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Aula 1- Noções de Direito Empresarial
Introdução
 Segundo informações da Receita Federal do Brasil, cresce a cada ano o número de microempresas, de empresas de pequeno porte e de microempreendedores individuais (criado pela LC128/08), que chega a 60% das sociedades cadastradas. Por outro lado, o índice de “mortalidade” dessas mesmas sociedades é relativamente alto tendo em vista a inexperiência dos sócios, em especial no que se refere ao sistema societário e tributário brasileiro. 
Origem
 Ao iniciarmos o estudo sobre o direito empresarial, que teve como ponto de partida o direito comercial, é importante sabermos a sua evolução histórica que, diga-se de passagem, é bem remota, pois vem desde a Idade Antiga, época em que se destacava o exercício da atividade mercantil. Nesse tempo, já existiam leis para nortear o comércio que existia, sem falar ainda em direito comercial.
 O direito comercial surge na Idade Média, quando o comércio era mais avançado e se estendia a todos os povos daquela época. Consistia em um regime jurídico próprio para regular as transações daquele período. É nesse momento que ressurgem as cidades e o Renascimento Mercantil.
 O poder político era descentralizado apenas nas mãos de poucos da nobreza, o que fez com que houvesse diversas divisões nas regiões da Europa, surgindo assim os “direitos locais”. 
 A classe burguesa, na busca de atender aos seus interesses, inicia a organização e construção do seu próprio “direito”, que passa a ser utilizado nos conflitos da atividade mercantil. Suas regras foram surgindo de acordo com as necessidades da atividade.
 O direito comercial, no que diz respeito aos usos e costumes mercantis, é oriundo da disciplina e das relações jurídicos-comerciais. Nesse momento em que se inicia a construção do direito sem a participação do Estado, cada “Corporação” utilizava seus usos e costumes, e seus cônsules, que eram eleitos pelos próprios associados, para administrar as relações entre seus membros.
 Os títulos de crédito, as sociedades, os contratos mercantis e os bancos são os primeiros institutos jurídicos que aparecem no direito comercial e, com isso, declinam a utilização dos usos e costumes e do informalismo para criar suas regras.
 Podemos destacar nesse período inicial do direito comercial, o caráter subjetivista, sendo um direito dos membros das corporações ou um direito ”a serviço do comerciante”. Com uma das partes sendo comerciante já bastava para essa relação ser regida pelo direito comercial.
 Nessa primeira fase do direito comercial, houve um rompimento da doutrina contratualista com a teoria contratual concretizado do direito romano. A antiga visão de um contrato engessado do direito romano confrontava com a classe mercantil que surgia na época. É nesse período que constatamos o aparecimento da celebração dos contratos.
Evolução histórica
 Toda essa evolução fez com que a teoria do direito avançasse, saindo do comum tradicional e evoluindo para um direito específico.
 Após o Renascimento Mercantil, houve uma evolução no comércio, proveniente também das feiras e das navegações, o que possibilitou a evolução do direito específico que se estendeu por toda Europa; assim, o direito comercial se expandiu fazendo com que os tribunais consulares se adequassem às novas demandas.
 No período da Idade Média, nos Estados Monárquicos, a figura do monarca vai perdendo força para a classe dos comerciantes. Com todas essas modificações no cenário desse período, Benvenutto Stracca publicou a primeira grande obra referente à sistematização do direito comercial: "Tratactus de Mercatura seo Mercatore" (Tratado sobre a Mercatura e o Mercador.), publicada em 1553.
 O monopólio da jurisdição mercantil foi enfraquecendo devido aos Estados terem assumido o monopólio da jurisdição e se incumbido de fiscalizar os tribunais de comércio.
 Nos anos de 1804 e 1808, surgem o Código Civil e o Código Comercial, e assim é criado o sistema jurídico estatal nas relações jurídico-comerciais, nascendo assim um direito comercial elaborado e executado pelo Estado. Com a divisão do direito privado, houve a necessidade de criar critérios para limitar os efeitos dessa divisão. Contudo, limitar os efeitos do direito comercial, visto que foi concebido como um regime jurídico especial para atuar nas atividades mercantis. Foi criada assim a teoria dos atos de comércio pelos franceses, e com essa teoria foi denominado de comerciante quem praticava atividade de comércio. O direito comercial regularia, portanto, as relações jurídicas que envolvessem a prática de alguns atos definidos em lei como atos de comércio. Quando não envolvesse essa relação, seria regulamentada pelas normas do Código Civil.
 O Mercantilismo sofre uma alteração, passa da qualidade do sujeito para o objeto. Essa objetivação do direito comercial relaciona-se à formação dos Estados Nacionais da Idade Moderna que impõem sua soberania ao particularismo que imperava na ordem jurídica anterior e se inspiram no princípio da igualdade.
 Duas doutrinas tiveram destaque sobre os atos de comércio:
a) Thaller - baseava nos atos de comércio a atividade de circulação de bens ou serviços;
b) Alfredo Rocco - que constatava nos atos de comércio uma característica habitual na intermediação para a troca.
 Destaque-se que a segunda corrente foi mais incisiva, pois fez um resumo constatando que todos os atos de comércio possuem uma característica em comum na intermediação para a troca. Contudo, entendemos que essas correntes doutrinárias não satisfizeram, pois não deram ênfase ao que realmente seriam os atos de comércio.
Atos de comércio: Outro relato destacado pela doutrina comercialista da época relacionava-se ao emprego da teoria dos atos de comércio, os quais eram denominados atos mistos, quando apenas uma das partes era comercial. E nesses casos, quando necessário, aplicava-se o Código Comercial.
Evolução do direito empresarial no Brasil
 Durante muitos anos o Brasil não possuía legislação própria, utilizava a legislação de Portugal, as Ordenações do Reino (Filipinas, Manuelinas, Afonsinas). Com a chegada da família Real portuguesa ao Brasil e a abertura dos portos às nações amigas, o comércio foi mais explorado, sendo criada a “Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação” com o propósito de elaborar um direito comercial brasileiro. Em 1834, foi criado um projeto de lei que, posteriormente aprovado, se transformou na Lei 556, o Código Comercial brasileiro. O Código Comercial definiu o comerciante como aquele que exercia a mercancia de forma habitual, como sua profissão. Como essa lei não explicou o significado de mercancia, foi editado o Regulamento 737 de 1850, que no seu artigo 19 a conceitua.
 Com o Código Civil de 1942, podemos constatar que o direito brasileiro se equipara ao italiano; os doutrinadores da época de 1960, em seus estudos sobre a teoria dos atos de comércio, percebem as mudanças que causam a teoria dos atos de comércio e dão mais ênfase à teoria da empresa.
 A teoria dos atos de comércio já não satisfazia mais. Os estudiosos, nas jurisprudências, podiam constatar esse fato, os juízes da época ofereciam concordata a pecuaristas e garantia para renovar o contrato de aluguel que eram institutos do direito comercial; isso foi um enorme progresso, porque estavam colocando de lado o conceito de mercantilidade e inovando com o de empresarialidade nas decisões.
Direito comercial ou direito empresarial
 A nomenclatura direito comercial vem da Antiguidade, período em que a atividade do comércio prevalecia no ramo do direito. E a transição para nomenclatura Direito Empresarial veio da necessidade de abranger toda atividade que envolve o comércio, especialmente nas relações empresariais. Agora, vamos conhecer alguns conceitos importantes pertencentes ao direito empresarial:
Empresário individual versus sociedade empresária
 Em uma sociedade empresária seus sócios não são empresários esim a própria sociedade é que se designa empresária; a ela é conferida a personalidade com seus direitos e obrigações.
 A diferença entre o empresário individual e a sociedade empresária é que, nesta, a pessoa jurídica tem patrimônio próprio, que não se mistura ao patrimônio dos sócios, e, por isso, não são executados por dívidas da sociedade.
 Já o empresário individual não tem essa separação patrimonial e responde pelos seus bens devido ao risco do empreendimento.
