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FACULDADE IDEAL FACI DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE TRANSPORTES Pavimentação Notas de Aula Prof. Antonio Pegado ANO/ 2013 APRESENTAÇÃO Dando continuidade ao nosso objetivo de prover os alunos de um roteiro para as aulas da disciplina Estradas de Rodagem II, apresentamos esta edição que esperamos seja de utilidade para aqueles que realmente têm o desejo de adquirir algum conhecimento sobre o assunto. Esta segunda parte do curso mostra o conteúdo distribuído em capítulos, abrangendo os seguintes tópicos: A Superestrutura Rodoviária; Estudo do Subleito e Jazidas de empréstimos. Estudo das Camadas do Pavimento, Estudo dos materiais empregados na construção do pavimento: Solos, agregados e Asfalto; Ensaios e Especificações; Estabilização de Bases; Equipamentos; Usinas de agregados e asfalto; Métodos de dimensionamento de Pavimentos flexíveis; Drenagem; Noções sobre manutenção e conservação e sinalização. O conteúdo desta apostila é constituído por notas de aula obtidas através de pesquisas em livros, manuais, sites de internet e artigos diversos relacionados na bibliografia do curso, estando, portanto sujeita a constantes atualizações. Agradecemos a todos os leitores que tenham sugestões para aprimorar este texto e que nos alertem sobre erros nele contidos. Belém, 22 de março de 2.003. Fernando Luiz R. Nogueira. Prof. Adjunto, M.Sc. E-mail: flrn@ufpa.br TE 08071 - ESTRADAS DE RODAGEM II Carga horária : 60 hs Pré-requisito: Estradas de Rodagem I PROGRAMA I - A SUPERESTRUTURA RODOVIÁRIA Definição e Classificação de Pavimento. Pavimento rígido e flexível II - ESTUDO DO SUBLEITO Estudos de campo e Laboratório. Áreas de empréstimos. Aterros sobre solos compressíveis. III - ESTUDO DAS CAMADAS DO PAVIMENTO Subleito. Regularização. Reforço. Sub-base. Base. Revestimento. Especificações de serviço IV - ESTUDO DE MATERIAIS PARA PAVIMENTAÇÃO Materiais betuminosos. Agregados. Especificações e Ensaios. Usinas V - DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS Métodos de dimensionamento. As cargas rodoviárias. Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis. Projeto VI - CONSTRUÇÃO DA SUPERESTRUTURA Aspectos geométricos. Equipamentos de pavimentação. Dimensionamento da Frota. Impacto ambiental na execução e operação VII - DRENAGEM SUPERFICIAL Estudos hidrogeológicos. Sistemas de Drenagem. Dimensionamento VIII - CONSERVAÇÃO DE RODOVIAS Finalidade. Noções sobre conservação de estradas pavimentadas e não-pavimentadas. Noções gerais sobre sinalização BIBLIOGRAFIA: - SENÇO, W. (1997). Manual de Técnicas de Pavimentação. Vol. 1. Ed. Pini. RJ - SENÇO, W. (2001). Manual de Técnicas de Pavimentação. Vol. 2. Ed. Pini. RJ - FRAENKEL, B. B. (1980). Engenharia Rodoviária. Ed. Guanabara Dois. RJ - SOUZA, M. L. (1980). Pavimentação Rodoviária. Livros Técnicos e Científicos Ed. MT-DNER-IPR. RJ - BATISTA, C. N. (1979). Pavimentação . Vols. 1, 2, 3. Editora Globo. Porto Alegre. - Road Research Laboratory (1957). Mecânica dos Solos para Engenheiros Rodoviários. Londres. - Manual de Pavimentação.(1995). MT – DNER. RJ. - Manual de Implantação Básica (1996) . MT-DNER-IPR. RJ. - Especificações Gerais para Obras Rodoviárias (1995). MT- D.N.E.R. RJ. - Informações Básicas sobre Materiais Asfalticos. (1990). I.B.P. 4a Edição. RJ - SANTANA, H. (1992) Manual de Pré-Misturados a Frio. I.B.P.-Comissão de Asfalto. 1a Edição. RJ - Manual de Serviços de Pavimentação (1996). Petrobras Distribuidora S. A . RJ - YODER, E. J. and WITCZAK, M. W. (1975). Principles of Pavement Design.John Wiley & Sons.NY - LAMBE, T.W. and WHITMAN, R.V. (1979). Soil Mechanics. John Wiley & Sons. New York - NOGAMI, J.S. & VILLIBOR, D.F. (1981). Uma Nova Classificação de Solos para Finalidades Rodoviárias. Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em Engenharia. RJ. COPPE/CNPq/ABMS. - VARGAS, M. (1977). Introdução à Mecânica dos Solos. Editora McGrawHill do Brasil,Ltda. SP I - A Superestrutura Rodoviária 1 Pavimento 1.1- Definição É a estrutura construída sobre a terraplenagem e destinada, técnica e economicamente, a resistir aos esforços verticais oriundos do tráfego e distribuí-los; melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança; e resistir aos esforços horizontais (desgastes), tornando mais durável a superfície de rolamento. Figura 1 – Sistema de várias camadas É um sistema de várias camadas de espessuras finitas que se assenta sobre um semi-espaço infinito e exerce a função de fundação da estrutura, denominado Subleito. 1.2 Classificação De uma forma geral o pavimento pode ser classificado em: • Pavimento Rígido • Pavimento Flexível 2.0 - Pavimento Rígido: é constituído basicamente por uma placa de concreto de cimento Portland (PCCP), que pode ser simples, armado ou protendido. A laje de concreto desempenha simultaneamente o papel de revestimento e de base, resistindo à abrasão do tráfego, diluindo as tensões de tal maneira tornando-a compatível com a resistência do subleito. Rompem por tração na flexão, quando sujeitos as deformações. Entretanto, para garantir um suporte uniforme e para evitar o fenômeno do bombeamento (“pumpking”) – fuga das partículas finas de solo carreadas pela água através das juntas das placas – usa-se uma sub-base (geralmente 10 cm de material granular ou solo-cimento) que não tem função estrutural (Figura 2). Revestimento + Base Material granular ou solo-cimento compactado Figura 2 – Camadas do pavimento rígido I - A Superestrutura Rodoviária 2 No passado, eram muito empregados em pavimentação urbana os chamados calçamentos de pedra poliédrica regular e irregular. Os calçamentos de pedra poliédrica regular (cerâmica ou madeira) são na realidade revestimentos que geralmente necessitam de base e às vezes de sub-base. São geralmente chamados de paralelepípedos e devem ser rejuntados com produtos asfálticos ou argamassa de cimento (Figura 3). Os calçamentos de pedra poliédrica irregular são geralmente assentados manualmente sobre um colchão de areia, sem base, e geralmente não são considerados como revestimentos de pavimentos (Figura 4). Figura 5 – Seção transversal típica de um pavimento rígido O concreto protendido é mais adequado para pistas de aterrisagem sujeitas à ação de cargas muito concentradas e a impactos fortes. Os pavimentos rígidos costumam ter juntas separando-os em placas justapostas. Essas placas podem ter espessura uniforme, mas, em geral, por razões de economia, seus bordos têm maior espessura que o restante da placa devido a maior concentração de tensões neste local quando as cargas móveis se encontram nas posições mais desfavoráveis. O dimensionamento da espessura da placa está ligado às tensões de tração na flexão (σt ) tanto solicitantes como resistentes (Figura 6). Estas tensões são provenientes de várias causas, tais como: carga transmitida pelas rodas dos veículos; mudanças cíclicas de temperatura que causam o arqueamento e contração ou expansão da placa; mudanças na umidade, e mudanças volumétricas no subleito e ou sub-base. Figura 3 – Calçamento de pedra poliédrica regular Figura 4 – Calçamento de pedra poliédrica irregular I - A Superestrutura Rodoviária 32.1 - Distribuição da carga Grande área de distribuição de carga Alto modulo de rigidez, EC Alta dissipação das pressões Pequena pressão na fundação do pavimento EC = ε σ 2.2 - Variações volumétricas do concreto Um dos problemas de maior importância, característico dos pavimentos de concreto, é a variação de volume das placas, seja por reações do cimento, seja por variações de temperatura e umidade. Dessas variações, resulta a necessidade do projeto e construção de juntas de contração e dilatação. A redução de volume provoca retração linear, a qual resulta em trincas ou fissuras transversais. 2.3 – Variação uniforme da temperatura Provoca variação de volume da placa pela expansão (dilatação) ou contração da mesma, devido ao aumento ou diminuição da temperatura. A resistência devido ao atrito que se manifesta entre a superfície inferior da placa e o terreno do subleito ou sub-base, provocam tensões internas respectivamente de compressão e tração que originam trincas. A execução de juntas de expansão (transversais) e juntas de contração espaçadas entre si, é suficiente para evitar a ruptura da placa. 