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Fichamento Prisões da Miséria(1)

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 “TÍTULOS DE CRÉDITO E DIREITO FALIMENTAR E RECUPERACIONAL”
FICHAMENTO
“PUNIR OS POBRES – A nova gestão da miséria nos Estados Unidos”
PARIPIRANGA/2015-2�
 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
WACQUANT, Loïc. Punir os Pobres – A nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: F. Bastos. Editora Revan, 2003.
RESUMO DA OBRA
A obra traz questionamentos acerca das prisões que segundo o autor, existe uma política criada pelo EUA adotada de forma universal que abrange os menos favorecidos do convívio social, retirando deles a chance de enfrentar as dificuldades e ter uma visão de melhor qualidade de vida, intensificando os mecanismos de repressão da camada da população marginalizada. Usam o argumento de que a criminalidade faz parte da personalidade que afeta a formação moral, degradando a comunidade e que a justiça vê com total descaso. 
CITAÇÕES E PARECER:
CAPÍTULO I – DO ESTADO CARITATIVO AO ESTADO PENAL
“Os Estados Unidos apresentam assim o paradoxo de uma sociedade que venera as crianças, mas não tem uma politica familiar e educacional, de maneira que uma criança em cada quatro (e uma criança negra em cada duas) nela vive abaixo da “linha” oficial de pobreza.” (p. 23)
Como conter o fluxo crescente das famílias deserdadas dos marginais das ruas, dos jovens desocupados e alienados e a desesperança e a violência que se intensificam e se acumulam nos bairros? Ao aumento dos deslocamentos sociais pelos quais – paradoxo – elas mesmas são amplamente responsáveis as autoridades americanas decidiram responder desenvolvendo suas funções repressivas até a hipertrofia. (...) (p. 27)
 
“O encarceramento tornou-se assim uma verdadeira indústria – e uma indústria lucrativa. Pois a política do “tudo Penal” estimula o crescimento exponencial do setor das prisões privadas.” (p. 31)
Sob o manto da “reforma”, a “lei sobre responsabilidade individual e o trabalho”, desde 1996, instaura o dispositivo social mais retrógado promulgado por um governo democrático no século XX. Sua passagem confirma e acelera a substituição progressiva de um (semi) Estado – providência por um Estado carcerário e policial no seio do qual a criminalização da marginalidade a contenção punitiva das categorias deserdada fazem as vezes da política social . (p. 41)
PARECER: 
A obra, nessa primeira parte, utilizando-se de pensamento atrelado ao “senso comum” busca mostrar dados significativos no tocante à penalidade. O autor mostra que a forma de penalização não é a forma correta de corrigir o problema que assola a sociedade, pois esse tipo de política tenta encobrir as falhas existentes na maneira de gerir a máquina estatal, pois tentam criminalizar a classe pobre argumentando que isso é um problema de cunho moral, quando na verdade isso é um problema gerado pelas desigualdades sociais que assolam a sociedade. Wacquant mostra que as políticas públicas implantada em Nova York tendo eficácia ou não, pouco importam, pois essa teoria é aproveitada por políticos que desejam demonstrar uma face equivocada do crime, aumentando os olhares suspeitos da população sobre os excluídos.
 
