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NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Prof. Adriano Augusto Placidino Gonçalves
Graduado pela Faculdade de Direito da Alta Paulista – FADAP.
Advogado regularmente inscrito na OAB/SP
DEFINIÇÃO. HISTÓRICO. DOUTRINA. 
O termo “Criminalística”, usado pela primeira vez no livro “Manual do Juiz de Instrução” de Hans Gross, lançado em fins do 
século passado, no sentido de reunir os conhecimentos técnico - científicos que todos os juízes policiais e outros agentes do mundo 
jurídico deveriam conhecer, para facilitar as suas ações em prol da justiça criminal, em toda sua complexidade, compreende o estudo 
concreto dos vestígios materiais do crime, objeto da Técnica Policial - como também, o exame dos indícios abstratos, psicológico 
do criminoso.
Magiora, em sue Direito Penal, faz referência ao termo Polícia Cientifica, e Reroud ao termo Polícia Técnica, com o mesmo 
sentido de Criminalística.
Edmond Locard, um dos pioneiros da criminalística na França no seu “Traité de Criminalistique” considera a Polícia Científica 
apenas como um aspecto da criminalística. Apaixonado pelos problemas dos criminosos habituais e dos indícios deixados pelos 
delinquentes nos locais de crime, Locard passou a estudar inúmeras obras de criminologia e fez contatos com peritos renomados na 
época. Viajou por diversos países europeus, à busca de novas técnicas de investigação criminal, as quais, desde logo, divulgou atra-
vés de conferências e publicações. Tornou-se discípulo de Rudolph Archibald Reiss, mestre famoso e criador do Instituto de Polícia 
Científica da Universidade de Luusanne, Foi aluno de Alphonse Bertillon, insigne criador da chamada “Fotografia Sinalética” e do 
“Sistema Antropométrico de Identificação”, conhecido como “Bertillonage” e que se irradiou para o mundo, a partir do Serviço da 
Identidade Judiciária da Prefeitura de Polícia de Paris.
Com o objetivo de por em prática tudo o que aprendera, Locard procurou o Chefe de Polícia Regional de Lyon, Henry Cacaud, 
solicitando a sua ajuda, para que pudesse organizar um serviço que contasse com uma equipe permanente de cientistas e técnicos, que 
empregassem todos os recursos de sua sabedoria em busca de meios para detectar o crime. Cacaud convenceu-se dos seus argumentos 
e deu-lhe uma oportunidade, cedendo-lhe duas pequenas peças de sótão, sob as beiras do telhado do Palácio da Justiça. Foi assim que 
a 10 de janeiro de 1910, realizava-se o sonho de Locard, com a criação do “Laboratório Científico da Polícia” de Lyon, o primeiro do 
gênero em todo o mundo. Os estudos realizados por Locard sobre as impressões digitais, levaram-no a demonstrarem 1912, que os 
poros sudoríparos que se abre nas cristas papilares dos desenhos digitais, obedecem também aos postulados da “imutabilidade” e da 
“variabilidade”, criou assim a técnica microscópica de identificação papilar a que deu o nome de ‘Poroscopia”. 
No domínio da documentoscopia, Locard criou o chamado “Método Grafométrico” baseado na avaliação e comparação dos 
valores mensuráveis da escrita. Apresentou notáveis contribuições no tocante à falsificação dos documentos escritos e topográficos, 
ao grafismo da mão esquerda e à anonimografia. Interessou-se, além do mais, pela identificação dos recidivistas. As instituições de 
Polícia dos outros povos, trazem um ramo de Polícia Científica, também chamada de Criminalística ou de Polícia Técnica.
Esse ramo se identifica com os valores abrangidos pela Instituição de Polícia, porque nesse ramo o perito testemunha técnica é 
livre para agir conforme sua consciência individual. A instituição de Polícia no Brasil tentou acompanhar a mesma formulação dos 
outros povos, porém, em decorrência da cultura jurídica brasileira, produziram-se algumas originalidades tanto na própria Instituição 
de Polícia, quanto na Instituição de Criminalística. Esta também conhecida como Polícia Científica ou Polícia Técnica, como em 
outros países, adquiriu plena força de instituição social independente e soberana, assegurada pelo Direito.
A estrutura básica de um Departamento de Polícia Técnica compreende o Instituto de Criminalística, Instituto Médico Legal, 
Instituto de Identificação e o Laboratório. Cada um destes Institutos é encarregado de investigação de crimes do ponto de vista 
técnico-científico. A evolução tecnológica ocorrida recentemente concomitante com a denominada era da informática, fez crescer 
o número de delitos e a sofisticação dos criminosos, diversificando os tipos de crimes. Neste processo evolutivo, cabe ao Estado a 
responsabilidade da prevenção dos delitos punindo os criminosos, competindo à polícia prender e a justiça julgar. Modernamente, 
surgiu uma vertente na Polícia, denominada de Polícia Técnica ou Científica cujo objetivo é produzir a prova técnica, que após exame 
e análise de casos elabora Laudos Periciais pelos quais auxiliam a Polícia e a Justiça.
Com a crescente criminalidade e a sofisticação dos delitos, os criminosos passaram a atuar também no interior do Estado optando 
por cidades de grande porte, por esta razão o Departamento de Polícia Técnica vem passando por um processo de Evolução e Moder-
nização Administrativa e num esforço planejado está utilizando a estratégia para enfrentar desafios no auxilio à Polícia e a Justiça. 
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Além da função técnica, a Polícia Técnica esta voltada também para funções sociais através da prestação dos serviços de identi-
ficação civil e criminal, produto do labor pericial, assegurando ao cidadão direitos constitucionais de caráter educativo e assistencial, 
visando assegurar com mais rapidez e segurança a justiça prolatar sentenças justas, evitando colocar inocentes na cadeia e criminosos 
nas ruas, viabilizando o conceito de Justiça Social, principalmente para classes menos assistidas. Tatuagem, marca a fogo, mutilações 
foram alguns dos métodos usados para identificar criminosos. O processo de identificação por meio de impressão digital foi feito 
inicialmente pelo britânico William Herschel e pelo escocês Henry Faulds, sendo a primeira experiência cientifica iniciada por Sir 
Francis Galton e em seguida por Edward Henry na Inglaterra e por Juan Vucetich na Argentina, criador do sistema de identificação 
datiloscópica, que leva o seu nome. Na Bahia, o serviço de identificação criminal iniciou com a criação do Gabinete de Identificação, 
anexo a Repartição Central de Polícia em 1910, desde sua criação até os dias atuais vem passando por uma série de modificações, 
procurando se atualizar dentro das necessidades das novas técnicas do mundo contemporâneo. 
A identificação procura demonstrar a importância e relevância, no aspecto da Polícia Técnica na elucidação de crimes que em 
outras épocas eram considerados de difícil solução, graças a introdução da elaboração do retrato falado como um dos meios eficaz 
de identificação. A Bahia vem nestes últimos anos atravessando um considerável desenvolvimento, através da modernização e da 
inserção de tecnologia em todos os setores da economia, principalmente com o surgimento de polos industriais tem atraído grande 
número de pessoas para as regiões onde estes polos são implantados gerando um processo acelerado de concentração urbana, assim 
é que a Secretaria da Segurança Pública numa ação administrativa é orientada por uma política social no sentido de atender as aspi-
rações sociais de orientação e assistencial.
Resumindo, podemos conceituar criminalística como o conjunto de conhecimentos que estuda o crime e as circunstâncias por 
ele produzido, tendo por finalidade produzir a prova material.
- Prova Material: conjunto de elementos necessários a elucidação do delito, sem deixar dúvidas da maneira de como ocorreu.
- Prova Pericial: É a prova material após analisada.
Inter-relação entre a Criminalística e outras ciências: A Criminalística é um sistema multidisciplinar,mantém inter-relação 
com diversas ciências tais como a física, química, biologia, medicina, odontologia, matemática, antropologia e outras, como subsídio 
na elucidação dos delitos.
Metodologia da Investigação Criminal: 
- O objetivo da investigação é a descoberta dos crimes e dos seus agentes;
- Quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato delituoso, é dever dessa autoridade verificar se esse fato integra 
alguma infração penal, para de imediato instaurar o competente inquérito; 
- Quando o fato denunciado não constituir infração penal, a investigação não pode e nem deve prosseguir; 
- Constatado que o fato é delituoso, a investigação prossegue até o esgotamento legal; 
- A investigação deve procurar e esgotar todas as circunstâncias inerentes ao fato delituoso, objeto do crime; 
- É sabido que cada crime tem uma investigação adequada, ao proceder ao recolhimento dos vestígios e indícios da atividade 
criminosa, deve ser feito com o caráter particular de cada crime, os delitos impõe normas especifica de investigação; 
- O crime é um ato humano de natureza voluntária; 
- O objeto do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual incide a ação criminosa; 
- Através do objeto do crime é que dá origem as perícias, que tem como objetivo determinar os efeitos que a atividade criminosa 
produziu.
