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CIDI Teórico

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Unip Interativa
Projeto Integrado Multidisciplinar 
Cursos Superiores de Tecnologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIDI
Centro de Inclusão Digital para Idosos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Araraquara Unip - PP
2017 
Unip Interativa
Projeto Integrado Multidisciplinar 
Cursos Superiores de Tecnologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIDI
Centro de Inclusão Digital para Idosos
 
 
 
 
 
 
 
 Cristiano Florencio Nascimento
1717731
Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
2º Semestre / 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
Araraquara Unip - PP
2017 
RESUMO
O computador está em constante uso na atualidade. No entanto, é necessário ter conhecimento dos recursos computacionais. Em meio aos avanços tecnológicos na sociedade é necessário que os idosos aprendam a utilizar esses recursos, sendo de suma importância para seu desenvolvimento e inclusão, criando autonomia para a busca de soluções com o grande acervo que a internet lhe proporciona, conhecer as ferramentas digitais e seus mecanismos de funcionamento e como extrair o melhor deles.
 Conclui-se que a implantação do CIDI, vêm da necessidade do indivíduo da Terceira Idade em se atualizar, acompanhar familiares e amigos, fazendo-se presente na sociedade. A vantagem se caracteriza com a autoestima e satisfação do mesmo em conseguir procurar qualquer conteúdo sozinho, sem a ajuda de alguém. O CIDI será estimulador, trazendo resultados na vida do indivíduo, com a interação entre instrutores, computadores e pessoas com a mesma dificuldade, possibilitando diminuir a solidão e ajudando na capacidade de memória, concentração e socialização.
Palavras Chaves: computador, tecnologia, idoso, inclusão
ABSTRAT
 The computer is in constant use today. However, it is necessary to have knowledge of computational resources. In the midst of technological advances in society it is necessary for the elderly to learn to use these resources, being of paramount importance for their development and inclusion, creating autonomy for the search of solutions with the great collection that the internet provides, their operating mechanisms and how to extract the best from them.
  It is concluded that the implementation of CIDI comes from the need of the individual of the Third Age in updating himself, accompanying family and friends, making himself present in society. The advantage is characterized by the self-esteem and satisfaction of the same in being able to look for any content alone, without the help of someone. CIDI will be a stimulator, bringing results in the life of the individual, with the interaction between instructors, computers and people with the same difficulty, allowing to reduce loneliness and helping in memory capacity, concentration and socialization.
Keywords: computer, technology, elderly, inclusion
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	5
1.	A INCLUSÃO DIGITAL COMO PRÁTICA SOCIAL	6
2.	A TERCEIRA IDADE NOS CURSOS DE INFORMÁTICA, UMA BUSCA IMEDIATA DE ATUALIZAÇÃO OU INCLUSÃO?	12
3.	INCLUSÃO DIGITAL NA TERCEIRA IDADE	15
CONCLUSÃO	18
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:	19
INTRODUÇÃO		
Em consequência dos avanços tecnológicos, encontramos qualquer tipo de informação disponível em tempo real, assim, a comunicação com o mundo ficou mais flexível, de modo a facilitar a vida dos usuários. Mas também, tende a reprimir os idosos, que apesar da democratização do acesso ao mundo da informática, encontram dificuldades em se atualizar, surgindo então, um novo conceito de analfabetismo, denominado de analfabetismo digital.
É estranhamente paradoxal que em pleno século XXI e frente aos avanços tecnológicos vivenciados nas últimas duas décadas tenhamos que justificar a relevância da Inclusão Digital como forma de Inclusão Social na nossa sociedade. Porém, apesar de cada vez mais nosso cotidiano encontrar-se cercado de tecnologias digitais, de caixas eletrônicos a celulares, passando por computadores, Internet, TV digital, entre outros, vivemos lado a lado com realidades grotescamente diferentes.
