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Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do estado do Rio Grande do Sul

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS 
 
 
 
 
 
ANÁLISE PALINOESTRATIGRÁFICA DE DEPÓSITOS 
PERMIANOS DA BACIA DO PARANÁ NO SUL DO 
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL: UMA 
NOVA PROPOSTA BIOESTRATIGRÁFICA 
 
 
 
ANA LUISA OUTA MORI 
 
 
 
 
 
ORIENTADOR: 
Prof. Dr. Paulo Alves de Souza 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
Profª. Drª. Ángeles Beri – Departamento de Geologia, Instituto de Ciencias 
Geologicas, Facultad de Ciências, Montevideo - Uruguai 
Dr. Luiz Padilha Quadros – Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), Gerência 
de Bioestratigrafia e Paleoecologia, Rio de Janeiro - Brasil 
Dr. Ricardo da Cunha Lopes – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais 
(CPRM) – Porto Alegre, Brasil 
 
 
 
Tese de Doutoramento apresentada 
como requisito parcial para a 
obtenção do Título de Doutor em 
Ciências. 
 
 
 
Porto Alegre, agosto de 2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mori, Ana Luisa Outa 
Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia 
do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil : uma 
nova proposta bioestratigráfica./. Ana Luisa Outa Mori. – Porto 
Alegre : IGEO/UFRGS, 2010. 
[289 f.]. il. 
 
Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
Instituto de Geociências. Programa de Pós-Graduação em 
Geociências, Porto Alegre, RS - BR, 2010. 
Orientação: Prof. Dr. Paulo Alves de Souza 
 
 
1. Palinologia. 2. Bacia do Paraná. 3. Permiano. 4. 
Bioestratigrafia. I. Título. 
 
_____________________________ 
Catalogação na Publicação 
Biblioteca do Instituto de Geociências - UFRGS 
Miriam Alves CRB 10/1947 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, dedico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"O fácil é certo. Comece certo e tudo será fácil. 
 Continue no fácil, e você estará certo. 
O modo certo de estar no fácil é esquecer o caminho certo. 
E esquecer que o fluxo é fácil". 
 
 Chuang Tzu 
 i
AGRADECIMENTOS 
 
 
Ao Programa de Pós-graduação em Geociências da Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul (PPGGEO/UFRGS), por meio de sua estrutura física e 
constituição do corpo docente. 
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
(CNPq), pela concessão de bolsa de doutorado. 
A CPRM-RS, pela concessão das amostras utilizadas neste trabalho. 
Aos Profs. Drs. Michael Holz, Roberto Iannuzzi e Tânia L. Dutra, por 
suas sugestões e críticas quando da avaliação do Exame de Qualificação. 
A Ricardo C. Lopes, pelo trabalho de campo desenvolvido e na 
contextualização dos problemas estratigráficos abrangidos na área de estudo. 
A Juliana C. Marques, pela contribuição na obtenção e análise dos dados 
radiométricos. 
A Juan C. Cisneros, pela revisão e versão dos textos para língua inglesa. 
A Carolina G. Nick, pelo auxílio laboratorial no processamento parcial 
das amostras. 
Aos amigos do Laboratório de Palinologia, Daiana Boardman, Eduardo 
Premaor, Larissa Smaniotto, Omaira Arango, Renato Backes, Rodrigo Cancelli, Thiago 
Fischer e Wagner Silva, pela saudável convivência, pela troca de idéias e significativas 
discussões que muito contribuíram para o desenvolvimento final deste trabalho. 
A Annie Hsiou, Elizete Holanda, Graciela Tybusch e Marla Saldanha, 
minhas irmãs da família do Sul. 
A Cristina Félix, por inúmeras vezes auxiliar-me em certas 
identificações taxonômicas, mas, sobretudo, por sua amizade e companheirismo. 
Aos meus pais, Eizo Mori e Keiko Outa Mori, por seus ensinamentos e 
por tudo que sou hoje. 
Ao Felipe Simioni, porque junto a ti, aprendi a vislumbrar a boniteza da 
vida... por todo o indizível que compartilhamos, e pelo que ainda virá. 
Ao Prof. Dr. Paulo Alves de Souza, por aceitar a orientação desta 
pesquisa, sua confiança e amizade, e por guiar-me nos primeiros passos do pequeno 
mundo dos grãos paleozóicos. Através de seu incentivo e sua paciência, finalmente 
consegui mirar um final. Obrigada, meu pai científico. 
 ii
RESUMO 
 
As análises palinológicas desenvolvidas no Estado do Rio Grande do Sul estiveram, em 
sua maioria, relacionadas ao estudo das jazidas de carvão, resultando no 
reconhecimento de associações palinológicas vinculadas estreitamente às 
paleoturfeiras. Como resultado, o conhecimento das demais associações palinológicas 
permianas é menos detalhado, com efeito na compartimentação palinobioestratigráfica 
da Bacia do Paraná, tornando-se necessário aprimorar os limites das biozonas 
estabelecidas e compreender o melhor significado da sucessão bioestratigráfica. Esta 
tese compreende a análise palinológica dos poços HN-05-RS e HN-25-RS e de um 
afloramento localizados na região de Candiota – Hulha Negra, sul do Rio Grande do 
Sul. Um total de oito amostras foi coletado no afloramento (formações Rio Bonito e 
Palermo), enquanto 114 são referentes a amostras de subsuperfície, envolvendo o 
intervalo entre o Subgrupo Itararé à Formação Rio do Rasto. A análise palinológica 
permitiu a identificação de 143 espécies, incluindo esporos (64), grãos de pólen (67) e 
elementos microplanctônicos (12). As características qualitativas e quantitativas das 
associações recuperadas nos dois poços permitiram a proposição de três zonas de 
associação, designadas como: (i) Zona Granulatisporites austroamericanus – Vittatina 
saccata (GV), ocorrente entre o Subgrupo Itararé e topo da Formação Rio Bonito; (ii) 
Zona Lundbladispora braziliensis – Weylandites lucifer (LW), entre o topo da 
Formação Rio Bonito/base da Formação Palermo à porção média desta última; e (iii) 
Zona Thymospora thiesseni – Lueckisporites virkkiae (TL), entre a porção média da 
Formação Palermo à base da Formação Rio do Rasto. As distribuições dos táxons em 
cada uma dessas unidades são distintas das amplitudes apresentadas para a Bacia do 
Paraná em território brasileiro e encontram maiores similaridades com o zoneamento do 
norte do território uruguaio, de idades coevas. Na Bacia do Paraná, as zonas GV e LW 
são correlatas, grosso modo, à Zona V. costabilis, enquanto a Zona TL é correspondente 
à Zona L. virkkiae, ainda que divergências nos táxons tenham sido observadas. Por 
outro lado, as zonas GV, LW e TL são muito semelhantes às zonas estabelecidas no 
Uruguai, Cristatisporites inconstans – Vittatina subsaccata, de Intervalo de 
Lundbladispora e Striatoabieites anaverrucosus – Staurosaccites cordubensis, 
respectivamente, ainda inéditas. Adicionalmente, uma nova idade radiométrica foi 
obtida para a Formação Rio Bonito no afloramento estudado, onde foram reconhecidas 
as zonas de idade permiana V. costabilis (níveis C1 a C3, relativos ao topo da Formação 
 iii
Rio Bonito) e L. virrkiae (C4 a C8, correspondentes ao topo da Formação Rio Bonito à 
base da Formação Palermo). A idade de 281,4 ± 3,4 Ma é interpretada como a base da 
Zona Lueckisporites ou topo da Zona GV, conforme o conteúdo palinológico nas 
camadas acima e abaixo do nível de tonstein utilizado na datação. Ao confrontar esta 
datação absoluta com outras selecionadas para a bacia, o posicionamento das biozonas 
é proposto como segue: (i) Zona Granulatisporites austroamericanus – Vittatina 
saccata, entre o Asseliano à porção média do Artinskiano; (ii) Zona Lundbladispora 
braziliensis – Weylandites lucifer, Artinskiano Médio; e (iii) Zona Thymospora 
thiesseni – Lueckisporites virkkiae, datada como Artinskiano Médio/Superior ao 
Wordiano 
 
Palavras-chave: Palinologia, Bacia do Paraná, Permiano, bioestratigrafia.
iv
ABSTRACT 
 