 Assim, na sociedade empresária a responsabilidade dos sócios é subsidiária, pode ser limitada, como por exemplo, nas sociedades limitadas e nas sociedades anônimas; já o empresário individual tem responsabilidade direta e responde com todos os seus bens por dívidas obtidas no exercício da atividade econômica, não tendo limite de responsabilização.
A Empresa Individual de Responsabilidade limitada (EIRELI)
 A lei 12.441/2011 alterou dispositivos do Código Civil e adicionou outros, criando assim a empresa individual de responsabilidade limitada, chamada de EIRELI.
 Objetivou o legislador criar um novo tipo de pessoa jurídica, constituída por apenas uma pessoa que possa exercer atividade empresarial, com os benefícios da separação de patrimônio e limitação de sua responsabilidade. O capital investido na empresa deve ser igual ou superior a 100 vezes o valor do maior salário mínimo vigente no país.
Contratos
 As sociedades são instituídas no Brasil através de seus atos constitutivos que, posteriormente, são devidamente arquivados nos órgãos competentes, como por exemplo, as “juntas”. Nesse sentido, é importante sabermos a distinção entre um contrato empresarial e um contrato eminentemente cível.
 Os contratos cíveis distinguem-se dos contratos empresariais, pois nos contratos empresariais há nos contratantes uma simetria; por esse motivo, não se aplicam algumas regras do Código Civil que cerceiam a liberdade na celebração dos contratos.
 Os empresários devem ter total liberdade para concretizar seus negócios, sempre com cautela e ciente dos riscos que poderão ocorrer.
ATENÇÃO!! Os contratos são construídos baseados em alguns princípios disciplinados pelo Código Civil: boa-fé objetiva, força obrigatória e autonomia da vontade. Esses princípios asseguram ao contrato um equilíbrio entre as partes, estipulando limites para não haver desequilíbrios nem desigualdades contratuais.
Aula 2 - Tipos societários no sistema jurídico e econômico
Introdução
 Vamos tratar da nova construção societária trazida pelo Código Civil de 2002. Trata-se, na realidade, de se distinguir as sociedades em dois grandes grupos: o das sociedades não personificadas e o das personificadas. Tomarmos conhecimento das diferenças entre elas e o que a inovação alterou na essência dos novos conceitos é fundamental para a escolha do tipo adequado no ato da constituição de um negócio empresarial, tanto por conta da menor ou maior complexidade no campo operacional como também em relação aos desdobramentos contábeis.
 É de conhecimento pacífico que a incerteza mercadológica e a vulnerabilidade da moeda podem contribuir para uma escolha de tipo societário que represente uma segurança relativa no campo patrimonial dos sócios, daí serem as sociedades limitadas e sociedades anônimas as constituições mais numerosas.
 Por isso, a distinção desses tipos e seus desdobramentos jurídicos e contábeis é o tema da aula de hoje. Vamos lá!
Sociedade não personificada
 Embora o Código Civil estabeleça que a personalidade jurídica da sociedade começa com o registro de seus atos constitutivos, possui dispositivos que regem o que denomina de sociedade não personificada, denominação sob a qual acolheu a sociedade em comum (antiga sociedade de fato) e sociedade por conta de participação.
 Portanto, considera-se sociedade não personificada aquela cujo ato constitutivo ainda não foi registrado no órgão competente, ou seja, aquela que não possui personalidade jurídica, o que contribui para a existência de uma atividade paralela, pautada na economia informal, de transparência nebulosa para responsabilização dos sócios atuantes naquela prática empresarial.
 Excetuam-se deste conceito, as sociedades anônimas e as sociedades em comandita por ações, uma vez que, de acordo com a legislação de regência, não podem funcionar sem que sejam arquivados e publicados os seus atos constitutivos (art. 982).
 As sociedades não personificadas se subdividem em sociedade em comum e sociedade em conta de participação.
Sociedade em comum
 A sociedade em comum, embora não tenha, ainda, seus atos constitutivos registrados, é uma sociedade de fato, cuja existência é comprovada, independentemente de ter ou não contrato escrito. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade em comum, mas os terceiros podem prová-la de qualquer forma.
 O novo Código Civil, em seus artigos 986 a 990, regula a relação entre os sócios da sociedade em comum e entre estes e terceiros, definindo que a responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada
Sociedade em conta de participação
 A sociedade em conta de participação é outro tipo de sociedade não personificada, diferenciando-se da sociedade em comum, uma vez que está dispensada do arquivamento de seus atos constitutivos no registro competente. Esta sociedade não possui patrimônio próprio nem personalidade jurídica, sendo formada para realizar negócios de curta duração, extinguindo-se após sua concretização.
 A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios em direito admitidos. O contrato social produz efeitos somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade (artigos 991 a 996).
Sociedade personificada
 Considera-se sociedade personificada aquela que possui personalidade jurídica, obtida mediante registro de seus atos constitutivos no órgão competente que – dependendo do seu objeto – poderão ser no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou na Junta Comercial.
 As sociedades personificadas se subdividem em sociedade empresária e sociedade simples. Veremos a seguir!
Sociedade empresária
 É definida como sociedade empresária aquela que tem por objeto o exercício de atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, ou seja, considera-se sociedade empresária a antiga sociedade comercial.
 Antes de iniciar a atividade econômica, o empresário individual ou a sociedade empresária, que a ela for se dedicar, deverá inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis, em uma das Juntas Comerciais (artigos 967, 968 e 1.150 do Código Civil), tendo como elemento essencial o nome empresarial.
A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos seguintes tipos jurídicos: 
Sociedade simples
 É considerada sociedade simples aquela cujo objeto social seja decorrente de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, ou seja, considera-se sociedade simples a antiga sociedade civil.
 A sociedade simples (exceto no caso das cooperativas e de determinadas atividades reguladas por leis especiais que imponham a doação de tipo societário específico) poderá ser constituída em conformidade com um dos tipos examinados nos subitens anteriores (exceto como sociedade por ações); não o fazendo, subordinam-se às normas que lhes são próprias (arts. 997 a 1.000).
 Neste tipo de sociedade, os bens particulares dos sócios (inclusive aqueles que ingressem em uma sociedade já constituída) poderão ser executados por dívidas da sociedade, mas apenas depois de executados os bens sociais, se estes forem insuficientes para saldar as dívidas. Neste caso, os sócios respondem com o seu patrimônio social na proporção que participem das perdas sociais, salvose houver no contrato social cláusula estipulando a responsabilidade solidária.
ATENÇÃO!! As cooperativas são consideradas sociedades simples, independentemente de seu objeto de funcionamento
Aula 3 - Agentes econômicos da sociedade
As obrigações
 As obrigações para o regular exercício da atividade empresarial são inerentes aos empresários e sociedade empresárias em níveis federal, estadual e municipal.
 O empresário deve:
Registrar-se na Junta Comercial;
Manter escrituração regular de seus negócios;
Levantar demonstrações contábeis periódicas.
Registro de empresa
 O registro de empresas é regulado pela Lei 8.934/94 e exercido pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis, composto pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI) e pelas Juntas Comerciais.
 O DREI integra o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, cuja finalidade consiste em supervisionar, orientar, normatizar, coordenar e fixar diretrizes básicas para a prática de atos registrais a cargo da Junta Comercial.
ATENÇÃO!! SAIBA +
O Decreto nº 8.001, de 10/05/2013, Art. 8º 
Assessorar o Secretário na articulação e supervisão dos órgãos e entidades envolvidos na integração para o registro e legalização de empresas;
Em relação à integração para o registro e legalização de empresas:
 a) Propor planos de ação, políticas, diretrizes e implementar as medidas decorrentes, em articulação com outros órgãos e entidades públicas, inclusive estaduais e municipais; 
b) Especificar os sistemas de informação, propondo as normas e executando os treinamentos decorrentes, em articulação e observadas as competências de outros órgãos, inclusive estaduais e municipais; 
c) Implementar e executar sistemática de coleta e tratamento de informações e estatísticas; 
d) Propor e implementar projetos, ações, convênios e programas de cooperação, em articulação com o setor privado, entidades e organismos nacionais e internacionais; 
Propor os planos de ação, políticas, diretrizes, normas e implementar as medidas decorrentes, relativas ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; 
Coordenar a ação dos órgãos incumbidos da execução dos serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; V. coordenar a manutenção e a atualização do Cadastro Nacional de Empresas Mercantis; 
Exercer as demais atribuições decorrentes do Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996; 
Desenvolver, implantar, manter e operar os sistemas de informação relativos aos assuntos previstos no inciso II, em articulação e observadas as competências de outros órgãos.
