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DIREITO PENAL I

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DIREITO PENAL I – AULA 1
30/07/2013
Semana um
Todos os ramos do direito tem a função de controle social, isso inclui o direito penal, e esse tem como sentindo a redução da violência em sentido amplo.
O direito é uno, conglobante, ou seja, engloba vários ramos, como por exemplo, civil, processual civil, administrativo, tributário, constitucional, penal etc.
Sendo assim todos os ramos do direito visa controle social. O direito penal precipuamente visa a redução da violência ao mínimo necessário para a vida em sociedade.
 
Breve Analise da Evolução Histórica do Direito Penal
Jus Puiendi (direito – dever - poder de punir)
Inicialmente o Jus Puniendi que constitui o trinômio direito, dever, poder de punir, pertencia ao ofendido “Vingança Privada”. Desta forma ficava a critério da vitima a sansão penal aplicável ao agressor. Esta vingança privada foi normatizada pela Lei de Talião (Olho por olho, dente por dente). Tendo em vista que está lei previa como forma de punição na maioria dos casos, a amputação de membros, o Estado se viu diante de uma sociedade mutilada o que fez com que o mesmo trouxesse para si o poder punitivo. Desta forma surge uma era que persiste até hoje da vingança publica, portanto o Jus Puniendi passa a pertencer exclusivamente ao Estado através da figura do juiz.
Jus Acusationis (direito – dever – poder de acusar)
O Jus Acusationis que constitui o trinômio direito, dever, poder de acusar, em regra também pertence ao Estado através do Ministério Publico, mas esta regra não é absoluta, pois excepcionalmente a lei penal e a própria constituição admitirá que o ofendido representado por um advogado possa exercer o Jus Acusationis.
Semana dois
Princípios Norteadores, limitadores ao Jus Puniendi (Poder Punitivo Estatal):
“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”- Art. 1º do Código Penal.
Principio da Legalidade (Art. 1º do CP e Art. 5º, XXXIX CRFB): Alguns doutrinadores tratam legalidade como sinônimo de reserva legal. Entretanto legalidade é mais do que isso, pois é também anterioridade, conclui-se, portanto que o binômio reserva legal + anterioridade forma O principio da Legalidade. 
O principio da reserva legal preconiza que o direito penal só poderá ser legislado em sentido estrito (lei ordinária ou complementar) sendo assim um decreto, uma medida provisória, um decreto lei, uma portaria, um regulamento etc. não podem legislar em matéria penal, pois isto fere este principio.
Obs¹: A constituição não exige que o direito penal seja legislado por lei complementar, que é aquilo que exige quórum qualificado de votação, basta que seja por lei ordinária.
Obs²: O principio da Legalidade vige nas normas penais incriminadoras, não vige nas normas penais não incriminadoras. 
Obs³: No direito penal não se admite analogia in mallam partem aja vista o principio da legalidade. Isto não é possível, pois analogia no direito penal para prejudicar o réu seria dizer que é crime o que a lei não diz. Entretanto como o principio da legalidade não vige, ou seja, não se aplica nas normas penais não incriminadoras, nelas será admitida analogia que acabará sendo sempre in bonam partem, ou seja, beneficiando o réu.
A interpretação analógica é possível nas normas penais incriminadoras desde que por elas expressamente autorizado como ocorre, por exemplo, ART. 121, §2º, I,III,IV do CP.
Analogia vs. Interpretação analógica.
Analogia é método de integração do direito, ou seja, não havendo norma aplicável ao caso em concreto o juiz aplicará norma de um caso parecido.
A interpretação analógica é espécie de interpretação extensiva da norma, portanto é método de interpretação.
Obs⁴: A doutrina diverge se as normas penais incriminadoras “em branco” heterogenias estariam ferindo o principio da legalidade, pois o seu complemento não teria a mesma fonte de produção do direito penal. Para a maioria não há nesses casos lesão ao principio da legalidade, pois a definição do crime não está no complemento e sim na lei ordinária. 
Principio da Anterioridade.
Legalidade = reserva legal + anterioridade
Ninguém pode ser punido sem fato anterior que o defina
O principio da legalidade também preconiza, além da reserva legal, o principio da anterioridade. Desta forma assim como não há crime sem lei que o defina, ninguém pode ser punido por fato que a lei só passou a tratar como crime posteriormente.
DIREITO PENAL I – AULA 2
Principio da intervenção mínima ou ultima ratio
Este principio nasce da vertente minimalista do direito penal ( direito penal mínimo) que intende pela intervenção mínima deste ramo do direito na vida em sociedade. Desta forma o poder legislativo quando for tratar de determinada condutas lesivas aos interesses da sociedade deverá buscar primeiramente nos outros ramos do direito deixando o direito penal só para situações extremadas, ou seja, se os outros ramos do direito com suas respectivas sansões forem suficientes para reprimir e principalmente prevenir essas condutas não haverá intervenção penal.
Obs: Alguns doutrinadores tratam este principio como sinônimo do principio da subsidiariedade do direito penal. Entretanto apesar de estarem intimamente ligados não são.
O principio da intervenção mínima bem como o da subsidiariedade do direito penal visa a utilização deste ramo do direito em ultimo caso, mas este será utilizado pelo juiz, diante do caso em concreto para absolver enquanto que aquele é utilizado pelo poder legislativo no momento de legislar.
Principio da Fragmentariedade 
A palavra fragmentariedade vem de fragmentos, se o direito penal tem que ser mínimo, então o direito penal vai proteger todos os bens, vida, patrimônio, liberdade, dignidade sexual, a fé publica etc... Mas não em todos os casos
Este principio também nasce da vertente minimalista do direito penal (direito penal mínimo). Se o direito penal deve intervir minimamente na vida em sociedade também precisa ser fragmentado, ou seja, o direito penal assim como os demais ramos do direito vai proteger, tutelar todos os bens jurídicos importantes para a vida em sociedade, como por exemplo a vida, o patrimônio, a honra, a paz publica, a fé publica, administração publica etc. Entretanto esses bens jurídicos não serão totalmente, irrestritamente protegidos pelo direito penal. O direito penal vai fragmentar esses bens e proteger somente certas e determinadas circunstancias.
Principio da Lesividade, ofensividade ou transcendência.
Este principio preconiza que não há crime sem lesão ou ameaça de lesão a bem de terceiro.
Deste principio primeiramente conclui-se que existe no direito penal de dano e crimes de perigo. Apesar de minimalista não vai intervir somente, na vida em sociedade, quando a conduta provocar lesão aos bens jurídicos tutelados, mas também excepcionalmente quando a conduta gerar possibilidade de dano a esses bens.
Obs: Os crimes de perigo se dividem em concreto e abstrato. Esta classificação é doutrinária e jurisprudencial. Quando um crime é classificado como sendo de perigo abstrato significa que a presunção do perigo é absoluta, ou seja, não admite prova em contrario. Entretanto se o crime for classificado como sendo de perigo concreto a presunção não será absoluta e sim relativa admitindo, portanto prova em contrario. 
Obs²: Para os adeptos do direito penal mínimo, todo crime de perigo deve ser classificado como sendo de perigo concreto. Para esta doutrina a presunção é inconstitucional quando é absoluta no direito penal. Para eles não há crimes sem lesão, ou ameaça concreta de lesão a bem de terceiro.
Do principio da Lesividade, ofensividade ou transcendência também pode-se concluir que o direito penal, não pune auto lesão, ou seja, se não houver dano, ou perigo de dano a bem de terceiro, o direito penal, não poderá intervir.
Principio da Culpabilidade (Nullum crime sine culpa)
Este principio impede que o direito penal possa responsabilizar objetivamente, ou seja, para ser crime, nãobasta a comprovação de que o sujeito, deu causa ao resultado ( nexo causal ) é indispensável também a comprovação de que o sujeito praticou a conduta ao menos culposamente
Principio da Insignificância ou Bagatela
Este principio também nasce de uma vertente minimalista do direito penal dependendo, das circunstancias em que ela foi praticada, do réu, e principalmente da extensão da lesão por ela provocada ao bem jurídico tutelado, o juiz com base neste principio poderá absolver o réu mesmo tendo ele praticado uma conduta que a lei penal descreve como crime.
Exemplo: Furto de um saquinho de jujubas das lojas americanas.
Pois nesse caso, como foi furto, não foi empregada violência ou forte ameaça, e o valor do item furtado não é significante a receita diária da loja.
Principio da Adequação social
Este principio possui duas vertentes. A primeira delas deve ser observada por todos os ramos do direito:
Informar ao poder legislativo a necessidade de uma mudança na lei pois a mesma não está se adequando aos interesses da sociedade.