2.4 - Variação não uniforme da temperatura Dá-se no sentido vertical, o da espessura da placa. Trincas ou fissuras longitudinais surgem em função do empenamento da placa, ou seja, a curvatura produzida pelas diferenças de temperatura e umidade entre as faces superior e inferior. O peso próprio e o atrito existente entre a placa e a superfície do terreno restringem esse empenamento, provocando esforços de tração ou de compressão. Figura 6 – Pavimento Rígido: Placa de Concreto de Cimento Portland + Sub-base Figura 7 I - A Superestrutura Rodoviária 4 Como mostra a figura 8, durante a noite a face inferior da placa perde calor mais lentamente que a face superior; a tendência é de expandir na face inferior, mais quente. Essa tendência é restringida pelo atrito com o terreno e o peso próprio da placa, resultando em esforços de compressão, que provocam trincas ou fissuras longitudinais. Durante o dia, a face superior da placa é aquecida mais rapidamente que a face inferior, tendendo a expandir-se e empenar com as bordas para baixo. Sendo essas tendências restringidas pelo peso próprio e pelo atrito com o terreno surgirão fissuras ou trincas longitudinais. Para os concretos normalmente dosados e empregados na construção de pavimentos, com módulo de elasticidade da ordem de 350.000 kgf/cm2 e espessura em torno de 20 cm , quando a diferença de temperatura entre a face da placa atinge cerca de 18o C, as tensões resultantes podem atingir valores da ordem de 29 kgf/cm2. Valores de tal magnitude somada às tensões provocadas pelas cargas podem ultrapassar o módulo de ruptura do concreto, levando a placa também a ruptura. 2.5 – Juntas transversais As juntas transversais são construídas no sentido da largura da placa de concreto. Os tipos principais de juntas transversais, quanto à sua serventia, são: • De retração (ou contração) • De retração com barras de transferência • De construção • De expansão ou dilatação 2.5.1 – Juntas transversais de retração (ou contração) Sua função é, basicamente, controlar as fissuras devidas à contração volumétrica do concreto. a) De dilatação – São situadas em geral de 25 a 35 m de distância, normalmente ao eixo da estrada, deixando um espaço entre duas placas adjacentes, de 2 cm, para permitir a possibilidade da aproximação dos extremos das placas, quando elas se dilatam devido ao aumento da temperatura. Os espaços entre as juntas são cheios com betume e madeira tratada ou outros produtos apropriados. Figura 8 – empenamento restringido da placa I - A Superestrutura Rodoviária 5 2.6 - Barras de transferência ou passadores A colocação de barras de transferência melhora o comportamento estrutural e a durabilidade da placa. São barras de aço comum, dispostas em toda extensão da junta, para que haja transferência da carga para a placa contígua. “O diâmetro dessas barras deve ser ¾’, não devendo ultrapassar de 1” , para evitar que se rompa o concreto. Estes passadores devem ser colocados normalmente às juntas, ficando, pois, rigorosamente paralelos ao eixo da rodovia e na metade da espessura da placa. “O comprimento da barra deve ser 60 cm, usando-se barras de diâmetro de 1”. Deverão ser lisas e untadas de graxa em uma das metades, onde se veste com uma luva de metal ou papelão comprimido, e dispostas de tal maneira que deixem uma folga, para assegurar, no concreto, espaço para movimento dos passadores. 2.7 – Dimensionamento Os métodos de dimensionamento de pavimento de concreto simples proposto pela PCA (Portland Cement Association) em 1966 – PCA/66, e em 1984 – PCA/84, procuram padronizar a definição da espessura do pavimento de concreto de forma racional e que atenda às tensões solicitantes. O PCA/66 utiliza a tensão de tração na flexão como parâmetro para o dimensionamento do pavimento de concreto através da resistência do concreto à fadiga enquanto que o PCA/84 leva em consideração além dos critérios do PCA/66, a existência de acostamento de concreto, barras de transferência, o tamanho das placas e a resistência à erosão. 3. Pavimento Flexível: é composto por várias camadas que devem trabalhar em conjunto, cada uma delas absorvendo parte das solicitações impostas e transmitindo o restante às localizadas em níveis inferiores. Sendo o seu revestimento normalmente de misturas betuminosas. São dimensionadas a compressão e a tração na flexão, devido ao aparecimento das bacias de deformação sob as rodas dos veículos, que levam a estrutura a deformações permanentes, e ao rompimento por fadiga. Quanto ao seu uso, os pavimentos podem ser: Rodoviário; Urbano e Aeroportuário. Na pavimentação rodoviária em geral temos grandes extensões de estradas a pavimentar com escassos recursos financeiros, o que leva a procurar resolver o problema com tipos econômicos de pavimentos. Na pavimentação urbana as extensões a pavimentar são menores e os recursos disponíveis são menos escassos. As cargas que atuam sobre um pavimento urbano são da mesma ordem de grandeza das que atuam sobre um pavimento rodoviário. A carga máxima é da ordem de P = 5 tf/roda dupla, com uma pressão variando entre 4 e 7 kg/cm2. No entanto, um pavimento urbano está mais sujeito aos esforços tangenciais (acelerações positivas e negativas), principalmente nos locais de sinais de tráfego, e sofre mais a ação de águas superficiais. Os pavimentos de aeroportos estão submetidos a influencia das enormes cargas concentradas das modernas aeronaves, com impactos na aterrissagem e a ação da chama dos motores a jato queimando materiais do pavimento, especialmente nas cabeceiras das pistas onde as aeronaves aquecem seus motores antes de decolar. Desta maneira, estes pavimentos estão sujeitos a uma maior “carga por I - A Superestrutura Rodoviária 6 roda”, a uma maior “pressão” e a uma menor “repetição de cargas” do que os pavimentos de estradas . Embora o projeto de pavimentos, quer seja de estradas ou de aeroportos, sigam os mesmos princípios gerais, é conveniente que se estude separadamente o projeto de pavimentos de estradas que pode ser estudado simultaneamente com o projeto de pavimentos urbanos. 3.1 Comportamento estrutural do Pavimento flexível Um pavimento quando solicitado por uma roda pneumática de um veículo com carga Q/2 que se desloca com uma velocidade V, recebe uma tensão vertical (q) (compressão) e uma tensão horizontal de cisalhamento (τ), conforme mostrado na figura 9. A tensão q é diluída pelo pavimento,de modo que o subleito recebe uma tensão bem menor “p1 “- que deve ser compatível com a resistência do mesmo”“. A tensão de cisalhamento (τ) agindo na superfície do pavimento exige que a mesma apresente uma coesão mínima (cp). A superfície deve também ser bastante impermeável. Quando a deformação é excessiva, as tensões geradas nas camadas pela tração e cisalhamento podem levar a ruptura do pavimento. O atrito interno e a coesão do ligante não são mais suficientes para garantir a estabilidade. O pavimento se rompe e as deformações se tornam permanente nas diferentes camadas. As tensões geradas no subleito, por efeito das cargas, podem, também, romper o pavimento. Os pavimentos são dimensionados a compressão e a tração na flexão, devido ao aparecimento das bacias de deformações sob as rodas dos veículos, que levam a estrutura a deformar-se permanentemente e ao rompimento por fadiga. 3.2 Camadas do Pavimento Flexível O pavimento pode ser constituído por uma única camada que seja capaz de simultaneamente: resistir e diluir a tensão vertical de “q” para “p1” , resistir a tensão horizontal “τ” e ser razoavelmente impermeável. É o caso, por exemplo do Pavimento de Concreto de Cimento Portland (PCCP), e tem sido muito usado em trechos rodoviários urbanos de muito tráfego. Para o chamado pavimento asfáltico, o mais econômico é dividi-lo em duas camadas: o revestimento, camada superior que resiste a abrasão devido o tráfego, e Figura 9 I - A Superestrutura Rodoviária 7 uma camada de material granular (brita graduada, solo-brita, solos selecionado, ou outro material local como argila expandida – todos sem coesão) que ajuda a diluir a tensão vertical “q” – denominada de Base. (Figura 10) O revestimento asfáltico reage à tensão vertical de compressão “q” fletindo; se for um material mais rígido – flete menos, dilui mais “q” a custa do aparecimento de uma apreciável tensão de tração σt na sua face inferior. Ao contrário, se for menos rígido – flete mais, dilui menos “q” e a tensão de tração é menor. Por outro lado, o revestimento asfáltico com um alto Módulo de rigidez Er colocado sobre uma base granular flexível de baixo Módulo Eb pode fletir o suficiente para despertar uma forte σt e exigir uma grande espessura hr . Pode ser vantajoso dividir-se o revestimento asfáltico em duas camadas asfalticas: uma superior, denominada