O censo de 2010 mostrou que a população idosa vem crescendo de modo expressivo no Brasil. Segundo dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), a população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passou a 5,9% em 2000 e chegou a 7,4% em 2010. Isso significa que hoje existem mais de 14 milhões de brasileiros com 65 anos ou mais. As regiões Sudeste e Sul são as mais envelhecidas do País. As duas tinham, em 2010, 8,1% da população formada por idosos com 65 anos ou mais, enquanto que a proporção de crianças menores de cinco anos nestas regiões era, respectivamente, de 6,5% e 6,4%.
Paralelo a esse processo ocorreu o rápido desenvolvimento tecnológico, computacional e de comunicação, principalmente através dos recursos da Internet. O fenômeno de globalização facilitou o acesso da população a todos esses recursos. Todavia, grande parte da população atualmente idosa, que participou de tantos movimentos de mudanças do país, ficou à margem desta revolução e se sentem à margem da sociedade quando não entendem o vocabulário dos próprios familiares ou quando precisam de ajuda para realizar tarefas simples, mas que demandam o uso de um computador.
A INCLUSÃO DIGITAL COMO PRÁTICA SOCIAL 
As principais tecnologias que revolucionaram a comunicação, de acordo com Cury e Capobianco (2001), vieram de invenções como a de James Clerk Maxwell, que em 1873, considerou a eletricidade e o magnetismo como um importante avanço, abrindo desde então, espaço para diversos equipamentos de comunicação e informação. Em seguida, veio à invenção da prensa para impressão tipográfica, possibilitando que informações pudessem ser impressas desencadeando processos de publicação de livros e jornais. 
Com a energia sendo muito utilizada e um meio de marcar informações em livros e jornais, Samuel Finlay Breese Morse, construiu o aparelho telegrafo "considerado um dos principais meio de comunicação a distancia do século XIX" (CURY; CAPOBIANCO, 2001, p. 3), que foi substituído pelo telefone, que é utilizado até hoje. Com a finalidade de “processar dados com pouca intervenção humana” (CURY; CAPOBIANCO, 2001, p. 5), o computador foi sendo desenvolvido até chegar aos computadores pessoais que presenciamos hoje, onde possuem capacidade de trabalhar em rede numa larga escala de informações com acesso a internet. 
No Brasil, por volta dos anos 90, diversos acontecimentos e mudanças organizacionais e na sociedade foram marcados pelas tecnologias da informação e comunicação, que deu início após unir os avanços da informática com a telecomunicação, reforçam Mattos e Chagas (2008). 
Com a evolução das TICs, “a moeda comum começou a ser a informação, conduzida pela tecnologia” (TEIXEIRA; MARCON, 2009, p. 77). Onde se percebe alterações em diversas áreas do conhecimento humano, nas condutas, nos costumes, nos consumos, entretenimentos e lazeres entre indivíduos e o modo de se relacionarem, formas diversificadas de interação e novos hábitos sociais, tudo sobre uma nova sociedade - A sociedade da informação. 
Segundo Werthein (2000), a sociedade da informação surgiu logo o pós-industrial, onde o forte eram os fatores de produção diretos (matérias-primas) e os indiretos (energia, mão-de-obra, tributos), ainda se utiliza desses insumos, contudo, na era do conhecimento se prioriza a informação como chave para a sociedade constituída no momento. 
São diversas as ferramentas que compõem a tecnologia de informação e comunicação, dentre as mais comuns, se destacam a internet, que se propaga cada vez mais. Neste ínterim, Cury e Capobianco (2001), afirmam que a internet é uma grande rede de computadores interligados, onde é distribuído grande volume de informação, que geram conhecimentos. 
O desenvolvimento tecnológico e cientifico propiciou a integração das potencialidades de cada sistema resultando na internet, uma estrutura global que interliga os computadorese outros equipamentos para possibilitar o registro, a produção, transmissão e recepção de informações e permite a comunicação entre pessoas independentemente da posição geográfica (CURY; CAPOBIANCO, 2001, p.11). 
