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DIREITO DO TRABALHO I 2º ESTÁGIO

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DIREITO DO TRABALHO I – 2º ESTÁGIO
ALUNA: CARLA CRISTINA V. DE FIGUEIREDO. 
1) Relação de Trabalho x Relação de Emprego; 
	As relações de trabalho e de emprego diferenciam-se no mundo jurídico, especialmente, em função da legislação aplicável e, consequentemente, pela intenção do legislador na forma de tutelar o “trabalho”. Nesse sentido, infere-se que a relação de trabalho, mais genérica, abrange todos os vínculos jurídicos caracterizados por objetivarem um labor humano. Já a relação de emprego é um tipo de jurídico especifico dentre aqueles abrangidos pela relação de trabalho. Em síntese, a primeira é o gênero do qual a segunda é a espécie. Em se tratando de relações de emprego, as normas aplicáveis são aquelas constantes na CLT e na legislação complementar.
	Pontua-se que para haver a relação de emprego faz-se necessário que o trabalho seja realizado por pessoa física, bem como que a prestação do serviço seja desenvolvida com pessoalidade (sempre o mesmo trabalhador), não eventualidade (continuidade da prestação do serviço), onerosidade (deve haver uma contraprestação) e subordinação (estar submetido a ordens).
	A subordinação está ligado a sujeição do empregador ao seu empregador quanto ao modo da realização do serviço para o qual foi contratado. Ele fica submisso ao poder empregatício, que consiste no poder diretivo, disciplinar, fiscalizatório e regulamentar.
	A não eventualidade ou habitualidade diz que o trabalho desempenhado na relação de emprego deve ser habitual, ou seja, deve haver uma previsão de repetição da atividade. Com isso, podemos observar que não há a necessidade que o trabalho seja desempenhado dia após dia, desde que haja a previsão de receptibilidade futura.
	A onerosidade diz respeito a contraprestação pecuniária devida pelo empregador ao empregado por seus serviços desempenhados. Um serviço prestado a título gratuito jamais poderia configurar uma relação de emprego, mas sim de trabalho.
	No tocante a pessoalidade, as atividades devem ser prestadas unicamente pelo obreiro, tendo em vista que foi contratado por suas habilidades técnicas, não podendo ser substituído por outrem, exceto em caráter esporádico com a anuência do empregador em situações como de férias do empregado, caso de doença, entre outros admissíveis.
	Já a relação de trabalho é a relação jurídica por meio do qual há uma prestação através de uma obrigação de fazer. É gênero, envolvendo toda e qualquer modalidade de trabalho humano, da qual são espécies a relação de emprego, o trabalho avulso, eventual, autônomo, voluntário, cooperativado, institucional e a relação de trabalho de estágio.
2) Contrato Individual de Trabalho 
	Contrato Individual é o acordo tácito ou expresso, verbal ou escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente, que corresponde a uma relação de emprego, que pode ser objeto de livre estipulação dos interessados em tudo quanto não contravenha as disposições de proteção do trabalho, às convenções coletivas que lhe seja aplicável e as decisões de autoridades competentes.
	Caracteriza-se toda vez que uma pessoa física prestar serviço não eventual a outra pessoa física ou jurídica, mediante subordinação hierárquica e pagamento de uma contraprestação denominada salário.(CLT, arts. 442 e 443, caput).
Contrato por prazo Indeterminado
	Este é um contrato comum que não existe período pré-definido e decorrente, normalmente, da vigência de um contrato de experiência que não houve a dispensa por parte do empregador, nem o desejo de pedir demissão por parte do empregado, convertendo-se em contrato por tempo indeterminado.
Contrato por prazo Determinado
	O contrato por prazo determinado é um contrato normal, porém com o período definido de início e término.
	A Lei 9.601/98 instituiu o contrato por prazo determinado com duração máxima de dois anos, exclusivamente para atividade de natureza transitória.
Duração: no máximo de dois anos.
Prorrogação: Só poderá ser prorrogado uma vez, e no máximo para dois anos, se ultrapassar o prazo de dois anos o contrato passará a ser contrato por prazo indeterminado.
Intervalo para o novo contrato: Mínimo de 6 meses para ser renovado o contrato.
Rescisão - Art. 479 da CLT: Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, a metade, da remuneração a que teria direito até o término do contrato.
	Art. 480 da CLT: Havendo termo estipulado, o empregado não poderá se desligar do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que deste fato lhe resultarem.
OBS: O Contrato Individual de Trabalho precisa ser registrado na Carteira de Trabalho e Previdência Social, sendo obrigatória para o exercício de qualquer relação de emprego. 
	Art. 13 da CLT - A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada.
	Art. 29 - A Carteira do Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48 horas para anotar, especificadamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
	§ 1º - As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta.