capa de módulo Ec elevado, e a outra inferior de módulo EB intermediário entre Er e e Eb denominada de camada de ligação (“binder” = que faz a ligação) . A capa apoiada sobre o binder e este sobre a base se traduz numa melhor compatibilidade estrutural. Tem-se, então, no caso mais geral: Revestimento = Capa + Binder. Como a tensão vertical de compressão “q” vai diminuindo com a espessura, pode-se dividir a base em duas ou três camadas, denominadas respectivamente de: base (mantido o nome), subbase (recebendo menor tensão pode ser de material menos nobre) e reforço do subleito (material que necessita apenas ser melhor do que o do subleito). Assim, no pavimento flexível são definidas as seguintes camadas: a) Revestimento: Também chamado de capa de base , é a camada mais nobre do pavimento, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do tráfego , sendo destinada a melhorar a superfície de rolamento quanto às condições de conforto e segurança, e a transmitir de forma atenuada, as solicitações devido ao tráfego às camadas inferiores. b) Base: é a camada destinada a resistir aos esforços verticais oriundos do tráfego e distribui-los e sobre a qual se constrói o revestimento asfáltico. Na verdade, o pavimento pode ser considerado composto de base e revestimento, sendo que a base poderá ou não ser complementada pela sub-base e pelo reforço do subleito. d) Sub-base: é a camada complementar à base, com as mesmas funções desta e executada quando, por circunstâncias técnicas e econômicas não for Figura 7 Figura 10 I - A Superestrutura Rodoviária 8 aconselhável construir a base diretamente sobre a regularização ou reforço do subleito; e) Reforço do subleito: é a camada de espessura constante, construída se necessário, acima da regularização, com características técnicas inferiores ao material usado na camada que lhe é superior, porém de melhor qualidade do que o material do subleito; f) Regularização do subleito: É a camada de espessura irregular, construída sobre o subleito e destinada a conforma-lo, transversal e longitudinalmente, com o projeto. A regularização deve dar à superfície as características geométricas – inclinação transversal - do pavimento acabado. Nos trechos em tangente, duas rampas opostas de 2% de inclinação – 3% a 4%, em regiões de alta precipitação pluviométrica e, nas curvas, uma rampa com inclinação da superelevação (Ver figura 11). A regularização não constitui, propriamente, uma camada de pavimento, pois tem espessura variável, podendo ser nula em um ou mais pontos da seção transversal. Figura 11 – Seção transversal típica de um pavimento flexível 3.3 - Transmissão das cargas ao pavimento As cargas que solicitam um pavimento são transmitidas por meio das rodas pneumáticas dos veículos. A área de contato entre os pneus e o pavimento tem a forma aproximadamente elíptica, e a pressão exercida, dada a relativa rigidez dos pneus, tem uma distribuição aproximadamente parabólica, com a pressão máxima exercida no centro da área carregada. Como mostra a figura 12. Para efeito apenas de estudo da ação das cargas, visando o dimensionamento do pavimento, pode-se admitir uma carga aplicada gerando uma pressão de contato uniformemente distribuída, numa área de contato circular. A I - A Superestrutura Rodoviária 9 pressão de contato é aproximadamente igual à pressão dos pneus, sendo a diferença desprezível para efeito de dimensionamento. Figura 12 – Áreas de contato pneu x pavimento Sendo a transmissão de carga feita pelas rodas, as pressões a serem calculadas ou admitidas são referidas em função das cargas de roda, muito embora se faça referência a cargas por eixo. O raio da área circular de contato pode ser calculado para qualquer valor de carga, desde que se conheça a pressão aplicada. Seja uma carga Q transmitida por um eixo simples, possuindo uma ou duas rodas de cada lado do veículo e uma pressão de contato q . A carga da roda será: Q = 2 ⋅⋅⋅⋅ pipipipi ⋅⋅⋅⋅ r2 ⋅⋅⋅⋅ q Q / 2 = pipipipi ⋅⋅⋅⋅ r2 ⋅⋅⋅⋅ q ∴∴∴∴ r = Q / 2 ½ pipipipi ⋅⋅⋅⋅q Exemplo 1: Adotando uma pressão de contato de q = 7 Kgf / cm2 e uma carga de roda Q / 2 = 5000 Kgf, que é o limite máximo permitido pela Legislação Brasileira, calcular o raio da área circular de contato. 5000 ½ r = ---------- ∴∴∴∴ r = 15 cm 3,14 ⋅⋅⋅⋅7 I - A Superestrutura Rodoviária 10 3.4 - Distribuição das pressões Para melhor compreender as definições das camadas que compõem um pavimento, é preciso considerar que a distribuição dos esforços através do mesmo deve ser tal que as pressões que agem na interface entre o pavimento e a fundação, ou subleito, sejam compatíveis com a capacidade de suporte desse subleito. A figura 13 mostra a distribuição de pressões, segundo um ângulo αααα, de tal forma que a pressão de contato q pode ser considerada a pressão aplicada a uma profundidade (Z = 0). A partir daí, as pressões estão referidas às profundidades crescentes, chegando à interface entre o pavimento e o subleito,na profundidade Z, com uma pressão σσσσz . O ângulo de distribuição das pressões ( α ) é função da natureza dos materiais usados no pavimento. Quanto maior o seu valor maior a dissipação (diluição) das tensões, e menor será a solicitação no subleito (σz). Na determinação da pressão aplicada no subleito (σz) consideremos situação apresentada na figura 9. A condição de equilíbrio é: Q/2 = q . pi . r2 = σz . pi . (r + s)2 s = z . tg α σz = q ( )2 2 . αtgzr r + ( ÷ r2 ) σz = q 2 2).( 1 r tgzr α+ = q 2 . 1 + r tgzr α ∴σz. = q . 2 .1 1 + αtg r z σz = pressão no subleito (Kqf / cm2); q = pressão de contato (Kgf / cm2); z = espessura do pavimento (cm); r = raio da área circular de contato (cm); α = ângulo de distribuição de pressão Figura 13 – Distribuição dos esforços Figura 14 – Vista de perfil e planta do cone de pressões I - A Superestrutura Rodoviária 11 Exemplo 2: Para uma carga por eixo simples Q = 10 tf, aplicada segundo um círculo de raio r = 15 cm, resultando numa pressão de contato q = 7 Kqf / cm2 e um pavimento de espessura Z = 20 cm, a pressão aplicada no subleito será. Adotar α = 45 º. 1 1 σσσσz = q ⋅⋅⋅⋅ - ----------------------- = 7 ⋅⋅⋅⋅ --------------------------- = 1,3 kgf/cm2 1 + (z / r) ⋅⋅⋅⋅ tg αααα 2 1 + (20 / 15) ⋅⋅⋅⋅ tg 45 2 3.5 - Carga de roda equivalente É a carga sobre uma roda simples, com a mesma área de contato que um conjunto de rodas, produzindo o mesmo efeito desse conjunto a uma determinada profundidade. A legislação brasileira estabelece os seguintes tipos e limites de carga por eixo: � Eixo simples com Roda Simples (ESRS) – máximo de 5 tf : � Eixo simples com Roda Dupla (ESRD) – máximo de 10 tf : � Eixo em Tandem Duplo (ETD) – máximo de 17 Tf � Eixo em Tandem Triplo (ETT) – máximo de 25,5 Tf Tipos de ruptura de um pavimento I - A Superestrutura Rodoviária 12 No estudo de carga de roda equivalente interessa saber como as cargas vão ser transmitidas ao pavimento. Como mostra a figura 12, as cargas de roda ou as cargas de eixos próximos, têm seus efeitos sobre os pavimentos superpostos. Para que sejam consideradas isoladas, é necessário uma distância entre os eixos que evite essa superposição de efeitos. Figura 12 – Efeitos superpostos A figura 12 mostra um caso de rodas duplas, eixo simples, em que temos: l = distância entre as faces internas das rodas; L = distância entre os centros das rodas; Q = carga por eixo simples; Q/2 = carga por roda. O triângulo ABC corresponde à área de superposição de efeitos. Neste caso admitem-se as seguintes zonas de distribuição de tensões: � Zona 1: do topo até a profundidade l/2, onde cada roda age isoladamente; carga de roda equivalente é Q*/2 = Q/2 � Zona 2: a faixa entre a profundidade l/2 e 2L, onde o efeito das duas rodas é superposto e com intensidade variando em função do quadrado da profundidade; a carga de roda equivalente fica: Q*/2, variando de Q/2 a Q. � Zona 3: abaixo da profundidade 2L, as duas rodas agem em conjunto, como uma roda apenas. A carga de roda equivalente é Q*/2 = Q De uma forma genérica e dependendo das condições do subleito, é possível admitir que a espessura necessária de um pavimento é proporcional à raiz quadrada da carga de roda equivalente: z = C . [Q*/2]1/2 sendo C constante. Das pesquisas conhecidas e da experiência já vastamente desenvolvida no sentido de relacionar carga e espessura de pavimento, conhece-se o seguinte: I - A Superestrutura Rodoviária 13 A – as espessuras dos pavimentos são aproximadamente proporcionais ao logaritmo do número de repetições das cargas de roda; B – vários métodos de dimensionamento