Mostly of the palynological analysis carried out in Rio Grande do Sul State is related to 
the study of the coal seams, which resulted in the recognition of palynological 
associations closely linked to swampy paleoenvironments. As result, other Permian 
palynogical associations are poorly defined, affecting the palynostratigraphic scheme 
developed to the Paraná Basin, which implies in necessities on improvement of the 
limits of those biozones and the better understanding on the meaning of the 
biostratigraphical succession. This thesis involves palynological studies on the HN-05-
RS and HN-25-RS boreholes and one outcrop all located in Candiota – Hulha Negra 
region, southern Rio Grande do Sul. Eight samples was collected in the ouctcrop 
(corresponding to Rio Bonito and Palermo formations), while 114 samples corresponds 
to subsurface, related to the interval between the Itararé Subgroup and Rio do Rasto 
Formation. The palynological analysis allowed the recognition of 143 species among 
spores (64), pollen grains (67) and microplanktonic elements (12). The quantitative and 
qualitative aspects of the recovered associations in the boreholes enable the proposition 
of three association biozones, designated as: (i) Granulatisporites austroamericanus - 
Vittatina saccata Zone (GV), occurring between the Itararé Subgroup and topmost 
deposits of the Rio Bonito Formation, (ii) Lundbladispora braziliensis - Weylandites 
lucifer Zone (LW), from the top of Rio Bonito/base of the Palermo Formation to the 
middle portion of this last unit, and (iii) Thymospora thiesseni - Lueckisporites virkkiae 
Zone (TL), which occurs between the middle portion of Palermo-Formation to the base 
of Rio do Rasto Formation. The distribution of some taxa in each of these units are 
distinct from the know ranges presented to the Paraná Basin in the brazilian portion, and 
record more similarities with the biozone of northern Uruguay, of coeval ages. In the 
Paraná Basin, the GV and LW zones are roughly correlated to Zone V. costabilis, while 
the TL Zone corresponds to the L. virkkiae Zone, although differences in the taxa have 
been observed. Otherwise, the GV, LW and TL zones are very similar to the Uruguayan 
biozones, such as Cristatisporites inconstans - Vittatina subsaccata, Interval of 
Lundbladispora and Striatoabieites anaverrucosus - Staurosaccites cordubensis, 
respectively, although these are still unpublished. Moreover, a new radiometric age was 
obtained for the Rio Bonito Formation in the outcrop studied, in which was recognized 
the Permian biozones V. costabilis Zone ( C1-C3 levels, related to the topmost deposits 
of the Rio Bonito Formation) and L. virkkiae Zone (C4-C8 levels, between the topmost 
 v
Rio Bonito Formation and basal portion of the Palermo Formation). The age of 281.4 ± 
3.4 Ma is interpreted as the base of Lueckisporites Zone or top of the GV Zone, 
according to the palynogical content related to the nearest layers of the tonstein used on 
the dating. Comparing this new absolute age with other selected datings for the basin, 
the positioning of biozones is proposed as follows: (i) Granulatisporites 
austroamericanus - Vittatina saccata Zone between the Middle Asselian to the 
Artinskian, (ii) Lundbladispora braziliensis - Weylandites lucifer Zone, Middle 
Artinskian, and (iii) Thymospora thiessen - Lueckisporites virkkiae Zone as 
Middle/Upper Artinskian to Wordian. 
 
Key-words: Palynology, Paraná Basin, Permian, biostratigraphy. 
 vi
LISTA DE FIGURAS 
 
página 
 
1. Localização da área de estudo ............................................................................... 5 
2. Perfil litoestratigráfico dos poços HN-05-RS e HN-25-RS, com indicação dos 
níveis palinológicos utilizados neste estudo .............................................................. 7 
3. Perfil litoestratigráfico do afloramento, com indicação dos níveis amostrados para 
este estudo .................................................................................................................. 8 
4. Localização e subdivisão aloestratigráfica da Bacia do Paraná (modificada de 
Milani, 1997) ........................................................................................................... 11 
5. Detalhe das unidades constituintes da Superseqüência Gondwana I (modificado 
de Milani, 1997) ...................................................................................................... 12 
6. Síntese e correlação das palinozonas pensilvanianas e permianas da Bacia do 
Paraná (modificado de Souza, 2006) ....................................................................... 23 
7. Correlação entre palinozonas permianas disponíveis para o gondwana 
Ocidental .................................................................................................................. 34 
8. Quadro síntese com as datações disponíveis para o intervalo Permiano da Bacia 
do Paraná, conforme dados de Matos et al. (2001), Guerra-Sommer et al. (2005), 
Guerra-Sommer et al. (2005), Rocha-Campos et al. (2006, 2007), Santos et al. 
(2006) e Guerra-Sommer et al. (2008a, 2008b). A marcação em linha contínua na 
Formação Rio Bonito é correspondente aos níveis de tonsteins inclusos nesta 
unidade ..................................................................................................................... 38 
9. Quadro de distribuição estratigráfica das espécies de esporos e grãos de pólen 
verificados na seção sul da Bacia do Paraná, a partir dos poços HN-05-RS, HN-25-
RS e afloramento estudados .................................................................................... 42 
10. Quadro síntese das biozonas propostas nesta contribuição, com apresentação das 
principais características palinológicas, bem como os aspectos quantitativos de cada 
unidade. Legenda para os números relativos à coluna “Caracterização Quantitativa 
das Associações”: 1, Esporos triletes acavados laevigados; 2, Esporos triletes 
acavados ornamentados; 3, Esporos cingulizonados; 4, Grãos de pólen 
monossacados; 5, Grãos de pólen bissacados não teniados; 6, Grãos de pólen 
teniados; 7, Elementos microplanctônicos. ............................................................. 45 
11. Correlação entre os poços HN-05-RS, HN-25-RS e afloramento estudado, com 
base nas biozonas GV, LW e TL ............................................................................. 46 
 vii
12. Esquema correlativo entre os principais palinozoneamentos para o intervalo 
Pensilvaniano-Permiano da Bacia do Paraná, incluindo os esquemas de Daemon & 
Quadros (1970), Souza & Marques-Toigo (2003, 2005) e Souza (2006), as biozonas 
propostas neste trabalho e as unidades de Beri et al. (2004), para a porção uruguaia 
da bacia. As biozonas são posicionadas considerando as idades de Santos et al. 
(2006) para a Formação Irati (marcada como “**”) e a datação obtida por Mori et al. 
(submetido) para a Formação Rio Bonito (marcado como “*”) .............................. 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 viii
SUMÁRIO 
 
página 
 
AGRADECIMENTOS ................................................................................................... i 
RESUMO ....................................................................................................................... ii 
ABSTRACT .................................................................................................................. iv 
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... vi 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................
xi 
 
CAPÍTULO I. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ....................................................... 1 
I.1. Introdução ............................................................................................................. 1 
I.2. Objetivos e justificativas ...................................................................................... 2 
I.3. Localização da área de estudo ............................................................................. 4 
I.4. Materiais e métodos ............................................................................................. 6 
I.4.1. Seleção do material .................................................................................... 6 
I.4.2. Recuperação de palinomorfos ................................................................... 8 
I.4.3. Estudo e análise palinológica .................................................................... 9 
I.5. Contextualização geológica ............................................................................... 10 
I.5.1. A Bacia do Paraná ................................................................................... 10 
I.5.2. Aspectos da geologia local ....................................................................... 14 
I.6. Contextualização palinológica .......................................................................... 16 
I.6.1. Palinobioestratigrafia da Bacia do Paraná ............................................. 16 
I.6.2. Contribuições palinológicas prévias na área de estudo .......................... 23 
I.6.3. Esquemas palinobioestratigráficos desenvolvidos para o 
intervalo Carbonífero Superior/Permiano do Gondwana Ocidental ................ 30 
I.7. Datações radiométricas associadas aos depósitos sedimentares 
do Permiano do Gondwana ..................................................................................... 35 
 
CAPÍTULO II. ANÁLISE INTEGRATIVA DOS RESULTADOS ....................... 39 
II.1. Considerações gerais ........................................................................................ 39 
II.2. Atribuições bioestratigráficas .......................................................................... 40 
II.3. Nova compartimentação palinoestratigráfica ................................................ 43 
II.4. Comparações na porção brasileira da Bacia do Paraná ............................... 47 
II.5. Comparações externas à Bacia do Paraná ..................................................... 49 
 ix
II.6 Significado bioestratigráfico do novo zoneamento ......................................... 54 
II.7. Significado estratigráfico e geológico .............................................................. 59 
II.8. Significado geocronológico .............................................................................. 60 
II.9 Considerações finais .......................................................................................... 63 
II.10 Recomendações e perspectivas ....................................................................... 67 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 69 
 
ANEXOS 
 
ANEXO A. Manuscrito 1. “Sucessão palinológica do intervalo Pensilvaniano-
Permiano da Bacia do Paraná, Brasil: refinamento bioestratigráfico e idades”, de autoria 
de Mori, A.L.O., Souza, P.A., Rohn, R., Félix, C.M., Longhim, M.E., Neregato, R. & 
Abreu, C.A., capítulo publicado no livro Paleontologia: Cenários de Vida (org.: 
Carvalho, I.S. e outros), 1ª edição, Editora Interciência, volume 2, páginas 469-478, ano 
2007. 
 
ANEXO B. Manuscrito 2. “Palinologia das formações Rio Bonito e Palermo 
(Permiano Inferior, Bacia do Paraná) em Candiota, Rio Grande do Sul, Brasil: novos 
dados e implicações bioestratigráficas”, de autoria de Mori, A.L.O. & Souza, P.A, 
publicado no periódico Ameghiniana, volume 47, nº 01, páginas 61-78, ano 2010. 
 
ANEXO C. Carta de recebimento do Manuscrito 3 pela editora adjunta do Periódico 
Pesquisas em Geociências. 
 
ANEXO D. Manuscrito 3. “Nova proposta palinoestratigráfica para depósitos 
permianos na seção sul da Bacia do Paraná, Brasil”, de autoria de Mori, A.L.O. & 
Souza, P.A., tal como submetido para publicação no Periódico Pesquisas em 
Geociências. 
 
ANEXO E. Carta de recebimento do Manuscrito 4 pelo editor chefe do periódico 
Gondwana Research. 
 
 x
ANEXO F. Manuscrito 4. “A new U-Pb zircon dating and palynological data from a 
Lower Permian section of the Southernmost Paraná Basin and their 
biochronostratigraphical implications for Gondwanan correlations”, de autoria de 
Mori, A.L.O., Souza, P.A. & Marques, J.C. & Lopes, R.C., tal como submetido para 
publicação no periódico Gondwana Research. 
 