- A ação criminosa do agente é produzida em certa data e em determinado lugar, que dependem de uma série de circunstâncias 
decisivas para averiguação total e poder levara elucidação.
- O exame do local do crime revela vestígios deixados pela própria identidade do criminoso, além de fornecer outras informações 
úteis a sua elucidação;
- O efeito do crime, também chamado de resultado, é determinado pericialmente;
- Pelos exames dos instrumentos do crime e dos vestígios pode-se determinar a identidade do criminoso;
- O “modus operandi”, ou seja, a maneira e a espécie como foi praticado o delito, são por menores que não devem ser esquecidos 
para determinar o perfil do criminoso.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Elementos comuns a todos os tipos de crime
- O agente ativo
- A vontade do agente ativo
- O agente passivo ou vitimas
- O objeto da incidência do crime
- O tempo do crime
- O lugar do crime
- O resultado do crime
- O instrumento do crime
- O motivo determinante do crime
- O fim do crime
- Agentes ativos: autores e coautores
- Conforme nossa legislação penal, só o homem, pessoa física, pode ser criminoso;
- A responsabilidade criminal recai única e exclusivamente sobre o agente do crime.
Elementos comuns a todos os tipos de crime
Vontade; Concepção; Deliberação; Decisão; Execução; Consumação.
- Vontade: ato voluntário do agente do crime praticar o delito;
- Concepção: quando o criminoso tem uma ideia que julga possível realizar;
- Deliberação: consiste em submeter os motivos a uma valorização por pesagem de vantagens;
- Decisão: acaba o conflito de tendências psíquicas, aí o individuo toma a decisão de delinquir;
- Execução: quando a vontade salta do foro intimo para o exterior, inicia-se a execução do crime, que só termina com a consumação;
- Consumação: o motivo e o fim consubstanciam o resultado desejado pelo delinquente.
Objeto do Crime: 
É a pessoa ou coisa sobre a qual incide a ação criminosa.
Através do objeto do crime é que surgem as PERÍCIAS, cuja função é determinar todos os efeitos que a ação criminosa produziu.
Assim, a CRIMINALISTICA é a ciência que analisa sistematicamente os aspectos materiais do ilícito penal, visando, numa síntese de indícios, 
elucidar o delito e dar a sua autoria. É uma ciência que tem por objetivos:
a) dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito penal; 
b) verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer a dinâmica do fenômeno;
c) indicar a autoria do delito, quando possível;
d) elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.
Princípios da Criminalística
 
Como sistema multidisciplinar a Criminalística se baseia em princípios os quais regem os procedimentos científicos no mundo 
inteiro.
Podemos dizer que leis ou princípios universais são afirmações de caráter irrevogável, aceitas em todo mundo, por todas as cultu-
ras e toda ciência. Descrevem situações em que o homem não pode modificar, pois existem desde que o universo foi criado. Por outro 
lado a própria ciência se baseia nesses princípios para estabelecer teorias e outras leis. Os cientistas têm descoberto nesses princípios, 
relações entre os procedimentos científicos e os relacionamentos humanos.
A criminalística se vale desses princípios para pautar sua metodologia de trabalho e esclarecer fatos criminais em todo mundo. 
Ademais, a criminalística se comporta dentro desses princípios, pois ela se constitui das ciências naturais.
Podemos dizer que são princípios científicos nos quais a Criminalística se baseia para a maioria de suas conclusões. Dentre eles:
a) Princípio da Identidade (A=A) - Não existem duas coisas ou fatos iguais. Cada uma com suas particularidades são diferentes. 
“Uma coisa, um corpo, um ente, só pode ser igual a si mesmo”.
 De acordo com esse princípio não existem duas coisas ou dois fenômenos iguais, e assim sendo, não acontecem dois crimes da 
mesma maneira, com os mesmos instrumentos, e nas mesmas circunstancias. Consequentemente dois crimes mesmo parecidos, não 
podem ser vistos pela mesma ótica. Não podem ser apurados da mesma forma. Podem sim, serem aplicados os mesmos métodos e as 
mesmas técnicas, mas os resultados com certeza serão diferentes.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
b) Princípio da Universalidade – As técnicas usadas em Criminalística são de conhecimento e aplicação universal.
Quer dizer que as técnicas e os métodos usados aqui no Brasil são as mesmas usadas nos outros países. E são de conhecimentos 
da comunidade científica internacional. De acordo com esse princípio, a ciência se comporta como sistema uniforme em toda co-
munidade científica. Assim, não se iludam, pois a criminalística como tal, não pode improvisar. Pode criar técnicas e métodos, mas 
deve fazer o que tem que ser feito com base nesses princípios e conhecimentos, de maneira que toda inovação deve ser testada assim 
como qualquer experimento científico. Para ter credibilidade é preciso passar pelo crivo da ciência e dos cientistas. Assim as técnicas 
usadas aqui devem ser as mesmas usadas em qualquer lugar do mundo. Num mesmo tipo de experimento, os resultados alcançados 
por um cientista devem ser os mesmos alcançados por outros cientistas. Um mesmo tipo de exame num mesmo material os resultados 
alcançados por um perito, devem ser os mesmos alcançados por outros peritos. Por isso uma boa bibliografia deve ser consultada e 
citada em todos os laudos periciais, no que diz respeito a citações menos conhecidas.
c) Princípio da Intercomunicabilidade – Ninguém entra em um local sem levar para o mesmo as marcas da sua presença e, nem 
sai sem levar sobre si, marcas deste local.
O principio da intercomunicabilidade, diz respeito a fenômenos relacionados ao dia a dia do cidadão, pois seu procedimento é 
pautado por causas e consequências. Não se faz nada sem que os vestígios fiquem gravados, impressos, tanto na pessoa que faz, como 
no local em que o ato foi praticado. É impossível isso não acontecer. Por mais que o homem tente desfazer os seus rastros, o que faz 
na verdade é produzir outros rastros. 
Diante disso tiram-se pelo menos duas conclusões no mundo da Criminalística. Primeiro que o local uma vez não protegido, não 
resguardado, perde sua originalidade, dificultando a interpretação dos vestígios originais. É a chamada violação do local do crime, que 
traz na maioria das vezes, consequências danosas ao esclarecimento dos crimes cujos vestígios originais são violados. Segundo, que 
criminalística como ciência precisa ser pautada por métodose conhecimentos específicos, ter disponíveis, tecnologias e equipamentos 
específicos e suficientes para fazer o reconhecimento e a interpretação desses vestígios. Para assim fazer sua relação do criminoso com o 
crime. Com base nesse princípio, o legislador quando estabeleceu a necessidade de preservar o local do crime o fez com muita sabedoria, 
e conhecimento de como a ciência se comporta. De como o próprio homem se comporta. Como deve se comportar a investigação para 
que a apuração do crime não leve a resultados desastrosos. 
O que podemos deduzir, esse princípio representa sem dúvida o comportamento dos fenômenos e baseado nele o diagnóstico de um, 
pode lançar luz sobre outro. Isso não significa de maneira alguma que um fenômeno seja igual a outro, mas que de um conhecimento se 
deduz outro conhecimento. Baseado em uma das afirmações do postulado, infere-se outra.
A PERÍCIA EM FACE DA LEGISLAÇÃO: 
IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA, 
RESPONSABILIDADE DO PERITO, 
EXIGÊNCIAS FORMAIS, REQUISITOS 
TÉCNICOS, DA REQUISIÇÃO DE PERÍCIA. 
IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA
 
Vamos mostrar no estudo deste tópico o quanto a perícia é importante dentro do conjunto probante, cujos fatos ficam evidentes na 
preocupação do legislador, por intermédio de dispositivos que assim ressaltam diretamente, como também pela interpretação indireta 
do que a legislação procurou assegurar. 
O artigo 157 do Código de Processo Penal - CPP diz que “o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova”. Isso nos 
mostra que o juiz deverá considerar todo o contexto das provas carreadas para o processo judicial, sendo - no entanto - livre para escolher 
aquelas que julgar convincentes. É claro que ele, em sua sentença, irá discutir o porquê de sua preferência. 
