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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS ANÁLISE PALINOESTRATIGRÁFICA DE DEPÓSITOS PERMIANOS DA BACIA DO PARANÁ NO SUL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL: UMA NOVA PROPOSTA BIOESTRATIGRÁFICA ANA LUISA OUTA MORI ORIENTADOR: Prof. Dr. Paulo Alves de Souza BANCA EXAMINADORA: Profª. Drª. Ángeles Beri – Departamento de Geologia, Instituto de Ciencias Geologicas, Facultad de Ciências, Montevideo - Uruguai Dr. Luiz Padilha Quadros – Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), Gerência de Bioestratigrafia e Paleoecologia, Rio de Janeiro - Brasil Dr. Ricardo da Cunha Lopes – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) – Porto Alegre, Brasil Tese de Doutoramento apresentada como requisito parcial para a obtenção do Título de Doutor em Ciências. Porto Alegre, agosto de 2010 Mori, Ana Luisa Outa Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil : uma nova proposta bioestratigráfica./. Ana Luisa Outa Mori. – Porto Alegre : IGEO/UFRGS, 2010. [289 f.]. il. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Geociências. Programa de Pós-Graduação em Geociências, Porto Alegre, RS - BR, 2010. Orientação: Prof. Dr. Paulo Alves de Souza 1. Palinologia. 2. Bacia do Paraná. 3. Permiano. 4. Bioestratigrafia. I. Título. _____________________________ Catalogação na Publicação Biblioteca do Instituto de Geociências - UFRGS Miriam Alves CRB 10/1947 Aos meus pais, dedico. "O fácil é certo. Comece certo e tudo será fácil. Continue no fácil, e você estará certo. O modo certo de estar no fácil é esquecer o caminho certo. E esquecer que o fluxo é fácil". Chuang Tzu i AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pós-graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGGEO/UFRGS), por meio de sua estrutura física e constituição do corpo docente. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de bolsa de doutorado. A CPRM-RS, pela concessão das amostras utilizadas neste trabalho. Aos Profs. Drs. Michael Holz, Roberto Iannuzzi e Tânia L. Dutra, por suas sugestões e críticas quando da avaliação do Exame de Qualificação. A Ricardo C. Lopes, pelo trabalho de campo desenvolvido e na contextualização dos problemas estratigráficos abrangidos na área de estudo. A Juliana C. Marques, pela contribuição na obtenção e análise dos dados radiométricos. A Juan C. Cisneros, pela revisão e versão dos textos para língua inglesa. A Carolina G. Nick, pelo auxílio laboratorial no processamento parcial das amostras. Aos amigos do Laboratório de Palinologia, Daiana Boardman, Eduardo Premaor, Larissa Smaniotto, Omaira Arango, Renato Backes, Rodrigo Cancelli, Thiago Fischer e Wagner Silva, pela saudável convivência, pela troca de idéias e significativas discussões que muito contribuíram para o desenvolvimento final deste trabalho. A Annie Hsiou, Elizete Holanda, Graciela Tybusch e Marla Saldanha, minhas irmãs da família do Sul. A Cristina Félix, por inúmeras vezes auxiliar-me em certas identificações taxonômicas, mas, sobretudo, por sua amizade e companheirismo. Aos meus pais, Eizo Mori e Keiko Outa Mori, por seus ensinamentos e por tudo que sou hoje. Ao Felipe Simioni, porque junto a ti, aprendi a vislumbrar a boniteza da vida... por todo o indizível que compartilhamos, e pelo que ainda virá. Ao Prof. Dr. Paulo Alves de Souza, por aceitar a orientação desta pesquisa, sua confiança e amizade, e por guiar-me nos primeiros passos do pequeno mundo dos grãos paleozóicos. Através de seu incentivo e sua paciência, finalmente consegui mirar um final. Obrigada, meu pai científico. ii RESUMO As análises palinológicas desenvolvidas no Estado do Rio Grande do Sul estiveram, em sua maioria, relacionadas ao estudo das jazidas de carvão, resultando no reconhecimento de associações palinológicas vinculadas estreitamente às paleoturfeiras. Como resultado, o conhecimento das demais associações palinológicas permianas é menos detalhado, com efeito na compartimentação palinobioestratigráfica da Bacia do Paraná, tornando-se necessário aprimorar os limites das biozonas estabelecidas e compreender o melhor significado da sucessão bioestratigráfica. Esta tese compreende a análise palinológica dos poços HN-05-RS e HN-25-RS e de um afloramento localizados na região de Candiota – Hulha Negra, sul do Rio Grande do Sul. Um total de oito amostras foi coletado no afloramento (formações Rio Bonito e Palermo), enquanto 114 são referentes a amostras de subsuperfície, envolvendo o intervalo entre o Subgrupo Itararé à Formação Rio do Rasto. A análise palinológica permitiu a identificação de 143 espécies, incluindo esporos (64), grãos de pólen (67) e elementos microplanctônicos (12). As características qualitativas e quantitativas das associações recuperadas nos dois poços permitiram a proposição de três zonas de associação, designadas como: (i) Zona Granulatisporites austroamericanus – Vittatina saccata (GV), ocorrente entre o Subgrupo Itararé e topo da Formação Rio Bonito; (ii) Zona Lundbladispora braziliensis – Weylandites lucifer (LW), entre o topo da Formação Rio Bonito/base da Formação Palermo à porção média desta última; e (iii) Zona Thymospora thiesseni – Lueckisporites virkkiae (TL), entre a porção média da Formação Palermo à base da Formação Rio do Rasto. As distribuições dos táxons em cada uma dessas unidades são distintas das amplitudes apresentadas para a Bacia do Paraná em território brasileiro e encontram maiores similaridades com o zoneamento do norte do território uruguaio, de idades coevas. Na Bacia do Paraná, as zonas GV e LW são correlatas, grosso modo, à Zona V. costabilis, enquanto a Zona TL é correspondente à Zona L. virkkiae, ainda que divergências nos táxons tenham sido observadas. Por outro lado, as zonas GV, LW e TL são muito semelhantes às zonas estabelecidas no Uruguai, Cristatisporites inconstans – Vittatina subsaccata, de Intervalo de Lundbladispora e Striatoabieites anaverrucosus – Staurosaccites cordubensis, respectivamente, ainda inéditas. Adicionalmente, uma nova idade radiométrica foi obtida para a Formação Rio Bonito no afloramento estudado, onde foram reconhecidas as zonas de idade permiana V. costabilis (níveis C1 a C3, relativos ao topo da Formação iii Rio Bonito) e L. virrkiae (C4 a C8, correspondentes ao topo da Formação Rio Bonito à base da Formação Palermo). A idade de 281,4 ± 3,4 Ma é interpretada como a base da Zona Lueckisporites ou topo da Zona GV, conforme o conteúdo palinológico nas camadas acima e abaixo do nível de tonstein utilizado na datação. Ao confrontar esta datação absoluta com outras selecionadas para a bacia, o posicionamento das biozonas é proposto como segue: (i) Zona Granulatisporites austroamericanus – Vittatina saccata, entre o Asseliano à porção média do Artinskiano; (ii) Zona Lundbladispora braziliensis – Weylandites lucifer, Artinskiano Médio; e (iii) Zona Thymospora thiesseni – Lueckisporites virkkiae, datada como Artinskiano Médio/Superior ao Wordiano Palavras-chave: Palinologia, Bacia do Paraná, Permiano, bioestratigrafia. iv ABSTRACT Mostly of the palynological analysis carried out in Rio Grande do Sul State is related to the study of the coal seams, which resulted in the recognition of palynological associations closely linked to swampy paleoenvironments. As result, other Permian palynogical associations are poorly defined, affecting the palynostratigraphic scheme developed to the Paraná Basin, which implies in necessities on improvement of the limits of those biozones and the better understanding on the meaning of the biostratigraphical succession. This thesis involves palynological studies on the HN-05- RS and HN-25-RS boreholes and one outcrop all located in Candiota – Hulha Negra region, southern Rio Grande do Sul. Eight samples was collected in the ouctcrop (corresponding to Rio Bonito and Palermo formations), while 114 samples corresponds to subsurface, related to the interval between the Itararé Subgroup and Rio do Rasto Formation. The palynological analysis allowed the recognition of 143 species among spores (64), pollen grains (67) and microplanktonic elements (12). The quantitative and qualitative aspects of the recovered associations in the boreholes enable the proposition of three association biozones, designated as: (i) Granulatisporites austroamericanus - Vittatina saccata Zone (GV), occurring between the Itararé Subgroup and topmost deposits of the Rio Bonito Formation, (ii) Lundbladispora braziliensis - Weylandites lucifer Zone (LW), from the top of Rio Bonito/base of the Palermo Formation to the middle portion of this last unit, and (iii) Thymospora thiesseni - Lueckisporites virkkiae Zone (TL), which occurs between the middle portion of Palermo-Formation to the base of Rio do Rasto Formation. The distribution of some taxa in each of these units are distinct from the know ranges presented to the Paraná Basin in the brazilian portion, and record more similarities with the biozone of northern Uruguay, of coeval ages. In the