Normas do Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI) – SAIBA +
 IN DREI 20/2013 - Dispõe sobre a expedição de certidões, a sua utilização em atos de transferência de sede, abertura, alteração e inscrição de transferência de filiais, proteção ao nome empresarial, bem como do Certificado da Condição de Microempreendedor - CCMEI.
 IN DREI 19/2013 - Dispõe sobre os atos de constituição, alteração e extinção de Grupo de Sociedades, bem como os Atos de Constituição, Alteração e Extinção de Consórcio. 
IN DREI 18/2013 - Dispõe sobre procedimentos no âmbito do Registro Mercantil decorrentes do processo de inscrição, alteração, extinção, enquadramento e desenquadramento de empresários na condição de microempreendedores individuais - MEIs. 
IN DREI 15/2013 - Dispõe sobre a formação do nome empresarial e sua proteção. 
IN DREI 14/2013 - Aprova o quadro enumerativo dos atos empresariais sujeitos à aprovação prévia de órgãos e entidades governamentais para registro nas Juntas Comerciais. 
IN DREI 12/2013 - Dispõe sobre os procedimentos de registro e arquivamento digital dos atos que competem, nos termos da legislação pertinente, ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
 IN DREI 11/2013 - Dispõe sobre procedimentos para a validade e eficácia dos instrumentos de escrituração dos empresários individuais, da empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli, das sociedades empresárias, das cooperativas, dos consórcios, dos grupos de sociedades, dos leiloeiros, dos tradutores públicos e intérpretes comerciais. 
IN DREI 10/2013 - Aprova os Manuais de Registro de Empresário Individual, Sociedade Limitada, Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI, Cooperativa e Sociedade Anônima. 
IN DREI 08/2013 - Dispõe sobre a interposição de recursos administrativos no âmbito do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. 
IN DREI 07/2013 - Dispõe sobre os pedidos de autorização para nacionalização ou instalação de filial, agência, sucursal ou estabelecimento no País, por sociedade empresária estrangeira.
 IN DREI 05/2013 - Dispõe sobre a medida de inativação administrativa do registro de empresário individual, empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli, sociedade empresária e cooperativa, da perda automática da proteção ao nome empresarial. 
IN DNRC 118/2011 - Dispõe sobre o processo de transformação de registro de empresário individual em sociedade empresária, contratual, ou em empresa individual de responsabilidade limitada e vice-versa.
 IN DNRC 117/2011 - Aprova o Manual de Atos de Registro de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI. 
IN DNRC 116/2011 - Dispõe sobre a formação do nome empresarial e sua proteção.
 IN DNRC 115/2011 - Dispõe sobre os atos sujeitos à comprovação de quitação de tributos e contribuições sociais federais para fins de arquivamento no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
 IN DNRC 114/2011 - Aprova o quadro enumerativo dos atos empresariais sujeitos à aprovação prévia de órgãos e entidades governamentais para registro nas Juntas Comerciais. 
IN DNRC 113/2010 - Dispõe sobre o processo de concessão de matrícula, seu cancelamento e a fiscalização da atividade de Leiloeiro Público Oficial. 
IN DNRC 112/2010 - Dispõe sobre o processo de transformação de sociedades empresárias, contratuais, em empresário e vice-versa.
 IN DNRC 109/2008 - Dispõe sobre os procedimentos de registro e arquivamento digital dos atos que competem, nos termos da legislação pertinente, ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. 
IN DNRC 107/2008 - Dispõe sobre procedimentos para a validade e eficácia dos instrumentos de escrituração dos empresários, sociedades empresárias, leiloeiros e tradutores públicos e intérpretes comerciais. 
IN DNRC 105/2007 - Dispõe sobre os atos sujeitos à comprovação de quitação de tributos e contribuições sociais federais para fins de arquivamento no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
 IN DNRC 104/2007 - Dispõe sobre a formação de nome empresarial, sua proteção e dá outras providências. 
IN DNRC 103/2007 - Dispõe sobre o enquadramento, reenquadramento e desenquadramento de microempresa e empresa de pequeno porte, constantes da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, nas Juntas Comerciais. 
IN DNRC 101/2006 - Aprova o Manual das Cooperativas, de observância obrigatória pelas Juntas Comerciais na prática dos atos de Registro Mercantil. 
IN DNRC 100/2006 - Aprova o Manual de Atos e Registro Mercantil das Sociedades Anônimas. 
IN DNRC 98/2003 - Aprova o Manual de Atos de Registro de Sociedade Limitada. 
IN DNRC 97/2003 - Aprova o Manual de Atos de Registro de Empresário. 
IN DNRC 96/2003 - Dispõe sobre a especificação de atos integrantes da Tabela de Preços dos Serviços. 
IN DNRC 95/2003 - Aprova o formulário Requerimento de Empresário.
Empresário de fato e sociedade em comum (sociedade irregular e sociedade de fato)
 Trata-se da sociedade que não inscreve seus atos constitutivos no registro competente. Assim, o empresário e a sociedade empresária, antes de iniciar suas atividades, deverão proceder ao registro na Junta Comercial, e a sociedade simples, no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (art. 1.150, CC).
 A falta de registro implica sanções de natureza administrativa e judicial: ela não tem direitode ingressar com recuperação judicial ou de pedir a falência de outra empresa. Porém, por tratar-se de sociedade irregular, estará sujeita a falência.
Escrituração dos livros e contabilidade
 O empresário e a sociedade empresária deverão adotar um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, de acordo com a documentação respectiva, devendo levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado (art. 1.179, CC).
Obrigatoriedade da escrituração
 A empresa é constituída para praticar atos mercantis, financeiros, trabalhistas, fiscais, civis, mas de maneira documentada. Para um documento ser hábil, é necessário que seja:
Idôneo;
Devidamente preenchido;
Vinculado com a atividade da empresa.
 Podemos definir a escrituração como sendo o ato de registrar as operações exercidas e comprovadas que ocorrem no decorrer de um período.
- Escrituração: A escrituração tem a função de relatar o passado, para que se tenha ideia do que se passará no futuro.
Para tal, deve-se manter um sistema de escrituração uniforme dos atos e fatos administrativos ocorridos na sociedade empresarial, através de processo manual, mecanizado ou eletrônico (Resolução 563, de 28/10/83 do Conselho Federal de Contabilidade), de livre escolha do empresário, mas desde que cumpridas algumas formalidades básicas previstas nas legislações de regência, como:
Em idioma e moeda nacional;
Em forma contábil;
Em ordem cronológica de dia, mês e ano;
Sem ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas etc.
Com base em documentos de origem externa ou interna, ou na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e atos e a prática de atos administrativos.
ATENÇÃO!! Todo cuidado deve ser tomado no momento do registro da empresa e na guarda de sua documentação, pois impacta diretamente na responsabilidade dos sócios e administradores. Estes devem responder perante a justiça civil e criminal por seus atos.
 Vejamos, no vídeo a seguir, a situação de pessoas que foram enganadas por uma empresa fantasma
 Esse vídeo retrata um caso de uma empresa fantasma que enganou vários clientes. Dicas para não serem enganados com compras pelas internet: Investigar no site de defesa do consumidor, PROCON etc, ver se a empresa tem índice de reclamação, pesquisar com amigos, verificar se o site é verdadeiro e desconfiar quando a vantagem for muito excessiva.
 Quais crimes podem responder os responsáveis de sites fantasma? No código da defesa do consumidor no artigo 61-80, os crimes previstos contra a relação de consumo e também no código penal o crime de estelionato previsto no artigo 171, 
 Vimos que proprietários foram denunciados e irão responder por estelionato perante o Código Penal e relação de consumo mediante o código de defesa do consumidor.
