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FARMACOCINÉTICA: ABSORÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, METABOLIZAÇÃO E EXCREÇÃO Prof.: Msc. Danilo Cândido de A. Batista FACULDADE UNINASSAU CARUARU CURSO DE BACHARELADO EM BIOMEDICINA INTRODUÇÃO Em que concentração uma droga é absorvida e como ela consegue chegar ao local de ação? Qual a frequência com que o medicamento deve ser administrado? Por que determinada droga consegue atingir o cérebro e outra não? Por que disfunções renais podem determinar um reajuste de dose de um medicamento? Por que alguns medicamentos devem ser ingeridos em jejum e outros com alimentos? INTRODUÇÃO Estes são apenas alguns questionamentos que os estudos farmacocinéticos buscam responder. A Farmacocinética pode ser definida como: “Medida e interpretação de alterações temporais nas concentrações de um fármaco em uma ou mais regiões do organismo em relação à dose administrada” FARMACOCINÉTICA Estuda o destino dos fármacos no organismo após sua administração. Em outras palavras: “O que o organismo faz com a droga”. Avalia os processos de Absorção, Distribuição, Metabolismo (Biotransformação) e Excreção das drogas. FARMACOCINÉTICA O CAMINHO DOS FÁRMACOS FARMACOCINÉTICA Fatores que podem influenciar os processos farmacocinéticos: Idade, sexo, tabagismo, consumo de álcool, uso de outros medicamentos e alimentos. Estados fisiopatológicos: anemia, disfunção, hepática, doenças renais, insuficiência cardíaca, infecção, queimaduras, febre. ABSORÇÃO ABSORÇÃO é a travessia da droga do lugar de administração até a corrente sanguínea. Para alcançar o local de ação, a droga, na maioria dos casos, necessita atravessar barreiras biológicas (ex.: mucosa gastrointestinal, endotélio vascular, membranas lipídicas). Endotélio vascular Mucosa Gastrointestinal ABSORÇÃO Membranas Biológicas Lipídeos (Anfifílicos) Proteínas Fluidez Impermeabilidade Membrana plasmática ABSORÇÃO Os fármacos atravessam as membranas lipídicas principalmente por: Difusão passiva e Transporte mediado por transportadores. ABSORÇÃO Difusão passiva: Influência do pH: Muitos fármacos são bases ou ácidos fracos Ionização (menor difusão). Ácidos fracos em meio básico Ionização Ácidos fracos em meio ácido Não Ionizam Bases fracas em meio básico Não Ionizam Bases fracas em meio ácido Ionização Ou seja: Não ionizada Lipossolúvel Bem absorvida ABSORÇÃO Equação de Henderson-Hasselbach ABSORÇÃO Fatores que afetam a absorção do medicamento: Fluxo sanguíneo local / Perfusão sanguínea; Presença ou ausência de alimentos; Interação com outros medicamentos; pH do meio e pKa do fármaco; Motilidade gastrointestinal; Solubilidade do fármaco; Superfície ou área de absorção. ABSORÇÃO Fatores ligados ao indivíduo e que afetam a absorção do medicamento: Efeitos de líquidos lumiais; Tempo de trânsito intestinal; Metabolismo de primeira passagem; Condições patológicas. ABSORÇÃO A mucosa do intestino delgado constitui a principal e mais extensa superfície de absorção do trato Gastrointestinal. FATORES QUE INFLUENCIAM NA ABSORÇÃO FATORES MAIOR ABSORÇÃO MENOR ABSORÇÃO CONCENTRAÇÃO MAIOR MENOR FORMA FARMACÊUTICA LÍQUIDA SÓLIDA ÁREA ABSORTIVA GRANDE PEQUENA CIRCULAÇÃO TOTAL GRANDE PEQUENA CONDIÇÕESPATOLÓGICAS INFLAMAÇÃO EDEMA FATORES QUE INFLUENCIAM NA ABSORÇÃO FATORES MAIOR ABSORÇÃO MENOR ABSORÇÃO ESVAZIAMENTO GÁSTRICO MENOR MAIOR MOTILIDADE DO TGI MENOR MAIOR ALIMENTO AUSÊNCIA PRESENÇA EXCIPIENTESNA FORMULAÇÃO PRESENÇA AUSÊNCIA METABOLISMO ENTÉRICO AUSÊNCIA PRESENÇA DISTRIBUIÇÃO Após administrada e absorvida, a droga é distribuída podendo alcançar o local de ação. Distribuição é o transporte da droga pelo sangue e outros fluidos a todos os tecidos do corpo. Os órgãos e os tecidos variam na capacidade de captar diferentes fármacos, bem como na proporção de fluxo sanguíneo sistêmico que recebem. DISTRIBUIÇÃO Concentração Plasmática das Drogas Inicia-se a análise de distribuição a partir do momento que a droga chega ao sangue. Concentração plasmática da droga Nível terapêutico, sub-terapêutico ou excessivamente elevado e tóxico. PERFUSÃO SANGUÍNEA vs. DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUIÇÃO Ligação do fármaco às proteínas plasmáticas Em concentrações terapêuticas, muitos fármacos estão ligados de forma reversível a proteínas plasmáticas (principalmente