já levam em conta essa forma de comparação, procurando associar uma carga de roda ou de eixo padrão às cargas que irão solicitar o pavimento, considerando o número de repetições necessário para produzir os mesmos efeitos. C – a consideração de que as pressões sofrem reduções com a profundidade, devido ao alargamento da base do cone de distribuição, leva a uma parte importante, do ponto de vista econômico, dos estudos visando fixar a estrutura definitiva de um pavimento. Figura 13 - Carga, pavimento e fundação Como a pressão aplicada é reduzida com a profundidade, as camadas superiores estão submetidas a maiores pressões, exigindo na sua construção materiais de melhor qualidade. Para a mesma carga aplicada, a espessura do pavimento deverá ser tanto maior quanto pior forem as condições do material de subleito. Sem rigorismo extremo, pode-se mencionar a regra de que subleito ruim e cargas pesadas levam a pavimentos espessos; subleito de boa qualidade, e cargas leves levam a pavimentos delgados. De qualquer maneira, sendo as pressões decrescentes com a profundidade, o engenheiro é conduzido a complementar a base com uma camada estruturalmente suficiente com materiais menos nobres do que o material da base. A essa camada complementar dá-se o nome de sub-base. Praticando mesmo raciocínio para essa sub-base, ela pode ser complementada por uma camada de material menos nobre, que recebe o nome de reforço do subleito. Assim, no estudo da pavimentação pode-se obedecer à técnica através de inúmeras opções do ponto de vista econômico, não tendo o menor sentido considerar um atributo sem o outro. Os atributos técnicos exigem a obediência a métodos de dimensionamento, análises estatísticas, cálculos e desenhos. Os atributos econômicos exigem principalmente estudos do tipo benefício x custo, taxa de retorno ou renda capitalizada ou equivalentes, enquanto os atributos financeiros exigem uma avaliação dos recursos disponíveis e das fontes internas e externas de recursos e financiamento. Resumindo, para que o empreendimento de engenharia seja completamente viável é necessário que seja tecnicamente exeqüível, economicamente recomendável e financeiramente realizável. I - A Superestrutura Rodoviária 14 3.6 - Bases rígidas Esses tipos de bases tem acentuada resistência à tração, fator determinante no seu dimensionamento. 3.6.1 - Concreto Cimento: é uma mistura convenientemente dosada e uniformizada de agregados, areia, cimento e água nas dimensões previstas em projeto. É a base que mais se caracteriza como rígida, podendo ou não ser armada com barras metálicas e seu dimensionamento obedece a estudos baseados na teoria de Westergaard. Uma placa de concreto de cimento exerce conjuntamente as funções de base e revestimento. 3.6.2 - Macadame de Cimento: é uma base construída com agregado graúdo – diâmetro máximo entre 50 e 90 mm – cujos vazios são preenchidos por um material de granulometria mais fina, o material de enchimento, misturado com cimento, garante além do travamento das pedras, uma razoável ligação entre elas. 3.6.3 - Solo Cimento: é a mistura de solo escolhido, cimento e água, em proporções convenientes e previamente determinadas. Essa mistura é uniformizada e compactada satisfazendo assim as condições exigidas para funcionar como base do pavimento. 3.7 - Bases flexíveis 3.7.1 - Base de solo estabilizado: é uma camada construída com solo, satisfazendo determinadasespecificações – granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade – cuja estabilização pode ser conseguida de forma natural ou artificial. o Base estabilizada granulométricamente o Base de solo-brita o Base de solo-cal o Base de solo-Betume ou solo-asfalto Base estabilizada granulométricamente: São executadas pela compactação de um material ou de misturas de materiais que apresentam uma distribuição granulométrica apropriada fixada em especificações, permitindo a obtenção de uma base densa e relativamente impermeável. Base de solo-brita: Quando a granulometria ideal é conseguida por meio de adição de pedra britada para suprir a ausência de material graúdo. Essa adição e mistura do material graúdo é feita geralmente em usina. Base de solo-cal: É uma mistura de solo, cal e água e, às vezes, de “fly ash” (cinza volante), uma pozolana artificial. A cal estabiliza o solo através de modificações na sua plasticidade e sensibilidade a água. Base de solo-betume ou solo-asfalto: É uma mistura de solo, água e material betuminoso usado como aglutinante das partículas. 3.7.2 - Base de macadame hidráulico: Trata-se de uma base ou sub-base constituída de uma ou mais camadas de pedra britada, de fragmentos entrosados entre si e material de enchimento. Este último tem a função principal de travar o agregado graúdo e a função secundária de agir eventualmente como aglutinante. A introdução do material de enchimento nos vazios de agregado graúdo é feita com auxílio de água, justificando o nome do macadame hidráulico. 3.7.3 - Base de brita graduada: trata-se de um tipo de base que ganhou a preferência entre as bases de pedra. É resultante da mistura feita em usinas de I - A Superestrutura Rodoviária 15 agregados de pedras, sendo estes previamente dosados, contendo inclusive material de enchimento, água e, eventualmente, cimento. Guardadas as proporções. Principalmente quanto à granulometria dos materiais, é uma base que substitui o macadame hidráulico, com grandes vantagens no que concerne ao processo de construção. 3.7.4 - Base de macadame betuminoso: é a base que mais guarda os princípios construtivos de John McAdam, porém usando o betume como elemento aglutinante. Consiste na superposição de camada de agregados interligadas por pinturas de material betuminoso. É chamada também de base negra, sendo que o número de camadas depende da espessura estabelecida em projeto. Os agregados utilizados têm granulometria que corresponde a uma relação de diâmetro de baixo para cima, podendo, inclusive, chegar-se ao nível superior com a granulometria própria da camada de revestimento. 3.7.5 - Base de paralelepípedo e de alvenaria poliédrica (por aproveitamento): como base, correspondem a leitos de antigas estradas que, com a maior velocidade atingida pelos veículos, deixaram de apresentar interesse, dada principalmente a trepidação a alta sonoridade que provocam. Esses antigos revestimentos passaram a ser recapeados com misturas betuminosas, o que justifica a inclusão dessas bases entre as flexíveis, por aproveitamento. 3.8 - Revestimentos rígidos Os materiais constituintes são os mesmos das bases rígidas, com condições de resistir aos esforços horizontais e distribuir esforços verticais à sub-base. No caso dos paralelepípedos rejuntados com cimento as juntas são feitas com argamassa de cimento e areia, o que dá ao conjunto alguma rigidez, justificando a classificação. O revestimento rígido por excelência, no entanto, é o revestimento de concreto de cimento. 3.9 - Revestimentos flexíveis 3.9.1 - Concreto betuminoso: é o mais nobre dos revestimentos flexíveis. Consiste na mistura de agregados, satisfazendo rigorosas especificações, e o betume devidamente dosado. A mistura é feita em usina, com rigoroso controle de granulometria, teor de betume, temperaturas do agregado e do betume, transporte, aplicação e compressão. 3.9.2 - Pré-misturado a quente: é também uma mistura, obtida em usina, de agregados e asfalto. No entanto, as especificações quanto ao pré-misturado a quente são menos rigorosas do que as do concreto betuminoso, quer quanto a granulometria, quer quanto à estabilidade, ou quanto ao índice de vazios. 3.9.3 - Pré-misturado a frio: pode ser definido como a mistura de agregado e asfalto, onde o agregado é empregado sem prévio aquecimento, ou seja, à temperatura ambiente. É um produto menos nobre que o pré-misturado a quente e o concreto betuminoso. 