- O empregador não pode anotar na Carteira de Trabalho anotações desabonadoras acerca da conduta do trabalhador; (§4º). 
- Nas anotações da Carteira devem constar: data de admissão do empregado, remuneração e alguma condição especial, se houver. Só poderá ser anotado na CTPS, aquilo que está previsto em lei. 
- Obrigatoriamente as anotações serão feitas: na data base; a qualquer tempo, por solicitação do trabalho; no caso de rescisão contratual; além de necessidade de comprovação perante a previdência. (§2º). 
	Art. 442-A - Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade.
	Art. 442-B - A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação.
3) Contrato de Experiência 
	O contrato de experiência é o contrato de trabalho mais comum adotado no início da prestação laboral de um novo trabalhador. Para o empregador (patrão) é importantíssimo entender que essa modalidade contratual conta com regras específicas que, se não forem atendidas, descaracterizam o contrato de experiência e passam a considerar o contrato como sendo por tempo indeterminado. 
	No contrato de experiência, assim como acontece no contrato individual de trabalho, o empregador tem o prazo de 48 horas para anotar na CTPS do empregado e devolvê-la. A CLT nada fala a respeito do prazo mínimo do contrato, a limitação que a lei impõe é quanto ao prazo máximo, que não poderá exceder 90 dias, sob pena de vir a se tornar um contrato indeterminado. O prazo do contrato de experiência deve ser contado em dias, e não em meses. Portanto, não se pode dizer que são 3 meses o prazo máximo, mas sim 90 dias.
	A legislação trabalhista permite a prorrogação do contrato de experiência por uma única vez, a teor do artigo 451 da CLT. Significa dizer que, em acordo com as disposições acerca do prazo do contrato de experiência, as partes podem firmar um contrato de 30 dias e prorrogá-lo, posteriormente, por até 60 dias, desde que respeite o limite de 90 dias totais. Se o contrato for de 45 dias inicialmente, poderá ser prorrogado por até 45 dias (total de 90 dias).
- Verbas rescisórias- Saldo de salário; 13º salário proporcional; Férias proporcionais + 1/3; Recolhimento do FGTS (com direito ao saque); Outros direitos (salário-família, adicional noturno, comissões, gratificações, horas extras, adicionais de periculosidade e insalubridade e bem como direitos decorrentes de instrumentos normativos – convenção ou acordo coletivo de trabalho).
	
4) LEI COMPLEMENTAR 11.788/2008 – ESTÁGIO 
	Art. 1º - Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. 
	Art. 2º - O estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório (...) 
§1º - Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.
§ 2º - Estágio não obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória.
	Art. 3º - O estágio não cria vinculo empregatício de qualquer natureza, de modo que deverão ser observados alguns requisitos como: matrícula e frequência do educando; celebração do termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino, além de compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso; 
- O estágio, seja ele obrigatório ou não obrigatório deverá ser supervisionada, de modo que deverá constar no termo de compromisso, o nome do supervisor concedente. Dessa forma, o descumprimento de qualquer desses requisitos caracteriza vínculo de emprego. 
- Obrigações das partes do Termo de Compromisso; 
Da Instituição de Ensino; 
- Celebrar termo de compromisso com o educando e a parte concedente do estágio; 
- Indicar professor orientador; 
- Exigir do educando um relatório de atividades em prazo não superior a 6 meses; 
- Comunicar à parte concedente do estágio, inicio do período letivo, as datas de realização das atividades escolares ou acadêmicas; 
Da Parte Concedente do Estágio; 
- Celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando; 
- Ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, profissional; 
- Indicar funcionário de seu quadro pessoal, com experiência na área para supervisionar até 10 estagiários simultaneamente; 
- Contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais; 
- Manter a disposição da fiscalização, documentos que comprovem a relação de estágio; 
- Enviar a instituição de ensino com periodicidade mínima de 06 meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário. 
OBS: No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela contratação do seguro de pessoal, poderá, alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino.
Do Estagiário
	Art. 10. A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar: 
	I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos; 
	II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular.
- O estágio relativo a cursos que sejam semipresenciais, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de atividades de 40 horas semanais. 
- Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas, nos períodos de avaliação, a carga horária será reduzida pelo menos à metade, sendo estipulado no termo de compromisso. 
- A duração do estágio não poderá exceder 2 anos, exceto quando se tratar do estagiário portador de deficiência; 
- O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio transporte, no caso de o estágio não ser obrigatório. 
Art. 13 – É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha durado período igual ou superior a 1 ano, um período de recesso de 30 dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. 
Art. 15 §1º - A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade ficará impedida de receber estagiários por 02 anos contados da data de decisão definitiva do processo administrativo. 