A Segunda vertente nasce da visão minimalista do direito penal. Tendo em vista a morosidade do poder legislativo para alterar a lei o juiz, diante do caso em concreto poderá absolver o réu tendo em vista que aquela conduta criminosa não se adequa mais a sociedade.
Conflito ou Concurso Aparente de Normas
O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada à hipótese.
Alguns elementos são necessários para se caracterizar a existência de conflitos de normas:
	Unidade do fato, há somente uma infração penal;
Pluralidade de normas, duas ou mais normas, aparentemente, identificam o mesmo fato;
Aparente aplicação de todas as normas à espécie, a incidência de todas as normas é apenas aparente;
Efetiva aplicação de apenas uma delas, somente uma norma é aplicável, por isso o conflito é aparente.
O direito Adota o principio do non bis in idem em todos os seus ramos. No direito penal dentre outras funções visa impedir que alguém possa ser condenado por dois ou mais crimes sendo que praticou apenas um deles.
Em alguns casos a conduta se adequará a duas ou mais normas, o que gera um conflito ou concurso meramente aparente de normas. Para resolver este conflito existem três princípios:
Principio da consunção, subsunção ou absorção.
Principio da especialidade.
Principio da subsidiariedade da norma.
A doutrina irá conceituar cada um desses princípios, entretanto na pratica eles se confundem, portanto observemos o seguinte macete:
O principio da consunção aplicar-se-á somente nos seguintes casos:
Crime complexo 
Crime progressivo 
Progressão criminosa-
Crime complexo é aquele que contem dois ou mais crimes autônomos, por exemplo, o crime de latrocínio é complexo, porque dentro dele há dois crimes: o homicídio e o roubo; o crime extorsão mediante sequestro é um crime complexo, pois ele contem o crime de extorsão e o crime de sequestro.
Crime progressivo ocorre quando o sujeito pratica dois ou mais atos visando uma única conduta sendo que cada ato isoladamente constitui um crime, crime este necessário para aquele. 
Progressão criminosa ocorre quando o sujeito pratica dois ou mais atos visando uma única conduta, entretanto cada ato por si só constitui um crime. A diferença entre um crime progressivo e a progressão criminosa é que aquele ocorre quando o crime meio é sempre necessário para a pratica do crime fim enquanto que este não, ou seja, o crime meio não é sempre necessário para a pratica do crime fim, só o foi no caso em concreto.
Na hipótese de crime complexo bem como na de crime progressivo não há duvida que constitui um conflito ou concurso aparente de normas devendo-se aplicar o principio da consunção para resolve-lo . Entretanto quando há progressão criminosa a acusação tentará convencer o juiz a não aplicar este principio e com isto condenar o réu em concurso de crimes. Podemos citar como exemplo de progressão criminosa o sujeito que para furtar uma joia invade um domicilio; outro exemplo seria o sujeito que falsifica um documento publico para praticar estelionato.
Caso o conflito não se resolva pelo principio da consunção, haja vista não se tratar de crime complexo, crime progressivo ou progressão criminosa, deve-se ler as normas conflitantes e verificar se existe semelhança entre elas. Caso haja semelhança aplicar-se-á o principio da especialidade, caso em contrario, ou seja, não havendo semelhança entre elas para resolver o conflito aplica-se o principio da subsidiariedade da norma 
Consequências:
No principio da consunção haverá um crime fim e os demais crimes meios devendo aquele absorver estes. No caso da progressão criminosa haverá um antefactum e um postfactum e se o juiz aceitar a tese defensiva de que se deve aplicar o principio da consunção, ou o antefactum absorverá o postfactum ou vice-versa.
No principio da especialidade haverá uma norma geral e uma norma especial, a norma especial é aquela que tem detalhes chamados de epecializantes que a norma geral não tem. Desta forma havendo conflito entre a norma geral e a especial aplicar-se-á esta em detrimento daquela, derrogando-a no caso em concreto.
No principio da subsidiariedade da norma uma delas será a norma primaria e as outras são subsidiarias. A norma primaria é a mais grave, ou seja, a que tiver a pena maior. Havendo conflito entre a norma primaria e as subsidiarias deve-se aplicar somente a primaria. Importante frisar que a subsidiariedade pode ser tácita ou expressa. Será expressa quando a própria norma penal disser “Se o fato não constitui crime mais grave.”, como ocorre, por exemplo, no art. 132 do CP.
Principio da Alternatividade
Este principio só se aplica as normas que tem mais de um verbo( núcleo) como por exemplo art. 122 do CP, art 33 da lei nº 11343/06, art. 14 da lei nº10826/03 etc. Estas normas são classificadas pela doutrina com as seguintes nomenclaturas: Crimes plurenuclear, crimes de conteúdo variado, crimes de ação múltipla ou tipo misto alternativo.
Este principio preconiza que quando o sujeito no mesmo contexto executa mais de um dos núcleos do tipo deverá responder pelo crime uma única vez, haja vista o principio do non bis in idem. Importante frisar que este principio pode não ser adotado pelo juiz	
Semana 4
Âmbito de aplicação da lei penal: 
No Espaço
A lei penal será aplicável a crimes cometidos no Brasil e excepcionalmente em outros países.
Este tema é trabalhado a partir dos seguintes princípios:
Principio da territorialidade (art. 5º do CP) : 
Principio da extraterritorialidade (art. 7º do CP)
O principio da Territorialidade foi adotado no Brasil como regra, sendo assim se um crime for praticado dentro do território nacional brasileiro estará submetido as leis penais brasileiras entretanto está regra não é absoluta e sim relativa, pois o Brasil é signatário da convenção de Viena, que prevê a chamada imunidade diplomática 
Território nacional pode ser conceituado sob dois aspectos: Geográfico ( até onde o Brasil tem suas fronteiras) e Jurídico ( todo e qualquer lugar que o Brasil exerça soberania). 
De acordo com os parágrafos do art. 5º do CP, o Brasil adotou, para efeito dos princípios da territorialidade o conceito jurídico de território nacional.
Excepcionalmente o Brasil também adotará o principio da extraterritorialidade. Sendo assim em alguns casos. Aplicar-se-á a lei penal brasileira a um crime cometido fora do nosso território nacional.
Obs: O paragrafo primeiro do art 7º do CP determina que nos casos do inciso um do art 7º do CP, o sujeito ficará submetido a lei penal brasileira ainda que ele também esteja sendo processado pela lei penal do pais estrangeiro, lesando portanto o principio do non bis in idem. Visando amenizar esta lesão o art 8º do CP determina que a pena cumpridano estrangeiro será descontada da pena aplicada no Brasil.
Obs²: Nas hipóteses do inciso II e do paragrafo terceiro do art. 7º do CP a extra territorialidade depende da presença cumulativa das condições elencadas no paragrafo 2º deste mesmo artigo.
Princípios adotados no art. 7º do CP 
No inciso 1º adotou-se o principio da defesa, real, ou de proteção.
No inciso 2, a linha a, adotou-se o principio da universalidade, cosmopolita ou da justiça penal universal.
O inciso 2, a linha b, adotou o principio da nacionalidade ou personalidade ativa.
O inciso 2, a linha c, adotou o principio da bandeira ou representação.
O paragrafo 3º é controvertido:
Primeiro posicionamento: Adotou-se o principio da defesa real ou de proteção 
Segundo posicionamento: Adotou-se o principio da nacionalidade ou personalidade passiva.
O art. 6º do CP adotou para efeitos de tempo do crime a teoria da ubiquidade ou mista. Desta forma o lugar do crime é tanto o da conduta quanto o do resultado.
Obs³: Uma sentença proferida por juízo estrangeiro só poderá ser executada no Brasil se tiver sido homologada pelo STJ ou STF dependendo do caso. No caso de uma sentença penal estrangeira o STJ só poderá homologa-la nas hipóteses do art. 9º do CP( rol taxativo, ou seja, numerus clausos - principio da taxatividade, ou seja, não admite interpretação extensiva ou analogias).
RESUMO DE LEI PENAL NO ESPAÇO
Trata-se dos locais em que o crime é praticado para que o mesmo seja processado no Brasil. Nesse caso, segundo o art.5º, do CP, se o crime for cometido no território brasileiro, incluindo mar territorial e espaço aéreo, ou se for cometido em aeronave ou navio público brasileiro, aplicar-se-á a lei local. De igual sorte, se o crime for praticado em embarcações privadas em missão oficial do governo brasileiro, ou se, essas estiverem em alto-mar, a legislação brasileira também será a aplicada.