ANEXO G. Apêndice sistemático dos palinomorfos identificados nos poços HN-05-RS 
e HN-25-RS. 
 
ANEXO H. Fotomicrografias das espécies identificadas nos testemunhos HN-05-RS e 
HN-25-RS. 
 
ANEXO I. Relação das profundidades amostradas e lâminas palinológicas 
correspondentes, referentes aos poços HN-05-RS e HN-25-RS e afloramento. 
 
 xi
APRESENTAÇÃO 
 
Esta Tese de Doutoramento teve seu desenvolvimento entre os períodos 
de março de 2006 a agosto de 2010, no Laboratório de Palinologia “Marleni Marques-
Toigo”, do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DPE/IG/UFRGS), sendo elaborada e 
finalizada na forma de artigos científicos, conforme as normas estabelecidas pelo 
Programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul. Para uma melhor compreensão a respeito dos dados aqui apresentados, a leitura 
deve ser realizada a partir do Capítulo I, seguido pelos Anexos A, B, D e F, 
finalizando-se pelo Capítulo II, no qual constam as principais conclusões deste 
trabalho. 
CAPÍTULO I. Aspectos introdutórios. Consiste na revisão 
bibliográfica concernente ao escopo principal desta tese, apresentando as informações 
palinológicas prévias para a área de estudo, assim como os trabalhos mais significativos 
que contribuíram para o desenvolvimento dos esquemas palinoestratigráficos atuais para 
o intervalo permiano da Bacia do Paraná. São apresentados os objetivos desta tese, além 
da caracterização da área estudada e dos métodos empregados para o desenvolvimento 
do trabalho. 
CAPÍTULO II. Análise integrativa dos resultados. O conteúdo deste 
capítulo dispõe de uma síntese integradora a partir dos resultados obtidos nas 
publicações e manuscritos encaminhados. Ao final, os principais resultados são 
sintetizados, com considerações sobre os avanços obtidos e estratégias para trabalhos 
subseqüentes. As referências bibliográficas utilizadas nos capítulos I e II são 
relacionadas após o término deste item. 
ANEXOS. Neste item estão incluídos os dados que compõem o corpo 
principal desta tese, os quais são apresentados na forma de três artigos científicos e um 
capítulo de livro, além da lista taxonômica dos palinomorfos identificados nos 
testemunhos de sondagem analisados, bem como a devida ilustração das espécies 
documentadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
1
CAPÍTULO I. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
 
I.1. Introdução 
 
A seqüência sedimentar neopaleozóica da Bacia do Paraná, relativa ao 
intervalo Pensilvaniano – Permiano, é constituída por um conjunto
de distintos 
contextos paleoambientais, com registros de depósitos vinculados ao final da glaciação 
gondwânica e a subseqüente e progressiva melhoria climática, culminando na aridez que 
caracteriza a transição entre os períodos Paleozóico e Triássico. O desenvolvimento dos 
respectivos cenários paleoecológicos permitiu a colonização por organismos de natureza 
variada, preservados em determinados estratos, caracterizando esta sucessão como 
portadora de grande diversidade e riqueza de conteúdo fossilífero, abrangendo desde 
invertebrados marinhos, vertebrados, restos de plantas e microfósseis. 
Invertebrados marinhos são representados por pelecípodes, braquiópodes, 
gastrópodes e artrópodes, reconhecidos em grande parte do intervalo, como Subgrupo 
Itararé (e.g., Mezzalira, 1956; Petri & Souza, 1993), formações Rio Bonito (Rocha-
Campos & Roesler 1978) e Palermo (Schneider et al., 1974; Simões, 1992). 
Vertebrados ocorrem como mesossaurídeos, restritos à Formação Irati 
(Timm et al., 1995), além de dicinodontes e pareiassauros documentados na Formação 
Rio do Rasto (Cisneros et al., 2005). Restos de peixes, entre ossos e escamas, são 
também verificados em diversas seções (e.g., Richter, 2000; Toledo, 2001; Assine et al., 
2003). 
Macrofósseis vegetais, embora restritos a determinados horizontes 
estratigráficos, são descritos para a maioria das unidades do intervalo Pensilvaniano-
Permiano da Bacia (Ricardi-Branco et al., 1999; Alves, 2006, Rohn & Rösler, 2000; 
Fanton et al., 2006). Apresentam notável diversificação e ocorrência predominante nos 
níveis associados aos carvões do Subgrupo Itararé e Formação Rio Bonito, o que 
permitiu a proposição de zoneamentos em escala regional (Rösler, 1978; Iannuzzi & 
Souza, 2005; Bernardes-de-Oliveira et al., 2007) ou local (Guerra-Sommer & Cazzulo-
Klepzig, 1993; Rohn & Rösler, 2000; Bernardes-de-Oliveira et al., 2005). 
Como resultado de sua grande capacidade de dispersão e resistência de 
sua parede orgânica, além da abundância generalizada e variedade de morfotipos, os 
palinomorfos, em especial grãos de pólen e esporos, distinguem-se em relação aos 
demais fósseis anteriormente relatados por constituírem o principal grupo capaz de 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
2
prover zoneamentos bioestratigráficos em âmbito mais abrangente, seja estratigráfico - 
com biozonas mais contínuas, embora com níveis estéreis (isto é, intrazonas) -, ou 
geográfico. Como conseqüência, possibilitam correlações locais ou regionais, além de 
fornecerem subsídios para datações relativas, de modo a auxiliar a compreensão da 
distribuição espacial e temporal das unidades estratigráficas. 
 
 
I.2. Objetivos e justificativas 
 
Diversos zoneamentos palinológicos foram propostos para a Bacia do 
Paraná, com base em diferentes critérios e conceitos bioestratigráficos. Dentre estes, a 
subdivisão palinobioestratigráfica mais abrangente em termos geográficos e 
estratigráficos para o intervalo Pensilvaniano-Permiano é a de Daemon & Quadros 
(1970). Com base exclusivamente na distribuição de grãos de pólen, os autores 
reconheceram unidades bioestratigráficas informais que, tradicionalmente, têm 
“norteado” os trabalhos geológicos desenvolvidos na bacia, dado o potencial de datação 
relativa oferecido em ampla escala. 
Posteriormente, diversos outros esquemas foram apresentados para 
diferentes setores da bacia, com distintas metodologias quanto à amostragem e à 
natureza das unidades bioestratigráficas. Em sua grande maioria constituem palinozonas 
informais e de âmbito local (Bharadwaj et al., 1976; Arai, 1980; Sundaram, 1980), 
muitas das quais ainda inéditas (Saad, 1977; Sundaram, 1987; Burjack, 1984). 
Somente a partir do trabalho de Marques-Toigo (1988, 1991) iniciou-se 
uma nova etapa de integração de dados e formalização das biozonas, a partir do 
zoneamento permiano no Estado do Rio Grande do Sul (RS) e de parte de Santa 
Catarina. Para a porção nordeste da bacia, esta tarefa foi desenvolvida por Souza (2000, 
2006), em unidades pensilvanianas, cuja ocorrência é restrita aos estados de São Paulo e 
Paraná. 
Esses zoneamentos foram reavaliados e integrados nos últimos anos, com 
a proposição de um esquema com unidades de ampla distribuição geográfica na bacia, e 
que envolvem todo o pacote neopaleozóico (Souza & Marques-Toigo, 2001, 2003, 
2005; Souza, 2006). Segundo esses autores, quatro zonas de intervalo compõem a 
sucessão palinobioestratigráfica da seção em referência, em ordem estratigráfica 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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ascendente: Zona Arensisporites cristatus, Zona Crucisaccites monoletus, Zona 
Vittatina costabilis e Zona Lueckisporites virkkiae. Enquanto as duas primeiras, de 
idade pensilvaniana, são restritas às porções inferior e média do Subgrupo Itararé, 
distribuídas somente na parte nordeste da bacia, as duas últimas, de idade permiana, 
ocorrem generalizadamente de Goiás ao RS, em estratos referentes ao topo do Subgrupo 
Itararé à base da Formação Rio do Rasto (Neregato et al., 2008). 
Localmente, embora seja relatada uma vasta lista de contribuições 
palinológicas para o setor sul da bacia, grande parte das informações taxonômicas está 
concentrada, sobretudo, nos depósitos de carvão da Formação Rio Bonito do RS, 
provavelmente, em função da tradição das escolas de paleontologia localizadas neste 
estado. Contudo, considerando que as biozonas de idade permiana definidas por Souza 
& Marques-Toigo (2003, 2005), as zonas V. costabilis e L. virkkiae, foram erigidas 
principalmente a partir dos referidos trabalhos (e.g., Marques-Toigo et al. 1975; Corrêa 
da Silva & Marques-Toigo, 1975; Dias-Fabrício, 1981) verifica-se que o conhecimento 
palinobioestratigráfico resultante é relativamente desequilibrado, podendo refletir em 
forte controle paleoecológico na distribuição original dos táxons. Verifica-se assim a 
necessidade de maior detalhamento palinológico nas distintas litologias que compõem a 
seção Permiana nesta porção da bacia. 
Desta forma, foram selecionados para amostragem dois testemunhos de 
sondagem disponibilizados pela CPRM/RS, perfurados nos municípios de Candiota-
Hulha Negra, porção sul do RS, e que contemplam todas as unidades do intervalo 
permiano da bacia: Subgrupo Itararé e formações Rio Bonito, Palermo, Irati, Serra Alta, 
Teresina e Rio do Rasto. Adicionalmente, um segundo grupo de amostras relativo às 
formações Rio Bonito e Palermo foi coletado em um afloramento situado próximo às 
citadas perfurações, incluindo uma camada de tonstein, utilizada para obtenção de dados 
radiométricos. 
Com base nestas amostras, tem-se como intuito principal desta tese o 
levantamento de dados palinológicos inéditos na seção compreendida entre o 
Subgrupo Itararé a Formação Rio do Rasto na porção sul da Bacia do Paraná, 
visando, sobretudo, o detalhamento palinobioestratigráfico das unidades 
envolvidas, sendo apresentados como objetivos específicos: 
(i) o reconhecimento da diversidade palinológica em cada nível 
(palinotaxonomia); 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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(ii) a compreensão da sucessão bioestratigráfica, no contexto do 
zoneamento vigente, de modo a aprimorar os limites das palinozonas paleozóicas; 
(iii) a integração dos resultados palinológicos à datação radiométrica 
obtida, a fim de aperfeiçoar o posicionamento
geocronológico das unidades 
palinobioestratigráficas envolvidas em relação à Carta Geocronológica Internacional. 
 
