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---- ser educacional gente criando o futuro Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joa ldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Autoria Jorge Alberto Cecin Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. ©Ser Educaciona l 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE - CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, sa lvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qua lquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.0 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa:© Shutterstock ==- -~~ o \ 1 ' ~ ' ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explica ção, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Conceitos básicos de mecânica dos solos aplicados à geotecnia de estradas Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Conceitos básicos de mecânica dos solos aplicados à geotecnia de estradas .................. 13 , lndices físicos ........ ...... ...... ......... ... ...... ....... ........... ...... ............... ... ........................ ...... .... 14 Resistência ao cisalhamento dos solos .................. ... ... ......... ... ... .......... .. ............... .... 15 Classificação dos solos ......................................... ................................................ ............. 17 Consistência e compacidade dos solos ...... .. .... ... ... ... ... ....... .. ... ... ... ...... ... ... .. .... ... ... .... 20 Regras práticas para classificação dos solos ....... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... 25 Classificação de solos para final idades rodoviárias .................................................... 26 Classificação HRB ......................... ................................................ .................................. 29 Classificação unificada .... ....... .. ... ... ... ...... ... ... .. .... ... ... ... ... ....... .. ... ... ... ...... ... ... .. .... ... ... .... 30 Classificação MCT ...... ...... ......... ... .................. ............ ...... ......... ... .................. ............ .... 32 Sintetizando ........................................................................................................................... 34 Referências bibliográficas ................................................................................................. 35 Unidade 2 - Perfil longitudinal, camadas do pavimento e estabilização de bases Objetivos da unidade ........................................................................................................... 37 Determinação do perfil longitudinal e CBR de projeto ................................................. 38 Traçado geométri co .... ............ ... ... ... ......... ... ... ...... ... ... ... ......... ... ... ... ......... ... ... ...... ... ... .... 38 Perfil longitudinal e perfil transversal .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... 40 Elementos do traçado geométri co ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... 44 Curvas verticais ..... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ...... ... ... .... 47 CBR pa ra dimensionamento do pavimento ....... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... 48 Camadas de reforço, sub-base e base ............................................................................. 50 Classifi caçã o dos pavimentos .......................... ... ... .. ....... .... .. ........................... .. .... .. ..... 51 Materiais para execução dos pavimentos das estradas .. ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ... 54 Bases estabilizadas granulometricamente ..................................................................... 59 Bica corrida (BC) .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 60 Brita graduada simples (BGS) ...... ... ... ....... .. ......... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ... 60 Macadame hidráulico (MH) .... ......... ... ... .. ....... ... ... ... ... ... ... ... ... ......... ... ... .. ....... ... ... ... ... ... 60 Macadame seco (MS) ....... ...... ............ ...... ... ... ............ ...... ...... ......... ... ...... ... ... ............ ... 61 Solo arenoso fino lateríti co (SAFL) .... ...... ... ... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ...... ... ... ... 61 Solo brita (SB) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 62 Solo saprolítico (SS) ..... ... ... ... ... ... ... ... ... ....... .. ......... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ... 62 Solo lateríti co concrecionado (SLC) .... ... ...... ...... ... ... ...... ...... ... ... ...... ... ... ... ......... ...... ... 62 Sintetizando ........................................................................................................................... 63 Referências bibliográficas ................................................................................................. 64 Unidade 3 - Macadames e carregamento veicular Objetivos da unidade ........................................................................................................... 66 Macadames hidráulico e betuminoso e bases de solo-cimento ................................ 67 Macadame hidráulico ....... ............ ... .......... .. ....... .. ...... ... ... ...... ... ... ... ......... .......... .. ...... .... 67 Macadame betuminoso ....... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... 68 Solo-cimento .......... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... .. ............ ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ............ ... ... .... 68 Estudo do carregamento veicular ..................................................................................... 69 Veículos, tráfego, equivalência de cargas e número de solicitações equivalentes ..... 74 Tipos de veículos ............................................................................................................. 74 Características do tráfego ...... .. ... ... ... ...... ... ... .. .... ... ... ... ... ....... .. ... ... ... ...... ... ... .. .... ... ... .... 82 Equivalência de carga por eixo ... .......... ........ ............ .................................... ............ .... 84 Equivalência de carga por veículo ............................................. .................................. 87 Equivalência de carga da frota ...... .... .. .. .... .. ........ .. .... .. .... .. .. ........ .. .... .. .. .... .. ........ .. .... ... 87 Número de soli citações equivalentes ...... .. .... .. .... .. .... .. .... .. ................ .. .... .. .... .. .... .. ..... 89 Sintetizando ........................................................................................................................... 92 Referências bibliográficas ................................................................................................. 93 Unidade 4 - Dimensionamento de pavimentos e obras complementares Objetivos da unidade ........................................................................................................... 96 Concepção e dimensionamento de pavimentos flexíveis e rígidos ........................... 97 Pavimentos flexíveis e pavimentos rígidos ............. ... ... .. ....... ... ... .......... .. ............... .... 98 Dimensionamento com critério do CBR ........... .. .... .. .... .. ... .... .. .... .. .... .. ... ... .... .. .... ... .. .... 99 Método do DNER e método da AASHTO para dimensionamento de pavimentos .................. 101 Método do DNER para pavimentos flexíveis ...... .... .. .... .. .... .. .... .. .... .. .... .. .... .. .... .. ..... 102 Método da AASHTO para pavimentos flexíveis ........ .. ........ .. .... .. .......... .. ............... .. 107 Dimensionamento de pavimentos rígidos .......... .. .... .. .... .. .. ........ .. .... .. .. .... .. ........ .. ..... 111 Obras complementares para projetos rodoviários ...................................................... 119 Sintetizando ......................................................................................................................... 121 Referências bibliográficas ............................................................................................... 