 A Natureza Jurídica dos sócios é discutida na doutrina e sustentada por alguns como sendo um direito de propriedade do sócio sobre a sociedade que ele integra. Outros afirmam que ser sócio é um direito de crédito sobre a sociedade, por ter contribuído na formação do capital social. A doutrina majoritária inclina-se para a formação de um regime jurídico próprio entre sócio/sociedade com regras específicas que delimitam direitos e deveres peculiares.
Vamos conhecer os direitos e obrigações dos agentes societários:
 A terminologia usada para a desclassificação é resolução de um sócio perante a sociedade, já que o vocábulo resolução consiste na quebra do pacto estabelecido no contrato social por um dos sócios.
Administração da sociedade
 A importância do estudo dos administradores das sociedades, antes da vigência do Código Civil de 2002, conhecidos como sócios gerentes, ocorre pelo fato de ser o agente responsável em corporificar a vontade da sociedade assumindo assim pessoalmente a responsabilidade pelos atos realizados.
 Distinguir sua atuação como gestor, norteada pela autonomia de vontade versus a submissão às normas sociais, assume no contexto societário extrema relevância no aspecto da responsabilidade pessoal pelos atos do administrador da sociedade.
 A Administração Societária encontra-se regulada no CC do artigo 1.010 ao 1.021. O artigo 1,061 do CC nos trouxe uma inovação: a de Administradores não sócios nas sociedades limitadas. Neste caso, esta designação dependerá da aprovação unânime dos sócios, enquanto o capital não tiver sido integralizado, ou de 2/3 no mínimo, após a sua integralização.
 O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva; e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. (Art.1.179 CC ).
 O número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados, ficando o pequeno empresário a que se refere o art. 970 CC dispensado das exigências de escrituração contábil. Prescreve o art. 970 CC que a lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Hoje para a microempresa e empresa de pequeno porte temos a aplicação de regras específicas para uma escrituração simplificada prevista na Lei Complementar nº 123/2006. O mesmo se estende ao empresário rural.
Vejamos, agora, detalhes importantes sobre a documentação:
Livro diário - O empresário e a sociedade empresária, entre as quais as sociedades limitadas, são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva (art.1.179 CC).
Forma da escrituração - A escrituração será feita em idioma e moeda correntes nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado (art. 1.183 CC).
Livro de balancetes diários e balanços - O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o Livro Diário pelo Livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele.
O Livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre (art. 1.186 CC):
I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários;
II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício.
Demonstrações contábeis - O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo (Art. 1.188 CC). O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial (Art. 1.189 CC).
Autenticação no registro do comércio - Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios.
Livro registro de inventário - O art. 1.187 do Código Civil reformulou a função do livro Registro de Inventário, estabelecendo que na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados:
I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortização para assegurar-lhesa substituição ou a conservação do valor;
II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este seja inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva;
III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição;
IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liquidação, salvo se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente.
Valor probante da escrituração - A escrituração contábil, quando formalmente elaborada, observando-se os princípios contábeis e requisitos essenciais de registro, tem valor probante para todos os efeitos judiciais e extrajudiciais, apresentando os mesmos efeitos como se o fossem por aquele, salvo se houver procedido de má-fé. Portanto, cumpre ao contador assegurar na escrituração dos atos constitutivos e posteriores alterações contratuais que demandem registros contábeis, a certeza manifesta de todas as determinações destes atos societários, bem como evidenciar os respectivos números de registro que embasem sua escrituração. (art.1.177 CC).
Conservação e guarda da documentação - O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados (art. 1194 CC).
Aula 4 - Atividade Financeira do Estado e a Receita Tributária
Introdução
 Quando estudamos a atividade financeira do Estado, buscamos compreender os motivos que levam o Poder Público à necessidade de obter recursos financeiros para execução dos serviços públicos, tais como, promover a saúde, educação, alimentação, moradia, saneamento básico, segurança, transporte, energia elétrica etc., para a sociedade, com o objetivo da consecução do Bem Comum.
Distinção entre Direito Financeiro e Direito Tributário
 Podemos conceituar o Direito Financeiro como o ramo do direito público que estuda o ordenamento jurídico das finanças do Estado e as relações jurídicas decorrentes de sua atividade financeira que se estabelecem entre o Estado e o particular. Abrange, pois, o estudo da despesa pública, da receita pública, do orçamento público e do crédito público.
 Daí Ricardo Lobo Torres ensinar que o Direito Financeiro deve ser dividido nos seguintes ramos: Receita Pública (Direito Tributário, Direito Patrimonial Público e Direito de Crédito Público), Despesa Pública (Direito da Dívida Pública e Direito das Prestações Financeiras) e Direito Orçamentário.
Direito Financeiro - Direito Financeiro é o ramo das Ciências Jurídicas que trata das relações que dizem respeito às finanças públicas. É uma especialidade do Direito Público. É mais amplo que o Direito Tributário por abranger toda a atividade financeira do Estado. As finanças públicas significam a coercitividade ou impositividade da atividade financeira, denominada por vários tratadistas como "economia de aquisição compulsória", mesmo quando aparentemente esse elemento coativo não se perceba, como por exemplo, nas explorações dominiais e nos empréstimos voluntários.
Direito Tributário - O Direito Tributário regula a atividade financeira do Estado no que se refere à tributação. É o ramo do direito público que rege as relações entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere à obtenção de receitas (tributos). Possui normas que instituem, arrecadam e fiscalizam a tributação. A natureza do Direito Tributário é obrigacional; é a relação jurídica entre um sujeito ativo (fisco) e um sujeito passivo (contribuinte ou responsável), envolvendo uma prestação (tributo).
Orçamento anual
 O orçamento anual é o instrumento de operacionalização de curto prazo da programação constante dos planos setoriais e regionais de médio prazo, os quais, por sua vez, cumprem o marco fixado pelos planos globais de longo prazo, onde estão definidos os grandes objetivos e metas, os projetos estratégicos e as políticas básicas. Nesse sentido, a principal matéria-prima utilizada para a elaboração da proposta de orçamento é buscada em elementos integrantes do sistema de planejamento.
 A Constituição Federal de 1988 estabelece, no art. 165 quais as Leis orçamentárias que deverão ser propostas para regular as finanças do Estado. O Poder Executivo é o responsável pela elaboração da proposta orçamentária. Ressalte-se que o orçamento, sendo uno, deve atender, também, aos Poderes Legislativo e Judiciário. Considerando que os três Poderes são independentes e harmônicos, as propostas parciais das unidades orçamentárias do Legislativo e Judiciário são negociadas num nível superior àquele que vigora para os setores do Executivo.
Orçamento - O orçamento, em linhas gerais, é o ato complexo dos poderes executivo e legislativo que prevê e fixa despesas e receitas, para um determinado período, instrumentalizando, assim, o poder executivo de recursos monetários - a receita pública - para atendimento das necessidades públicas, satisfazendo-as através das despesas públicas. O orçamento, por imposição constitucional, é anual.
O conteúdo da proposta orçamentária encaminhada pelo Executivo ao Legislativo deverá conter os itens seguintes:
Item 1 - Mensagem com exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada, com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da política econômico-financeira do governo; justificação da receita e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de capital.
Item 2 - Projeto de Lei do Orçamento:
- Texto do projeto de lei;
- Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do governo;
- Quadro demonstrativo da renda e despesa segundo as categorias econômicas;
- Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;
- Quadro das dotações por órgãos do governo e da administração;
- Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais;
- Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos anexos 6 e 9 da lei nº 4320/64 e normas posteriores ;
- Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do governo, em termos de realização de obras e de prestação de serviços.
Item 3 - Tabela explicativas com o comportamento da receita e despesa de diversos exercícios.
Item 4 - Especificação dos programas especiais custeados por dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social e administrativa.
Item 5 - Descrição sucinta das principais finalidades de cada unidade administrativa com a respectiva legislação.
ATENÇÃO!! O art. 163 da Constituição Federal atual determina que a lei complementar deverá possuir um conteúdo normativo mínimo para abranger normas atinentes a orçamento, receitas, despesas públicas e crédito público.