 
I.3. Localização da área de estudo 
 
As amostras selecionadas para estudo são provenientes de testemunhos 
de sondagem advindos dos poços HN-05-RS (65133300N/227950E) e HN-25-RS 
(6514965N/ 228004E), perfurados pela CPRM-RS no município de Hulha Negra, 
porção sul do Estado do Rio Grande do Sul. Nesta mesma região, ocorrem afloramentos 
constituídos por rochas sedimentares das formações Rio Bonito e Palermo, um dos 
quais incluído nesta tese, localizado às margens da Rodovia BR 293, próximo ao km 
152, entre os municípios de Candiota e Bagé (figura 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
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Figura 1. Localização da área de estudo. 
 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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I.4. Materiais e métodos 
 
I.4.1. Seleção do material 
 
A seleção dos testemunhos decorreu de poços disponíveis na CPRM/RS, 
preferencialmente em seções com espessuras significativas das unidades em interesse 
(Subgrupo Itararé e formações Rio Bonito, Palermo, Irati, Serra Alta, Teresina e Rio do 
Rasto). O intervalo entre as amostragens pode ser variável, uma vez que amostras 
geralmente férteis para recuperação de matéria orgânica são encontradas 
preferencialmente nos níveis pelíticos. Assim, quando possível, as amostragens foram 
tomadas a cada metro, especialmente quando procedentes do Subgrupo Itararé e 
Formação Rio Bonito, e menos espaçadamente em amostragem próximas a horizontes 
importantes, tais como limites entre duas unidades estratigráficas, conforme perfil 
litológico da CPRM/RS. Por sua vez, o afloramento utilizado nesta pesquisa foi 
escolhido por permitir a integração de análises palinológicas inéditas a dados 
radiométricos, a fim de contribuir auxiliar o posicionamento geocronológico das das 
unidades permianas em relação à Carta Geocronológica Internacional. 
Ao todo, 122 níveis foram selecionados para a análise, dentre os quais 63 
correspondem ao poço HN-05-RS, envolvendo o intervalo estratigráfico entre as 
formações Rio Bonito e Rio do Rasto, 51 ao poço HN-25-RS, compreendendo o 
Subgrupo Itararé à Formação Teresina, e oito referente às coletas em superfície. Níveis 
estéreis para palinomorfos totalizaram 11 amostragens, ocorrentes nos poços HN-05 (8 
amostras) e HN-25 (3 amostras). Os perfis litoestratigráficos dos poços bem como os 
níveis amostrados para a análise palinológica constituem a figura 2. Na figura 3, 
apresenta-se a seção colunar do afloramento estudado. 
 
 
 
 
 
 
 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
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Figura 2. Perfil litoestratigráfico dos poços HN-05-RS e HN-25-RS, com indicação dos níveis 
palinológicos utilizados neste estudo. 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
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Figura 3. Perfil litoestratigráfico do afloramento, com indicação dos níveis palinológicos 
amostrados para este estudo. 
 
 
I.4.2. Recuperação de palinomorfos 
 
O processamento físico-químico para recuperação da matéria orgânica 
foi desenvolvido nas instalações do Laboratório de Palinologia Marleni Marques Toigo, 
Departamento de Paleontologia e Estratigrafia da Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul. O procedimento segue o método padrão para amostras paleozóicas, conforme 
apresentado por Quadros & Melo (1987), o qual envolve os seguintes passos: 
• Trituração da rocha em almofariz; 
• Peneiramento (descarte da fração menor que 1,4 mm), homogeneização e 
pesagem de até 15 g por amostra (peso médio por nível processado: 10 
g/amostra); 
• Teste inicial com um pequeno fragmento da amostra com ácido clorídrico (HCl) 
para verificação de material carbonático; caso o resultado seja positivo, utiliza-
se o referido reagente em quantidade necessária até o consumo total dos 
carbonatos da amostra; 
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• Ataque com ácido fluorídrico (HF) durante 24h, para a eliminação dos 
componentes silicáticos; 
• Ataque com HCl à quente (temperatura inferior a 60°C), para eliminação dos 
fluorsilicatos e sílica gel formados; 
• Lavagem das amostras com água destilada para neutralização do resíduo após 
cada procedimento com tratamento ácido, seguida de decantação, para descarte 
dos ácidos; 
• Peneiramento da amostra, com concentração do resíduo entre 20 e 250 
micrometros, e armazenamento em potes plásticos, devidamente identificados; 
• Montagem das lâminas permanentes a partir da secagem do resíduo em 
lamínulas com “Cellosize” e posterior colagem destas em lâminas de vidro com 
Entellan. Todas as lâminas estão depositadas na Palinoteca do Laboratório de 
Palinologia Marleni Marques Toigo, sob codificação MP-P 5712 a 5813, MP-P 
5666 a 5695, MP-P 6035 a 6160 e MP-P 6541 a 6559. 
 
I.4.3. Estudo e análise palinológica 
 
A análise palinológica, a qual consistiu na identificação sistemática das 
formas presentes em cada nível, bem como a documentação fotomicrográfica, foram 
realizadas com a utilização de Microscópio Olympus CX31, com câmera acoplada 
(Olympus Evolt E-330), em aumentos de 200 a 1000x. 
A fim de observar o comportamento dos distintos morfogrupos ao longo 
dos poços, foi realizada a contagem do material palinológico em cada nível 
estratigráfico, estipulada a partir do número mínimo de 100 espécimes por amostra ou 
pelo número total de formas identificadas em duas lâminas palinológicas por nível, 
quando o mínimo de espécimes não foi atingido, considerando que o estado de 
preservação na maioria dos níveis e a abundância relativa dos espécimes são variados. 
Os palinomorfos foram categorizados em grupos conforme morfologia e natureza 
(esporos lisos, esporos ornamentados, esporos cingulizonados, grãos de pólen 
monossacados, grãos de pólen bissacados lisos, grãos de pólen estriados e poliplicados, 
elementos microplanctônicos e fungos) (vide Anexo D). 
Por sua vez, a riqueza palinológica e o estado de preservação satisfatório 
das amostras advindas de afloramento permitiram o estabelecimento de contagem 
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Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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mínima de 200 elementos por nível estratigráfico, possibilitando a obtenção da 
freqüência relativa das espécies que ocorrem nas amostras de superfície (vide Anexo B). 
Listas de distribuição estratigráfica dos táxons foram construídas a fim de 
avaliar potenciais formas para fins bioestratigráficos, as quais podem ser observadas 
integralmente nos anexos B e D. 
As espécies documentadas nos poços constam no Anexo G, conforme 
classificação supragenérica de Potonié & Kremp (1954) e modificações posteriores. 
Considerando que não foram reconhecidas espécies inéditas para a bacia, julgou-se 
desnecessária a apresentação das descrições taxonômicas correspondentes. Todas as 
espécies identificadas estão ilustradas, com registro fotomicrográfico digital (Anexo H).
As lâminas palinológicas utilizadas neste estudo estão relacionadas no 
Anexo I. 
 