Destaca-se que também se aplica a legislação local se o crime estiver sido cometido em embarcação estrangeira, desde que, no momento do cometimento do crime, essa esteja passando no território nacional. No que pese tais regras, podemos afirmar que a mesma pode ser mitigada em alguns casos, como por exemplo, nos crimes cometidos por diplomatas. 
Ainda em relação a esse assunto, vale salientar que o art.6º, do Código Penal, consagra a teoria da ubiquidade, sendo que essa dispõe que o local competente para se aplicar as normas penais é a do lugar da ação ou da omissão, ou o local do resultado. Convém ressaltar que tal previsão tem como escopo reduzir a impunidade, haja vista que a prática de um ato delituoso poderia ser iniciada em um país que tal conduta não é tida como crime, e terminar em outro cuja conduta é punível.
No tempo
É possível que o crime tenha sido praticado na vigência de uma lei penal e após ela ser revogada por outra lei. Nesses casos haverá um conflito intertemporal de leis penais, ou seja, um conflito de leis penais no tempo que se resolverá através dos seguintes princípios.
Regra – Principio da irretroatividade da lei penal
Exceção – Principia da retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu
Vide art. 5º XL da constituição e artigos 2º e 107, inciso três do CP.
Observa-se, portanto que em regra dever-se-á aplicar a lei penal vigente no tempo do crime (art. 4º do CP – teoria da atividade), ou seja, a que estava vigente no momento da conduta ( ação ou omissão)
Primeiramente é preciso diferenciar crime permanente de crime continuado. O crime permanente é uma classificação doutrinaria que visa indicar crimes que exigem uma conduta que se prolongue no tempo, por exemplo, crimes de sequestro ou cárcere privado (art.148 do CP); extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP); crime de casa de prostituição (art. 229 do CP); tráfico de drogas na modalidade “manter em deposito ( art. 33 da lei nº 11343/06) etc.
Crime continuado é uma espécie de concurso de crimes. Trata-se de uma ficção jurídica para beneficiar o condenado que pratica dois ou mais crimes da mesma espécie com circunstancia de tempo, lugar, modus operandis, etc semelhantes. Por exemplo, uma funcionaria do caixa que das lojas americanas que uma vez por semana subtrai valore do mesmo. Durante cinco semanas ela praticou cinco furtos, mas levando-se em consideração que estão presentes os requisitos do crime continuado (art. 71 do CP) é como se um furto fosse continuação do outro e isto fará com que a pena desta funcionaria fique menor.
Obs: Sumula nº 711do STF: tempo do crime nos crimes permanentes e nos crimes continuados. O tempo do crime nos crimes permanentes bem como a hipóteses de crimes continuados, ocorrer no momento em que cessa a permanência no caso dos crimes permanentes e quando cessa a continuidade nos crimes continuados, portanto a lei penal que deverá ser aplicada é aquela vigente ao tempo do crime que nesses casos será aquela vigente no momento que cessou a permanência e a continuidade, ainda que ela seja mais severa do que as leis penais anteriores. Se após da cessação da permanência e da continuidade surgir lei penal mais benéfica, ai sim haverá conflito intertemporal de leis penais, devendo retroagir a nova lei mais benéfica afim de beneficiar o condenado
Hipoteses de leis Penais no Tempo
Abolitio Criminis (ART. 5ª, XL CRFB, 2º caput e 107, III do CP): Trata-se de uma lei penal que deixa de tratar como crime determinada conduta. Por exemplo a lei nº 11106 /05 que deixou de tratar como crime a conduta de adultério e a de rapto consensual ( revogou os artigos 240 e 220 do CP) respectivamente
Obs: Nem sempre quando uma lei revoga uma lei penal incriminadora significará que houve uma abolitio criminis, por exemplo, o art. 219 do CP também foi revogado pela lei 11106/05, mas não deixou de ser crime, deixou de ser rapto e passou a ser crime contra a liberdade individual vide art. 148 § 1º, V do CP. Os artigos 214 e 216 do CP foram revogados em 2009 pela lei nº12015, mas não houve abolitio criminis, pois as condutas ali descritas foram acrescidas aos artigos 213 e 215 do CP respectivamente. 
Obs²: Com a abolitio criminis extingue-se todos os efeitos condenatórios mesmo que a sentença penal já tenha transitado em julgado
Novatio legis in mellius (ART. 5º XL CRFB; art. 2º paragrafo único do CP): Trata-se de nova lei que passa a dar ao crime tratamento penal mais benéfico, por exemplo a lei nº 12015/09 revogou tacitamente o art. 9º da lei nº8072/90 que determinava uma pena maior para crimes hediondos quando praticados em certas circunstancias.
Novatio legis in pejus (ART. 5º XL CRFB): Trata-se de leis penais que passam a dar tratamento mais severo do que a lei anterior, por exemplo, lei nº 10763/03 que aumentou a pena dos crimes de corrupção passiva (ART 317 CP) e da corrupção ativa ( ART. 333 CP)
Novatio Legis incriminadora (ART. 1º do CP; ART. 5º XXXIX da CRFB): Trata-se de uma lei penal que passa a tratar como crime o que antes não era, por exemplo, lei nº 12012/09 que acresceu ao código penal o art. 349ª do CP, passando a tratar como crime o que até então não era.
Questões controvertidas sobre lei penal no tempo:
Retroatividade da lei penal mais benéfica da vacatio legis – Discute-se na doutrina e jurisprudência se o juiz, diante do caso em concreto, poderia retroagir ao tempo do crime a nova lei penal mais benéfica ainda no período de vacancia:
1º Posicionamento: Uma lei que ainda está em vacatio legis não tem aplicabilidade, até porque se ela for revogada neste período o juiz terá aplicado uma lei que nunca chegou a ter vigência. Desta forma o juiz deverá aplicar a lei penal vigente ao tempo do crime e depois ao final da vacancia da nova lei penal mais benéfica, retroagi-la e aplica-la ao condenado.
2ºPosicionalmento: O período de vacatio legis existe apenas para que a sociedade se adeque as novas regras, portanto ela já tem aplicabilidade. Desta forma o juiz deverá retroagi-la desde logo, haja vista o principio da retroatividade da lei penal mais benéfica
3º Posicionamento: Em regranão se deve retroagir a lei penal mais benéfica enquanto estiver no período de vacância salvo se aguardar o fim da mesma trouxer ao condenado prejuízo irremediável
Ultra Atividade da lei penal de vigência temporária (ART. 3º do CP): Podemos citar como exemplo de lei penal de vigência temporária	os crimes eleitorais que estão previstos no código eleitoral, pois só tem aplicabilidade no período das eleições. De acordo com o artigo 3º do CP aqueles que praticarem a conduta descrita como crime durante a vigência da lei penal temporária serão atingidos por ela, mesmo após a cessação da sua vigência, isto porque elas são ultra atias. A controvérsia surge porque alguns doutrinadores minoritariamente entendem que o artigo 3º do CP não foi recepcionado pela constituição de 1988 haja vista o art. 5º XL da CRFB determina a retroatividade da lei penal mais benéfica e se não é mais crime significa que houve uma abolitio criminis. Majoritariamente entende-se que o art. 3º do CP foi recepcionado pela constituição de 1988, pois o que ocorre não é uma abolitio criminis e sim o fenômeno da auto cessação da vigência.
Combinação de leis: Combinar leis penais no tempo, para beneficiar o réu, significa aplicar a parte mais benéfica da lei vigente ao tempo do crime combinando com a parte mais benéfica da nova lei penal. São três posicionamentos a respeito desta questão controvertida:
Primeiro Posicionamento: Não é possível combinação de leis penais no tempo, pois desta forma o juiz estaria criando uma terceira lei penal, tendo em vista que o poder judiciário não tem competência para legislar em matéria penal, ferindo, portanto o art. 22 I da CRFB. Sendo assim a combinação de leis é inconstitucional, devendo o juiz, nesses casos, aplicar a lei penal vigente ao tempo do crime.
Segundo posicionamento: Este posicionamento é particularmente do Rogerio Greco que também entende que a combinação de leis penais no tempo é inconstitucional, mas baseando-se em leis penais de outros países, entende que o juiz deverá questionar ao réu e seu defensor qual das leis será aplicada, se a nova ou a vigente ao tempo do crime.
Terceiro Posicionamento: Para esta doutrina a hipótese não constitui combinação de leis e sim o juiz aplicando parte da lei penal vigente ao tempo do crime, pois se ele deve em regra aplica-la no todo também poderá aplicar somente parte dela, seguindo a máxima (quem pode o mais pode o menos)
Retroatividade do complemento da norma penal em branco para beneficiar o réu: 
Primeiro Posicionamento: A constituição de 1988 no Art. 5º, XL determina a retroatividade da lei penal mais benéfica. Neste caso não há lei penal para retroagir, pois a mesma não mudou o que mudou foi apenas o seu complemento, desta forma não há o que retroagir.
