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SOCIOLOGIA PARA CONCURSO

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SOCIOLOGIA ENSINO MÉDIO
 
Educação 
para Jovens e 
Adultos 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA 
ENSINO 
MÉDIO 
Educação para Jovens e 
Adultos 
Centro Educacional Pódio 
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ÍNDICE 
 
 
 
A SOCIEDADE HUMANA 05 
A VIDA SOCIAL - CONCEITOS IMPORTANTES 12 
AGRUPAMENTO SOCIAL 16 
ECONOMIA E SOCIEDADE 19 
ESTRATIFICAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL 24 
AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS 27 
MUDANÇAS SOCIAIS 31 
SUBDESENVOLVIMENTO, COMUNIDADE, 
CIDADANIA E MINORIAS 34 
EDUCAÇÃO E CULTURA 40 
MOVIMENTO RELIGIOSO E SOCIEDADE 45 
A GLOBALIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO 50 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 55 
A SOCIEDADE E A TRANSCEDÊNCIA 60 
A CONCIÊNCIA HOLÍSTICA 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio Módulo I - 1º ano 
 
 
 
A SOCIEDADE HUMANA 
 
 
 
Nas diversas espécies animais que habitam nosso planeta são verificadas formas de rela- 
cionamentos que confirmam a teoria de Evolução das Espécies, formulada por Darwin, na qual 
a preservação da espécie e o seu aprimoramento parecem ser o objetivo das suas formas de 
vida, convivência e sociabilidade. Desta forma, para assegurar a reprodução e a sobrevivência, 
os animais estabelecem estilos próprios de vida. Acreditando na superioridade de sua cultura, 
os europeus intervieram nas formas tradicionais de vida existentes nos outros continentes, 
procurando transformá-las. E em consonância com essa forma de pensar desenvolveram-se as 
idéias do cientista inglês Charles Darwin a respeito da evolução biológica das espécies ani- 
mais. Para Darwin, as diversas espécies de seres vivos se transformam continuamente com a 
finalidade de se aperfeiçoar e garantir a sobrevivência. 
 
Desde os tempos mais remotos o homem, como uma das espécies existentes, compreen- 
deu a importância de viver em companhia dos semelhantes. Para satisfazer suas necessidades, 
juntou-se aos demais, formando agrupamentos onde cada qual já podia colaborar e estabele- 
cer laços com os outros. Apesar da convivência humana ter sofrido muitas mudanças, ainda 
hoje se pesquisa para resgatar e conhecer nossa origem. 
 
Tal como as demais espécies, o homem possui uma variedade de atividades instintivas, ou 
seja, ações e reações que se desenvolvem de forma mecânica como respirar, engatinhar, sen- 
tir fome, medo, frio. Desenvolveu também habilidades que dependem de aprendizagem como 
comer, beber, a obedecer, a brincar, trabalhar, administrar, governar. Distingue-se das outras 
espécies, pois necessita de aprendizado para adquirir diferenciada forma de comportamento. 
 
 
As Ciências Sociais 
 
O comportamento social humano e suas várias formas de organização são o principal foco 
da pesquisa e do estudo das Ciências Sociais. 
 
O objeto das Ciências Sociais é o ser humano em suas relações sociais, e o objetivo é ampli- 
ar o conhecimento sobre o ser humano em suas interações sociais. Logo, os variados com- 
portamentos humanos como casar, receber salário, fazer greve, participar de eventos, educar 
filhos, são considerados comportamentos sociais pois se desenvolvem em sociedade. 
 
Com o avanço do conhecimento fez-se necessária a divisão das Ciências Sociais, para que 
cada uma das disciplinas pudessem se ocupar de um aspecto específico da realidade social, 
embora todas sejam complementares entre si. As disciplinas abaixo formam as Ciências 
Sociais. 
 
SOCIOLOGIA – estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as 
interações que ocorrem na vida em sociedade. 
 
ECONOMIA – estuda as atividades humanas ligadas a produção, circulação, distribuição e 
consumo de bens e serviços, como por exemplo a distribuição de renda num país, a política 
salarial, a produtividade, entre outros. 
 
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Módulo I - 1º ano MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio 
 
 
ANTROPOLOGIA – estuda e pesquisa as semelhanças e as diferenças culturais entre 
vários agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas. 
 
POLÍTICA – estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como a formação e o desen- 
volvimento das diversas formas de governo. 
 
 
A História da Sociologia 
 
Tem sido uma constante na vida dos seres humanos a reflexão sobre os grupos e as 
sociedades para sua melhor compreensão. Os gregos na antiguidade recorriam à Mitologia 
para compreender os fenômenos sociais, baseados na imaginação, na fantasia e na especu- 
lação. As tentativas de explicar a Sociedade foram muito influenciadas pela Filosofia e a 
Religião. Na antiguidade e durante a Idade Média, Platão em seu livro “A República”, e 
Aristóteles com a obra “Política” foram o marco. É de Aristóteles a afirmação de que “o 
homem nasce para viver em sociedade”. A influência da religião observa-se em Santo 
Agostinho em sua obra “A cidade de Deus”, onde afirmava que nas cidades reinava o pecado. 
 