Deste modo, não há hierarquia de provas. Todas, em princípio, tem o mesmo valor probante. Todavia, o que temos observado ao 
longo de muitos anos é que a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Certamente o legislador, nesse artigo, quis asse-
gurar ao magistrado o seu livre convencimento diante do conjunto das provas, pois anteviu que, se assim não o fizesse, a prova pericial 
acabaria prevalecendo, tanto técnica quanto juridicamente, sobre as demais. E é muito simples explicar essa preferência. Ocorre que a 
prova pericial é produzida a partir de fundamentação científica, enquanto que as chamadas provas subjetivas dependem do testemunho 
ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de capacidade da pessoa em relatar determinado 
fato, até a situação de má fé, onde exista a intenção de distorcer os fatos para não se chegar à verdade. 
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Claramente o artigo 158 do CPP determina: “quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, 
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”. 
Essa determinação legal evidencia, de forma direta, a importância e a relevância que a perícia representa no contexto probatório, 
referindo-se, taxativamente, sobre a sua indispensabilidade, sob pena de nulidade de processos, conforme veremos mais adiante. 
Infelizmente, essa previsão legal deixa de ser cumprida em muitas situações, ocasionada pela falta de estrutura suficiente para 
atender a demanda, pela carência de equipamentos adequados e pelo reduzido quadro de peritos, que não conseguem realizar todos 
os exames. Também outro fator agravante é a falta de estrutura no interior da maioria dos Estados brasileiros, comprometendo a 
execução dessa tarefa. 
Além dos problemas estruturais, existem ainda os malefícios de ingerências e omissões por parte das autoridades responsáveis 
pela requisição da perícia que, não a requerendo, estão a comprometer o esclarecimento do fato delituoso. 
O cumprimento do artigo 158, independente dos motivos, deveria ser uma rotina para os Promotores de Justiça e os Magistra-
dos, quando encontrassem no processo situações em que haviam vestígios e não foram realizados os competentes exames periciais. 
Temos certeza que, se houvesse essa consciência crítica e de cumprimento de ofício dessas duas autoridades, na cobrança sistemática 
dessas omissões, as estruturas periciais estariam em estágio bem mais desenvolvido, pois o Poder Executivo sentir-se-ia pressionado 
a tomar providências. 
Inteligentemente, também está previsto no artigo 182 do CPP, que “o juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou 
rejeitá-lo, no todo ou em parte”. 
Sem dúvida, já em 1941 o legislador vislumbrou a importância da prova científica, pois mesmo prevendo no artigo 157 que o juiz 
formará sua convicção pela livre apreciação da prova, deixa claro no texto que o laudo não deverá ser apreciado como uma verdade 
absoluta. 
Mais uma vez nota-se a importância da prova científica, tamanha foi a preocupação do legislador em criar mecanismos para que 
o laudo não fosse usado exclusivamente, em detrimento de outros meios de prova. 
Nestas ressalvas do legislador, podemos entender duas preocupações básicas. Primeiro, que é importante reunirmos o maior 
número de provas possível acerca de qualquer delito, seja ela objetiva (científica) ou subjetiva (empírica), a fim de que o juiz tenha 
o maior número de informações e, com isso, formar a sua convicção com total segurança. E, segundo, a falta de estrutura dos órgãos 
periciais que - àquela época - não tinham condições de atender a todas as perícias nos mais diversos municípios de nosso país. 
Tanto é verdade essa segunda preocupação, que em 1979 uma comissão de juristas, nomeados pelo Ministro da Justiça, Doutor 
Petrônio Portela (Portaria MJ nº 680 de 11/07/79), para estudar alternativas que viessem a diminuir a violência e a criminalidade, 
constatou que em sete estados a perícia simplesmente não existia e em outros oito eram precários e sem material humano eficiente. 
Imagina-se, portanto, como deveria ser a perícia em 1941. Certamente, quase inexistente do ponto de vista estrutural. Não obs-
tante toda essa falta de estrutura, já naquela época (1941) foi reservada tamanha importância para a perícia no contexto investigatório/
processual criminal. 
A importância é tamanha que o CPP vai mais além, quando trata das NULIDADES, prevendo em seu artigo 564, inciso III, alínea 
“b”, que “a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: ... por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: ... o exame do corpo de delito 
nos crimes que deixem vestígios,...”. 
É inegável a relevância do laudo pericial para o processo criminal, demostrado por todos estes dispositivos legais. Chegar ao 
ponto de dizer que o processo criminal poderá ter atos nulos por conta da falta do laudo pericial, é ressaltar sobremaneira a sua ne-
cessidade no conjunto probante. 
Tristemente devemos constatar que, passado longo período da edição do CPP, onde tamanha importância foi reservada à perícia, 
as autoridades políticas e administrativas não souberam (ou não tiveram o interesse) em dar as condições necessárias para que os 
órgãos periciais oficiais se desenvolvessem à altura de sua importância. Em quanto já avançou a ciência nesses anos todos, ao passo 
que a perícia ficou quase paralisada, não sabendo aproveitar todo esse conhecimento científico que poderia vir a dar maiores subsídios 
à investigação policial e aos magistrados no seu livre convencimento. 
Podemos afirmar com toda a certeza que o desenvolvimento técnico-científico que a perícia atingiu nesses últimos anos, é por 
obra e iniciativa - quase exclusiva - dos seus próprios peritos, que procuram elevar cada vez mais a qualidade do mister pericial.
RESPONSABILIDADE DO PERITO 
Aos peritos oficiais ou não oficiais são exigidas obrigações de ordem legal e a ilicitude de suas atividades caracteriza-se como 
violação a um dever jurídico, algumas delas com possíveis repercussões a danos causados a terceiros. Em tese, pode-se dizer que 
os peritosna área civil são considerados auxiliares da justiça, enquanto na perícia criminal são os servidores públicos. Quanto ao 
fiel cumprimento do dever de ofício, os primeiros prestam compromissos a cada vez que são designados pelo juiz e, os segundos, o 
compromisso está implícito com a posse no cargo público, a não ser nos casos dos chamados peritos nomeados ad hoc (Alcântara, 
HR. de; França, GV; Vanrell, JP; Galvão LCC; Martin, CCS).
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Responsabilidade Civil
Em ações cíveis, os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe 
competente e segundo a especialidade na matéria, e “nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os 
requisitos dos §§ 1° e 2° do art. 145 do Código de Processo Civil, a indicação dos peritos será de livre escolha do Juiz”. Poderão 
atuar junto com os assistentes técnicos nomeados para cada uma das partes envolvidas. O regulamento processual da Perícia Cível 
encontra-se disciplinado no Capítulo V, Título IV, Seção II – artigos 145 a 147 e no Título VIII, Capítulo II, Seção VII, artigos 420 
a 439. Estabelece o artigo 145: Quando a prova do fato depende de conhecimentos técnicos ou científicos, o Juiz será assistido por 
perito. Por outro lado, a atividade do perito também está sujeita a uma ação de reparação de danos quando caracterizada a má prática, 
caso ela se afaste das regras pertinentes ao trabalho pericial (Kfouri Neto, M.).
Assim, diz o artigo 186 do Código Civil: “Aquele que, por ação ou omissão involuntária, negligência ou imprudência, violar direito 
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede, manifesta-
mente, os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Uma das obrigações do perito está 
no dever de zelar pela boa técnica e pelo aprimoramento dos conhecimentos científicos. A lei, a técnica e o conhecimento científico são 
requisitos que se impõem dentro de um mesmo grau de responsabilidade. Macena observa: “Agirá com culpa e excederá os seus limites 
o perito que não manifestar a insuficiência de conhecimentos científicos e de habilidades técnicas para exercício da atividade pericial. 
Não somente isso, mas também a experiência e o domínio da matéria, uma vez que essa atividade exige experiência profissional”.
O artigo 147 do diploma processual civil enfatiza: “O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá 
pelos prejuízos que causa à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal 
estabelecer”. A lei penal a que se refere o artigo 147 do Código de Processo Civil é a que considera como ilícito penal fazer afirmações 
inverídicas. Todavia, para que se configure a responsabilidade civil do perito, há de se observar os três requisitos fundamentais à obriga-
ção de indenizar: O dano, a culpa e o nexo. Mas é preciso que esse dano tenha sido de uma ação ou omissão voluntária (dolo), ou de ne-
gligência, imprudência ou imperícia (Culpa em sentido estrito) e que também seja aprovado o nexo de causalidade entre a culpa e o dano.
