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AULA 8: HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL- MÉTODOS PRÓPRIOS DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Reginaldo Farias - Rudolf Smend - Esse método parte da premissa de que a interpretação constitucional deve considerar o sistema de valores subjacentes à Constituição, assim como a importância desta no processo de integração comunitária (método integrativo). A Constituição deve ser interpretada como um todo (visão sistêmica), sendo levados em consideração fatores extraconstitucionais, tais como a realidade social captada a partir do espírito reinante naquele momento (método sociológico). Busca- se o “espírito da Constituição”, que está nos valores que ela consagra. É como se a norma fosse o corpo da Constituição, e os valores fossem o seu espírito (método valorativo). O objetivo é de aproximar a hermenêutica constitucional da realidade fática à qual se destinava a aplicação das normas da Constituição. A referência ao “espiritual” tem o objetivo apenas de enfatizar que o sentido da Lei Maior deve ser apreendido de forma global, unitária, sistêmica, pois só assim se alcançará o “espírito da Constituição”. O significado jurídico da Constituição não poderia ser buscado através da simples interpretação pontual ou segmentária de seus diversos dispositivos ou preceitos. A atividade interpretativa da Constituição não pode ser realizada desconectada da concretude dos fatos, já que o sentido verdadeiro da norma não é estático, absoluto, dependendo, ao contrário, da realidade vigorante em determinado tempo e lugar. MÉTODOS CONCRETISTAS Os métodos concretistas de interpretação constitucional, diferentemente dos métodos sistemáticos (jurídico e científico- espiritual), adotam um raciocínio aporético, partindo da reflexão sobre o problema a ser resolvido e não sobre o sistema normativo. Não se fala em interpretação da norma, mas em concretização, ou seja, na sua aplicação para resolver problemas concretos. São eles os seguintes: tópico-problemático (Theodor Viehweg); hermenêutico-concretizador (Konrad Hesse); normativo-estruturante (Friedrich Müller); e método concretista da Constituição aberta (Peter Häberle). MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO - Theodor Viehweg - O método tópico-problemático não está centrado na norma ou no sistema jurídico, mas no problema. É um procedimento em que se busca construir a melhor solução para o problema, realizando a justiça do caso concreto. Recorre-se a argumentos (os topoi) extraídos dos termos expressos dos textos legais, mas também de fatos relevantes, da realidade social, dos valores, dos princípios gerais do Direito, de decisões judiciais, crenças e opiniões comuns, tendo como função intervir, em caráter auxiliar, na discussão em torno de um problema concreto a ser resolvido. MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO -Theodor Viehweg – Enquanto os demais métodos hermenêuticos adotam o modelo dedutivo, partindo da norma em direção ao problema, o pensamento tópico-problemático trilha em sentido oposto, ou seja, do particular (problema) para o geral (norma), adotando o modelo indutivo. A tópica considera o problema em primazia sobre a norma. A solução do problema apresentado se torna o objetivo central do intérprete, cujo compromisso com o sistema jurídico deixa de ser absoluto. MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO - Theodor Viehweg - A Constituição é concebida como um sistema aberto de princípios e regras a serem selecionados pelo intérprete segundo critérios de conveniência e oportunidade para alcançar a solução mais justa para o problema concreto a ser enfrentado. É uma TEORIA DE ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA EM TORNO DO PROBLEMA, que será solucionado pela argumentação. A tópica representa a expressão máxima da tese segundo a qual o raciocínio jurídico deve orientar-se pela solução do problema, e não pela busca de coerência interna para o sistema. Luís Roberto Barroso CASO CONCRETO NORMA MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO -Theodor Viehweg – CRÍTICA: 1. Risco de esse método conduzir a hermenêutica a um casuísmo sem limites, resultando em insegurança jurídica para os destinatários da norma, bem como a uma maior facilidade de o intérprete adotar uma norma que solucione o problema concreto da forma mais conveniente para atender seus interesses pessoais, uma vez que a coerência do sistema jurídico não é prioridade, sendo, no máximo, um topos a ser (des)considerado. 2. Potencial falta de compromisso do intérprete com a jurisprudência formada em torno daquele problema, o que compromete a coerência que se espera do sistema judicial. MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR - Konrad Hesse – A interpretação da Constituição deve considerar tanto o texto constitucional quanto a realidade em que será aplicada a norma, em um processo de concretização. Não existe interpretação desvinculada do problema concreto. A interpretação parte da concretização da norma constitucional para a solução do problema concreto. A atividade hermenêutica é provocada a partir de um problema concreto, mas, para solucioná- lo, o intérprete deve observar as possibilidades que o texto constitucional comporta. Dessa forma, o método de Hesse não autoriza a interpretação livre, baseada exclusivamente nos conceitos prévios do intérprete. MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR (Konrad Hesse) Para concretizar o conteúdo e o alcance da norma, o intérprete utiliza sua pré-compreensão (pressuposto subjetivo) sobre o enunciado positivado, influenciado pelo contexto social e histórico concreto (pressuposto objetivo). O papel do intérprete e compreender esse CONDICIONAMENTO RECÍPROCO (movimento de ir e vir – círculo hermenêutico). A principal diferença entre este método e o tópico-problemático é que PARTE-SE DA NORMA PARA O CASO CONCRETO. NORMA CASO CONCRETO MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR - Konrad Hesse – Críticas: As críticas ao método hermenêutico-concretizador, assim como aos demais métodos concretistas, dizem respeito ao fato de se levar com consideração circunstâncias do problema concreto na atividade interpretativa da Constituição, comprometendo a força normativa e a unidade do ordenamento constitucional. Para Ernest-Wolfgang Böckenförde, o método hermenêutico- concretizador apresenta uma grave falha metodológica por não delimitar um critério objetivo, claro e vinculante para que o intérprete esteja efetivamente limitado pelas possibilidades semânticas do texto constitucional. Assuntos da próxima aula: AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO.
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