albumina). Em geral, apenas a forma livre ou não ligada do fármaco é farmacologicamente ativa. Parte ligada Fração de reserva das drogas. LIGAÇÃO DOS FÁRMACOS ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA!!! DISTRIBUIÇÃO Ligação do fármaco às proteínas plasmáticas O grau de ligação proteica das drogas depende de: Afinidade; Concentrações sanguíneas da droga e Concentração das proteínas plasmáticas. Dois fármacos (A e B) podem competir pelos sítios de ligação das proteínas Interação Risco de efeitos nocivos. Ex.: Fenilbutazona desloca a Varfarina de sua ligação proteica do efeito anticoagulante. DISTRIBUIÇÃO ACÚMULO DE DROGAS Certas drogas não se distribuem uniformemente, acumulando-se em determinados tecidos. Formação de Depósitos Lenta liberação. Metais pesados (ex: Mercúrio, bismuto) Baço, rins, fígado. Drogas muito lipossolúveis (ex: tiopental) Gordura. Tetraciclina Tecido ósseo. DISTRIBUIÇÃO ACÚMULO DE DROGAS Certas drogas não se distribuem uniformemente, acumulando-se em determinados tecidos. Formação de Depósitos Lenta liberação. Metais pesados (ex: Mercúrio, bismuto) Baço, rins, fígado. Drogas muito lipossolúveis (ex: tiopental) Gordura. Tetraciclina Tecido ósseo. BIODISPONIBILIDADE Indica a porção da droga que atinge a circulação geral, em forma inalterada, após sua administração e a velocidade com que a droga atinge o sangue. Os locais de ação podem ser alcançados pelas drogas que são transportadas pela circulação geral ou, diretamente, a partir de um local vizinho de administração. BARREIRAS ANATÔMICAS À DISTRIBUIÇÃO – SÍTIOS ESPECIAIS O sistema nervoso central (SNC) representa um desafio especial para a terapia farmacológica A Barreira hematoencefálica utiliza junções firmes especializadas para impedir a difusão passiva da maioria dos fármacos da circulação sistêmica para a circulação cerebral. Permeabilidade: Fármacos pequenos e lipossolúveis. Inflamações (ex.: meningite) BARREIRA HEMATO-ENCEFÁLICA BARREIRA HEMATO-ENCEFÁLICA Oferece proteção à medula espinhal e ao cérebro frente à exposição a uma diversidade de substâncias; Junções muito apertadas entre as células capilares endoteliais, devido aos processos gliais que cercam os capilares ENDOTÉLIO CEREBRAL vs. ENDOTÉLIO HEPÁTICO SUBSTÂNCIAS QUE PENETRAM A BARREIRA HEMATO-ENCEFÁLICA Drogas apolares Lipossolúveis Tamanho molecular reduzido Substâncias com elevado coeficiente de partição óleo/água BARREIRA PLACENTÁRIA Vasos sanguíneos do feto – revestidos por uma única camada de células Plasma fetal é ligeiramente mais ácido que o materno (pH – 7,0 x 7,4) Risco de aprisionamento iônico para fármacos básicos. BIODISPONIBILIDADE Variações da Biodisponibilidade: Via de administração Dose Forma Farmacêutica BIODISPONIBILIDADE O caminho até a Biodisponibilidade: INTRODUÇÃO - METABOLIZAÇÃO Nossos tecidos são diariamente expostos a xenobióticos que necessitam ser eliminados pelo organismo; Os fármacos são, em sua maioria, substâncias estranhas, utilizados para modular funções corporais com fins terapêuticos; A METABOLIZAÇÃO A droga modifica a função orgânica (efeito), e o organismo transforma a droga (metabolismo). Metabólitos = Produtos de transformação das drogas. Podem ser ATIVOS (metabólito ativo) ou INATIVOS. A METABOLIZAÇÃO Os processos pelos quais os fármacos são alterados por reações bioquímicas no corpo são designados, em seu conjunto, como metabolização ou biotransformação dos fármacos. Transformações biológicas Alteração do composto Benéfico,prejudicial ou simplesmente ineficiente. A METABOLIZAÇÃO A metabolização dos fármacos pode alterá-los de quatro maneiras importantes: Fármaco ativo Fármaco inativo. Fármaco ativo Metabólito ativo ou tóxico. Pró-fármaco inativo Fármaco ativo. Um fármaco não excretável Metabólito passível de excreção. ONDE ACONTECE A METABOLIZAÇÃO DAS DROGAS??? Os órgãos metabolizadores das drogas são: FÍGADO (PRINCIPAL) TRATO GASTROINTESTINAL PULMÕES RINS SUPRA-RENAIS PELE EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM Quando o médico prescreve uma droga a um paciente, existem várias considerações a serem feitas. Efeito de primeira passagem: Ação do Fígado sobre os medicamentos antes que cheguem à circulação sistêmica. EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM A parede do intestino absorve as moléculas do fármaco e através da veia portal