em determinados momentos do processo é preciso manter uma mesma temperatura constantemente, ou aumentá-la gradualmente de forma linear. As entidades do sistema podem ser visualizadas na Fig. 3. Fig. 3. Comunicação do sistema. No processo de fabricação é utilizada uma bomba para circulação do mosto (resultado da fervura da agua, com adicionamento de malte e lúpulo), esta bomba também será automatizada sendo ligada e desligada automaticamente. E o projeto não automatizará o acionamento de matéria-prima e os demais processos manuais. Para manipulação do sistema será utilizado um software que possibilitará adicionar os processos capazes de controlar tempo, temperatura e procedimentos. Este permite o gerenciamento de várias receitas de cerveja diferentes. IV. LÓGICA FUZZY A. Introdução à lógica fuzzy O conceito de logica fuzzy surgiu nos meios científico- acadêmicos em 1965, apresentado em um artigo chamado Fuzzy Sets no Jornal Information and Control por Lofti Asker Zadeh. Utilizando conceitos desenvolvidos por Jan Lukasiewicz, que em 1920 desenvolveu e introduziu conjuntos com grau de pertinência (variação entre 0 e 1) que combinados aos conceitos da lógica clássica (booleana sim ou não), fundamentaram a iniciativa da lógica nebulosa [5]. Diferente da lógica convencional, a lógica fuzzy permite trabalhar com valores diferentes de booleanos (verdadeiro ou falso), ou binários (0 ou 1), podendo representar por exemplo uma pertinência de 0.5 para uma meia verdade. Desta forma 0.9 e 0.1 representa quase verdade ou quase falso. Isto facilitou o tratamento da incerteza, nas áreas cientificas, matemáticas e computacionais. O uso de lógica difusa normalmente está associado a conjuntos nebulosos. O conceito de conjunto nebuloso estende o conceito de conjuntos convencionais, podendo assim um elemento ter um grau de pertinência variando entre 0 e 1, e não apenas pertencer ou não a um conjunto. Desta forma para cada conjunto, é criada uma função de pertinência, que indica o grau de pertinência de seus elementos [12]. A lógica fuzzy surgiu como uma teoria alternativa para se trabalhar com conjuntos, sendo esta mais flexível, capaz de atender necessidades mais parecidas com a realidade. Com esta teoria é possível realizar a transição de pertinência de forma mais lenta e gradual, e não abrupta como na teoria usual de conjuntos. Lógica fuzzy pode ser chamada de lógica nebulosa ou difusa, recebe este nome por existir uma área nebulosa, onde os valores passam por uma transição [12]. A utilização de logica fuzzy se tornou um grande aliado em soluções para sistemas de controle. Pois a mesma possibilita o trabalho com a imprecisão, utilizando variáveis reais, estas variáveis podem ser temperatura, umidade, altura, etc. Para manipulação dessas variáveis são utilizados termos linguísticos como quente, esquentando, moderado, esfriando, frio, etc, estes termos podem ser utilizados para uma variável de temperatura por exemplo. Nos dias atuais a utilização deste conceito é fundamental para o universo computacional, sendo considerada uma técnica de excelência e muito utilizada na área de controle de processos. Quando se pensa em programação, algoritmos e lógica, raramente se pensa em definir soluções com base em um tipo de conhecimento que é declarado de forma imprecisa e vaga [5]. Já no cotidiano são encontradas situações definidas diferentes da lógica booleana, tais como: Espere a água esquentar; Esta pessoa é velha; Este local é perto. Como se pode observar estes conceitos não são exatos, afinal o que determina quando a água está quente? Quantos anos uma pessoa velha tem? Ou qual distância que determina se um lugar é perto? Em nenhum destes conceitos é utilizada uma variável exata para diferenciar um aspecto de outro, conforme comentado em [6]. Mas, como muitas vezes necessita-se solucionar problemas de lógica imprecisa do dia-a-dia em software, surgiu a necessidade de implementar uma lógica que