3.9.4 - Tratamentos superficiais: consistem na aplicação de uma ou mais camadas de agregados ligadas por pinturas betuminosas. Os tratamentos superficiais podem ser: I - A Superestrutura Rodoviária 16 � Simples: uma camada de agregado e uma pintura de betume; � Duplos: duas camadas de agregado e duas pinturas de betume; � Triplos: três camadas de agregado e três pinturas de betume; � Quádruplos: quatro camadas de agregado e quatro pinturas de betume. Exemplo 3 : Um pavimento deverá ser construído, tendo como base um dos materiais constantes no quadro abaixo, assentada sobre um subleito de resistência igual a 1,0 kgf/cm2. Considerando a espessura total do pavimento de 30 cm e a solicitação de um veículo parado sobre o mesmo, com carga por eixo simples 20 tf; pressão dos pneumáticos 6 kgf/cm2 e área de contato pneu - pavimento 706,86 kgf/cm2, pede-se: a) Determinar as tensões que receberá o subleito, transmitida por uma roda, para cada um dos materiais mostrados no quadro. b) Qual dos materiais será empregado como base para que o pavimento seja o mais estável e econômico possível? Justifique. Base α , graus Custo unitário/m2 (R$) Areia argilosa 10 40 Macadame hidráulico 30 75 Brita graduada 45 100 Solo - cimento 60 120 = Resolução = (a) - Usando-se a equação q = 6 kgf/cm2 z = 30 cm r = 15 cm - Para α = 10o ⇒ σσσσz = 3,28 kgf/cm - Para α = 30o ⇒ σσσσz = 1,29 kgf/cm2 - Para α = 45o ⇒ σσσσz = 0,67 kgf/cm2 - Para α = 60o ⇒ σσσσz = 0,05 kgf/cm2 q α α Pavimento σσσσz Subleito (b) Como o subleito possui resistência de 1,0 kgf/cm2, a brita graduada é a mais indicada para ser usada na estrutura do pavimento pois permite uma dissipação de pressões (α = 45o ) tal que solicitará o subleito com apenas 0,67 kgf/cm2 , garantindo sua estabilidade, e será mais econômico por ter menor custo do que o solo – cimento. 1 σσσσz = q ⋅⋅⋅⋅ - ----------------------- 1 + (z /r) ⋅⋅⋅⋅ tg αααα 2 2 – Estudo do Subleito e Jazida 17 1.Generalidades O estudo geotécnico do subleito e jazida tem por finalidade fixar as diretrizes que devem reger os trabalhos de coleta de amostras, de modo que se disponha dos elementos necessários para o projeto de pavimentação de uma rodovia. Neste capítulo será visto o reconhecimento de solos do subleito, em estradas com terraplenagem concluída, objetivando o traçado dos respectivos perfis de solos e, também, o estudo de áreas de empréstimos (Jazidas) dos diferentes materiais utilizados em pavimento. 2. Estudo do Subleito Compreende duas etapas: Serviços de campo e Ensaios de Laboratório 2.1 – Serviçosde Campo � Equipamento e pessoal. � Sondagem, identificação expedita e coleta de amostras. � Apresentação dos resultados e traçado do perfil longitudinal. 2.1.1 - Equipamento e pessoal o Trado o Picareta o Pá o Cavadeiras (Chibancas) o Manta de lona o Saco de lona o Etiquetas o Trena de 20 m o Trena metálica de 2 m o Lápis, borracha, esquadro pequeno o Prancheta pequena (30 cm x 40 cm) o Cápsulas de alumínio ou vidro com tampa o Um caminhão o Bandeira vermelha o Um engenheiro fiscal o Um laboratorista o Quatro operários (abertura dos furos) o Um operário (coleta de amostras) o Um motorista 2.2 - Sondagem, identificação expedita e coleta de amostras 2.2.1 - Sondagem - A sondagem é feita por meio de furos ou buracos com auxílio do trado, picareta e cavadeira, no eixo longitudinal da estrada e algumas vezes nos bordos, com o objetivo de identificar as diversas camadas ou horizontes do solo do subleito por inspeção expedita no campo. Quando feitas sondagens nos bordos, estas devem ser a 3,50 m do eixo da rodovia; tem por finalidade obter o perfil transversal do solo constituinte do subleito. Executa-se furos de sondagem no subleito e coleta-se amostras para ensaios de laboratório, em número suficiente para se conhecer as características do mesmo. No caso de rodovias, o usual é se fazer furos de até 3 metros de profundidade espaçados longitudinalmente de 40 metros (35 furos a cada Km). Verificada a 2 – Estudo do Subleito e Jazida 18 uniformidade do material, podem-se espaçar mais os furos, porém, não reduzindo a menos de 10 furos em cada quilômetro (um furo a cada 100 m). Figura 11 - Distribuição dos furos de sondagens (DNER) Em cada furo anotar no boletim de sondagens: • Profundidade inicial e final de cada camada • Cota do Nível d’água • Material com excesso de umidade • Ocorrência de mica; matéria orgânica; etc. Prof. dos furos (h) : 0,60 m a 1,50 m abaixo da superfície de rolamento ou do greide projetado. Figura 12 - Disposição dos furos de sondagens 2.2.2 - Identificação dos horizontes – Uma vez aberto um determinado número de furos de sondagem, inicia-se a identificação dos horizontes encontrados, raspando-se, com auxílio da cavadeira, as paredes de cada furo, ao longo de toda a profundidade do mesmo. As cotas dos horizontes encontrados são medidas com auxílio da trena de aço de 2 m, sendo convenientemente anotadas. Os materiais constituintes dos diversos horizontes serão caracterizados expeditamente quanto à textura e identificados quanto à cor, conforme mostrado na figura 20. Sendo solos de granulometria fina, a sua caracterização pode ser feita em relação a uma ou mais propriedades abaixo: a) exame visual b) características de plasticidade c) resistência seca h h–r (m) 2 – Estudo do Subleito e Jazida 19 d) tato e) cheiro f) ensaio de dilatância Sendo de granulometria grossa, serão identificados por inspeção visual atenta. 2.2.3 - Coleta de amostras – Uma vez identificado cada horizonte de cada furo coleta-se amostras representativas de solos para a realização dos ensaios de caracterização (granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade). O número de ensaios de compactação e de CBR dependerá da uniformidade do subleito. O DNER estabelece a seguinte programação para coleta de amostras, conforme ilustrada na figura 10. a) Furos a cada 200 m. - 50 kg de material (de cada camada) - Ensaios: Caracterização/ Compactação / C.B.R b) Furos a cada 100 m - 5 kg de material - Ensaios: Caracterização/ Compactação c) Massa específica “in situ”. Determinação a cada 100 m, no 1o horizonte de solo (eixo e bordos) 2.2.4 – Serviços de Laboratório Com as amostras coletadas procedem-se aos seguintes ensaios: granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade, compactação e Índice Suporte Califórnia (CBR). Com os resultados dos ensaios de caracterização, determina-se o índice de grupo e corrige-se a classificação expedita feita no campo por ocasião da identificação dos horizontes, classificando-se os solos de acordo com a classificação HRB e os resultados são apresentados em um quadro-resumo, como o da figura 25. 2.2.5 - Estudo estatístico - O Estudo de subleitos deve ser sub-dividido em trechos com extensão de 20 km, ou menos, desde que julgados homogêneos sob o ponto de vista geológico e pedológico; esta recomendação visa procurar aproximar-se da premissa de que uma análise estatística só pode ser feita com valores provenientes do mesmo universo. A análise estatística é feita mediante o procedimento descrito a seguir: • Para os ensaios de caracterização, sendo o número de amostras de um determinado grupo de solos, superior a 25, devem ser escolhidas aleatoriamente, 25 amostras e ensaiadas; no caso de número de números de amostras ser superior a 9 e inferior a 25 , todas as amostras devem ser ensaiadas; no caso do número de amostras ser inferior a 9, deve-se voltar ao campo e fazer, em pontos convenientemente escolhidos o número de furos de sondagem e coleta de amostras do tipo de solo em causa, necessários a completar o número mínimo de amostras. • Para os ensaios de ISC, bastam 9 amostras. a) Média aritmética x - valor individual n - no de valores individuais X = x n ∑ 2 – Estudo do Subleito e Jazida 20 b) Desvio Padrão: c) Valores representativos do conjunto: d) Valores máximos e mínimos: - Os valores máximos e mínimos serão confrontados com os valores especificados - Se, ao calcularmos X e σ existirem valores individuais fora do limite X ± 2,5.σ, para 9 ≤ n ≤ 20, ou de X ± 3.σ , esses valores serão abandonados. Com os restantes se determinará um novo valor para X e σ. - Após a análise dos resultados, o técnico decidirá qual o destino a dar ao material. 3 – Apresentação dos resultados e traçado do perfil longitudinal . Os dados obtidos na sondagem devem permitir a determinação das características dos solos do subleito e o desenho dos perfis de solos ao longo do traçado. Assim, para cada trecho será elaborada a seguinte documentação: a) Planta de localização dos furos realizados; b) Boletim de sondagens c) Resultados dos ensaios de laboratório; d) Análise estatística e) Perfis dos solos para identificação dos tipos de materiais, com todas as camadas e as indicações das cotas de início e fim de cada uma delas, Indicando a cota do lençol freático (se houver) As escalas habituais para o desenho são as seguintes: - Perfil Longitudinal: horizontal → 1:1000 vertical → 1:100 - Espessura das camadas → 1:10 - Representação esquemática da estrada em planta: direção longitudinal → 1:1000 direção transversal → 1:100 No perfil longitudinal deve constar, para cada camada ou horizonte de cada furo onde foi realizado o ensaio de CBR, o valor deste, o valor do IS, o grau de compactação de primeira camada e a classificação de cada camada. A figura 12 mostra o perfil longitudinal com todos os elementos citados. . Figura13 – Perfil longitudinal de solos σ = )(Χ− − ∑ x n 2 1 µ1 = X - 1 29, n .