Responsabilidade Penal
Na responsabilidade penal, o interesse não é mais patrimonial ou pecuniário, mas coletivo. O interessado é a sociedade, o ato infrator 
atinge uma norma de direito público e sua consequência é uma pena. Nesta área o perito tem deveres relacionados às regras processuais 
penais de incompatibilidade, impedimentos e suspeição. Diz o Código de Processo Penal no artigo 112: “O juiz, o órgão do Ministério 
Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incom-
patibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser 
arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição”.
Os peritos, estando por força da lei sujeitos a disciplina judiciária, são obrigados a seguir formalidades. Os peritos oficiais, no pro-
cesso penal, e geral, fazem parte das instituições médico-periciais públicas, ou não oficiais, pessoas idôneas e qualificadas nomeadas 
para prestar seus serviços e cada processo em particular, também igualmente sujeitas às regras da autoridade judiciária. Toda vez que 
uma conduta do perito seja qualificada como dolosa poderá ser tipificada como crime. O Código Penal, a partir de 28 de agosto de 2001, 
em face da Lei n° 10.268/2001, alterou dispositivos do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940, como segue: Os arts. 342 e 343 
passam a vigorar com a seguinte redação.
Tipos Penais:
1) Falso testemunho ou falsa perícia
“Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou interprete e processo 
judicial, ou administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral:
Pena – reclusão, de uma a três anos, e multa.
§ 1° [1ª parte] As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno, ou [2ª parte] se cometido 
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou [3ª parte] em processo civil em que for parte entidade da 
administração pública direta ou indireta.
§ 2° O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade”.
Desta forma, o falso testemunho e a falsa perícia no processo judicial, seja no âmbito civil, administrativo, penal ou mesmo no 
inquérito policial, configuram crime. Segundo o parágrafo 2° do artigo 342, embora o falso testemunho ou perícia já esteja consuma-
do, sua punição depende de agente não se retratar ou declarar a verdade antes da sentença do processo que depõe ou foi perito. Assim, 
pode o acusado de falso testemunho ou falsa perícia se retratar até antes da sentença, ficando assim livre da punição. Por isso, pode 
o juiz receber a denúncia antes da conclusão do processo em que a verdade foi agredida pelo falso testemunho ou pela falsa perícia.
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
“HABEAS CORPUS – Processo 58483. Ementa: Retratação. Crime de falsa perícia. A retratação, admitida no crime de falsa 
perícia, é causa de extinção de punibilidade, e tem caráter exclusivamente pessoal, pois só se justifica pelo arrependimento que 
encerra e pela índole honesta que manifesta, o que faz com que a pena não mais tenha finalidade para seu autor. É, portanto, inco-
municável. Denúncia que descreve outros delitos com relação aos quais não se admite a retratação. Recurso ordinário a que se nega 
provimento. Moreira Alves”.
Três são as formas do crime de perícia falsa: fazer afirmação falsa, negar a verdade e calar a verdade. Se o perito agir por culpa, 
engano ou esquecimento prestando informações inverídicas, não incorrerá em qualquer sanção penal, pois a lei penal não reconhece 
a modalidade culposa. Assim, considera-se falsa a perícia quando o perito distorce a verdade, com o objetivo específico de favo-
recer alguém e influir sobre a decisão judicial, enganando a autoridade julgadora, ainda que não atinja o fim desejado (TJSP, RT 
507/346; STJ, RT 707/367). A simples diferença de diagnostico entre laudos médicos não leva a concluir que houve deliberada dis-
torção da verdade (TJRJ, RT 584/391). A diferença de diagnóstico entre laudos não constitui falsa perícia: STJ. H/C n° 42.727 – DF 
(2005/0046564-3).
2) Corrupção ativa
Artigo 343 c/c 333 - Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou 
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena – 
reclusão, de três a quatro anos e multa. Parágrafo único. As penasaumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com 
o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração 
pública direta ou indireta. Nesta condição considera-se conduta incriminadora dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem a 
perito para fazer afirmação falsa.
3) Exploração de prestígio
Artigo 357 – Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério 
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único – As penas aumentam-se de um terço se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a 
qualquer das pessoas referidas neste artigo.
Tratando-se de funcionário público, em geral, aplica-se o artigo 332. No tráfico de influência o “elemento subjetivo é a vontade de 
obter vantagem ou promessa desta, sabendo que não tem prestígio para influir no funcionário ou que este não é acessível suborno (TJSP, 
RT 519/319)”.
4) Extravio de documento
Em casos de extravio de processo ou de qualquer outro documento sob sua guarda será o perito responsabilizado pela reorganização 
do mesmo, pelos custos, pelos atrasos do processo e pelo prejuízo às partes. As partes, inclusive, poderão processá-lo por danos materiais 
e morais que porventura vier a acarretar. Sob a ótica penal:
“Artigo 314 – Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem guarda em razão do cargo; sonega-lo ou inutiliza-lo, total 
ou parcialmente: Pena – reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.”
5) Prevaricação
Prevaricar, de acordo com o artigo 319 do Código Penal, é “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa”. 
Este crime atinge o perito na qualidade de funcionário público. E de acordo com o artigo 327 do Código de Processo Penal “considera-se 
funcionário público, para efeitos penais, cargo, emprego ou função pública”.
6) Violação do segredo na prática da perícia
O artigo 154 do Código Penal afirma: “Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministé-
rio, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena – detenção de 3 meses a 1 ano ou multa”. No exercício da 
medicina o médico pode revelar o segredo a pedido do paciente, por legal ou por justa causa. A infração de quebra do sigilo profissional 
é sempre por dolo, ou seja, quando o agente divulga conscientemente uma confidência e quando ele sabe que está agindo de forma con-
traria à norma. Nunca por culpa, pois nesta faltariam os elementos necessários para sua caracterização. Assim, por exemplo, a perda de 
um envelope contendo resultados de exames de um paciente, possibilitando alguém conhecer sobre sua doença, não caracteriza o crime 
de divulgação do segredo. O mesmo se diga quando o rompimento do sigilo ocorre por coação física ou moral.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
A perícia médica, quando da realização dos exames em juntas oficiais e por interesse administrativo, no tocante ao segredo está 
regulada pelo artigo 205, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que assim estatui: “o atestado e o laudo de junta médica não se 
referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por acidentes em serviço, doença profissional ou 
qualquer das doenças especificadas no artigo 186, parágrafo 1º”. No entanto estas regras não se aplicam à perícia criminal porque o 
perito está sempre obrigado a dizer a verdade.
EXIGÊNCIAS FORMAIS 
O artigo 112 do CPP trata das incompatibilidades e impedimentos legais que os peritos devem declarar nos autos do processo, 
quando for o caso. 
Nestes termos: O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes 
abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a 
abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção 
de suspeição. 
Vejam que os peritos devem cumprir estas exigências desde a fase de execução no âmbito dos Institutos de Criminalísticas, no 
momento que recebem a determinação de seu Diretor para realizar alguma perícia. 
Os artigos 275 ao 280 tratam de formalidades aplicáveis aos peritos e intérpretes, destacando-se os principais a seguir.
Art. 275. O perito, ainda que não oficial, estará sujeito á disciplina judiciária. 
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. 
Como se vê claramente no artigo 275, apesar dos peritos, através dos Institutos de Criminalística - na sua grande maioria, ainda 
estarem administrativamente vinculados aos organismos policiais, são antes de tudo regidos por dispositivos inerentes aos juízes e 
demais auxiliares da justiça. 
O exercício da função pericial é regido por estatutos judiciais e não policiais. É errado, portanto, a vinculação dos órgãos peri-
ciais às estruturas policiais. É sabido que o exercício da função pericial começa simultaneamente na fase policial de investigação dos 
delitos, todavia estende-se até o processo judicial, seu destino final e principal. 
Portanto, do ponto de vista legal, é necessário que os órgãos periciais tenham estrutura administrativa autônoma, a fim de que 
possam atender a todos os segmentos que dela necessitam, conforme determina o próprio Código, quais sejam: a Polícia Judiciária, 
o Ministério Público e a Justiça, além das partes envolvidas no processo. 
Nota-se, ainda, uma preocupação relevante com o perito não oficial, o chamado perito “ad hoc”, perfeitamente compreensível 
para aquela época, pois certamente o número de Institutos de Criminalística e de Medicina Legal eram muito poucos em todo o Brasil. 