 
I.5. Contextualização geológica 
 
I.5.1. A Bacia do Paraná 
A Bacia do Paraná é uma das mais extensas bacias intracratônicas da 
América do Sul, compreendendo espessa seqüência sedimentar-magmática (ca. 6.800 
m), distribuída em porções territoriais do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, 
totalizando cerca de 1.700.000 km2 em sua extensão (figura 4). 
Segundo Milani (1997), seis unidades aloestratigráficas compreendem o 
registro sedimentar da bacia: Superseqüência Rio Ivaí (relacionada ao Grupo Ivaí, de 
idade Ordovício-Siluriano), Superseqüência Paraná (Grupo Paraná, idade Devoniano), 
Superseqüência Gondwana I (grupos Tubarão e Passa Dois, Pensilvaniano-Permiano), 
Superseqüência Gondwana II (Grupo Rosário do Sul, Triássico Médio a Superior), 
Superseqüência Gondwana III (Grupo São Bento, Jurássico-Cretáceo) e Superseqüência 
Bauru (Grupo Bauru, Cretáceo). 
Os poços utilizados neste trabalho compreendem todas as unidades 
incluídas na Superseqüência Gondwana I, a qual é correspondente a um grande ciclo 
transgressivo-regressivo e referente, em termos de nomenclatura litoestratigráfica, ao 
Grupo Tubarão (Subgrupo Itararé e formações Aquidauana, Rio Bonito, Palermo e 
Irati), de idade entre o Pensilvaniano (Bashkiriano/Moskoviano) e ao Grupo Passa Dois 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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(formações Irati, Serra Alta, Teresina, Corumbataí e Rio do Rasto), de idade entre o 
Cisuraliano (Artinskiano) e o Lopingiano (Wuchiapingiano?) (figura 5). Esta 
superseqüência abrange grande volume de depósitos (ca. 2.500 m), litologicamente 
heterogêneos, relativos a processos e ambientes de distinta natureza, vinculados às 
expressivas mudanças ambientais e climáticas do Gondwana, com registros glaciais e 
pós-glaciais, e termos de origem marinha, continental e transicional (Milani & Zalán, 
1999). As principais feições de cada unidade desta supersequencia são apresentadas a 
seguir conforme a descrição de Milani (1997). 
 
 
 
Figura 4. Localização e subdivisão aloestratigráfica da Bacia do Paraná (modificada de Milani, 
1997). 
 
 
 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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Figura 5. Detalhe das unidades constituintes da Superseqüência Gondwana I (modificada de 
Milani, 1997). 
 
 
Na base da Superseqüência Gondwana I, o Subgrupo Itararé apresenta 
cerca de 1.500 m de espessura, com depósitos relacionados à glaciação do Permo-
Carbonífero, e caracterizados essencialmente por arenitos, diamictitos, ritmitos, 
argilitos, siltitos e conglomerados. Essa unidade distribui-se por toda a bacia (embora 
seus depósitos pensilvanianos estejam restritos à porção nordeste), sendo parcialmente 
cronocorrelata à Formação Aquidauana na porção norte. França & Potter (1988) 
subdividiram o Subgrupo Itararé em três formações: Lagoa Azul, Campo Mourão e 
Taciba, ou formações Campo do Tenente, Mafra e Rio do Sul, de acordo com Schneider 
et al. (1974). Cada unidade é correspondente a subidas do nível relativo do mar, 
conforme mudanças climáticas cíclicas inseridas dentro do regime glacial (ciclos de 
glaciação/deglaciação). Com a subseqüente migração do Gondwana para latitudes mais 
baixas, houve retração da calota de gelo e a posterior subida do nível do mar, evento que 
Lavina & Lopes (1987) identificaram em estratos no Estado do Rio Grande do Sul 
como “transgressão permiana”, sendo referente à transgressão pós-glacial reconhecida 
na porção superior do Subgrupo Itararé. 
Os estratos da Formação Rio Bonito correspondem à sedimentação 
imediatamente pós-glacial, sendo predominantemente compostos por arenitos fluviais e 
associações de pelitos e carvões originados a partir de ambientes lagunares e deltáicos. 
Schneider et al. (1974), observando que alternavam-se pacotes arenosos e pelíticos, 
representativos das oscilações do nível de base, subdiviram esta unidade em três 
formações: Triunfo (arenoso), Paraguaçu (pelítico) e Siderópolis (arenoso, com níveis 
de carvão), reconhecidas integralmente nos estados do Paraná e Santa Catarina, 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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enquanto no Rio Grande do Sul, a Formação Rio Bonito permanece indivisa. Milani 
(1997), baseado em diversos dados estratigráficos, definiu este intervalo como 
dominado por “sedimentação costeira, transicional, progressivamente afogado para seu 
topo pela subida do mar Palermo”, onde localmente desenvolveram-se as turfeiras que 
deram origem aos carvões da Formação Rio Bonito. 
A Formação Palermo é constituída por siltitos e argilitos, interpretados 
como de origem marinha plataformal. Na seção nordeste da bacia, estas unidades pós-
glaciais são parcialmente correlatas à Formação Tatuí no Estado de São Paulo, a qual é 
definida por sua constituição em grande parte arenosa, além de siltitos e calcários, ou à 
Formação Dourados ao norte da bacia, na qual também predominam arenitos. O contato 
da Formação Palermo com a sobrejacente Formação Rio Bonito, pode ser interdigitada, 
resultante de erosão pelo “retrabalhamento costeiro durante a transgressão” ou em 
sobreposição em “discordância angular aos pacotes mais antigos e mesmo sobre o 
embasamento cristalino, como pode ser observado nas proximidades de Bagé-RS”, 
segundo Milani (1997). 
Constituindo a base do Grupo Passa Dois, a Formação Irati é 
representada por folhelhos, folhelhos betuminosos, arenitos, margas e anidrita, com 
interpretação paleoambiental controversa (marinha, lagunar ou lacustre). Neste 
intervalo, a bacia pode ser caracterizada por dois “domínios”: um ao sul, relativo à 
porção mais profunda da bacia e um segundo em sua seção norte, o qual é interpretado 
como ambiente plataformal raso. 
A Formação Serra Alta é caracterizada principalmente por folhelhos e 
siltitos, os quais são relacionados à ambiente marinho de baixa energia, enquanto a 
Formação Teresina apresenta composição de níveis pelíticos intercalados com arenitos, 
considerados como de origem marinha rasa, de águas agitadas, dominado por ondas e 
ação de marés. No topo da seqüência, a Formação Rio do Rasto é verificada através de 
siltitos esverdeados e arroxeados, arenitos e argilitos (Membro Serrinha) e argilitos e 
siltitos avermelhados, com intercalações de arenitos finos (Membro Morro Pelado). Ao 
norte da bacia, o intervalo estratigráfico compreendido pelas formações Serra Alta e Rio 
do Rasto é nomeado como Formação Corumbataí, com argilitos, folhelhos e siltitos 
escuros, registrando bancos carbonáticos, representativos de ambientes marinhos rasos 
(Rocha-Campos, 1967; Schneider et al., 1974; Rohn, 1994; Milani & Zalán, 1999). 
Diversas cartas estratigráficas foram propostas para o intervalo 
Pensilvaniano/Permiano da bacia, expressando a sucessão de litotipos e a 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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caracterização das unidades e fácies correspondentes (e.g., Schneider et al, 1974; Milani 
et al., 1994, 2007). Em Holz et al. (2010), dados estratigráficos, incluindo litofácies e 
seqüências deposicionais, e paleontológicos foram sumarizados por unidade 
litoestratigráfica, de modo a oferecer um quadro atualizado com as mais significativas 
informações
do ponto de vista bioestratigráfico. 
 
