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Resenha O Orientalismo E.Said

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UFF-UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
IHT- INSTITUTO DE HISTÓRIA 
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 
PROFESSORA: JANAIRA CORDEIRO
ALUNO: ADEMAS PEREIRA DA COSTA JUNIOR
RESENHA : ORIENTALISMO: O ORIENTE COMO INVENÇÃO DO OCIDENTE
Edward Said, nasceu em 1935 na província britânica de Jerusalém, Palestina. Autor de ´´ O Orientalismo`` desenvolveu sua vida acadêmica nos Estados Unidos da América, onde exerceu a função de professor na Universidade de Columbia, ministrando aulas de literatura comparada. Não seria forçoso relacionar sua trajetória com esta obra, onde a experiência de vida e a sua representação se confundem em uma mesma assinatura. uma vez que ao desenvolver seu discurso uma analise das razões que levaram a construção de uma imagem de Oriente, o autor percebe que a constituição dos discursos sobre o Lugar do Oriente estavam diretamente relacionadas às experiências do ´´Ocidente``.
 A imagem de um Oriente forjado sob as representações dispares em relação a realidade objetiva e múltipla dos povos do Leste possibilita ao autor perceber dentro deste fenômeno os processos Politico Econômicos e Sociais inerentes a ele. Um processo que se organiza segundo os interesses, disputas e negociações que se manifestam a partir do discurso de um Oriente que não encontra um correlato objetivo forjado a partir da realidade destes povos. Tampouco se encontra intrinsecamente relacionado às suas relações, mas encontram-se na realidade dispostos nas mais variadas formas de discursos desenvolvidos por visões orientalistas, baseadas em experiências exteriores a estes próprios povos. Um discurso que define apenas àquele quem diz, mas seguido de uma analise rigorosa como propõem o autor, pouco diz sobre a realidade do que é identificado como Oriental. Define-se deste modo, a sua relação com o Outro, e a própria visualização de sua imagem. De fato este Outro é para autor como uma mascara colocada à face e forjada sobre perspectivas deterministas e preconceituosas em relação ao que consideram ser parte da Cultura Oriental. A ´´Civilização`` é sobreposta ao Oriente, determinada a ele como um objeto ultimo mas contrário à sua natureza, sempre carente do Vigário dos Impérios.
Said desenvolve em sua obra a relação de três tipos de Orientalismo: o primeiro produzido pelos estudos Orientalistas; o segundo baseado na própria distinção entre Oriente e Ocidente que fundamenta a existência do discurso do que é Oriental; o terceiro mecanismo que sustenta esta imagem é forjado pelas instituições Ocidentais que monopolizam o discurso sobre o que é a imagem do Oriente. Visto deste modo que o Oriente não é mais que um conjunto de ideias forjadas nos processos históricos e condicionadas sob a égide dos interesses Ocidentais. A própria ideia de Oriente desenvolvida para forjar o Ocidente como coisa é descrita pelo autor como uma representação parcial de relações estabelecidas entre mecanismos de poder específicos, isto é, segundo o modelo institucional de origem Ocidental. A descrição deste movimento aponta a um sentido fictício da ideia de Oriente, não dada a um fato natural, mas constituída a partir das representações das experiências estabelecidas em relação a esta realidade descrita como Oriente. Sendo uma Ideia que tem uma história e uma tradição dentro do próprio pensamento Ocidental. Portanto não esta disposta sobre uma realidade de fatos compartilhados pela cultura e sociedade destes próprios povos. Sendo uma criação sem realidade correspondente, e a sua representação como Oriente é a própria morte da Coisa dita ´´Oriental``.
O Oriente e o Orientalismo apresenta-se deste modo a visão do autor como elementos de dominação que são organizados em função dos discursos que estabelecem relações de poder mediante a ação dos Impérios Ocidentais. Permitindo deste modo a distinção baseada na terminologia analítica de Gramsci de que a relação da sociedade civil com a sociedade politica sustentaria a imagem de um Oriente descolada da realidade objetiva do qual existe. Estas ideias organizam a imagem de uma hegemonia cultural do Ocidente que se projeta sobre a realidade Oriental e lhe contorna mediante a perspectivas deterministas. A Civilização é desconhecida deste mundo é negligenciada e colocada de lado segundo o ideal civilizador Oriental. Os Impérios, França e Grã Bretanha no século XVIII, manifestam em suas ações as relações que se estabelecem entre este ideal e a representação que forjam como imagem do Oriente.