Paraná Basin, the GV and LW zones are roughly correlated to Zone V. costabilis, while the TL Zone corresponds to the L. virkkiae Zone, although differences in the taxa have been observed. Otherwise, the GV, LW and TL zones are very similar to the Uruguayan biozones, such as Cristatisporites inconstans - Vittatina subsaccata, Interval of Lundbladispora and Striatoabieites anaverrucosus - Staurosaccites cordubensis, respectively, although these are still unpublished. Moreover, a new radiometric age was obtained for the Rio Bonito Formation in the outcrop studied, in which was recognized the Permian biozones V. costabilis Zone ( C1-C3 levels, related to the topmost deposits of the Rio Bonito Formation) and L. virkkiae Zone (C4-C8 levels, between the topmost v Rio Bonito Formation and basal portion of the Palermo Formation). The age of 281.4 ± 3.4 Ma is interpreted as the base of Lueckisporites Zone or top of the GV Zone, according to the palynogical content related to the nearest layers of the tonstein used on the dating. Comparing this new absolute age with other selected datings for the basin, the positioning of biozones is proposed as follows: (i) Granulatisporites austroamericanus - Vittatina saccata Zone between the Middle Asselian to the Artinskian, (ii) Lundbladispora braziliensis - Weylandites lucifer Zone, Middle Artinskian, and (iii) Thymospora thiessen - Lueckisporites virkkiae Zone as Middle/Upper Artinskian to Wordian. Key-words: Palynology, Paraná Basin, Permian, biostratigraphy. vi LISTA DE FIGURAS página 1. Localização da área de estudo ............................................................................... 5 2. Perfil litoestratigráfico dos poços HN-05-RS e HN-25-RS, com indicação dos níveis palinológicos utilizados neste estudo .............................................................. 7 3. Perfil litoestratigráfico do afloramento, com indicação dos níveis amostrados para este estudo .................................................................................................................. 8 4. Localização e subdivisão aloestratigráfica da Bacia do Paraná (modificada de Milani, 1997) ........................................................................................................... 11 5. Detalhe das unidades constituintes da Superseqüência Gondwana I (modificado de Milani, 1997) ...................................................................................................... 12 6. Síntese e correlação das palinozonas pensilvanianas e permianas da Bacia do Paraná (modificado de Souza, 2006) ....................................................................... 23 7. Correlação entre palinozonas permianas disponíveis para o gondwana Ocidental .................................................................................................................. 34 8. Quadro síntese com as datações disponíveis para o intervalo Permiano da Bacia do Paraná, conforme dados de Matos et al. (2001), Guerra-Sommer et al. (2005), Guerra-Sommer et al. (2005), Rocha-Campos et al. (2006, 2007), Santos et al. (2006) e Guerra-Sommer et al. (2008a, 2008b). A marcação em linha contínua na Formação Rio Bonito é correspondente aos níveis de tonsteins inclusos nesta unidade ..................................................................................................................... 38 9. Quadro de distribuição estratigráfica das espécies de esporos e grãos de pólen verificados na seção sul da Bacia do Paraná, a partir dos poços HN-05-RS, HN-25- RS e afloramento estudados .................................................................................... 42 10. Quadro síntese das biozonas propostas nesta contribuição, com apresentação das principais características palinológicas, bem como os aspectos quantitativos de cada unidade. Legenda para os números relativos à coluna “Caracterização Quantitativa das Associações”: 1, Esporos triletes acavados laevigados; 2, Esporos triletes acavados ornamentados; 3, Esporos cingulizonados; 4, Grãos de pólen monossacados; 5, Grãos de pólen bissacados não teniados; 6, Grãos de pólen teniados; 7, Elementos microplanctônicos. ............................................................. 45 11. Correlação entre os poços HN-05-RS, HN-25-RS e afloramento estudado, com base nas biozonas GV, LW e TL ............................................................................. 46 vii 12. Esquema correlativo entre os principais palinozoneamentos para o intervalo Pensilvaniano-Permiano da Bacia do Paraná, incluindo os esquemas de Daemon & Quadros (1970), Souza & Marques-Toigo (2003, 2005) e Souza (2006), as biozonas propostas neste trabalho e as unidades de Beri et al. (2004), para a porção uruguaia da bacia. As biozonas são posicionadas considerando as idades de Santos et al. (2006) para a Formação Irati (marcada como “**”) e a datação obtida por Mori et al. (submetido) para a Formação Rio Bonito (marcado como “*”) .............................. 63 viii SUMÁRIO página AGRADECIMENTOS ................................................................................................... i RESUMO ....................................................................................................................... ii ABSTRACT .................................................................................................................. iv LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... vi APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... xi CAPÍTULO I. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ....................................................... 1 I.1. Introdução ............................................................................................................. 1 I.2. Objetivos e justificativas ...................................................................................... 2 I.3. Localização da área de estudo ............................................................................. 4 I.4. Materiais e métodos ............................................................................................. 6 I.4.1. Seleção do material .................................................................................... 6 I.4.2. Recuperação de palinomorfos ................................................................... 8 I.4.3. Estudo e análise palinológica .................................................................... 9 I.5. Contextualização geológica ............................................................................... 10 I.5.1. A Bacia do Paraná ................................................................................... 10 I.5.2. Aspectos da geologia local ....................................................................... 14 I.6. Contextualização palinológica .......................................................................... 16 I.6.1. Palinobioestratigrafia da Bacia do Paraná ............................................. 16 I.6.2. Contribuições palinológicas prévias na área de estudo .......................... 23 I.6.3. Esquemas palinobioestratigráficos desenvolvidos para o intervalo Carbonífero Superior/Permiano do Gondwana Ocidental ................ 30 I.7. Datações radiométricas associadas aos depósitos sedimentares do Permiano do Gondwana ..................................................................................... 35 CAPÍTULO II. ANÁLISE INTEGRATIVA DOS RESULTADOS ....................... 39 II.1. Considerações gerais ........................................................................................ 39 II.2. Atribuições bioestratigráficas .......................................................................... 40 II.3. Nova compartimentação palinoestratigráfica ................................................ 43 II.4. Comparações na porção brasileira da Bacia do Paraná ............................... 47 II.5. Comparações externas à Bacia do Paraná ..................................................... 49 ix II.6 Significado bioestratigráfico do novo zoneamento ......................................... 54 II.7. Significado estratigráfico e geológico .............................................................. 59 II.8. Significado geocronológico .............................................................................. 60 II.9 Considerações finais .......................................................................................... 63 II.10 Recomendações e perspectivas ....................................................................... 