σ ; µ2 = X + 1 29, n .σ xmin = µ1 - 0,68 σ xmax = µ2 + 0,68 σ 60 – 150 cm 2 – Estudo do Subleito e Jazida 21 Para a distinção de cada camada o DNER apresenta a seguinte convenção : Figura 14 - Convenção utilizada para os solos 4 - Sistema de Classificação do H.R.B - Adotado pela AASHO a partir de 1945, o sistema de classificação de solos desenvolvido pelo Highway Research Board vem sendo o mais usado para fins de pavimentação. O sistema mostrado na Tabela 1 baseia-se nos resultados de ensaios normais de caracterização de solos, ou seja, o limite de Liquidez, o índice de Plasticidade e o ensaio de granulometria. Os solos são classificados em grupos e sub-grupos: Grupos: A-1, A-2, A-3, A-4, A-5, A-6 e A-7. O grupo A-1 subdivide-se em dois subgrupos: A-1 a e A-1b O grupo A-2 subdivide-se em: A-2-4, A-2-5, A-2-6 e A-2-7 O grupo A-7 subdivide-se em : A-7-5 e A-7-6 A percentagem que passa na peneira no 200 estabelece o limite entre solos grossos e solos finos. Se p ≤ 35% , há predominância de granulometria graúda. Os solos que satisfazem esta condição são A-1, A-2 e A-3. Sendo p > 35% indica predominância de finos com propriedades plásticas, são os solos A-4, A-5, A-6 e A-7. As propriedades plásticas dos finos são estimadas pelo Limite de liquidez e Índice de plasticidade que irão definir o subgrupo no qual se enquadra o solo. As condições impostas são: LL = 40% e IP = 10% Os solos que satisfazem a condição de LL ≤ 40% são: A-1, A-2-4, A-2-6, A-3, A-4 e A-6. Os solos que satisfazem a condição LL > 40% são: A-2-5, A-2-7, A-5 e A-7. Os solos que satisfazem a condição de IP ≤ 10% são: A-1, A-2-4, A-2-5, A-3, A-4 e A-5. Os solos que satisfazem de IP > 10% são: A-2-6, A-2-7, A-6 e A-7. No caso do solo A-7, a definição do subgrupo é a seguinte: Se IP ≤ LL - 30 será A-7-5 Se IP > LL - 30 será A-7-6 2 – Estudo do Subleito e Jazida 22 4.1 - Processo de classificação: Com os dados de laboratório, inicia-se a classificação da esquerda para a direita, por eliminação. O primeiro grupo da esquerda que satisfizer os dados será o grupo procurado. Tabela 1 – Sistema de Classificação de solos do HRB 4.2 - Índice de Grupo (IG) - é um parâmetro empírico que dá uma indicação da capacidade de resistência que terá a infra-estrutura. É obtido através dos resultados dos ensaios de granulometria e plasticidade dos solos: IG = 0,2 a + 0,005 a c + 0,001 b d a = P 200 - 35 , 0 < a < 40 b = P200 - 15 , 0 < a < 40 c = LL – 40 , 0 < c < 20 d = IP - 10 , 0 < d < 20 O Índice de Grupo pode ser calculado utilizando-se os ábacos da Figura 15, que foram elaborados para resolução da expressão vista acima. IG Qualidade do terreno 0 4 9 20 Excelente Bom Regular Mau Tabela 2 – O Índice de Grupo 2 – Estudo do Subleito e Jazida 23 Exemplo 1: Um solo que, nos ensaios de caracterização, apresentou os seguintes resultados: LL=58%; IP=17%; P200 = 50%, qual o valor do IG ? Solução: O primeiro ábaco, para P200 = 50% e IP = 17%, dá: IG1 = 2,5. O segundo ábaco, para P200 = 50% e LL = 58%, dá: IG2 = 4,3. IG = IG1 + IG2 = 2,5+4,3 = 6,8 ou IG = 7,0. 4.3 - Características e comportamento dos solos Solos A-1 : São constituídos de material graúdo, como pedra e pedregulho e areia, média e fina, com graduação bem distribuída. Possuem ainda um ligante de baixa plasticidade. No caso do solo A-1-a, predominam os materiais, pedra e pedregulho, não apresentam areia fina. No caso do solo A-1-b, predomina a areia média, bem graduada. Solos A-3 : Sua posição na tabela de classificação indica que, no caso de poder também ser classificado como A-2-4, prevalece a classificação A-3, por se encontrar à esquerda, nessa tabela. São constituídos de areia fina de deserto ou praia, sem ligante – argila ou silte – , em pequena quantidade, sem plasticidade. Solos A-2 : É uma das mais importantes faixas de solos, quer pelo comportamento como subleito, quer pela possibilidade de estabilização como ligantes, principalmente cimento. Contém grande variedade de solos granulares misturados com solos finos. Além da condição de terem menos de 36% passando na peneira no 200, seu comportamento está também condicionado à porcentagem que passa na peneira no 40. Os solos A-2-4 e A-2-5 contêm uma parte pequena que passa na Fig. 15 – Ábacos para a determinação do IG 2 – Estudo do Subleito e Jazida 24 peneira no 40 com as mesmas características dos solos A-2-4 e A-5. Contem, ainda, alguma quantidade de pedregulho e silte. O silte tem Índice de Plasticidade maior que o IP dos solos A-1 e pode estar misturado com areia fina, sendo que o silte, neste caso, é um silte não plástico, com porcentagem acima daquela encontrada nos solos A-3. Os solos A-2-6 e A-2-7 têm as mesmas características dos solos A-2-4 e A-2-5 no que tange a porcentagem que passa na peneira no 40, contem argila plástica que dá a esses solos características que se assemelham às dos solos do grupo A-6, no caso dos solos do grupo A-6, às dos solos do grupo A-7, no caso dos solos A-2-7. Solos A-4 : O material característico é um silte não plástico ou moderadamente plástico, geralmente com cerca de 75%, passando na peneira no 200. Podem também conter uma mistura de silte, areia e pedregulho. Solos A-5 : São semelhantes aos solos A-4. Pela presença de mica ou equivalentes, tem elevado limite de liquidez e baixo índice de plasticidade. Solos A-6 : São solos caracteristicamente argilosos, com 75% ou mais passando na peneira no 200. Podem conter misturas de solos argilosos, areia e pedregulho. As variações de volume, no estado seco e úmido, representam alto grau de instabilidade, que dá condições para que sejam considerados solos fracos quanto ao comportamento como subleito. Solos A-7 : Em termos de estabilidade, são os solos mais sujeitos a variações de volume. Tem características semelhantes as dos solos do grupo A-6, porém, com elevado limite de liquidez, como os solos A-5. Os subgrupos A-7-5 e A-7-6 diferem quanto ao índice de plasticidade: os solos do subgrupo A-7-5 tem moderado índice de plasticidade, em relação ao limite de liquidez, ou seja LL-30 < IP. Ambos, porém, apresentam grandes variações de umidade, o que, em muitos casos, obriga a substituição desses solos do subleito para garantia de estabilidade. Exercícios: a) Amostra 1 P200 = 52% ; LL = 62% ; IP = 18% Resp. Solo A –7-5 b) Amostra 2 P200 = 28%; LL = 34% ; IP = 8% Resp. Solo A-2-4 c) Amostra 3 P200 = 28% ; LL = 34% ; IP = 12% Resp. Solo A-2-6d) Amostra 4 P200 = 30% ; LL = 36% ; IP = 8% Resp. Solo A-4 e) Amostra 5 P10 = 43% ; P40 = 26% ; P200 = 17% Resp. Solo A-1-b f) Amostra 6 P10 = 90% ; P40 = 61% ; P200 = 19% Resp. Solo A-3 g) Amostra 7 P200 = 62% ; LL =8% ; IP = 40% Resp. Solo A-5 2 – Estudo do Subleito e Jazida 25 4.4 - Equivalência entre a Classificação H.R.B e Sistema de Classificação Unificado Levando-se em conta os critérios utilizados no Sistema Unificado de Classificação e na classificação do Highway Research Board, pode-se estimar uma certa equivalência entre os símbolos utilizados para classificação de materiais semelhantes, conforme mostrado na tabela 3. 5 – Compactação dos Solos A evolução da compactação deve-se aos trabalhos de O. J. Porter , seguindo- se o de R. R. Proctor. O primeiro engenheiro da Divisão de Estradas da Califórnia estudou a relação entre a densidade do solo com o seu teor de umidade, quando submetido a uma determinada energia de compactação. Entende-se por compactação de um solo, o processo manual ou mecânico sob a forma de pressão ou apiloamento ou vibração, que visa reduzir o volume de seus vazios, expulsando o ar dos mesmos, e, assim, aumentar sua resistencia, tornando-o mais estável. Trata-se de uma operação simples e de grande importância pelos seus consideráveis efeitos sobre a estabilização de maciços terrosos, relacionando-se, intimamente, com os problemas de pavimentação e barragens de terra. A compactação melhora as características do solo, não só quanto a resistencia, mas, também, nos aspectos: permeabilidade, compressibilidade e absorção de água. O aumento do peso específico que se processa com a densificação do material depende fundamentalmente da energia dispendida e do teor de umidade do solo. A estabilidade alcançada pelo solo depois de compactado permitirá que se mantenha num certo nível de resistência independentemente das variações climáticas, de tal modo que a estrutura não sofra ruptura ou danos significativos. 