CAPÍTULO II: A “REFORA” DA ASSISTÊNCIA SOCIAL PARA VIGIAR E PUNIR
(..) “Quanto à população carcerária, esta será objeto de um fichamento extensivo autorizando a multiplicação de pontos de um fichamento extensivo autorizando a multiplicação de pontos de controle e de sanção.” (p. 50)
“O encarceramento serve antes de tudo para “governar a ralé” que incômoda – segunda expressão de John Irwin (1986) [...]” (p. 68)
“Com a taxa de crescimento global de 45% ao ano durante a década passada, a maioria destas firmas duplicam seu volume de prisioneiros é suas vendas de um ano para outro”(...) (p. 91)
(...) “Os detentos são o grupo pária entre os párias, uma categoria sacrificial que se pode vilipendiar e humilhar impunimente com imensos lucros simbólicas. [...]” (p. 97)
PARECER: 
Nessa parte da obra, o autor busca esclarecer o quanto a quantidade de detentos aumentou quando houve uma estabilização dos crimes violentos. Para isso Wacquant cita três possíveis motivos: problemas com a reabilitação dentro da carceragem, oportunismo tanto da mídia quanto de políticos, que buscam o apoio da comunidade de forma enérgica para combater a criminalidade e franquezas no sistema penal, pois usa forma de controle incoerente, por mexer na base racial. É nesse ínterim que o autor deixa evidente que esses fatores acabaram contribuindo para a falta de tolerância, no qual o mesmo faz críticas severas ao que se refere às políticas penais, pois para ele deveria se propagar ações de prevenção ao aumento da violência e não apenas fazer um movimento que tendem à exclusão de pessoas devido a condições que são inerentes ao anseio do bem estar geral da população.
CAPÍTULO III – ALVO PREVILEGIADO 
(...) “É por essa razão que o gueto e a prisão tendem a desenvolver padrões relacionais e formas culturais que ostentam espantosas similaridades, merecedoras de um estudo sistemático em contextos históricos e nacionais diversos.” (p.109)
(...) “Quanto a “igualdade social” compreendida com a possibilidade de tornar-se membros do comitê, igrejas, associações voluntárias brancas ou unir-se pelo casamento a suas famílias era firme e definitivamente negada”. (p.113)
“Os delinquentes sexuais são, com os jovens dos bairros segregados e deserdados, o alvo privilegiado do panoptismo penal que floresce sobre os escombos do Estado caritativo americano”. (...) (p.123) 
(...) “Estipulam obrigações novas sem dar meios orçamentários correspondentes. Ela desperdiça recursos e consome um tempo enorme. As jurisdições não dispõem do pessoal necessário. É ridículo consignar 930 condenados por agentes”. (...) (p.139)
PARECER
	Nesse capítulo o autor relata que não somente as classes mais pobres são marginalizadas, mas também os negros que tinha a sua forma de cultura e não eram respeitados, mas eram feitos de escravos e em muitas outras situações devido a ações contrarias a sociedade eram condenados penalmente, onde vivia de forma desumana nos presídios, escolhidos pelos superiores como políticas de segurança de lei e ordem desenvolvidas pelo Estado, responsável de manter a ordem do mundo globalizado das classes dominantes repreendendo os indesejados.
CAPÍTULO IV – EPÍLOGO
“A política de segurança dito “da lei e da ordem” que se desdobra nesse período e alimenta a hiperinflação carcerária é, antes de tudo, uma resposta aos movimentos sociais dos anos sessenta e notadamente aos avanços do movimento negro de reivindicação”. (...) (p.150)
Nos Estados Unidos, as coisas parecem num primeiro momento mais claras: o ideal da reabilitação foi claramente descartado e em reabilitação foi claramente descartado e em seguida adotou-se por falta de um outro, o objetivo da neutralização dos criminosos violentos. (...) (p.156)
PARECER
	Fica claro nesse ultimo capítulo, a realidade mundana, da insegurança e de como é tratado os delinquentes que cometem crimes, independente qual seja ele, são reflexos das péssimas condições sociais que o estado dispõem, com isso, insere os pobres e negros nas prisões para substituir o gueto (prisões sociais) pela prisão judiciária como aparelho repressor. 
PARECER CRÍTICO DA OBRA:
A obra é interessante, haja vista que apresenta uma linguagem clara e de fácil compreensão. Nela o autor traz críticas em relação às políticas prisionais, as quais têm características impositivas, na qual acaba ferindo uma parcela da população desprovida do capitalismo. O autor, com bastante objetividade tenta levar o leitor ao pensamento crítico, como forma de mudar algo que já tem como sólido pelas camadas da elite.
Trás também as condições punitivas em que são inseridos cidadãos que são tratados de forma desumana e desigualitária, excluindo os pobres e os negros através da punição nos presídios. O Estado da América se diz ser o defensor da humanidadeamericana mantendo a lei e a ordem, mas deixa claro que esses anseios não são atingidos, pois o Estado tem como função organizar a sociedade, oferecendo condições de sobrevivência igualitária, independente de classe, raça e cor, mas não são esses aspectos de proteção que são explanados nos relatos do autor e sim desigualdade e punição a uma classe sem oportunidade de viver em sociedade dignamente.
Essas classes, eram removidos para um sistema carcerário punitivo que cominava o maior número de pessoas delituosas, fazendo esse número aumentar de forma exorbitante causando uma super lotação, realidade essa também vivida no sistema carcerário brasileiro, na grande maioria daqueles que ali se encontram não há reabilitação do condenado, essas condições as quais são inseridos a conviver contraria, viola os princípios fundamentais da humanidade.
Toda essa crítica relatada na obra em análise, nos mostra a desestruturação do sistema prisional, trazendo descredito das leis supremas, que através dos seus órgãos fiscalizadores sendo aqui no Brasil o Ministério Público, atua oferecendo ao condenado o cumprimento justos de seus direitos, se esta sendo aplicado a lei voltada para uma solução penal equilibrada, propicia e controladora da criminalidade, para que sua pena seja cumprida de forma respeitada e se reintegre socialmente. 
 Considero a obra muito importante para todos os estudiosos do direito para que se tenha uma visão crítica acerca do sistema punitivo estatal e quais as consequências que podem ocorrer ao ter uma política voltada apenas para a punição, sem se preocupar com o futuro incerto (pós punição) de quem não detém de meios de sustentação favoráveis para uma vida equilibrada, distantes de um grupo elitizado da comunidade.

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