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 69 ANEXOS ANEXO A. Manuscrito 1. “Sucessão palinológica do intervalo Pensilvaniano- Permiano da Bacia do Paraná, Brasil: refinamento bioestratigráfico e idades”, de autoria de Mori, A.L.O., Souza, P.A., Rohn, R., Félix, C.M., Longhim, M.E., Neregato, R. & Abreu, C.A., capítulo publicado no livro Paleontologia: Cenários de Vida (org.: Carvalho, I.S. e outros), 1ª edição, Editora Interciência, volume 2, páginas 469-478, ano 2007. ANEXO B. Manuscrito 2. “Palinologia das formações Rio Bonito e Palermo (Permiano Inferior, Bacia do Paraná) em Candiota, Rio Grande do Sul, Brasil: novos dados e implicações bioestratigráficas”, de autoria de Mori, A.L.O. & Souza, P.A, publicado no periódico Ameghiniana, volume 47, nº 01, páginas 61-78, ano 2010. ANEXO C. Carta de recebimento do Manuscrito 3 pela editora adjunta do Periódico Pesquisas em Geociências. ANEXO D. Manuscrito 3. “Nova proposta palinoestratigráfica para depósitos permianos na seção sul da Bacia do Paraná, Brasil”, de autoria de Mori, A.L.O. & Souza, P.A., tal como submetido para publicação no Periódico Pesquisas em Geociências. ANEXO E. Carta de recebimento do Manuscrito 4 pelo editor chefe do periódico Gondwana Research. x ANEXO F. Manuscrito 4. “A new U-Pb zircon dating and palynological data from a Lower Permian section of the Southernmost Paraná Basin and their biochronostratigraphical implications for Gondwanan correlations”, de autoria de Mori, A.L.O., Souza, P.A. & Marques, J.C. & Lopes, R.C., tal como submetido para publicação no periódico Gondwana Research. ANEXO G. Apêndice sistemático dos palinomorfos identificados nos poços HN-05-RS e HN-25-RS. ANEXO H. Fotomicrografias das espécies identificadas nos testemunhos HN-05-RS e HN-25-RS. ANEXO I. Relação das profundidades amostradas e lâminas palinológicas correspondentes, referentes aos poços HN-05-RS e HN-25-RS e afloramento. xi APRESENTAÇÃO Esta Tese de Doutoramento teve seu desenvolvimento entre os períodos de março de 2006 a agosto de 2010, no Laboratório de Palinologia “Marleni Marques- Toigo”, do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DPE/IG/UFRGS), sendo elaborada e finalizada na forma de artigos científicos, conforme as normas estabelecidas pelo Programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para uma melhor compreensão a respeito dos dados aqui apresentados, a leitura deve ser realizada a partir do Capítulo I, seguido pelos Anexos A, B, D e F, finalizando-se pelo Capítulo II, no qual constam as principais conclusões deste trabalho. CAPÍTULO I. Aspectos introdutórios. Consiste na revisão bibliográfica concernente ao escopo principal desta tese, apresentando as informações palinológicas prévias para a área de estudo, assim como os trabalhos mais significativos que contribuíram para o desenvolvimento dos esquemas palinoestratigráficos atuais para o intervalo permiano da Bacia do Paraná. São apresentados os objetivos desta tese, além da caracterização da área estudada e dos métodos empregados para o desenvolvimento do trabalho. CAPÍTULO II. Análise integrativa dos resultados. O conteúdo deste capítulo dispõe de uma síntese integradora a partir dos resultados obtidos nas publicações e manuscritos encaminhados. Ao final, os principais resultados são sintetizados, com considerações sobre os avanços obtidos e estratégias para trabalhos subseqüentes. As referências bibliográficas utilizadas nos capítulos I e II são relacionadas após o término deste item. ANEXOS. Neste item estão incluídos os dados que compõem o corpo principal desta tese, os quais são apresentados na forma de três artigos científicos e um capítulo de livro, além da lista taxonômica dos palinomorfos identificados nos testemunhos de sondagem analisados, bem como a devida ilustração das espécies documentadas. CAPÍTULO I. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 1 CAPÍTULO I. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS I.1. Introdução A seqüência sedimentar neopaleozóica da Bacia do Paraná, relativa ao intervalo Pensilvaniano – Permiano, é constituída por um conjunto de distintos contextos paleoambientais, com registros de depósitos vinculados ao final da glaciação gondwânica e a subseqüente e progressiva melhoria climática, culminando na aridez que caracteriza a transição entre os períodos Paleozóico e Triássico. O desenvolvimento dos respectivos cenários paleoecológicos permitiu a colonização por organismos de natureza variada, preservados em determinados estratos, caracterizando esta sucessão como portadora de grande diversidade e riqueza de conteúdo fossilífero, abrangendo desde invertebrados marinhos, vertebrados, restos de plantas e microfósseis. Invertebrados marinhos são representados por pelecípodes, braquiópodes, gastrópodes e artrópodes, reconhecidos em grande parte do intervalo, como Subgrupo Itararé (e.g., Mezzalira, 1956; Petri & Souza, 1993), formações Rio Bonito (Rocha- Campos & Roesler 1978) e Palermo (Schneider et al., 1974; Simões, 1992). Vertebrados ocorrem como mesossaurídeos, restritos à Formação Irati (Timm et al., 1995), além de dicinodontes e pareiassauros documentados na Formação Rio do Rasto (Cisneros et al., 2005). Restos de peixes, entre ossos e escamas, são também verificados em diversas seções (e.g., Richter, 2000; Toledo, 2001; Assine et al., 2003). Macrofósseis vegetais, embora restritos a determinados horizontes estratigráficos, são descritos para a maioria das unidades do intervalo Pensilvaniano- Permiano da Bacia (Ricardi-Branco et al., 1999; Alves, 2006, Rohn & Rösler, 2000; Fanton et al., 2006). Apresentam notável diversificação e ocorrência predominante nos níveis associados aos carvões do Subgrupo Itararé e Formação Rio Bonito, o que permitiu a proposição de zoneamentos em escala regional (Rösler, 1978; Iannuzzi & Souza, 2005; Bernardes-de-Oliveira et al., 2007) ou local (Guerra-Sommer & Cazzulo- Klepzig, 1993; Rohn & Rösler, 2000; Bernardes-de-Oliveira et al., 2005). Como resultado de sua grande capacidade de dispersão e resistência de sua parede orgânica, além da abundância generalizada e variedade de morfotipos, os palinomorfos, em especial grãos de pólen e esporos, distinguem-se em relação aos demais fósseis anteriormente relatados por constituírem o principal grupo capaz de Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 2 prover zoneamentos bioestratigráficos em âmbito mais abrangente, seja estratigráfico - com biozonas mais contínuas, embora com níveis estéreis (isto é, intrazonas) -, ou geográfico. Como conseqüência, possibilitam correlações locais ou regionais, além de fornecerem subsídios para datações relativas, de modo a auxiliar a compreensão da distribuição espacial e temporal das unidades estratigráficas. I.2. Objetivos e justificativas Diversos zoneamentos palinológicos foram propostos para a Bacia do Paraná, com base em diferentes critérios e conceitos bioestratigráficos. Dentre estes, a subdivisão palinobioestratigráfica mais abrangente em termos geográficos e estratigráficos para o intervalo Pensilvaniano-Permiano é a de Daemon & Quadros (1970). Com base exclusivamente na distribuição de grãos de pólen, os autores reconheceram unidades bioestratigráficas informais que, tradicionalmente, têm “norteado” os trabalhos geológicos desenvolvidos na bacia, dado o potencial de datação relativa oferecido em ampla escala. Posteriormente, diversos outros esquemas foram apresentados para diferentes setores da bacia, com distintas metodologias quanto à amostragem e à natureza das unidades bioestratigráficas. Em sua grande maioria constituem palinozonas informais e de âmbito local (Bharadwaj et al., 1976; Arai, 1980; Sundaram, 1980), muitas das quais ainda inéditas (Saad, 1977; Sundaram, 1987; Burjack, 1984). Somente a partir do trabalho de Marques-Toigo (1988, 1991) iniciou-se uma nova etapa de integração de dados e formalização das biozonas, a partir do zoneamento permiano no Estado do Rio Grande do Sul (RS) e de parte de Santa Catarina. Para a porção nordeste da bacia, esta tarefa foi desenvolvida por Souza (2000, 2006), em unidades pensilvanianas, cuja ocorrência é restrita aos estados de São Paulo e Paraná. Esses zoneamentos foram reavaliados e integrados nos últimos anos, com a proposição de um esquema com unidades de ampla distribuição geográfica na bacia, e que envolvem todo o pacote neopaleozóico (Souza & Marques-Toigo, 2001, 2003, 2005; Souza, 2006). Segundo esses autores, quatro zonas de intervalo compõem a sucessão palinobioestratigráfica da seção em referência, em ordem estratigráfica Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 3 ascendente: Zona Arensisporites cristatus, Zona Crucisaccites monoletus, Zona Vittatina costabilis e Zona Lueckisporites virkkiae. Enquanto as duas primeiras, de idade pensilvaniana, são restritas às porções inferior e média do Subgrupo Itararé, distribuídas somente na parte nordeste da bacia, as duas últimas, de idade permiana, ocorrem generalizadamente de Goiás ao RS, em estratos referentes ao topo do Subgrupo Itararé à base da Formação Rio do Rasto (Neregato et al., 2008). Localmente, embora seja relatada uma vasta lista de contribuições palinológicas para o setor sul da bacia, grande parte das informações taxonômicas está concentrada, sobretudo, nos depósitos de carvão da Formação Rio Bonito do RS, provavelmente, em função da tradição das escolas de paleontologia localizadas neste estado. Contudo, considerando que as