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Economia Internacional I Ciências Econômicas – FURG Cap IV – Teoria da Política Comercial 4-1 – Tarifas: O imposto sobre importações denominado tarifa é cobrado quando a mercadoria entra no país. E pode ser misto, ad valorem ou específico. – Específico – quando é cobrado pontualmente e independente do preço por determinado tipo de produto. - Ad Valorem – É a mais usual além de ser o preferido pelos países pela maior facilidade em sua administração. É cobrada como uma porcentagem do preço do produto. - Misto – Cobra um montante por unidade importada e um percentual sobre o preço. A tarifa serve como fonte de renda para alguns governos pela facilidade na sua arrecadação relativamente a outros tipos de tributações como a renda e o consumo. 4.1.1 – Custos e benefícios das tarifas O benefício básico da tarifa é proteger o produtor interno da concorrência internacional. A aplicação desse instrumento tributário aumenta o preço desse produto no mercado interno e gera externalidades negativas como a perda total dos consumidores não compensadas pelos ganhos dos Produtores + Governo conforme gráfico. a-Aumento do excedente do produtor b-distorção pelo aumento da produção doméstica menos eficiente c-aumento na arrecadação do governos d-distorção no consumo (redução) Os intervalos b+d mostram a redução do bem-estar nessa economia. A aplicação da tarifa se justifica pela pontualidade (um setor específico) da benesse e a difusão da externalidade negativa. Em um país grande ocorre o contrário.1 (i) Efeito sobre a Produção A tarifa altera o ponto de tangência (Preço Relativo) na produção de uma economia em pleno emprego dos fatores. Com capacidade ociosa a tarifa poderá servir para dinamizar um setor em específico, expandindo a produção de M sem reduzir a de X. (aumento de Q2 para Q1 via tarifa) 1(Ver Pag 60, Economia Internacional – Maria Auxiliadora de Carvalho – 4Ed) Economia Internacional I Ciências Econômicas – FURG (ii) - Efeito sobre a Renda Em um país onde IM é intensivo em capital e X é intensivo em trabalho, a imposição de tarifa transfere renda em favor do capital (os preços dos produtos intensivos em capital aumentará no mercado interno). (iii) -Efeito sobre a Receita do Governo O efeito direto da tarifa2 é como fomentador de receita, prática essa quase inequívoca, de economias pequenas. (iv) -Efeito sobre a Concorrência A proteção sempre reduzirá a concorrência e pouco fomentará a baixa dos preços. (v) -Efeito sobre a Renda O principal efeito sobre a renda se dá em processos recessivos e de desemprego, quando a tarifa serve para dar uma resposta de curto prazo aumentando demanda interna por bens antes importados. (vi) -Efeito sobre o Balanço de Pagamentos A imposição de uma tarifa ao menos a curto prazo melhora o balanço comercial e reduz o deficit externo (NX), não por exportar mais e sim por reduzir as importações NX=X-IM. 4-2 – Subsídios – Os subsídios são pagamentos diretos ou indiretos para O (des)estimular importações ou exportações, equivalentes a um imposto negativo e um estímulo ao produtor. O custo do subsídio é igual a “s. P*m. Q3”, alíquota x preço internacional x quantidade produzida. Essa forma de proteção é um dos menos prejudiciais visto que não distorce diretamente o preço final sobre os consumidores, pois eles estão pagando o preço internacional P*m. 2A tarifa que eleva o preço até o equilíbrio é a tarifa proibitiva. Em Q3 produz-se mais ao mesmo preço que antes se produzia Q1, o incremento no quantum é graças ao subsídio. O quadrante b é uma perda de bem- estar social, pois em vez de pagarmos aos produtores nacionais menos eficientes poderíamos comprar mais a um preço global3 mais barato importando. O subsídio para exportações embora proibido pela OMC quando praticado tem alguns retornos positivos e outros negativos conforme gráfico abaixo. b+d – representam a distorção no consumo e na produção resultantes do subsídio a exportação Esta política é praticada para aumentar NX. 4-3 – Outras formas de Proteção – 3 Sem subsídio Economia Internacional I Ciências Econômicas – FURG – Quotas de Importação: As cotas são uma restrição quantitativa a importação e diferem da tarifa por não gerar receita para o governo. – Controles Cambiais: É o escasseamento da moeda para importação. – Proibição de Importação: Além de ser a forma mais direta e seletiva, é a forma mais agressiva e geralmente traz consigo algumas retaliações internacionais. – Monopólio Estatal: Importação feita exclusivamente pelo estado – Leis de Compras de Produtos Nacionais: Caso haja um similar nacional é proibido importar – Depósito Prévio a Importação: É um depósito compulsório anterior a importação, com finalidade de financiar o governo