O empenho em atribuir ao estudo da sociedade um status semelhante ao das Ciências 
Naturais, que regulam os fenômenos físicos, químicos e biológicos, teve como resultado o 
nascimento da Sociologia. A preocupação com os fenômenos sociais sempre acompanhou a 
história das idéias do homem, no entanto, só se firmou como ciência no século XIX, quando 
se definiu seu campo de investigação e o modo pelo qual se procura conhecê-lo. 
 
 
A Primeira Forma de Pensamento Social 
 
A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o Positivismo, a 
primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de inves- 
tigação. Seu primeiro representante foi o pensador francês Auguste Comte. 
 
O Positivismo derivou do “cientificismo”, isto é, da crença no poder exclusivo e absoluto da 
razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Essas leis seri- 
am a base da regulamentação da vida do homem, da natureza como um todo e do próprio uni- 
verso. Seu conhecimento pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso 
comum por meio das quais o homem explicava a realidade. 
 
O Positivismo reconhecia que os princípios reguladores do mundo físico e do mundo social 
diferiam quanto à sua essência. Comte denominou “física social” às suas análises da 
sociedade, antes de criar o termo sociologia, numa evidente tentativa de derivar as Ciências 
Sociais das Ciências Físicas. 
 
Cabe lembrar que tal filosofia inspirava-se no método de investigação das ciências da 
natureza, procurando identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais 
os cientistas explicavam a vida natural. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da 
exaltação à coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao bem estar do todo social. 
 
CURIOSIDADES 
 
Auguste Comte (1798-1857) 
Nasceu em Montepellier, França, de uma família católica monarquista. Viveu a infância na 
França napoleônica. Estudou no colégio de sua cidade e depois em Paris, na Escola Politécnica. 
Tornou-se discípulo de Saint-Simon, de quem sofreu enorme influência. Devotou seus estudos 
à filosofia positivista. 
 
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MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio Módulo I - 1º ano 
 
 
A Sociologia de Durkheim 
 
Embora Comte seja considerado o pai da Sociologia, Émile Durkheim é tido como um dos 
seus primeiros grandes teóricos, tendo sido com ele que a Sociologia passou a ser considera- 
da uma ciência. Formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os 
fatos sociais têm características próprias,que os distinguem dos que são estudados pelas ou- 
tras ciências. Para ele a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. 
 
Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Os 
fatos têm três características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Tais conceitos serão 
objeto de estudo na unidade seguinte. Para ele a Sociologia tinha por finalidade não só explicar 
a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A teoria de Durkheim pre- 
tende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa 
e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua consciência individual, seu 
modo próprio de se comportar e interpretar a vida, observa-se nos grupos ou nas sociedades 
formas padronizadas de conduta e pensamento. E com base nesta constatação definiu cons- 
ciência coletiva. Na obra “Da Divisão do Trabalho Social” aparece a definição de consciência 
coletiva como sendo “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros 
de uma mesma sociedade” que “forma um sistema determinado com vida própria”. 
 
A partir da segunda metade do século XX , com o fortalecimento do Capitalismo, que se 
tornou também mais complexo, a Sociologia ganha nova importância, deparando-se com 
questões com que até então não havia se preocupado como a ruptura de normas sociais, 
desagregação familiar, cidadania, minorias, violência, crimes. Esses temas levaram a 
Sociologia a buscar respostas para os novos desafios, que exigem uma análise científica de 
todos os aspectos da vida em sociedade, a fim de entender o presente e projetar o futuro. 
 
 
CURIOSIDADE: 
 
Émile Durkheim (1858 – 1917) 
Nasceu em Epinal, na França, descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos 
filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou 
Sociologia em Bornéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-se em 1902 
para Sorbone. 
 
 
Max Weber e a Ação Social 
 
Para Weber o objeto da Sociologia seria a Ação Social, a ação humana intencional. 
 
A compreensão do que é Ação Social seria a única forma para explicar os fatos sociais. 
Assim, a Ação Social não deveria apenas ser constatada ou descrita exteriormente, mas com- 
preendida. O homem, enquanto indivíduo, passou a ter significado e especificidade. É ele que 
dá sentido à sua Ação Social: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propria- 
mente dita e seus efeitos. 
 
Para a Sociologia Positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a 
eles. Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas 
sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de moti- 
vação. Cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses 
racionais ou pela emotividade. 
 