 VOCÊ SABIA? Crédito nada mais é que a captação de recursos pecuniários, na figura de empréstimos, para pagá-los, supervenientemente, no prazo e nas condições avençadas, a curto, médio e longo prazo. Documenta-os o Estado em papéis de crédito público de vários tipos, tais como Bônus do Tesouro, Letras do Tesouro, Apólices da Dívida Pública, Títulos da Dívida Agrária etc.
 Para se compreender oSistema Tributário Nacional, é necessário compreender o mecanismo a ser utilizado pelo Poder Público de utilizar de suas prerrogativas de Direito Público para, através do cumprimento das normas, obrigar o particular a entregar valores aos cofres públicos, independentemente de sua vontade. Mas também faz parte deste contexto um planejamento orçamentário que deverá compreender não só a obtenção de receitas, como também a administração das despesas e créditos.
ATENÇÃO!! Para melhor entendimento sobre a atividade financeira, a nossa Carta Magna dedica o capítulo II do título VI (arts. 163 a 169) às finanças públicas, bem como os arts. 21, 23 e 30, pertinentes à discriminação da despesa pública; arts. 21, VII, 22, VI e 48, IV, relativos à emissão de moeda e prescrição de medidas necessárias à sua estabilidade; art. 31, sobre a fiscalização dos municípios; arts. 70 a 75, a respeito da fiscalização orçamentária; art. 99, sobre o orçamento do poder judiciário; art. 100, concernente à dívida pública; e arts. 211 a 213, no que tange às prestações financeiras. observando que todo procedimento realizado pelo poder público em relação à atividade financeira é determinado por lei.
A atividade financeira do estado
 A partir do século XX observamos um crescimento em relação às despesas públicas, para manter não só um processo de evolução em relação à manutenção da vida, como também a introdução de novas tecnologias, o avanço industrial, surgimento de novos empreendimentos, relação internacional com outros Estados no campo da exportação e importação; ou seja, a busca do desenvolvimento econômico fez surgir investimentos, gastos, despesas, receitas e para isso, o Estado através do mecanismo de uma atividade financeira pode inserir no contexto dessa evolução funções fiscais, tais como promover ajustamentos na alocação de recursos; promover ajustamentos na distribuição de renda; manter a estabilidade econômica.
 Como sua principal finalidade é promover o bem comum, satisfazendo as necessidades públicas, o Estado exerce funções para cujo custeio são necessários recursos financeiros ou receitas. E para obter os recursos necessários, ele utiliza do seu poder soberano, ou seja, o direito de tributar que decorre do seu poder pelo qual pode fazer derivar para seus cofres uma parcela do patrimônio das pessoas sujeitas à sua administração, que podemos denominar de receitas derivadas.
 Mas não só de receitas derivadas sobrevive o Estado. Para suprir uma demanda em relação às despesas públicas, ele se utiliza de receitas originárias, que provêm da exploração do patrimônio do Estado, através de aluguéis, venda, leilão etc.
 A receita pública se compõe dos ingressos financeiros que, em tese, têm um único objetivo indiscutível que é a satisfação das despesas públicas. Então, a Receita Pública é a soma de ingressos, impostos, taxas, contribuições e outras fontes de recursos, arrecadados para atender às despesas públicas, cuja classificação econômica da receita orçamentária é estabelecida pela Lei nº 4.320/64 para sustentar o conceito com base no ingresso de recursos financeiros e não pelo reconhecimento do direito.
Receita Pública - Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não sujeita a restituição, ou, por outra, a importância que integra o patrimônio do Estado em caráter definitivo.
Na lição de Aliomar Baleeiro receita pública é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo.
Ingresso de recursos financeiros - O Ingresso Público compreende todo dinheiro recolhido aos cofres públicos, mesmo sujeito à restituição: As importâncias e valores realizados a qualquer título (os tributos: impostos, taxas, contribuição de melhoria e as rendas da atividade econômica do Estado (preços), não restituíveis, são ingressos ou entradas). À semelhança, as fianças, cauções, empréstimos públicos, posto que restituíveis.
ATENÇÃO!! Em resumo, na atividade financeira correspondente à aquisição de receitas, o Estado tem duas fontes nitidamente distintas: receita derivada e receita originária.
Tipos de receitas
Agora, vamos analisar os tipos de receitas:
Receita Derivada
 Origina-se do patrimônio do particular, cujo regime jurídico é de Direito Público, com características de um Estado que usa o seu poder e obriga o particular a contribuir em dinheiro através dos tributos, multas, penalidade etc., envolve uma aquisição de receita mediante o exercício do poder de império do Estado, compelindo a comunidade a efetuar pagamentos compulsórios, sem aquela condição negocial de igualdade entre credor e devedor evidenciada na primeira. É representada pelos tributos e pelas penalidades pecuniárias. Aqui, o Estado mobiliza a sua característica de soberania e exige recursos financeiros, recolhendo compulsoriamente do patrimônio dos indivíduos.
 Embora subordinando-se a limitações e controles jurídicos precisamente definidos, os aparelhos fiscais das entidades tributantes fazem valer o predomínio estatal sobre a sociedade e exigem o Imposto de Renda, o IPI, o ICMS, a taxa de iluminação pública de quem os deve, sem que para tanto celebrem acordo, lavrem-se instrumentos contratuais ou, pelo menos, seja esperada concordância mínima nos elementos postos na condição de devedores.
Receita Originária
 Origina-se do patrimônio do Estado, cujo regime jurídico predominantemente é de Direito Privado, e tem como característica principal o Estado explorando seu próprio patrimônio, que é representada pela forma de aumento patrimonial semelhante à utilizada por qualquer outra pessoa, física ou jurídica, envolvendo transações e negócios tipicamente privados, como doações, heranças, venda de produtos e prestação de serviços etc. O Estado tem acesso a esse tipo de receita por uma relação negocial, como se fosse uma empresa, uma pessoa jurídica de direito privado.
 A mais significativa receita originária é representada pelo Preço, englobando rendimento e remuneração de bens e serviços de empresas estatais, sob a regência de normas de Direito Privado. Tomem-se como exemplos os resultados positivos de empresas como a PETROBRÁS, EMBRATEL, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bancos Estaduais e Companhias de Energia, Água e Esgotos, além de tantas outras instituições tanto no plano Federal como no Estadual e Municipal.
Receita de Contribuições
 É o ingresso proveniente de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. Apesar da controvérsia doutrinária sobre o tema, suas espécies podem ser definidas da seguinte forma:
- Contribuições sociais: destinadas ao custeio da seguridade social, compreendendo a previdência social, a saúde e a assistência social;
- Contribuições de Intervenção no domínio econômico: deriva da contraprestação à atuação estatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade.
- Contribuições de Interesse das categorias profissionais ou econômicas: destinadas ao fornecimento de recursos aos órgãos representativos de categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a órgãos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados.
Receita Patrimonial
 É o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em opções de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes.
Receita Agropecuária
 É o ingresso proveniente da atividade ou da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se nesta classificação as receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários em instalações existentes nos próprios estabelecimentos.
Receita Industrial
 É o ingresso provenienteda atividade industrial de extração mineral, de transformação, de construção e outras, provenientes das atividades industriais definidas como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Receita de Serviços
 É o ingresso proveniente da prestação de serviços de transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização, judiciário, processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes à atividade da entidade e outros serviços.
Receita de Capital
 São os ingressos de recursos financeiros oriundos de atividades operacionais ou não operacionais para aplicação em despesas operacionais, correntes ou de capital, visando ao atingimento dos objetivos traçados nos programas e ações de governo. São denominados receita de capital porque são derivados da obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos e/ou alienação de componentes do ativo permanente, constituindo-se em meios para atingir a finalidade fundamental do órgão ou entidade, ou mesmo, atividades não operacionais visando estímulo às atividades operacionais do ente.
 De acordo com a Lei nº 4.320/64, as receitas de capital serão classificadas nos seguintes níveis de subcategorias econômicas (redação alterada conforme retificação publicada no Diário Oficial da União – 29.06.2004):
- Operações de Crédito: É o ingresso proveniente da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais ou privadas.
- Alienação de Bens: É o ingresso proveniente da alienação de componentes do ativo permanente.