122 Desde a antiguidade o homem construiu caminhos para seu deslocamento e o deslocamento de tropas e cargas. Os romanos construíram uma rede de estradas ligando Roma às diversas províncias conquistadas, por onde transi- tavam suas tropas. Existem registros da retomada de construção de estradas no século XIV, local onde situam-se a França, Espanha e Inglaterra. Na Fran- ça do século XVII I, durante o governo de Luiz XIV, para buscar um objetivo de , construir seis mil léguas de estradas, foi criada a Ecole Nationale des Ponts et Chaussées (Escola Nacional de Pontes e Caminhos). No Brasil, na época Imperial, foram construídas algumas estradas, com des- taque para a que liga São Paulo a Santos, hoje aberta para visitação turística, além de estradas que ligam Petrópolis a juiz de Fora, Magé a Petrópolis, dentre outras. , E visível a importância das estradas para transporte de cargas, para o es- coamento da produção de uma região e de um país, além de possibilitar o en- contro de pessoas, o acesso a outras regiões e "diminuir distâncias". A disponibilidade de uma boa infraestrutura de transportes em todos seus modais e sua manutenção adequada é condição necessária para o bom de- senvolvimento de um país. No Brasil, a infraestrutura de transportes ainda é deficitária e sua manutenção deixa muito a desejar. Dessa forma, o estudo e o conhecimento dos conceitos e as metodologias para projeto e construção de estradas sempre terão um lugar de destaque em qualquer momento histórico. PROJETO DE ESTRADAS O professor jorge Alberto Cecin é mes- tre (2012) em Habitação, Pia neja mento e Tecnologia pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (ITP) e graduado (1984) em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universi- dade de São Paulo (Poli-USP). Atua em empresas construtoras e de Engenharia, privadas e públicas, por mais de 35 anos e é docente em es- colas técnicas e em universidades e faculdades de Engenharia por mais de dez anos. Currículo Lattes: http:l/lattes.cnpq.br/0193301856537986 A ligação entre dois pontos que um caminho proporciona, além de transportar riquezas, aproxima corações. A todos aqueles que se dedicam à construção dessas vias. PROJETO DE ESTRADAS UNIDADE educacional PROJETO DE ESTRADAS • Conceitos básicos de mecânica dos solos aplicados à geotecnia de estradas O solo pode ser entendido como um conjunto de partículas com água (ou eventualmente outro líquido) e ar preenchendo o espaço entre elas. De forma geral, as partículas podem se deslocar, podendo, no entanto, haver um pequeno grau de cimentação entre elas. As propriedades dos solos dependem, em grande parte, da relação existente entre as quantidades relativas de sólido, água e ar que o compõe. O tamanho das partículas, sua forma e sua composição mineralógica também influenciam o comportamento do solo. Quanto à sua origem, os solos podem ser classificados como residuais, transportados e orgânicos. Os solos residuais são oriundos da decomposição de rochas e podem ter diferen- tes graus de decomposição. O solo é considerado residual quando ele se mantém no local e na posição da rocha que lhe deu origem, que de forma geral é subjacente a ele. Quando o solo oriundo da decomposição das rochas é transportado para um local diferente por enxurradas, cursos de água, vento, por gravidade ou outro fenômeno natural, ele é classificado como transportado. Esse solo re- cebe uma subclassificação em função dos tipos de transporte ocorridos. Os solos transportados pelas águas são chamados solos aluvionares, os trans- portados pelos ventos são os solos eólicos e os transportados por gravidade, resultante, por exemplo, de quedas de grande volume de terra em taludes, são os solos coluviais. De particular interesse para o Brasil e regiões localizadas nas regiões tro- picais, de clima quente e chuvas intensas, destacam-se os solos lateríticos. De acordo com Pinto, em Propriedade dos solos, publicado em 1998: A denominação de lateríticos se incorporou na terminologia dos engenheiros, embora não seja mais usada nas classificações pedo- lógicas. Os solos lateríticos tem sua fração argila constituída pre- dominantemente de minerais cau liníticos e apresentam elevada concentração de ferro e alumínio na forma de óxidos e hidróxidos, donde sua peculiar coloração (p. 09). Quando compactados, esses solos apresentam elevada capacidade de su- porte e, devido a essa característica, são muito utilizados em pavimentação. PROJETO DE ESTRADAS • , lndices físicos A composição relativa entre as fases do solo (sólidos, água e ar) definem os índices físicos, que vão revelar importantes propriedades e serão determinantes para o dimensionamento de um pavimento. O Diagrama 1 mostra, de forma esquemática, a composição das fases do solo. DIAGRAMA 1. COMPOSIÇÃO ESQUEMÁTICA DAS FASES DO SOLO V ar Vt = volume total a Vv = volume de vazios V Vª = volume de ar V vt V , p Vw =volume de água agua w w Vs = volume de sólidos pt P1 = peso total P w = peso de água vs sólido p Ps = peso de sólidos s Fonte. BRASIL, 2006, p. 26. (Adaptado). A umidade é indicada em porcentagem e é expressa pelas letras h ou w. ela demonstra a relação entre o peso da água e dos sólidos: p h (ou w) = ~ · 100 (º/o) Ps (1) Seus valores dependem do tipo de solo, mas situam-se normalmente entre 1 O e 40%. Quando o solo é seco "ao ar'', ele apresenta geralmente uma umidade de 3 a 5%. O índice de vazios, expresso pela letra e, é um número adimensional que indica a relação entre o volume dos vazios e dos sólidos. O volume de vazios é a soma entre o volume da água e do ar: (2) Seus valores dependem do tipo de solo, mas se situam normalmente entre 0,5 e 1,5. Nas argilas orgânicas, esse número pode chegar a quatro e nas turfas a nove. PROJETO DE ESTRADASA porosidade é indicada em porcentagem e expressa a relação entre ovo- lume de vazios e o volume total. Seus valores mais comuns situam-se entre 30 e 80%. n = Vv · 100 (%) Vt (3) O grau de saturação, representado pela letra S, é indicado em porcentagem e expressa a relação entre o volume de água e o volume de vazios. S = Vw · 100 (%) Vv (4) Ele pode variar entre O (solo totalmente seco) e 100% (todos os vazios são ocupados por água). Quando isso acontece, ou seja, S = 100%, o solo é dito saturado. O peso específico natural Y 0 é a relação entre o peso total e o volume total do solo, na forma em que ele é encontrado na natureza. Sua unidade é expressa normalmente em kN/m3 ou tf/m3 . Seus valores situam-se geralmente entre 14 e 24 kN/m3 . (5) O peso específico dos sólidos Y 5 , é a relação entre o peso e o volume dos sólidos. Sua unidade é representada por kN/m3 ou tf/m3 e seus valores situam-se geralmente entre 25 e 30 kN/m3 . (6) O peso específico aparente saturado, Y sat' é a relação entre o peso específi- co do solo quando ele fica saturado. Sua unidade é expressa por kN/m3 ou tf/m3 e seus valores situam-se em torno de 20 kN/m3 . Psat Y sal = Vi Resistência ao cisalhamento dos solos (7) • Em qualquer ponto de uma massa de solo, estão agindo tensões provenien- tes do próprio peso e de ações externas aplicadas sobre ele. A ruptura ocorre PROJETO DE ESTRADAS quando as tensões solicitantes são superiores às tensões resistentes. As tensões resistentes do solo têm no atrito seu principal componente. Ensaios de laborató- rio de cisalhamento direto e de compressão triaxial podem fornecer o ângulo de atrito interno q> de um solo. A tensão de atrito resistente é a tensão normal multiplicada pela tangente de q> . 1 ' ~ ' DICA Outro fator de importância na resistência ao cisalhamento é a coesão e, que está relacionada à atração química entre as partículas e a cimenta- ção entre elas. A presença da água também interfere na capacidade de resistência ao cisa- lhamento. A Figura 1 ilustra o fenômeno de forma simplificada. p Linha de ruptura por cisalhamento Figura 1. Ruptura por cisalhamento, em que o carregamento p gera tensões normais a e tensões de cisalhamento ~. A tensão de cisalhamento resistente é dada por: i: = e + <J • tg ( q>) (8) Em que: "C =máxima tensão de cisalhamento resistente; -e = coesao· 1 a = tensão normal determinada por ações externas, peso próprio e pre- sença de água; tg(q>) =tangente do ângulo de atrito interno do solo. PROJETO DE ESTRADAS • Classificação dos solos Uma das formas de classificação dos solos é baseada no tamanho das par- tículas que os compõem, determinada por meio da análise granulométrica, que também fornece sua graduação e composição percentual para cada faixa de tamanho. A análise granulométrica é feita em duas fases: peneiramento e sedimenta- ção. A Tabela 1 mostra a classificação dos solos em função do tamanho de seus grãos. Os limites podem variar entre diversos órgãos. Nesse sentido, é importan- te mencionar que a Tabela 1 apresenta os critérios da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). TABELA 1. CLASSIFICAÇÃO DO SOLO SEGUNDO O TAMANHO DE SEUS GRÃOS Fração Limites (mm) Pedregulho Areia grossa De 2 a 0,6 Areia média De 0,6 a 0,2 Areia fina De 0,2 a 0,06 Silte De 0,06 a 0,002 Argila < 0,002 Fonte: ABNT, 1995, p. 8-17. (Adaptado). Os pedregulhos e as areias são classificados como solos granulares; as ar- gilas e os siltes, como solos finos. Ensaio de peneiramento O ensaio de peneiramento consiste em passar o solo em diversas peneiras com diferentes aberturas de malhas e verificar a porcentagem de material retido em cada uma. Para as areias puras, o ensaio de peneiramento é suficiente para sua caracterização. Além disso, o peneiramento é limitado à malha de abertura com 0,075 mm. Para determinação da proporção de partículas menores do que esse valor, é necessário realizar o ensaio de sedimentação. PROJETO DE ESTRADAS ASSISTA Assista ao vídeo intitulado Agregados - Determinação da composição granulométrica - PARTE 2 (Peneiramento) para entender na prática como pode ser executada a técnica. As peneiras utilizadas para realização desse ensaio estão apresentadas na Tabela 2, podendo ser agrupadas em peneiras grossas e peneiras finas. TABELA 2. RELAÇÃO DE PENEIRAS Peneira Diâmetro (mm) Peneiramento grosso 1 Y.!" 3;.