fosse booleana. Foi a partirdaí que surgiu a lógica fuzzy [7]. B. Sistemas de Controle Fuzzy A definição de controle fuzzy é modelar as ações a partir de conhecimento específico, e não necessariamente modelar o processo em si. Com isto é possível utilizar um mecanismo diferente dos convencionais para o controle de processos, onde estes são desenvolvidos por modelagem matemática dos processos derivando as ações de controle como função do estado do processo. Era muito custoso e complexo elaborar modelos de controle baseados em modelos matemáticos, esta nova abordagem utilizava conhecimento especialista disponível, seja por meio de operadores ou projetistas [12]. O funcionamento de um processo controlado por um sistema fuzzy pode ser visualizado na Fig. 4. Fig. 4. Estrutura Básica de um Controlador Fuzzy O modulo de fuzzyficação utiliza os valores das variáveis de entrada, processando e condicionando estes valores para o universo de logica nebulosa, transformando os números em conjuntos fuzzy, tornando os em variáveis linguísticas. A base de conhecimento são as regras, definindo a estratégia adotada e suas metas, armazenando as definições necessárias para o tratamento das entradas e saídas do sistema [12]. O procedimento de inferência processa os dados de entrada, aplicando as regras de modo a inferir as ações, aplicando desta forma as regras para o processamento fuzzy. O módulo de defuzzyficação converte as saídas da interface de controle fuzzy inferidas em ações de controle não-fuzzy. Na sequência escalona de modo a compatibilizar os valores normalizados vindos do passo anterior com os do universo de discurso reais das variáveis [12]. Aplicando a inferência da ação de controle fuzzy, é determinado a ação de controle que mais se adequa a decisão fuzzy, para finalmente ser enviado para o controle. V. APLICAÇÃO LÓGICA FUZZY A lógica fuzzy pode ser usada sempre que a resposta "sim" ou "não" for muito vaga, podendo utilizar "talvez" ou "quase". Este artigo apresenta a aplicação da lógica fuzzy na solução de um caso real, que é o processo de fabricação de cervejas artesanais, exemplificando então a implementação de tal lógica como alternativa aos tradicionais métodos deste processo [8]. Nesta aplicação será controlado a temperatura do processo cervejeiro, esta temperatura tem uma variação de 0º a 100º. Na sequência serão apresentadas as variáveis utilizadas, as regras utilizadas e seu funcionamento. A. Variáveis de entrada Serão apresentadas as duas variáveis de entrada do sistema, transformadas em conjuntos difusos (são conjuntos aos quais os elementos têm graus de pertinência). A primeira entrada do sistema é o erro_temperatura, podendo variar de -100º a 100º, sendo que os valores negativos implicam que a temperatura deve baixar, enquanto os positivos significam a necessidade de subir a temperatura. O conjunto fuzzy gerado para esta variável pode ser visualizado na Fig. 5. Os valores linguísticos para esta variável são: muito_baixo, baixo, error_0, alto, muito_alto [9]. Fig. 5. Variável erro da temperatura. (Imagem gerada por ferramenta JFuzzyLogic) A variável derivada_do_erro (Fig. 6), que é a variação da temperatura, isto é, a diferença entre duas medições de temperaturas em tempos consecutivos. Será apresentada da seguinte forma em sua representação fuzzy: terá variação de -2º a 2º com os valores negativos representando que a temperatura está caindo e os valores positivos representando que a temperatura está subindo. Os valores linguísticos definidos para esta variável são: caindo_rápido, caindo, estável, subindo e subindo_rápido. Fig. 6. Variável erro da derivada da temperatura. (Imagem gerada por ferramenta JFuzzyLogic) B. Variáveis de saída A variável de saída implementada (Fig. 7) é uma variação de 0% a 100%. Este resultado será utilizado para controlar a vazão do gás em uma válvula proporcional controlando desta forma a combustão do gás, tendo assim a manipulação