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Centro Multidisciplinar de Pau dos Ferros-RN Disciplina: Cálculo I Professora: Mônica Sousa Assunto: Discussão sobre a Representação dos Números Reais Data: 21 de novembro de 2017 1 Situando os conceitos Se relatarmos, as raízes do Cálculo remontam ao trabalho de Arquimedes, matemática grego, com o cálculo de tangentes a curva espiral. Mas sua fundamentação foi feita por Isaac Newton (inglês) e Gottgried Leibniz (alemão) ao final do século XVII.(Haward, 2015, p. xviii). E uma das motivações foi a busca de retas tangentes se inserir em problemas re- lacionados ao estudo do movimento, como por exemplo, ao precisar descrever: curvas que representam trajetórias, permitindo determinar a direção de um projétil, ou curvas ópticas, determinando o formato de lentes (Roque, 2012, p. 337). 1. E já que até o advento do Cálculo, a ”Matemática era uma ciência das quantidades” (Roque, 2012, p.344), esse trabalho sobre curvas relacionava quantidades geométrica, o que pediu complementação para entender fenômenos físicos como as marés, as fases da luas, a natureza da luz ou mesmo a gravidade. Assim, para essas investigações, necessitaríamos de métodos além dos geomé- tricos já conhecidos. Nesse contexto, na segunda metade do século XVII, nasce o Cálculo Infinitesimal (Roque, pág. 341). E podemos ver que o conceito central desse assunto está na noção de função. Apesar de tal noção ter sido formalizada após aprimoramento das técnicas diferenciais. Por isso, inici- amos com o conjunto dos números reais e sua álgebra, seguindo por pelo conceito de função e suas características para depois conhecermos a teoria que chamamos de Cálculo Diferencial e Integral a uma Variável. 2 Representação dos números reais Definição 1. Chamamos de coleção o agrupamento de objetos que têm alguma relação entre si. Chamamos de conjuntos o agrupamento de números (representação simbólica de grandezas) que têm características semelhantes. E como notação, enumeramos seus elementos entre chaves {}. Por exemplo, 1[Roque, Tatiana. História da Matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de janeiro: Zahar, 2012.] 1 1. O conjunto do números naturais: N = {0, 1, 2, 3, . . .}; 2. O conjunto do números Inteiros: Z = {. . . ,−2,−1, 0, 1, 2, . . .}; 3. O conjunto do números Racionais: Q = { p q ∣∣p, q ∈ Z e q 6= 0}; Definição 2. Chamamos de forma decimal de um número, a representação de agrupamentos de 10 e em 10 ou 1 10 em 1 10 . Assim, temos: (a) Formas decimais finitas, como 7 4 = 1, 75; (b) Formas decimais infinitas e periódicas, como 4 11 = 0, 363636 . . .. Essa última chamamos de dízima periódica, pois contém a repetição infinita de umamesma sequência de algarismos. E como notação usamos 0, 36, onde a barra indica qual sequência se repete. E (c) Formas decimais infinitas e não periódicas, como √ 3 = 1, 7320508 . . .. Esses não são resultado da divisão de dois números inteiros, ou seja, não admitem representação fracionária, sendo aqueles que não tem uma sequência de algarismos que se repete. E agrupados receberam o nome de Números Irracionais, que denotamos por I. Definição 3. Simbolicamente, o conjunto dos números reais é dado por R = Q ∪ I, ou seja, número real é todo aquele que pode ser escrito na forma decimal. Por exemplo, 1 17 ∼= 0, 0588235294, que é racional, e pi = 3, 14159265 . . . são número reais. Usamos o simbolo ∼= (aproximadamente igual a), quando a sequência de algarismos que se repetem for muito grande, ao em vez da barra sobre ela. 3 Reais na reta Por ser um conjunto ordenado, os números reais podem ser postos em correspondência biunívoca com os pontos de uma reta. Assim, Definição 4. Chamamos de reta real a representação gráfica dos Números Reais aomarcamos o número real 0 (zero), que chamamos de origem, em uma reta horizontal, e fazemos corresponder a cada ponto à sua direita os números reais positivos e à sua esquerda os números reais negativos, obtendo a reta real. Por exemplo, 2 O número associado ao ponto é dito coordenada do ponto e indica a distância (sempre positiva) desse ponto até a origem. Também por ser um conjunto ordenado podemos comparar dois números reais distintos. Assim, Definição 5. Sejam a e b números reais quaisquer. Dizemos que: 1. a é maior do que b, se a− b é positivo. Simbolicamente, a > b; 2. a é menor do que b, se a− b é negativo. Simbolicamente, a < b; 3. a é maior ou igual a b, se a− b é positivo ou zero. Simbolicamente, a ≥ b; 4. a é menor ou igual a b, se a− b é negativo ou zero. Simbolicamente, a ≤ b; Tal comparação é sempre possível, pois: Teorema 1. (Lei da tricotomia) Se a e b ∈ R, então ou a < b ou a = b ou a > b. Assim, temos que Definição 