\" 3/8" Peneiramento fino 0,42 0,25 # 100 O, 15 0,075 Fonte: ABNT, 2016, p. 1-12. (Adaptado). PROJETO DE ESTRADAS Ensaio de sedimentação O ensaio de sedimentação permite a determinação da porcentagem de par- tículas menores do que 0,075 mm. Ele consiste na medição indireta do diâmetro das partículas considerando a velocidade de sua queda em um meio líquido, segundo a Lei de Stokes, cuja equação é dada por: D= Em que: D= diâmetro equivalente (mm); µ =viscosidade da água (gf /cm2); 1800·µ ·Z (Õ -Ya)·t ô = peso específico dos grãos (gf /m3); Yª = peso específico da água (gf/m3); t =tempo (s); Z =altura de queda (cm). O material não retido na penei- ra de 2 mm é dispersado em uma proveta com solução aquosa. Em se- guida, é medida a porcentagem do material sedimentado em intervalos de tempo. As leituras para verificação da velocidade de sedimentação devem ser feitas aos 0,5; 1; 2; 4; 8; 15 e 30 minutos e a 1; 2; 4; 8 e 24 horas do início do (9) ensaio. Os procedimentos para o ensaio estão detalhados na NBR n. 7181 de 2018, que fala sobre a análise granulométrica. Os resultados dos ensaios de peneiramento e sedimentação fornecem a composição do solo em função do tamanho dos seus grãos. Esses dados são lançados em um gráfico com escala logarítmica no eixo das abcissas, indicando o tamanho das partículas; no eixo das ordenadas, calcula-se a porcentagem de cada parcela, indicada em escala decimal. O gráfico gerado é a curva granulométrica do solo e possibilita uma visua- lização da distribuição percentual do tamanho das partículas, fornecendo carac- terísticas importantes do solo. PROJETO OE ESTRADAS "' ~ 100 90 80 :Jl 60 "' "' e.. ~ 50 DO !!! e cu :-:! 40 o .... 30 20 10 ' ~ o º·ººº A V i,.. i,.. V" ,. 0,001 Argila GRÁFICO 1. CURVA GRANULOMÉTRICA Peneiras 200 100 50 40 30 16 10 4 1 1 1 1 Vi u .. ~ 1 1 1 1 1 li' i 1 1 1 1 'J 1 i I J. ... 1/ / 1 1 1 J- 1 11 Vi .. 1 ' ~ 1 1 8 1 1 e l ~ = . . . /" / 1 1 y 1 1 1 1 1 o 1"' 1 1 1 J.- 1 1 1, ""! 1 1 1 1 ..."1 1 1 1 1 .... ~ "" ~ ' 1 1 1 1 ~ . • • • ~ .......- 1 ' ' ' ' 1 1 1 1 1 1 .. ~ :::t ' 1 , 1 1 1 1 1 J 1 1 1 1 1 J 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,010 1 0, 100 1 1,000 10,000 100,000 Diâmetro dos grãos (mm) Silte I Areia fina I Areia Areia grossa Pedregulho mt!dia As curvas granulométricas podem fornecer várias informações sobre o solo, tais como: · A curva A é de um solo predominantemente argiloso, pois 65% do material encontra-se na faixa da argila; · A curva B representa um material com granulometria muito uniforme, pois todo material está em uma estreita faixa de diâmetros. A curva está "em pé", característica dessa composição granulométrica; · A curva C é de um solo granular predominantemente arenoso, pois 80% do material está na faixa das areias; • A curva D é de um material com granulometria bem distribuída. Esse solo possui material de praticamente todos os tamanhos. A curva está "deitada", ca- racterística dessa composição granulométrica. • Consistência e compacidade dos solos Para caracterizar o padrão de resistência, utiliza-se o parâmetro de consis- tência para os solos predominantemente finos (argilosos e siltosos) e de com- PROJETO DE ESTRADAS • • pacidade relativa para os solos predominantemente granulares (arenosos e pedregulhos). A consistência é baseada nos padrões de umidade para aquele determinado solo, bem como a compacidaderelativa no índice de vazios. Consistência - Índices físicos - Limites de Atterberg A consistência indica o estado em que o solo se encontra em uma situação natural ou de campo, estando relacionada com sua resistência. Ela pode variar com o teor de umidade: p h(ou w) = 2'. · 100(%) Ps Além disso, o solo pode estar nos seguintes estados: · Sólido: não há variação de volume com a secagem; (1 O) • Semissólido: há variação de volume com a secagem, ocorrendo uma peque- na retração do volume com a perda de água; • Plástico: o material é moldável, ou seja, é semelhante a uma massa de modelar; • Líquido: fluido denso. Com o aumento da umidade, o solo passa do estado sólido para o semissóli- do, para o plástico e para o fluido, conforme demonstrado no Gráfico 2. GRÁFICO 2. VARIAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DO SOLO COM A UMIDADE IV ·-u e <Q.I t; ·-"' e o u Sólido 1 Semissólido Fonte: FUTAI, GONÇALVES; MARINHO, 2014, p. 9. 1 1 1 1 Plástico 1 Líquido Umidade PROJETO DE ESTRADAS A padronização dessa classificação é dada pelos Limites de Atterberg. O limite de liquidez (LL) representa a umidade limite entre o estado líquido e o estado sólido; o limite de plasticidade (LP), a umidade limite entre o estado plástico e o estado semissólido; por fim, o limite de contração (LC) é a umi- dade limite entre o estado semissólido e sólido. É definido também o índice de plasticidade (IP) , que é a diferença entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade. Estado líquido LL Estado plástico IP = LL - LP LP Estado semissólido Figura 2. Limites de Atterberg. Fonte: BRASIL, 2006, p. 35. LC Estado sólido (11) Umidade decrescendo A partir dos Limites de Atterberg, pode-se obter o índice de consistência (/C) do solo pela relação a seguir: IC = LL- w LL- LP (12) O IC permite caracterizar a consistência da argila, classificando-a como mole, média, rija e dura, conforme mostra a Tabela 3. TABELA 3. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SEGUNDO A CONSISTÊNCIA Consistência Mole < 0,5 Média Entre 0,5 e O, 75 Rija Entre O, 75 e 1 Fonte: FUTAI; GONÇALVES; MARINHO, 2014, p. 16. (Adaptado). A partir da caracterização de sua consistência, pode-se estimar a resistência do solo à compressão, conforme indicado na Tabela 4. O valor mais preciso da resistência à compressão simples é o resultado de um ensaio realizado em labo- PROJETO DE ESTRADAS ratório, no qual se aumentam os incrementas de carga em um corpo de prova de argila até que ocorra a ruptura. As cargas resistidas pela argila divididas pela área do corpo de prova fornecem os valores de tensão aplicados. TABELA 4. RELAÇÃO ENTRE CONSISTÊNCIA E RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO Consistência Muito mole Mole 1 Média Rija Muito rija Dura *Atenção: 1 kPa · 10·2) = 1 kgf/cm2, considerando g = 1 O m/s2 Fonte: PINTO, 1998, p. 26. (Adaptado). Compacidade relativa Resistência à compressão (kPa) Entre 100 e 200 Entre 200 e 400 > 400 A compacidade relativa representa o estado dos solos granulares no campo, comparada com sua condição mais fofa ou mais compacta. O índice físico de referência para a compacidade é o índice de vazios. Os limites são definidos pelo índice de vazios máximo e mínimo. O índice de vazios máximo e máx é obtido após a colocação cuidadosa do solo em um recipiente. Para isso, é necessário verter a areia seca com um funil em um recipiente com volume e peso previamente conhecidos e, em seguida, pesar esse recipiente com a areia depositada. A partir disso, têm-se a densidade aparente e, consequentemente, é possível obter o índice de vazios máximo. O índice de vazios mínimo e mín é obtido após a compactação do solo por vi- bração. Primeiramente, coloca-se a areia seca em um recipiente com volume e peso conhecidos. A vibração adequada vai rearranjar os grãos, levando à situação com menor índice de vazios mínimos. Ao pesar esse recipiente com a areia de- positada, têm-se a densidade aparente e, a partir daí, o índice de vazios mínimo. A compacidade relativa, portanto, é uma indicação quantitativa do estado da areia no campo e é definida como: CR = (13) PROJETO DE ESTRADAS Em que: CR = compacidade relativa; e = índice de vazios do solo na sua condição natural; e móx = índice de vazios máximo; e mín =índice de vazios mínimo. O índice de vazios sofre influência do formato dos grãos e da boa ou má graduação do solo, informações obtidas por meio da curva granulométrica. Solos bem graduados e com grãos de diversos tamanhos apresentam maior compaci- dade, pois os grãos menores acomodam-se entre os maiores, diminuindo o vazio entre eles. Em um solo mal graduado e com os grãos praticamente do mesmo tamanho, há maior quantidade de vazios. A Tabela 5 apresenta valores típicos para os índices de vazios máximos e mínimos de alguns materiais característicos. , TABELA 5. VALORES TIPICOS DE e máx E e mín Característica da areia e mín Bem graduada com grãos angulares 0,40 0,75 Bem graduada com grãos arredondados 0,35 0,65 Mal graduada com grãos angulares 0,70 1,05 Mal graduada com grãos angulares 0,45 0,75 Fonte: PINTO, 1998, [n.p.J. (Adaptado). Quanto à compacidade das areias, elas podem ser classificadas como fofas ou compactas, conforme indicado na Tabela 6. TABELA 6. CLASSIFICAÇÃO DAS AREIAS PELA COMPACIDADE Classificação CR Areia fofa < 0,33 Areia de compacidade média Areia compacta Fonte: FUTAI; GONÇALVES; MARINHO, 2014, p. 15. A resistência das areias ao cisalhamento depende de vários fatores, como tamanho e formato dos grãos, composição mineralógica e ângulo de atrito PROJETO OE ESTRADAS interno. O ângulo de atrito apresenta valores típicos em função da compaci- dade relativa, apresentados na Tabela 7. TABELA 7. VALORES TÍPICOS DE ÂNGULO DE ATRITO INTERNO DAS AREIAS Compacidade Fofa Compacta - . " ' .' . . . ~... ,· .· .· . .' ; . ..·• .. ·· Areias bem graduadas . · · . ... . .· ,../ . · . . . · . · / .·· .... / ..... / . . . . . . . . . . . . De grãos angulares De grãos arredondados Areias mal graduadas Fonte: PINTO, 1998, [n.p.]