O artigo 280, tratando da suspeição dos peritos, remete-nos aos artigos 254 e 255 onde estão elencadas as situações de suspeição 
dos juízes e que, por força desse dispositivo, aplicam-se também aos peritos. Vejamos: “Art. 254. O juiz (leia-se perito) dar-se-á por 
suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso 
haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou 
responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for cre-
dor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no 
processo. Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que 
lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como 
juiz (leia-se perito) o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. 
Vê-se, portanto, que tanto o perito oficial quanto os próprios diretores dos Institutos devem ficar atentos a essas exigências e 
enquadramentos para o exercício da função pericial, sob pena de darem causa para nulidades de laudos periciais.
REQUISITOS TÉCNICOS, 
As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande complexidade e de natureza especializada, tendo por objeto executar 
com exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias criminais necessárias à instrução processual penal, nos termosdas normas constitucionais e legais em vigor, exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria 
Forense, Balística Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Forense, Identificação Veicular, In-
formática, Local de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre 
outros. A função mais relevante do Perito Criminal é a busca da verdade material com base exclusivamente na técnica. Não cabe ao 
Perito Criminal acusar ou suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos os aspectos inerentes aos elementos 
investigados, do ponto exclusivamente técnico.
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Características Processuais dos peritos:
- São órgãos estáticos (só agem por requisição e não de ofício), à semelhança dos Juízes;
- São órgãos dotados de formação universitária plena;
- Transformam-se em órgãos dinâmicos, quando regularmente requisitados por autoridade competente (policial, policial militar, 
judiciária penal, judiciária militar, ministério público), como os Juízes, ao receberem a denúncia ou a queixa.
 
Atribuições Legais
 
- Supervisionar, coordenar, controlar, orientar e executar perícias criminais em geral;
- Planejar, dirigir e coordenar as atividades científicas;
- Fornecer elementos esclarecedores para a instrução de inquéritos policiais e processos criminais;
- Promover o trabalho especializado de investigação e pesquisa policial;
- Executar atividades técnico-científicas de nível superior de análises e pesquisas na área forense;
- Proceder a levantamentos topográficos e fotográficos e a exames periciais, laboratoriais, odonto-legais, químico-legais e mi-
crobalísticos;
- Emitir parecer sobre trabalhos criminalísticos;
- Produzir laudos periciais;
- Elaborar estudos estatísticos dos crimes em relação à criminalística;
- Praticar atos necessários aos procedimentos das perícias policiais criminais;
- Executar as atividades de identificação humana, relevantes para os procedimentos pré-processuais judiciais;
- Desempenhar atividades periciais relacionadas às atribuições legalmente reservadas às classes profissionais a que pertencem.
 
Nível Superior 
Com o advento da Lei 8.862/94 e demais legislações correlatas, para ser perito oficial (perito criminal ou perito médico legista) 
é necessária a formação acadêmica. 
O caput do artigo 159 não expressa textualmente o requisito de formação superior para ser perito oficial, todavia nem seria ne-
cessário, tendo em vista a extensa legislação periférica determinando tal requisito. 
O próprio parágrafo primeiro do artigo 159 (§ 1º - não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza 
do exame) deixa clara essa exigência para o perito “ad hoc”, o que dizer então ao perito oficial. Certamente muito mais exigível será. 
Nesta mesma linha de interpretação, devemos analisar as diversas leis que regulam as profissões de nível superior (contador, 
engenheiro, farmacêutico, biólogo, geólogo, etc.), onde cada uma delas elenca todas as atividades que são de competência exclusiva 
daqueles profissionais. P.ex.: Uma perícia contábil jamais poderá ser feita por um engenheiro que seja perito oficial, sob pena de 
ser declarada nula mediante arguição de qualquer das partes envolvidas no processo, sujeitando o autor a responder a processo por 
exercício ilegal da profissão. 
O Código de Processo Civil, no seu artigo 145, § 1º, com a redação determinada pela Lei 7.270/84 diz que “os peritos serão 
escolhidos entre profissionais de nível universitário, ...”, aplicando-se por analogia no caso do processo criminal. 
Por fim, para sanar qualquer dúvida da aplicação desses dispositivos que foram comentados, destacamos o artigo 3º do CPP que 
textualmente diz: “a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos prin-
cípios gerais de direito”. 
É importante ressaltarmos que esta exigência de nível superior é - principalmente - uma necessidade técnica, pois a perícia é 
calcada na pesquisa científica, e, portanto, imprescindível termos profissionais capacitados e com formação acadêmica para esse 
mister pericial, sob pena de vermos a perícia cair em descrédito no contexto do processo penal. 
Dois Peritos 
O artigo 159 do CPP, com a nova redação determinada pela Lei 8862/94, exige que as perícias sejam feitas por dois peritos ofi-
ciais: “Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais”. 
A exigência de dois peritos criminais para realizarem exames periciais, veio regular situação que já foi objeto até de Súmula 
do Supremo (Súmula 361: No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver 
funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão.), bem como adequar situações de fato que já vinham ocorrendo em algumas 
Criminalísticas. Foi de grande valia essa alteração porque em muito ganhará a perícia e, consequentemente, o processo criminal, pois 
certamente qualquer exame feito “a quatro olhos” será muito mais eficiente. Com isso elevaremos o padrão de qualidade da perícia. 
É necessário, no entanto, que cada presidente de associação de peritos e os Diretores da Criminalística, envidem esforços no sentido 
de adequar o efetivo de peritos criminais ao novo mandamento legal. Evidentemente passaremos por uma fase de adequação de quan-
titativo de peritos, onde haverá necessidade do sacrifício de todos os profissionais, até efetivarmos a contratação de novos peritos. 
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Também para os casos de perito “ad hoc” deve ser realizado por dois profissionais, fato este já exigido desde a edição do CPP 
em 1941. 
Com a alteração do artigo 159, exigindo - também para o caso de perito oficial - que os exames sejam realizados por dois peritos, 
abre-se a possibilidade jurídica - em tese - de utilizar as orientações do artigo 180, (art. 180. Se houver divergência entre os peritos, 
serão consignados no auto do exame (grifo nosso) as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente 
o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por 
outros peritos) antes restrito só aos peritos “ad hoc”. 
A figura tradicional do segundo perito, como mero revisor do laudo deixou de existir. Agora os dois peritos realizam juntos o 
exame, deixando-se, por facilidade redacional, que um deles seja o encarregado de redigir o laudo, todavia o outro deve participar 
ativamente e, não concordando com interpretações científicas do outro colega, em princípio, poderiam cada um redigir o seu laudo. 
Dizemos em princípio, pois se verificarmos no mencionado artigo, o legislador se refere a auto de exame, expressão só utilizada 
quando se trata de perito “ad hoc”. Além do mais, o espírito do legislador ao redigir este artigo, tinha como objetivo somente a apli-
cação para os casos de perito “ad hoc”. Portanto, apesar da dupla interpretação, preferimos ficar com esta original, de que o artigo 
180 só se aplica ao perito “ad hoc”. 
Este é um recurso que devemos evitar ao extremo, porém, sendo necessário, a legislação deverá ser profundamente analisada 
para ver se é possível aquele primeiro enquadramento. Em se tratando de peritos oficiais, o ideal é incentivarmos a discussão cien-
tífica sobre as interpretações divergentes, promovendo - inclusive - reunião com outros peritos do setor. Alertamos, no entanto, que 
o perito só deve assinar um laudo em que tenha plena convicção das afirmações ali contidas. Devemos esgotar todas as formas de 
discussão científica, no entanto, jamais assinarmosum laudo porque a maioria do grupo entendeu de um forma diferente da sua. 
Teremos de estar convencidos cientificamente dos fatos. 
Das Assertivas Técnicas 
É importante o perito ter sempre presente em suas atitudes, no exercício da função pericial, a grande responsabilidade que pesa 
em seus ombros pelo trabalho que desenvolve. 
O laudo pericial poderá, dada a sua importância, ser a peça principal e fundamental para condenar ou inocentar um réu. Disso 
decorre nossa grande responsabilidade em realizar um trabalho bem feito, buscando utilizar todas as ferramentas científicas que a 
ciência dispõe e, ao mesmo tempo, exigir dos administradores as condições de trabalho adequadas, especialmente no aporte de equi-
pamentos e materiais necessários aos exames periciais. 
