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SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) Aspectos Históricos � Década 70 e 80: Movimento sanitarista (profissionais e movimentos sociais) � Modelo médico-assistencial privatista (centralização da administração – época da ditadura – modelo dicotômico entre ações curativas e preventivas). � Formulação de propostas que atendessem os excluídos � Reforma sanitária (Cebes-1976 e Abrasco-1979): universalizar a saúde, integralizar as ações (MS e MPS), descentralizar a gestão e espaços de participação social. � 1980 – 7° Conferência Nacional de Saúde: � Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV- Saúde). Pela grave crise fiscal que o pais vive naquela época, cria-se órgãos para administrar melhor os poucos recursos. O Prev-saúde, por falta de apoio político, não é implementado. � 1983 - Ações Integradas de Saúde (AIS): � AIS - Discussão entre reformistas com os setores do INAMPS tentando solucionar a crise previdenciária. Executadas pelos MS-INAMPS-Secretarias estaduais Aspectos Históricos Objetivo: � “Criar um novo sistema público para solucionar os inúmeros problemas encontrados no atendimento à saúde da população” SAÚDE: DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO! � 1986 - 8° Conferência Nacional de Saúde: “...saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e o acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida...” Aspectos Históricos � 1988 - A Constituição Federal determinou ser dever do Estado garantir saúde a toda a população (Art.196 a 200) � 1990 – Congresso Nacional / Lei Orgânica da Saúde: Detalha o funcionamento do SUS A saúde na Constituição Federal Sistema composto por muitas partes Sistema composto por muitas partes Finalidade comum: cuidar e promover a saúde de toda a população, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros O que é o SUS? “O conjunto de ações e serviços de atenção à saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais (da Administração direta, indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público) e, complementarmente, pela iniciativa privada conveniada e contratada, bem como das ações e órgãos de gestão ” Lei 8080, artigo 4° O direito à saúde na Constituição Brasileira � 1988 - Constituição Federal – Artigo 196 “ A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” “O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade como um todo”. CF Artigo 196 + Lei 8080/90 Artigo 2 Direito como conquista! � Proibição do tráfico de escravos africanos (1850) e abolição da escravatura (1888); � Extensão do direito de voto para as mulheres brasileiras (1932); � Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) estabelece a saúde como direito fundamental. O que surge de novo na saúde? � Entre diretrizes políticas consolidadas pela nova Constituição, no cenário nacional, estão os fundamentos de uma radical transformação do sistema de saúde brasileiro. � Conceito de saúde Art. 3 “A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais: os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País”. � Unificação e integração das ações (MS responsável pela política nacional de saúde) � Descentralização (que caminhará para a municipalização da saúde em 1996) – saúde mais próxima da população � Recursos financeiros – financiamento � Atendimento a todos os brasileiros (baixa cobertura assistencial) � Definição das competências dos órgãos (federal, estadual e municipal) � Isso implica que, para se ter saúde, são necessárias ações intra e extra-setoriais: � Legitima o direito de todos às ações de saúde em todos os níveis; � Determina a responsabilidade do Estado. � A Constituição estabelece o SUS, de caráter público, formado por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo, e sob controle dos seus usuários. � Os serviços particulares conveniados e contratados passam a ser complementares e sob diretrizes do SUS. Lei 8.080 � A organização e a gestão; � As competências e atribuições das 3 esferas de governo � Funcionamento e participação complementar do setor privado � Política de recursos humanos � Recursos financeiros, planejamento e orçamentos Lei 8.142 � Define a participação social � Transferências intergovernamentais de recursos de financiamento A “Lei Orgânica da Saúde” Objetivos do SUS – Lei 8.080 I- Identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde II- Formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a saúde da população garantindo acesso universal e igualitário III- Assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e preventivas; Lei 8080 no Art. 5º 1. Execução de ações: a) de vigilância sanitária (controle de bens de consumo e da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde); b) de vigilância epidemiológica; c) de saúde do trabalhador (Cerest); d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; 2. Participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; 3. Ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; Lei 8080 no Art. 5º Campos de atuação do SUS: 4. Vigilância nutricional e a orientação alimentar; 5. Colaboração na proteção do meio ambiente, (trabalho); 6. Formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; 7. O Controle e fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde (substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos); Lei 8080 no Art. 5º Campos de atuação do SUS: 8. A fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; 9. Sangue e seus derivados; 10. Incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico Lei 8080 no Art. 5º Campos de atuação do SUS: Princípios do SUS � A CF concretizou os princípios no que tange a Saúde; � No SUS estes princípios devem se desenvolver de forma interdependente, com constante interação; � Princípios éticos/doutrinários � Princípios organizativos/operativos Princípios éticos/doutrinários Universalidade Eqüidade Integralidade SUS Universalidade � A saúde é direito de cidadania e dever do Estado; � Todas as pessoas têm direito ao atendimento independente de cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego ou renda, etc; � Atendimento: Acesso aos serviços de saúde públicos e privados conveniados; assegurado por uma rede hierarquizada de serviços e com tecnologia apropriada para cada nível � Deixa de existir diferenças entre as populações urbanas e rurais; entre contribuintes da previdência e não contribuintes; deixa de existir os “indigentes” (não incluídos no mercado formal de trabalho)� Os serviços de saúde devem identificar as diferenças da população e trabalhar para cada necessidade, oferecendo mais a quem mais precisa, ou seja; � Incorpora dimensão de justiça social - atendimento desigual para necessidades desiguais � Reduzir disparidades regionais e sociais Equidade � Todo cidadão é igual perante o Sistema Único de Saúde e será atendido conforme as suas necessidades. O SUS não pode oferecer o mesmo atendimento à todas as pessoas, da mesma maneira, em todos os lugares. Se isto ocorrer, algumas pessoas vão ter o que não necessitam e outras não serão atendidas naquilo que necessitam. � Reduzir...significa a busca de um maior equilíbrio � Os serviços de saúde devem considerar que em cada população existem grupos que vivem de forma diferente, ou seja, cada grupo ou classe social ou região tem seus problemas específicos, tem diferenças no modo de viver, de adoecer e de ter oportunidades de satisfazer suas necessidades de vida. É Equidade??? Integralidade � Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; � As ações de promoção, de prevenção e de recuperação da saúde formam um todo e não podem ser compartimentalizadas; � “...entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema.” (lei 8.080, 7°,II) � Os serviços de saúde devem funcionar atendendo o indivíduo como um ser humano integral submetido às mais diferentes situações de vida e trabalho, que o leva a adoecer e a morrer � As unidades prestadoras de serviço com seus diversos graus de complexidade, formam também um todo indivisível, configurando um sistema capaz de prestar assistência integral. � Integralidade como: � traço da boa medicina, � modo de organizar as práticas, e � respostas governamentais a problemas específicos de saúde. SUSRegionalização e Hierarquização Resolubilidade Descentralização Controle Social Princípios organizativos/operacionais Regionalização e Hierarquização � Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida; � Está ligado aos gestores municipais e estaduais; � Permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população de uma área delimitada; � Favorece ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade; � O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção, que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os serviços de saúde; � Os que não forem resolvidos à este nível deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica; � Regulação adequada entre os níveis do sistema (fluxo de referências e contra-referencias ) Regionalização e Hierarquização Atenção terciária de atenção a saúde – Hospitais de referência – Resolvem 5% dos problemas de saúde Atenção secundária de atenção – Centros (ambulatórios) de referência – Resolvem 15% dos problemas de saúde Atenção Primária de atenção - PSF e UBS - Responsáveis por 80% dos problemas de saúde Formas alternativas de organização do SUS Hosp. Especializado PSF PSF PSF PSF PSF PSF UBS UBS UBS Distrito Sanitário Amb. especializado exames � Resolubilidade: É a exigência de que quando indivíduo buscar o atendimento ou quando surgir um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua competência; � Descentralização: É a redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo (quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto) � Redistribuição das responsabilidades quanto as ações e os serviços de saúde entre os vários níveis de governo: � O que é abrangência de um município deve ser de responsabilidade do governo municipal; � O que abrange um estado, responsabilidade estadual; � O que for de abrangência nacional, responsabilidade federal. Participação dos cidadãos � É a garantia constitucional de que a população através de suas entidades representativas, poderá participar do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de sua execução, em todos os níveis desde o federal até o local. Classificação da Assistência � Atenção básica � Deve ser compreendida como o conjunto de ações prestadas às pessoas e à comunidade, com vistas à promoção da saúde e à prevenção de agravos, bem como seu tratamento e reabilitação no primeiro nível de atenção dos sistemas locais de saúde. � Para garantir o custeio das ações básicas em saúde foi implantado em janeiro de 1988, o Piso da Atenção Básica- PAB, que é composto de uma parte fixa destinada à assistência e de parte variável relativa aos incentivos para o desenvolvimento de ações complementares da atenção básica Ambulatorial � Nível de complexidade: atenção básica � AÇÕES ENFERMAGEM/OUTROS DE SAÚDE NÍVEL MÉDIO; � AÇÕES MÉDICAS BÁSICAS; � AÇÕES BÁSICAS EM ODONTOLOGIA; � AÇÕES EXECUTADAS P/OUTROS PROFISSIONAIS NÍVEL SUPERIOR; � PROCEDIMENTOS BÁSICOS EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA; Ambulatorial � Nível de complexidade: Média complexidade � PROCEDIMENTOS ESPECIALIZADOS POR PROFISSIONAIS MEDICOS E OUTROS; � CIRURGIAS AMBULATORIAIS ESPECIALIZADAS; � PROCEDIMENTOS TRAUMATO ORTOPÉDICOS; � AÇÕES ESPECIALIZADAS EM ODONTOLOGIA; � PATOLOGIA CLÍNICA; � ANATOMO-PATOLOGIA E CITOPATOLOGIA; � RADIODIAGNÓSTICO; � ULTRASSONOGRAFIA; � DIAGNOSE; � FISIOTERAPIA; � TERAPIAS ESPECIALIZADAS � Alta complexidade: � HEMODINÂMICA; � TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA; � RADIOTERAPIA; � QUIMIOTERAPIA; � TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Ambulatorial Hospitalar � Média complexidade: CLÍNICA MÉDICA; CLÍNICA CIRURGICA; PEDIATRIA; OBSTETRÍCIA; PSIQUIATRIA; � Alta complexidade: CARDIOLOGIA; NEUROCIRURGIA; ONCOLOGIA; TRATAMENTO AIDS; OUTRAS CIRURGIAS Papel dos gestores no SUS � Haverá gestores nas três esferas do governo � Quem são os gestores? � Nos municípios: SMS � Nos estados: SES � Na união: MS Quais são as principais responsabilidades dos gestores? � No nível municipal: programar, executar e avaliar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. O município deve ser o primeiro e o maior responsável pelo planejamento, execução e controle das ações de saúde na sua área de abrangência. � No nível estadual: coordenação das ações de saúde do seu estado. Seu plano diretor será a consolidação das necessidades propostas de cada município, através de planos municipais, ajustados entre si. O estado deverá corrigir distorções existentes e induzir os municípios ao desenvolvimento das ações. OBS: Cabe aos estados planejar, controlar o SUS em seu nível de responsabilidade e executar apenas as ações de saúde que os municípios não forem capazes e/ou que não lhes couber executar. � No nível federal: deve liderar o conjunto de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, identificando riscos e necessidades nas diferentes regiões A união é responsável pela formulação, coordenação e controle da política nacional de saúde, além de funções no planejamento, financiamento, cooperação técnica e controle do SUS. Quem é o responsável pelo atendimento ao doente e pela saúde da população? � O município, atravésdas suas instituições próprias ou de instituições contratadas. � Deverá haver, sempre que possível, uma integração entre os municípios de uma determinada região (consórcios) para que sejam resolvidos os problemas de saúde da população. Quem deve controlar se o SUS está funcionando bem? � A população; � O poder legislativo e cada gestor na sua esfera de governo. � Constituição � Garante a participação da população na formulação e controle da execução das políticas de saúde � Lei 8142/90 � Conselho de Saúde - deliberativo � Paritário (gestores, profissionais de saúde e usuários – 50%) � Municipal, estadual e federal Participação dos Cidadãos: O Controle Social � Lei 8142 • As Conferências de Saúde � nas três esferas de governo � são as instâncias máximas de deliberação � devendo ocorrer periodicamente (4anos) � definem as prioridades e linhas de ação sobre a saúde. É dever das instituições oferecerem informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem respeito à sua saúde Controle Social � O desenvolvimento da Cidadania; � A construção de espaços democráticos; � O reconhecimento de interesses diferentes, contraditórios e antagônicos na sociedade; � A construção de políticas e o desenvolvimento de programas e ações que beneficiem o conjunto da população; � A ação permanente; � A Vigilância, pelo cidadão, da ação do Estado objetivando o Bem Comum Bem Comum e contra a prevalência dos Interesses Privados. FUNDAMENTOS DO CONTROLE SOCIAL NO SUS Participação complementar do Setor Privado � Quando o setor público for insuficiente, o serviços privados devem ser contratados; � Preferência aos serviços não lucrativos (hospitais filantrópicos); � A constituição diz “...assim cada gestor deverá planejar primeiro o setor público e na seqüência, complementar a rede assistencial com o setor privado não lucrativo, com os mesmos conceitos de regionalização, hierarquização e universalização...” � Sob três condições: • A celebração do contrato conforme as normas de direito público; • A instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS • A integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica do SUS em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. SUS � Sistema de imunização (2 melhor do mundo); � Soropositivos e doentes de AIDS, com tratamento público fora do domicílio (em outros estados do Brasil) e garantia de passagens áreas, inclusive para acompanhantes em hospitais de referência do Brasil; � Centros oncológicos (85% dos procedimentos alta complexidade no Brasil, são feitos pelo SUS); � Transplante de órgãos (95% pelo SUS); � Centros de coleta e distribuição de sangue “O SUS oportuniza aos usuários de todas as classes sociais o tratamento e acesso aos medicamentos de alto custo” Dados de realidade � 90% população brasileira de algum modo é usuária do SUS � 28,6% é usuária exclusiva � 8,7% não usa os SUS Referências Bibliográficas CARVALHO GCM. O momento atual do SUS... a ousadia de cumprir e fazer cumprir a lei. Saude soc. vol.2 no.1 São Paulo 1993. CARVALHO G. A saúde pública no Brasil. Um pouco de história dos grandes protagonistas do atual sistema de saúde. Estudos avançados 27 (78), 2013 Conselho Nacional de Saúde. O desenvolvimento do SUS: avanços , desafios e reafirmação dos seus princípios e diretrizes, 2002. Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Leis 8080 e 8142/90 e CF 1988
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