da temperatura. A variável saída será representada com os seguintes valores linguísticos: mínimo, médio_mínimo, manter, médio_máximo e máximo. Fig. 7. Variável de saída. (Imagem gerada por ferramenta JFuzzyLogic) C. Regras Para o funcionamento da lógica fuzzy é necessária a definição de uma série de regras que são as condições para que com as entradas obtidas, que são erro da temperatura, que é a diferença entre a temperatura atual e a temperatura que se deve atingir (exemplo temperatura atual 10º meta 30º, o erro é de 20º), e derivada do erro que é a diferença entre a leitura de temperatura atual e uma leitura anterior (exemplo temperatura atual 10º, temperatura anterior 8º o valor da derivada do erro é 2º), com estas entradas é possível gerar a saída correspondente [10]. Esta forma de implementação substitui as fórmulas matemáticas padrões geralmente adotados que simplesmente responderia à pergunta se deve aumentada ou diminuída a temperatura, com o padrão adotado é possível saber se deve aumentar muito, médio, pouco, muito pouco, entre outros. O bloco de regras propostas pode ser visualizado na tabela 1. Na primeira coluna são apresentados os valores da variável temperatura do erro, e na primeira linha representado os valores do erro da temperatura, que são as entradas, o restante da tabela é o resultado obtido. TABELA I REGRAS PARA APLICAR LOGICA FUZZY Regras muito_ baixo baixo error_0 alto muito_ alto caindo_ rapido manter médio_ máximo maximo Maxim Maximo caindo médio_ mínimo manter médio_ máximo máximo máximo estavel minimo médio_ mínimo manter médio_ máximo máximo subindo minimo minimo médio_ mínimo manter médio_ máximo subindo _ rapido minimo minimo minimo médio_ mínimo manter VI. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO A implementação do projeto foi dividida em três partes: software, firmware e hardware. Para proporcionar uma maior automação do processo e controle foi definido que a inteligência do sistema ficaria no software (aplicativo que será executado no microcomputador), utilizando o firmware apenas para realizar a comunicação com o software, através de uma interface serial, estabelecendo uma comunicação entre o equipamento responsável por coletar as informações e o software que manipula as entradas gerando o resultado para o sistema. A. Software A lógica principal do sistema está centralizada no software aplicativo e o mesmo foi desenvolvido em linguagem de programação Java, por ser uma linguagem popular e bem difundida, sendo multiplataforma de fácil integração. A interface do software é apresentada na Fig. 8, esta figura apresenta a tela inicial, podendo manipular a receita selecionada, e adicionar um número variável de processos. O software tem como principais funcionalidades: Estabelecer comunicação serial com o equipamento; Realizar teste para garantir total funcionamento do sistema; Apresentar temperatura atual e tempo decorrido de processo; Adicionar processos, que podem ser manter temperatura, atingir temperatura, subir temperatura gradativamente, aguardar tempo e adicionar instrução; Adicionar novas receitas; Carregar receitas existentes; Manipular receitas; Executar as receitas; Possibilitar que cada processo possa ligar e desligar, a bomba e o fogareiro; Implementação de lógica fuzzy para controle de temperatura. Para possibilitar o controle das receitas(nomenclatura popular utilizada para descrever o processo de fabricação de um tipo de cerveja) já existentes foi implementado um banco de dados em arquivo. Foi utilizado o framework derbyDB para isto, que é um banco de dados simples em arquivo. Como a linguagem Java é orientada por objetos, objetos foram gravados diretamente no banco de dados, utilizando a gravação em bytes sendo possível a gravação e recuperação de objetos, simplificando desta forma a manipulação de campos e tabelas. Armazenando toda informação necessária no software para reutilização de receitas, podendo assim