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Módulo I - 1º ano MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio 
 
 
Um dos trabalhos mais conhecidos e importantes de Weber é “A Ética Protestante e o 
Espírito do Capitalismo”, no qual ele relaciona o papel do protestantismo na formação do com- 
portamento típico do capitalismo ocidental moderno. Sua maior influência nos ramos espe- 
cializados da Sociologia foi no estudo das religiões, estabelecendo relações entre formações 
políticas e crenças religiosas. 
 
 
CURIOSIDADE : 
 
Max Weber (1864-1920) 
Nasceu na cidade de Erfurt (Alemanha), numa família de burgueses liberais. Desenvolveu 
estudos de direito, filosofia, história e sociologia, constantemente interrompidos por uma 
doença que o acompanhou por toda vida. Iniciou carreira de professor em Berlim e, em 1895, 
foi catedrático na Universidade de Heidelberg. Manteve contato permanente com intelectuais 
de sua época, como Simmel Sombart, Tönnies e Georg Lukács. Na política participou da 
comissão redatora da Constituição da República de Weimar. 
 
 
Karl Marx e a Sociologia 
 
Com o objetivo de entender o Capitalismo, Marx produziu obras de Filosofia, Economia e 
Sociologia. Sua intenção ia além de contribuir para o desenvolvimento da ciência, pois ten- 
cionava uma ampla transformação Política, Econômica e Social. 
 
Desenvolveu o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade pri- 
vada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção (ferramentas, 
matéria-prima, terra e máquina), que se tornaram propriedade do capitalista. Separava tam- 
bém, ou alienava, o trabalhador do fruto do seu trabalho, que também é apropriado pelo ca- 
pitalista. Essa é a base da alienação econômica do homem sob o capital. Max relata que a 
história do homem é a história da luta de classes, luta constante e de interesses opostos. 
 
De acordo com Marx o capitalismo tem seus dias contados, pois concentra cada vez mais 
dinheiro nas mãos de cada vez menos pessoas. No final, haverá tantos sem dinheiro que eles 
derrubarão o sistema e o substituirão por outro no qual o dinheiro não seja importante. Esse 
novo sistema denomina-se “Comunismo”. Sob o comunismo todos serão livres para traba- 
lharem para si e pelo bem comum. Entretanto, os países que tentaram por em prática tais 
idéias, como China, Cuba e a ex União Soviética, tiveram resultados variados, além de ques- 
tionarmos se foram fiéis às idéias de Marx. 
 
É preciso lembrar que as teorias marxistas, como o próprio Marx propôs, transcendem o 
momento histórico no qual são concebidas e têm uma validade que extrapola qualquer das ini- 
ciativas concretas que buscam viabilizar a sociedade justa e igualitária proposta por Marx. 
Nunca será bastante lembrar que a ausência da propriedade privada dos meios de produção é 
condição necessária, mas não suficiente da sociedade comunista teorizada por Marx. Assim, 
não se devem confundir tentativas de realizações levadas a efeito por inspiração das teorias 
marxistas com as propostas por Marx de superação das contradições capitalistas. 
 
Como Marx mostrou, o próprio esforço por manter e reproduzir um modo de produção acar- 
reta modificações qualitativas nas forças em oposição. Enganam-se os teóricos de direita e de 
esquerda que vêem em dado momento a realização mítica de um modelo ideal de sociedade. 
Hoje se vive nas ciências um momento de particular cautela, pois, após dois ou três séculos de 
crença absoluta na capacidade redentora da ciência, em sua possibilidade de explicitar de 
maneira inequívoca e permanente a realidade, já não se acredita na infalibilidade dos mode- 
los, sendo necessário o trabalho permanente de discussão, revisão e complementação. 
 
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MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio Módulo I - 1º ano 
 
 
CURIOSIDADE: 
 
Karl Marx (1818 – 1883) 
Nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836, matriculou-se na Universidade de 
Berlim, doutorando-se em filosofia. Foi redator de uma gazeta liberal em Colônia. Mudou-se 
em 1842 para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de idéias e publicações 
por toda vida. Expulso da França em 1845, foi para Bruxelas, onde participou da recém-funda- 
da Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu com Engels “O manifesto do Partido Comunista”, 
obra fundadora do “marxismo” enquanto movimento político e social a favor do proletariado. 
Com o malogro das revoluções sociais de 1848, Marx mudou-se para Londres, onde se dedi- 
cou a um grandioso estudo crítico da economia política. 
 
 
A Sociologia no Brasil 
 
Desde o início vimos estudando o desenvolvimento do pensamento sociológico como resul- 
tado de um longo processo, que culmina com a elaboração científica do pensamento social, no 
século XIX, quando dá sua plena autonomia em relação à filosofia social e quando realiza a 
concepção de objetos, conceitos e métodos próprios de análise, tendo comosustentação as 
condições sócio-históricas do capitalismo na Europa, a partir do Renascimento. 
 