A comunicação é o primeiro fornecedor de informação, não dependendo do modo de se comunicar, que podem ser muitos, mas sim, na maneira como se dispersou os meios e equipamentos de comunicação, o homem sempre necessitou desses equipamentos para sua própria sobrevivência e adequação ao meio. 
A TIC está presente na vida das pessoas e pode ser observada em todos os segmentos. Proporciona ainda, diversas facilidades no cotidiano das pessoas e das organizações. Sendo assim, torna-se relevante que todos possam interagir com as tecnologias, pois verifica-se que a tecnologia está presente em diversos lugares como nas casas, em empresas e em instituições, dando uma ampla facilidade de comunicação, tornando uma sociedade informatizada. Desta forma, Takarashi afirma:
Assistir à televisão, falar ao telefone, movimentar a conta no terminal bancário e, pela Internet, verificar multas de trânsito, comprar discos, trocar mensagens com o outro lado do planeta, pesquisar e estudar são hoje atividades cotidianas, no mundo inteiro e no Brasil. 
 (TAKARASHI, 2010, p. 3) 
 
Neste contexto, Pereira e Silva enfatiza que: 
A sociedade estabelece contato, direta ou indiretamente, com novas tecnologias quando, por exemplo, assistimos à televisão ou utilizamos serviços bancários on-line etc. Outro ponto de destaque das TICs está relacionado ao processo de ensino. As Tecnologias têm possibilitado a utilização das ferramentas de comunicação no segmento educacional permitindo o início e a ascensão da Educação a Distância (EAD). (PEREIRA; SILVA, 2011)
 
Ao mesmo tempo em que as tecnologias oferecem uma gama de informação e comunicação, a falta de acesso ou interação a essas TIC pode gerar um novo contexto, a incorporação desses novos recursos desencadeia modificações nas relações com o outro, o mundo e o conhecimento, interferindo na subjetividade do indivíduo. 
As tecnologias de informação e comunicação com suas inovações são um dos fatores de grande importância para as consideráveis mudanças na organização das empresas e no mundo, onde “reorientaram as perspectivas sociais, econômicos, cientificas e políticas” (CURY; CAPOBIANCO, 2001, p. 3). Seguindo este argumento, Pereira e Silva ressaltam que se tornam indispensável para a economia global e seu desenvolvimento. 
As mudanças ocorridas nos processos de desenvolvimento - e suas consequências na democracia e cidadania – concorrem para uma sociedade caracterizada pela crescente influência dos recursos tecnológicos e pelo avanço exponencial das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), com impacto nas relações sociais, empresariais e nas instituições. (PEREIRA; SILVA, 2011, p. 1). 
 
Para Kwiecinski (2013) a Informação é utilizada de forma muito frequente por todas as pessoas, e na sociedade atual, ter acesso a essas informações e conhecimentos são de grande importância para que os indivíduos participem ativamente da história. 
Na sociedade, observa-se uma preocupação com relação à inclusão dos idosos, considerando uma democratização das tecnologias, onde as pessoas de todas as idades tenham acesso, podemos partir da perspectiva do envelhecimento, no qual ainda estão preservadas condições básicas para a convivência, a produtividade e o consumo de bens e serviços. 
Ainda que apresentem um grande acúmulo de conhecimento, com ênfase em suas experiências de vida, os idosos passam a sentir diferenças, devido a sua competência em um mundo tecnológico. Isso gera uma tensão para que essas pessoas da terceira idade se adaptem às novidades tecnológicas como os mais jovens. 