I.5.2. Aspectos da geologia local 
 
A presença de espessas camadas de carvão no município de Candiota, sul 
do Estado do Rio Grande do Sul, consistiu no motivo principal para o desenvolvimento 
de inúmeros trabalhos de cunho estratigráfico, a fim de reconhecer e identificar quais 
leitos seriam mais satisfatórios e viáveis a exploração econômica (Fontes & Cava, 1980; 
Menezes-Filho & Brito, 1982; Wildner, 1983; Lopes et al., 1986; Picolli et al., 1986; 
Lavina & Lopes, 1987), ou para uma maior compreensão das questões relativas ao 
comportamento e evolução da bacia nesta seção, incluindo a aplicação dos conceitos da 
Estratigrafia de Seqüências (Alves & Ade, 1996; Holz, 1998,; Holz et al., 2006). 
Fontes & Cava (1980) iniciaram os estudos estratigráficos a partir de 
dados litofaciológicos, os quais permitiram esboçar um sumário da evolução 
paleogeográfica da região. Neste contexto, a área de Candiota ter-se-ia desenvolvido em 
ambiente de planície costeira, localizada em uma superfície de deposição em plano 
inferior à de Hulha Negra, a qual foi considerada como área de alto topográfico. 
Menezes Filho & Brito (1982) sintetizaram os dados disponíveis relativos 
à estratigrafia regional, detalhando aspectos litoestratigráficos relativos aos depósitos do 
Subgrupo Itararé à Formação Rio do Rasto, subsidiando dados para o desenvolvimento 
posterior de modelos paleogeográficos para a região. 
Wildner (1983) em análise de diversas perfurações descreveu litotipos e 
paleoambientes associados às formações Rio Bonito e Palermo. Aspecto interessante a 
ser ressaltado é a menção sobre a transição entre estas unidades na área, a qual pode ser 
caracterizada como (i) “progradação normal”, resultante de uma seqüência gradativa ao 
longo das baías da Formação Rio Bonito ou (ii) de maneira discordante, onde porções 
significativas da Formação Rio Bonito seriam erodidas, as quais poderiam até estar 
incluídas como fragmentos em certos horizontes da Formação Palermo. 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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Lopes et al. (1986), na apresentação de resultados relativos ao Projeto 
“Borda Leste da Bacia do Paraná”, identificaram três fases de recuo de linha de costa no 
Estado do Rio Grande do Sul, o que permitiu inferir que a formação das turfeiras das 
distintas regiões carboníferas deste estado (Capané, Iruí, Candiota), não ocorreu de 
maneira síncrona. Segundo os autores, sucessivos pulsos transgressivos em Candiota 
teriam sido responsáveis pelo desenvolvimento das extensas e espessas camadas de 
carvão, considerando que esta localidade estava inserida em uma grande área plana. 
Lavina & Lopes (1987) reconheceram três episódios de formação e 
destruição do sistema barreira/laguna na região. Identificaram que, na fase final de 
sedimentação do Grupo Tubarão no estado, grande parte dos altos topográficos (= 
relevos emersos) estariam muito distantes da faixa atual de afloramentos gondwanicos, 
significando que grande parte do Escudo sul rio grandense estaria coberto pelo mar. 
Della Fávera et al. (1994) apresentaram interpretações sobre os sistemas 
deposicionais inseridos no contexto da evolução geológica da região de Candiota. Em 
síntese, vales fluviais pré-existentes teriam sido preenchidos por sedimentos do 
Subgrupo Itararé. Ao final da glaciação gondwânica, tem-se a elevação do nível relativo 
do mar, e a sedimentação da base da Formação Rio Bonito modelaria a superfície de 
forma plana, onde posteriormente desenvolver-se-iam as camadas de carvão em um 
sistema lagunar protegido de ingressões marinhas por cordões litorâneos, os quais são 
afogados pelo sistema transgressivo marinho, estabelecido pela Formação Palermo. São 
mencionados ainda os altos de Porto Alegre e Uruguai, separados pelo vale chamado de 
“Depressão Candiota”. Integrações com dados sedimentológicos a outros parâmetros, 
dentre os quais padrões de circulação atmosférica, foram utilizados pelos autores para 
inferir que “dentro de um contexto global em vias de desertificação, a região de 
Candiota estaria submetida a uma clima úmido e frio, pois os ventos atravessariam todo 
o espelho d’água do lado africano da bacia antes de atingirem à depressão”. 
Alves & Ade (1996), sucedendo à aplicação dos conceitos da estratigrafia 
de seqüências para a região, desenvolveram um modelo deposicional referente 
especificamente para a Mina de Candiota. Três tratos de sistema foram identificados 
(mar baixo, transgressivo e mar alto), confirmando proposições anteriores de que os 
carvões teriam sido formados em um sistema laguna-barreira. 
Holz (1997,1998) integrou dados de diversos poços a fim de relatar 
modelos deposicionais baseados na estratigrafia de seqüências, concernentes às jazidas 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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de carvão na porção centro-nordeste do RS. Contudo, apenas em Holz (2003) e Holz et 
al. (2006), estas interpretações foram fornecidas para Candiota, onde registraram três 
seqüências deposicionais, dentre as quais, a segunda (S2) e a terceira (S3) são 
correlatas, respectivamente, aos depósitos das formações Rio Bonito e Palermo, 
separadas entre si pelo limite de seqüências nomeado como SB3. De acordo com estes 
autores, durante a formação da SB3, a Bacia do Paraná teria sofrido movimentos 
tectônicos localizados, com alterações na linha de costa. Como conseqüência, a região 
de Candiota teria sido afetada por subsidência diferencial, sendo observado em 
afloramentos nesta área, que a transgressão marinha da Formação Palermo seria 
responsável pela erosão parcial dos depósitos de carvão da Formação Rio Bonito. 
 