- Amortização de Empréstimos: É o ingresso proveniente da amortização, ou seja, parcela referente ao recebimento de parcelas de empréstimos ou financiamentos concedidos em títulos ou contratos.
- Transferências de Capital: É o ingresso proveniente de outros entes ou entidades referentes a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas de capital.
SAIBA MAIS!
 A destinação da Receita Pública é o processo pelo qual os recursos públicos são vinculados a uma despesa específica ou a qualquer que seja a aplicação de recursos desde a previsão até o efetivo pagamento das despesas constantes dos programas e ações governamentais. A destinação de Receita Pública, para fins de aplicação, é dividida em ordinária e vinculada. 
a) Destinação Vinculada – é o processo de vinculação de fonte na aplicação de recursos em atendimento às finalidades específicas estabelecidas pela legislação vigente; 
b) Destinação Ordinária – é o processo de alocação livre de fonte parcial ou totalmente não vinculada à aplicação de recursos para atender às finalidades gerais do ente.
 Agora que entendemos o que são receitas públicas, ou seja, inserimos dinheiro nos cofres públicos, como podemos compreender sobre as despesas públicas, ou seja, já que o Estado arrecada dinheiro para o cumprimento do Bem Comum, o que se caracteriza para os cofres como despesa, para onde vai o dinheiro arrecadado? O que faz o Poder Público com o nosso dinheiro?
 A despesa pública nada mais é do que a utilização de dinheiro do erário para objetivos públicos, e podemos classificá-la como: despesa corrente, que é a despesa pública usável para manter serviços anteriormente instituídos e, por isso, é despesa corrente sob o título de despesa de custeio; e despesa de capital, que é a despesa pública de investimentos para execução de obras, inversões financeiras para aquisição de imóveis etc.
 Mas tanto para obter receitas quanto para realizar as despesas, o Poder Público deverá obedecer ao princípio da legalidade previsto no art. 37 da Constituição Federal; constitui regra consagrada pela doutrina e textos constitucionais, estrangeiros e pátrios, consubstanciados nos direitos e garantias individuais. Conforme esse dispositivo constitucional, "ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser em virtude de lei". Esse princípio visa combater o poder arbitrário do Estado. Só a lei pode criar obrigação para o indivíduo, isso significa um Estado de Direito.
 No âmbito da administração pública, a autoridade só poderá desempenhar as suas funções dentro do que determina a lei. O servidor público, no exercício de suas atribuições, somente poderá exigir que as pessoas façam ou deixem de fazer alguma coisa na hipótese da ocorrência de lei que as obrigue.
 A receita, antes de consignada no orçamento, é objeto de lei. De igual forma, deve haver uma legislação que determine ou autorize a despesa pública, É com base na lei, por exemplo, que um tributo poderá ser aumentado, excluído ou até mesmo extinto.
 Segundo a categoria econômica, a despesa será classificada em (art. 12, lei nº 4320/64): Despesas Correntes e Despesas de Capital. As despesas correntes dividem-se em Despesas de Custeio e Transferências Correntes. As despesas de Capital subdividem-se em Investimentos, Inversões financeiras e Transferências de Capital.
 O art. 13 da mesma lei dispõe tais despesas por elemento, observadas suas categorias econômicas. O art. 12 da Lei nº 4320/64 apenas classifica as Despesas quanto às categorias econômicas representadas pelos grupos gerais, a saber:
Despesas Correntes, incluem as despesas de custeio e as transferências correntes. As despesas de custeio, em que considera as dotações destinadas à manutenção de serviços já existentes, inclusive as que devam atender à conservação e adaptação de imóveis, são, por exemplo, as despesas com pessoal, material de consumo, serviços de terceiros e outros encargos, não incluídas em despesas específicas. As despesas correntes estão descritas nos parágrafos 1º ao 3º do mesmo artigo da mencionada lei.
Despesas de Capital, tais como os Investimentos, as Inversões financeiras e as Transferências de Capital. Deste grupo, os Investimentos são as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados indispensáveis às mesmas obras, e ainda as despesas utilizadas na programação especial de trabalho, aquisição de instalações, equipamento e material permanente e também a constituição e aumento de capital de empresas não comerciais e/ou financeiras. As despesas de Capital estão descritas nos parágrafos 4º e seguintes do art. 12 da lei.
 O art. 13 classifica as despesas, observada a classificação das categorias econômicas, de acordo com a especificação ou elemento.
Como o Poder Público poderá controlar as despesas?
 Assista ao primeiro vídeo da websérie "E se..." do Tribunal de Contas de Mato Grosso e reflita sobre a seguinte questão: Como o Poder Público poderá controlar as despesas?
 A resposta está no controle de execução orçamentária. Há duas espécies de controle: interno e externo.
Controle Interno
 Controle Interno (arts. 75 a 80 da Lei nº 4.320/64)
 O Poder Executivo deve avaliar a execução orçamentária dos diversos órgãos através de supervisão permanente, diligenciar que os administradores sejam capacitados, impedindo interferências ou pressões ilegítimas, acompanhando os custos globais dos programas do governo, a fim de alcançar uma prestação econômica de serviço.
Controle Externo
 Controle Externo (arts. 81 e 82 da Lei nº 4.320/64)
 Cabe ao Poder Legislativo o Controle Externo da execução orçamentária. O órgão do Poder Legislativo que o auxilia no Controle Externo do Orçamento do Estado é o Tribunal de Contas. A fiscalização é total biparte. Inicialmente o controle é feito através da auditoria financeira e da auditoria orçamentária e posteriormente pelo julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens ou valores públicos. As contas do Poder Executivo são submetidas à apreciação do Poder Legislativo com parecer prévio do Tribunal de Contas. As contas dos municípiosserão apreciadas pelas Câmaras auxiliadas pelos Tribunais de Contas do Estado a que pertencem, quando não houver Tribunal de Contas Municipal.
Aula 5 - Obrigação tributária
A regra-matriz
 A regra-matriz é a representação de uma norma de conduta que leva o contribuinte a entregar dinheiro ao Estado, então podemos concluir que o contribuinte só entrega o dinheiro ao Estado se tiver um motivo. Os motivos da entrega estão descritos nos critérios apontados na regra-matriz de incidência, por isso nenhum tributo poderá ser cobrado sem a composição de todos os elementos dispostos na regra-matriz de incidência tributária.
 É a ocorrência conjunta destes elementos que dará ensejo ao nascimento da obrigação tributária. A partir desse momento, ou seja, quando ocorre a ação descrita no critério material da regra-matriz, é que surgirá a conduta obrigatória a ser cumprida pelo sujeito passivo, em benefício do sujeito ativo fazendo nascer a relação jurídica tributária e desta surge a obrigação tributária do sujeito passivo de pagar ao sujeito ativo uma prestação em dinheiro.
 Mas junto ao estudo devemos também entender quem é o sujeito ativo e quem é o sujeito passivo, quais são suas responsabilidades e por que fazem parte principal da relação da obrigação tributária.
 Quando descrevemos sobre obrigação estamos determinando um polo passivo e um polo ativo, o cumprimento de uma obrigação dentro de uma relação jurídica existente. Melhor dizendo, uma pessoa X compra um carro, nesse momento surge a relação jurídica da pessoa com as responsabilidades que ela deverá cumprir com o Poder Público, por exemplo, pagar o IPVA. Mas qual foi o fato gerador da incidência do tributo? Justamente a compra do veículo, surgindo nesse momento, o dever do Estado de, através do procedimento administrativo, identificar o sujeito passivo, a matéria tributável, o fato gerador, a obrigação e, caso não se concretize o cumprimento da obrigação, aplicar a penalidade pecuniária.
 O ponto principal do nosso estudo será justamente identificar o fato gerador da obrigação, essa regra matriz, seja ela principal ou acessória, que cabe ao contribuinte cumprir, ou seja desde pagar um tributo bem como emitir uma nota fiscal.
Você sabe quanto paga de imposto? 
 “Impostos estão embutidos em todos os produtos e serviços que consumimos. No Brasil, quase ninguém sabe quanto paga de imposto e, o pior, pagamos muito mais do que imaginamos ou do que recebemos em troca.”
