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Extinção do estado

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ESTUDANTES DO CURSO DE DIREITO UNIVC 2º PERIODO
agosto 21, 2008
	 
			TGE – TEORIA SOCIAL DO ESTADO (05)		 
	Filed under: * TGE — direitosm @ 3:16 pm 
	
		Prof. Bernardo
Transcrição da aula – (2º Direito Noturno) Material 05 
I – TEORIA SOCIAL DO ESTADO
(continuação)
6-) NASCIMENTO DOS ESTADOS 
Concorrendo os três elementos necessários – população, território e governo – nasce um Estado Perfeito, conforme visto no material 03. 
Resta saber, porém, como esses elementos se reúnem ou de que forma nasce o Estado.
Neste ponto não indagamos das causas genéticas da formação social, mas sim, do ato formal do nascimento ou de criação de um Estado, conforme com o depoimento da história, consenso dos povos e os princípios de direito internacional.
O conhecimento dos fatores determinantes e do perecimento dos Estados mais antigos perdeu-se na poeira dos tempos. Mesmo em relação aos que chegaram aos tempos atuais, como Índia, a China e o Egito, a história da sua origem permanece embuçada nas brumas de um passado muito remoto.
Os primeiros Estados, ao que se têm apurado por indução dos sábios, teriam surgido, originalmente, como decorrência natural da evolução das sociedades humanas. Emergiram do seio das primitivas comunidades e caminharam, paulatinamente, para a instauração de forma política específica.
E, se mais nos adentramos procurando desvendar na nebulosidade das priscas eras a gênese da ordem civil, veremos que se nos impõe, ainda pelo critério indutivo, a conclusão de que, antes do aparecimento do fenômeno que hoje chamamos Estado, já existiam regras de comportamento social ditadas pelo direito natural, e que este gerou o Estado erigindo-se em órgão da sua positivação.
Extinguiram-se os Estados primitivos oriundos dessa ordem natural primitiva, e sobre os seus escombros ergueram-se os Estados do mundo atual. Na sua maioria, representam este o renascimento ou a reformação dos velhos impérios extintos, conservando, muitas vezes, o nome e as tradições, porém ostentando nova configuração geográfica e política.
Como o aparecimento da organização estatal não implica, geralmente, o desaparecimento dos agrupamentos étnicos, conservando-se estes, mantendo a sua continuidade histórica. A comunidade romana, por exemplo, sobreviveu ao aniquilamento do Império ocasionado pelas invasões dos bárbaros, assim como a comunidade judaica, depois da destruição de Jerusalém, se conservou coesa até restabelecer, na Palestina, as vetustas tradições do velho Estado de Israel.
É oportuno ressaltar aqui, mais uma vez, a nítida diferença que existe entre Nação e Estado. A Nação é uma entidade de direito natural. O Estado, ao revés, é um fenômeno jurídico; é obra do homem, portanto, contingente e falível. Sua estrutura pode desintegrar-se num momento, desaparecer e reaparecer.
Tal como um ser vivo – disse Montaigne – o Estado nasce, floresce e morre. Essa interpretação mística do fenômeno estatal, desenvolvida por Hegel, Schelling, Krause e outros corifeus da chamada escola orgânica, fundada, aliás, na filosofia platônica, não convém à objetividade com que devemos encarar os fatos do nascimento e da extinção dos Estados.
Se o Estado em si, na sua estrutura morfológica e na sua realidade vital, se compara ao ritmo da vida orgânica, tal não ocorre em relação à comunidade nacional, pois esta, independentemente daquele, se eterniza na sucessividade das gerações. Vimos que, pode haver perfeitamente Estado sem Nação.
O Estado não morre por completar um determinado ciclo orgânico. A perpetuidade, aliás, é um dos pressupostos jurídicos da sua condição, e, contrariamente às leis naturais que regem a vida dos seres, a sua velhice é um penhor de vigorosa durabilidade. Um dos fatores que levam o Estado à morte está em que a sua estrutura, de certo modo, se apóia na força, e esta gera a resistência. Sujeita-se a sua estrutura às mutações do poder que são imperativos necessários da evolução humana.
Feitos estes esclarecimentos preliminares, vamos analisar aqui os fatos que assinalam o nascimento, o crescimento ou declínio e o desaparecimento dos Estados.
A condição de Estado, como já vimos a presença simultânea dos seus três elementos constitutivos – população, território e governo – sendo, entretanto, diversos os modos como se realiza a combinação desses elementos e como se explica o surgimento da entidade estatal.
Três são os modos de nascimento dos Estados: originários, secundários e derivados. Desdobram-se, cada um deles, em vários casos específicos. Para bem estudá-los faremos primeiro o seguinte enquadramento sinótico:
Modos de nascimento dos Estados:
	Originário
	Secundários: União {Confederação, Federação, União pessoal, União Real}
Divisão {Nacional, Sucessoral}.
	Derivados: Colonização, Concessão dos direitos de soberania, Ato de Governo
6.1) MODO ORIGINÁRIO
Pode surgir o Estado, originariamente, do próprio meio nacional, sem dependência de qualquer fator externo. Um agrupamento humano mais ou menos homogêneo, estabelecendo-se num determinado território, organiza o seu governo e passa a apresentar as condições universais da ordem política e jurídica. Roma e Atenas são exemplos típicos da formação originária.