6. Chamamos de intervalos de R seus subconjuntos cujos elementos satisfazem uma sequência de desigualdades. Classificamos como intervalos limitados, aqueles em que todos os números reais se- quenciais estão entre valores a e b ditos extremos do intervalo. São eles, os intervalos: 1. {x ∈ R|a < x < b}, dito aberto e denotamos por (a, b) ou ]a, b[; 2. {x ∈ R|a ≤ x ≤ b}, dito fechado e denotamos por [a, b]; 3. {x ∈ R|a < x ≤ b}, dito semiaberto à esquerda e denotamos por (a, b] ou ]a, b]; 4. {x ∈ R|a ≤ x < b}, dito semiaberto à direita e denotamos por [a, b) ou [a, b[. E os não limitados, onde o simbolo −∞ significa infinito negativo, o +∞ infinito positivo, indicando que tais subconjunto não tem limitação na extremidade indicada: 1. [a,+∞) = [a,+∞[= {x ∈ R|x ≥ a}; 2. (a,+∞) =]a,+∞[= {x ∈ R|x > a}; 3. (−∞, b] =]−∞, b] = {x ∈ R|x ≤ b}; 4. (−∞, b) =]−∞, b[= {x ∈ R|x < a}; 3 5. (−∞,∞) =]−∞,+∞[= R. Agora, geometricamente ou graficamente, 1. a < b significa que a está à esquerda de de b na reta real; 2. Usamos bolinhas vazias para aos extremos que não pertencem ao intervalo; 3. Usamos bolinhas cheias para aos extremos que pertencem ao intervalo. Assim, representamos os intervalos por: Por exemplo, podemos converter a notação de intervalo para desigualdade e vice-versa, bem como representar graficamente os seguintes intervalo: a) [−6, 3[ b) (−∞,−1) c) −2 ≤ x ≤ 3 Resolvendo... a) corresponde a −6 ≤ x < 3, que é fechado à esquerda e aberto à direita e tem extremos −6 e 3. Graficamente, b) corresponde a x < −1, que é não limitado inferiormente e aberto à direita e tem extremo −1. Graficamente, c) corresponde a [−2, 3], que é fechado e tem extremos −2 e 3. Graficamente, 4 4 Propriedades algébricas de R Os Números Reais R, além de ser um conjunto ordenado, apresenta uma estrutura algébrica, ou seja, duas operações: a adição, representada por + e a multiplicação, represen- tada por ·, que trazem consigo propriedades válidas para todos os elementos desse conjunto. E para estudá-las usamos: • as variáveis - letras ou símbolos que representam números reais não específicos; • e as constantes - letras ou símbolos que representam números reais específico. Com as quais formarmos o que chamamos de expressões algébricas, mostrando com estas que dada propriedade vale para tais números reais. Definição 7. Se u, v e w ∈ R, então: 1. u+ v = v + u (propriedade comutativa); 2. (u+ v) + w = v + (u+ w) (propriedade associativa); 3. u+ 0 = u (elemento neutro); 4. u+ (−u) = 0(elemento oposto aditivo); 5. uv = vu (propriedade comutativa); 6. (uv)w = v(uw) (propriedade associativa); 7. u · 1 = u (elemento neutro); 8. u · 1 u = 1, u 6= 0 (elemento oposto multiplicativo); 9. u(v + w) = uv + uw (propriedade distributiva). ::::::::::::: Observação: Notemos que: • Devido a existência dos elementos opostos aditivos temos a operação de subtração, a− b := a+ (−b); • Devido a existências dos elementos opostos multiplicativos temos a operação de divisão, a÷ b:= a · 1 b , b 6= 0; • Devido a propriedade distributiva temos a forma fatorada de uma expressão algé- brica, lado esquerdo da igualdade, e forma expandida, lado direito: a(b+ c) = ab+ ac. • E não esquecer que: em expressões sem parenteses efetuamos primeiro multiplicações e divisões da esquerda para direita, em seguida, soma e subtrações, também nessa direção. 5 Por exemplo, a forma expandida de (a+2)x é ax+2x e a forma fatorada de 3y−by é (3−b)y. Apresenta também notações que simplificam, como a notação exponencial: Definição 8. Sejam a ∈ R e n ∈ Z+. Definimos an := a · a · . . . · a︸ ︷︷ ︸ n fatores como a n-ésima potência de a, onde n é o expoente, a é a base e an lê-se ”a elevado a n”. Que tem suas propriedades: Teorema 2. Se u e v ∈ R− {0} e m, n ∈ Z, então: 1. umun = um+n; 2. um un = um−n; 3. u0 = 1; 4. u−n = 1 un ; 5. (uv)m = umvm; 6. (um)n = umn; 7. ( u v )m = um vm . Por exemplo, a expressão ( 2 xy )−3 = (xy 2 )3 = x3y3 8 . E, finalizando, a notação científica Definição 9. Sejam c ∈ R+, tal que 1 ≤ c < 10 e m ∈ Z. Definimos c× 10m como a notação científica de c · 10 · 10 · . . . · 10︸ ︷︷ ︸ m vezes . Esta é útil para expressar números muito grandes ou muito pequenos. E assim, • se temos a forma original do número, ao mover a vírgula para direita indica quem < 0; • se temos a forma original do número, ao mover a vírgula para esquerda, indica que m > 0 . Por exemplo, note que 0, 000000053 = 5, 3× 10−8 e 149.597870, 691 ∼= 1, 5× 108. Ou ainda, 0, 03750 · 4800000 50000 ∼= (3, 7 · 10 −2)(4, 8 · 106) 5 · 104 = 3, 7 · 4, 8 5 · 10−2+6−4 = 3, 5 · 100. 6 Situando os conceitos Representação dos números reais Reais na reta Propriedades algébricas de R
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