. (Adaptado). • Regras práticas para classificação dos solos Na natureza dificilmente serão encontrados solos que possam ser considera- dos argila, silte ou areia pura. Tendo isso em mente, é possível, por meio de uma regra prática, denominar o solo pela sua fração predominante e adjetivá-lo com frações obtidas acima de 10º/o. Por exemplo: um solo com predominância de uma argila com 20o/o de areia pode ser identificado como argila arenosa. Se tiver predominância de areia, 20% de argila e, ainda, 10% de silte, pode ser identificado como areia argilo- -siltosa. O termo argila vem antes de siltosa porque a porcentagem de argila é maior do que a de silte. Seguindo essa lógica, para porcentagens entre 5 e 10%, acrescenta-se "com um pouco de ... "; abaixo de 5%, utiliza-se "com vestígios de ... ". No caso de pedre- gulhos com porcentagem acima de 30%, indica-se: " ... com muito pedregulho"; entre 1 O e 29%; " ... com pedregulho". Acompanhando a caracterização granulométrica, adiciona-se ao nome sua consistência ou compacidade. Dessa forma, para as argilas e siltes, utiliza-se adjetivos como mole, média, rija, dura ou muito dura; para os materiais granulares, fofa, mé- dia ou compacta. PROJETO DE ESTRADAS • Classificação de solos para finalidades rodoviárias A geotecnia de estradas tem especificidades e padronizações que se baseiam em determinados ensaios, como os ensaios Proctor e o California Bearing Ratio (CBR), ou índice de suporte califórnia (ISC). A umidade do solo no momento da compactação é determinante para um bom resultado. A operação de compactação tem como f inalidade diminuir os vazios existentes no solo, aproximando mecanicamente as partículas sólidas. A presença de água em quantidades adequadas lubrifica essa ação mecânica, facilitando o procedimento.O excesso da água, por sua vez, dificulta o procedi- mento, pois a água contida nos vazios é pressionada e, no momento seguinte, se expande, provocando o que se chama de borrachudo. O ensaio Proctor, executado em laboratório, determina a umidade ótima para que cada solo obtenha a melhor compactação possível. O ensaio foi desen- volvido pelo engenheiro Ralph Proctor em 1933, tendo sido padronizado pela American Association of State Highway Officials (MSHO). No Brasil, segue a NBR n. 7182 de 2016, que trata dos ensaios de compactação. O ensaio é realizado da seguinte maneira: toma-se uma porção de solo seco ao ar e nele certa quantidade de água. O solo é, então, homogeneizado e com- pactado em três camadas em um cilindro padronizado com volume de 1.000 cm3. A compactação é feita por meio de um peso padrão com massa de 2,5 kg, que cai de uma altura também padronizada, de 30,5 cm, 26 vezes. O corpo de prova compactado é pesado e é determinada a umidade do solo. Em seguida, o corpo de prova é desterroado, mais água é adicionada e o procedi- mento é repetido algumas vezes. Os dados obtidos são lançados em um gráfico, chamado curva de compactação, para que se obtenha a curva de variação do peso específico aparente seco em função da umidade de compactação, como mostra o Gráfico 3. Esse gráfico fornece a umidade ótima de compactação. EXPLICANDO ,, O maior peso específico aparentemente seco indica que, proporcional- mente, em um mesmo volume, existe mais matéria sólida e, portanto, menor volume de vazios. Como o objetivo da compactação é diminuir o volume de vazios, a umidade que proporciona essa condição é chamada de umidade ótima. PROJETO DE ESTRADAS GRÁFICO 3. CURVA DE COMPACTAÇÃO Curva de saturação h Fonte: BRASIL, 2006, p. 42. Outro fator que influencia esse ensaio é a energia de compactação. Quan- do o ensaio foi concebido, na década de 1930, o peso dos soquetes, a altura de queda e o número de camada tinha como objetivo simular a energia dos equipamentos de compactação existentes na época. Com o avanço da indústria mecânica, foram desenvolvidos equipamentos muito mais poten- tes e a energia simulada não representava mais os equipamentos existentes. Dessa forma, foram desenvolvidos os ensaios Proctor modificado e Proctor interme- diário, que simulam a energia de compactação que os equipamentos mais modernos trans- mitem ao solo. O Gráfico 4 compara as cur- vas de compactação obtidas nos ensaios Proc- tor normal, intermediário e modificado. PROJETO DE ESTRADAS GRÁFICO 4. INFLUÊNCIA DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO NA DETERMINAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA Curva de saturação Maior energia Fonte: BRASIL, 2006, p. 43. Linha de ótimos "' Menor energia Índice de suporte Califórnia: CBR/ ISC \ \ h Os ensaios de compactação, CBR (Califórnia Bearing Ratio) e ISC (Índice de suporte Califórnia) fornecem elementos de resistência e expansibilidade do solo, principais instrumentos para atestar a adequabilidade para sua utilização. O ensaio CBR foi concebido pelo Departamento de Estradas de Rodagem da Califórnia (USA) e foi padronizado no Brasil pela NBR n. 9895 de 2016. Ele é com- posto por três etapas: • Compactação do corpo de prova, conforme método Proctor; • Obtenção da curva de expansão; • Medida da resistência à penetração. Após a determinação da umidade ótima, o solo é colocado em um molde composto por um tanque de água e, utilizando um deflectômetro, sua expan- são é medida a cada 24 horas por quatro dias. Após as medidas de expansão, PROJETO DE ESTRADAS o corpo de prova tem sua água escoada por 15 minutos e procede-se ao ensaio de penetração. No ensaio de CBR, é medida a resistência à penetração na amostra do solo por meio de um pistão com seção transversal de três polegadas, que penetra na amostra a uma velocidade de 0,05 pol/min. O valor da resistência à penetração é computado em porcentagem, sendo que 100% é o valor correspondente à pene- tração em uma amostra de brita graduada de elevada qualidade, de acordo com padrão de referência, e a resistência imposta pela amostra do solo é comparada com a amostra padrão, em porcentagem. Classificação HRB A classificação de solos para fins rodoviários HBR (Highway Research BoardJ é produto de uma revisão feita em 1945 e ainda é muito em- pregada em todo mundo. Ela se baseia no limite de liquidez, de plasticidade e em um índice chamado índice de grupo (/G). O IG é um parâmetro que estima a capacidade de suporte do solo e é calculado de acordo com a granulometria do solo e seus índices físicos (Limites de At- terberg). Ele pode ser calculado pela seguinte expressão: • /G = (F - 35) · (0,2 + 0,005) · (LL - 40) + 0,01 · (F - 15) ·(IP- 10) (14) Em que: F = porcentagem que passa na peneira# 200; LL = limite de liquidez; IP= índice de plasticidade= LL - LP. Ainda, é necessário considerar que: • Se IG < O, considera-se IG = O; • O IG deve ser arredondado para o número inteiro mais próximo; • Para os solos A-1-a, A-1-b, A-2-4, A-2-5 e A-3, IG =O; • Para os solos A-2-6 e A-2-7, IG = 0,01 · (F - 15) ·(IP - 10). A Tabela 8 mostra a classificação do solo segundo o método HBR. PROJETO DE ESTRADAS TABELA 8. SISTEMA CLASSIFICATÓRIO DE SOLOS HBR CLASSIFICAÇAO GERAL MATERIAIS GRANULARES 35º/o (ou menos) passando na 1 . MATERIAIS SILTO -ARGILOSOS peneira n. 200 Excelente a bom Sofrível a mau Fonte: BRASIL, 2006, p. 56. O sistema HBR apresenta um IG muito elevado para solos argilosos e verifi- ca-se que, para solos tropicais, tipo lateríticos podem apresentar CBR razoáveis, indicando bom comportamento. Esse sistema foi parametrizado para solos de cli- ma temperado e apresenta limitações para aplicação em solos de climas tropicais . • Classificação unificada O Sistema de Classificação Unificada de Solos (SUCS) foi criado pelo professor Ar- thur Casagrande e se baseia na granulometria e nos índices físicos do solo. É conhecido também como método de classificação para aeroportos (BALBO, 2007). O Quadro 1 mostra a classificação dos solos segundo o sues, conforme sua granulometria. PROJETO OE ESTRADAS QUADRO 1. SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS Pedregulhos bem graduados ou GW misturas de areia e pedregulhos Pedregulho com pouco ou nenhum fino. sem finos Pedregulhos mal graduados ou Pedregulhos: GP misturas de areia e pedregulhos 50°/o ou mais com pouco ou nenhum fino. da fração Pedregulhos siltosos ou graúda retida GM misturas de pedregulho, areia na peneira # 4 e silte. Pedregulho SOLOS DE - com finos Pedregulhos argilosos ou GRADUAÇAO GROSSA: GC misturas de pedregulho, areia e argila. Mais de 50°/o retido Areias bem graduadas ou areias na peneira # 200 sw pedregulhosas com pouco ou Areias: Areias sem nenhum fino. finos Areias mal graduadas ou areias 50°/o ou mais SP pedregulhosas com pouco ou da fração nenhum fino. graúda passando na Areias siltosas - Misturas de SM peneira# 4 Areias com areia e silte. finos Areias argilosas - Misturas de se areia e argila. Siltes inorgânicos; ML Areias muito finas; Areias finas siltosas e argilosas. Argilas inorgânicas de baixa e Siltes e argilas com Ll ~ a 50 CL média plasticidade; Argilas pedregulhosas, arenosas e siltosas. SOLOS DE Siltes orgânicos; -GRADUAÇAO FINA: OL Argilas siltosas orgânicas de 50º/o ou mais baixa plasticidade. passando pela Slltes; MH Areias finas e siltes micácios; peneira # 200 Siltes elásticos. Siltes e argilas com Ll > 50 CH Argilas inorgânicas de alta plasticidade. OH Argilas orgânicas de alta e média plasticidade. Solos altamente orgânicos PT Turfas e outros solos altamente orgânicos. Fonte: BRASIL, 2006, p. 59. PROJETO DE ESTRADAS Desenvolvido também pelo professor Arthur Casagrande, o gráfico de plasticidade, mostrado no Gráfico 5, possui IP nas ordenadas e LL nas abcissas, localizando os solos finos conformesua plasticidade. 60 50 ~ ';!! 