Para os idosos, a procura de um curso é a busca pela atualização de conhecimentos relacionada à área de tecnologia e meios de comunicação, sendo para usos pessoais, ou cotidianos, podendo até melhorar atividades profissionais, desenvolvendo novas possibilidades com a utilização das TICs, proporcionando novas fontes de acesso para informações e conexão com o mundo. Neste contexto, Goulart afirma que: 
A criatividade e o gosto pela vida persistem em idosos que, mesmo experimentando degenerações orgânicas, vivem em contextos que os motivem, prosseguindo capazes de aprender e reaprender novas aprendizagens, estimulando que tenham perspectivas para o futuro. Isso neutraliza estereótipos e preconceitos associados à velhice, que acabam sendo um fator de exclusão social e hoje, principalmente, digital (GOULART, 2007, p. 72). 
 
 
Referindo-se aos cursos de informática afirma- se que existem muitos, mas são poucos os oferecidos especificamente para a terceira idade, com uma abordagem educacional voltada para as condições, interesses e necessidades desse público. 
Para desenvolver a capacitação e o acesso do uso dos recursos de TIC, os cursos precisam de uma metodologia que esteja configurada com base em cada perfil da população, com poucas pessoas na turma e da mesma faixa etária, tendo um atendimento específico, pois, pessoas da terceira idade precisam de mais tempo e seguem um ritmo diferente, tornando mais lento o processo de aprendizagem, a manipulação, e até mesmo em compreender os mecanismos de funcionamento das tecnologias. 
As experiências com trabalhos já realizados mostram os esforços que as pessoas da terceira idade fazem no processo de aprendizagem, que são transformadas em superação pessoal que possibilitam desfrutar das facilidades oferecidas pelas TICs. Proporcionam também diversas modificações no próprio curso, pensando sempre nos interesses dos alunos e em suas condições. Dessa forma, Goulart assegura que: 
Uma vez informados, eles têm mais visibilidade e credibilidade que é representada através de uma imagem mais ativa, fazendo com que o prolongamento da educação, mesmo que seja digital, para os idosos, assuma um papel fundamental em suas vidas (GOULART 2007, p. 73). 
Silveira et al. (2011) realizaram uma pesquisa com o objetivo de conhecer os fatores que facilitam e dificultam o aprendizado do uso do computador para um grupo de alunos de terceira idade pertencentes ao Departamento de Atenção ao Idoso (DATI) de Passo Fundo/RS que fizeram parte de um projeto de inclusão digital na Universidade de Passo Fundo (UPF). 
Foi aplicado questionário estruturado para 19 alunos na faixa etária igual ou superior a 50 anos para identificar as dificuldades e facilidades do uso do computador. Como resultado, os autores identificaram que as principais condições facilitadoras apontadas pelos participantes se referiram às atitudes do professor no processo de aprendizagem, o bom relacionamento entre os alunos e o professor e as novas amizades que surgiram durante o curso, consideradas motivadoras do aprendizado. Todos os participantes afirmaram que a ajuda do professor e dos colegas auxiliou no aprendizado, além das amizades que fizeram entre si. 
A dificuldade de memória constituiu-se na condição dificultadora mais apontada pelos alunos. A maioria desses alunos indicou como principais obstáculos às dificuldades com a memorização, visão e o manusear o mouse. Ainda neste contexto, os autores concluíram que a atividade com o computador pode se tornar prazerosa e estimuladora através das novas amizades, do bom relacionamento entre os alunos e o professor proporcionando o processo de aprendizagem. 
Estudos realizados por Bez et al. (2006), mostram o resultado de uma pesquisa com interesse de esclarecer as contribuições tecnológicas no desenvolvimento de inclusão digital, onde alunos da terceira idade frequentam o projeto de inclusão digital no centro universitário FEEVALE em Novo Hamburgo – RS. O objetivo da pesquisa foi identificar o perfil deste público que frequenta os cursos de informática do projeto de extensão de terceira idade na FEEVALE. Participaram da pesquisa cerca de 600 pessoas da terceira idade. A maioria dos pesquisados são do sexo feminino, composto por 90% do total.As vantagens persistem na vontade de aprender, onde o idoso busca seu espaço para manter-se ativo na sociedade junto com as demais gerações. As dificuldades são pelo entendimento do real significado de uma linguagem simbólica, ao similar que o botão salvar tem um formato de disquete que está em desuso e não um formato de um CD, ou compreender comando através de teclas. 
