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Agravo de Instrumento

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Excelentíssimo Sr desembargador presidente do tribunal de justiça de São Paulo/SP.
Autos do processo n. 002002-8
Viação Meteoro ltda., já qualificada nos autos da ação de indenização por danos materiais c/c perdas e danos que lhe move Caipira Hortaliças ltda. ME. Inconformada com a decisão que indeferiu o pedido de denunciação à lide manifestado na contestação, vem, respeitosamente, por seu procurador infra-assinado, interpor Agravo de Instrumento, com base no art. 1.015, do Código de Processo Civil, requerendo o seu provimento para reformar a decisão.
Junto a este segue para formação do instrumento as seguintes peças processuais: inicial e documentos, procurações, contestação e documentos juntados a ela, despacho do juízo determinando a juntada da apólice de seguros original e contrato de seguro, petição justificando a desnecessidade, decisão que indeferiu o pedido e certidão de publicação da decisão.
Requer ainda a juntada do comprovante de pagamento das custas processuais referentes ao recurso.
Abaixo os nomes e dados dos procuradores que atuam na causa, para fins de intimação: 
Advogado do Autor: Dr. ..................., OAB .............., com endereço na rua ............., nº ............, bairro ..............., na cidade de ..............., CEP...............
Advogado do Réu: Dr. ................., OAB.............., com endereço na rua ............., nº ............, bairro ..............., na cidade de ..............., CEP...............
Termos em que pede e espera deferimento.
Bauru, 23 de abril de 2018.
Nome do Advogado...................
OAB/SP ...................
Agravante: Viação Meteoro Ltda. agravada: Caipira Hortaliças Ltda. ME.
Autos de origem de n. .........................
Egrégios Desembargadores
	