Segundo Posicionamento: Quando o complemento da norma penal em branco é alterado, altera-se, ainda que indiretamente a norma penal. Desta forma o mesmo deverá retroagir haja vista o principio da retroatividade da lei penal mais benéfica.
Terceiro posicionamento: O complemento da norma penal em branco só deverá retroagir quando alterar a essência, a substância da norma. Esse posicionamento é MARJORITARIO 
Retroatividade da lei penal mais benéfica inconstitucional: Para que uma lei seja declarada inconstitucional erga omnis, ou seja, deixe de ter eficácia no mundo jurídico é preciso que através de uma ação o STF declare sua inconstitucionalidade. Entretanto nada impede que o juiz, diante do caso em concreto possa nos altos do processo inter partes, declará-la inconstitucional
A Questão se torna controvertida quando se trata de uma lei penal mais benéfica, pois por um lado a própria constituição de 1988 no seu Art.5º, XL determina que a nova lei penal mais benéfica ao réu deverá retroagir ao tempo do crime, mas por outro lado o juiz estaria aplicando uma lei penal que ele entende inconstitucional.
Eficácia da Sentença penal Estrangeira
Pelo principio da soberania uma sentença estrangeira só poderá ser executada no Brasil após homologação do STJ no caso de uma sentença estrangeira de natureza penal o STJ só poderá homologa-la nos casos do Art. 9º do CP
Contagem dos prazos penais (art. 10, 11 do CP e 798do CPP)
O Código penal se divide em duas partes: Parte Geral (Art.1º a 120 do CP) e Parte Especial ( Art.121 a 361 do CP). Ainda temos leis especiais como, por exemplo, l.11343/06; 9503/97; 9455/97... Que também trazem normas penais incriminadoras. 
De acordo com o art. 12 do CP, a parte geral do código penal, aplica-se a parte especial e também aos crimes definidos em leis especiais, salvo se elas dispuserem de modo diverso (especialidade).
Por exemplo a lei de contravenções penais (LCP) – DL.nº3688/41 não admite extraterritorialidade pois o seu art. 2º não pune uma contravenção penal quando praticada fora do território nacional brasileiro. Portanto o art. 7º do CP não se aplica a esta lei especial pois ela dispõe de modo diverso.
DIREITO PENAL I – PARTE 2
Teoria do Crime/delito/infrações penais
 
Muitos Doutrinadores e a maioria dos operadores do direito tratam crime ou delitos como sinônimo das infrações penais. Na verdade infração penal é gênero cujas espécies são os crimes, também chamados de delitos e as contravenções penais.
Obs: A diferença entre crime e contravenção penal encontra-se no preceito secundário da norma penal incriminadora, ou seja, na pena. Os crimes são punidos com reclusão ou detenção e as contravenções penais por prisão simples ou multa isoladamente (vide art 1º da LICP)
Teoria causalistas
Para os adeptos da teoria causalista, crime é todo fato típico, ilícito ou antijurídico e culpável.
Teoria Clássica Causal
A inspiração dessa teoria é o naturalismo, sendo que na época entendia-se que o direito penal deveria ser composto apenas de elementos sensoriais, haja vista que embutir valores ao direito penal acarretaria uma possível discricionariedade do juiz e, consequentemente uma violação a isonomia. 
Tal acepção do crime tinha ainda o condão de separar o aspecto externo, objetivo, do aspecto interno, subjetivo. Em relação à exterioridade, é imperioso realçar que um fato para ser tido como crime, era necessário que houvesse ação, resultado previsto na lei e tutelado pelo direito penal, e relação de causalidade. No tocante ao aspecto interno, era necessário o dolo ou a culpa do agente, sendo irrelevante a análise do juízo de reprovação, haja vista a inexistência de valores.
É importante frisar que a imputabilidade, capacidade de entendimento da conduta, não era vista na culpabilidade, mas sim como um elemento diverso aos aspectos subjetivos e objetivos.
Teoria Neoclássica Causal
Como a teoria clássica não conseguia explicar como uma conduta poderia ter sido dolosa, todavia, ser justificável perante a sociedade, haja vista os interesses em jogo tutelado, estabeleceu-se, na doutrina, a teoria neoclássica, que procurava aproximar o direito penal dos valores.
Dessa forma, o elemento subjetivo, que anteriormente era a aferição de dolo ou culpa, para essa acepção passou a ser composta pela imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, dolo e consciência da ilicitude, ou culpa (concepção psicológica normativa).
Observação: nesse momento surgem elementos valorativos.
Teoria finalista
Para os adeptos da teoria finalista, nós vamos ter os que também adotam o conceito tripartido, ou seja, todo crime é um fato típico, ilícito ou antijurídico e culpável .
Há também dentro da teoria finalista adeptos do conceito bipartido
A culpabilidade não é um elemento de conceito analítico de crime, e sim mero pressuposto de aplicação de pena.
Na concepção finalista cabe ao jurista descobrir a estrutura da realidade, ou seja, a chamada lógica da coisa, que permite aferir o conceito de ação, tal qual se apresenta na natureza e se insere também na ideia de vontade ou finalidade. Dessa forma, enquanto que no causalismo havia uma perspectiva de se olhar todas as causas que concorreram para a fatalidade davítima, no finalismo, apenas a causa determinante é apurada.[1: Ou seja, em outras palavras, toda conduta humana é finalisticamente dirigida. O ser humano consegue perceber o que irá acontecer.]
Assim, a partir do conceito finalista, fazem parte do conceito de ações os elementos objetivos (própria exteriorização do comportamento) e os elementos subjetivos (vontade de realizar aquele comportamento), sendo que, como os tipos penais são descritos por ações proibidas, a partir de Weizel, essas descrições possuem elementos objetivos e subjetivos. Dessa forma, podemos afirmar que o dolo e a culpa, antes elemento da culpabilidade, agora fazem parte do tipo penal, haja vista que no sistema formalista, todas as formas de realização da conduta são problemas de tipicidade.
Ante o exposto, o lado subjetivo da teoria é composta apenas pela imputabilidade, potencial de consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
Sem embargo ao que fora dito, ressalta-se ainda que tal teoria reaproximou-se da acepção clássica do direito penal, sendo que o juízo de reprovabilidade está dentro
Teoria Constitucionalista do Delito (TCD) (Roxin)
Do Fato típico 
Elementos:
Conduta Penal
Resultado
Nexo causal
Tipicidade
	Crimes materiais/ de resultado
	Crimes formais
	Crimes de mera conduta
	Conduta penal
	Conduta penal
	Conduta penal
	Resultado Jurídico
	Resultado Jurídico
	Resultado Jurídico
	Resultado naturalístico
	Tipicidade
	Tipicidade
	Nexo causal
	
	
	Tipicidade
	
	
	Ex: Art. 121 CP; art. 122 CP; Art. 123 CP; art. 124; art. 125; art. 126; art. 129…
	Ex: art. 147; art. 158, art. 159 CP…
	Ex: Art. 150; art. 135, art. 244; art. 246; art. 269…
Obs: Alguns doutrinadores tratam crime formal como sinônimo de crime de mera conduta pois em ambos os elementos do fato típico são os mesmos. Entretanto há uma pequena diferença entre eles: 
Nos crimes formais existe resultado naturalístico e nexo causal, mas são irrelevantes. Enquanto que nos crimes de mera conduta eles não existem
Conduta penal
Para os adeptos da teoria casualista a conduta é um mero movimento corporal positivo ou negativo, ou seja, simplesmente fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Entretanto para a teoria finalista (adotada pelo código penal) conduta penal não é simplesmente fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Para haver uma conduta penal é preciso a presença de requisitos
Vontade
Finalidade
Exteriorização
Consciência 
Sendo assim a ausência de qualquer um desses elementos significará ausência de conduta penal, portanto ausência de fato típico e por consequência não haverá crime.
Hipóteses de Ausência de conduta penal
Atos reflexos
Atos inconscientes
Caso fortuito
Força maior ou coação física irresistível
Obs: De acordo com a Teoria da Actio libera in causa o sujeito que provoca situação que possa excluir a conduta penal não terá este beneficio. Por exemplo, o sujeito que provoca um ato reflexo terá conduta penal.
A coação pode ser física ou moral. O que pode excluir a conduta penal do coagido é a física pois na coação moral o coagido terá conduta penal.