biozonas de idade permiana definidas por Souza & Marques-Toigo (2003, 2005), as zonas V. costabilis e L. virkkiae, foram erigidas principalmente a partir dos referidos trabalhos (e.g., Marques-Toigo et al. 1975; Corrêa da Silva & Marques-Toigo, 1975; Dias-Fabrício, 1981) verifica-se que o conhecimento palinobioestratigráfico resultante é relativamente desequilibrado, podendo refletir em forte controle paleoecológico na distribuição original dos táxons. Verifica-se assim a necessidade de maior detalhamento palinológico nas distintas litologias que compõem a seção Permiana nesta porção da bacia. Desta forma, foram selecionados para amostragem dois testemunhos de sondagem disponibilizados pela CPRM/RS, perfurados nos municípios de Candiota- Hulha Negra, porção sul do RS, e que contemplam todas as unidades do intervalo permiano da bacia: Subgrupo Itararé e formações Rio Bonito, Palermo, Irati, Serra Alta, Teresina e Rio do Rasto. Adicionalmente, um segundo grupo de amostras relativo às formações Rio Bonito e Palermo foi coletado em um afloramento situado próximo às citadas perfurações, incluindo uma camada de tonstein, utilizada para obtenção de dados radiométricos. Com base nestas amostras, tem-se como intuito principal desta tese o levantamento de dados palinológicos inéditos na seção compreendida entre o Subgrupo Itararé a Formação Rio do Rasto na porção sul da Bacia do Paraná, visando, sobretudo, o detalhamento palinobioestratigráfico das unidades envolvidas, sendo apresentados como objetivos específicos: (i) o reconhecimento da diversidade palinológica em cada nível (palinotaxonomia); Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 4 (ii) a compreensão da sucessão bioestratigráfica, no contexto do zoneamento vigente, de modo a aprimorar os limites das palinozonas paleozóicas; (iii) a integração dos resultados palinológicos à datação radiométrica obtida, a fim de aperfeiçoar o posicionamento geocronológico das unidades palinobioestratigráficas envolvidas em relação à Carta Geocronológica Internacional. I.3. Localização da área de estudo As amostras selecionadas para estudo são provenientes de testemunhos de sondagem advindos dos poços HN-05-RS (65133300N/227950E) e HN-25-RS (6514965N/ 228004E), perfurados pela CPRM-RS no município de Hulha Negra, porção sul do Estado do Rio Grande do Sul. Nesta mesma região, ocorrem afloramentos constituídos por rochas sedimentares das formações Rio Bonito e Palermo, um dos quais incluído nesta tese, localizado às margens da Rodovia BR 293, próximo ao km 152, entre os municípios de Candiota e Bagé (figura 1). Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 5 Figura 1. Localização da área de estudo. Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 6 I.4. Materiais e métodos I.4.1. Seleção do material A seleção dos testemunhos decorreu de poços disponíveis na CPRM/RS, preferencialmente em seções com espessuras significativas das unidades em interesse (Subgrupo Itararé e formações Rio Bonito, Palermo, Irati, Serra Alta, Teresina e Rio do Rasto). O intervalo entre as amostragens pode ser variável, uma vez que amostras geralmente férteis para recuperação de matéria orgânica são encontradas preferencialmente nos níveis pelíticos. Assim, quando possível, as amostragens foram tomadas a cada metro, especialmente quando procedentes do Subgrupo Itararé e Formação Rio Bonito, e menos espaçadamente em amostragem próximas a horizontes importantes, tais como limites entre duas unidades estratigráficas, conforme perfil litológico da CPRM/RS. Por sua vez, o afloramento utilizado nesta pesquisa foi escolhido por permitir a integração de análises palinológicas inéditas a dados radiométricos, a fim de contribuir auxiliar o posicionamento geocronológico das das unidades permianas em relação à Carta Geocronológica Internacional. Ao todo, 122 níveis foram selecionados para a análise, dentre os quais 63 correspondem ao poço HN-05-RS, envolvendo o intervalo estratigráfico entre as formações Rio Bonito e Rio do Rasto, 51 ao poço HN-25-RS, compreendendo o Subgrupo Itararé à Formação Teresina, e oito referente às coletas em superfície. Níveis estéreis para palinomorfos totalizaram 11 amostragens, ocorrentes nos poços HN-05 (8 amostras) e HN-25 (3 amostras). Os perfis litoestratigráficos dos poços bem como os níveis amostrados para a análise palinológica constituem a figura 2. Na figura 3, apresenta-se a seção colunar do afloramento estudado. Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 7 Figura 2. Perfil litoestratigráfico dos poços HN-05-RS e HN-25-RS, com indicação dos níveis palinológicos utilizados neste estudo. Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 8 Figura 3. Perfil litoestratigráfico do afloramento, com indicação dos níveis palinológicos amostrados para este estudo. I.4.2. Recuperação de palinomorfos O processamento físico-químico para recuperação da matéria orgânica foi desenvolvido nas instalações do Laboratório de Palinologia Marleni Marques Toigo, Departamento de Paleontologia e Estratigrafia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O procedimento segue o método padrão para amostras paleozóicas, conforme apresentado por Quadros & Melo (1987), o qual envolve os seguintes passos: • Trituração da rocha em almofariz; • Peneiramento (descarte da fração menor que 1,4 mm), homogeneização e pesagem de até 15 g por amostra (peso médio por nível processado: 10 g/amostra); • Teste inicial com um pequeno fragmento da amostra com ácido clorídrico (HCl) para verificação de material carbonático; caso o resultado seja positivo, utiliza- se o referido reagente em quantidade necessária até o consumo total dos carbonatos da amostra; Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 9 • Ataque com ácido fluorídrico (HF) durante 24h, para a eliminação dos componentes silicáticos; • Ataque com HCl à quente (temperatura inferior a 60°C), para eliminação dos fluorsilicatos e sílica gel formados; • Lavagem das amostras com água destilada para neutralização do resíduo após cada procedimento com tratamento ácido, seguida de decantação, para descarte dos ácidos; • Peneiramento da amostra, com concentração do resíduo entre 20 e 250 micrometros, e armazenamento em potes plásticos, devidamente identificados; • Montagem das lâminas permanentes a partir da secagem do resíduo em lamínulas com “Cellosize” e posterior colagem destas em lâminas de vidro com Entellan. Todas as lâminas estão depositadas na Palinoteca do Laboratório de Palinologia Marleni Marques Toigo, sob codificação MP-P 5712 a 5813, MP-P 5666 a 5695, MP-P 6035 a 6160 e MP-P 6541 a 6559. I.4.3. Estudo e análise palinológica A análise palinológica, a qual consistiu na identificação sistemática das formas presentes em cada nível, bem como a documentação fotomicrográfica, foram realizadas com a utilização de Microscópio Olympus CX31, com câmera acoplada (Olympus Evolt E-330), em aumentos de 200 a 1000x. A fim de observar o comportamento dos distintos morfogrupos ao longo dos poços, foi realizada a contagem do material palinológico em cada nível estratigráfico, estipulada a partir do número mínimo de 100 espécimes por amostra ou pelo número total de formas identificadas em duas lâminas palinológicas por nível, quando o mínimo de espécimes não foi atingido, considerando que o estado de preservação na maioria dos níveis e a abundância relativa dos espécimes são variados. Os palinomorfos foram categorizados em grupos conforme morfologia e natureza (esporos lisos, esporos ornamentados, esporos cingulizonados, grãos de pólen monossacados, grãos de pólen bissacados lisos, grãos de pólen estriados e poliplicados, elementos microplanctônicos e fungos) (vide Anexo D). Por sua vez, a riqueza palinológica e o estado de preservação satisfatório das amostras advindas de afloramento permitiram o estabelecimento de contagem Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 10 mínima de 200 elementos por nível estratigráfico, possibilitando a obtenção da freqüência relativa das espécies que ocorrem nas amostras de superfície (vide Anexo B). Listas de distribuição estratigráfica dos táxons foram construídas a fim de avaliar potenciais formas para fins bioestratigráficos, as quais podem ser observadas integralmente nos anexos B e D. As espécies documentadas nos poços constam no Anexo G, conforme classificação supragenérica de Potonié & Kremp (1954) e modificações posteriores. Considerando que não foram reconhecidas espécies inéditas para a bacia, julgou-se desnecessária a apresentação das descrições taxonômicas correspondentes. Todas as espécies identificadas estão ilustradas, com registro fotomicrográfico digital (Anexo H). As lâminas palinológicas utilizadas neste estudo estão relacionadas no Anexo I. I.5. Contextualização geológica I.5.1. A Bacia do Paraná A Bacia do Paraná é uma das mais extensas bacias intracratônicas da América do Sul, compreendendo espessa seqüência sedimentar-magmática (ca. 6.800 m), distribuída em porções territoriais