Sá e Almeida (2013) apresentam o resultado de um trabalho onde o objetivo era de conhecer as condições facilitadoras e as condições limitadoras no aprendizado quanto ao uso do computador, em relação aos alunos idosos da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI), vale do Paraíba. 
A pesquisa foi realizada em duas partes onde a primeira buscou caracterizar o perfil de 101 alunos de vários cursos oferecidos pela UNATI. A segunda parte acompanhou 11 alunos de uma turma ao longo do curso. 
Os alunos apontaram as condições de natureza pessoais e ambientais como fatores facilitadores e de dificuldades. As condições pessoais foram categorizadas com a idade, grau de escolaridade, limitações físicas, condições motivacionais, e convivência na sala de aula. Já a segunda condição, a ambiental foi apresentada os recursos de ensino pedagógico, os computadores, procedimentos e compreensão quanto a atitudes do professor e monitores, também a prática de treinamento do conteúdo não sendo em sala de aula. 
Sobre o termo idoso, refere-se ao ser participante da terceira idade, onde a pessoa já viveu muitos anos adquirindo experiências com base em sua vivencia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) usa quatro estágios para classificar o envelhecimento de uma pessoa sendo: meia idade pessoas entre 45 e 59 anos, idosos 60 a 74 anos, ancião 75 a 90 anos e a velhice extrema para pessoas acima de 90 anos. 
A TERCEIRA IDADE NOS CURSOS DE INFORMÁTICA, UMA BUSCA IMEDIATA DE ATUALIZAÇÃO OU INCLUSÃO?
 Dados do IBGE mostram que a população do Brasil na faixa etária entre 50-90 anos tem aumentado nas últimas décadas como consequência direta do aumento da expectativa de vida do brasileiro. Na década de 70 a expectativa média era de 52 anos para os homens, enquanto que atualmente essa idade praticamente cresceu 50%. Assim, a expectativa atual encontra-se por volta dos 71 anos [IBGE, 2006]. 
 Nos países em desenvolvimento a idade de saída da força de trabalho ainda é alta, a proporção do aumento de idosos se reflete também num aumento da proporção destes no mercado de trabalho. No Brasil, a taxa de atividade dos homens era de 41% no ano de 1997 e 13% para mulheres, com mais de 60 anos. A participação no total da população ativa se vê compensada pelo aumento relativo da população idosa, no que se refere ao total geral da população. A proporção de maiores de 60 anos na força de trabalho ganha peso de forma constante; em 1997 era de 4,5% passando para 9% em 1998 e com previsão de que chegue a 13% no ano de 2020 [Wajnman et al., 1999]. 
 Como mencionado anteriormente, a tecnologia invadiu as casas, empresas, instituições de todos os tipos, a sociedade como um todo está se tornando informatizada. Os recursos da imprensa, rádio, TV, telefone, fax, vídeo, computador e Internet são disseminadores de culturas, valores e padrões sociais de comportamento. Cada vez mais o ser humano cria dependências pelos recursos eletrônicos, que passam a coexistir no dia a dia de todos. Com isso as mudanças transparecem nas diversas dimensões de viver na sociedade globalizada. 
 Para Kachar (2003), na sociedade contemporânea a socialização incorpora as relações produzidas pela rede de interconexões de pessoas entre si mediadas pelas tecnologias da comunicação e informação. A geração nascida no universo de ícones, imagens, botões e teclas transitam na operacionalização com desenvoltura na cena visionária de quase ficção científica, mas outra, nascida em tempos de relativa estabilidade, convive de forma conflituosa com as rápidas e complexas mudanças tecnológicas, cuja progressão é geométrica. 