serem adicionadas e manipuladas receitas contendo processos distintos em cada uma delas. Desta forma, foi necessário apenas a criação de uma única tabela contendo o nome da receita e o conteúdo da receita (objeto Java contendo todos os processos existentes na receita). Fig. 8. Interface do software. Toda inteligência do sistema está implementada no software aplicativo, controlando o início do processo e finalização do mesmo, baseando-se no tempo, e temperatura entregue pelo equipamento. Com estas informações o software consegue enviar comandos para o equipamento controlar o nível de vazão de gás na solenoide, controle de ligar e desligar a bomba. O caso de uso do software é apresentado no diagrama seguinte Fig.9: Fig. 9. Utilização do software. Foi implementado o controle fuzzy utilizando um framework chamado JFuzzyLogic, este utiliza arquivo de configuração FCL (Fuzzy Control Logic). Sem lógica fuzzy a única tomada de decisão seria verificar a temperatura atual, e decidir se deve ligar ou desligar o aquecedor (fogo), utilizando fuzzy foi possível ter uma tomada de decisão com maior precisão, pois a decisão é tomada na meta estabelecida de temperatura, se baseando no quanto a mesma sofreu alteração durante um curto período de tempo. B. Firmware O firmware foi todo desenvolvido em linguagem C ANSI. Como em software embarcado as limitações (processamento, memoria, limitações de interface com usuário) são bem maiores que em um software em alto nível, como o desenvolvido em Java para a solução proposta, foi definido que o firmware seria o mais simples possível e então a sua única responsabilidade seria estabelecer comunicação com o software (computador), por meio de uma interface serial, transmitindo para o software periodicamente o status do equipamento contendo: temperatura, estado da bomba e estado da válvula solenoide. Foi programado o controle para manipular a porta serial (UART), a solenoide, a leitura do sensor de temperatura, e a manipulação da bomba responsável por realizar a circulação do mosto durante o processo de brasagem. A execução de ativar ou desativar um periférico, ou a leitura de temperatura é executada pelo firmware, porem a tomada de decisão de quando executar estas tarefas é tomada pelo software. C. Hardware Para a solução em hardware do projeto, foi utilizado um protótipo desenvolvido em um kit de desenvolvimento da LPC, a placa utilizada foi LPCXpresso Base Board, com um microprocessador LPC1769: um ARM Cortex-M3. O esquema elétrico pode ser visualizado na Fig. 10 e 11. Fig. 10. Esquema elétrico protótipo usb uart, lpc debug e power Fig. 11. Esquema elétrico protótipo lpc leitura, acionamento e usb A descrição do protótipo pode ser visualizada abaixo na Fig. 12: Fig. 12. Bloco de implementação No projeto foi utilizado um resistor para simular um atuador de temperatura, pois conforme é controlado a corrente neste resistor, o mesmo ganha ou perde temperatura conforme o projeto necessita. Transmitindo esta mesma temperatura para o sensor de temperatura, simulando desta forma o cenário real de uma panela em contato com o fogareiro. Foi utilizado também um driver de corrente (ULN2803) para acionamento do atuador de temperatura, uma vez que o LPC1769 não consegue fornecer corrente suficiente para a variação de temperatura desejada. Para a coleta de temperatura, foi utilizado o LM 35, que é um sensor que entrega em sua saída 10 mV/°C, podendo trabalhar de -55°C até 150°C, atendendo, portanto, os requisitos do projeto. O sensor foi acoplado junto ao atuador para realizar a leitura da temperatura, simulando o sistema real. Foi desenvolvido em um microcontrolador LPC1769 do fabricante NXP, que realiza a leitura do bloco leitura de temperatura, e atua sobre o driver de corrente do bloco atuador, através de um sinal PWM, controlando a corrente para aumentar ou diminuir a temperatura, atuando sobre a temperatura do resistor. A implementação completa do protótipo