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Aula 2 A realidade midiática brasileira no contexto colonial

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A realidade midiática brasileira no contexto colonial até 1808, antes da 
Imprensa Real 
 
Sodré (1999), aborda a impressão brasileira no período colonial, inicialmente, 
apresentando o Livro como mídia impressa concebida como pecado, sujeito três 
censuras: 
Episcopal, Inquisição e a Régia. 
Por isso, o livro era tão raro, ou melhor, era tão nocivo, afinal pessoas com 
bibliotecas em suas casas sem a devida autorização competente era ilegal. 
Assim, os livros existiam só nos mosteiros e colégios, e não nas casas 
particulares. 
 
Os sermões dos padres eram grandes eventos comunicacionais, antes da 
imprensa. Eles, que detinham o poder da leitura e interpretação dos Livros 
Sagrados, podiam falar da Bíblia contextualizadamente, agregando informações 
relevantes e novidades vindas da Corte e de outros países, a partir dos púlpitos 
das Igrejas. 
Merecem destaque os Sermões de Padre Antônio Vieira (1608-97), jesuíta que 
veio ao Brasil com o objetivo de não apenas evangelizar, mas de formar um povo 
através da educação. A educação jesuíta foi de grande expressão em todo o país, 
incentivando à arte e ao letramento. Seus colégios eram grandes centros de 
cultura no Brasil colonial, formavam indígenas a grandes literatos da época, 
como Gregório de Matos Guerra (1636-95), o Boca do Inferno como foi 
conhecido, por ser o maior poeta barroco com estilo satírico dos seus textos. 
A propósito, quando estudamos a comunicação no Brasil Colônia, a literatura é 
uma das peças fundamentais, pois foi através dela que as pessoas passaram a 
ser informadas, seja no período Barroco, seja no Arcadismo mineiro. 
 
Sociedades secretas, como a Marçonaria, movimentos intelectuais e religiosos 
contrários à monarquia tornaram-se palco de grandes debates, onde circulavam 
notícias sobre as revoluções mundo afora (Revolução Francesa e Americana) e se 
ensaiavam manifestos na colônia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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- Iniciativas isoladas da impressão gráfica 
Em 1706, instalou-se em Recife uma tipografia para impressão de letras de 
câmbio e orações devotas, mas a Carta Régia do mesmo ano extinguiu o 
empreendimento. A decisão aconteceu sem quaisquer insurreições. 
Em 1746, no Rio de Janeiro, houve nova tentativa de impressão, com maquinário 
trazido de Lisboa pelo impressor português Antonio Isidoro da Fonseca. A oficina 
tipográfica chegou inclusive a imprimir alguns trabalhos, como Relação de 
Entrada, do bispo Antônio Desterro, mas a repressão foi severa por parte da 
metrópole: “mandou a Corte aboli-la e queimá-la, para não propagar idéias que 
podiam se contrárias aos interesses do Estado” (Apontamentos Históricos de 
Moreira de Azevedo, 1881). Como justificativa a mais dessa reação da Coroa, 
podemos continuar a citação de Azevedo, “não convinha a Portugal que houvesse 
civilização no Brasil (...) não queria arrancá-la das trevas da ignorância”. 
 
A imprensa brasileira surgiria, finalmente, sob a proteção oficial, ou melhor, 
iniciativa oficial, com a vinda da Corte de Dom João, trazendo no porão da 
Medusa (navio) o material específico para montar uma oficina tipográfica e 
fotográfica

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