Buscar

A TÉCNICA DOS INCIDENTES CRÍTICOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A TÉCNICA DOS INCIDENTES CRÍTICOS
Introdução
As primeiras aplicações da técnica dos incidentes críticos foram feitas no início da década de 40 no então Programa de Psicologia da Aviação da Força Aérea dos Estados Unidos na II Grande Guerra, entretanto em nosso país nenhum trabalho foi publicado a respeito antes de 1971. Alguns passos importantes devem ser obedecidos quando da aplicação da técnica dos incidentes críticos. 
 	Estaremos definindo a Técnica dos Incidentes Críticos enquanto técnica de recolha de informação e apresentar as fases da sua aplicação. 
	A maioria dos esforços atuais de segurança do trabalho esta baseada em avaliações pós-fato das causas que produzem os acidentes.
	Concentram-se a maioria de seus esforços na solução de problemas isto é, proporciona respostas quando a ênfase deveria estar em olhar a frente e procurar perguntas certas pra que os acidentes não ocorram. É ai que entra a técnica de Incidentes Críticos. 
Definição 
O incidente crítico define-se enquanto uma situação ou evento que se destaca pelas suas características, que o tornam crítico, distinto e relevante para a compreensão de um dado fenómeno ou processo. 
A Técnica dos Incidentes Críticos é uma técnica de recolha de informação que encontra as suas origens na abordagem qualitativa. 
Esta técnica sendo qualitativa busca identificar falhas e condições inseguras que podem contribuir para a ocorrência de acidentes reais ou potenciais.
É uma técnica bastante simples, sem a necessidade de técnicas sofisticadas, de baixo custo e rápida aplicação.
O que é um incidente crítico?
Qualquer evento relacionado com o trabalho, que gera uma resposta emocional intensa, que condiciona a habilidade do individuo ou grupo para lidar com a situação, interferindo com o seu desempenho no trabalho e/ou nas suas atividades pessoais. (Exemplos: emergências a bordo, turbulência severa, morte de passageiro/colega, acidentes, etc.)
Fases de utilização
A aplicação da Técnica dos Incidentes Críticos (TIC) implica um conjunto de passos, de forma a que os dados sejam recolhidos num formato que permita dar resposta aos objetivos da investigação. Esses passos podem ser sistematizados nas seguintes fases: (1) preparação; (2) recolha dos dados; e (3) análise dos dados.
A fase de preparação
A primeira fase implica dar resposta a um conjunto de questões que vão delimitar o objeto de estudo.
Qual a situação a observar? – Delimita o que se pretende observar ou focar no estudo.
O que é um “incidente crítico”? – Define o que se entende por incidente crítico naquele estudo em particular.
Qual a temporalidade dos incidentes críticos? – Define se os incidentes críticos a recolher são relativos a um espaço temporal particular, ou se é dada liberdade ao participante a este nível. Por exemplo, pode-se solicitar ao participante que descreva incidentes que tenha vivido nos seis meses anteriores ao momento da recolha dos dados.
Quantos incidentes recolher? – Definem quantos incidentes críticos o investigador vai recolher junto de cada participante.
As respostas a estas questões guiam o processo de recolha de dados e contribuem para a qualidade das inferências de um estudo que faça uso da Técnica dos Incidentes Críticos (TIC).[1] Considere-se a forma como estes elementos foram definidos em Brandão (2010):
Quadro 1
Estes elementos deverão ser sistematizados num instrumento de recolha de informação. Considerando que a nossa opção tem sido a recolha em contexto de entrevista, de forma a potenciar a profundidade dos dados recolhidos, que também resulta da qualidade da relação que se estabelece entre entrevistador e entrevistado, poder-se-á definir um guião que, no que se refere especificamente aos incidentes críticos, poderá ter a estrutura base sistematizada no Quadro 2.
Quadro 2
A fase da recolha dos dados
Conforme referido, os incidentes podem ser recolhidos de diferentes formas. É possível recorrer a observadores treinados, o que geralmente está associado a custos elevados em termos de tempo e dinheiro. Importa ainda equacionar a possível dificuldade de aceitação dos participantes em serem observados.