Esse núcleo inicial, via de regra, homogêneo, isto é, uma comunidade identificada por vínculos de raça, língua, usos, costumes, sentimentos e aspirações comuns, e que, atingindo lentamente certas e determinadas condições, adota um sistema de organização social e administrativa tendente a facilitar a concretização dos anseios comuns.
Os Estados primitivos, sem dúvida, foram precedidos de uma lenta preparação nacional, mas nos tempos atuais tivemos exemplos de criação de Estados originariamente, sem o estágio preparatório a que nos referimos, ou seja, sem que o núcleo humano inicial apresentasse esse aspecto de homogeneidade próprio dos chamados Estados Nacionais. Assim, ocorreu, por exemplo, no caso do Estado da Califórnia, na América do Norte, onde legiões de indivíduos de todas as origens formaram uma população numerosa e reuniram-se, em 1849, numa assembléia constituinte, organizando o seu governo e proclamando ao mundo a fundação do seu Estado, posteriormente incorporado a federação dos Estados Unidos da América do Norte.
Deixando de lado maior indagação sobre a formação dos Estados antigos para fixarmos a sociedade humana no momento exato em que ela, por força de variadas circunstâncias, se organiza em Estado constatamos que no mundo moderno inúmeras são as circunstâncias que cercam e determinam o nascimento de novas unidades políticas. Queiroz Lima assim enumera essas circunstâncias: “divergências de raças, índoles aspirações, ou coligação de povos unidos pela identidade de raça ou por um forte laço de interesse comum; influência dissolvente de uma guerra infeliz ou imposição de um inimigo vencedor; e, finalmente, combinações das grandes potências em congresso internacional”.
Diante desse panorama realmente verídico, perde muito do seu valor a regra geral da formação originária e se avultam em importância os modos secundários e derivados.
6.2) MODOS SECUNDÁRIOS
Uma nova unidade política pode nascer da união ou da divisão de Estados.
São casos de união: a) confederação; b) federação; c) união pessoal; e d) união real.
6.2.1. CONFEDERAÇÃO
É uma união convencional de países independentes, objetivando a realização de grandes empreendimentos de interesse comum ou o fortalecimento da defesa de todos contra a eventualidade de uma agressão externa.
São exemplos dessa forma de união, nos tempos antigos, as confederações gregas dos Beócios, dos Arcádios, dos Acheus e dos Estólios. Os antigos cantões da Suíça uniram-se formando a Confederação Helvética, que ainda subsiste, agora com feição própria de uma união federal (abaixo visto). Mais recentemente, tivemos a Confederação
dos Estados Unidos da América do Norte (1776-1787) e a Confederação Germânica (1815).
A atual Comunidade dos Estados Independentes (CEI) é um exemplo da união sob a forma confederativa. A partir de um manifesto lançado pela Rússia, Ucrânia e Bielorrúsia, outras nove repúblicas também ex-integrantes da extinta URSS formalizaram sua adesão, dando início a um processo de unificação política e econômica cujas bases definitivas ainda hoje estão sendo processadas.
6.2.2. FEDERAÇÃO
É uma união nacional mais íntima, perpétua e indisponível, de províncias que passam a constituir uma só pessoa de direito público internacional. Exemplo clássico de união federal é a América do Norte. Temos ainda, no continente americano, o México, Brasil, Argentina e Venezuela. (veremos melhor)
6.2.3. UNIÃO PESSOAL
É o governo de dois ou mais países por um ao monarca. É uma união de natureza precária, transitória, porque decorre exclusivamente de eventuais direitos sucessórios ou convencionais de um determinado príncipe. Registra a história, entre outros, os seguintes exemplos de união pessoal: a) Alemanha e Espanha sob o poder de Carlos V; b) Inglaterra e Hanover sob o governo de George IV; c) Polônia e Sarre, sob o reinado de Augusto etc.
6.2.4. UNIÃO REAL
É a união efetiva, com caráter permanente, de dois ou mais países formando uma só pessoa de direito público internacional. Exemplos: a) Suécia e Noruega; b) Áustria e Hungria; c) Inglaterra, Escócia e Irlanda, que se juntaram para a formação da Grã-Bretanha.
São casos de divisão: a) divisão nacional, e b) divisão sucessoral.
6.2.5. DIVISÃO NACIONAL
É a que se dá quando determinada região ou província integrante de um Estado obtém a sua independência e forma uma nova unidade política – um novo Estado. Há os exemplos da divisão da monarquia de Alexandre, do retalhamento do primeiro império napoleônico e da separação dos chamados Países Baixos, vários casos de divisão nacional se verificaram por conveniência e imposição dos vencedores.
6.2.6. DIVISÃO SUCESSORIAL
É uma forma típica das monarquias medievais: o Estado, considerado como propriedade do monarca, era dividido entre seus parentes e sucessores, desdobrando-se, assim, em reinos menores autônomos. O direito público moderno não dá agasalho a essa antiquada forma de criação do Estado.
6.3) MODOS DERIVADOS
Segundo estas hipóteses, o Estado surge em conseqüência de movimentos exteriores, quais sejam: a) colonização; b) concessão de direitos de soberania; e c) ato de governo.
6.3.1. COLONIZAÇÃO
Foi a forma primeiramente utilizada pelos gregos que povoaram as terras e criaram Estados ao longo do Mediterrâneo. Modernamente, temos os exemplos do Brasil e da demais antigas colônias americanas povoadas pelos ingleses, espanhóis e portugueses, as quais transformaram posteriormente em Estados livres.