O perito teve ter o cuidado de somente concluir ou afirmar qualquer coisa em seu laudo, se puder lastrear tal assertiva com uma 
justificativa científica. Para afirmar determinado fato, deve ter apenas uma possibilidade para o evento em estudo. 
Essa única possibilidade só a encontraremos em duas situações. A primeira é quando tivermos um vestígio determinante que, por 
si só, já é conclusivo para aquele evento. A segunda situação que reuniremos apenas uma possibilidade científica, é quando tivermos 
mais de um vestígio que, por si só não são determinantes, mas que analisados conjuntamente nos direcionem a somente uma possi-
bilidade. 
Não se caracterizando essas duas situações que venham a proporcionar uma única possibilidade científica para o evento, podere-
mos estar diante de algumas outras hipóteses que merecem a nossa análise mais detalhada, porém, jamais de conclusão. 
Encontraremos situações em que nem mesmo o conjunto dos vestígios nos proporcionará condições de conclusão da forma como 
falamos. Porém, poderemos ter condições técnicas de chegar a excluir determinada hipótese (que também será uma espécie de con-
clusão), diminuindo assim o universo de situações que a polícia judiciária terá que investigar. Se numa ocorrência de morte violenta 
pudermos, p.ex., eliminar a hipótese de acidente e morte natural, nos restarão somente às possibilidades de homicídio e suicídio, o 
que será de grande ajuda no conjunto das investigações. 
Poderemos ter ainda situações que, mesmo não sendo possível concluir, teremos uma das hipóteses com maior probabilidade de 
ter ocorrido, baseados sempre na análise do conjunto de vestígios do evento. Nesses casos é imprescindível que os peritos sejam mais 
explicativos em seu laudo, no sentido de registrar o máximo de informações que venham a evidenciar aquela maior probabilidade 
para tal possibilidade, contribuindo - também - para a investigação criminal.
DA REQUISIÇÃO DE PERÍCIA
No modelo brasileiro, vigente em nosso Código de Processo Penal, cabe à Autoridade Policial (Delegado de Polícia), presidente 
do Inquérito Policial, requisitar a perícia, conforme determina o inciso VII do artigo 6º (determinar, se for o caso, que se proceda a 
exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias). 
Também podem determinar a realização de perícias, o Promotor de Justiça e o Juiz. Todavia, na grande maioria das ocorrências, 
onde o Delegado de Polícia primeiro toma conhecimento e por ser o presidente do inquérito, é quem mais exerce essa obrigação. 
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Há também os casos de crimes militares (Polícias Militares ou Forças Armadas) onde o oficial que preside o IPM poderá requi-
sitar os respectivos exames periciais ao Instituto de Criminalística ou Instituto de Medicina Legal. 
A requisição é obrigatória para a realização da perícia, conforme observamos no artigo 158 do CPP: “Quando a infração deixar 
vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.” 
Apesar de ser obrigatória a requisição e realização da perícia, a realidade no Brasil ainda nos mostra que inúmeras infrações 
que deixam vestígios não são periciadas. As razões são inúmeras, desde a falta de pessoal para atender a toda a demanda, passando 
pela falta de condições técnicas (principalmente equipamentos), até por simples má fé, onde a verdade não interessa ser esclarecida. 
Também as partes, especialmente por intermédio dos advogados que lhe representam, poderão requerer exames periciais. Esta 
prerrogativa caracteriza-se pela ausência de dispositivo contrário a esse procedimento e, em especial, pelo que orienta o artigo 184 do 
CPP (“Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for 
necessária ao esclarecimento da verdade.”). 
Nota-se, portanto, que o mencionado artigo é enfático ao determinar somente os casos de exceção para o não atendimento de tais 
requerimentos, ou seja, quando a autoridade policial ou judiciária entender que tal solicitação não é necessária para o esclarecimento dos 
fatos. E vai mais além, ao determinar que os casos de exame de corpo de delito não podem ter negadas as suas requisições. A expressão 
“corpo de delito” aqui utilizada, está em seu significado original, referindo-se apenas às pessoas. Modernamente quando falamos de 
“corpo de delito”, estamos nos referindo a qualquer objeto passível de um exame pericial. 
Para essas situações de exames periciais requeridos pelas partes, seus advogados deverão se dirigir ao Delegado de Polícia se estiver 
na fase do Inquérito Policial e, ao Magistrado, se já for processo. 
Fato importante a ressaltar é que a requisição da perícia é feita pelo Delegado de Polícia, Promotor de Justiça ou mesmo pelo próprio 
Juiz; no entanto, sendo perito oficial, a nomeação do profissional que irá executá-la, deve ser feita pelo diretor do Instituto de Crimina-
lística ou de Medicina Legal, conforme determina o artigo 178 do CPP: “No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade 
ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.” 
Desse artigo tiramos duas preocupações do legislador. A primeira tem o objetivo de obstruir qualquer relação direta entre o requisi-
tante e os peritos que irão efetuar o exame pericial, evitando-se ingerências, preferências ou recusas sobre determinados peritos, por parte 
do requisitante. A segunda preocupação, diz respeito a questão da especialização necessária que o perito deve ter para realizar o tipo de 
exame que está sendo requerido, onde somente o diretor do órgão saberá quem melhor desempenhará aquela tarefa.
DA PROVA: CONCEITO, FINALIDADE E OBRIGATORIEDADE
A prova é um dos institutos mais importantes do direito, por ser decorrência do direito de ação. Afinal, de nada adianta consagrar-se 
o direito de ação, se o direito à prova não for consagrado para instruí-la e irrigá-la.
Enquanto os elementos informativos são aqueles produzidos durante a fase do inquérito policial (em regra, já que o inquérito, como 
já visto, é dispensável, podendo os elementos informativos ser produzidos em qualquer outro meio de investigação suficiente a embasar 
uma acusação), a prova deve ser produzida à luz do contraditório e da ampla defesa, almejando a consolidação do que antes eram meros 
indícios de autoria e materialidade delitiva, e, ainda, com a finalidade imediata de auxiliar o juiz a formar sua livre convicção.
Vale informar, ainda, que não poderá o juiz, nessa sua livre convicção, se fundar exclusivamente nos elementos informativos colhi-
dos durante a fase investigatória. Estes terão apenas função complementar, apendicular, na formação do processo de convencimento do 
magistrado. Isso significa dizer que a prova é, sim, essencial, para se condenar alguém. Justamente porque, a ausência de prova é um dos 
motivos que pode levar à absolvição de alguém.
Diferença entre “fontes de prova”, “meios de prova”, e “meios de obtenção de prova”. Vejamos:
A) Fontes de prova. São as pessoas ou coisas das quais se conseguea prova. Elas independem do processo, por existirem por si só;
B) Meios de prova. São os instrumentos através dos quais as fontes de prova são introduzidas no processo. No processo penal, 
vale dizer, vigora o “Princípio da Liberdade Probatória”, segundo o qual todos os meios de prova são válidos desde que não ilícitos 
e/ou imorais;
C) Meios de obtenção da prova. São os procedimentos necessários para se chegar à prova. Os meios de prova tratam de meios 
de obtenção da prova, para se chegar às fontes de prova.
“Prova cautelar”, “prova não repetível”, e “prova antecipada”. A parte final, da cabeça do art. 155, CPP, se refere a estas três 
provas, produzidas em regra ainda durante a fase inquisitória, as quais poderia o juiz se utilizar para formar sua convicção. Nada 
obstante posicionamento que clama pela sinonímia das expressões, há se distingui-las.
A “prova cautelar” é aquela em que existe risco de desaparecimento do objeto da prova, em razão do decurso do tempo, motivo 
pelo qual o que se pretende provar deve ser perpetuado. O contraditório, aqui, é diferido, postergado.
A “prova não repetível” é aquela que não tem como ser produzida novamente, em virtude do desaparecimento da fonte probató-
ria, como o caso de um exame pericial por lesão corporal, cujos sinais de violência podem desaparecer com o tempo. O contraditório, 
aqui, é diferido, postergado.
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
A “prova antecipada”, por fim, é aquela produzida com observância do contraditório real (ou seja, o contraditório não é diferido 
como nas duas hipóteses anteriores), perante a autoridade judicial, mas em momento processual distinto daquele previamente pre-
visto pela lei (podendo sê-lo até mesmo antes do processo). O melhor exemplo é a oitiva da testemunha para perpetuar a memória da 
prova, disposta no art. 225, da Lei Adjetiva.