5) LEI COMPLEMENTAR Nº 150/2015 – TRAB. DOMÉSTICO 
	Esta lei dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico 
Art. 1º - Empregado doméstico é aquele que presta serviços: de forma contínua; subordinada; onerosa; pessoas; com finalidade não lucrativa; no âmbito residencial; por mais de 02 dias por semana (03 ou mais dias). 
OBS: Não pode haver finalidade lucrativa com o trabalho doméstico. Portanto, se o empregador começa a vender bolos feitos por sua empregada, esta deixa de ser trabalhadora domestica, e passa a ser uma trabalhadora urbana. 
- A lei proíbe trabalho para menores de 18 anos, conforme já sinalizava a Convenção da OIT ratificada para o Brasil; 
Art. 2º - Jornada de Trabalho igual a dos trabalhadores urbanos e rurais, no máximo 08 horas diárias e 44 semanais. 
- Hora extra com adicional de no mínimo 50% sobre o valor da hora normal. Além disso, para permitir o cálculo do valor salário-horas, ficou definido divisor de 220 horas, se o empregado laborar 44 horas semanais. 
Vejamos: 
SALÁRIO: R$ 1.100,00 (44H/S) 
HORA: R$5,00 = 1.100,00/220 = R$5,00 
HORA EXTRA: 5,00 + 50% = R$7,50 
- Para que as horas extras possam ser compensadas no caso do trabalhador domestico, requer um acordo escrito entre empregador e empregado; 
- Para os domésticos, nem todas as horas extras prestadas podem ser destinadas à compensação ao longo de 01 ano. As primeiras 40 horas extras do mês deverão ser pagas como tal ou compensadas ao longo do próprio mês. Somente a partir da 41ª hora extra do mês é que poderá se destinar à compensação em até 01 ano. 
Até a 40ª hora extra Emp, paga ou Compensa dentro do próp. mês
A partir da 41ª h. extra Emp. paga ou Compensa ao longo de um ano
Art. 3º - Contratação do empregado em tempo parcial, sendo de no máximo, 25 horas semanais, com salário proporcional a quantidade de horas trabalhadas. 
- Pode ter hora extra de no máximo 01 hora diária; 
- No regime de tempo parcial, após cada período de 12 meses de vigência, o empregado terá direito a férias proporcionais a duração do trabalho; 
Art. 4º - Celebração do Contrato por prazo determinado
a) contrato de experiência (máx. 90 dias); 
b) necessidade familiar transitória (máx. 02 anos); 
c) substituição do tempo de empregado doméstico com contrato interrompido ou suspenso (máx. 02 anos). 
Art. 10º - Poderá ser estabelecida, mediante acordo escrito, jornada de 12x36horas, conferindo flexibilidade às relações de trabalho doméstico.
Art. 11º - Em relação ao empregado responsável por acompanhar o empregador prestando serviços em viagens, serão consideradas apenas as horas efetivamente trabalhadas. 
§2º - A remuneração-hora do serviço em viagem será no mínimo 25% superior ao valor do salário-hora normal. 
Art. 13 – A regra geral para concessão do intervalo intrajornada para os trabalhadores domésticos é de, no mínimo 1 hora e, no máximo, 2, sem vinculação à jornada do trabalhador. 
- Porém, a LC admite que o horário de almoço seja reduzido para 30 min, desde que sejam liberados do trabalho também 30min mais cedo.
- Para os empregados que residem no local de trabalho, poderá haver os fracionamentos em dois períodos. 	
Art. 14 – Considera-se noturnoo trabalho realizado entre as 22 horas de um dia às 05 horas do dia seguinte
- A hora noturna possui 52 minutos e 30 segundos; 
- Remuneração com acréscimo de no mínimo 20% sobre o valor da hora diurna; 
- Entre 02 jornadas de trabalho deve haver um período mínimo de 11 horas e um descanso semanal remunerado de no mínimo 24 horas consecutivas; 
- Férias: 30 dias no mínimo + 1/3 do salário normal a cada 01 ano de serviços prestados;
- O período de férias poderá ser fracionado em 02 períodos, a critério do empregador, sendo 01 deles de, no mínimo 14 dias corridos. 
- É vedado ao empregador efetuar descontos no salário do empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, moradia, bem como despesas com transporte, hospedagem e alimentação em caso de acompanhamento em viagem; 
- O empregador só pode efetuar descontos nos casos de plano de assistência médico-hospitalar e odontológico, seguros de vida, previdência privada ou se o empregado residir em local diverso de onde presta o serviço, de modo que a residência seja de propriedade do empregado. De qualquer modo, os descontos não poderão ultrapassar 20% do salário do empregado

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