6.3.2. CONCESSÃO DOS DIREITOS DE SOBERANIA
Ocorria frequentemente na Idade Média, quando os monarcas, por sua livre vontade pessoal, outorgavam os direitos de autodeterminação aos seus principados, ducados, condados, etc. Nos tempos atuais, a Irlanda, o Canadá e outras “colônias” da British Commonwealth of Nations caminham progressivamente para a sua completa independência, através de concessões feitas pelo governo inglês.
6.3.3. ATO DE GOVERNO
É a forma pela qual o nascimento de um novo Estado decorre da simples vontade de um eventual conquistador ou de um governante absoluto. Napoleão I criou assim diversos Estados, tão-somente pela manifestação da sua vontade incontestável.
7-) DESENVOLVIMENTO E DECLÍNIO DOS ESTADOS 
O Estado se desenvolve, em sentido progressivo, quando fortalece e sublima a sua ordem social, jurídica e econômico, em consonância com a civilização nacional.
O seu eventual declínio, ao revés, provém da corrupção dos costumes, do amortecimento da consciência cívica, do abastardamento da raça, do relaxamento do sistema educacional, da perversão da justiça etc. em tais contingências entra o Estado num processo de depauperamento orgânico – como dizem os teóricos da escola organicista – tornando-se presa fácil aos conquistadores estrangeiros.
Quando não consegue o Estado reagir no sentido de restabelecer em bases seguras a normalidade da sua vida, poderá sofrer o colapso geral e a morte. Assim desapareceram: Exemplos: Cartago pelas dissenções internas; Roma pela incapacidade de organizar a resistência contra as hordas bárbaras; o Império de Carlos Magno pelo esfacelamento feudal; o Império Grego do Oriente pela sua desastrosa indolência bizantina; e a Polônia (três vezes) pela debilidade das suas forças internas e pela inconstância da sua nobreza.
😎 EXTINÇÃO
Causas gerais ou específicas ocasionam a extinção (morte) dos Estados, como resumimos no seguinte quadro:
<!–[if !supportLists]–>· <!–[endif]–>Extinção dos Estados: Causas gerais 
Causas específicas {Conquista, Emigração, Expulsão, Renúncia dos direitos de soberania}
Em geral, ocorre o desaparecimento do Estado como unidade de direito público sempre que, por qualquer motivo, faltar um dos seus elementos morfológicos (população, território e governo).
As uniões e divisões de Estados, que ensejam a formação de novas entidades estatais, determinam, ipso facto, o desaparecimento dos Estados que uniram ou daquele que se dividiu.
# CONQUISTA
Quando o Estado, desorganizado, enfraquecido, sem amparo de um órgão internacional de justiça e segurança, é invadido por forças estrangeiras, ou dividido violentamente por um movimento separatista insuflado por interesses externos. 
Por essa forma ocorreu três vezes o eclipse da Polônia na órbita internacional, em 1772, em 1793 e no decurso da primeira guerra mundial.
# EMIGRAÇÃO
Quando, sob a pressão de qualquer acontecimento imprevisto, toda a população nacional abandonou o país, como se deu com os helvéticos ao tempo de César.
# EXPULSÃO
Quando as forças conquistadoras, ocupando plenamente o território do Estado invadido, obrigam a população vencida a se deslocar para outra região. Foi o que ocorreu em diversos países da Europa por ocasião das invasões bárbaras.
# RENÚNCIA DOS DIREITOS DE SOBERANIA
É a forma de desaparecimento espontâneo. Uma comunidade nacional pode renunciar aos seus direitos de autodeterminação, em benefício de outro Estado mais prospero, ao qual se incorpora, formando um novo e maior Estado. Várias unidades feudais com prerrogativas de Estado, na Idade Média, desapareceram por este modo, passando a integrar a poderosa monarquia francesa de Luis XI.
Mais recentemente tivemos o exemplo do Estado mexicano do Texas, o qual, tendo proclamado a sua independência em 1837, deliberou posteriormente, em 1845, abrir mão da sua soberania para ingressar na federação americana.
A Baviera, o Wurtenberg e o Grão-Ducado de Bade também desapareceram por renúncia dos direitos de soberania, passando a integrar o Império Alemão.
9-) JUSTIFICAÇÃO DOS ESTADOS
O nascimento e a extinção de Estados, como fatos que alteram sensivelmente a situação geográfica e política de uma determinada região ou mesmo Continente, revestem-se de importância transcendental, pois envolvem, direta ou indiretamente, os interesses comuns de todos os povos. Na antiguidade esses fatos eram inteiramente arbitrários, sujeitos apenas às imposições da força. Com o advento do jus gentium, porém, passaram a subordinar-se aos princípios estabelecidos com o consenso geral das nações civilizadas.
A soberania política de uma comunidade nacional exclui a interferência estrangeira no campo do direito público internacional, há o limite imposto naturalmente pelo interesse de convivência das soberanias. Não há mesmo como repelir, no plano ético, o primado do direito internacional, que preside, no mundo moderno, a existência de uma sociedade
de Estados. Impõe o direito internacional, conseqüentemente, que a criação ou a supressão de um Estado seja aprovada prévia ou posteriormente pelas outras potências, particularmente por aquelas que se situam no mesmo Continente, para que a integração de um fato político de interesse da sociedade de Estados se harmonize com o princípio da coexistência pacífica de soberanias internas sobre uma base normal de paridade jurídica.