na aquisição de divisas. Há uma seletividade no lapso temporal em relação a essencialidade do bem a ser importado. – Barreiras Não Tarifárias – Exemplos de BNT são as de saúde, fitossanitárias, Normas técnicas … – Acordos Voluntários de Restrição as Exportações AVRE: São acordos bilaterais no qual são restringidas as exportações para o mercado local com o intuito de dinamizá-lo. Cap V – Política Comercial na Prática 5-1–Argumentos a favor do protecionismo: Tenta-se justificar o protecionismo através de falhas de mercado que justificam a intervenção pública, como: – Proteção a Indústria Nascente: O termo indústria nascente refere-se a etapa de desenvolvimento em que a indústria ainda não alcançou um nível de produção que lhe permita desfrutar de economias de escala. A ideia é garantir uma certa reserva de mercado para que a incipiente indústria possa crescer protegida da concorrência externa. – Redução do Desemprego: As políticas comercias com essa finalidade tem a externalidade de gerar distorções nos preços relativos e ineficiência na alocação de recursos. É preferível o uso de políticas macroeconômicas fiscal, monetária e cambial. – Estímulo a Substituição de Importações: Argui-se que os países menos desenvolvidos são exportadores de produtos primários e importadores de bens de capital4, sofrendo perdas nos termos de troca provenientes da disparidade dos preços relativos externos e internos. A substituição de importações é uma forma de minimizar essa perda através da produção interna dos bens antes importados. – Redução do Diferencial de Salários: A disparidade da produtividade marginal entre os setores internos pode ser um fato gerador de uma politica que realoque os fatores de produção pautados na diferença entre as remunerações desses setores. Ex.: os salários da indústria são mais altos que no setor agrícola, e essa falha de mercado por si só justificaria a adoção de política protecionista em favor da indústria. – Impedimento ao Comércio Desleal: O comércio desleal distorce as relações de trocas 4 Entenda-se industrializados de valor agregado Economia Internacional I Ciências Econômicas – FURG entre os países. Tais práticas ocorrem pelo uso de Dumping’s e Subsídios5. Dumping é uma prática discriminatória de cobrança de preços externos menores que os internos, sendo essa a prática de comércio desleal mais frequente. Dumping Predatório é redução do preço externo como forma de expulsar os concorrentes do mercado. Após a configuração do monopólio passa a usar praticas abusivas de preços. Ainda temos outras categorias de Dumping’s não tão expressivas quanto as acima mencionadas6. – Promoçãoda Segurança Nacional: É a proteção dos setores ligados a defesa nacional7. – Melhoria no Balanço de Pagamentos: Um país enfrenta problema no balanço de pagamentos quando faltam divisas para financiar o deficit em transações correntes. Sendo a balança comercial um dos componentes das TC, a política comercial pode reduzir gravidade do problema se aumentar exportações ou inibir as importações. 5-2–Regulação do Comércio Internacional: A regulação do comércio Internacional através de seus diversos organismos, ocorreu na tentativa de dirimir os excessos de protecionismos implantados com o decorrer do período entre guerras. A sua gênese foi na conferência de Bretton Woods, a qual originou duas instituições 5 Já visto em capítulo anterior 6 (Ver Pag 96, Dumping Esporádico, Persistente e Social – Economia Internacional – Maria Auxiliadora de Carvalho – 4Ed) 7 Agricultura, Bélico e Elétrico responsáveis por supervisionar a nova ordem econômica internacional; o FMI e o BIRD8 5-2-1–GATT: Princípios e Regras: O objetivo original do GATT era pormenorizar as barreiras tarifárias9 entre as nações a aumentar a interdependência entre elas, reduzindo assim a chance de haver um novo conflito. O GATT contribuiu efetivamente na redução do protecionismo e para facilitar o comércio mundial, embora durante todo o seu período de existência tenha permanecido apenas na condição de acordo provisório. 5-2-2–OMC: A OMC1995 veio em substituição ao GATT como supervisor dos acordos econômicos multilaterais. A principal função da OMC é assegura que o comércio internacional flua da forma mais previsível, estável e livre quanto possível. Nela tudo é conduzido por acordos e nenhum país é obrigado a reduzir o protecionismo. 5-2-3– Sistema de Defesa Comercial Brasileira: A defesa comercial se justifica quando as importações ameaçam ou causam dano grave a indústria doméstica em virtude de práticas desleais de comércio (Dumping’'s e Subsídios). – Direitos Antidumping: taxa imposta sobre as importações pra neutralizar os efeitos dos dumping`s sobre a indústria nacional. 