5.1 – A mecânica da densificação A densificação ou redução do índice de vazios pode ocorrer sob diversas formas: � Rearranjo (reorientação) dos grãos � Fratura dos grãos ou de seus pontos de contato � Deformação das partículas Para melhor entendimento do processo analisemos a situação dos solos coesivos e solos não coesivos. Tabela 3 2 – Estudo do Subleito e Jazida 26 a) Solos coesivos (argilas e siltes plásticos) A densificação ocorre pela deformação e reorientação das partículas, e é resistida pela coesão existente entre as partículas. + água ⇒ A adição de água provoca a diminuição da coesão, diminuindo a resistência oferecida ao esforço de compactação, aumentando, então, a densificação da massa de solo. b) Solos não coesivos (areias e pedregulhos) A densificação se dá pelo rearranjo e/ou fratura dos grãos ou de seus pontos de contato (fator secundário), e é resistida pelo atrito existente entre os mesmos. A tensão capilar (uP) originada pelas películas de umidade entre os grãos, aumenta a pressão intergranular aumentando o atrito dificultando o entrosamento entre os grãos. - Tensão capilar : uP = - 10 .4 D T - Pressão intergranular (efetiva): σσσσ´ = σ - (-uP) = σ + uP - Resistência ao cisalhamento: S = σσσσ´ . tg φ φ - ângulo de atrito Adicionando-se água, a tensão capilar diminuirá, diminuindo o atrito intergranular, tornando o esforço de compactação mais eficiente. No entanto, o excesso de umidade irá produzir, tanto no solo coesivo quanto no solo não coesivo, o aparecimento de pressões neutras que irá impedir a redução dos vazios e qualquer esforço adicional aplicado será perdido. 5.2 - Relação densidade x umidade Ralph R. Proctor, em 1933, na Califórnia, observou que um solo quando compactado, apresenta uma variação de massa específica seca em função do teor de umidade. Inicialmente, a massa específica seca cresce com o aumento do teor de umidade, até atingir um máximo e depois começa a decrescer para valores, ainda, crescentes de teor de umidade. A ordenada do ponto correspondente ao pico da curva, é a máxima massa específica seca que este solo poderá atingir, para a energia de compactação usada e precisando para isto de um teor de umidade igual a abcissa deste ponto. Estes valores só poderão ser alterados, variando-se a energia aplicada. As coordenadas de ponto máximo, recebem a denominação de teor de umidade ótimo (w ot) e peso específico aparente seco máximo ( γdmx ). Estrutura floculada Estrutura dispersa Solo compactado T – Tensão superficial D10 – diâmetro efetivo dos grãos 2 – Estudo do Subleito e Jazida 27 w, % As curvas de compactação, embora sejam diferentes para cada tipo de solo, se assemelham quanto a forma. Esta diferença depende da forma dos grãos, sua granulometria, peso específico e características de plasticidade. Considerando-se o esforço da compactação e melhorando-se a distribuição dos tamanhos dos grãos por aumento do teor de areia ou mantendo-se os teores de argila e silte em proporções somente suficientes para encher os vazios da areia, resultará um aumento sensível do peso específico. Na figura ao lado são mostrados alguns solos compactados com a mesma energia de compactação. 5.3 - Ensaio de compactação Proctor desenvolveu o procedimento laboratorial de compactação em 1933, que foram padronizados pela AASHTO. No Brasil, a ABNT padronizou este ensaio em seu MB-33. O ensaio consiste em compactar o solo, em camadas, com teores crescentes de umidade, utilizando um soquete que cai de uma altura pré-fixada, dentro de um cilindro metálico, conforme mostrado na figura abaixo. Ensaio: γd 1 γd 2 γd 3 γd4 w1 < w2 < w3 < w4 ...... As curvas de compactação e de saturação do solo são obtidas através das fórmulas a seguir: Curva de saturação (S = 100%) wot γd γdmx γdmin GC=100% GC=90% lado seco lado úmido W (%) Curva de compactação (Parábola) Equipamento (γd = w+1 γ ) ( γz = 1 1 w Gs + ) 2 – Estudo do Subleito e Jazida 28 w = Ww Ws x100 ; W = Ws + Ww ; γ = W V ; γd = γ 1+ w ; γz = 1 1 w Gs + 5.4 - Especificações e Energia de Compactação E = P h N n V . . . ( kg.cm/cm3 ) Tendo em vista o maior peso dos equipamentos, tornou-se necessário alterar as condições do ensaio, para manter a indispensável correlação com o esforçode compactação no campo. Surgiu, então, o ensaio modificado de Proctor ou AASHTO Modificado e o Proctor intermediário ou AASHTO intermediário. 5.5 - Quantidade de água para atingir a umidade ótima Para obtenção da quantidade de água necessária para se atingir o teor de umidade ótima do solo procede-se da seguinte maneira: w ot - teor de umidade ótimo ∆w - % de água a ser misturada ao solo, em peso wN – teor de umidade natural do solo, em peso ∆e – perda de umidade por evaporação ∆w = wot - wN + ∆e Método Peso do soquete (Kg) Altura de queda (cm) No. de golpes p/ camada No. camada Volume do cilindro ( cm3 ) Energia de compactação (kg.cm/cm3) Proctor Normal 2,5 30 25 3 1000 5,6 P.Intermediário 4,5 45 26 5 1000 26,3 P. Modificado 4,5 45 55 5 1000 55,6 DNER – Método A DPT M 47-64 4,5 45 12 5 2.041 6,1 DNER – Método B DPT M 48-64 4,5 45 26 5 2.041 45,7 P - Peso do soquete (kg) h - Altura de queda (cm) N - Número de golpes por camada n - número de camadas V – Volume do molde (cm3) w - teor de umidade (%) Ww - peso de água nos vazios da amostra de solo Ws - peso das partículas sólidas W - peso total da amostra de solo V - volume total da amostra de solo γ - peso esp. total úmido da amostra γd - peso especifico aparente seco Gs - densidade das partículas sólidas γz → Equação da curva de saturação 2 – Estudo do Subleito e Jazida 29 5.6 - Esforço de Compactação Variando-se o esforço de compactação para um mesmo solo, obtem-se curvas de formas similares, no entanto, obter-se-ão valores diferentes para wot e γdmx. As diferentes energias de compactação aplicadas ao solo conduzem à formação de “estruturas” de solo compactado diferentes. Assim, aumentando-se a energia de compactação, maior será a densificação alcançada para uma quantidade menor de umidade ótima. A “linha dos ótimos” mostra esta variação. No campo, ao compactarmos o solo, pode-se usar um teor de umidade um pouco abaixo do ótimo, aumentando-se o esforço de compactação, empregando-se equipamentos mais pesados ou aumentando o número de passadas. 5.7 - Tipos de Esforços de compactação A forma com que o esforço é aplicado tem grande significado na densidade máxima. Nos solos sem coesão (granulares), o esforço vibratório aplicado sobre uma grande área confinada é mais eficiente, pois reduz o atrito entre os grãos levando-os a um melhor entrosamento. A aplicação lenta do esforço evita a formação de pressão neutra, dando tempo a drenagem. O esforço dinâmico através de impacto, é eficiente, pois, também reduz a aglomeração dos grãos, diminuindo o atrito, facilitando a compactação. O esforço estático não é muito eficiente, pois os grãos acumulando-se uns contra os outros resistem ao deslizamento devido ao atrito. Nos solos coesivos (argilas), um esforço muito grande estático, aplicado de uma só vez numa pequena área é mais eficiente, pois vence a força da coesão. Tanto o esforço dinâmico quanto o esforço vibratório, apesar de produzirem um esforço maior que o esforço estático, são menos eficientes. Nos solos coesivos, a resistencia depende da relação de vazios e da umidade, geralmente, independe do confinamento. Assim, a compactação se torna eficiente nos solos coesivos com pressões mais altas para os solos secos do que para os úmidos. 