Procurando dar a esses fatos a juridicidade de que carecem para que se imponham ao respeito e ao acatamento de todos os povos, no jogo de interesses legítimos ou ilegítimos das maiores potencias, a política internacional tem adotado, desde o século passado, as seguintes teorias que justificam o Estado:
<!–[if !supportLists]–>a) <!–[endif]–>Princípio das nacionalidades;
<!–[if !supportLists]–>b) <!–[endif]–>Teoria das fronteiras naturais;
<!–[if !supportLists]–>c) <!–[endif]–>Teoria do equilíbrio internacional; e 
<!–[if !supportLists]–>d) <!–[endif]–>Teoria de livre-arbítrio dos povos.
A) PRINCÍPIO DAS NACIONALIDADES
Com a vitória da revolução francesa verificou-se a transposição do poder de governo do rei para a nação, o que já abordamos. Mas, acima da nação como realidade política surgiu com a reação contra a santa Aliança (1815-1830) um novo princípio de direito natural e histórico, calcado no conceito de nacionalidade.
A divisão arbitrária dos povos, como vinha sendo feita pela diplomacia de Viena, S. Petersburgo e Paris, estabelecera um clima de inquietação no panorama europeu, prejudicando os esforços tendentes à consolidação da paz. O conceito de nacionalidade veio impor uma nova fórmula baseada na liberdade que deve ter cada nação de organizar-se segundo suas tradições: consistindo o Estado na organização política de uma nação, a cada nacionalidade diferenciada deverá corresponder uma composição política autônoma.
Em outros termos: os grupos humanos, diferenciados por vínculos de raça, língua, usos e costumes, tradições, etc., constituem grupos nacionais e devem formar, cada um, o seu próprio Estado.
Foi essa teoria formulada por Mancini em 1851 e defendida com entusiasmo por muitos autores e estadistas. Era praticamente a doutrina da não-intervenção do Estado e nela se apoiaram, sobretudo, as pequenas nações subjugadas e transformadas em moedas de troco nos negócios das grandes potências.
O princípio das nacionalidades, nos termos em que foi formulado – observou Queiroz Lima – tanto se presta para o bem como para o mal; tanto serve às reivindicações legítimas como às mais injustas espoliações. Sob a égide dessa teoria realizaram-se movimentos benéficos, como a independência da Grécia (1829), a separação entre a Holanda e a Bélgica (1830), a unificação da Itália (1859), a unificação da Alemanha (1867 – 1871) e a independência dos países balcânicos (Rumânia, Sérvia, Bulgária e Montenegro), que se desligaram do jugo otomano.
Por outro lado, realizaram-se violentas usurpações, como as anexações de Alsácia, Lorena e Hanover à Alemanha, e bem assim as de outros pequenos Estados reivindicados pelo racismo germânico. Também a Rússia procurou estender a sua hegemonia às pequenas nações de raça eslava, com a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), extinta em 1991.
B) TEORIA DAS FRONTEIRAS NATURAIS
Esta teoria é um desvirtuamento, uma excrescência do princípio das nacionalidades.
Surgiu a teoria das fronteiras naturais, como instrumento a ser utilizado pelos países militarmente fortes, os quais alegaram que a nação deveria ter o seu território (complemento natural) delimitado pelos grandes acidentes geográficos naturais. A geografia indica em relevos naturais os justos contornos das nações. A crítica que se faz à essa Teoria é que não é razoável que sejam traçados limites arbitrários quando há um rio navegável, uma cordilheira, um mar, como fronteira natural… e a tendência dos Estados é procurar esses limites e adotá-los.
Muito mais do que o princípio das nacionalidades tornou-se a teoria das fronteiras naturais uma espada de dois gumes: a França procurou divisar-se com a Espanha pelos Pirineus e com a Alemanha pelo Reno. A Alemanha, por sua vez, reivindicou contra a França a sua divisa pelo Vosgues… Percebam como evidenciava traçados limites arbitrários. 
Dissidências dessa natureza contribuíram para a conflagração do mundo, levando os estadistas à procura de outros princípios capazes de assegurar uma harmonia efetiva e duradoura no campo áspero das relações internacionais.
C) TEORIA DO EQUILÍBRIO INTERNACIONAL
Esta teoria foi formulada visando particularmente o equilíbrio europeu. Parte do princípio de que a paz decorre do equilíbrio que se possa estabelecer entre as forças das várias potências.
Chamaram-na também teoria da paz armada. Correspondia ela, como lembra o Professor Machado Paupério, com o rifão popular – lobo não como lobo. Entre as principais potências deveria haver uma igualdade de domínios territoriais, porque o fortalecimento desproporcional de uma redundaria em ameaça à segurança das outras.
OBS: Essa teoria teve aceitação entre os estadistas europeus. Não obstante, a mística desse equilíbrio ideal não evitou fosse a Europa mergulhada na imensa catástrofe de 1914.
O Brasil mesmo chegou a sustentar essa teoria, invocando a conveniência de um equilíbrio sul-americano, quando defendeu a soberania do Uruguai, reconheceu a do Paraguai e impediu que, sob o governo despótico de Rosas, fosse reorganizado o vice-reinado do Prata.
Na Partilha da Polônia, nos tratados de Viena e sempre que se procurou reformar a configuração do mapa europeu, essa doutrina foi objeto de considerações e debates. Ponderável corrente de doutrinadores e estadistas continua a entender que a força deve ser contida pela força, por isso que o desenvolvimento do poderio bélico é um dos mais respeitáveis fatores da paz.
Não condiz esta teoria com os ideais democráticos nem com os naturais anseios de justiça da maioria das nações.