 
I.6. Contextualização palinológica 
 
I.6.1. Palinobioestratigrafia da Bacia do Paraná 
 
Os primeiros estudos palinológicos da Bacia do Paraná foram realizados 
a partir dos anos 60, quando diversas pesquisas foram desenvolvidas em sua seção sul, 
enfocando especialmente as camadas portadoras de carvão da Formação Rio Bonito nos 
estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Somente a partir da década de 70, 
estudos para a porção nordeste da bacia passaram a ser importantes, permitindo o 
conhecimento em caráter mais amplo das microfloras. 
Diversas tentativas de zoneamento para o Neopaleozóico da Bacia do 
Paraná foram apresentadas desde então, no qual o estudo de Daemon (1966) é 
considerado como o pioneiro. Contudo, avaliando aspectos como as dimensões 
estratigráfica/geográfica, assim como a operacionalidade dos esquemas, são detalhadas 
as propostas de Daemon & Quadros (1970) e os trabalhos integrativos entre as porções 
norte e sul da bacia, resultando na formalização das unidades bioestratigráficas, os quais 
permitiram a elaboração do esquema atual de zoneamento (Marques-Toigo, 1988, 1991; 
Souza & Marques-Toigo, 2001, 2003, 2005; Souza, 2006). 
Daemon & Quadros (1970) desenvolveram a mais abrangente subdivisão 
palinobioestratigráfica em termos geográficos (dos estados de Goiás ao Rio Grande do 
Sul) e estratigráficos (entre o Subgrupo Itararé e Formação Teresina), para o intervalo 
temporal compreendido entre o Pensilvaniano e Permiano da Bacia do Paraná, a partir 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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de dados de afloramentos (13) e poços exploratórios da Petrobras (31). Com base 
principalmente na distribuição de 40 espécies de grãos de pólen,
além de esporos 
monoletes, grãos de pólen monocolpados e Tasmanites (Prasinophyceae), os autores 
reconheceram seis unidades informais nomeadas como intervalos, em ordem 
ascendente: intervalos G, H (subdividido nos subintervalos H1, H2 e H3), I (I1, I2+I3+I4), 
J, K e L (L1, L2 e L3), sintetizados a seguir. 
• G/H1: são comuns neste intervalo grãos de pólen monossacados, tais como 
Potonieisporites, Plicatipollenites e Divarisaccus (= forma P-51 ou 
Crucisaccites dos autores). 
• H2 e H3: registra-se a partir do intervalo H3 maior freqüência e diversidade de 
formas bissacadas, tais como Protohaploxypinus amplus e Vittatina cf. vittifera, 
as quais são formas comuns nos intervalos posteriores (I1, I2+I3+I4 e J) a 
dominantes nos intervalos K e L. 
• I1, I2+I3+I4, J: grãos de pólen monossacados e bissacados abundam neste 
intervalo de maneira homogênea. Formas do gênero Vittatina são facilmente 
reconhecidas nesta seção, e seu topo é delimitado pelo desaparecimento do 
gênero Plicatipollenites. 
• K e L: a partir do intervalo K, à medida que grãos de pólen monossacados 
tornam-se escassos, passam a predominar grãos de pólen bissacados, sendo 
importante forma guia o gênero Lueckisporites. 
É a partir do trabalho de Daemon & Quadros (1970) que o 
comportamento geral da Bacia do Paraná pôde ser primariamente entendido em grande 
escala. Observou-se que os intervalos mais inferiores (G) não eram encontrados nas 
porções mais ao sul da bacia, informação preliminarmente observada por Daemon 
(1966). Nos intervalos superiores (H, I e J), esta situação invertia-se, considerando que 
tais seções não foram reconhecidas em todos os poços ao norte da bacia. 
Segundo os autores, a partir do intervalo G a Bacia do Paraná começou a 
subsidir para sul, o que permitiu a deposição sedimentar nas unidades conseguintes. 
Para a correlação entre os poços, o datum escolhido foi o aparecimento de 
Lueckisporites virkkiae. Desta forma, abaixo do marco de correlação a bacia 
comportou-se de maneira irregular (intervalos G a J), enquanto nos intervalos K e L, 
passou a uma fase de ajustamento, uma vez que os dois intervalos podem ser 
encontrados em todas as seções ao longo de toda bacia. Os autores verificaram ainda 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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que parte dos depósitos do Subgrupo Itararé poderiam ser, em alguns locais (porção 
sudeste da bacia), sincrônicos à deposição da Formação Rio Bonito, anteriormente já 
relatado por Asmus (1967, apud Daemon & Quadros, 1970): “O que se conhece como 
Formação Rio Bonito deve estar mais propriamente incluído no Subgrupo Itararé, já que 
as identidades litológicas ali verificadas, sugerem que sejam sincrônicas e assim 
pertençam a um mesmo ciclo de sedimentação”, pois de acordo com os dados de 
Daemon & Quadros (1970), os esporomorfos da Formação Rio Bonito teriam íntima 
associação com os do Subgrupo Itararé, uma vez que não foi observada quebra 
bioestratigráfica entre estas unidades. Contudo, esta inferência poderia resultar 
simplesmente da observação de mesmas formas em ambas as unidades e concluir que 
seriam cronocorrelatas, ao invés do entendimento que uma mesma biozona pudesse 
estar presente em duas unidades justapostas. 
Somente a partir da década de 1990, novas propostas bioestratigráficas de 
caráter mais geral foram apresentadas. A contribuição de Marques-Toigo (1991) 
constitui a primeira proposta formal de zoneamento para Bacia do Paraná, e resulta da 
publicação dos dados obtidos a partir de Marques-Toigo (1988), com enfoque no 
Subgrupo Itararé e nas formações Rio Bonito, Palermo e Irati, a partir de amostras de 
subsuperfície e afloramentos de jazidas carboníferas nos estados do Rio Grande do Sul e 
Santa Catarina. 
A partir da distribuição lateral e vertical de grãos de pólen e a relação e 
freqüência entre os táxons identificados, foram propostas duas zonas de intervalo, 
denominadas Zona Cannanoropollis korbaensis e Zona Lueckisporites virkkiae. A 
primeira é subdividida em três subzonas: Subzona Protohaploxypinus goraiensis, 
Caheniasaccites ovatus e Hamiapollenites karrooensis. 
A Zona Cannanoropollis korbaensis foi definida a partir da amplitude 
estratigráfica local de C. korbaensis ou de Potonieisporites simplex. Os níveis de 
extinção de Limitisporites vesiculosus e Hamiapollenites karrooensis para o limite 
superior completam a definição da zona. As três subzonas correspondentes, em ordem 
estratigráfica ascendente, são: 
• Subzona Protohaploxypinus goraiensis: definida pela amplitude local da espécie 
epônima ou de Plicatipollenites malabarensis; 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
19
• Subzona Caheniasaccites ovatus: o limite inferior é diagnosticado pelo nível de 
extinção de P. goraiensis, enquanto o limite superior pelo desaparecimento de 
Caheniasaccites ovatus; 
• Subzona Hamiapollenites karrooensis: identificada pela amplitude restrita de H. 
karrooensis e pelo desaparecimento de Potonieisporites simplex. 
A zona Lueckisporites virkkiae é reconhecida pela amplitude de L. 
virkkiae, Marsupipollenites triradiatus, Staurosaccites cordubensis, Striatopodocarpites 
pantii, Lunatisporites variesectus e Protohaploxypinus perfectus. Segundo a autora, as 
formas apresentam distribuição estratigráfica até a porção arenosa da Formação Serra 
Alta. 
Embora propostas para a porção sul do país, as zonas poderiam ser 
estendidas para toda a bacia. Porém, algumas unidades foram consideradas como de 
caráter local (Subzona Caheniasaccites ovatus), como observado em Souza & Marques-
Toigo (2003). 
Na mesma época, Daemon & Marques-Toigo (1991) publicaram uma 
breve notícia na qual nomeiam o intervalo G-H1 de Daemon & Quadros (1970) como 
Zona Potonieisporites novicus. No entanto, embora seja relativo a um resumo, alguns 
trabalhos o consideram como válido para a bioestratigrafia da bacia (e.g. Holz & Dias, 
1998; Holz & Carlucci, 2000; França et al., 1996). 
Os trabalhos de Lima et al. (1983), Souza (1996), Souza et al. (1996) e 
Souza (2000) permitiram uma melhor caracterização do conteúdo palinológico da 
porção nordeste da bacia que, conjuntamente aos dados de aprimoramento, integração e 
formalização das biozonas de Souza & Marques-Toigo (2001, 2003 e 2005), resultaram 
na proposta atual de zoneamento da Bacia do Paraná, como apresentado em Souza 
(2006). 
De acordo com estes últimos autores (Souza & Marques-Toigo, 2003, 
2005; Souza, 2006), a sucessão palinológica do Pensilvaniano e do Permiano da Bacia 
do Paraná é representada por quatro zonas de intervalo, denominadas como zonas 
Ahrensisporites cristatus (ZAc), Crucisaccites monoletus (ZCm), Vittatina costabilis 
(ZVc) e Lueckisporites virkkiae (ZLv), em ordem estratigráfica ascendente. 
Em Souza (2006) são apresentadas as zonas Ahrensisporites cristatus e 
Crucisaccites monoletus, a partir de dados de poços e afloramentos obtidos na porção 
nordeste da Bacia do Paraná, nos estados de São Paulo e Paraná, totalizando 117 
amostras de 27 testemunhos de sondagem e 32 amostras de 29 afloramentos. As zonas 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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ZAc e ZCm são de idade pensilvaniana, e ocorrem nas porções inferior e média do 
Subgrupo Itararé. Estas zonas não são contínuas ao longo da bacia, sendo consideradas 
ausentes no RS e ocorrendo parcialmente em Santa Catarina. 
Esporos lisos,
apiculados e cingulados, associados a grãos de pólen 
monossacados constituem os elementos dominantes nessas duas biozonas. Grãos de 
pólen monossacados estriados e bissacados são subordinados, ocorrendo em baixas 
freqüências, embora o padrão de distribuição dessas formas possa variar de uma seção 
para outra, conforme a litofácies local. Na unidade mais antiga (ZAc), onze espécies de 
esporos são estratigraficamente restritas, enquanto que na ZCm, somente a espécie 
epônima é estratigraficamente confinada. Diversas espécies são comuns nas duas 
biozonas, que também compartilham a baixa freqüência de grãos de pólen bissacados e 
teniados, bem como a ausência de grãos de pólen poliplicados. 
O limite inferior da ZAc é caracterizado pelo aparecimento de diversas 
espécies de esporos e grãos de pólen. Onze esporos são estratigraficamente restritos à 
zona: Granulatisporites varigranifer, Anapiculatisporites argentinensis, Raistrickia 
pinguis, Foveosporites hortonensis, Ahrensisporites cristatus, Cristatisporites 
indignabundus, Cristatisporites menendezii, Cristatisporites spinosus, Cristatisporites 
inordinatus, Cirratriradites veeversii e Psomospora detecta. Grãos de pólen 
monossacados e bissacados aparecem pela primeira vez no Carbonífero da bacia, como 
Plicatipollenites, Cannanoropollis, Potonieisporites, Caheniasaccites, Limitisporites e 
Protohaploxypinus. A zona é registrada em diversos afloramentos e bem amostrada em 
subsuperfície no Estado de São Paulo. No Paraná e em Santa Catarina, a zona é 
registrada na base do Subgrupo Itararé (Daemon 1974, 1981). 
O limite inferior da ZCm é definido pelo desaparecimento das onze 
espécies de esporos restritas à zona inferior e pelos aparecimentos de Crucisaccites 
monoletus e Scheuringipollenites maximus. Sua porção superior é limitada pelo 
desaparecimento de C. monoletus e pelo primeiro aparecimento de Illinites unicus, 
Protohaploxypinus goraiensis e espécies de Vittatina, formas características da zona 
Vittatina costabilis. A espécie C. monoletus embora não seja reconhecidamente 
abundante nas assembléias, foi escolhida como espécie epônima porque é 
estratigraficamente restrita à zona, é facilmente identificada e registrada em mais de 
duas localidades. O nome foi escolhido em substituição à unidade proposta em Souza 
(2000), a Zona Potonieisporites neglectus. Diversas formas que ocorrem na zona 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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Ahrensisporites cristatus também são encontradas na zona C. monoletus. A ocorrência 
restrita de C. monoletus associada ao sensível aumento na freqüência de monossacados 
teniados e bissacados dentro das assembléias (aproximadamente 5% na ZAc e até 10% 
na ZCm) permitem a distinção em relação à zona anterior. A ZCm corresponde 
litoestratigraficamente a porção superior da base do Subgrupo Itararé à sua porção 
média. 
Além da formalização das duas zonas carboníferas, a Zona Vittatina 
costabilis (nova designação da Zona Cannanoropollis korbaensis de Marques-Toigo, 
1988, 1991) tem seu registro reconhecido na porção superior do Subgrupo Itararé na 
porção nordeste da Bacia do Paraná, evidenciando constância na bacia. Embora esta 
unidade tenha sido documentada pela primeira vez nesta região no trabalho de Souza 
(2000), muitas espécies presentes no zoneamento de Marques-Toigo (1991) 
apresentaram distribuição distinta na porção nordeste. Esta é correspondente aos 
intervalos H3-J de Daemon & Quadros (1970) e ocorre desde a porção superior do 
Subgrupo Itararé até a porção superior da Formação Rio Bonito. 
As zonas ZVc e ZLv foram formalizadas em Souza & Marques-Toigo 
(2005), quando novos dados foram adicionados aos esquemas palinobioestratigráficos 
referentes à porção permiana no Estado do Rio Grande do Sul. Com base no primeiro 
aparecimento e desaparecimento de grãos de pólen selecionados, foram erigidas duas 
zonas de intervalo, com apresentação das principais características e estabelecimento 
das seções de referência, assim como critérios adicionais para o reconhecimento dos 
limites bioestratigráficos de acordo com as normas apresentadas pelo Código da 
Comissão Internacional em Classificação Estratigráfica. A análise da distribuição 
estratigráfica baseou-se na revisão de trabalhos publicados e de novas amostragens de 
superfície e testemunhos de sondagem relacionados à pesquisa e exploração do carvão 
no Rio Grande do Sul. 
A ZVc corresponde à unidade anteriormente denominada como Zona 
Cannanoropollis korbaensis por Marques-Toigo (1991) ou Zona Vittatina por Souza & 
Marques-Toigo (2001), sendo finalmente aprimorada e formalizada em Souza & 
Marques-Toigo (2005). A zona é definida pelo primeiro aparecimento de espécies do 
gênero Vittatina (V. saccata, V. subsaccata, V. costabilis, V. vittifera) espécies de 
Protohaploxypinus (P. goraiensis, P. limpidus), Fusacolpites fusus e Illinites unicus. As 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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duas subzonas, Protohaploxypinus goraiensis e Hamiapollenites karrooensis, 
apresentadas em Souza & Marques-Toigo (2003) foram mantidas. 
A primeira subzona foi originalmente definida pelas amplitudes de P. 
goraiensis e Illinites unicus, sendo posteriormente adicionada a ocorrência restrita de 
Protohaploxypinus limpidus (Souza & Marques-Toigo, 2005). Inclui as camadas de 
carvão do RS e SC, anteriormente relacionadas à Subzona Caheniasaccites ovatus 
(Marques-Toigo 1988, 1991), a qual foi considerada como ecofácies. Souza (2000) 
havia proposto a renomeação dessa zona para Caheniasaccites flavatus, em função da 
sinonimização de C. ovatus para C. flavatus (Azcuy & Di Pasquo, 2000). Os limites 
inferior e superior da subzona extinta eram definidos pelos últimos aparecimentos de 
Protohaploxypinus goraiensis e Caheniasaccites ovatus, respectivamente. No entanto, 
P. goraiensis ocorre nos níveis de carvão de Candiota, local considerado como 
pertencente à Subzona Caheniasaccites ovatus por Cazzulo-Klepzig et. al (2002). Além 
disso, C. ovatus apresenta ampla distribuição estratigráfica em toda Bacia do Paraná, 
sendo registrado desde o Subgrupo Itararé até a Formação Palermo, o que limita seu uso 
como marcador bioestratigráfico e o torna inapropriado para nomeação da biozona. 
A Subzona Hamiapollenites karrooensis é definida pela amplitude da 
espécie epônima e pelo primeiro aparecimento de Striatopodocarpites fusus e 
Staurosaccites cordubensis. Litoestratigraficamente, estas subzonas são 
correlacionáveis a uma estreita seção sedimentar referente a porção média e superior da 
Formação Rio Bonito. 
A ZLv, formalizada em Souza & Marques-Toigo (2005) tem seu limite 
inferior definido pelo último aparecimento de Hamiapollenites karrooensis e 
Stellapollenites talchirensis, e pelo primeiro aparecimento de várias espécies de grãos 
de pólen teniados e poliplicados, como espécies de Lueckisporites (L. virkkiae, L. 
stenotaeniatus, L. agoulaensis), Marsupipollenites striatus, Pakhapites fasciolatus, 
espécies de Protohaploxypinus (P. hartii, P. sewardi, P. microcorpus), Lunatisporites 
variesectus, Alisporites nuthallensis, Striatopodocarpites pantii, Weylandites lucifer e 
espécies de Staurosaccites, - estes dois últimos verificados em Souza & Marques-Toigo 
(2003)-, configurando importante datum bioestratigráfico para a bacia. O limite inferior 
é reconhecido entre os estratos mais superiores da Formação Rio Bonito e base da 
Formação Palermo. Já o limite superior da ZLv é definido pelo desaparecimento de 
espécies
de Lueckisporites, nos níveis correspondentes das formações Serra Alta e 
Teresina, podendo ser estendida à base da Formação Rio do Rasto (Daemon & Quadros, 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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1970; Neregato et al., 2008) e correlacionável aos intervalos K-L de Daemon & 
Quadros (1970). O quadro síntese apresentado na figura 6 ilustra os principais esquemas 
palinobioestratigráficos erigidos para a Bacia do Paraná, com posicionamento 
geocronológico a partir de dados de Souza (2006), Santos et al. (2006) e Holz et al. (2010). 
 