irá permitir que elas passem através do fígado. Medicamento via oral Esôfago Estômago Intestino delgado. Porção da droga absorção. Restante Expulso, afetando o efeito terapêutico. A METABOLIZAÇÃO E SUAS FASES As duas principais fases da metabolização, são: FASE I – Oxidação/Redução/Hidrólise FASE II – Conjugação A METABOLIZAÇÃO E SUAS FASES Reações bioquímicas: FASE I: Oxidação, Redução ou Hidrólise – Alteram a reatividade química e aumentam a SOLUBILIDADE AQUOSA; FASE II: Conjugação – Aumenta ainda mais a SOLUBILIDADE AQUOSA, promovendo a eliminação do fármaco. A METABOLIZAÇÃO E SUAS FASES CITOCROMO p450 (CYP450) Principal mecanismo de metabolização de produtos endógenos e xenobióticos; Importante fonte de variabilidade inter-individual no metabolismo de drogas; Relacionado a efeitos tóxicos de determinados fármacos; Envolvido no mecanismo de interação entre drogas. METABOLISMO DE XENOBIÓTICOS Indutores enzimáticos: Compostos que induzem a atividade de enzimas do CYP450, portanto, aumentam a velocidade de excreção de xenobióticos. Dessa maneira levam a biodisponibilidade a uma redução. Na presença de um indutor enzimático: Aumenta a atividade da enzima CYP Aumenta a velocidade de metabolização e excreção Diminui a concentração do substrato no sangue METABOLISMO DE XENOBIÓTICOS Inibidores enzimáticos: Compostos inibem a atividade de enzimas do CYP450, portanto, diminuem a excreção de xenobióticos. Dessa maneira, a biodisponibilidade é MAIOR. Na presença de um inibidor enzimático: Diminui a atividade da enzima CYP Diminui a velocidade de metabolização e excreção Aumenta a concentração do substrato no sangue FATORES QUE INTERFEREM NA METABOLIZAÇÃO DOS FÁRMACOS 1. GENÉTICOS Ex.: A acetilação da isoniazida 2. ALTERAÇÃO POR FÁRMACOS - Certos fármacos são capazes de estimular ou inibir o metabolismo de outros fármacos. Ex: Fenobarbital estimula o metabolismo da Fenitoína Rifampicina induz o metabolismo de contraceptivos. Etanol FATORES QUE INTERFEREM NA METABOLIZAÇÃO DOS FÁRMACOS 3. VIA DE ADMINISTRAÇÃO - A via oral pode resultar no extenso metabolismo hepático de alguns fármacos (efeito de primeira passagem). 4. DIETA - A desnutrição pode causar depleção das reservas de glicina e alterar o mecanismo de conjugação com a glicina. FATORES QUE INTERFEREM NA METABOLIZAÇÃO DOS FÁRMACOS 5. IDADE - O fígado é incapaz de detoxificar fármacos, como o cloranfenicol, em recém-nascidos, o que não ocorre em adultos. 6. SEXO - Homens jovens são mais sujeitos à sedação produzida por barbitúricos do que as mulheres. 7. DOENÇA – Hepatopatia Diminuição da capacidade de metabolizar os fármacos. ELIMINAÇÃO DOS FÁRMACOS ELIMINAÇÃO DOS FÁRMACOS A excreção dos fármacos refere-se ao processo pelo qual um fármaco ou metabólito é eliminado do organismo. Excreção renal: Mecanismo mais comum de excreção de fármacos. Baseia-se na natureza hidrofílica de um fármaco ou seu metabólito. ELIMINAÇÃO DOS FÁRMACOS Rim: Mais importante órgão de excreção. O trato biliar e as fezes constituem importantes vias de excreção de alguns fármacos que são metabolizados no fígado. Outras vias de Excreção: Ar expirado, suor, saliva, lágrimas e leite (são lipossolúveis e não ionizados). VIAS DE ELIMINAÇÃO DOS FÁRMACOS Excreção renal envolve 3 processos fundamentais: FILTRAÇÃO GLOMERULAR SECREÇÃO TUBULAR ATIVA: No túbulo proximal (penicilina, quinina, etc.) REABSORÇÃO TUBULAR PASSIVA VIAS DE ELIMINAÇÃO DOS FÁRMACOS FATORES QUE AFETAM A ELIMINAÇÃO DE FÁRMACOS O aumento do fluxo sanguíneo, da taxa de filtração glomerular e a diminuição da ligação às proteínas plasmáticas Excreção mais rápida dos fármacos. Doença renal Diminui a excreção de fármacos. TEMPO DE MEIA-VIDA A meia-vida de eliminação de um fármaco é definida como o tempo durante o qual a concentração do fármaco no plasma diminui para a metade de seu valor original. “Se você encontrar um caminho sem obstáculos, ele provavelmente não leva a lugar nenhum.” (Frank Clark) OBRIGADO!!! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rang, H.P., Dale, M.M., Ritter, J.M., Flower, R.J., Henderson, G. Farmacologia. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. GOLAN, David E. e col. Guanabara Koogan, 3ª edição, 2009 Farmacologia. Silva, Penildon. Editora Guanabara Koogan, 7a edição, 2006.
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