D. TEORIA DO LIVRE-ARBÍTRIO DOS POVOS
Semelhante, na sua essência, ao princípio das nacionalidades, esta teoria defende a vontade nacional como razão de Estado. Preceitua que só o livre consentimento de cada povo justifica e preside a vida do Estado.
Lançando as suas raízes na filosofia liberal do século XVIII, inspirando-se principalmente nas pregações de Rousseau e nos postulados da revolução francesa, defendeu esta teoria a plena liberdade de autodeterminação dos povos. Cada nação tem o direito dispor sobre o seu destino e de se dar as próprias leis. Em tais condições diz textualmente esta doutrina “nenhuma potência tem o direito de submeter um Estado contra a vontade soberana da respectiva população”.
Em nome da teoria do livre-arbítrio dos povos foram feitas a restauração da Polônia, a independência da Iugoslávia, a criação da Checoslováquia, a integração da Grécia, a unificação da Itália e a devolução da Alsácia Lorena á França. Solucionaram-se as questões da Bacia do Sarre, Alta Silésia, Prússia Oriental, Nice, Bélgica, e de outros pequenos Estados e territórios contestados, nos quais foram realizados plebiscitos para a apuração da vontade de cada povo.
Nem todas as pequenas nações, porém, tiveram respeitados os seus direitos de autodeterminação, notadamente depois da segunda guerra mundial. Continuaram as grandes potências, no jogo dos seus interesses, a fazer tábula rasa da teoria do livre-arbítrio dos povos, a qual, sem dúvida, teoricamente, é uma alta expressão dos ideais democráticos.
Todavia, a negação do “livre-arbítrio” dos povos, sem dúvida uma alta expressão dos ideais democráticos, dificilmente prevalece; quando negado, mesmo a médio ou longo prazo, acarreta sempre a reação do povo oprimido. Exemplo disso é a recente extinção da URSS, provocada pelas declarações de independência dos Estados que a ela eram submetidos, e a criação
da CEI que, embora signifique uma união de Estados, conserva e mantém sua independência sob a forma confederativa, respeitando o “livre-arbítrio” dos povos que a compõem.
10-) EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO
10.1 – O Estado no Antigo Oriente
Sabemos que o Oriente Antigo é o berço da civilização. Contudo, politicamente, como é natural numa cultura incipiente, só podemos antever ali rudimentos primários ao Estado. O Antigo Oriente, remoto e médio-oriente, deu-nos apenas, na melhor das hipóteses, embriões estatais. Além disso, são muito raros e incompletos os dados historicamente disponíveis. Não obstante as dificuldades que nos apresentam, é possível afirmar que, toda a civilização oriental remota, prevalece o aspecto teológico para o fenômeno jurídico-político-estatal. O Direito e o Estado são divinos, dotados de uma divindade pagã, com indiscutíveis odor e sabor politeístas. Noções de religião, direito, moral, crendices, superstições, preceitos políticos, de higiene, de etiqueta, e de outros, tudo se mistura num conjunto informe massivo…
Sob o prisma da Teoria Geral do Estado, as estruturas políticas orientais antigas que merecem destaque, ainda que rudimentarmente políticas orientais antigas que merecem destaque, ainda que rudimentarmente, são o Egito, China, a Índia, a Assírio-Babilônia e Israel.
a) O Egito. Como todas as culturas jurídico-políticas orientais antigas, o Egito é marcadamente religioso. No centro de toda a organização está o monarca absoluto, em cujas mãos reside o destino de homens e coisas. O Direito, linguagem lógica e técnica do Estado, exprime um mandato divino e consubstancia-se na pessoa do Faraó, que, por essa razão, também se diviniza. Justo é tudo aquilo que o Faraó ama, e injusto, inversamente, o que ele desama ou repele. Também não existe responsabilidade civil do Estado, uma vez que, pela sua própria natureza divina, o Faraó não pode errar. Enfim, todos devem respeitar o Estado como sendo algo divino, e cultuar o Faraó como Filho vivo da Divindade, igualmente divino. Todavia, como nada que se submete ao tempo, pode ser literalmente absoluto, para temperar o poder faraônico, havia poderosos colégios sacerdotais como órgãos consultivos do Faraó;
b) A China. No Estado teocrático chinês, embora o poder fizesse do Príncipe um “Filho do Céu”, ele não se considerava nem era reconhecido como um deus. Trata-se apenas de um título, porque seu poder era mais um dever do que propriamente um direito. Talvez por isso, a China nos tenha dado, naquela época, filósofos da mais elevada estirpe, como Confúcio, Mêncio e Lao-Tse, todos eles enfatizando o primado do homem, como fim de tudo quanto existe, inclusive, do Direito e do Estado;
c) A Índia. A Índia, ao contrário dos demais Estados orientais, não unificou formalmente os poderes político e religioso nas mãos de um homem só ou de um mesmo e único corpo de elite. O Brahmanismo, que detinha a concepção religiosa, antes tudo inspirava eticamente os governantes e lhes dava, de fora, as orientações de como exercer sabiamente o poder. 