 O analfabeto do futuro será o indivíduo que não souber decifrar a nova linguagem gerada pelos meios de comunicação [Pretto, 1996]. A nova geração é introduzida nesse universo já a partir do nascimento e por isso sua intimidade com os meios eletrônicos ocorre numa relação de identificação e fascinação. Por outro lado, os idosos de hoje têm revelado suas dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos até mesmo nas questões mais básicas como os eletrodomésticos, celulares, caixas eletrônicos instalados nos bancos. Consequentemente, aumenta o número de idosos iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da sociedade. 
 Esse novo universo de relações, comunicações e trânsito de informações pode se tornar mais um elemento de exclusão para o idoso, tirando-lhe a oportunidade de participar do presente, marginalizando-o e exilando-o da geração anterior, relegando à função social de memória, de passado. Para inserir-se na sociedade atual é preciso ter acesso à linguagem da Informática, dispondo dela para liberar-se do fardo de ser visto como um indivíduo ultrapassado e descontextualizado do mundo atual. 
 Nos países em desenvolvimento, há altas taxas de participação dos idosos no mercado de trabalho podendo-se citar como causas a falta de cobertura previdenciária ou a baixa remuneração desta, obrigando o idoso a permanecer na força ativa de trabalho. Nestes países as pessoas idosas que abandonariam a força de trabalho seriam por doença ou por incapacidade de encontrar outro trabalho ou por possuírem outro tipo de ajuda, proveniente de familiares [Popolo, 2001]. 
 Segundo Kachar (2003), a palavra atualização tem sua raiz em atual, um adjetivo, e origina-se em ativo ‘que age', 'que ocorre no momento em que se fala, no presente'. É o movimento de acompanhar o momento presente, de inserir-se na dinâmica atual, de sentir-se incluído, envolvido no processo de desenvolvimento da sociedade e conectado ao mundo moderno, associado à informação e à comunicação. 
 A intimidade com os recursos eletrônicos torna-se o passaporte para modernidade, "obrigatório para os novos formatos de cidades e modelos de vida que estão sendo instaurados" [Côrte e Couto, 1999, p.10-11]. 
 Conforme Kachar (2003) a nova linguagem já está circulando nas conversas corriqueiras. Há uma cobrança implícita para que todos estejam alfabetizados com essa linguagem icônica. O adulto de hoje faz parte de uma geração pré-icônica, por isso a dificuldade de fazer a leitura multidimensional que os recursos tecnológicos exigem. Ele observa o mundo e o progresso, dá-se conta do momento e vislumbra o futuro com a Informática e, para não se sentir à margem, procura se envolver com este universo. 
 Vendo a tecnologia instalando-se cada vez mais no processo de vida das pessoas, a decisão é enfrentar, pois a alternativa é adentrar esse mundo ou ficar excluído. Acompanhar a evolução tecnológica e os progressos na comunicação, para diminuir o isolamento, sentir-se parte integrante deste novo mundo [Sá, 1999]. 
 É sair da imobilidade, estar atento ao que acontece ao redor evitando o encolhimento em seu próprio mundo. Como destaca Novaes: “Envelhecer exige uma disposição particular de alerta, daí a importância da constante aquisição de conhecimentos para não restringir as dimensões de seu universo e do significado de sua existência” (1997, p. 55). 
 	A Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica o envelhecimento em quatro estágios, sendo estes: meia idade, idoso, ancião e velhice extrema, conforme pode ser visto na tabela abaixo. 
Tabela 1- Classificação do envelhecimento conforme OMS 
	 	Meia-idade 	45 a 59 anos 
	Idoso 	60 a 74 anos 
 	Ancião 	 75 a 90 anos 
	 	Velhice extrema 	90 anos em diante 
 	 
 Sobre o conceito de velhice, Simões (1994) destaca que a literatura classifica, os indivíduos acima de 60 anos como idosos e participantes da Terceira Idade, porém esse marco passou para 65 anos em função, principalmente,da expectativa de vida e das tentativas legais do estabelecimento da idade para o início da aposentadoria, dentre outros motivos. Já Mazo (2001) revela que a OMS considera idoso todo o indivíduo com 65 anos de idade ou mais, que reside em países desenvolvidos e, com 60 anos ou mais, os residentes em países subdesenvolvidos. 