Fatos que não precisam ser provados. São eles:
A) Fatos notórios. É o caso da chamada “verdade sabida” (ex.: não se precisa provar que dia vinte e cinco de dezembro é Natal, 
conforme o calendário cristão ocidental);
B) Fatos axiomáticos, intuitivos. São aqueles evidentes (ex.: “X” é atingido e despedaçado por um trem. Não será preciso um 
exame para se apurar que a causa da morte foi o choque com o trem);
C) Presunções legais. São aquelas decorrentes da lei, valendo lembrar que, em se tratando de presunção relativa, contudo, 
admitir-se-á prova em contrário;
D) Fatos desnecessários ao deslindes da lide. São os “fatos inúteis” (ex.: “X” morreu de envenenamento por comida. Pouco 
importa saber se a carne estava bem ou mal passada);
E) O direito, como regra. O direito não precisa ser provado, salvo em se tratando de direito estadual, municipal, costumeiro, ou 
estrangeiro, se assim o requerer o juiz.
Posto isto, fazendo uma análise em sentido contrário, fatos que não sejam notórios, que não sejam axiomáticos, que não sejam 
desnecessários, que não sejam presunções legais, e que não digam respeito como regra, necessitam ser provados.
“Prova nominada”, “prova inominada”, “prova típica”, “prova atípica”, e “prova irritual”. A “prova nominada” é aquela cujo 
“nomen juris” consta da lei (ex.: prova pericial).
A “prova inominada” é aquela cujo “nomen juris” não consta da lei, mas que é admitida por força do “Princípio da Liberdade Probatória”.
A “prova típica” é aquela cujo procedimento probatório está previsto na lei.
A “prova atípica” é aquela cujo procedimento não está previsto em lei.
A “prova irritual” é aquela colhida sem a observância de modelo previsto em lei. Trata-se de prova ilegítima.
Alguns princípios relacionados à prova penal. São eles, além do Princípio da Liberdade Probatória, já mencionado alhures, num 
rol exemplificativo:
A) Princípio da presunção de inocência (ou princípio da presunção de não-culpabilidade). Todos são considerados inocentes, até 
que se prove o contrário por sentença condenatória transitada em julgado;
B) Princípio da não autoincriminação. Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. É por isso que o acusado pode men-
tir, pode distorcer os fatos, pode ser manter em silêncio, e tem direito à consulta prévia e reservada com seu advogado, como exemplos;
C) Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos. São inadmissíveis no processo as provas obtidas de modo 
ilícito, assim entendidas aquelas obtidas em violação às normas constitucionais. Ou seja, o direito à prova não pode se sobrepor aos 
direitos fundamentalmente consagrados na Lei Maior pátria.
“Prova ilícita” é o mesmo que “prova ilegítima”? Há quem diga que se tratam de expressões sinônimas. Contudo, o entendimento 
prevalente é o de que, apesar de espécies do gênero “provas ilegais”, “prova ilícita” é aquela violadora de alguma norma constitucional 
(ex.: a prova obtida não respeitou a inviolabilidade de domicílio assegurada pela Constituição), enquanto a “prova ilegítima” é aquela 
violadora dos procedimentos previstos para sua realização (tais procedimentos são aqueles regularmente previstos no Código de Proces-
so Penal e legislação especial).
Qual será a consequência da prova ilícita/ilegítima? Sua consequência primeira é o desentranhamento dos autos, devendo esta ser 
inutilizada por decisão judicial (devendo as partes acompanhar o incidente). Agora, uma consequência reflexa é que as provas derivadas 
das ilícitas, pela “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”, importada do direito norte-americano, também serão inadmissíveis, salvo se 
existirem como fonte independente, graças à “Teoria da Fonte Independente” (considera-se fonte independente aquela prova que, por si só, 
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova).
Ônus da prova. De acordo com o art. 156, caput, do Código de Processo Penal, a prova da alegação incumbirá a quem o fizer, em-
bora isso não obste que o juiz, de ofício, ordene, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida (inciso I), ou determine, no curso da instru-
ção ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante (inciso II). Esse poder de atuação 
do juiz é também conhecido por “gestão da prova” (por ser o juiz, naturalmente, um “gestor da prova”).
Sistemas de avaliação da prova. São eles:
A) Sistema da íntima convicção do juiz. Aqui, o juiz é livre para apreciar as provas, inclusive as que não estão nos autos. O pro-
blema é que, neste sistema, o juiz não está obrigado a fundamentar acerca dos motivos que levaram à formação de sua convicção. 
Este sistema, em nosso ordenamento, só é adotado pelos jurados no tribunal do júri, quando eles votam apenas “sim” ou “não” sem 
precisar fundamentar as razões de sua escolha;
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
B) Sistema da prova tarifada. Neste sistema, as provas têm valor previamente fixado pelo legislador, cabendo ao juiz, apenas, 
apreciar o conjunto probatório atribuindo-lhe o valor devido. Tal sistema não é adotado no ordenamento pátrio;
C) Sistema do livre convencimento motivado (ou sistema da persuasão racional do juiz). Trata-se do sistema adotado no orde-
namento brasileiro. Nele, o juiz tem ampla liberdade de valoração das provas dos autos, mas é obrigado, em contrapartida, a funda-
mentar as razões que embasam seu convencimento. Com isso, decorre-se que não há prova com valor absoluto (não há a ideia de que 
a confissão é a “rainha das provas”, p. ex.), e que somente serão consideradas válidas para efeito condenatório as provas do processo 
(o juiz não pode condenar alguém usando algo que não está nos autos).
Prova emprestada. É aquela produzida em um processo e transportada documentalmente para outro. Apesar da valia positiva 
proeminente que lhedeve ser atribuída, a prova emprestada não pode virar mera medida de comodidade às partes, afinal, como regra, 
cada fato apurado numa lide depende de sua própria prova.
Contudo, podem acontecer casos em que um determinado fato já não possa mais ser apurado nos autos, embora o tenha sido 
devidamente em outros autos, caso em que a prova emprestada pode se revelar um eficaz aliado na busca pela verdade real.
Vale lembrar, contudo, que a prova emprestada não vem aos autos com o “contraditório montado” do outro processo, isto é, no 
processo recebedor terão as partes a oportunidade de questionar a própria validade desta bem como de tentar desqualificá-la.
Não se pode, ainda, dizer que a prova emprestada, por ser emprestada, valha “mais” ou “menos” que outra prova. Não há mais, 
como já dito, “tarifação de provas”. A importância de uma prova será aferida casuisticamente. Assim, em que pese o respeito a en-
tendimento minoritário neste sentido, não parece ser o melhor argumento defender que a prova emprestada, por si só, não pode ser 
suficiente para condenar alguém.
EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS EM GERAL.
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia criminal a fim de determinar 
fatores como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do exame de corpo de delito.
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a existência dos elementos do fato típico dos delitos “FACTI PERMANENTIS”.
Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não transeunte”), o exame de corpo de delito se torna indispensável, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem 
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta (art. 167, CPP).
Muitos confundem o “corpo de delito” com o “exame de corpo de delito”. Explico. Dá-se o nome de “corpo de delito” ao local do 
crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração penal. Trata-se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos huma-
nos, ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. Contudo, “corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que 
possa estar envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma janela quebrada, uma porta arrombada etc. 
Em outras palavras, “corpo de delito” é o local do crime com todos os seus vestígios; “exame de corpo de delito” é o laudo técnico 
que os peritos fazem nesse determinado local, analisando-se todos os referidos vestígios.
Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie, fica claro que a confissão do acusado, antes considerada a “rainha 
das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja vista uma ampla gama de vícios que podem maculá-la, como a coação e a as-
sunção de culpa meramente para livrar alguém de um processo-crime;
Corpo de delito direto e indireto. 
a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados pelo fato criminoso. São os elementos materiais, perceptíveis pelos 
nossos sentidos, resultante da infração penal. Esses elementos sensíveis, objetivos, devem ser objetos de prova, obtida pelos meios 
que o direito fornece. Os técnicos dirão da sua natureza, estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão, por que se incrimina o 
acusado. O corpo de delito deve realizar-se o mais rapidamente possível, logo que se tenha conhecimento da existência do fato.
O perito dará atenção a todos os elementos, que se vinculem ao fato principal, sobretudo o que possa influir na aplicação da pena.
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se torna impossível, admite-se a prova testemunhal, por haverem desapareci-
do os elementos materiais. Essa substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora 
haja o delito. Vale lembrar que o exame indireto somente deve ser realizado caso não seja possível à realização do exame direto.
Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Perícia Criminal
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no Código de Processo Penal, indispensável para elucidação de 
crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame 
pericial e na interpretação correta de vestígios. Os peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das requisições de perícias 
provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais. A perícia criminal, ou crimina-
lística, é baseada nas seguintes ciências forenses: química, biologia, geologia, engenharia, física, medicina, toxicologia, odontologia, 
documentoscopia, entre outras, as quais estão em constante evolução.
Requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que direciona a investigação policial e o 
processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é indispensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispen-
sada sequer quando o criminoso confessa a prática do delito. 
A perícia é uma modalidade de prova que requer conhecimentos especializados para a sua produção, relativamente à pessoa 
física, viva ou morta, implicando na apreciação, interpretação e descrição escrita de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de 
evidente interesse judiciário.
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infração penal, devidamente estudados por profissionais especializados, 
permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que forma este ocorreu e, quando possível e necessário, identificando to-
das as partes envolvidas, tais como a vítima, o criminoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim 
como o meio pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. Apesar de o laudo 
pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na prática, a prova pericial acaba tendo prevalência 
sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e objetividade da prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjetivas 
dependam do testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de capacidade da 
pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má fé, onde exista a intenção de distorcer os fatos.
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação é reforçada pela Lei 12.030 
de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código de Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-
-Legista e o Perito Odonto-Legista. Prova pericial (ou arbitramento) pode ser dividida em: 
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; 
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. 
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prerrogativas de mercado.
NOVA PERÍCIA. 
É comum vermos autoridades em geral levantando dúvidas sobre exames realizados por alguns peritos e/ou Institutos de 
Criminalística, principalmente quando o caso envolve pessoas influentes da sociedade ou que tenham grande repercussão na imprensa. 
Irresponsavelmente as autoridades - algumas vezes - desacreditam as próprias Instituições responsáveis pela realização da perícia 
oficial, no afã de dar uma satisfação para a mídia, quando deveriam se preocupar em dar as condições ideais de trabalho às diversas 
Criminalísticas do Brasil. 
Esses casos são expressamente proibidos pelo artigo 181 e seu parágrafo único, que faculta somente ao magistrado o poder de 
determinar a revisão do laudo ou fazer um novo exame. 
Vejamos o que diz o citado artigo: “Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no casode omissões, obscuridades 
ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
Parágrafo Único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.” 
Portanto, depois que o perito expediu o seu laudo, somente o juiz poderá determinar a sua revisão ou mesmo a feitura de um novo 
exame por outros peritos. O Delegado de Polícia, se entender que ocorreu algumas das falhas citadas no caput do artigo 181, deverá 
levantá-las em seu relatório e sugerir ao Magistrado que tome as providências necessárias. 
Especificamente para os IMLs, quando tratar-se de lesões corporais, assim ressalva o artigo 168: 
“Art. 168 - Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complemen-
tar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do 
acusado, ou de seu defensor. 
§ 1º - No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.” 
Durante o exame pericial até antes da expedição do laudo, o Delegado, o Promotor, o Juiz e as partes (estas por meio de petição 
ao Delegado de Polícia ou ao Juiz, feita pelo advogado), poderão formular quesitos aos peritos, a fim de que eles respondam em seu 
laudo, conforme previsto no artigo 176 (A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência). 
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Esta prerrogativa das autoridades e partes formularem quesitos, é confirmada no artigo 160 (Os peritos elaborarão o laudo peri-
cial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados), onde expressa a obrigatoriedade 
ao perito em respondê-los. 
Julgamos importante esses dispositivos, a fim de agilizar - principalmente - a investigação policial, complementando informa-
ções entre o presidente do inquérito e os peritos. 
Devemos analisar o que seria até o ato da diligência, para podermos delimitar até onde o perito poderá atender tal solicitação, sem 
ferir os dispositivos do artigo 181. Entendemos que os diretores das Criminalísticas e respectivos peritos signatários poderão receber 
tais quesitos até o momento do fechamento do laudo. 
Saliente-se que os quesitos jamais poderão ser formulados depois de analisado o conteúdo do laudo, sob pena de infringir o artigo 
181. É normal dúvidas prévias das autoridades e das partes, especialmente do delegado que está presidindo o inquérito e que, em 
razão da função, possui outras informações subjetivas que ele necessite confirmar através de quesitos técnicos aos peritos.
ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DE LOCAL. 
Com o advento da Lei 8862/94, passamos a ter uma garantia legal para a preservação e o isolamento de locais de infrações penais, 
pela Autoridade Policial, sob pena de responsabilização futura pelo Juiz. 
No artigo 6º, incisos I e II, ficou expressamente determinado tal obrigatoriedade, senão vejamos: “Art. 6º. Logo que tiver conhe-
cimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem 
o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, 
após liberados pelos peritos criminais;” 
O isolamento e a consequente preservação do local de infração penal é uma garantia que o perito terá de encontrar a cena do 
crime conforme fora deixada pelo(s) infrator(es) e vítima(s) e, com isso, ter condições técnicas de analisar todos os vestígios. É 
também uma garantia para a investigação como um todo, pois teremos muito mais elementos a analisar e carrear para o inquérito e, 
posteriormente, para o processo criminal. 
Certamente não será uma determinação legal que irá - de imediato - resolver o grande problema da falta de preservação de local 
aos peritos, todavia, este é um início, criando a obrigatoriedade ao delegado de polícia em providenciar tais condições. 
A falta de preservação de local ou de qualquer outro corpo de delito, começa pela falta de preparo dos próprios policiais em 
geral. Assim, é preciso que todos nós, especialmente os diretores das Criminalísticas, busquem a conscientização dos dirigentes das 
academias de polícia (civil e militar), para que intensifiquem a formação dos policiais para este importante quesito. O local de crime 
e corpo de delito devem ser rigorosamente preservados, a fim de contribuir com o sucesso da investigação. 
Ao mesmo tempo que o artigo 6º e seus incisos I e II determinam ao delegado de polícia que preserve o local e o corpo de delito, tam-
bém exige que o perito relate em seu laudo se a preservação deixou de ser feita ou ocorreu com falhas, conforme expresso no artigo 169:
 
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente 
para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou 
esquemas elucidativos. 
Parágrafo Único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequên-
cias dessas alterações na dinâmica dos fatos. 
Este dispositivo atualizado pela Lei 8.862/94, veio trazer uma responsabilidade enorme ao perito criminal. Devemos compreen-
der que esta exigência visa resguardar o local de crime, para que tenha o devido isolamento e preservação, assegurando a idoneidade 
dos vestígios a serem analisados. Portanto, não devemos nos omitir. Sabemos que é mais uma responsabilidade sobre o perito, já 
atribulado nas suas precárias condições de trabalho, porém não cabe mais discutir, uma vez que se trata de exigência legal. 
É importante salientar que o perito não deve deixar de realizar o exame solicitado por falta de preservação ou qualquer outra 
alteração. Deve examinar da forma como encontrou e ter o cuidado de registrar tudo em seu laudo. 
Haverá, o perito, de ter muito bom senso nessa análise, e, se for absolutamente impossível realizar qualquer exame, deve, pelo 
menos, registrar, no livro de ocorrência e encaminhar relatório ao seu diretor, descrevendo como se encontrava o local. 
O perito criminal deve ter o cuidado de agir o mais tecnicamente possível, sem entrar no campo da fiscalização do trabalho de 
outros segmentos policiais. Cada um tem a sua responsabilidade no processo. Se o perito constatou que o local não foi preservado e 
isso trouxe consequências para o seu exame, deve simplesmente relatar em seu laudo como uma informação técnica. 
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Dentro desse assunto de isolamento e preservação de locais, há um grave problema quanto aos locais de acidentes de trânsito que 
encontra respaldo na legislação, quanto a autorização para desfazer esse tipo de local, conforme preceitua a Lei 5.970/73. 
“Art. 1º - Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, 
independentemente de exame do local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, 
se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.” 
Como podemos observar esta é uma lei autorizando o descumprimento de outra (o CPP). 
Esse dispositivo tem prejudicado sobremaneira os exames periciais em locais de acidente de trânsito, uma vez que a exceção virou regra, 
onde inúmeras situações que não justificariam tal medida, acabam tendo os locais desfeitos pelas Polícias Militares e, principalmente, pelas 
Polícias Rodoviárias. À vista disso e desobedecendo as determinações contidas no Código de Processo Penal, o Governo Federal atribuiu 
à Polícia Rodoviária Federal a tarefa de realizar «perícias» nos acidentes de tráfego

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