É que o Budismo não pôde, ainda que o tentasse, mudar o regime político conseguindo tão-só adoçá-lo mais aceitável aos olhos dos governados;
d) A Assírio-Babilônia. O Egito, conforme vimos, é uma igreja; e o Faraó, o grande sacerdote, um deus vivo. A Assírio-Babilônia nem tanto. Ali, os reis se proclamam instrumentos dos deuses. Os deuses mandam e os reis lhes cumprem as ordens e os mandamentos. E quais são esses grandes mandamentos? Impor a Justiça, eliminar o mal e defender os mais fracos contra a opressão, a ganância e a violência dos mais fortes. Entretanto, nas relações com as nações vizinhas, nenhum povo da antiguidade foi tão duro, cruel e vingativo. Israel que o diga. Por duas vezes, sofreu na carne extremas e terríveis punições; e
e) Israel. Também Israel não passa de uma Teocracia. Mas, com Israel, algo de novo, completamente original, tem lugar no seio da Antiguidade Oriental: o Monoteísmo. De fato, Israel era uma ilha monoteísta, cercada de politeísmo por todos os lados. O Monoteísmo, como característica ímpar de Israel, no Mundo Antigo, faz da civilização hebraica uma cultura particular e muito especial e projetar-se no mundo. Isto se dá com o Novo Testamento que, muito embora seja herança e continuação do Antigo, ultrapassa-o completamente, dirigindo-se não mais ao povo judeu, até então considerado como povo eleito de Deus, porém, a todos os homens da Terra.
10.2 – O Estado na Grécia Clássica
O Estado na Grécia, monárquico desde o seu início no século IX ou VII a.C., e republicano no seu apogeu, durante o século IV antes de nossa era, foi sempre uma Cidade-Estado. Vários fatores, desde circunstâncias telúricas muito próprias, como, uma topografia acidentada, de altas montanhas e vales profundos, infindáveis ilhas e litoral sempre diverso e recortado, além de condições culturais e psicológicas diferenciadas, fizeram com que as populações gregas logicamente se separassem, concentrando-se em pequenos núcleos estrategicamente localizados, tendo-se em vista, ainda, as necessidades de segurança, defesa e proteção. Por isso, os gregos fundaram e mantiveram cuidadosamente os seus pequenos Estados, como Atenas, Esparta, e Tebas, dentre outros.
Estas Cidades-Estado, chamadas “Polis”, sempre evoluíram historicamente, com alguma exceção, de maneira idêntica, segundo Wilson ACCIOLI. Iniciam-se como monarquias, transformam-se em oligarquias, em seguida, tornam-se tiranas e, por fim, democracias.
Devemos esclarecer, no entanto, que não se trata de uma democracia, do modo como hoje a entendemos. Como muito bem demonstrou Sahid MALUF, o próprio Estado de Atenas, no auge de sua glória, com um contingente demográfico de meio milhão de habitantes, somente um pouco mais de 40.000 eram cidadãos, podendo participar efetivamente da vida política do Estado, ou demais, ou eram escravos, aproximadamente 60% da população, ou eram estrangeiros, cerca de 20.000, ou, ainda, por outros motivos, viviam à margem das leis e da sociedade.
Tal como se dava com toda e qualquer estrutura política antiga, o Estado grego era visivelmente teológico. Contudo, não era teocrático. O que caracteriza definitivamente a “Polis” é a vontade do povo. Na Grécia, o homem se dilui no povo, não tendo propriamente nenhuma liberdade individual. Assim, por exemplo, “se os atenienses desfrutavam da liberdade de pensar, isto se devia ao fato de Atenas amar a liberdade, e não porque ela reconhecesse direitos ao individuo” (Wilson ACCIOLI).
Outra característica fundamental da “Polis” grega, talvez e mais importante de todas, capaz até mesmo de determinar-lhe a identidade, é a sua idéia de auto-suficiência. Realmente, a Cidade-Estados era, antes de tudo, uma autarquia. Quanto a isso, ARISTÓTELES (384-322 a.C) chegou a dizer: 
A sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa,com todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido, por assim dizer, o fim a que se propôs (A Política, I,I,8).
A idéia da autarquia no Estado grego era tão incisiva que, como nos informa Dalmo de Abreu DALLARI, quando um desses Estados efetuava uma conquista e dominava outros povos, não se efetivava nenhuma expansão territorial, e não se procurava integração entre vencedores e vencidos numa ordem comum.
10.3 – O Estado Romano
Se a Grécia estabeleceu as condenadas teóricas, artísticas e filosóficas da existência, Roma, com o seu pragmatismo, a sua “práxis” e a sua lógica, traçou os rumos da Civilização Ocidental e a pôs nos trilhos da História por meio de duas técnicas de dominação do homem sobre o homem, a Política e o Direito.
Mas o curioso desta façanha, é que Roma, em vez de romanizar o mundo que gradativamente conquistou, ela o helenizou, transformando, assim, todos os seus domínios numa civilização grega. Em termos de cultura, os gregos criaram e os divulgaram. E o fizeram com
rara simplicidade, transparência e didática, ou seja, com maestria e eficiência. Destaca-se, neste processo, o movimento filosófico grego, denominado estoicismo, do qual as figuras mais expressivas, além do seu fundador ZENON de Cítio (335-236 c.C.), foram os romanos, a começar por CÍCERO (106-43 a.C.), SÊNECA (04-65), EPICTECO (55-138) e o Imperador Marco AURÉLIO (121-180).
Como se sabe, a História de Roma revela-nos, pelo menos, três fases bastante distintas: a Realeza, a República e o Império.
Do mesmo modo que a “Polis” grega, Roma nasceu na forma de uma cidade-estado, a “civitas” (754 a.C.), constituída ou organizada por famílias e tribos, sendo a sociedade composta por patrícios, que formavam a elite aristocrática governante, de clientes e de plebeus.