Espécies de conduta penal:
A conduta penal pode ser comissiva ou omissiva. A conduta comissiva é aquela que depende de uma ação, ou seja, fazer alguma coisa, e a omissiva é aquela que ocorre de uma omissão, ou seja, deixar de fazer alguma coisa 
Quando o nucleo( verbo) contido na norma penal incriminadora for “deixar de” significa que trata-se de um crime omissivo puro, proprio ou propriamente dito, pois exige uma conduta omissiva pura, propria ou propriamente dita 
Quando o nucleo exigir uma ação como por exemplo matar, subtrair, exigir, constranger etc. Significa que trata-se de um crime comissivo puro, proprio ou propriamente dito, pois exige uma conduta comissiva pura, propria ou propriamente dita. Desta forma só é possivel através de uma omissão responder por um crime comissivo se o sujeito tiver o poder o dever de evitar o resultado. As alineas do paragrafo segundo do art 13 do CP trás aqueles que tem o dever que são chamados pela doutrina de garantidores ou garantis; mas sómente diante do caso em concreto é que verificar-se-á o poder de evitar o resultado.
Objeto da conduta penal
Objeto jurídico - é o bem jurídico tutelado, por exemplo, vida, patrimônio, liberdades, fé publica, paz publica etc.
Objeto material – é sobre o que recai a conduta penal, por exemplo, no homicídio é alguém; no furto e no roubo é coisa alheia móvel; no infanticídio é o próprio filho.
Sujeitos da Conduta penal
Sujeito ativo – É aquele que pratica a conduta penal
Sujeito passivo – É aquele que sofre com a conduta penal
Obs¹: O sujeito passivo se divide em imediato (aquele que sofre diretamente) e mediato (aquele que sofre indiretamente com toda e qualquer conduta penal, ou seja, o Estado).
Obs²: O Estado também pode ser sujeito passivo imediato, por exemplo, nos crimes contra a administração publica (art. 312 e seguintes do CP)
Obs³: No crime contra os mortos (art. 138 § 2º; 209 a 212 do CP) o sujeito passivo imediato não é o morto, pois ele não sofre.
Para aqueles que admitem crimes vagos (sujeito passivo imediato desprovido de personalidade) no crime contra os mortos seria a família. Para aqueles que não admitem crimes vagos seria o Estado. A MAIORIA DA OUTRINA ADMITE CRIME VAGO.
Obs⁴: O sujeito passivo imediato pode ser determinado ou indeterminado nos crimes de dano o sujeito passivo é determinado já nos crimes de perigo é indeterminado 
Obs⁵: A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo. Quanto a ser sujeito ativo não, salvo nos crimes ambientais e nos crimes contra o sistema financeiro e tributário, sendo que neste ultimo ainda está pendente de regulamentação por lei ordinária. ( vide arts. 173, § 5º; 225,§ 3º CRFB e lei nº 9605/98)
Do Resultado
Resultado se divide em:
 Jurídico – É o bem Jurídico tutelado 
Naturalístico – É a alteração no mundo exterior provocado pela conduta penal 
Obs: Todo crime tem resultado Jurídico mas nem todos tem um naturalístico
Ex: No crime de homicídio o resultado jurídico é a vida, mas o naturalístico é a morte. Já no crime de roubo o resultado jurídico é o patrimônio, pois o roube é um crime contra o patrimônio, o resultado naturalístico é a perda do patrimônio.
Nexo Causal
É o liame, a ligação entre a conduta penal e o resultado naturalístico. Desta forma somente nos crimes materiais, de resultado é que o nexo causal ou nexo de causalidade será observado pelo juiz na analise do fato típico.
Para verificação do nexo causal o art. 13 caput do CP adotou a teoria da equivalência dos antecedentes também chamada de teoria da conditio sine qua non que determina o “ juízo hipotético de eliminação”, ou seja, para se verificar o nexo causal deve-se, hipoteticamente, excluir a conduta penal, se o resultado se mantiver é porque não houve nexo causal caso em contrario haverá.
Obs: Eventualmente poderão existir fatos que possam intervir entre a conduta penal e l resultado naturalístico. São as chamadas concausa/causa.
Exemplo de concausas
Antes de analisarmos a imputação objetiva, é imperioso ressaltar que o §1º, do art.13, do Código Penal, de forma precursora, tentou resolver o problema da teoria da conditio, sendo que, para entendermos a amplitude do dispositivo, inicialmente, devemos afirmar que os antecedentes causais podem ser absoluta ou relativamente independentes entre si. Além dessa possibilidade, é de se ressaltar que a concausa pode ser preexistente, concomitante ou superveniente ao ato lesivo.
Fixado esses conceitos, é de se afirmar que em todas as concausas absolutamente independentes, aplica-se o caput, do art.13, do CP, que prevê a teoria da conditio e, por consequência, exclui a causalidade. Como forma de exemplificar cada caso, podemos trazer as seguintes situações:
i)	João ingere veneno buscando cometer o suicídio, contudo, durante o processo de intoxicação sofre uma facada, que em nada contribui para o evento morte.
ii)	João e Pedro, sem estarem coautoria, atiram contra Cláudio, sendo que o projétil de João atinge de raspão o pé, enquanto o de Pedro acerta o coração. A morte apenas é imputada a Pedro.
iii)	João dá um tiro em Cláudio, no entanto, ocorre um terremoto, e, todos morrem.
Tipicidade
Tipo Penal
Elemento independente
Antigamente, entendia-se que o tipo penal estava dentro do juízo de ilicitude da norma, sendo que Beling foi o primeiro autor a distinguiu tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade. Destaca-se, entretanto, que, embora o autor tenha separado os elementos, ele não desenvolveu o restante da teoria, cabendo aos seus sucessores sistematiza-la.
A primeira teoria foi a de Mayer, que previa que o juízo de tipicidade é um indício de ilicitude da conduta, sendo certo, no entanto, que, antes de valorar a ação, não há proibição. Dessa forma, quando formos observar a antijuridicidade da conduta, podemos afastá-la, por meio das causas de exclusão de ilicitude, como, por exemplo, estado de necessidade e legítima defesa (ratio cognoscendi). É de se destacar que o Brasil adotou essa teoria.
A segunda teoria foi a de Mezger, que previa que, embora tipicidade e ilicitude fossem regras separadas, se fosse dito que uma conduta era típica, automaticamente, a mesma era ilícita, sendo possível, no entanto, afastar a ilicitude por meio das causas de exclusão (ratio essendi).
Além dessas, há ainda a teoria do elemento negativo do tipo, em que, após descrever uma conduta, acrescentava a expressão “salvo em legítima defesa, ou estado de necessidade”. Tal concepção é muito criticada, pois equipara condutas atípicas, fundadas na irrelevância social, com condutas típicas amparadas por causa de exclusão da ilicitude, há um conflito de interesses, com a excepcional prevalência do interesse mais valioso. A título de exemplo, matar um mosquito é atípico, contudo, poderia a conduta ser excluída.
Concepções
Inicialmente, cumpre destacar que existem três concepções distintas acerca do tema, sendo que a primeira delas é a formal, a segunda é a material, a terceira é a conglobante. Em relação à primeira acepção, é de se destacar que, se a conduta praticada tiver regulada como crime, haverá o juízo de subsunção da norma ao fato.[2: Essa teoria é insuficiente, pois a simples incidência de um caso a norma seria apto a ensejar responsabilidade criminal, quando, na verdade, deve-se observar outras variações, surgindo, portanto, a teoria material.]
A segunda acepção, material, prevê que, além de haver a prescrição da conduta (tipicidade formal), é necessário que haja a lesividade ao bem jurídico, ou seja, para que uma conduta seja tida como criminosa, é necessário que afete algum valor protegido pelo ordenamento jurídico. Diante dessa assertiva, o professor Welzel afirmou que, mesmo que um fato fosse regulado pela norma, poderia ser atípico, tendo em vista os princípios da adequação social da conduta (não haveria o desvalor da ação), e da insignificância (não haveria o desvalor do resultado).
Quanto à adequação social, podemos afirmar que tal princípio foi idealizado para que pudéssemos afastar a tipicidade de condutas que acabam se encaixando no modelo legal em razão da natureza abstrata e genérica dos tipos penais, mas que o legislador não queria verdadeiramente atingir, pois são socialmente aceitos, como, por exemplo, furar a orelha, não seria crime de lesão corporal.
Ainda em relação a esse princípio, há de se destacar que não há de se falar em descriminalização por conta dos costumes, tendo em vista que esses não podem ser contra legem. Acrescenta-se a isso o argumento de que a não persecução por parte da polícia não enseja a atipicidade da conduta, tendo em vista que essa é notadamente corrupta.
