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Aluno: Jennifer Souza Gomes Boente Turma: 3026 O Movimento do Direito Livre O movimento para o Direito livre iniciou-se na Alemanha, por volta de 1903, seu marco inicial foi uma conferência apresentada por Eugen Ehrlich. O tema abordado era a luta pela ciência do Direito, outro teórico com grande contribuição para o movimento estudado em tela foi Herman Kantorowicz, este elaborou um manifesto no qual defendia o movimento em estudo. É importante esclarecer que esta escola não se trata de uma teoria precisa, oriunda de um grupo específico de pensadores. Larenz defendia que: “cada decisão judicial não se tratava apenas da aplicação de uma norma já pronta, mas também uma atividade criadora de direito.” O que se tira desse pensamento é algo extremamente contemporâneo, tendo em vista que uma das fontes integradoras que nosso ordenamento prevê é a jurisprudência. Ou, como o ex-ministro Eros Grau afirma, a norma só passa a existir após a atividade do intérprete – nesse caso o juiz - antes disso não passa de uma prescrição normativa. Outro ponto é o entendimento do papel do juiz neste movimento. O compromisso que o magistrado teria seria com a justiça frente à sociedade, mesmo que para isso as leis fossem ignoradas. Os fatos concretos em analise seriam seu norteador levando em consideração o senso de justiça para as tomadas de decisões. O contexto histórico do movimento surge como uma reação contra ao positivismo extremado da escola de exegese e a orientação doutrinal clássica que delimitava muito os poderes do aplicador das leis, estando ele fadado a sempre obedecer a norma. Nesta mesma época era forte o entendimento acerca do Direito da sociedade, no qual era constituída pela instituição do matrimônio, família, posse, contrato e sucessão. Dentro deste entendimento o Direito da sociedade prevalecia sobre o Direito legislado considerando-se que o primeiro era anterior a este. Um dos pontos mais defendidos pela escola do Direito livre é que o direito legislado é lacunoso desde o momento de sua criação. A única maneira de se suprir e consequentemente resolver esse problema seria por meio da liberdade na hora de decidir, liberdade esta que seria dada ao juiz. Um breve exemplo do tipo de decisões proferidas pelo supramencionado magistrado seria o caso Louise Menard. Louise Menard, ré confessa, foi presa por furto de um pão. O juiz após analisar o caso proferiu sentença absolvendo a ré. Ele entendeu que ela por ser mãe de um garoto de 2 anos e está procurando emprego sem obter êxito não deveria ser condenada. O entendimento do magistrado foi que uma sociedade organizada deveria ter solução para alguém que não pode dar de comer ao seu filho. Ele fez uso do artigo 64 do CP francês no qual fala em insanidade mental ou coação irresistível – vemos aqui que nada tem a ver com o caso –, não existia previsão para o crime de furto famélico na legislação francesa. Outra característica marcante neste movimento é a importância do fato social. Para esta escola a “verdade do Direito” está na sociedade, não escrita num pedaço de papel. O entendimento é que o ordenamento jurídico não deve estar vinculado ao Estado. Este precisa ser legitimado pela sociedade e ser constituído de convicções numa relação simbiótica de tempo e espaço. Com essa abordagem é possível notar outro tema extremamente contemporâneo, a questão da necessidade de uma constante adequação do Direito aos novos fatos que surgem com a evolução da sociedade.
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