Esta é a fase original, a da Realeza, a da Monarquia. Além do Rei, que exercia o poder, havia o Conselho de Anciãos ou Senado, como também uma assembléia, a “comita curiata”, a qual competia, dentre outras funções, a de escolher o monarca.
Instaurada a República (529 a.C.), o poder passou a ser exercido por dois magistrados, ou dois Cônsules, eleitos para o período de um ano. Abaixo deles, pela ordem, vinham os seguintes: os pretores, os censores, os edis, os questores e os Tribunos da plebe.
Quanto às principais instituições políticas, além das magistraturas, eram o Senado e as assembléias, a Curiata, a Centuriata e a Tubunícia.
Com a evolução de Roma, veio o período das conquistas, período longo, uma vez que, só para dominar a Itália, os romanos levaram mais de 230 anos, concluindo a tarefa em 338 a.C. Depois, através das guerras púnicas, derrotaram Cartago e conquistaram o Mediterrâneo Ocidental, e, em seguida, o Mediterrâneo Oriental. No século I a.C., a expansão romana ainda prosseguia. Júlio César conquista a Gália e, no ano a.C., Otávio derrota Cleópatra e apodera-se do Egito. Nessa altura, Roma já era a mais abrangente potencia política do Mundo Ocidental.
10.4 – O Estado Medieval
Com a queda e a decomposição final do Império Romano, em 476 da nossa era, praticamente desapareceu o Estado na Europa Ocidental.
Diversos fatores poderosos foram decisivos para que isto ocorresse, com destaque para as invasões bárbaras, o feudalismo e o Cristianismo.
a) As invasões bárbaras. No século V, o Império Romano estava mais do que maduro para o assalto final dos povos bárbaros. Impelidos pelos hunos, chegados do Oriente desde o século anterior, e atraídos por novas terras, mais quentes e mais férteis, os bárbaros quase não encontraram resistência e, em ondas sucessivas, ostrogodos, vigigodos, vândalos, suevos, alanos, germanos, e outros, tomaram conta do antigo Império e fartamente banquetearam-se à custa dele. Daí, naturalmente, teriam de surgir vários e aparentes Estados;
b) O Feudalismo. Os reis bárbaros, à medida que se iam fixando nas novas terras, outorgavam aos seus auxiliares diretos, conselheiros, parentes, e, principalmente, chefes guerreiros, privilégios de toda ordem, dividindo assim o poder, cada vez mais esfacelado. Tais privilégios, cargos, funções e concessões, eram normalmente acompanhados de um pedaço de terra ou feudo arrancado ao vasto território. Cada um desses príncipes, condes, marques, barão ou duque, tornava-se um pequeno-rei nos seus domínios, podendo declarar e fazer guerra, cunhar moedas, decretar e arrancar tributos, administrar a justiça, exercer, enfim, um completo e duro domínio sobre pessoas e coisas dentro do seu feudo, às vezes, até mesmo, reivindicar a primeira noite de uma mulher que se casasse. Todos os habitantes do feudo eram seus vassalos, em troca de uma pura e simples proteção. Em contrapartida, porém, o senhor feudal devia obrigações a um outro senhor mais alto, o suserano ou senhor do senhor, como por exemplo, ajuda militar e pagamentos de tributos.
O feudalismo é, portanto, uma complexa organização de poder em vista de uma hierarquia entre suseranos e vassalos, podendo um senhor feudal preencher ambas as condições ao mesmo tempo; e 
c) O Cristianismo. Aurélio AGOSTINHO (354-430) talvez tenha sido o primeiro teórico a perceber que, na ausência ou inelutável fraqueza do Estado, o Cristianismo seria a única estrutura suficientemente forte para impor um freio aos bárbaros, magnificamente dispostos e cheios de energia, mas, jurídica política e socialmente imaturos para uma nova ordem e uma construtiva civilização. Por isso, dedicou a própria vida à edificação e ao fortalecimento da Igreja. O que o genial africano concebeu em teoria, os mais altos dignatários da Igreja não tardaram a pôr em prática. Em conseqüência, o Trono de São Pedro, em Roma, além do poder espiritual, a que os reis, convertidos ao Cristianismo, teriam forçosamente de acatar e obedecer, como nos mostra Sahid MALUF.
Como se viu, o que realmente marca a existência do Estado Medieval e o identifica é a descentralização ou, mais do que isso, é a desagregação do poder, ao ponto de, praticamente, descaracterizar o Estado.
10.5 – O Estado Moderno
O Estado, propriamente dito, é uma conquista da Idade Moderna e nasceu monárquico e absolutista. Com o cansaço e a impotência das velhas e arcaicas estruturas religiosas e feudais da Idade Média, o poder se aglutinou novamente nas mãos de um homem só. Isto ocorreu a partir do século XVI, surgindo, desse modo, a Monarquia Absolutista.
Dois autores de nomeada, igualmente célebres. Nicolau MAQUIAVEL (1469-1527), com O Príncipe, e Jean BODIN (1530-1596), em seu “Les six Livres de La Répuvlique”, se encarregaram de interpretar e divulgar o espírito da nova ordem. MAQUIAVEL, além de cunhar, pela vez primeira na História, o nome Estado, com significado que ainda hoje se mantém, fez a apologia do poder ilimitado. Sua obra é um pequeno tratado de como conquistar o poder e nele permanecer, concentrando-o cada vez mais. BODIN, por sua vez, como já vimos, desenvolveu a Teoria da Soberania Absoluta do rei, deixando claro que este inequivocamente personifica o Estado.