No tocante à insignificância, é de se salientar que trata da hipótese em que a conduta, embora tipificada, no caso concreto, enseja uma pequena violação ao bem jurídico tutelado, não sendo, portanto, necessária à aplicação do direito penal. É de se destacar que, devido ao grande grau de subjetividade do princípio, o STF e o STJ, em seus acórdãos, tentam o parametrizar, trazendo, portanto, elementos subjetivos (primariedade e antecedentes), e objetivos (forma de realização da conduta). A título de melhor visualização, vale citar alguns standard.[3: O STF, no informativo 707, aduziu que a simples presença de inquéritos criminais afasta a possibilidade de se aplicar o princípio da insignificância. Ocorre, no entanto, que essa decisão desrespeita o princípio da presunção de inocência, que só se esgota com a sentença condenatória.][4: Conforme podemos reparar, as condições da vítima são irrelevantes para observar a aplicação ou não do referido princípio.]
Crimes contra a ordem tributária: nos crimes de descaminho, se o imposto de importação devido for inferior a vinte mil reais, aplica-se o referido princípio. Já nos crimes de contrabando, é de se destacar que, na verdade, busca-se impedir que a mercadoria entre no país, tornando-se, portanto, inaplicável tal postulado. Tal previsão é excepcionada no caso do produto não estar relacionado com a saúde, moral e ordem pública, sendo o exemplo crasso a hipótese do cigarro. Nesse caso, o Brasil, para estimular que as indústrias do tabaco aqui se instalem, concede isenções, contudo, prevê a necessidade de esses itens serem vendidos para fora do país. Se, por exemplo, alguém importar os produtos, a jurisprudência do STF admite que se aplique a tese da insignificância. [5: Como forma de elidir a prática do crime, os importadores contratavam pessoas que traziam os produtos para o país.]
Crimes contra a Administração Pública: em regra, não se admite a aplicação do princípio, pois estamos diante da probidade do Estado. No entanto, é de se destacar que há julgados do STF no sentido de que se a lesão for ínfima, como, por exemplo, servidor público que pega um dos 200 pacotes de amêndoas apreendidos e come, o mesmo só responde administrativamente.
Crime de furto: caso o furto seja até cem reais, aplica-se o referido princípio. Se, no entanto, o valor for superior a cem reais, e, inferior a um salário mínimo, aplica-se a causa de diminuição de pena, pequeno valor.
A terceira acepção foi a da tipicidade conglobante, sendo que a mesma concentra a tipicidade formal, e a tipicidade conglobante, que se subdivide em material (vista acima) e a antinormatividade. Assim, o professor Zafaroni, defensor dessa corrente, aduz que a conduta típica não pode estar autorizada em outra parte do ordenamento, sendo que se isso ocorrer, na verdade, a conduta é atípica. 
Como corolário do que fora dito, podemos afirmar que o autor traz a ideia de estrito cumprimento de um dever legal, e do exercício regular de um direito para a fase do tipo, enquanto que a maioria da doutrina os estuda dentro da antijuridicidade.
Tipos de Crime (Resultado)
Cumpre salientar que, hoje, está pacificado o entendimento de que o resultado reside dentro do tipo penal, contudo, antigamente, preponderava a tese de Welzel, no sentido de que tal elemento era pré-tipo penal (vinha dentro da ação).
Quanto ao seu significado, podemos afirmar que se trata da modificação no mundo exterior posterior a uma conduta (ação), sendo que o mesmo está intimamente relacionado ao tipo penal, tendo em vista que, se o legislador omitir o resultado punível, a mera conduta já ensejará crime, como, por exemplo, invadir propriedade alheia.
Para terminarmos esse tópico, vale salientar a classificação dos tipos penais e o seu resultado para a consumação do resultado. 
Tipos materiais: é necessário que haja ação e resultado para a consumação do crime (em caso de não haver resultado, há a tentativa).
Tipos formais: o legislador prevê a ação e o resultado, contudo, esse último não é necessário para que haja a consumação do crime. Como exemplo desse crime, podemos citar a extorsão.
Tipos de mera conduta: o legislador não menciona o resultado, referindo-se apenas à conduta.
Demais classificações dos crimes
Além dos crimes de resultados, já vistosacima, podemos destacar as seguintes classificações:
Tipos congruentes e tipos incongruentes: enquanto no primeiro grupo há exatamente um tipo objetivo e um tipo subjetivo, no segundo há um tipo objetivo e dois ou mais tipos subjetivos, ou, um tipo subjetivo e dois ou mais tipos objetivos. [6: Matar alguém (tipo objetivo), e consciência e vontade de matar (tipo subjetivo)][7: Sequestrar a pessoa (tipo objetivo) e consciência e vontade de sequestrar e o escopo de obter resgate (tipos subjetivos)][8: Lesão corporal seguida de morte (tipos penais objetivos) e consciência da vontade de causar lesão corporal (tipo penal subjetivo).]
Básicos e Derivados: básico vem no caput, e derivados nos parágrafos do artigo.
Simples e Mistos: enquanto no primeiro há apenas um verbo para caracterizar a conduta reprovada, no segundo há vários verbos. Nesse caso, se qualquer uma das condutas gerar uma só punição, estamos diante de tipos mistos alternativos, contudo, se esse tipo permitir vários crimes, haverá tipo misto cumulativo.
Fechados e Abertos: enquanto os tipos fechados possuem uma descrição exaustiva da conduta, os tipos abertos são mais amplos, sendo inerentes aos crimes culposos, omissivos impróprios, ou com elemento normativo.
CONDUTA
Introdução
Inicialmente, é imperioso destacar que, hoje, já não mais se discute o conceito de ação, pois todas as definições elencadas pela doutrina são aptas a resolverem os problemas práticos. Dessa forma, alguns professores, como, por exemplo, Luís Greco, vem afirmando que estamos vivendo a “virada pragmática”, ou seja, mais importante que definir ação é sua aplicação no caso concreto.
No que pese essa nota introdutória, como em alguns concursos ainda se busca um conceito, iremos expor as teorias da ação, sendo que, para tanto, é necessário destacar que a ação necessita ser neutra (valores de reprovabilidade ou não), abranger tanto a ação quanto a omissão, e deve servir de conceito para todo o edifício da teoria do delito (tipicidade, ilicitude, culpabilidade).
Teorias
Causal
Conforme já fora visto, a teoria causal foi utilizada no sistema clássico e no sistema neoclássico, sendo que a mesma representa o processo mecânico de gerar resultado. Assim, para essa teoria, a ação seria o movimento voluntário do corpo, enquanto a reprovabilidade dessa conduta estaria na culpabilidade (o dolo e a culpa residiam nessa figura).
Tal teoria começou a ser criticada pelo fato de explicar a omissão como frustração de uma expectativa, sendo certo, no entanto, que nem sempre essas são causas físicas.
Sem embargo ao que fora dito, é de se destacar que o conteúdo da vontade, presente nas ações humanas, deve ser analisado dentro da tipicidade, para que possamos encontrar a melhor roupagem legal, sobretudo nos casos das tentativas. Assim, se o dolo é elemento da culpabilidade, como ocorria nos sistemas que adotavam a teoria causalista, isso não era possível. 
Finalista
Tal concepção adotou a tese de que o conteúdo da vontade tinha de fazer parte da ação, e que o resultado e a relação de causalidade iriam ser deslocados para a tipicidade. Desse modo, podemos afirmar que ação seria a finalidade pela qual o corpo desempenha uma atividade, sendo que o dolo estaria dentro da tipicidade (ação proibida). Ainda para essa teoria, o motivo que levou ao cometimento da ação estaria antes da ação, contudo, seria analisado no juízo de culpabilidade.
A principal crítica que tal teoria sofre é o fato de que todas as ações são compelidas por finalidade, e, no caso concreto, essa seria lícita, contudo, apta a ser punível, como, por exemplo, no caso de uma pessoa que sai do trabalho atrasada, e, buscando chegar mais rápido em casa, imprime uma velocidade excessiva e involuntariamente mata alguém. Nessas circunstâncias, a possibilidade de punir decorreria da violação a um dever objetivo de cuidado, que acarretaria a incidência em um tipo penal. A situação supracitada não se aplica para os crimes preterdolosos, sendo que o professor Roxin aduz que a finalidade seria irrelevante, não tendo qualquer função na tipicidade culposa. Em resposta, o professor Zaffaroni, finalista, aduz que a finalidade é relevante para identificar a espécie de conduta realizada e os deveres de cuidado relacionados à aquela espécie de conduta.[9: Há a intenção de um crime, mas acarreta outro crime, como, por exemplo, lesão corporal seguida de morte.]