Dos Fatos
Ocorre que o referido juízo determinou a juntada aos autos da apólice original, bem como do contrato de seguros, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de indeferimento da denunciação da lide.
A ora agravante apresentou justificativa de que era desnecessária a juntada do contrato de seguro, bem como a fotocópia da apólice de seguros era prova suficiente a autorizar a denunciação da lide, sendo, pois, desnecessária a juntada do documento original.
Não obstante as justificativas apresentadas, o referido juízo indeferiu o pedido de denunciação da lide aos seguintes fundamentos.
“Vistos, etc.
Considerando que a Ré não atendeu ao referido despacho de fls. e por considerar que a apólice de seguro original e o contrato de seguro são documentos essenciais para o deferimento da intervenção de terceiros requerida, indefiro o pedido de denunciação à lide. Publique-se.
Portanto, o presente recurso busca a reforma dessa decisão.
Da Tempestividade
A referida decisão foi publicada no Diário Oficial no dia 02/04/2018. Considerando que o presente agravo está sendo interposto em 23/4/2018, conclui-se que é tempestivo o presente recurso.
Das Preliminares
Nulidade da Decisão e Ausência de Fundamentação 
A decisão proferida pelo referido juízo a quo requer vistas, tendo presente que deixou de apreciar o pedido de antecipação de tutela antecipada, bem como não fundamentou adequadamente os motivos pelos quais não deferiu a antecipação de tutela.
Com efeito, o digno magistrado deveria ter apresentado os motivos que o levaram a indeferir a denunciação da lide, não bastando a sua convicção pessoal e a obrigatoriedade do contrato de seguro e da apólice original.
Cumpre lembrar que, levando-se em consideração a legislação constitucional e infraconstitucional, todas as decisões emanadas do Poder Judiciário devem ser fundamentadas. Conforme preceitua o Código de Processo Civil no Art 11:
Art. 11 - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes.
Vale ressaltar ainda o que preceitua o art. 489, parágrafo primeiro, inciso II, do Código de Processo Civil, que não se considera fundamentada a decisão que “empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso”.
Nesse sentido é o entendimento deste Egrégio Tribunal:
Decisão Judicial: ausência de fundamentação e nulidade.
Não satisfaz a exigência constitucional de que sejam fundamentadas todas as decisões do Poder Judiciário (CF, art. 93, IX) a afirmação de que a alegação deduzida pela parte é “inviável juridicamente, uma vez que não retrata a verdade dos compêndios legais”: não servem à motivação de uma decisão judicial afirmações que, a rigor, se prestariam a justificar qualquer outra.” (STF, RE 217.631, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.9/9/1997, DJ 24/10/1997, p. 54-194) 9/9/1997, DJ 24/10/1997, p. 54-194)
A ausência de fundamentação da decisão afrontou o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, bem como o art. 4, do Código de Processo Civil.
Posta a questão, requer a V. Exas. o acolhimento da preliminar, para declarar nula a referida decisão, a fim de que, o referido juízo de 1º grau seja instado a proferir nova decisão de forma fundamentada.
Das razões para o pedido de reforma da decisão
Decisão interlocutória que indeferiu a denunciação da lide, por ausência de juntada da apólice de seguros original e do contrato de seguro, merece reforma, tendo em vista não estar de acordo com a lei e com os princípios processuais aplicáveis à matéria.
Do pedido de reforma da decisão 
O referido juízo agiu com excesso de formalismo ao determinar a juntada de apólice original e contrato de seguro e desrespeitou o disposto no Código Civil bem como no Código de Processo Civil brasileiro.
No caso dos autos, a apólice de seguros foi juntada aos autos para demonstração do direito de regresso para cobrir eventuais prejuízos, confirmando assim a possibilidade da denunciação da lide, nos termos do Art. 125, inciso II, do Código de Processo Civil. Conforme dispõe o art. 757 do Código Civil de 2002:
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
No que tange à determinação de juntada do contrato de seguro, o referido juízo de 1º grau incorreu em equívoco, pois deixou de considerar a aplicação do disposto no art. 758 do Código Civil de 2002, que preceitua:
Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.
Ora, se a própria lei considera suficiente para efeito de prova da relação de seguro a exibição da apólice, não poderia o juízo exigir a juntada de contrato de seguro como condição para deferir a denunciação da lide.
Como restou demonstrado, o referido juízo de 1º grau não agiu com o costumeiro acerto, pois criou uma condição que nem mesmo a lei exigiu.
Portanto, conclui-se que a decisão carece de reforma, para que não seja exigida a juntada do contrato de seguro, ante a exibição da apólice de seguro original.
Por outro lado, no que tange à exigência da juntada da apólice de seguro original, novamente foi equivocada a referida decisão de 1º grau.
Com efeito, a apólice de seguros é documento necessário à demonstração da relação de regresso que autoriza a denunciação da lide.
Contudo, em momento algum a lei determinou a juntada da apólice de seguros original. A razão da juntada da apólice é simplesmente demonstrar a relação de seguro estabelecida entre a agravante e sua seguradora e pode até mesmo ser demonstrada por outros meios, como dispõe o Art. 758, podendo ainda ser provada com os comprovantes de pagamento da apólice.Ademais, a apólice de seguros é considerada um documento particular. Partindo dessa premissa, ela se submete aos ditames dos arts. 410 e 411 do Código de Processo Civil:
Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando:
I- o tabelião reconhecer a firma do signatário;
II- a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei;
III- não houver impugnação da parte contra quem foi produzido o documento.
Art. 412. O documento particular de cuja autenticidade não se dúvida prova que o seu autor fez a declaração que lhe é atribuída.
Por fim, no caso, é aplicável o Art. 422 do Código de Processo Civil:
Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua conformidade com o documento original não for impugnada por aquele contra quem foi produzida.
Posto desta forma, o referido juízo só poderia determinar a juntada do documento original, caso houvesse questionamento da denunciada.
Portanto, não se justifica a manutenção da referida decisão, pois esta desrespeitou as leis: material e processual, configurando-se em descumprimento e contrário ao que preceitua os Arts. 411, 412 e 422 do Código de Processo Civil brasileiro.
Assim, conclui-se que, para reformar totalmente a decisão, deve o recurso ser provido, para que seja deferida a denunciação da lide, ante a comprovação da relação de regresso necessária para tanto.
Pedido de antecipação da tutela recursal com efeito suspensivo
Conforme dispõe o inciso I do Art. 1.019 do Código de Processo Civil, o relator “poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão”.
No caso dos autos, como foi demonstrado, a decisão do juízo ofendeu frontalmente o disposto nos Arts. 757 e 758 do Código Civil brasileiro, bem como o disposto nos Arts. 411, 412 e 422 do Código de Processo Civil brasileiro. Dessa forma, configura-se o requisito de aparência do direito e, por que não, da verossimilhança das alegações.
Por outro lado, caso não haja o deferimento da medida pleiteada, a agravante corre o risco de ver a marcha processual prosseguir, sem ter a oportunidade de que a denunciada participe da relação processual, o que pode resultar em prejuízos caso seja condenada a ressarcir a agravada no processo. Por outro lado, caso se considere correta a pretensão recursal, os atos processuais seguintes à decisão deverão ser todos anulados e reproduzidos, pois deveriam contar com a denunciada no processo.
Dessa forma, encontra-se presente o requisito de perigo na demora, o que justifica o deferimento da medida.
Assim, requer a Vossa Excelência que se digne de deferir a antecipação de tutela recursal, determinando assim o imediato deferimento da denunciação da lide para prosseguimento do feito. Contudo, se não entender dessa forma, requer seja concedido efeito suspensivo ao recurso, para que não haja prejuízo processual ou a prática de atos processuais desnecessários.
Do pedido de reforma da decisão
Diante dos fatos e circunstâncias aqui referidas se requer:
1 - O acolhimento da preliminar de nulidade da decisão, para que o juízo se fundamente da sua decisão.
2 - Caso ultrapassada a preliminar, requer seja deferida a antecipação da tutela recursal ou o efeito suspensivo, para evitar prejuízos e prática de atos processuais desnecessários.
3 - A intimação da agravada, mediante seu advogado, para se quiser, apresentar suas contrarrazões ao agravo de instrumento interposto.
4 - Seja provido o recurso, para reformar a decisão de 1º grau, para considerar suficiente a exibição da fotocópia da apólice de seguros e, assim, deferir a denunciação da lide pleiteada, com o prosseguimento do feito.
Termos em que pede provimento.
Bauru/SP, 23 de abril de 2018.
Adv xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Assinatura
OAB/SP

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