O fato gerador
 No art. 114 do Código Tributário Nacional (CTN), Lei nº 5.172/66, encontramos a definição de fato gerador, que é um fato praticado por alguém (sujeito passivo), que irá gerar, acarretar, uma obrigação tributária (principal ou acessória).
 Através do fato gerador podemos entender o início da relação tributária, tendo como base o art. 128 do CTN e art. 150, § 7º da CF.
ATENÇÃO!! O fato gerador é necessário porque se não houver fato gerador, não haverá obrigação tributária. E sempre está determinado em lei para que assim possa caracterizar a obrigação tributária.
 O que acontece para a existência do fato gerador é: a lei faz a previsão de uma situação hipotética, por exemplo, a propriedade de um veículo, caso uma pessoa venha a ter o veículo, incidirá uma obrigação. Mas quando a situação realmente ocorre, ou seja, aquilo que era previsão da lei se concretiza, por exemplo, a compra do veículo, o fato gerador existiu.
 Os elementos que compõem um fato gerador são: lei, situação jurídica, sujeitos passivo e ativo.
 Os aspectos do fato gerador são: material, pessoal, temporal, espacial e valorativo.
 As situações do fato gerador podem ser de fato ou de direito.
De fato - É aquela em que o fato gerador irá se concretizar independentemente da condição futura, a realização do fato gerador é automática; por exemplo, a exportação de uma mercadoria, o ato de exportar, já realiza o fato gerador do imposto de exportação.
De direito - É aquela na qual o fato gerador somente será definitivamente concretizado quando houver a realização de uma condição futura, por exemplo a doação de um imóvel, somente após a doação é que haverá a incidência do Imposto ITD.
SAIBA +
 Vários são os termos que surgiram para designar o antecedente da norma tributária, que é o fato que deve ocorrer para que, produzindo seus efeitos, forme a relação jurídica tributária. As expressões mais comuns estabelecidas pela doutrina são “fato gerador” e “hipótese de incidência”. Para saber mais sobre isso leia o texto, disponível a seguir:
Fato gerador ou hipótese de incidência?
 O fato gerador indica a ocorrência de um determinado procedimento que gera, no mundo fenomênico, uma obrigação tributária. Porém, para surgir esta obrigação tributária é imprescindível que a ocorrência da situação - fato - esteja prevista em lei.
 O fato que gera uma obrigação tributária é utilizado como sinônimo da hipótese de incidência, sendo que o diferencial entre as duas expressões é que o fato gerador é a ocorrência de um fato concretamente, é o acontecimento do fato, enquanto que a hipótese de incidência é a descrição abstrata de um fato na lei que gerará uma obrigação tributária, caso ocorra.
 Para ambas as situações factuais, concreta e abstrata é utilizada a expressão “fato gerador”, inclusive como sinônimo de “hipótese de incidência”, sendo apenas uma questão de divergência terminológica. Estas expressões foram adotadas pelo Código Tributário Nacional em 1966 e até mesmo depois a Constituição de 1988 mostra mais de uma vez estas expressões como sinônimas.
 Para ambas as situações factuais, concreta e abstrata é utilizada a expressão “fato gerador”, inclusive como sinônimo de “hipótese de incidência”, sendo apenas uma questão de divergência terminológica. Estas expressões foram adotadas pelo Código Tributário Nacional em 1966 e até mesmo depois a Constituição de 1988 mostra mais de uma vez estas expressões como sinônimas.
 O Prof. Hugo de Brito Machado, sobre a questão terminológica, diz que “diversas têm sido as denominações utilizadas pela doutrina para designar o fato gerador. Entre outras: suporte fático, situação base de fato, fato imponível, fato tributável, hipótese de incidência”.
 A duplicidade no emprego do termo fato gerador e hipótese de incidência pelo Código Tributário Nacional torna-se claramente evidenciada quando da análise comparativa entre o artigo 116 e o inciso II do artigo 104 daquele diploma legal.
 O artigo 116 diz que “salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador (...)”, tratando de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias que produzam os efeitos que normalmente lhe são próprios; já o inciso II, do artigo 104, diz que “entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - (...) II - que definem novas hipóteses de incidência”.
 Observa-se que ambas as expressões são apregoadas pelo Código, no entanto, reiteradamente são utilizadas como sinônimas.
 Como exemplos, o Código Tributário Nacional anuncia os fatos geradores (hipóteses de incidência) de cada tributo, o artigo 46, que define a hipótese de incidência do IPI, dizendo que “o imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: (...)”; o artigo 63, que define a hipótese de incidência do IOF, “o imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: (...)” ou ainda a hipótese de incidência do ICM/S, discriminada no artigo 1° do Decreto-lei nº 406, de 31.12.1968, onde diz que “o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias tem como fato gerador: (...)”. A questão desta dúbia interpretação é somente o resultado da exatidão linguística indispensável no trabalho e na pesquisa científica,utilizada pelos doutrinadores do Direito.
 Ainda, a Constituição de 1988, no mesmo sentido adotado pelo CTN, emprega a expressão também no sentido de previsão abstrata - hipótese de incidência. Temos o exemplo do inciso I do artigo 154, o qual impede que sejam instituídos impostos cujo fato gerador ou base de cálculo seja próprio dos impostos já discriminados na Constituição.
 Outro exemplo, porém, no sentido de fato gerador concreto de uma obrigação tributária, está contido no parágrafo 7° do artigo 150, o qual dispõe que “a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido”.
 O que é relevante sobre esta altercação para distinguir os tipos dos conceitos terminológicos corretos a serem empregados é ter ciência de empregá-los no sentido corrente que a expressão “fato gerador” tem no âmbito do Direito Tributário.
Fato gerador da obrigação principal
 Diz o CTN, no artigo 114 do CTN, que "fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência", ou seja, é a situação de fato que gera a obrigação tributária de pagamento imposta ao sujeito passivo a crédito do sujeito ativo.
 Para a ocorrência do fato gerador da obrigação principal é preciso que esteja este fato definido em “lei”, ou seja, é matéria compreendida na reserva legal, não podendo a legislação infralegal discriminar a situação hipotética geradora da obrigação principal.
 O fato gerador da obrigação principal está submetido ao princípio da estrita legalidade descrita na Constituição Federal no inciso I, do artigo 150, que diz ser vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
Fato gerador da obrigação acessória
 O fato gerador da obrigação acessória está descrito no artigo 115 do CTN, como sendo qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
 Quando o artigo 115 diz “na forma da legislação aplicável”, está dizendo que não necessariamente deva ser definido por “lei”, pode ser definido pela legislação infralegal.
 O Prof. Hugo de Brito Machado, ilustrando o nascimento de um fato gerador de uma obrigação acessória, exemplifica dizendo que “A situação de quem é estabelecido comercialmente faz nascer as obrigações acessórias de não receber mercadorias sem o documento fiscal correspondente e de tolerar a fiscalização em seus livros e documentos”.
 Assim, o fato gerador da obrigação acessória não necessariamente está ligado à obrigação principal, estão ligadas independentemente, ou seja, uma determinada situação factual pode ser fato gerador de uma obrigação acessória sem haver essencialmente uma obrigação principal a cumprir. Porém, um determinado fato pode gerar ambas as obrigações.
Fato pode gerar ambas as obrigações - Novamente ilustrado por Hugo de Brito Machado que exemplifica “uma situação na qual um comerciante promove a saída de mercadorias de seu estabelecimento faz nascer, ao mesmo tempo, a obrigação de pagar o ICMS (obrigação principal) e também a obrigação de emitir a nota fiscal correspondente (obrigação acessória)”. Note-se que mesmo sendo isento de pagar o referido tributo, ou seja, mesmo não havendo a obrigação de pagar o tributo, há, independentemente desse motivo o dever da obrigação acessória de emissão da nota fiscal.
Sujeito ativo da obrigação tributária
 Conforme preceitua o artigo 119 do CTN, “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento”; é aquele que tem o direito de exigir a obrigação tributária imposta ao sujeito passivo, é o credor, ou seja, o que integra o polo ativo da relação jurídica tributária.