Outra crítica pertinente é a incompatibilidade entre o conceito finalista de ação e a ideia de omissão, haja vista que, para os finalistas, antes dos tipos penais, só existem ações (base ontológica). Assim, a omissão decorreria de um juízo valorativo que seria comparável à ação realizada e a ação esperada, gerando uma equiparação entre omissão e a ação.
Teoria Social da Ação
É de se destacar que tal teoria aproveita a estrutura finalista e a acrescenta a relevância social, como forma de embutir a omissão dentro da conduta. Assim, quando alguém deixa de cumprimentar um conhecido, esse comportamento, embora repercuta em terceiro, tendo em vista que a expectativa social fora frustrada, não há relevância na conduta e, portanto, não se caracteriza crime. Desse modo, é possível afirmar que haveria omissões pré-típicas. 
A primeira crítica, ministrada por Zaffaroni, reside no fato de que nessa visão o suicídio não seria ação, pois não repercutiria em terceiro, todavia, tal entendimento geraria um problema dentro do direito penal, haja vista que tal conduta é tipificada no art.122, do CP.
A segunda crítica é que a relevância social de uma conduta é dada pelo próprio tipo, e não antes dele. Com isso, esse conceito não é neutro frente ao tipo. Assim, por exemplo, dirigir em alta velocidade num local vazio não tem relevância, mas graças ao tipo, a conduta passa a ser reprovável.
Conceito Pessoal de Ação
A ação seria uma manifestação da personalidade, estando atrelada a um centro de vontades. O professor Juarez Cirino aduz que a personalidade, cujas manifestações constituem ação para Roxin, não se reduz ao ego, haja vista que já manifestações atribuíveis a personalidade que não estão sob o controle do ego, como, por exemplo, as fobias e obcessões. Como consequência, admitiríamos ações que estariam correlacionadas com o inconsciente da pessoa (causas em que há ausência de ação). Sem embargo ao que fora dito, a personalidade possui limites incertos e obscuros que impedem sua importação para o direito penal.
Hipóteses em que há Ausência de Ação
É de se destacar que haverá ausência de ação quando o indivíduo não for dono de seus movimentos, conforme lista abaixo.
Atos reflexos, como, por exemplo, ataque epilético.
Força Física Irresistível, como, por exemplo, atingir terceiro para que esse atinja o alvo. É de se destacar que na força física irresistível, o coato é utilizado como massa mecânica na mão do coator. Tal situação não se confunde com a coação moral irresistível, hipótese na qual, embora o movimento seja voluntário, não há reprovabilidade (art.22, do CP).
Estado de inconsciência: é o caso da embriaguez por conta de combinação de remédio. A maioria da doutrina, no entanto, defende que não há a exclusão da culpabilidade.
Consequências da ausência de conduta
Aquele que se vale de alguém para obter uma conduta é o autor.
Cabe estado de necessidade contra quem age em ausência de conduta. Não há de se falar em legítima defesa, pois não há conduta do agressor.
No caso dos concursos necessários, não se computa quem praticou a conduta.
Não cabe participação na ausência de conduta
Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas
Inicialmente, é de se ressaltar que, até 1988, as pessoas jurídicas não cometiam crime, pois não havia condutas por elas praticadas, no entanto, a nossa Constituição, no §3º, do art.225, previu tal possibilidade quando houvesse ações que atingissem o meio ambiente.
Com a lei 9605/98, que trata da proteção ao meio ambiente, houve a primeira regulamentação dos crimes cometidos pelas pessoas jurídicas, sendo que, na época, uma correnteque não prevaleceu, defendia que o legislador utilizou “condutas” para caracterizar as infrações das pessoas físicas e “atividades” para relacionar com as infrações das pessoas jurídicas. Desse modo, embora a CRFB autorizasse a responsabilidade penal, não teria sido alterado o panorama por conta da referida lei.
No que pese o entendimento acima, na jurisprudência, vingou a tese de que haveria responsabilidade penal, contudo, seria discutível, se tal possibilidade abarcaria crimes não ambientais. Uma primeira corrente afirma que não, pois as pessoas jurídicas, além de serem incapazes de produzir conduta, não possuem livre arbítrio. Todavia, a melhor corrente é no sentido de que é possível, pelos seguintes fundamentos:
Se as pessoas jurídicas possuem existência própria, elas praticam atos que podem incidir em tipos penais.
A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, e, nesse contexto, tal elemento está limitado à vontade de seus administradores. De forma ainda mais drástica, Sheicara, chega a aduzir que, a culpabilidade da pessoa jurídica é vista em comparação com a atitude de outras pessoas jurídicas. 
Ainda dentro dessa discussão, é de se salientar que o STJ entende que, para a pessoa jurídica responder por um crime, é necessária que a denúncia também seja direcionada a pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral (sistema da dupla imputação, que decorre do elemento subjetivo próprio do administrador da pessoa jurídica).
Embora esse raciocínio exposto acima seja melhor, o STF, no RE 628582, afirmou que é possível a condenação da pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que haja a absolvição da pessoa física em relação ao mesmo delito. É de se destacar que, nesse acórdão, o STF não chegou a analisar a possível denúncia exclusiva da pessoa jurídica, no entanto, autorizou a condenação de apenas uma das pessoas envolvidas.
A setenta anos a tipicidade era puramente formal e isto perdurou até a ultima década quando a teoria constitucionalista do delito ( TCD) trazida para o Brasil por Roxin, doutrinador alemão, acrescentou à tipicidade um segundo elemento, a saber: Material ou substancial. Desta forma, hoje, devem estar presentes esses dois elementos para haver tipicidade sob pena de não ter fato típico e, portanto não ter crime.
OBS: Eugenio Raúl Zaffaroni, doutrinador argentino, na ultima década criou a teoria da tipicidade conglobante, portanto inclui um terceiro elemento à tipicidade. Entretanto nem todos são adeptos desta teoria.
Tipicidade formal
Constitui adequar a conduta ao tipo penal incriminador (preceito primário da norma penal incriminadora).
Esta adequação típica pode ser de subordinação imediata ou direta e pode ser de subordinação mediata ou indireta 
Conceito do penal incriminador:
De acordo com o principio da legalidade sem lei anterior que o defina. Desta forma é o tipo penal incriminador (Norma penal incriminadora) que irá definir o crime.
Elementos do tipo penal incriminador
Núcleo (Verbo) – Ex: Matar, subtrair, constranger, desviar
Objeto material – É sobre o que recai a conduta penal. Ex: Coisa alheia móvel em caso de furto.
Obs: O tipo penal incriminador tem que ter no mínimo um núcleo e um objeto material podendo ter ou não outros elementos
Referencias Subjetivas – Quando exigir qualidade especifica para o sujeito ativo e/ou sujeito passivo
Obs: Quando o tipo penal não exigir qualidade especifica para o sujeito ativo será classificado como crime comum, ou seja, que pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex: Art. 121, 122, 213 do CP.
Quando exigir qualidade especifica para o sujeito ativo ele será classificado como crime próprio (se admitir todas as formas de concurso de pessoas) ou de mão própria (quando não admitir todas as formas de concurso de pessoas).
Referencias objetivas – Quando exigir modo de execução, lugar, tempo, especifico.
Obs: Quando o tipo penal exigir um modo de execução especifico será classificado como crime de forma vinculada, caso em contrario será classificado como um criem de forma livre.
Especial fim de agir(dolo especifco) –Quando o tipo penal trouxer expressões como por exemplo, “com o fim de”, “ com o intuito de”, “com o fito de”, “para”, “com intenção de”, etc. Significará a exigência com um dolo especifico.
Obs: Normalmente quando o tipo penal exige esse dolo especifico é classificado como crime formal.
Elementos Subjetivos
Todo tipo penal incriminador tem como elemento subjetivo o dolo sendo assim para que haja crime é indispensável verificar se a conduta descrita no tipo penal incriminador foi praticada dolosamente. Excepcionalmente o legislador admitira a modalidade culposa (principio da excepcionalidade dos tipos penais culposos ), conforme determina o paragrafo único e do art. 18 do código penal 
Dolo ( Art. 18, I CP)
Dolo Direto ( Art. 18, I,1ªParte CP)
Dolo Indireto (Art. 18 I, 2ª parte CP)
Para o código penal o dolo está previsto, conceituado no inciso I do art. 18 do CP. A doutrina subdivide em direto e em indireto ou eventual. O dolo direto ocorre quando o sujeito pratica a conduta e descrita no tipo penal incriminador desejando alcançar o resultado. No dolo indireto ou eventual o sujeito não deseja o resultado, prevê o resultado e aceita o resultado como provável.