 INCLUSÃO DIGITAL NA TERCEIRA IDADE 
O Programa Terceira Idade na Feevale iniciou suas atividades em abril de 1993, a partir da proposta de palestras sobre temáticas diversificadas. Com o passar do tempo, percebeu-se a necessidade de oferecer outras atividades que envolvessem aspectos físicos, educacionais e culturais para essa população. Assim, a partir de 1995 iniciaram atividades de hidroginástica, alongamento, coral e teatro. Foi a partir de 1997, há quase uma década que a terceira idade contou com cursos de informática básica. Essa proposta inicial foi evoluindo para a construção das propostas de ações em conjunto com os idosos e seus interesses. Os integrantes atuais do Programa Terceira Idade da Feevale participam em sua maioria há mais de três anos das atividades oferecidas, sendo, atualmente, composto de aproximadamente 600 participantes, dos quais 90% são do sexo feminino, 74% são casados, 57% são aposentados, com uma faixa etária a partir de 40 anos. Os participantes apresentam um nível econômico e cultural bastante variado. 
 A Feevale é uma instituição integrante do movimento Universidades da Terceira Idade, sendo este um espaço para debates, discussão e encontros de idéias que difundem e conceitos e busca viabilizar as práticas representativas de uma nova forma para a promoção da saúde e da melhoria de vida do idoso, com projetos, programas e atividades de caráter interdisciplinar, comprometendo-se e atuando na inserção do idoso como sujeito de suas próprias ações e um cidadão ativo e atuante na sociedade. 
O Programa da Terceira Idade tem como meta a participação cidadã da população idosa, através de ações voltadas à educação permanente e qualidade de vida. O programa oferece coral, teatro, idiomas, hidroginástica, caminhada orientada, ginástica, informática, alongamento, musculação, dança, oficina de poemas, fonoaudiologia nos lares, educação de jovens e adultos e grupo de estudos.
Os projetos de extensão estão baseados nas necessidades prementes e propostas oriundas da própria clientela que analisadas juntamente com profissionais da área requerida e que atuam na Instituição são encaminhadas para aprovação final pela instituição. A presente pesquisa teve, portanto, como público alvo somente os idosos que frequentaram o curso de informática entre agosto de 2005 e julho de 2006. 
 Ela foi desenvolvida em duas etapas, com questionário estruturado composto por perguntas fechadas e abertas e questões para identificar o perfil do nosso público. Como era de esperar, também nos cursos de informática a maioria do público é feminino como pode ser visto no gráfico a seguir: 
 
 Figura 1. Sexo público-alvo 40
%
60
%
Masculino
Feminino
 
 Com relação ao motivo da procura dos cursos de informática, identificamos que principalmente é a busca pelo conhecimento e atualização frente às novas tecnologias. Percebe-se que essa busca pelo conhecimento da tecnologia os fazem sentir-se incluídos tanto no convívio com a família quanto com a sociedade. Sentem que ainda tem capacidade de aprender e interagir de forma dinâmica com o computador. Os que ainda estão no mercado de trabalho procuram a informática pela capacitação e eficiência em sua vida profissional, adequando-se aos novos paradigmas da vida moderna. 