 Caso fosse interpretado o disposto no artigo 119 do CTN conforme alguns dispositivos da Constituição Federal, haveria uma restrição que levaria, por consequência, como ilegais as cobranças de qualquer contribuição fundamentada, por exemplo, no artigo 149 da Constituição Federal, ou seja, todas as contribuições de natureza parafiscal e também nos casos de sujeição ativa auxiliar.
 Ainda no tocante à literalidade do disposto no artigo 119 do CTN, o jurista é contundente ao afirmar que “Se nos ativéssemos à mensagem isolada desse preceptivo, teríamos de suprimir gama enorme de possíveis sujeitos ativos, circunscrevendo a titularidade do direito subjetivo de exigir os gravames tão-somente à pessoas jurídicas de direito público, portadoras de personalidade política”.
 O sujeito ativo pode ser dito como a pessoa jurídica de direito público ou agente público que lhe faça as vezes, com personalidade jurídica para figurar no polo ativo da relação jurídica tributária estabelecida, ou seja, todo aquele que possui capacidade tributária ativa; porém, nem todo ente que exerce a capacidade tributária possui competência tributária, como no caso referente ao INSS, SESC, SESI etc., pois estes possuem a capacidade de cobrar os tributos a eles referentes, enquanto que a competência legislativa tributária é da União.
 É o titular do poder de tributar, atributo este proveniente da soberania do Estado dado pelos contribuintes através de seus representantes do poder legislativo, para a criação do tributo. É o autoconsentimento para a tributação restringindo o governante de exigir diretamente o pagamento de tributos dos contribuintes.
Pessoa jurídica de direito público - Alguns autores alegam que somente as pessoas jurídicas de direito público dotadas de poder legislativo podem ser sujeito ativo de uma obrigação tributária, como Hugo de Brito Machado, quando diz que:
 “Não há de se confundir a condição de sujeito ativo com a de destinatário do produto da arrecadação ou fiscalização de tributos, ou da execução de leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária. Essas atribuições podem ser conferidas por uma pessoa jurídica de direito público a outra, mas isto não implica transferência de condição de sujeito ativo. (...) Às pessoas jurídicas de direito privado apenas podem ser atribuídas as funções ou encargos de arrecadar, o que não constitui delegação de competência (CTN, art. 7°).”
Saiba +
 Outro ponto referente à sujeição ativa é quando uma pessoa política tributante for criada através de desmembramento territorial de outra ou outras pessoas políticas. No caso de derivar de outra, a legislação a ser aplicada será a que deu origem ao novo ente político até que entre em vigor sua própria legislação. Já no caso de derivar de mais de uma, sendo as legislações diferentes, então a lei de criação da nova entidade política expressará sobre qual legislação será aplicável; sendo omissa, aplicar-se-á a lei mais benéfica ao contribuinte.
Sujeito passivo
 O CTN em dois dispositivos - artigos 121 e 122 do CTN - prevê a existência de dois sujeitos passivos, o da obrigação acessória e o da obrigação principal que se divide em direto e indireto, ou seja, o contribuinte e o responsável.
 A obrigação tributária principal e/ou acessória é dever do sujeito passivo assim como o crédito tributário é direito do sujeito ativo, nascendo assim a relação jurídica tributária entre estes dois sujeitos, passivo e ativo.
 Assista ao vídeo informativo realizado pela TV Receita com informações sobre o Portal e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte).
 Quais serviços o portal e-Cac oferece ao cidadão? No portal e-Cac o cidadão pode usufruir de diversos serviços voltado para pessoa física e pessoas jurídica. 
 Os principais serviços oferecidos para PF são: 
- Emissão de Comprovante de inscrição no CPF e complementação de informações
- A opção pelo Domicilio Tributário Eletrônico. Possibilitando queo contribuinte obter uma Caixa postal eletrônica, a onde terá acesso sobre os avisos da receita federal 
- Consulta a processo criados em meio digital na Receita federal do Brasil e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN)
 - Consulta de Pendências sobre situação fiscal , verificando detalhadamente a situação fiscal do contribuinte perante a Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN)
- Copia de declaração do Imposto de Renda, atual e dos últimos anos.
- Obter o extrato do Processamento da declaração de Imposto de Renda e verificar a existência de eventuais pendências, imprimir o DAF para pagamento de quotas, débitos em atrás, obter informações sobre a restituição do IRPF e obter a 2° via do recibo de entrega de declarações;
Tipos de sujeito passivo
Sujeito passivo da obrigação acessória
 O sujeito passivo da obrigação acessória, conforme o artigo 122 do CTN, é a pessoa obrigada às prestações (dever de prestar) que constituem o seu objeto, ou seja, a pessoa obrigada a fazer, a não fazer ou tolerar uma gama de deveres no interesse da arrecadação e da fiscalização tributária, ou seja, são componentes do objeto principal.
 Hugo de Brito Machado considera que o sujeito passivo da obrigação acessória “é a pessoa à qual a legislação tributária atribui deveres diversos do dever de pagar. (...) Qualquer dever diverso do pagamento atribuído pela legislação tributária a qualquer pessoa, no interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, é obrigação acessória, na linguagem do Código Tributário Nacional.”
 O sujeito passivo da obrigação acessória difere do sujeito passivo da obrigação principal devido ao fato de este ser o responsável pelo pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, enquanto aquele cumpre as obrigações impostas pela legislação tributária no interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos.
Sujeito passivo da obrigação principal
 Conforme prescreve o artigo 121 do CTN, "Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária".
 Parágrafo único: o sujeito da obrigação principal diz-se:
I - Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - Responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa em lei".
 O sujeito passivo da obrigação principal caracteriza-se, independentemente dos aspectos econômicos implícitos na relação jurídica tributária, pela prática de um comportamento qualificado como tributável pela legislação tributária.
 Assim, o sujeito passivo da obrigação principal é aquele obrigado a pagar - um dar, um entregar - o tributo ou uma penalidade pecuniária ou multa, podendo ser classificado como sujeito passivo direito e indireto.
Sujeito passivo direto
 O sujeito passivo direto é o contribuinte, ou seja, aquele que tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador tributário - fato típico prescrito na lei.
 Se o sujeito passivo direto não cumpre com a obrigação tributária, então ele (o contribuinte) é o próprio a ser responsabilizado pelo inadimplemento da obrigação.
Sujeito passivo indireto
 O sujeito passivo indireto é o responsável pelo pagamento do tributo, ou seja, aquele que não se reveste necessariamente na condição de contribuinte, tendo relação indireta com o fato tributável.
 Devido a uma disposição legal, a obrigação tributária é atribuída a uma pessoa diversa daquela relacionada com o ato ou negócio jurídico tributado, sendo neste caso a própria lei que substitui o sujeito passivo direto pelo indireto.
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 Para finalizarmos este assunto, leia o texto Capacidade civil do sujeito passivo.
 No tocante à capacidade civil do sujeito passivo (pessoa física ou jurídica) de uma relação tributária, Eurico Marcos Diniz de Santi diz que:
 “A sujeição passiva independe da capacidade civil ou da formal constituição do sujeito passivo no direito comercial. Para o polo passivo, conforme prescreve o Código Tributário Nacional em seu art. 126, requer-se apenas a personalidade jurídica para ocupar ‘o topos’ de sujeito passivo. É desta disposição do Código Tributário Nacional que decorre a necessidade da técnica da responsabilidade tributária como sistematizada pela Lei 5.172/66, para consecução das medidas judiciais conferidas ao fisco.”
 A validade da vontade pela pessoa é o ponto essencial na apuração do sujeito passivo da relação jurídica tributária. Se a vontade é imprescindível para que se forme a obrigação tributária, então não se poderá exigir capacidade civil para figurar como sujeito passivo, porém, apenas no tipo de obrigação gerada por um fato jurídico tributário.
 Ser capaz de realizar o fato jurídico tributário pode não representar ser capaz de ser sujeito passivo tributário, ou seja, pode haver aptidão para realizar o fato jurídico tributário e não haver aptidão (capacidade civil) para figurar no polo passivo de um contencioso tributário.

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