O dolo direto adotou a teoria da vontade enquanto que o dolo indireto ou eventual adotou a teoria do assentimento.
A doutrina ainda subdivide o dolo direto em dolo direto de 1º grau e dolo direto de 2º grau. Importante frisar que só se pode falar em dolo eventual ou indireto quando há chance do resultado ser evitado. No caso do resultado ser inevitável pode-se dizer que o dolo foi direto de 2º grau.
Nos crimes de dano encontrar-se-á o dolo de dano e nos crimes de perigo os dolos de perigo.
OBS: Em regra o legislador não comina penas distintas para o crime com dolo direto e para o crime com dolo indireto ou eventual. Desta forma abstratamente a pena é a mesma mas na hora de dosa-la calcula-la o juiz, diante do caso em concreto levará em consideração se o dolo foi direto ou eventual (vide art. 68 combinado com o 59 do CP) 
Culpa
Elementos do tipo penal culposo (art 18, II CP)
Conduta Voluntária
Resultado involuntário
Nexo causal
Tipicidade
Previsibilidade
Ausência de previsão, salvo na culpa conciente ou com previsão
Quebra do dever objetivo de cuidado pela imprudência, negligencia ou imperícia
Espécie de culpa
Culpa inconciente ou sem previsão
Culpa conciente ou com previsão
Culpa impropria (Art 20, Caput e §1º; Art 74CP)
Em ambos o sujeito prevê o resultado e não o deseja, entretanto na culpa consciente o sujeito acredita que conseguirá evita-lo enquanto que no dolo eventual o sujeito aceita o resultado como provável. Importante frisar que o dolo é mais grave do que a culpa portanto, pelo principio da proporcionalidade da pena, a pena do crime doloso é maior que a do crime culposo e nem todos os crimes admitem esta modalidade ( principio da excepcionalidade dos tipos penais culposos 
Obs: Culpa Consciente x dolo eventual
Consunção e tentativa ( art. 14 CP)
Inter Criminis
Inter Criminis nos crimes materiais ou de resultado
Inter Criminis nos crimes formais
Inter Criminis nos de mera conduta
Espécie de Tentativa
Na tentativa perfeita o sujeito executa todos os atos de execução por eles desejados, enquanto que na imperfeita os atos de execução são interrompidos contra a vontade do agente. 
Tanto a tentativa perfeita quanto a imperfeita podem ser cruenta ou incruenta. Havendo lesão será cruenta, não havendo lesão será incruenta ou branca.
Natureza jurídica da tentativa: norma de subordinação
Típica Mediata
Sanção Penal no crime tentado: art. 14, p único CP (minorante, causa de diminuição de pena ou privilégio)
Para definir a redução da pena o juiz observará o inter criminis, ou seja, quanto mais próximo da consumação menor a redução da pena e quanto mais longe da consumação, maior a reduçãoda pena.
 Infrações penais que não admitem tentativa. 
Crimes de Mera Conduta – Não tem como fracionar o Inter Criminis
Crimes Omissivos puros - Todo crime omissivo puro é de mera conduta
Contravenção penal (Vide art. 4 do decreto lei nº 3688/41) – por força de lei não se pune tentativa de contravenção.
Crimes Culposos, salvo nos casos de culpa impropria (art. 20 caput e § 1º e art. 74 do CP) – em regra crime culposo não cabe tentativa, pois no crime culposo você não quer a consumação. 
Crimes habituais – São os crimes que exigem habitualidade na conduta, caso contrario, não haverá crime. Exs: arts. 229, 282 e 284 do CP
Crimes de Atentado – São os crimes em que a tentativa é núcleo do tipo, ex: art 352 CP
Crimes preterdolosos ou preterintencionais 
Crimes qualificados pelo resultado
DOLO + DOLO – Art. 129 § 2º
CULPA + CULPA – Art. 250 § 1º
CULPA + DOLO – ART 302 , paragrafo único CP
DOLO + CULPA – ART 129,§3º CP
Obs: Tentativa Qualificada
Diferença entre desistência e arrependimento
Destaca-se que enquanto o arrependimento eficaz pressupõe a concretização de todos os atos de execução (tentativa acabada), a desistência voluntária pressupõe a interrupção da prática dos atos planejados (tentativa inacabada). 
Assim, enquanto que no primeiro caso o agente utiliza de conduta positiva para neutralizar os atos, na desistência voluntária o agente apenas interrompe a sua conduta.
Como forma de melhor visualizar, citaremos dois exemplos, sendo que o primeiro deles trata do arrependimento eficaz e o segundo da desistência voluntária.
Exemplo 1: mulher põe veneno na xícara de café e, antes do marido tomar, derruba no chão para que não se consuma o crime.
Exemplo 2: mulher planeja matar o marido com 6 tiros e, após fazer dois disparos, desiste de prosseguir no tipo.
Inicialmente, afirma-se que crime impossível não se confunde com erro do tipo, sendo que, nesse segundo caso há a incidência do tipo, sem que, contudo, tenha havido vontade na prática do ato. Já no crime impossível, embora houvesse vontade na prática do ato, faltou um elemento do tipo.
O crime impossível pode decorrer da inaptidão do objeto, do meio, ou por equiparação. Na primeira hipótese, podemos citar como exemplo, o caso da pessoa que deseja matar seu inimigo, e dispara 10 tiros. Ocorre, no entanto, que por essa já estar morta, não se consuma o crime de homicídio. De igual modo, se um pivete tenta furtar a carteira, mas não encontra nada no bolso, falta o elemento “coisa alheia”, não havendo, portanto, crime.
Quanto ao meio, trata-se de inaptidão da conduta para a obtenção do resultado, sendo que a forma de aferir a atuação do agente é por meio de terceiro observador que analisa a conduta ex-ante. Em relação ao tema, ressalta-se que alguns autores, como, por exemplo, Fragoso, defende que esse observador deve analisar a conduta ex-post. A crítica que se faz a esse segundo posicionamento é no sentido de que, analisando posteriormente, toda tentativa seria crime impossível.
Sem embargo ao que fora dito, o STF, na súmula 145, entendeu que nos crimes de flagrante preparado haveria crime impossível. De forma diversa, no flagrante esperado, o agente que praticou o ato poderia ser responsabilizado. Frisa-se que a diferença entre flagrante preparado e flagrante esperado decorre do fato de que no primeiro caso a vítima auxilia o crime e, simultaneamente, prepara aparato para prender a pessoa. Já na segunda hipótese, a polícia sabe que o crime vai ocorrer e fica esperando o mesmo se concretizar.
Por fim, destaca-se que nos casos de flagrante preparado, ainda assim é possível prender o agente em duas situações:
a)	O flagrante preparado de um ato não contamina os demais. Assim, se, por exemplo, a pessoa já tinha furtado cinco vezes e na sexta há flagrante preparado, ainda assim, responderá pelas outras cinco.
b)	Em crimes que um tipo penal é composto por várias ações, uma delas pode caracterizar crime impossível e outra não. Como forma de exemplificar o que fora dito, podemos citar o caso de policial infiltrado que compra substância entorpecente. Nessa hipótese, o crime de vender drogas é tido como crime impossível, mas o fato de estocar não é atingido.
Na Desistência Voluntária (primeira parte do art. 15 do CP) assim como na Tentativa Imperfeita ocorre a interrupção dos atos executórios, entretanto na desistência voluntária a interrupção se dá pela própria vontade do agente enquanto que na tentativa imperfeita ocorre por circunstancias alheias a vontade do agente.
No arrependimento eficaz assim como na tentativa perfeita o sujeito pratica todos os atos executórios desejados. Entretanto no arrependimento eficaz o próprio sujeito voluntariamente impede a consumação do crime, enquanto que na tentativa perfeita o crime não se consuma por circunstancias alheias a vontade do agente. 
Obs: O crime impossível também é chamado de tentativa inidônea, não crime, crime inútil, quase crime, tentativa impossível, tentativa inócua etc.
Erro de Tipo
Espécies
Essecial (art. 20, caput cp )
Permissivo (art. 20, § 1º CP) ou sui generis
Acidental ( aberratio personae) Quanto a pessoa ( art. 20, § 3 CP)
Obs: art 20 § 2º CP
Erro na execução ou aberratio ictus ( Art 73 CP)
Resultado diverso do pretendido ou aberratio criminis ou aberratio delicti (art 74 CP)
Aberratio causae ( vide art 13, caput CP)

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