 Outra percepção que fica clara é a necessidade do resgate do espaço perdido, ou diminuído, frente à família com as novas gerações, filhos e netos principalmente, e em algumas situações com colegas de trabalho, que apesar de jovens e inexperientes no trabalho, mostram-se muito mais capazes e ágeis pelo domínio e facilidade em manusear o computador e principalmente de entender a linguagem simbólica digital que se apresenta confusa e totalmente diferente de tudo que era conhecido até então. Compreende-se a dificuldade ao pensarmos que uma criança que inicia desde seus primeiros passos a interação com o computador, não tem dificuldade em entender que um botão com a figura de um disquete significa “salvar um arquivo”, independente do que realmente e computacionalmente signifique “salvar” e mesmo que não haja totalmente a compreensão de que, por exemplo, um desenho feito no Paint fique armazenado no computador na forma de um arquivo. Confrontando com as experiências de uma pessoa que não teve o mesmo contato com essa linguagem, a própria imagem do disquete gera conflito, pois essa é uma mídia que está em desuso atualmente e dúvidas como “... professor, porque então não é a figura de um CD, pois o micro lá de casa grava no CD e não no disquete” são constantes durante as aulas de informática. 
E dentro do mesmo contexto, significados do dia-a-dia do idoso precisam ser desconstruídos e entendidos de outra forma, para que haja a compreensão do que realmente significa em uma linguagem simbólica. Termos tais como: salvar, abrir, colar, recortar, copiar, mover, configurar, salto ou quebra de página, arrastar, entre tantos outros, muitas vezes não apresentam um paralelo à vivência e experiência do idoso, o que torna-se ainda mais perceptível pelo fato de cada um ter sua própria “bagagem” de conhecimentos prévios e construídos. 
 
%
20
7
%
13
%
53
%
7
%
Atualização/busca de
conhecimento
Profissional
Necessidade
Não ficar parado, ter
uma atividade, fazer
coisa diferente.
não respondeu ou não
sabe
 
Figura 2: Motivo que o levou a procurar o Curso de Informática para Terceira Idade 
Finalmente, os entrevistados relataram que existem mudanças nas suas atitudes em relação ao computador após os cursos em virtude de sentirem-se mais confiantes de suas potencialidades e habilidades; mais familiarizados na utilização das ferramentas e softwares e menos excluídos dos progressos tecnológicos e da sociedade. Quando o idoso passa a dominar a tecnologia sente-se novamente parte atuante em suas famílias e sociedade. 
CONCLUSÃO:
A pesquisa foi desenvolvida com a finalidade de identificar as dificuldades e vantagens que a tecnologia trouxe na vida dos idosos. Os resultados da pesquisa demonstraram que os entrevistados adquiriram conhecimento, confiança e maior determinação em continuar aprendendo sendo capaz de buscar informações com o uso da internet. A maior vantagem encontrada foi o indivíduo se tornar independente e capaz de procurar qualquer conteúdo por si.
 A dificuldade é caracterizada na área técnica de dominar o computador e seus comandos, memorizar procedimentos simples como abrir um arquivo ou executar um programa. 
Em relação da procura de um curso de inclusão digital, a maioria respondeu que é para utilizar em casa para superação pessoal, visto também que a maioria foi incentivada pela família para iniciar o curso, já outros tiveram iniciativa própria. 
Os cursos de inclusão digital atenderam com seu papel de prática social, incluindo o indivíduo na sociedade, o trabalho árduo e vontade dos alunos tiveram resultado quanto a domínio de uma nova ferramenta para sua vida. Dentre as respostas, os alunos relataram que o computador e o uso da internet possibilitaram reaproximação das pessoas e distração com jogos e entretenimentos, descartando assim uma possível depressão. 
A partir desta pesquisa como trabalhos futuros junto à população da terceira idade, estaremos utilizando os resultados deste trabalho com o intuito de colaborar na elaboração de material didático especializado para este público alvo e no desenvolvimento de uma inclusão digital contextualizada e integrada ao cotidiano dos sujeitos. Seu uso possibilitou concluir que, respeitando a peculiar condição da idade, através de metodologias e materiais adequados, é perfeitamente possível concretizar a inclusão digital do idoso, possibilitandosua convivência com o mundo contemporâneo e tudo o que ele oferece, favorecendo as relações familiares, sociais, comerciais e tantas outras.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:
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