Uma das principais questões de Said é traçar a visão do Oriental como um processo marcado por uma multiplicidade de formas assimiladas segundo as disposições distintas das relações estabelecidas a partir da experiência do Ocidente que representam a imagem do Oriente. Serve-lhe deste modo de ponto de partida o século XVIII, momento em que os Impérios Europeus se sobrepunham sobre grande parte do Leste, determinando o ritmo e o sentido das suas realidades. Basicamente o Oriente deste momento é descrito de forma literária, fantasiosa, mística. A dominação destas regiões é justificada a partir de ideais de Civilização, pressupostos que articulavam a relação entre o dominado e quem lhes domina. A lógica que carrega este tipo de dominação era baseada nos aspectos de reciprocidade entre as duas partes, onde uma orientava a outra a um tipo de desenvolvimento desejado, enquanto a segunda disputa assimila ou negocia a sua posição dentro deste processo. O orientalismo é sobreposto ao Leste como uma forma de classificação da realidade que estes povos compartilhavam, sustentada por um discurso baseado em pressupostos deterministas e raciais, provenientes do Colonialismo deste período. Constituindo e assimilando deste modo os padrões das estabelecidos pelos discursos sobre o que é o Oriente, em função das experiências Ocidentais que geravam tal representação. 
Este processo acompanha dentro da realidade Ocidental um momento de disputa entre diferentes potencias Ocidentais. Disputa que se materializa na partilha dos territórios das conquistas, e que para além da dominação objetiva se realça por outro lado uma manifestação da dominação subjetiva exercida por estes impérios. Dominação que restringe o poder a autodeterminação destes povos, onde a sua liberdade conserva-se sobre nomenclatura da alteridade, Leste que manifesta a sua identidade como Oriente. E das fontes do Orientalismo surge o Oriente que se sobrepõem a realidade as culturas, sociedades e povos do Leste. O Oriente cabe mais a uma representação subjetiva das experiências do Ocidente do que para a relação entre o que se diz Oriental e a sua própria realidade objetiva. Descreve-se um discurso que ao ser projetado por mecanismos de dominação se articulam sobre a realidade e sobrepõem-se os elementos de seu interesse. A parcialidade da construção do discurso sobre estes povos garante a hegemonia dos Impérios, são sustentadas por um campo de estudo erudito que lhe garante Orientalismo como objeto próprio de analise. 
Edward Said descreve demonstra esta relação entre os estudos Orientais e a representação que se faz do oriente a partir das analises linguísticas, culturais, étnicas que lhe significa ao olhar Ocidental uma aparência de unidade. A visão do Ocidente em relação a imagem que ele mesmo cria sobre o que é Oriental condiciona toda a dinâmica de relação entre estas duas faces do Globo. Em contrapartida, não percebemos ao menos uma correspondência direta desta postura daqueles que chamamos Orientais. Observando apenas as limitações destes agentes poderíamos considerar a sua passividade em todo o processo de enraizamento das instituições ocidentais, determinadas pelos movimentos dos Impérios Coloniais, que partilhavam os territórios e segmentavam os povos a partir das suas próprias experiências deste mundo oriental. Visto que para descreve-lo a sua posição era sempre a de um estranhamento, uma oposição lógica aos ideias de civilização ocidentais. O oriente é o lugar do exótico, do mistério e das fabulas de uma idealização ocidental. Descrito a partir do que o Ocidente imaginaser, mas não reflete a coisa em si que descreve o Oriental.
Segundo Said o Cristianismo reforçou esta oposição entre os elementos descritos Ocidentais e Orientais por se estabelecer entre uma fronteira que delimitava o sagrado e o profano. O Islã se coloca como uma característica irreparável do mundo existente no Oriente, do qual toda a esfera do sagrado é corrompida. Os princípios Ocidentais são articulados em dependência direta a aqueles que se descreve como pertencentes a sua oposição, Oriente. Para tanto, os Orientalistas desenvolvem uma grande gama de estudos que aparentemente garantiriam uma justificativa evidente a tal posição. 
Said demonstra que a expansão do Ocidente para o Leste foi um dos elementos determinantes para a interpretação do que ele diz ser Orientalismo, uma vez que as distinções culturais seriam marcadas pelo choque entre estas duas ´´culturas``. Estas disputas se estendem aos elementos históricos desta realidade descrita como componente próprio do Oriente, isto é a sua religiosidade característica. Que permanece em oposição em relação ao Cristianismo. Por outro lado o autor descreve uma relação de simpatia seletiva com algumas regiões povos e culturas existentes, desenvolvendo uma imagem particular de Oriente . A descrição do mundo Oriental é vista em caráter moral, relacionando as dependências existentes na realidade Ocidental a um plano definido de ação e interpretação destas diversidade existente no Oriente. 
Para tanto os Orientalistas dão sustento a estas doutrinas, uma vez que possibilitam e justificam cada postura existente como uma derivação de um objeto representado a partir das experiências Ocidentais. A visualização de um Oriente primitivo é corroborada por um campo de estudo definido que lhe determina as características e as dependências sobrepostas por meio das instituições ocidentais. 
O orientalismo é descrito como um projeto pedagógico de dominação e definição de uma identidade a partir de experiências particulares e circunscritas, que progressivamente foram criando campos de estudo e possibilitando representar a imagem de um oriente que ao fundo esta totalmente deslocada de sua relação objetiva entre os agentes que constituem esta realidade. O Orientalismo, como diz Said é uma invenção do Ocidente para criar a si mesmo como um ideal. Questionando agora em uma perspectiva mais atual, visto os movimentos dos refugiados das antigas regiões coloniais, quais seriam suas origens? E em que sentido alimentam esta imagem de Orientalismo?

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