 
 
Figura 6. Síntese e correlação das palinozonas pensilvanianas e permianas da Bacia do Paraná 
(modificado de Souza, 2006). 
 
 
I.6.2. Contribuições palinológicas prévias na área de estudo 
 
A listagem de trabalhos que versam sobre microfloras em depósitos 
pensilvanianos e permianos na Bacia do Paraná é relativamente extensa e, 
particularmente sobre as formações Rio Bonito e Palermo, a maior parte é procedente de 
diversas localidades do Estado do Rio Grande do Sul (e.g., Cauduro, 1970; Dias-
Fabrício, 1981). Contudo, são escassas as contribuições que relataram análises 
palinológicas em intervalos contínuos envolvendo grandes intervalos litoestratigráficos 
(Picolli et al., 1985; Picarelli et al., 1986). 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
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Neste item, são relatadas as principais informações palinológicas 
desenvolvidas na área de estudo abrangida, especialmente na seção sul do Estado do Rio 
Grande do Sul e nordeste do Uruguai. 
Os primeiros registros paleontológicos para a região de Candiota-Hulha 
Negra são referentes a restos de plantas, com descrições associadas de megásporos e 
miósporos, como mencionado em Carruthers (1869), Plant (1869), Hartt (1870), Liais 
(1872), Zeiller (1895), Lundquist (1920), Trindade (1954) e Dijkstra (1955). 
Com relação à palinologia, a maioria das associações descritas é 
resultante das litologias de carvões e rochas associadas das formações Rio Bonito e 
Palermo, desenvolvidos por vários autores a partir da década de 60 do século passado. 
As listas de táxons são relativamente extensas, incluindo diversas proposições 
taxonômicas, parte dos quais foram revistos e sinonimizados por outros autores. O 
significado bioestratigráfico de cada uma dessas contribuições é apresentado a seguir, a 
título de ressaltar sua importância e aspectos problemáticos . 
As primeiras análises essencialmente palinológicas para a região foram 
realizadas por Pant & Srivastava (1965), relativas a uma amostra procedente de 
Candiota além de uma segunda localidade não especificada do Estado de Santa 
Catarina. Os autores identificaram 14 espécies, incluindo diversas proposições 
taxonômicas. Este material foi re-estudado por Tiwari & Navale (1967), os quais 
ampliaram a lista taxonômica para um total de 46 espécies. Além disso, a análise 
quantitativa realizada por estes últimos autores evidenciou o predomínio de 
morfogrupos distintos entre as duas amostras, possibilitando a inferência de que estas 
representariam diferentes fácies deposicionais. A comparação entre as duas associações 
palinológicas permitiu atribuir idade mais antiga para o material analisado do Estado do 
Rio Grande do Sul do que aqueles coletados em Santa Catarina. 
Nahuys et al. (1968) apresentaram os resultados das análises 
palinológicas e petrográficas de amostras oriundas das minas de Charqueadas e 
Candiota, incluindo ainda dados palinológicos de amostras coletadas nos estados de 
Santa Catarina (Camada Barro Branco) e do Paraná. Os táxons identificados foram 
detalhadamente descritos e ilustrados, resultando na apresentação de 32 espécies, sendo 
oito destas, novas proposições taxonômicas. Os conjuntos palinológicos documentados 
permitiram ainda corroborar idade permiana para os carvões da Formação Rio Bonito, 
visto que eram anteriormente interpretados como pertencentes ao Carbonífero (e.g., 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
25
Beurlen,1953; Dolianiti, 1953). Embora com amostragem relativamente ampla e 
exaustiva, dados sobre as procedências geográficas ou estratigráficas para cada táxon 
não são fornecidas, dificultando as análises bioestratigráfica e paleoambiental. 
Posteriormente, Ybert (1975) analisou 63 amostras de carvão em 18 
testemunhos de sondagem e dois afloramentos, entre os municípios de Candiota e Hulha 
Negra. Um total de 89 táxons foi identificado, com proposição de 15 novas espécies. 
Este foi o primeiro trabalho a apresentar perfis dos afloramentos e dos testemunhos 
estudados, assim como a localização estratigráfica de cada amostra analisada. 
Entretanto, a caracterização palinológica é restrita somente os níveis de carvão, o que 
era muito comum na época, considerando que o foco principal dos estudos era voltado 
para o maior conhecimento desse recurso, de modo a aprimorar seu aproveitamento 
econômico. Esta tendência foi mantida por muito tempo depois, resultando em um 
conjunto de dados que reflete muito mais o contexto local - da palinoflora formadora do 
carvão - do que as associações faciológicas como um todo. Além disso, tal como em 
Nahuys et al. (1968), o autor não detalha o local de ocorrência das espécies 
documentadas, informação que é fornecida somente para as novas espécies propostas ou 
para os espécimes fotografados. 
Na mesma época, Marques-Toigo et al. (1975) documentaram gêneros de 
megásporos e micrósporos no carvão de Candiota, cujo estudo foi aprofundado por 
Corrêa da Silva & Marques-Toigo (1975), as quais amostraram níveis sílticos e tonstein, 
além dos níveis de carvão, contabilizando um total de 35 espécies, sendo incluídas 
análises quantitativas por nível estratigráfico. Com a integração de dados petrográficos, 
os autores traçaram um esboço do comportamento das diferentes espécies conforme o 
tipo de carvão. 
Meyer & Marques-Toigo (2000) apresentaram aspectos ambientais para a 
região de Candiota, com base em 28 amostras provenientes de níveis de carvão, 
coletados em quatro testemunhos de sondagem. As autoras identificaram 73 espécies de 
palinomorfos, embora poucas espécies tenham sido efetivamente documentadas neste 
trabalho. Contudo, o destaque é no primeiro registro de microfósseis considerados de 
origem marinha (Navifusa e Cymatiosphaera) para os carvões do sul do Brasil, o que 
permitiu corroborar esquemas estratigráficos que propunham ingressões marinhas no 
sistema formador de carvões (Alves & Ade, 1996; Holz, 1998). 
Contribuições posteriores apresentadas por Cazzulo-Klepzig et al. 
(2002), Cazzulo-Klepzig et al. (2005) e Guerra-Sommer et al. (2008a, b), ainda que 
Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 
26
dedicados aos carvões da Mina de Candiota, detém-se a revisões taxonômicas de 
trabalhos previamente publicados ou apenas a citações de táxons, alguns dos quais 
ilustrados, embora parte deles seja proveniente de outras localidades do Estado (vide 
Santos et al., 2006, p. 461) ou inexistente nas referências citadas. Como exemplo, 
Guerra-Sommer et al. (2008a), mencionam a ocorrência de Protohaploxypinus 
goraiensis e espécies de Stritatopodocarpites na Mina de Candiota, conforme dados de 
Cazzulo-Klepzig et al. (2005). Entretanto, apenas o segundo gênero

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