Pode-se igualmente recolher os dados no formato de auto relato, recorrendo a entrevistas, focus groups ou questionários. Considere-se em particular a recolha em contexto de entrevista. A evocação de incidentes críticos requer que se apresente a TIC ao participante, informando-o acerca do tipo de informação que o investigador pretende focar. Isso poderá passar pela apresentação de um exemplo de incidente crítico, associado ao processo estudado ou ao contexto do participante, o que pode facilitar a evocação do incidente crítico se o participante se revir na situação descrita. Por outro lado, ao se informar os participantes acerca dos elementos da sua experiência que se pretende explorar isso poderá permitir-lhe organizar a sua experiência e depois partilhá-la.
Note-se que importa equacionar se a expressão “incidente crítico” é profícua para a expressão do participante, na medida em que “incidente” pode assumir a conotação de algo que não deveria ter acontecido ou que foi errado. Brandão (2010) quando estudou os gestores de topo da Administração Pública Portuguesa optou por falar em “episódios” e “situações”, em detrimento de incidente, considerando o significado que “crítico” poderia assumir junto de uma população que a literatura demonstra ter tendência para adoptar um discurso auto protetor.
Recuperando o trabalho de Ramos e Brandão (2016) o Quadro 3 sistematiza a forma como as autoras apresentaram aos participantes o estímulo para identificar incidentes críticos que permitiram conhecer o processo de inovação de jovens líderes empreendedores.
Quadro 3
A definição destes elementos e a sua apresentação permite que o participante se contextualize no tempo e no espaço, recuperando vários elementos da sua experiência. Trata-se, assim, de uma técnica altamente contextualizada. Note-se, contudo, que é promovida a exploração livre dos incidentes críticos pelo participante. Cabe ao entrevistador informá-lo dos elementos da experiência que são relevantes para a compreensão do fenómeno em estudo, mas sempre evitando que a entrevista se torne rígida. Os elementos do incidente crítico funcionam como guias. O entrevistador deve observar se esses elementos estão presentes na narrativa do participante, estimulando-o a falar sobre os elementos que não sejam abordados.
A fase da análise dos dados
A análise dos incidentes críticos pode ser realizada segundo diferentes técnicas. A que temos privilegiado é a análise de conteúdo, seguindo princípios definidos por Bardin (2009) e codificando os dados em categorias significativas. Temos adaptado, conforme o estado da arte e o fenómeno em estudo, uma lógica dedutiva, definindo categorias à luz do quadro de referência subjacente ao estudo (Flanagan, 1954; Testa & Ehrart, 2005). Outras vezes adaptamos uma lógica indutiva ou grounded, em que o investigador procura “despojar-se” de noções pré-estabelecidas e as categorias emergem dos dados recolhidos (Chell, 2004).
Vantagens no uso da Técnica dos Incidentes Críticos?
Permitir estudar processos, naquilo que se pode denominar de abordagem temporal, baseada em Chell (2004), em que se situa o participante no tempo e se procura que ele vá descrevendo o incidente seguindo uma lógica temporal e organizando diversos incidentes numa linha temporal, percebendo-se a sequência da sua experiência.
Uma outra vantagem desta técnica prende-se com a capacidade de minimizar a influência de reações e opiniões estereotípicas. 
Esta técnica permite ainda identificar o contexto de situações com elevada carga emocional (Chell, 2004) e possui um elevado potencial reflexivo. Ou seja, ao mesmo tempo que o indivíduo evoca um incidente crítico que permita, por exemplo, caracterizar um dado contexto ou processo, cria um espaço para o participante refletir e compreender melhor o seu próprio contexto e os comportamentos críticos para a sua situação.
Tem como função avaliaro desempenho dos colaboradores em seus pontos fortes e fracos 
	Prós
	Contras
	Avalia excepcionalmente o desempenho bom e ruim.
	Não se preocupa com situações normais
	As exceções positivas devem ser realçadas e as negativas corrigidas ou eliminadas.
	Fixa-se em poucos aspectos do desempenho.
	Método fácil de montagem e utilização
	
Considerações finais
	Podemos concluir que o potencial dessa técnica em nível de intervenção merece igual destaque e é percebido no próprio momento da recolha de informação, quando permite que o participante reflita sobre sua ação. E em nível de intervenção, pode ainda ser utilizada enquanto ferramentas de diagnóstico, permitindo a identificação de formas de ação, pensamento e reações alternativas a situações que caracterizam a experiência do sujeito em diferentes contextos de vida. Esta técnica que permite não só estudar a experiência humana como também capacitar o participante a agir.

Outros materiais