Não há dúvida de que o absolutismo permitia ao Rei a faculdade de enfeixar nas mãos todos os poderes do Estado, poderes ilimitados, já que era o monarca mesmo, em pessoa, o titular da Soberania. Absoluto era o Estado, porque absoluto era o soberano monarca que se identificava com o próprio Estado.
Felizmente, o Estado Absolutista representa não mais que uma fase da longa e sinuosa evolução estatal. Pode, no entanto, retornar algum dia, tendo-se em vista a ciclotimia que rege a existência. Afinal, nunca há nada de absolutamente novo debaixo do sol.
10.6 – O Estado Contemporâneo
Em nossa atual, agitada e rotativa Idade Contemporânea, vários tipos de Estado têm surgido, sobressaindo-se, entre eles, o Estado Liberal e o Estado Totalitário.
a) O Estado Liberal. Com as reações ao absolutismo estatal, da Idade Moderna, inspiradas na doutrina dos Direitos Fundamentais do Homem, cujas primeiras sementes se encontram na Inglaterra, lá no ano de 1215, com a Magna Carta, apareceu o Estado Liberal. A Declaração de Independência dos Estados Unidos e, principalmente, a Revolução Francesa derrubando, de uma vez por todas, o absolutismo monárquico, revigoram e consolidaram o Estado Liberal. As Declarações Francesas dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 e 1793, e as Constituições de 1787 e 1791 serviram de modelo para todos os Estados do mundo civilizado, que se foram colocando paulatinamente sob a égide de uma constituição, segundo o princípio do Liberalismo; e
b) O Estado Totalitário desrespeita e destrói a dignidade humana. Escraviza a própria coletividade.
“Nada fora do Estado, nada acima do Estado, nada contra o Estado. Tudo no Estado, pelo Estado”, conforme cita Darcy AZAMBUJA, ao analisar a doutrina do Fascismo, levada a efeito na Itália. Além do Estado Totalitário Fascista, temos tido outros, como o Nazista, na Alemanha, e o Comunismo, em várias partes do mundo. O Nazismo pregou absorção
do homem no Estado, por meio de uma raça; o Comunismo o faz através de uma classe. O Nazi-fascismo vem servindo de modelo a diversos Estados, que o imitaram, a exemplo da França, da Espanha e de Portugal, até mesmo, do Brasil, com Getúlio Vargas.
Todos esses regimes ditatoriais, seja o da direita, representada pelo Nazi-fascismo, seja o da esquerda, pelo Comunismo, mesmo acobertados por uma constituição, são sempre totalitários, tiranos e discricionários. É que a Constituição é, ela mesma, totalitária, ou, sendo democrática, existe apenas na aparência.
O Estado Liberal, por sua vez, é precisamente, o contrario do Estado Totalitário. Neste, a Soberania reside na pessoa do monarca (absolutismo), numa raça endeusada (nazismo), ou numa classe rigidamente uniformizada (fascismo e comunismo), ao passo que, no Estado Liberal, a Soberania pertence à Nação e é exercida pelo povo, por intermédio de seus representantes. Todavia, há uma diferença básica entre absolutismo e totalitarismo: No absolutismo, característica do Estado Moderno, este sequer admitia uma constituição, enquanto o Estado Totalitário de nossa época tinha e sempre teve uma Constituição, embora totalitária ou de fachada, como já se disse.
No Estado Liberal, delimitam-se as áreas de atuação do Estado e do indivíduo, num certo equilíbrio entre os Direitos Fundamentais do Homem e os Direitos do Estado e Garantias Individuais, Políticos e Sociais das Pessoa, que é a própria alma de uma constituição Democrática. Há, enfim, uma tentativa de respeito à liberdade e à dignidade humana.
Quanto ao Estado Totalitário Comunista, também se diz Socialista.
A palavra socialismo, muito deturpa, por sinal, comporta várias significações. Assim, se fala em Socialismo Agrário e até Socialismo Cristão. Mas o que todos conhecem é mesmo o Socialismo de Estado, que, no fundo, não é outra coisa, senão o Comunismo.
É verdade que a doutrina marxista não identifica Socialismo de Estado e Comunismo. A sua dialética comporta três fases muito bem distintas: a tomada do poder, o Socialismo (a ditadura do proletariado), e o Comunismo (paraíso terrestre). Ora, as duas primeiras etapas existem, (dolorosamente existem), porém, a última é simplesmente impossível. Comunismo é Socialismo de Estado e jamais poderá ser outra coisa. Por isso é que, depois de 72 anos de ditadura, nos moldes marxistas-leninistas-stalinistas, fabricando fracassos e devorando homens, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, formada pela Rússia e seus Estados-satélites, como a Iugoslávia, a Checolosváquia, a Bulgária, e outros, se desintegrou num redondo e completo desastre.
Nesses Estados Socialistas (não confundir Socialista com Estado Social-Democrata), a exemplo dos remanescentes China e Cuba, o que se vê e se verá sempre, enquanto existirem, é uma ditadura do tipo classista, em que há apenas uma doutrina, pela qual se imola, todos os direitos e garantias individuais.
Se o Estado Liberal é um mal, como acreditamos que, um mal necessário, o Estado Totalitário, de direita ou de esquerda, moleque devorador de homens, só pode ser um mal desnecessário, desumano e insuportável.
 
 
		
			
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