5.8 - Resistência X teor de umidade do solo compactado A resistencia do solo compactado pode ser determinada através da Agulha de Proctor e do C.B.R. Agulha de Proctor: Mede o esforço necessário para cravação de uma agulha padronizada no solo ”in situ” ou na amostra compactada dentro do molde. Os esforços variam com teor de umidade, isto é, aumentando-se a quantidade de água no solo a resistencia diminui. A resistencia correspondente a umidade ótima será a usada para controlar a compactação no campo de acordo com o grau de densificação alcançado pelo solo. (ver figura). W (%) γd Linha dos ótimos 2 – Estudo do Subleito e Jazida 30 Resistencia c.p. As diferenças de resistencia observadas nos corpos de prova compactados abaixo e acima da umidade ótima, faz supor a existência de uma diferença nas propriedades do solo nos dois ramos da curva de compactação. Essa diferença é devido a mudança na estrutura dos solos compactados. Os solos compactados com umidade abaixo da ótima adquirem um arranjo entre grãos semelhantes ao das estruturas floculadas, as ligações entre as arestas e faces são bastantes fortes e resistem ao esforço de compactação. O aumento do teor de umidade diminui essas forças atrativas (coesão) e os grãos começam a atuar como partículas dispersas na água. Essa tendência será mais pronunciada quanto maior for o teor de água no solo. Assim, os solos compactados teriam, no ramo seco, uma estrutura floculada, tanto mais pronunciada quanto menor a energia de compactação. No ramo úmido a estrutura seria tanto mais dispersa quanto maior for a energia de compactação. No gráfico ao lado, observa-se a variação que ocorre na resistencia com o acréscimo da umidade. Um valor de umidade (w1) inferior a ótima obtem-se uma alta resistencia (R1) , no entanto, se o solo compactado ficar exposto a um excesso de umidade, bem acima da ótima, sua resistencia diminui tornando a camada instável. Portanto, os solos compactados na umidade ótima não corresponderão a resistências máximas, mas sim, a máximas resistências estáveis, pois a mesma não sofrerá muita variação com uma posterior saturação. w1 wot w2 w (%) R Agulha Proctor - Alta resistencia - Vazios maiores - Alta permeabilidade - Menor compressibilidade - Maior pressão expansão - Baixa resistencia - Vazios menores - Baixa permeabilidade - Maior compressibilidade - Menor pressão de expansão γd w1 wot w2 W(%) 2 – Estudo do Subleito e Jazida 31 6 – Controle da Compactação Uma vez compactados o subleito, base, sub-base ou outro aterro qualquer, torna- se necessário comprovar se os mesmos atingiram o grau de compactação especificado. O controle é feito por um ou mais fiscais e deve abranger as seguintes etapas: a – Lançamento e espalhamento do solo: Caçambas, buldozers, motoniveladora, escarificadores - retirada de raízes, blocos de pedras, destorroamento de solos - espessuras das camadas Solta e s ≤ 30 cm Compactada e c ≤ 20 cm b – Verificação daUmidade. Testes manuais: bolas de material sem sujar as mãos Umidade alta? secagem do solo (aeração) ⇒ uso de arados de disco. Umidade baixa? molhar o solo ⇒ carro pipa c – Homogeneização do solo Uso de escarificadores e arados de discos para afofar e misturar o material. d – Número de passadas do rolo compactador Fiscalizar a passagem do rolo até que não imprima marcas no solo com profundidade maior do que 5 cm. e – Controle tecnológico para aceitação � Verificação do Grau de Compactação GC = 100x dMAX dc γ γ γdc – Peso especifico aparente seco de campo γdc – Peso especifico aparente seco máximo de laboratório Métodos de controle 6.1 - Processo do Frasco de areia. Após o termino da compactação do trecho, a fiscalização deverá obter o valor da densidade aparente seca “in situ”. A aparelhagem consiste no seguinte: � Conjunto frasco com areia+ funil � Bandeja com orifício ao centro (φ = 10 cm) � Balança para pesagem � Conjunto “Speedy” para determinação do teor de umidade � Espátula ou colher e s = e c s c γ γ - Frasco de Areia - Cilindro de Penetração - Óleo - Balão de borracha - Parafina - Hilff (construção de barragens) - Estatísticos 2 – Estudo do Subleito e Jazida 32 Seqüência de ensaio: (a) (b) (c) (d) - Peso da amostra de solo retirada do buraco: W – Peso específico da areia : γA - Peso da areia no buraco: Pb = P1 - ( P2 + P3 ) - Volume do buraco: Vb = A bP γ - Volume da amostra de solo: V ≈ Vb - Teor de umidade obtido pelo processo do “Speedy” : w (%) - Peso especifico úmido da amostra de solo: γ = V W - Peso específico aparente seco “in situ” : γd (campo) = w+1 γ O número de ensaios de comprovação será no mínimo de 1 ensaio por 500 m3 de aterro compactado. Esses ensaios serão realizados a medida que é executado o aterro. 6.2 - Estágios de compactação no campo Vários são os fatores que influenciam na eficiência da compactação no campo , os que mais se destacam são: � Tipo de solo � Equipamento de compactação � Tipo de esforço empregado � Espessura da camada � Velocidade de rolamento do equipamento � Umidade do solo � Pressão aplicada � Número de passadas Tipo de solo: Diversos tipos de solos submetidos a um determinado esforço de compactação tem valores de densidade máxima e teor de umidade ótima diferentes Tipo de esforço: o aumento da energia de compactação, tanto no campo como no laboratório diminuem o teor de umidade ótima. Umidade do solo: afeta diretamente a densidade. Umidade muito baixa ou em excesso Pb – peso da areia no buraco P2 – peso da areia no funil P3 – peso da areia restante no frasco 2 – Estudo do Subleito e Jazida 33 conduz a baixas densidades. Haverá um valor ótimo para o qual o solo atingirá a máxima densificação. Pressão aplicada: está associada ao peso do equipamento, a velocidade de rolamento e ao número de passadas. Deve ser aplicada em estágios. A pressão sob o equipamento diminui com a profundidade. A pressão média na camada pode ser maior, diminuindo-se a espessura da camada ou aumentando-se a carga superficial. A compactação mais eficiente é obtida, com a máxima pressão possível que não produza ruptura do solo, isto se consegue através de uma pista experimental. 6.3 - Escolha do Equipamento de Compactação A escolha do equipamento depende do tipo de solo com que será feito o aterro e, também, tendo em vista uma produção racional, do equipamento de transporte coerente com o cronograma definido para a obra. De uma maneira geral, os rolos vibratórios são indicados para solos arenosos, os pés-de-carneiro para solos argilosos e os pneumáticos adaptam-se a quase todos os tipos de terreno. O equipamento destinado à compactação de solos deverá estar em correspondência com o equipamento utilizado para o transporte do material a ser compactado, de sorte que o volume transportado não exceda em mais de 10% da capacidade de produção do equipamento de compactação. Equipamento Solos coesivos Solos não coesivos Materiais pedregulhosos Granulometria continua Granulometria uniforme Rolos lisos B B M B Rolos de pneus B B M M Rolos pé-de-carneiro B I I I Rolos de grelha B B M M Rolos vibratórios M B M B B = adequado M = aceitavel I = inadequado 6.4 - Especificações de Compactação no Campo – D.N.E.R A compacidade necessária a uma camada de solo, para alcançar a máxima estabilidade e o mínimo de recalque sob a ação do tráfego, decresce com a profundidade, tendo em vista que as pressões transmitidas pelas cargas de roda também diminuem com a mesma. O Departamento Nacional de Estradas de Rodagem estabeleceu as seguintes especificações de compactação: 1) Caso dos aterros a) na execução do corpo dos aterros não será permitido o uso de solos que tenham baixa capacidade de suporte e expansão maior que 4%; a camada final dos aterros deverá ser constituída de solos selecionados na fase de projeto, dentre os melhores disponíveis e que tenham expansão menor ou igual a 2%. b) para o corpo dos aterros a espessura da camada compactada não deve exceder 30 cm e, para as camadas finais, esta espessura não deve ultrapassar 20 cm; c) para o corpo dos aterros o grau mínimo de compactação é de 95% e, para as camadas finais, é de 100% com relação ao ensaio AASHO 2 – Estudo do Subleito e Jazida 34 normal; a tolerância na umidade de compactação é de ± 3% em relação a umidade ótima. d) Para o corpo do aterro deverá ser feita uma determinação de massa especifica aparente seca “in situ”, para 1.000 m3 de material compactado, ao que corresponde, também, uma determinação de γd,max em laboratório; para a camada final deverá ser feita uma determinação de massa específica aparente seca “in situ”, para cada 200 m3 de material compactado, ao que corresponde, também, uma determinação de γd,max , em laboratório. 2) Caso do reforço do subleito; sub-bases e bases granulares. a) a espessura da camada compactada deve ser, no mínimo, 10 cm e, no máximo, 20 cm; o grau de compactação deve ser, no mínimo, 100% com relação ao ensaio AASHO Intermediário e a tolerância no teor de umidade é de ± 2% em relação a umidade ótima. b) Deve ser feita uma determinação de massa específica aparente seca “in situ” para cada 100 m de extensão da camada compactada, ao que corresponde a uma determinação de γd,max em laboratório. c) Devem ser feitas determinações de teor de umidade, imediatamente antes da compactação, com espaçamento máximo de 100 m. 6.5 - Considerações finais Nos solos, a compactação se dá devido a dois fatores: “Estado de movimentação das partículas, cujo atrito interno é eliminado e são criadas condições para uma eficiente compactação”;
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