40 -41 'O "' 'O . ;;:; ·-s; .!l! 30 a. 41 Argilas inorgânicas de 'O 41 baixa plasticidade .... ·-'O e ·- 20 Siltes inorgânicos de baixa compressibilidade 10 - - - SOLOS NÃO COESIVOS o 10 20 Fonte: BRASIL, 2006, p. 60. GRÁFICO 5. PLASTICIDADE LL = 50 LL = 30 Argilas inorgânicas de plasticidade média 0 0 ou 0 30 40 50 Siltes orgânicos de alta compressibilidade e argilas orgânícas slltes inorgânicos de compressibilidade média e siltes orgânicos 60 70 80 90 Limite de liquidez(%) • Classificação MCT O sistema classificatório MCT (miniatura, compactado e tropical) foi desenvolvi- do por Nogami e Villibor para caracterizar os solos tropicais. Devido às suas proprie- dades, apresentam capacidade de suporte adequado quando compactados, obser- vado em trechos experimentais. Esse método, apesar de não ter grande impacto internacional, pode ser aplicado em países de clima tropical úmido, onde ocorrem de forma abundante os solos finos lateríticos e não lateríticos (BALBO, 2007). Essa classificação é baseada em diversos ensaios. O ensaio de resistência é chamado de mini-CBR, sendo muito semelhante ao CBR, a menos pela dimen- são dos moldes. O ensaio de contração é outro ensaio no qual o corpo de prova é exposto à atmosfera e a variação do comprimento axial é medida. PROJETO DE ESTRADAS O ensaio de infiltrabilidade mede a capacidade do solo compactado em ab- sorver água quando em contato prolongado com ela. O ensaio de permeabili- dade mede o potencial drenante do solo. Esses ensaios são feitos com corpos de prova compactados na umidade ótima, utilizando-se o material que não fica retido na peneira# 1 O (2 mm), com energia de compactação normal. O Quadro 2 apresenta os grupos de classificação da metodologia MCT e as propriedades típicas do solo. QUADRO 2. CLASSIFICAÇÃO MCT N - SOLOS DE COMPORTAMENTO "NÃO LATERÍTICO" L - SOLOS DE COMPORTAMENTO CLASSES GRUPOS GRANULOMETRIAS TÍPICAS (MINERAIS) (1) EXPANSÃO (ºAI) (2) - - - - MUITO ALTO> 30 ALTO 12-30 MEDIO 4-12 BAIXO< 4 ALTA>70 A LTA>3 MÉDIA - - - 0,5·3 BAIXA< 0,5 NA AREIAS NA' ARENOSOS AREIAS, AREIAS AREIAS SILTOSAS E SILTOSAS E AREIAS SILTES (q) ARGILOSAS NS' NG' LA AREIAS ARGILOSOS ARGILOSOS SILTES (k. ARGILAS, A REIAS ARGILAS m), SILTES COM ARENOSAS ARENOSOS E POUCAS E ARGILAS ARGILOSOS ARGILAS SILTOSAS MÉDIA A (1) q QUARTZO/ m - MICAS / k - CAULINITA/ (2) CORPOS-DE-PROVA COMPACTADOS NA UMIDADE ÓTIMA, ENERGIA NORMAL, COM SOBRECARGA PADRÃO QUANDO PERTINENTE Fonte: BRASIL, 2006, p. 6. "LATERÍTICO" LA' ARENOSOS LG' ARGILO- SOS AREIAS ARGILAS E ARGILOSAS ARGILAS E ARGILAS ARENOSAS ARENOSAS PROJETO DE ESTRADAS Fonte: BRASIL, 2006, p. 6. Sintetizando ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~·· O conhecimento do solo sobre o qual uma estrada vai ser construída é con- dição necessária para o seu bom desempenho. O solo é formado por partículas sólidas e entre elas existem vazios preenchidos ou não por água. O tamanho e a forma dessas partículas, a proporção de vazios e a quantidade de água que se encontra nesses vazios são os fatores mais importantes que definem as caracte- rísticas desse solo. A proporção de água presente no solo é dada pelo índice físico umidade e a proporção de vazios é calculada pelo índice de vazios. Os Limites de Atterberg re- lacionam a consistência do solo: plástico, líquido ou sólido, com a sua umidade. Partículas sólidas de maior dimensão formam os solos granulares, como areias e pedregulhos, e os chamados solos finos, argilas e siltes são formados por partículas de menor dimensão. As argilas e siltes no seu estado natural ten- dem a ser mais plásticos do que as areias. Classificar um solo significa enquadrá-lo em um grupo com propriedades se- melhantes. Existem várias classificações que são adequadas ao uso, momento histórico e uso desse solo. Para fins rodoviários, são utilizadas as classificações HBR e Universal. Os solos de locais com clima tropical úmido apresentam características dife- rentes dos que estão em locais de clima temperado (onde foram desenvolvidas as metodologias HBR e Universal). Para esses locais, como no Brasil, deve-se utilizar também a metodologia MCT. PROJETO DE ESTRADAS _R_ef_e_re_An_c_i_a_s _h_ih_li_o_g_ra_'f_ic_a_s~~~~~~~~-•• ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502: Rochas e solos - Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1995. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181 : Solo -Aná- lise granulo métrica. Rio de Janeiro: ABNT, 2016. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7182: Solo - En- saio de compactação. Rio de Janeiro: ABNT, 2016. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9895: Solo - Ín- dice de suporte Califórnia (ISC) - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2017. AGREGADOS - Determinação da composição granulométrica - Parte 2(Penei- ramento). Postado por LEMAC UFES. (6 min. 28 s.). color. port. son. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v JL5Um3KMnEQ>. Acesso em: 11 mar. 2021. BALBO,J. T. Pavimentação asfáltica - Materiais, projeto e restauração. São Pau- lo: Oficina de Textos, 2007. BRASIL. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT). IPR 719: Manual de pavimentação. 3. ed. Rio de Janeiro, 2006. DNER - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. CLA 259: Classificação de solos tropicais. Rio de Janeiro: DNER/DrDTc, 1996. Disponível em: <https://www .gov.br/dn it/pt-br /assu ntos/planejamento-e-pesq u isa/i pr/co- letanea-de-normas/ coletanea-de-normas/classificacao-cla/ d ner-cla259-96. pdf>. Acesso em: 08. fev. 2021. FUTAI, M. M.; GONÇALVES, H. H. S.; MARINHO, F. A. M. Mecânica dos solos e fundações. São Paulo: FAU/USP, 2014. Disponível em: <https://www.fau.usp.br/ cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/pef0522/Pef0522-notas_de_Aula. pdf>. Acesso em: 08. fev. 2021 PINTO, C. S. Propriedade dos Solos. ln: HACHICH, W. et ai. Fundações - Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: PINI, 1998. RODRIGUES, J. C. Geologia para engenheiros civis. São Paulo: Ed. McGraw-Hill, 1977. PROJETO OE ESTRADAS UNIDADE educacional Tópicos de estudo • Determinação do perfil longitudinal e CBR de projeto Traçado geométrico Perfil longitudinal e perfil transversal Elementos do traçado geométrico Curvas verticais CBR para dimensionamento do pavimento • Camadas de reforço, sub-base e base Classificação dos pavimentos Materiais para execução dos pavimentos das estradas • Bases estabilizadas granulometricamente Bica corrida (BC) Brita graduada simples (BGS) Macadame hidráulico (MH) Macadame seco (MS) Solo arenoso fino laterítico (SAFL) Solo brita (SB) Solo saprolítico (SS) Solo laterítico concrecionado (SLC) PROJETO OE ESTRADAS ' :• , ' \ , • ' ' ' Determinação do perfil longitudinal e CBR de projeto ·,-, ' J ' O projeto de uma estrada é multidisciplinar, envolvendo estudos geológi- cos, geotécnicos, hidrológicos, topográficos, de tráfego e demanda do projeto geométrico, projeto de dimensionamento dos pavimentos e vários projetos complementares, como de drenagem, de terraplenagem, de obras de arte, de sinalização etc. O perfil longitudinal é definido a partir do traçado geométrico da rodovia, que deve refletir o menor percurso considerando os obstáculos topográficos e os pontos de passagem obrigatória. O CBR indica as condições necessárias em relação à espessura e aos mate- riais empregados no pavimento para atender às necessidades de suporte para o tráfego previsto em um horizonte temporal sem apresentar patologias que comprometam a segurança e o conforto do transporte. • Traçado geométrico A elaboração de um projeto para implantação e definição do traçado de uma estrada passa por pelo menos três fases. Reconhecimento ou fase preliminar A diretriz geral parte do traçadode uma reta que liga os pontos inicial e final da rodovia e o estudo do terreno numa faixa de 2 ou 3 km de largura. Nessa faixa considera-se os fatores topográficos, como uma cadeia de montanhas e pontos obrigatórios de passagem (por exemplo, o encontro com outras ro- dovias ou cidades e vilarejos). O traçado resultante desse estudo vai gerar o anteprojeto. São feitos reconhecimentos aéreos utilizando técnicas de aero- fotogrametria, e mais recentemente contando com o auxílio de drones e reco- nhecimentos terrestres usando a Topografia para determinação de alinhamen- tos e nivelamentos. Nessa fase, os desenhos são feitos nas escalas 1:10.000 ou 1:5000 na horizontal (plantas ou em gráfico, as abscissas) e 1:1000 ou 1:500 na vertical (cortes ou em gráfico, as ordenadas). A Figura 1 mostra um traçado evitando o cruzamento com acidentes geo- gráficos que demandariam maiores volumes de cortes e aterros, dificultando a execução e aumentando os custos. PROJETO OE ESTRADAS Morro Rio 1 Benfeitoria Grota Figura 1. Traçado geométrico entre acidentes geográficos. Fonte: MANZATO, [s.d.], p. 14. Acesso em: 15/04/2021. Exploração ou projeto básico Nessa fase uma faixa de terreno mais estreita, com 200 ou 300 m de largura a partir do anteprojeto é estudada, buscando elementos mais precisos e ajustan- do o traçado da rodovia. Além do levantamento planialtimétrico de uma faixa em torno do traçado obtido no anteprojeto, são executados também os trabalhos de campo como alinhamento, nivelamento e seções transversais, e a partirdes- ses dados são definidos o perfil longitudinal e as seções transversais da rodovia. O traçado deve seguir a direção das curvas de nível, passar pelos pontos baixos entre duas elevações (garganta) e evitar rampas muito íngremes. Nessa fase os desenhos são feitos nas escalas 1:2000 na horizontal (plantas ou em parece que fonte está diferente do restante do texto as seções transversais na escala 1:100. A Figura 2 mostra um traçado seguindo a direção das curvas de nível. 