do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, totalizando cerca de 1.700.000 km2 em sua extensão (figura 4). Segundo Milani (1997), seis unidades aloestratigráficas compreendem o registro sedimentar da bacia: Superseqüência Rio Ivaí (relacionada ao Grupo Ivaí, de idade Ordovício-Siluriano), Superseqüência Paraná (Grupo Paraná, idade Devoniano), Superseqüência Gondwana I (grupos Tubarão e Passa Dois, Pensilvaniano-Permiano), Superseqüência Gondwana II (Grupo Rosário do Sul, Triássico Médio a Superior), Superseqüência Gondwana III (Grupo São Bento, Jurássico-Cretáceo) e Superseqüência Bauru (Grupo Bauru, Cretáceo). Os poços utilizados neste trabalho compreendem todas as unidades incluídas na Superseqüência Gondwana I, a qual é correspondente a um grande ciclo transgressivo-regressivo e referente, em termos de nomenclatura litoestratigráfica, ao Grupo Tubarão (Subgrupo Itararé e formações Aquidauana, Rio Bonito, Palermo e Irati), de idade entre o Pensilvaniano (Bashkiriano/Moskoviano) e ao Grupo Passa Dois Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 11 (formações Irati, Serra Alta, Teresina, Corumbataí e Rio do Rasto), de idade entre o Cisuraliano (Artinskiano) e o Lopingiano (Wuchiapingiano?) (figura 5). Esta superseqüência abrange grande volume de depósitos (ca. 2.500 m), litologicamente heterogêneos, relativos a processos e ambientes de distinta natureza, vinculados às expressivas mudanças ambientais e climáticas do Gondwana, com registros glaciais e pós-glaciais, e termos de origem marinha, continental e transicional (Milani & Zalán, 1999). As principais feições de cada unidade desta supersequencia são apresentadas a seguir conforme a descrição de Milani (1997). Figura 4. Localização e subdivisão aloestratigráfica da Bacia do Paraná (modificada de Milani, 1997). Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 12 Figura 5. Detalhe das unidades constituintes da Superseqüência Gondwana I (modificada de Milani, 1997). Na base da Superseqüência Gondwana I, o Subgrupo Itararé apresenta cerca de 1.500 m de espessura, com depósitos relacionados à glaciação do Permo- Carbonífero, e caracterizados essencialmente por arenitos, diamictitos, ritmitos, argilitos, siltitos e conglomerados. Essa unidade distribui-se por toda a bacia (embora seus depósitos pensilvanianos estejam restritos à porção nordeste), sendo parcialmente cronocorrelata à Formação Aquidauana na porção norte. França & Potter (1988) subdividiram o Subgrupo Itararé em três formações: Lagoa Azul, Campo Mourão e Taciba, ou formações Campo do Tenente, Mafra e Rio do Sul, de acordo com Schneider et al. (1974). Cada unidade é correspondente a subidas do nível relativo do mar, conforme mudanças climáticas cíclicas inseridas dentro do regime glacial (ciclos de glaciação/deglaciação). Com a subseqüente migração do Gondwana para latitudes mais baixas, houve retração da calota de gelo e a posterior subida do nível do mar, evento que Lavina & Lopes (1987) identificaram em estratos no Estado do Rio Grande do Sul como “transgressão permiana”, sendo referente à transgressão pós-glacial reconhecida na porção superior do Subgrupo Itararé. Os estratos da Formação Rio Bonito correspondem à sedimentação imediatamente pós-glacial, sendo predominantemente compostos por arenitos fluviais e associações de pelitos e carvões originados a partir de ambientes lagunares e deltáicos. Schneider et al. (1974), observando que alternavam-se pacotes arenosos e pelíticos, representativos das oscilações do nível de base, subdiviram esta unidade em três formações: Triunfo (arenoso), Paraguaçu (pelítico) e Siderópolis (arenoso, com níveis de carvão), reconhecidas integralmente nos estados do Paraná e Santa Catarina, Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 13 enquanto no Rio Grande do Sul, a Formação Rio Bonito permanece indivisa. Milani (1997), baseado em diversos dados estratigráficos, definiu este intervalo como dominado por “sedimentação costeira, transicional, progressivamente afogado para seu topo pela subida do mar Palermo”, onde localmente desenvolveram-se as turfeiras que deram origem aos carvões da Formação Rio Bonito. A Formação Palermo é constituída por siltitos e argilitos, interpretados como de origem marinha plataformal. Na seção nordeste da bacia, estas unidades pós- glaciais são parcialmente correlatas à Formação Tatuí no Estado de São Paulo, a qual é definida por sua constituição em grande parte arenosa, além de siltitos e calcários, ou à Formação Dourados ao norte da bacia, na qual também predominam arenitos. O contato da Formação Palermo com a sobrejacente Formação Rio Bonito, pode ser interdigitada, resultante de erosão pelo “retrabalhamento costeiro durante a transgressão” ou em sobreposição em “discordância angular aos pacotes mais antigos e mesmo sobre o embasamento cristalino, como pode ser observado nas proximidades de Bagé-RS”, segundo Milani (1997). Constituindo a base do Grupo Passa Dois, a Formação Irati é representada por folhelhos, folhelhos betuminosos, arenitos, margas e anidrita, com interpretação paleoambiental controversa (marinha, lagunar ou lacustre). Neste intervalo, a bacia pode ser caracterizada por dois “domínios”: um ao sul, relativo à porção mais profunda da bacia e um segundo em sua seção norte, o qual é interpretado como ambiente plataformal raso. A Formação Serra Alta é caracterizada principalmente por folhelhos e siltitos, os quais são relacionados à ambiente marinho de baixa energia, enquanto a Formação Teresina apresenta composição de níveis pelíticos intercalados com arenitos, considerados como de origem marinha rasa, de águas agitadas, dominado por ondas e ação de marés. No topo da seqüência, a Formação Rio do Rasto é verificada através de siltitos esverdeados e arroxeados, arenitos e argilitos (Membro Serrinha) e argilitos e siltitos avermelhados, com intercalações de arenitos finos (Membro Morro Pelado). Ao norte da bacia, o intervalo estratigráfico compreendido pelas formações Serra Alta e Rio do Rasto é nomeado como Formação Corumbataí, com argilitos, folhelhos e siltitos escuros, registrando bancos carbonáticos, representativos de ambientes marinhos rasos (Rocha-Campos, 1967; Schneider et al., 1974; Rohn, 1994; Milani & Zalán, 1999). Diversas cartas estratigráficas foram propostas para o intervalo Pensilvaniano/Permiano da bacia, expressando a sucessão de litotipos e a Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 14 caracterização das unidades e fácies correspondentes (e.g., Schneider et al, 1974; Milani et al., 1994, 2007). Em Holz et al. (2010), dados estratigráficos, incluindo litofácies e seqüências deposicionais, e paleontológicos foram sumarizados por unidade litoestratigráfica, de modo a oferecer um quadro atualizado com as mais significativas informações do ponto de vista bioestratigráfico. I.5.2. Aspectos da geologia local A presença de espessas camadas de carvão no município de Candiota, sul do Estado do Rio Grande do Sul, consistiu no motivo principal para o desenvolvimento de inúmeros trabalhos de cunho estratigráfico, a fim de reconhecer e identificar quais leitos seriam mais satisfatórios e viáveis a exploração econômica (Fontes & Cava, 1980; Menezes-Filho & Brito, 1982; Wildner, 1983; Lopes et al., 1986; Picolli et al., 1986; Lavina & Lopes, 1987), ou para uma maior compreensão das questões relativas ao comportamento e evolução da bacia nesta seção, incluindo a aplicação dos conceitos da Estratigrafia de Seqüências (Alves & Ade, 1996; Holz, 1998,; Holz et al., 2006). Fontes & Cava (1980) iniciaram os estudos estratigráficos a partir de dados litofaciológicos, os quais permitiram esboçar um sumário da evolução paleogeográfica da região. Neste contexto, a área de Candiota ter-se-ia desenvolvido em ambiente de planície costeira, localizada em uma superfície de deposição em plano inferior à de Hulha Negra, a qual foi considerada como área de alto topográfico. Menezes Filho & Brito (1982) sintetizaram os dados disponíveis relativos à estratigrafia regional, detalhando aspectos litoestratigráficos relativos aos depósitos do Subgrupo Itararé à Formação Rio do Rasto, subsidiando dados para o desenvolvimento posterior de modelos paleogeográficos para a região. Wildner (1983) em análise de diversas perfurações descreveu litotipos e paleoambientes associados às formações Rio Bonito e Palermo. Aspecto interessante a ser ressaltado é a menção sobre a transição entre estas unidades na área, a qual pode ser caracterizada como (i) “progradação normal”, resultante de uma seqüência gradativa ao longo das baías da Formação Rio Bonito ou (ii) de maneira discordante, onde porções significativas da Formação Rio Bonito seriam erodidas, as quais poderiam até estar incluídas como fragmentos em certos horizontes da Formação Palermo. Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 15 Lopes et al. (1986), na apresentação de resultados relativos ao Projeto “Borda Leste da Bacia do Paraná”, identificaram três fases de recuo de linha de costa no Estado do Rio Grande do Sul, o que permitiu inferir que a formação das turfeiras das distintas regiões carboníferas deste estado (Capané, Iruí, Candiota), não ocorreu de maneira síncrona. Segundo os autores, sucessivos pulsos transgressivos em Candiota teriam sido responsáveis pelo desenvolvimento das extensas e espessas camadas de carvão, considerando que esta localidade estava inserida em uma grande área plana. Lavina & Lopes (1987) reconheceram três episódios de formação e destruição do sistema barreira/laguna na região. Identificaram que, na fase final de sedimentação do Grupo Tubarão no estado, grande parte dos altos topográficos (= relevos emersos) estariam muito distantes da faixa atual de afloramentos gondwanicos, significando que grande parte do Escudo sul rio grandense estaria coberto pelo mar. Della Fávera et al. (1994) apresentaram interpretações sobre os sistemas deposicionais inseridos no contexto da evolução geológica da região de Candiota. Em síntese, vales fluviais pré-existentes teriam sido preenchidos por sedimentos do Subgrupo Itararé. Ao final da glaciação gondwânica, tem-se a elevação do nível relativo do mar, e a sedimentação da base da Formação Rio Bonito modelaria a superfície de forma plana, onde posteriormente desenvolver-se-iam as camadas de carvão em um sistema lagunar protegido de ingressões marinhas por cordões litorâneos, os quais são afogados pelo sistema transgressivo marinho, estabelecido pela Formação Palermo. São mencionados ainda os altos de Porto Alegre e Uruguai, separados pelo vale chamado de “Depressão Candiota”. Integrações com dados sedimentológicos a outros parâmetros, dentre os quais padrões de circulação atmosférica, foram utilizados pelos autores para inferir que “dentro de um contexto global em vias de desertificação, a região de Candiota estaria submetida a uma clima úmido e frio, pois os ventos atravessariam todo o espelho d’água do lado africano da bacia antes de atingirem à depressão”. Alves & Ade (1996), sucedendo à aplicação dos conceitos da estratigrafia de seqüências para a região, desenvolveram um modelo deposicional referente especificamente para a Mina de Candiota. Três tratos de sistema foram identificados (mar baixo, transgressivo e mar alto), confirmando proposições anteriores de que os carvões teriam sido formados em um sistema laguna-barreira. Holz (1997,1998) integrou dados de diversos poços a fim de relatar modelos deposicionais baseados na estratigrafia de seqüências, concernentes às jazidas Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 16 de carvão na porção centro-nordeste do RS. Contudo, apenas em Holz (2003) e Holz et al. (2006), estas interpretações foram fornecidas para Candiota, onde registraram três seqüências deposicionais, dentre as quais, a segunda (S2) e a terceira (S3) são correlatas, respectivamente, aos depósitos das formações Rio Bonito e Palermo, separadas entre si pelo limite de seqüências nomeado como SB3. De acordo com estes autores, durante a formação da SB3, a Bacia do Paraná teria sofrido movimentos tectônicos localizados, com alterações na linha de costa. Como conseqüência, a região de Candiota teria sido afetada por subsidência diferencial, sendo observado em afloramentos nesta área, que a transgressão marinha da Formação Palermo seria responsável pela erosão parcial dos depósitos de carvão da Formação Rio Bonito. I.6. Contextualização palinológica I.6.1. Palinobioestratigrafia da Bacia do Paraná Os primeiros estudos palinológicos da Bacia do Paraná foram realizados a partir dos anos 60, quando diversas pesquisas foram desenvolvidas em sua seção sul, enfocando especialmente as camadas portadoras de carvão da Formação Rio Bonito nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Somente a partir da década de 70, estudos para a porção nordeste da bacia passaram a ser importantes, permitindo o conhecimento em caráter mais amplo das microfloras. Diversas tentativas de zoneamento para o Neopaleozóico da Bacia do Paraná foram apresentadas desde então, no qual o estudo de Daemon (1966) é considerado como o pioneiro. Contudo, avaliando aspectos como as dimensões estratigráfica/geográfica, assim como a operacionalidade dos esquemas, são detalhadas as propostas de Daemon & Quadros (1970) e os trabalhos integrativos entre as porções norte e sul da bacia, resultando na formalização das unidades bioestratigráficas, os quais permitiram a elaboração do esquema atual de zoneamento (Marques-Toigo, 1988, 1991; Souza & Marques-Toigo, 2001, 2003, 2005; Souza, 2006). Daemon & Quadros (1970) desenvolveram a mais abrangente subdivisão palinobioestratigráfica em termos geográficos (dos estados de Goiás ao Rio Grande do Sul) e estratigráficos (entre o Subgrupo Itararé e Formação Teresina), para o intervalo temporal compreendido entre o Pensilvaniano e Permiano da Bacia do Paraná, a partir Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 17 de dados de afloramentos (13) e poços exploratórios da Petrobras (31). Com base principalmente na distribuição de 40 espécies de grãos de pólen, além de esporos monoletes, grãos de pólen monocolpados e Tasmanites (Prasinophyceae), os autores reconheceram seis unidades informais nomeadas como intervalos, em ordem ascendente: intervalos G, H (subdividido nos subintervalos H1, H2 e H3), I (I1, I2+I3+I4), J, K e L (L1, L2 e L3), sintetizados a seguir. • G/H1: são comuns neste intervalo grãos de pólen monossacados, tais como Potonieisporites, Plicatipollenites e Divarisaccus (= forma P-51 ou Crucisaccites dos autores). • H2 e H3: registra-se a partir do intervalo H3 maior freqüência e diversidade de formas bissacadas, tais como Protohaploxypinus amplus e Vittatina cf. vittifera, as quais são formas comuns nos intervalos posteriores (I1, I2+I3+I4 e J) a dominantes nos intervalos K e L. • I1, I2+I3+I4, J: grãos de pólen monossacados e bissacados abundam neste intervalo de maneira homogênea. Formas do gênero Vittatina são facilmente reconhecidas nesta seção, e seu topo é delimitado pelo desaparecimento do gênero Plicatipollenites. • K e L: a partir do intervalo K, à medida que grãos de pólen monossacados tornam-se escassos, passam a predominar grãos de pólen bissacados, sendo importante forma guia o gênero Lueckisporites. É a partir do trabalho de Daemon & Quadros (1970) que o comportamento geral da Bacia do Paraná pôde ser primariamente entendido em grande escala. Observou-se que os intervalos mais inferiores (G) não eram encontrados nas porções mais ao sul da bacia, informação preliminarmente observada por Daemon (1966). Nos intervalos superiores (H, I e J), esta situação invertia-se, considerando que tais seções não foram reconhecidas em todos os poços ao norte da bacia. Segundo os autores, a partir do intervalo G a Bacia do Paraná começou a subsidir para sul, o que permitiu a deposição sedimentar nas unidades conseguintes. Para a correlação entre os poços, o datum escolhido foi o aparecimento de Lueckisporites virkkiae. Desta forma, abaixo do marco de correlação a bacia comportou-se de maneira irregular (intervalos G a J), enquanto nos intervalos K e L, passou a uma fase de ajustamento, uma vez que os dois intervalos podem ser encontrados em todas as seções ao longo de toda bacia. Os autores verificaram ainda Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 18 que parte dos depósitos do Subgrupo Itararé poderiam ser, em alguns locais (porção sudeste da bacia), sincrônicos à deposição da Formação Rio Bonito, anteriormente já relatado por Asmus (1967, apud Daemon & Quadros, 1970): “O que se conhece como Formação Rio Bonito deve estar mais propriamente incluído no Subgrupo Itararé, já que as identidades litológicas ali verificadas, sugerem que sejam sincrônicas e assim pertençam a um mesmo ciclo de sedimentação”, pois de acordo com os dados de Daemon & Quadros (1970), os esporomorfos da Formação Rio Bonito teriam íntima associação com os do Subgrupo Itararé, uma vez que não foi observada quebra bioestratigráfica entre estas unidades. Contudo, esta inferência poderia resultar simplesmente da observação de mesmas formas em ambas as unidades e concluir que seriam cronocorrelatas, ao invés do entendimento que uma mesma biozona pudesse estar presente em duas unidades justapostas. Somente a partir da década de 1990, novas propostas bioestratigráficas de caráter mais geral foram apresentadas. A contribuição de Marques-Toigo (1991) constitui a primeira proposta formal de zoneamento para Bacia do Paraná, e resulta da publicação dos dados obtidos a partir de Marques-Toigo (1988), com enfoque no Subgrupo Itararé e nas formações Rio Bonito, Palermo e Irati, a partir de amostras de subsuperfície e afloramentos de jazidas carboníferas nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A partir da distribuição lateral e vertical de grãos de pólen e a relação e freqüência entre os táxons identificados, foram propostas duas zonas de intervalo, denominadas Zona Cannanoropollis korbaensis e Zona Lueckisporites virkkiae. A primeira é subdividida em três subzonas: Subzona Protohaploxypinus goraiensis, Caheniasaccites ovatus e Hamiapollenites karrooensis. A Zona Cannanoropollis korbaensis foi definida a partir da amplitude estratigráfica local de C. korbaensis ou de Potonieisporites simplex. Os níveis de extinção de Limitisporites vesiculosus e Hamiapollenites karrooensis para o limite superior completam a definição da zona. As três subzonas correspondentes, em ordem estratigráfica ascendente, são: • Subzona Protohaploxypinus goraiensis: definida pela amplitude local da espécie epônima ou de Plicatipollenites malabarensis; Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 19 • Subzona Caheniasaccites ovatus: o limite inferior é diagnosticado pelo nível de extinção de P. goraiensis, enquanto o limite superior pelo desaparecimento de Caheniasaccites ovatus; • Subzona Hamiapollenites karrooensis: identificada pela amplitude restrita de H. karrooensis e pelo desaparecimento de Potonieisporites simplex. A zona Lueckisporites virkkiae é reconhecida pela amplitude de L. virkkiae, Marsupipollenites triradiatus, Staurosaccites cordubensis, Striatopodocarpites pantii, Lunatisporites variesectus e Protohaploxypinus perfectus. Segundo a autora, as formas apresentam distribuição estratigráfica até a porção arenosa da Formação Serra Alta. Embora propostas para a porção sul do país, as zonas poderiam ser estendidas para toda a bacia. Porém, algumas unidades foram consideradas como de caráter local (Subzona Caheniasaccites ovatus), como observado em Souza & Marques- Toigo (2003). Na mesma época, Daemon & Marques-Toigo (1991) publicaram uma breve notícia na qual nomeiam o intervalo G-H1 de Daemon & Quadros (1970) como Zona Potonieisporites novicus. No entanto, embora seja relativo a um resumo, alguns trabalhos o consideram como válido para a bioestratigrafia da bacia (e.g. Holz & Dias, 1998; Holz & Carlucci, 2000; França et al., 1996). Os trabalhos de Lima et al. (1983), Souza (1996), Souza et al. (1996) e Souza (2000) permitiram uma melhor caracterização do conteúdo palinológico da porção nordeste da bacia que, conjuntamente aos dados de aprimoramento, integração e formalização das biozonas de Souza & Marques-Toigo (2001, 2003 e 2005), resultaram na proposta atual de zoneamento da Bacia do Paraná, como apresentado em Souza (2006). De acordo com estes últimos autores (Souza & Marques-Toigo, 2003, 2005; Souza, 2006), a sucessão palinológica do Pensilvaniano e do Permiano da Bacia do Paraná é representada por quatro zonas de intervalo, denominadas como zonas Ahrensisporites cristatus (ZAc), Crucisaccites monoletus (ZCm), Vittatina costabilis (ZVc) e Lueckisporites virkkiae (ZLv), em ordem estratigráfica ascendente. Em Souza (2006) são apresentadas as zonas Ahrensisporites cristatus e Crucisaccites monoletus, a partir de dados de poços e afloramentos obtidos na porção nordeste da Bacia do Paraná, nos estados de São Paulo e Paraná, totalizando 117 amostras de 27 testemunhos de sondagem e 32 amostras de 29 afloramentos. As zonas Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 20 ZAc e ZCm são de idade pensilvaniana, e ocorrem nas porções inferior e média do Subgrupo Itararé. Estas zonas não são contínuas ao longo da bacia, sendo consideradas ausentes no RS e ocorrendo parcialmente em Santa Catarina. Esporos lisos, apiculados e cingulados, associados a grãos de pólen monossacados constituem os elementos dominantes nessas duas biozonas. Grãos de pólen monossacados estriados e bissacados são subordinados, ocorrendo em baixas freqüências, embora o padrão de distribuição dessas formas possa variar de uma seção para outra, conforme a litofácies local. Na unidade mais antiga (ZAc), onze espécies de esporos são estratigraficamente restritas, enquanto que na ZCm, somente a espécie epônima é estratigraficamente confinada. Diversas espécies são comuns nas duas biozonas, que também compartilham a baixa freqüência de grãos de pólen bissacados e teniados, bem como a ausência de grãos de pólen poliplicados. O limite inferior da ZAc é caracterizado pelo aparecimento de diversas espécies de esporos e grãos de pólen. Onze esporos são estratigraficamente restritos à zona: Granulatisporites varigranifer, Anapiculatisporites argentinensis, Raistrickia pinguis, Foveosporites hortonensis, Ahrensisporites cristatus, Cristatisporites indignabundus, Cristatisporites menendezii, Cristatisporites spinosus, Cristatisporites inordinatus, Cirratriradites veeversii e Psomospora detecta. Grãos de pólen monossacados e bissacados aparecem pela primeira vez no Carbonífero da bacia, como Plicatipollenites, Cannanoropollis, Potonieisporites, Caheniasaccites, Limitisporites e Protohaploxypinus. A zona é registrada em diversos afloramentos e bem amostrada em subsuperfície no Estado de São Paulo. No Paraná e em Santa Catarina, a zona é registrada na base do Subgrupo Itararé (Daemon 1974, 1981). O limite inferior da ZCm é definido pelo desaparecimento das onze espécies de esporos restritas à zona inferior e pelos aparecimentos de Crucisaccites monoletus e Scheuringipollenites maximus. Sua porção superior é limitada pelo desaparecimento de C. monoletus e pelo primeiro aparecimento de Illinites unicus, Protohaploxypinus goraiensis e espécies de Vittatina, formas características da zona Vittatina costabilis. A espécie C. monoletus embora não seja reconhecidamente abundante nas assembléias, foi escolhida como espécie epônima porque é estratigraficamente restrita à zona, é facilmente identificada e registrada em mais de duas localidades. O nome foi escolhido em substituição à unidade proposta em Souza (2000), a Zona Potonieisporites neglectus. Diversas formas que ocorrem na zona Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 21 Ahrensisporites cristatus também são encontradas na zona C. monoletus. A ocorrência restrita de C. monoletus associada ao sensível aumento na freqüência de monossacados teniados e bissacados dentro das assembléias (aproximadamente 5% na ZAc e até 10% na ZCm) permitem a distinção em relação à zona anterior. A ZCm corresponde litoestratigraficamente a porção superior da base do Subgrupo Itararé à sua porção média. Além da formalização das duas zonas carboníferas, a Zona Vittatina costabilis (nova designação da Zona Cannanoropollis korbaensis de Marques-Toigo, 1988, 1991) tem seu registro reconhecido na porção superior do Subgrupo Itararé na porção nordeste da Bacia do Paraná, evidenciando constância na bacia. Embora esta unidade tenha sido documentada pela primeira vez nesta região no trabalho de Souza (2000), muitas espécies presentes no zoneamento de Marques-Toigo (1991) apresentaram distribuição distinta na porção nordeste. Esta é correspondente aos intervalos H3-J de Daemon & Quadros (1970) e ocorre desde a porção superior do Subgrupo Itararé até a porção superior da Formação Rio Bonito. As zonas ZVc e ZLv foram formalizadas em Souza & Marques-Toigo (2005), quando novos dados foram adicionados aos esquemas palinobioestratigráficos referentes à porção permiana no Estado do Rio Grande do Sul. Com base no primeiro aparecimento e desaparecimento de grãos de pólen selecionados, foram erigidas duas zonas de intervalo, com apresentação das principais características e estabelecimento das seções de referência, assim como critérios adicionais para o reconhecimento dos limites bioestratigráficos de acordo com as normas apresentadas pelo Código da Comissão Internacional em Classificação Estratigráfica. A análise da distribuição estratigráfica baseou-se na revisão de trabalhos publicados e de novas amostragens de superfície e testemunhos de sondagem relacionados à pesquisa e exploração do carvão no Rio Grande do Sul. A ZVc corresponde à unidade anteriormente denominada como Zona Cannanoropollis korbaensis por Marques-Toigo (1991) ou Zona Vittatina por Souza & Marques-Toigo (2001), sendo finalmente aprimorada e formalizada em Souza & Marques-Toigo (2005). A zona é definida pelo primeiro aparecimento de espécies do gênero Vittatina (V. saccata, V. subsaccata, V. costabilis, V. vittifera) espécies de Protohaploxypinus (P. goraiensis, P. limpidus), Fusacolpites fusus e Illinites unicus. As Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 22 duas subzonas, Protohaploxypinus goraiensis e Hamiapollenites karrooensis, apresentadas em Souza & Marques-Toigo (2003) foram mantidas. A primeira subzona foi originalmente definida pelas amplitudes de P. goraiensis e Illinites unicus, sendo posteriormente adicionada a ocorrência restrita de Protohaploxypinus limpidus (Souza & Marques-Toigo, 2005). Inclui as camadas de carvão do RS e SC, anteriormente relacionadas à Subzona Caheniasaccites ovatus (Marques-Toigo 1988, 1991), a qual foi considerada como ecofácies. Souza (2000) havia proposto a renomeação dessa zona para Caheniasaccites flavatus, em função da sinonimização de C. ovatus para C. flavatus (Azcuy & Di Pasquo, 2000). Os limites inferior e superior da subzona extinta eram definidos pelos últimos aparecimentos de Protohaploxypinus goraiensis e Caheniasaccites