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O PENSAMENTO POLÍTICO NA IDADE MÉDIA SESSÃO 3 OLIVEIRA, Carlos Eduardo de. Filosofia política e idade média: conhecimento, vontade e bem comum como fundamentos da política medieval. In: Manual de filosofia política: para os cursos de teoria do estado e ciência política. Flamarion Calderia Ramos, Rúrion Melo, Yara Frateschi (orgs). São Paulo, Saraiva, 2012, pp. 43-67. SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú. In: Os clássicos da política, 1/ Francisco C. Weffort (org.). São Paulo, Ática, 2006, pp. 11-24. AGOSTINHO DE HIPONA (354-430) AGOSTINHO DE HIPONA (354-430) -Vida e obra; - “A Cidade de Deus” -Aqueles que vivem segundo o homem x aqueles que vivem segundo Deus -”Estas duas cidades estão misturadas e atreladas entre si neste século, até que sejam separadas pelo juízo final” -Definição de povo: “o conjunto da multidão de seres racionais associado pela concordância comum das coisas que ama” -Novo conceito de história: ela tem um princípio e um fim. TOMÁS DE AQUINO (1224-1274) TOMÁS DE AQUINO (1224-1274) -Forte influência de Aristóteles; -Fala humana – capacidade de se comunicar com outro homem – o homem só é capaz de se comunicar quando vive em comunidade -A política é o resultado de um ajuste promovido entre a natureza, o intelecto e a vontade humana: seu objeto é o estudo racional da cidade, o tipo ideal de todas as comunidades humanas; -Propiciar a vida segundo a virtude é exatamente a tarefa do governante: governar não é senão “conduzir o que é governado para o fim que lhe é adequado”; -O único homem capaz de assumir tal governo é aquele que não é apenas homem, mas é também Deus: Jesus Cristo. O Vigário de Cristo é o Papa. TOMÁS DE AQUINO (1224-1274) -Distinção entre o poder temporal e o poder espiritual, com subordinação do primeiro ao segundo; -Na medida em que está encarregado do cuidado do fim último de toda vida humana, cabe por direito ao papa também o poder sobre todos os bens intermediários; -A teoria do direito: a lei eterna, a lei natural, a lei humana e a lei divina. -A lei eterna é o plano racional de Deus, a ordem do universo; -A parte conhecida desta lei constitui a lei natural, cuja essência pode se reduzir à seguinte máxima: “deve-se fazer o bem e evitar o mal”; -Ligada à lei natural está a lei humana, isto é, o direito positivo; TOMÁS DE AQUINO (1224-1274) -A possibilidade de uma lei humana contradizer a lei natural: se uma lei positiva estivesse em desacordo com a lei natural, então ela “não seria mais uma lei, mas uma corrupção da lei”; -Justificação da rebelião contra o tirano; -A lei divina é a lei revelada, a lei positiva de Deus que é encontrada no Evangelho e preenche as lacunas e imperfeições das leis humanas. GUILHERME DE OCKHAM (1288-1347) GUILHERME DE OCKHAM (1288-1347) -O auge do poder papal; -A “querela sobre a pobreza evangélica”; -Os franciscanos: obediência, castidade e pobreza; -Carta aos Frades Menores: A oposição ao poder papal; -A unção, consagração e coroação feitas para o rei por meio de um eclesiástico não seria capaz de conferir ao imperador nenhum poder temporal, já que o poder do imperador ou do rei provém, em última instância, do povo. Assim, Ockham propõe a vontade do povo como a base da instituição do governo temporal; -A autonomia do poder civil em relação ao poder espiritual; GUILHERME DE OCKHAM (1288-1347) -O papa deve servir, não dominar. Não é o papa, nem o Concílio, e sim a Igreja, como comunidade livre de fiéis, que, no curso de sua tradição histórica, sanciona as verdades que constituem sua vida e fundamento. A teocracia e a aristocracia não têm lugar na igreja; -O núcleo em torno do qual gira a política ockhamiana está na vontade; vontade do povo de decidir escolher para si um rei, vontade do rei que escolhe que tipo de organização será a melhor para seu reino; -A acentuação do indivíduo leva ao nascimento do direito subjetivo e, portanto, á noção moderna de liberdade individual e de sua autonomia, tendo por resultado o nascimento da ciência do direito civil, como também do direito eclesiástico; GUILHERME DE OCKHAM (1288-1347) -O papa deve servir, não dominar. Não é o papa, nem o Concílio, e sim a Igreja, como -Em 1339, a leitura de Ockham é proibida em Paris, mas suas teses seguem curso através da história, até João Wyclif (1328-1384) e João Huss (1369-1415); -Em Ockham, a política encontra seus limites, uma vez que já não pode mais contar com a religião nem com a natureza como bases de seus fundamentos. Destituída de suas bases, a vontade precisa buscar em si mesma a legitimidade do bem querido. Abrem-se, enfim, as portas para a modernidade. NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) -Realismo político; -Problema central: como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos; -A ordem deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie; -O poder político nasce da “malignidade” que é intrínseca à natureza humana. O poder é a única possibilidade de enfrentar o conflito, ainda que qualquer forma de “domesticação” seja precária e transitória; -A presença inevitável, em todas as sociedades, de duas forças opostas: uma das forças quer dominar, a outra não quer ser dominada; NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) -O problema político é então encontrar mecanismos que imponham a estabilidade das relações, que sustentem uma determinada correlação de forças; -Duas respostas à anarquia decorrente da natureza humana e do confronto entre os grupos sociais: o Principado e a República; -Virtú x fortuna; -O poder se funda na força mas é necessário virtú para se manter no poder; -Um governante virtuoso procurará criar instituições que “facilitem” o domínio; NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) - “Daí é necessário que um príncipe, desejoso de conservar-se, aprenda os meios de poder não ser bom e a fazer ou não uso disso, conforme as necessidades” (O príncipe, cap. XV); -O ideal para um príncipe seria o de ser ao mesmo tempo amado e temido. Mas essas duas coisas são muito difíceis de serem conciliadas e, assim, o príncipe deve fazer a escolha mais funcional para o governo eficaz do Estado; NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) -Não tema pois o príncipe que deseje se manter no poder “incorrer no opróbrio dos defeitos mencionados, se tal for indispensável para salvar o Estado” (O príncipe, cap. XV); -Um príncipe sábio deve guiar-se pela necessidade e ter a sabedoria de agir conforme as circunstâncias. Devendo, contudo, aparentar possuir as qualidades valorizadas pelos governados; -Quer como homem, quer como leão (para amedrontar os lobos), quer como raposa (para conhecer os lobos), o que conta é “o triunfo das dificuldades e a manutenção do Estado. Os meios para isso nunca deixarão de ser julgados honrosos, e todos os aplaudirão” (O príncipe, cap. XVIII); -A política tem uma ética e uma lógica próprias.
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