8 Havia planos para criação da OMC, mas não prosperou em virtude dos americanos se recusarem a assinar o acordo. 9 Através do princípio da “não discriminação”, onde nenhum país era obrigado a fazer concessões, mas se o fizesse tinha de ser equânime com os demais países participantes do acordo. Economia Internacional I Ciências Econômicas – FURG Cap VI – Balanço de Pagamentos 6-1– Conceitos básicos e nova estrutura do BP: – Balanço de Pagamentos: é o registro sistemático das transações entre residentes e não residentes10 durante um período de tempo. Os grupos de contas representativos por seu interesse analítico são s Transações Correntes TC e os Movimentos de Capitais MK. 6-1-1 – Subdivisões do BP: 1 – Transações Correntes TC: As transações correntes são aquelas que produzem fluxos de bens reais11 e são subdivididas em: - Balanço Comercial - Balanço de Serviços - Balanço de Rendas - Transações Unilaterais Correntes Balanço Comercial – Registra o saldo das importações e exportações de mercadorias entra residentes e não residentes. 10 A distinção de residência não se refere a nacionalidade, mas sim o de interesse econômico (Ex.: Brasileiro que vive a mais de 1 ano no exterior = não residente e vice-versa.) 11 Movimentações de bens e rendas entre residentes e não residentes. Balanço de Serviços – Registra o saldo do valor de todos os serviços12 prestados e recebidos pelos residentes do país. Balanço e Rendas – Conta esta que remete ao desmembramento do antigo balanço de serviços, com o objetivo de separar as remunerações13 obtidas pelos fatores de produção (Spread das transações entre residentes e não residentes). Transferências Unilaterais – Transações que não necessitam da contrapartida. No caso brasileiro essa conta foi dividida em transferências governamentais e privadas. 2 – Movimentos de Capitais MK: São os fluxos de moeda, crédito e títulos representativos de investimentos. Subdivide-se em: - Conta capital e Financeira - Variação das Reservas - Erros e Omissões Conta capital e financeira – É composta pelo direito adquirido e obrigações assumidas entre residentes e não residentes. Divide-se em: Conta Capital – a conta capital registra principalmente transferências de patrimônio por migrantes entre países Conta Financeira – Registra a formação de ativos e passivos externos. Tem quatro subcontas: Investimento Direto, Investimento em Carteira, Derivativos e Outros Investimentos. 12 Transportes, viagens internacionais, serviços de seguros, de computação, royalties, licenças, aluguel de equipamentos, serviços governamentais, de comunicação, de construção, empresariais, pessoais. 13 Salários, ordenados e investimentos Economia Internacional I Ciências Econômicas – FURG Variação das Reservas – Contrapartida do resultado Global do Balanço de Pagamentos.14 Erros e Omissões Cap VII – Transações Correntes – Abordagem Macroeconômica A contabilização do BP raramente apresenta equilíbrio, quase sempre temos deficit ou superavit nas transações com o resto do mundo. 7-1 – Variação da Dívida Externa: Um país que mantém relações comerciais com o resto do mundo tanto pode enviar como receber bens, serviços e fatores de produção do exterior. Se as remessas > que os recebimentos então esse país tem superavit em transações correntes, caso contrário estão em deficit. TC – Mercadorias e serviços MK – Moedas Se um país exporta mais que importa ele consequentemente aumentará suas reservas15, ou seja TC >0 então MK<0 ou como nas partidas dobradas TC = - MK pois a todo crédito corresponde um débito. Cabe ressaltar que o superavit em TC representa exportação de capitais16 ou ingresso liquido de reservas. O deficit por sua vez representa a importação de capitais ou saída líquida de reservas. 14 Se o BP aumenta VR aumenta e vice-versa 15 Componente de MK 16 Entende-se aqui bens e serviços em geral PIB – É a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia em um determinado período de tempo. PIB = PNB - RLRE Os fatores de produção são móveis e quando instalados fora de seu país de origem, costumeiramente fazem remessas de divisas17, o saldo líquido dessa transação é chamado de RLRE (Renda Líquida Recebida do Exterior). PNB – O PNB refere-se a produção apenas dos residentes de um país18, e o que o diferencia do PIB é exatamente o RLRE. PNB = PIB + RLRE Quando RLRE>0 temos PNB>PIB, que é o caso de muitos países desenvolvidos, nas nações menos desenvolvida ocorre normalmente o inverso. 7-1 – Investimento, Poupança e Transações correntes: Podemos observar por outro ângulo, o do pais que investe mais do que poupa ao invés do que gasta mais do que tem. 17 Lucros, dividendos, renda ... 18 Nesse caso retrata-se a renda de todos os brasileiros quer eles vivam no Brasil ou fora dele.
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