ovatus, respectivamente. No entanto, P. goraiensis ocorre nos níveis de carvão de Candiota, local considerado como pertencente à Subzona Caheniasaccites ovatus por Cazzulo-Klepzig et. al (2002). Além disso, C. ovatus apresenta ampla distribuição estratigráfica em toda Bacia do Paraná, sendo registrado desde o Subgrupo Itararé até a Formação Palermo, o que limita seu uso como marcador bioestratigráfico e o torna inapropriado para nomeação da biozona. A Subzona Hamiapollenites karrooensis é definida pela amplitude da espécie epônima e pelo primeiro aparecimento de Striatopodocarpites fusus e Staurosaccites cordubensis. Litoestratigraficamente, estas subzonas são correlacionáveis a uma estreita seção sedimentar referente a porção média e superior da Formação Rio Bonito. A ZLv, formalizada em Souza & Marques-Toigo (2005) tem seu limite inferior definido pelo último aparecimento de Hamiapollenites karrooensis e Stellapollenites talchirensis, e pelo primeiro aparecimento de várias espécies de grãos de pólen teniados e poliplicados, como espécies de Lueckisporites (L. virkkiae, L. stenotaeniatus, L. agoulaensis), Marsupipollenites striatus, Pakhapites fasciolatus, espécies de Protohaploxypinus (P. hartii, P. sewardi, P. microcorpus), Lunatisporites variesectus, Alisporites nuthallensis, Striatopodocarpites pantii, Weylandites lucifer e espécies de Staurosaccites, - estes dois últimos verificados em Souza & Marques-Toigo (2003)-, configurando importante datum bioestratigráfico para a bacia. O limite inferior é reconhecido entre os estratos mais superiores da Formação Rio Bonito e base da Formação Palermo. Já o limite superior da ZLv é definido pelo desaparecimento de espécies de Lueckisporites, nos níveis correspondentes das formações Serra Alta e Teresina, podendo ser estendida à base da Formação Rio do Rasto (Daemon & Quadros, Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 23 1970; Neregato et al., 2008) e correlacionável aos intervalos K-L de Daemon & Quadros (1970). O quadro síntese apresentado na figura 6 ilustra os principais esquemas palinobioestratigráficos erigidos para a Bacia do Paraná, com posicionamento geocronológico a partir de dados de Souza (2006), Santos et al. (2006) e Holz et al. (2010). Figura 6. Síntese e correlação das palinozonas pensilvanianas e permianas da Bacia do Paraná (modificado de Souza, 2006). I.6.2. Contribuições palinológicas prévias na área de estudo A listagem de trabalhos que versam sobre microfloras em depósitos pensilvanianos e permianos na Bacia do Paraná é relativamente extensa e, particularmente sobre as formações Rio Bonito e Palermo, a maior parte é procedente de diversas localidades do Estado do Rio Grande do Sul (e.g., Cauduro, 1970; Dias- Fabrício, 1981). Contudo, são escassas as contribuições que relataram análises palinológicas em intervalos contínuos envolvendo grandes intervalos litoestratigráficos (Picolli et al., 1985; Picarelli et al., 1986). Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 24 Neste item, são relatadas as principais informações palinológicas desenvolvidas na área de estudo abrangida, especialmente na seção sul do Estado do Rio Grande do Sul e nordeste do Uruguai. Os primeiros registros paleontológicos para a região de Candiota-Hulha Negra são referentes a restos de plantas, com descrições associadas de megásporos e miósporos, como mencionado em Carruthers (1869), Plant (1869), Hartt (1870), Liais (1872), Zeiller (1895), Lundquist (1920), Trindade (1954) e Dijkstra (1955). Com relação à palinologia, a maioria das associações descritas é resultante das litologias de carvões e rochas associadas das formações Rio Bonito e Palermo, desenvolvidos por vários autores a partir da década de 60 do século passado. As listas de táxons são relativamente extensas, incluindo diversas proposições taxonômicas, parte dos quais foram revistos e sinonimizados por outros autores. O significado bioestratigráfico de cada uma dessas contribuições é apresentado a seguir, a título de ressaltar sua importância e aspectos problemáticos . As primeiras análises essencialmente palinológicas para a região foram realizadas por Pant & Srivastava (1965), relativas a uma amostra procedente de Candiota além de uma segunda localidade não especificada do Estado de Santa Catarina. Os autores identificaram 14 espécies, incluindo diversas proposições taxonômicas. Este material foi re-estudado por Tiwari & Navale (1967), os quais ampliaram a lista taxonômica para um total de 46 espécies. Além disso, a análise quantitativa realizada por estes últimos autores evidenciou o predomínio de morfogrupos distintos entre as duas amostras, possibilitando a inferência de que estas representariam diferentes fácies deposicionais. A comparação entre as duas associações palinológicas permitiu atribuir idade mais antiga para o material analisado do Estado do Rio Grande do Sul do que aqueles coletados em Santa Catarina. Nahuys et al. (1968) apresentaram os resultados das análises palinológicas e petrográficas de amostras oriundas das minas de Charqueadas e Candiota, incluindo ainda dados palinológicos de amostras coletadas nos estados de Santa Catarina (Camada Barro Branco) e do Paraná. Os táxons identificados foram detalhadamente descritos e ilustrados, resultando na apresentação de 32 espécies, sendo oito destas, novas proposições taxonômicas. Os conjuntos palinológicos documentados permitiram ainda corroborar idade permiana para os carvões da Formação Rio Bonito, visto que eram anteriormente interpretados como pertencentes ao Carbonífero (e.g., Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 25 Beurlen,1953; Dolianiti, 1953). Embora com amostragem relativamente ampla e exaustiva, dados sobre as procedências geográficas ou estratigráficas para cada táxon não são fornecidas, dificultando as análises bioestratigráfica e paleoambiental. Posteriormente, Ybert (1975) analisou 63 amostras de carvão em 18 testemunhos de sondagem e dois afloramentos, entre os municípios de Candiota e Hulha Negra. Um total de 89 táxons foi identificado, com proposição de 15 novas espécies. Este foi o primeiro trabalho a apresentar perfis dos afloramentos e dos testemunhos estudados, assim como a localização estratigráfica de cada amostra analisada. Entretanto, a caracterização palinológica é restrita somente os níveis de carvão, o que era muito comum na época, considerando que o foco principal dos estudos era voltado para o maior conhecimento desse recurso, de modo a aprimorar seu aproveitamento econômico. Esta tendência foi mantida por muito tempo depois, resultando em um conjunto de dados que reflete muito mais o contexto local - da palinoflora formadora do carvão - do que as associações faciológicas como um todo. Além disso, tal como em Nahuys et al. (1968), o autor não detalha o local de ocorrência das espécies documentadas, informação que é fornecida somente para as novas espécies propostas ou para os espécimes fotografados. Na mesma época, Marques-Toigo et al. (1975) documentaram gêneros de megásporos e micrósporos no carvão de Candiota, cujo estudo foi aprofundado por Corrêa da Silva & Marques-Toigo (1975), as quais amostraram níveis sílticos e tonstein, além dos níveis de carvão, contabilizando um total de 35 espécies, sendo incluídas análises quantitativas por nível estratigráfico. Com a integração de dados petrográficos, os autores traçaram um esboço do comportamento das diferentes espécies conforme o tipo de carvão. Meyer & Marques-Toigo (2000) apresentaram aspectos ambientais para a região de Candiota, com base em 28 amostras provenientes de níveis de carvão, coletados em quatro testemunhos de sondagem. As autoras identificaram 73 espécies de palinomorfos, embora poucas espécies tenham sido efetivamente documentadas neste trabalho. Contudo, o destaque é no primeiro registro de microfósseis considerados de origem marinha (Navifusa e Cymatiosphaera) para os carvões do sul do Brasil, o que permitiu corroborar esquemas estratigráficos que propunham ingressões marinhas no sistema formador de carvões (Alves & Ade, 1996; Holz, 1998). Contribuições posteriores apresentadas por Cazzulo-Klepzig et al. (2002), Cazzulo-Klepzig et al. (2005) e Guerra-Sommer et al. (2008a, b), ainda que Mori, A.L.O. Análise palinoestratigráfica de depósitos permianos da Bacia do Paraná no sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutoramento, UFRGS. 2010. 26 dedicados aos carvões da Mina de Candiota, detém-se a revisões taxonômicas de trabalhos previamente publicados ou apenas a citações de táxons, alguns dos quais ilustrados, embora parte deles seja proveniente de outras localidades do Estado (vide Santos et al., 2006, p. 461) ou inexistente nas referências citadas. Como exemplo, Guerra-Sommer et al. (2008a), mencionam a ocorrência de Protohaploxypinus goraiensis e espécies de Stritatopodocarpites na Mina de Candiota, conforme dados de Cazzulo-Klepzig et al. (2005). Entretanto, apenas o segundo gênero
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