805 810 815 820 / 825 f j30 810 815 \ 805 Figura 2. Traçado geométrico acompanhando as curvas de nível. Fonte: MANZATO, [s.d.], p. 14. Acesso em: 15/04/2021. PROJETO OE ESTRADAS Locação ou projeto executivo Nessa fase o terreno é demarcado a partir do traçado do projeto, instalando piquetes ou estacas no terreno a cada 20 m. Devem ser detectados problemas pon- tuais e serão elaborados as plantas e os perfis que constituirão o projeto definitivo. Alguns autores consideram o projeto desenvolvido a partir da fase de exploração como o definitivo, porém na fase de locação muitas vezes o projeto é modificado . • Perfil longitudinal e perfil transversal Após o traçado em planta procede-se ao traçado do perfil longitudinal do terreno. Em um diagrama cartesiano é anotado no eixo das ordenadas a cota do terreno e no eixo das abscissas as estacas, lembrando que a escala vertical é dez vezes a horizon- tal. As estacas são numeradas. Por exemplo, em uma via de 20 km com estacas a cada 20 m teremos 20.000/20 = 1000 estacas. Assim, a estaca 58 estará a 58 · 20 = 1160 m da origem, que é a estaca 1. Como indicar a posição a 1174 m da origem? Indica-se esta posição como sendo a "est 58+14m", ou seja, estaca 58 · 20 + 14 = 1174 m. O greide é o perfil longitudinal da via. A partir dos levantamentos da fase de exploração, ou projeto, obtêm-se o perfil longitudinal do terreno e nesse perfil é lan- çado o greide da rodovia (eventualmente ajustado quando da locação). Os critérios para esse lançamento devem obedecer aos requisitos da classe de rodovia que se pretende construir e à compensação entre os volumes de cortes e de aterros. A Figura 3 ilustra um perfil de terreno cortado pelo greide, indicando as regiões de corte e aterro. Greide 1 Cotas (m) 1 Aterro Terreno Corte 1 Estacas 1 Figura 3. Perfil longitudinal: terreno e greide. PROJETO OE ESTRADAS A área acima da linha do greide indica corte no terreno e abaixo indica aterro. Os volumes de corte medidos geometricamente na seção são menores que o volume solto, medido após a escavação em razão do efeito do empolamento. Os volumes de solo solto, necessários para execução dos aterros, também são maiores que o medido geometricamente na seção, pois o índice de vazios é reduzido devido à com- pactação, diminuindo consequentemente o volume total. O fator de redução em relação ao volume medido geometricamente é o fator de homogeneização. A seção transversal deve ser traçada na posição de cada estaca, indicando os cortes e os aterros, como mostra a Figura 4. r-- Perfil natural ,_ Greide no eixo da plataforma ,.._ Plataforma r-Corte r-Aterro Figura 4. Seção transversal. Os volumes do corte e do aterro, considerando o perfil longitudinal e as diversas seções transversais, podem ser calculados utilizando o diagrama de massas ou diagrama de Brückner. Diagrama de Brückner ou diagrama de massas O diagrama de Brückner tem por objetivo o cálculo de corte e aterro a se- rem executados, buscando um greide que equilibre o volume a ser escavado com o volume de aterro. O diagrama considera como volume de corte ou aterro entre duas estacas consecutivas a média das áreas de corte e aterro entre as duas seções transversais, multiplicada pela diferença de cota média entre duas estacas. O diagrama considera também a variação de volume que ocorre no corte e na compactação do aterro e a DMT (distância média de transporte) en- volvida e o momento de transporte que é obtido pela multiplicação do volume transportado pela distância do transporte: M=V·dc (1) PROJETO OE ESTRADAS O traçado do diagrama pode ser feito com auxílio do Quadro 1 . •• QUADRO 1. TRAÇADO DO DIAGRAMA DE BRUCKNER Semidis- Com- Volume Áreas (m2 ) I áreas (mZ) Volume (ml) Estaca Aterro tância pen- acumu- Corte Aterro corri- Corte Aterro (m) Corte Aterro sação lado gido lateral 1 2 ... Fonte: PONTES FILHO, 1998, p. 262 (Adaptado). As colunas do Quadro 1 são construídas na sequência, conforme Pontes Filho (1998): ·Coluna 1: número da estaca; ·Coluna 2: volume de corte medido na seção da estaca (com sinal positivo); ·Coluna 3: volume de aterro medido na seção da estaca (com sinal negativo); • Coluna 4: volume de aterro corrigido em razão da contração devido à compactação; • Coluna 5: soma do volume de corte de duas seções consecutivas; ·Coluna 6: soma do volume de aterro corrigido de duas seções consecutivas; • Coluna 7: semidistância entre duas seções consecutivas; • Coluna 8: volume de corte entre duas seções consecutivas; • Coluna 9: volume de aterro corrigido entre duas seções consecutivas; ·Coluna 10: volumes compensados lateralmente (nas seções que possuem simultaneamente trechos de corte e aterro compensados na própria seção); ·Coluna 11 : soma algébrica entre os volumes de corte e de aterro. O diagrama é construído a partir do cálculo dos volumes do Quadro 1, como mostra a Figura 5, e indica origem e destino dos solos a serem movimentados, apontando o volume transportado, a classificação, a distância média de trans- porte e demais informações sobre as operações. Nas ordenadas do diagrama indicam-se os volumes acumulados de corte e de aterro. Os cortes são somados com valor po- sitivo e os aterros com valor negativo. Nas abscissas são colocados os estaqueamentos; geralmente as estacas são definidas a cada 20 metros. PROJETO OE ESTRADAS .,. o "1:1 1'11 :::::1 E :::::1 .... 1'11 .,. Cl.I E :::::1 -o > .,. 1'11 .... o .... o A • • • • • • • • Corte Ponto de máximo Onda • • • • • • • • • • • • ~ • • • • • • • • • • • • • V . • • Momento de transporte M =V · d m Distância média de transporte Perfil longitudinal • • • • • • • • • • . 8 • • • • • • • • • Diagrama de massas • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • e " • V' • • • • D . • • • • • • • • • • .. , .. Ponto de mínimo Terreno Corte Greide Trecho de volume V' Estacas Figura 5. Diagrama de Brückner ou diagrama de massas. Fonte: PONTES FILHO, 1998, p. 264. O diagrama apresenta as seguintes propriedades: • Em cada ponto do diagrama, a leitura da ordenada nos dá o valor dos vo- lumes acumulados; • Os ramos ascendentes correspondem a cortes e os descendentes a aterros; • Os pontos de máximo correspondem à passagem de corte para aterro e os de mínimo, o inverso; PROJETO DE ESTRADAS · Toda horizontal traçada no diagrama dá os pontos de compensação entre corte e aterro; · A área limitada pelo diagrama e a horizontal dá o momento de transporte entre corte e aterro que se compensam; · Quando há mudança da horizontal de compensação, o ramo descendente corresponde a empréstimo e o ascendente à bota fora. Elementos do traçado geométrico Os parâmetros para o traçado geo- métrico das estradas estão relacio- nados à sua classe funcional e à sua classe de projeto. Essas classificações estão associadas ao volume de tráfe- go, à sua funcionalidade e à dificulda- de de implantação em virtude das ca- racterísticas locais, como a Topografia; assim, as restrições impostas ao tra- çado estão relacionadas a essas clas- sificações. O Quadro 2 traz a relação entre essas classificações. • QUADRO 2. RELAÇÃO ENTRE AS CLASSES FUNCIONAIS E DE PROJETO Sistema Coletor Local Fonte: BRASIL, 1999, p. 28. Classes funcionais Principal Primário Local Classes de projeto Classes 11 e 111 Classes 111 e IV Classes 111 e IV Em um primeiro momento, o traçado da rodovia é feito por uma sequência de linhas retas consecutivas, com as devidas mudanças de direção, chamada de diretriz. Cada trecho de reta é chamado de tangente. É necessária a transição suave com ajuste das curvas horizontais circu lares, como mostra a Figura 6. PROJETO OE ESTRADAS PI= I 1 PC=A 0AB ___ ..). 1 ' ' - - - _,_ - - e ' 1 --- '' 1 R ' ACfl r AC/2 ,, ' ' 1 1 ' 1 ,," ' 1 ,, ' ,, .. o ,, ,, R Figura 6. Curva horízontal circular. Fonte: BERNARDINIS et ai., 2019, p. 23. ,, ,, ,, Ao entrar em uma curva, os veículos em movimento sofrem ação de uma força centrífuga que podem levá-los a derrapagem ou capotamento. Essa força é diretamente proporcional à massa do veículo e ao quadrado de sua veloci- dade, e inversamente proporcional ao raio da curva. Quanto menor o raio da curva, maior a força centrífuga: m·v2 F=-- R (2) Para ajudar no contrabalanceamento dessa força, inclina-se a borda exter- na da curva e a essa inclinação dá-se o nome de superelevação, como mostra a Figura 7. a Horiz. Figura 7. Superelevação. Fonte: BERNARDINIS et ai .. 2019, p. 36. PROJETO OE ESTRADAS A transição do trecho reto (tangente) diretamente para a curva horizontal com a implantação da superelevação levaria a um "degrau" na curva. A tran- sição entre a curva horizontal circular é feita por curvas de transição com raios e/ou centros de curvatura diferentes (espiral) e que permitem a transição suave, garantindo a superelevação necessária já no início da curva horizontal circular. A Figura 8 mostra essa construção. Seção normal ST --- ----- " " " " - 1 1 Borda interna----fl , I I Seção normal Figura 8. Curva de transição e curva horizontal circular. Fonte: BRASIL, 2019, p. 92. Curva circular se PROJETO OE ESTRADAS Nas curvas, em função do traçado geométrico do raio de curvatura, das características dos veículos, da velocidade e da operação, faz-se ne- cessário um acréscimo na largura da pista de rolamento proporcionando maior segurança e conforto. Esse acréscimo é a superlargura, mostrada na Figura 9. Transição da superlargura feita com arcos de círculo AB = Transição da superlargura 1 1 A 3,60 1 -- -L -----,-------------· ... .. - - 1 1 1 : 3,60 1 1 1 Figura 9. Superlargura. Fonte: BRASIL 2019, p. 89. • Curvas verticais As curvas verticais fazem a concordância do perfil longitudinal dando uma configuração segura e confortável. Segundo o Manual de projeto geo- métrico de rodovias rurais, do DN ER (1999, p. 122): O que se pretende é, pois, a continuidade das características geo- métricas ao longo da rodovia, considerada como estrutura espa- cial, de modo que a atenção do motorista seja mantida durante todo o percurso pelos elementos de projeto, e não seja surpreen- dido por mudanças bruscas de qualquer espécie. PROJETO DE ESTRADAS Os trechos retos do greide são chamados de: • Rampa ou aclive; • Contrarrampa ou declive; • Patamar ou trecho em nível. A concordância entre os trechos retos deve ser feita em curvas, podendo ser: • Parábola de 2º grau; • Curva circular; • Elipse; • Parábola cúbica. No traçado do greide deve-se evitar rampas com inclinação inferior a 1 º/o, que dificulta a drenagem; trechos em aclive ou em declive de pequeno compri- mento e em sequência; concavidades; limitar as inclinações dos aclives e decli- ves compatibilizando com os requisitos da classe da rodovia; e compatibilizar as curvas horizontais (geométrico) e verticais (greide), garantindo condições de segurança conforme diretrizes do DNER/DNIT e garantir visibilidade ao condu- tor do veículo. A Figura 10 exemplifica o traçado da curva vertical. a LI/ ' ' ' : Llh ' ' ' P/V 1 A , ' , ' , ', , Figura 10. Curva vertical. Fonte: PONTES FILHO, 1998, p. 21 O. PCV1.