pode ser visualizada na Fig. 13: Fig. 13. Protótipo de implementação VII. CONCLUSÃO O projeto possibilitou uma experiência real de automatização, aplicando soluções em um estudo de caso real, melhorando a qualidade e desempenho de produção de uma micro cervejaria artesanal. Foram realizados testes utilizando o software para simulação do controlador fuzzy com sucesso. Para validação e testes, foi implementando um simulador, onde é possível selecionar a temperatura desejada, simular a temperatura atual, e a derivada do erro, este sistema pode ser visualizado na Fig. 14. Fig. 14. Simulador para testes No exemplo acima, a temperatura desejada é 50º, a temperatura atual está em 10º, e a derivada do erro está em 0º, a saída obtida foi de 70, este valor representa a vazão na válvula de gás, representando uma abertura de 70%. Como pode ser visualizado na tabela II, foi utilizado uma temperatura de 70º como meta, representada na primeira coluna, foram realizados testes com valores diferentes para temperatura atual e para a derivada do erro, alterando a saída, estes foram os resultados obtidos. Para validar a utilização do framework JFuzzyLogic, foi utilizado uma ferramenta dedicada para implementação de lógica fuzzy, esta ferramenta é fuzzyTECH, os resultados para comparação estão presentes na ultima coluna. Como pode se observar existe uma pequena variação nos resultados. TABELA II TESTES COM SIMULADOR Meta Temperatura Atual Derivada do Erro Saída (JFuzzyLogic) Saída (fuzzyTECH) 70 0 0 82 84 70 0 -2 87 89 70 0 1 63 65 70 60 -1 70 74 70 60 0 56 55 70 60 -2 87 89 70 60 2 17 15 70 90 0 40 34 O sistema de controle fuzzy implementando identificou que a temperatura deve subir de forma rápida para atingir sua meta, desta forma aumentou a vazão de gás para aumentar a combustão gerada, aumentando desta forma a temperatura. O software possibilitou padronização na fabricação, pois salva todo o processo, podendo ser reutilizado em fabricações futuras. O software também facilita o monitoramento e transição de processos, pois o mesmo avisa e controla a duração dos processos e sinaliza a finalização de cada etapa. Como projeto futuro pretende-se implementar um hardware dedicado para a solução, desta forma o kit de desenvolvimento utilizado atualmente será substituído, finalizando desta forma a integração total do software com a micro cervejaria. Os resultados obtidos para validação do sistema fuzzy foram feitos utilizando um protótipo, com testes em bancada, e não utilizando a micro cervejaria. REFERÊNCIAS [1] MORADO, R. Larousse da Cerveja. São Paulo: Larousse, 2009. [2] Santos, Jose Ivan Cardoso; Dinham Robert Paul. O essencial em cervejas e destilados. Editora Senac são Paulo. 2006. [3] ANSELMO, A. A.; ZIELONCA,W. P. AUTOMATIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE PASTEURIZAÇÃO PZ501-001. 1–48 p. Tese (Doutorado) — Universidade Federal do Parana, 2008. [4] MAWARE, C.; GWANGWAVA, N. Design of a Control System To Enhance Process Perfomance in the Production of Sorghum Beer. v. 9, n. 15, p. 109–120, 2013. [5] BARG, E. K. Protótipo de um Controlador de Temperatura Baseado em Lógica Fuzzy Utilizando um Microcontrolador. 1–57 p. Tese (Doutorado) — Universidade Regional de Blumenau, 2002. [6] SUGENO, M.; YASUKAWA, T. A fuzzy-logic-based approach to qualitative modeling. IEEE Transactions on Fuzzy Systems, v. 1, n. 1, p. 7, 2 [7] F. GOMIDE, A. 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Possui certificação de instrutor de treinamentos em redes e equipamentos de comunicação de dados pela Huawei Technologies. Paulo Sérgio de Carvalho é graduado em Sistemas de Informação pela UNIVAS – Universidade do Vale do Sapucaí (2011). Atualmente é especialista em sistemas no ICC (Inatel Competence Center). Trabalhando com desenvolvimento de software em alto e baixo nível, utilizando linguagens de programação como Java, C e C++.
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