~~,---,:":.,.~PTV ' , 2 ' , ... • CBR para dimensionamento do pavimento É chamado de subleito a camada final da terraplenagem executada para execu- ção da estrada. O solo existente pode não apresentar características de resistência que seja capaz de suportar o tráfego esperado para a rodovia. Dessa forma, a cota fi- nal da terraplenagem será inferior ao greide e essa cota será completada com mate- rial mais nobre, constituindo a estrutura desse pavimento, como mostra a Figura 11. PROJETO OE ESTRADAS Greide Subleito - ___ _.,._"Caixa": preenchimento --~\::::::::::::--===~ com material mais nobre Figura 11. Greide e subleito. O critério do CBR (California bearing ratio) foi o primeiro método empírico com significativo nú- mero de experimentos. Foi criado em 1939 pelo engenheiro O. J. Porter e determina a espessura mínima para uma camada de material granu- lar executada sobre o subleito, em função de sua resistência estabelecida pelo ensaio CBR. O ensaio de resistência do CBR, ou ISC (índice de suporte Califórnia), baseia-se na re- sistência que uma amostra de solo devidamente compactada oferece à penetração de um pistão com 3" de diâmetro a uma velocidade de 0,5 poli min. Essa resistência é comparada à resistência de uma amostra padrão de brita graduada adensada, e a resistência apresentada pelo solo amos- trado é dada em porcentagem, comparada com a resistência oferecida pela brita. Além da resistência, o ensaio CBR mede a expansibilidade do solo. A amostra de solo é compactada na sua umidade ótima (conforme ensaio Proctor). Essa amostra é imersa em água durante quatro dias e medida sua expansão a cada 24 horas. Após esse período a amostra é retirada da imersão, drenada e submetida ao ensaio de resistência. O método considera uma curva onde no eixo das ordenadas é marcado o CBR do subleito e no eixo das abscissas a espessura de camada de brita graduada capaz de resistir a um tráfego de caminhões com eixo carregado com 7000 libras (aproximadamente 30 kN). Essa curva é chamada de Curva B e está representada na Figura 12. PROJETO OE ESTRADAS CBR(º/o) do subleito so -----------------------..---------------. 70 1----11\~~--t-~~~~t--~~~--t-~~~~t--~~~-1 60 ---------, ~+--~~~+--~~~--~~~--~~-----c 50 .----~----l~'\.-+~~~~-+-~~~~.--~~~-+~~~--1 40 t-----~-+------+------t~----+------t 30 1------+'-~----+------+-------+-------f20 1------+--.....; 10 1-~~-t-~~~-======t:::====±--~~-j o 5 10 15 20 25 Espessura de camada de base granular sobre o subleito (polegadas) Figura 12. Curva 8 para dimensionamento de pavimentos flexíveis. Fonte: BALBO. 2007, p. 378 (Adaptado). Por esse critério, os pontos acima da curva apresentam resistência ao cisa- lhamento superior ao solicitado e os que estão abaixo da curva, não. A consolidação do critério do CBR se deu a partir da necessidade de ex- pansão dos aeroportos na Segunda Guerra Mundial. CITANDO "O estopim para consolidação do critério CBR como método de projeto de pavi- mentos flexíveis foi a necessidade da construção de aeroportos militares durante a Segunda Guerra Mundial, em especial nas ilhas do Pacífico. Era necessário um critério simples, rápido e eficiente da avaliação da capacidade portante de solos, com equipamentos transportáveis pelos mariners, para que se determinassem as necessidades de pavimentação de pistas de pouso e decolagem para as pesadas aeronaves de transporte de equipamentos como os B-29" (Balbo, 2007, p. 378-9) . • Camadas de reforço, sub-base e base Ao longo do greide da estrada será executada uma estrutura capaz de resistir aos esforços transmitidos pelo tráfego e às intempéries a que será submetida. O pavimento pode ser entendido como uma estrutura de múltiplas cama- das de espessuras delimitadas, construídas sobre a superfície final de terra- plenagem (subleito), destinada técnica e economicamente a resistir aos esfor- ços oriundos do tráfego de veículos e às intempéries, de modo a propiciar aos usuários melhoria nas condições de rolamento, com conforto, economia e se- gurança. A Figura 13 ilustra essa estrutura. PROJETO OE ESTRADAS Figura 13. Pavimento e suas camadas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 16/04/2021. As camadas que normalmente compõem o pavimento são classificadas como: • Revestimento ou capa: resiste aos esforços horizontais; • Base: recebe os esforços verticais transmitindo para sub-base; ·Sub-base: recebe os esforços verticais da base e transmite para o reforço do subleito; ·Reforço do subleito: recebe os esforços verticais da sub-base e transmite para o subleito; • Subleito: é a superfície final da terraplenagem. É a fundação do pavimento. O subleito não é considerado propriamente uma das camadas do pavimento, é a camada final da terraplenagem considerada a fundação dessa estrutura. O subleito pode eventualmente ser regularizado para conformar sua superfície ao leito estradal. • Classificação dos pavimentos Os pavimentas podem ser classificados em: • Rígidos: são pouco deformáveis, constituídos principalmente por concreto de cimento hidráulico. Rompem-se por tração na flexão, quando sujeitos a deformações. Os materiais utilizados nas diversas camadas do pavimento devem obedecer ao critério de rigidez, e para isso normalmen- te são executadas com a presença de aglomerantes; PROJETO OE ESTRADAS · Flexíveis : as deformações, até certo limite, não levam ao rompimento (por exemplo, concreto asfál- tico ou pavimentação intertravada). São dimensiona- das a compressão e a tração na flexão, provocadas pelo aparecimento de bacias de deformação sob as rodas dos veículos que levam a deformações permanentes e rompimento por fadiga. Os ma- teriais utilizados para execução das diversas ca- madas devem obedecer aos critérios de flexibilidade e são executados normalmente com material granular; · Semirrígidos: são utilizadas camadas flexíveis e rígidas em uma mes- ma estrutura do pavimento, como a execução de uma camada de revesti- mento de concreto asfáltico sobre uma camada de base de solo-cimento. A aplicação de uma solicitação na superfície de rolamento é transmiti- da às camadas inferiores e ao sub leito. A pressão transmitida às camadas inferiores é menor que a transmitida às camadas superiores, como mostra a Figura 14. p Base Sub-base p T T T T T T T T T T T T T T T p' Sub-leito Figura 14. Pressão aplicada ao subleito. Fonte: SENÇO, 1979, p. 87. A transferência de tensão da superfície de rolamento para o subleito ocorre de forma diferenciada nos pavimentos flexíveis e nos rígidos. Enquanto nos pa- vimentos flexíveis as tensões são mais concentradas, sendo o subleito mais so- licitado, nos rígidos são mais distribuídos. A Figura 15 ilustra essa distribuição. PROJETO OE ESTRADAS Base llllllllll!llllllllllllllllll! Base l lllll ll ll llll ll llllll ll lllll J Subleito Sub leito Figura 15. Distribuição de tensões em pavimentos flexíveis e rígidos. Fonte: BALBO, 2007, p. 47. Sendo as camadas superiores mais solicitadas, elas são executadas com material mais nobre, ou seja, materiais que apresentam melhores resulta- dos de resistência nos ensaios de CBR e menor índice de expansão na pre- sença de água. Nem todas as camadas (revesti- mento, base, sub-base e reforço de subleito) são obrigatórias. Contando com um subleito de boa qualidade, pode-se dispensar a execução do reforço de subleito. Nos pavimentos rígidos, a superfície de rolamento é a própria base executada com con- creto e não existe o revestimento. Da mesma forma, outras camadas po- dem ser inseridas para a diminuição de custos ou agregar vantagens tec- nológicas. Em pavimentas flexíveis, com capa de concreto asfáltico, muitas vezes é acrescentada uma camada sob esse revestimento, com material as- fáltico menos nobre, chamada de binder. Entre as camadas podem ser aplica- das pinturas ou imprimação com material impermeabilizante para impedir a passagem de água, ou com material que melhore a aderência entre duas camadas, chamada pintura ou imprimação ligante. A Figura 16 mostra dife- rentes perfis para pavimentos flexíveis e pavimentos rígidos. PROJETO OE ESTRADAS Pavimento flexível 7,5 11 Revestimento Pavimento rígido 20 Base 15 Sub-base 20 Placa de concreto 15 Reforço do subleito 10 Sub-base Subleito Subleito --~~·~* Pavimento semirrígido Base cimentada ' Outros Figura 16. Perfil da estrutura do pavimento. Fonte: BRASIL, 201 O, p. 74. • Materiais para execução dos pavimentos das estradas Os materiais mais usados para pavimentações são o próprio solo, agrega- dos, asfaltos e aglomerantes. A preferência deve ser dada ao solo e, mais ain- da, ao solo da região, se atender aos requisitos técnicos, pois isso minimiza os preços de transportes que são significativos nessas atividades. A escolha do material e a correta aplicação com a utilização dos equipamentos de terraple- nagem adequados são requisitos para o bom desempenho. EXPLICANDO A escolha adequada dos equipamentos de terraplenagem é requisito para boa execução dos serviços. Os principais equipamentos são: •Para corte: tratores de esteiras, moto scrapers, pá-carregadeiras, escavadeiras hidráulicas; •Para aterro: rolo pé de carneiro, rolo metálico liso, rolo metálico vibratório, rolo liso sobre pneus; •Para espalhamento: tratores de esteiras, motoniveladora; •Para imprimação e umedecimento: caminhão com espargidor; •Para transporte: caminhão basculante; caminhão fora de estrada; moto scrapers. PROJETO OE ESTRADAS Solo Para que se possa aferir o com- portamento mecânico do solo é pre- ciso avaliá-lo: conhecer seus índices físicos; sua curva granulométrica para classificá-los como grossos (areias e pedregulhos) e finos (argilas e siltes); sua consistência obtida pelos Limites de Atterberg; sua expansividade e seu CBR. A partir do conhecimento dessas propriedades, o solo pode ser aplica- do em camadas compatíveis com elas. Na aplicação, o material deve ser compactado com a umidade ótima ou muito próxima dela, obtida nos ensaios de compactação Proctor normal, inter- mediário ou modificado, em função da energia que o equipamento de compac- tação que será utilizado for capaz de transmitir. A compactação adequada dos solos finos é feita com a utilização de rolo pé de carneiro. Solos tropicais Nospaíses de clima tropical úmido, particularmente no Brasil, encontram- -se solos tropicais lateríticos e saprolíticos. O solo laterítico é maduro, estável e pouco expansivo, apresentando propriedades favoráveis para pavimentação, podendo estar presente no subleito e utilizado em reforço de subleito e, even- tualmente, em sub-bases e bases. Agregados Os agregados naturais (areias e pedregulhos), obtidos em jazidas naturais e artificiais produzidos em processos de britagem, são largamente utilizados para reforço de subleito, sub-base e base. A compactação adequada dos materiais é fator de- terminante para seu bom desempenho. Os agregados devem ser compactados com vibração e o equipa- mento mais adequado para esse material é o rolo liso vibratório. Esse material é classificado em função da faixa de seu diâmetro, como mostra a Tabela 1. PROJETO OE ESTRADAS TABELA 1. AGREGADO MIÚDO E PEDRA BRITADA Tipo Denominação Diâmetro (mm) Areia fina Entre 0,05 e 0,425 Areia média Entre 0,425 e 2 Areia grossa Entre 2 e 4,8 Pedregulho Entre 4,8 e 76 Pó de pedra < 2,4 ' Pedra O ou pedrisco Entre 2,4 e 9,5 Pedra 1 Entre 9,5 e 19 Pedra 2 Entre 19 e 38 Pedra 3 Entre 38 e 76 Pedra pulmão ou rachão Até 450 Fonte: BALBO, 2007, p. 100-101 (Adaptado). O rachão ou pedra pulmão é muito utilizado para estabilização de subleito, sendo seus vazios preenchidos com agregados menores. As rochas mais comuns no Brasil, que são utilizadas nos processos de brita- gem estão apresentadas na Tabela 2. TABELA 2. ROCHAS MAIS COMUNS Pedras Granito Diorito Gabro Sienito Diabásio Basalto Gnaisse Calcário Quartzito Arenito Aspecto Granular, áspero e claro Granular, áspero e médio Granular Granular, áspero e médio Granular, áspero e médio Granulação fina e vesículas Minerais orientados e claros Granulação fina ou média Brilhante, áspero/ liso, branco Arenoso, áspero/liso, variável Fonte: SENÇO, 1979, p. 46 (Adaptado). Peso específico (kg/m 3 ) 2660 ! 2800 2900 2800 1 ' ' i 2900 3000 2650 Variável 2500 2500 Propriedades Absorção de -agua < 0,5°/o < O,So/o < 0,5°/o < 0,5°/o < 0,5% < 1,0°/o Variável Variável < 1,0°/o Variável Resistência à compressão MPa 150 150 180 150 200 200 120 Variável 200 100 Resistência ao intemperismo Boa Regular Regular Boa Boa Boa Boa Boa Ótima Cimentado, boa PROJETO OE ESTRADAS Betumes e asfaltos Os betumes são compostos por hi- drocarbonetos pesados com proprie- dades ligantes, inflamáveis e de alta viscosidade. Eles são obtidos a partir da destilação do petróleo, do carvão, de resinas e da madeira. O asfalto é composto basicamente por betume e é um produto encontrado na nature- za. Material nobre, ele é aplicado no revestimento e em bases. CAP (cimento asfáltico de petróleo) O CAP é o melhor material asfáltico para pavimentação, é o principal aglo- merante do concreto asfáltico. É composto por hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos. Possui boa aderência aos agregados, possui propriedades impermeabili- zantes, é flexível, tem relativa durabilidade, é resistente ao ataque da maioria dos ácidos, álcalis e sais e não é solúvel na água. Ele sofre alterações químicas quando exposto a radiações solares, águas ácidas ou sulfatadas, óleos, graxas, lubrificantes e combustíveis. As propriedades mais importantes do CAP para a pa- vimentação são a consistência e a viscosidade. A Norma DNIT 095/2006 - EM (Cimentos asfálticos de petróleo - Especificação de material) toma como parâmetro para sua classificação a consistência, medida no ensaio de penetração. A Tabela 3 ilustra a especificação dos CAPs. O CAP 30/45 é classificado como duro, os CAPs 50/70 e o CAP 85/100 são classificados como médios e o CAP 150/200 como mole. EXPLICANDO O ensaio de penetração é normatizado pela NBR 06576:2007. Para para- metrizar a dureza ou consistência do material, é medida a penetração, em milímetros, de uma agulha sob uma carga de 100 g na amostra do material asfáltico mantido na temperatura de 25 ºC durante 5 s. PROJETO OE ESTRADAS TABELA 3. ESPECIFICAÇÃO DOS CAPs CONFORME ENSAIO DE PENETRAÇÃO CARACTE- RÍSTICAS Penetração (100 g, 5s, 25 ºC) Viscosidade Saybolt Furol a 135 ºC, mín a 150 ºC, mín a 177 ºC ou Viscosidade Brookfield a 135 ºC, SP 21, 20 rpm, , m1n a 150 ºC, SP 21, mín. a 177 ºC, SP 21 , lndice de suscepti- bili d ade térmica (1) Ponto de fulgor mín Solubilidade em tricloroe- tileno, mín Ductilidade a 25º e, mín Efeito do calor e doar (RTFOT} a 163 ºC, 85 min Variação em massa, máx(2) Ductilidade a 25º e, mín Aumento do ponto de amoleci- mento, máx Penetração retida, mín (3) UNIDADES 0,1 mm ºC s li cP ºC o/o massa cm o/o massa cm ºC o/o Fonte: BRASIL, 2006b, p. 4. CAP30 / 45 30-45 52 192 90 40 - 150 374 203 76- 285 (1,S)a (+0,7) 235 99,5 60 0,5 10 8 60 LIMITES CAP50 CAP85 110 /100 85 - 50- 70 100 46 43 141 110 50 43 30- 15 - 60 150 274 214 112 97 57 - 28- 114 285 (1, 5) a (1,5) a (+0,7) (+0,7) 235 235 99,S 99,5 60 100 0,5 0,5 20 50 8 8 55 55 CAP 150 / 200 150 - 200 37 80 36 15 - 60 155 81 28-1 14 (1,5 )a (+0,7) 235 99,S 100 0,5 50 8 50 MÉTODOS ABNT NBR 6576 NBR 6560 NBR 14950 NBR 15184 NBR 11341 NBR 14855 NBR 6293 NBR 6293 NBR 6560 NBR 6576 ASTM DS D 36 E 102 D 4402 D 92 D 2042 D 113 D 2872 D 113 036 os DNER ME 003199 ME 004/94 M E 149/94 ME 153/94 ME 163/98 ME 163/98 M E 003199 PROJETO OE ESTRADAS O CAP pode ser modificado pela adição de polímeros para alterar suas pro- priedades ou pela adição de borracha triturada de pneus, que além do apelo ambiental substitui até 15º/o de seu consumo. Um dos produtos derivados do CAP é a espuma de asfalto, que é obtida com o lançamento de jatos de água, estando o CAP em uma temperatura de 175 ºC, e após o resfriamento são formadas bolhas, criando a espuma que é utilizada na estabilização de solos e reciclagem de camadas com a incorporação de ligante. Os asfaltos diluídos de petróleo (ADP) são obtidos com a diluição do CAP em solventes e esse material é usado na imprimação para impermeabilização ou ligação entre as superfícies. As emulsões são dispersões formadas por uma fase dispersa e outra disper- sante. Na emulsão asfáltica a água é o dispersante, e o CAP ou ADP a fase disper- sa, com a adição de emulsificante e eventualmente modificados por polímeros. Esse material é utilizado para pinturas de ligação entre camadas e tratamentos superficiais e manutenção de revestimentos asfálticos. Aglomerantes hidráulicos e aéreos Os aglomerantes são materiais cimentícios utilizados para ligar agregados ou solos plásticos. Eles podem se compor com outros materiais para execução de reforços de subleito, sub-base ou base. Os mais presentes são o cimento Portland e a cal. Os pavimentos rígidos destinados a tráfego mais pesado têm sua base nor- malmente executada em concreto, onde está presente o cimento Portland. Em reforço de subleito, sub-bases e mesmo bases podem ser executadas com solo enriquecido com aglomerantes, como o solo-cimento. • Bases estabilizadas granulometricamente As camadas de base, sub-base ou reforço executadas com emprego de materiais granulares, ou ainda o solo, sem o emprego de aglomerantes, são estabilizadas com compressão e adensamento. Quando o material utilizado é bem graduado, ou seja, possui grãos de diferentes tamanhos possibilitando que os grãos menores ocupem os vazios dos grãos maiores, é dito que a cama- da foi estabilizada granulometricamente. A adequada compactação e adensa- mento é fator importante para o sucesso desse método. PROJETO DE ESTRADAS
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