Na América Latina, em especial no Brasil, esse processo obedeceu também às condições de 
desenvolvimento do capitalismo e à dinâmica própria de inserção do país na ordem capitalista 
mundial. Reflete, assim, a situação colonial, a herança da cultura jesuítica e o lento processo 
de formação do Estado nacional. 
 
Assim, vamos acompanhar um breve histórico da formação cultural no Brasil, ressaltando o 
desenvolvimento das idéias sociais a partir do contexto histórico. 
 
 
Dos Jesuítas aos dias atuais 
 
A colonização do Brasil, como a história já nos mostrou, é marcada pela vinda dos jesuítas 
e com eles a cultura européia introduzindo a religião como domínio cultural por três séculos. 
Apesar de instituírem o tupi como “língua geral”, os jesuítas foram os responsáveis pelo exter- 
mínio gradativo da cultura nativa, assim como a submissão das populações escravas, con- 
duzindo à subordinação da colônia aos interesses de Portugal e da Igreja. Assim durante sécu- 
los a cultura no Brasil manteve seu caráter ilustrado, de distinção social e dominação. 
 
Com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, as atividades culturais surgem 
para atender a demanda da burguesia aqui instalada. As inovações implementadas foram: 
Criação da Imprensa Régia; surgimento da Biblioteca, hoje Biblioteca Nacional; incentivo ao 
estudo de botânica e zoologia com a criação do Jardim Botânico; surge o Museu Real (hoje 
Museu Nacional); vinda da Missão Cultural Francesa e a criação do Museu de Belas Artes. 
 
Nosso processo cultural no século XIX é marcado pela importação de idéias e concepções 
européias, introduzidas à revelia de nossa realidade. Desde então o processo educacional sofre 
várias mudanças ficando, por fim, a educação do povo a cargo das províncias, futuros estados, 
e a educação da elite sob responsabilidade do poder central; o que impediu a unidade do sis- 
tema educacional. A elitização do ensino fica evidenciada, portanto, com a criação das escolas 
de nível superior que atendessem às necessidades da burguesia e do estado constituído. Cabe 
ressaltar que a alienação cultural, utilizando modelos europeus, atendia a premissa de garan- 
tir o domínio do poder imperial. 
 
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Módulo I - 1º ano MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio 
 
 
Grandes disparidades foram observadas com o distanciamento da classe culta da maioria 
da população, com apenas 10% da população em idade escolar matriculada nas escolas 
primárias, o alto índice de analfabetismo e educação predominantemente masculina, pois a 
feminina aparece aos poucos no final do século XIX, vez que à mulher cabia se dedicar às pren- 
das domésticas e à aprendizagem de boas maneiras, dentro de uma estrutura de sociedade 
com regime político imperialista de economia agrícola e patriarcal de base escravocrata. 
 
No início do século XX o capitalismo de monopólios acentua a concentração de renda e as 
conseqüentes disparidades sociais. É marcado no mundo por grandes conflitos nos diversos 
continentes, culminando com a Primeira Grande Guerra. O poderio econômico americano e o 
impacto mundial da crise da quebra da Bolsa de Nova Iorque geram desemprego em massa, 
o que exige a substituição do capitalismo liberal pelo capitalismo de organização, o que leva 
os países não desenvolvidos a uma crise em face de sua base agrícola. A ênfase na ciência e 
na tecnologia transforma os usos e costumes da humanidade. 
 
A década de 20 é marcada por um alto índice de analfabetismo (80%). Surge a 
escolanovista, e com ela a reação católica; as alternativas anarquistas são objetos de 
perseguição face ao incentivo ao ativismo político. A repressão acentua-se e fica mais distante 
a participação da sociedade, sendo reivindicadas autonomia, autogestão e diálogo. 
 
A década de 30 marcou a preocupação com o Brasil real, em oposição à colonização, o 
desenvolvimento nacionalista, como sentimento capaz de unir as diversas camadas sociais em 
torno de questões internas da nação e como inspiração para as políticas econômica e admi- 
nistrativa de proteção ao comércio e à indústria nacional. 
 
É fundada nessa época a Escola Livre de Sociologia e Política (1933), dedicada a estudos ori- 
entados pela sociologia norte-americana, e da Faculdade de Filosofia, Ciências e letras (1934). 
Procurou-se, assim, iniciar o estudo sistemático da sociologia, opondo-se ao caráter genérico 
de “humanidades” que adquiriu na formação de engenheiros, médicos e advogados, bem 
como diferenciar esse conhecimento, por seu cientificismo e pragmatismo, daquele apropria- 
do pelo Estado. Citamos aqui expoentes desse período: Caio Prado Júnior, Gilberto Freire, 
Sérgio Buarque de Hollanda e Fernando Azevedo. 
 
Com a Segunda Guerra Mundial grandes transformações sociais e políticas marcaram o iní- 
cio da década de 40, quando EUA e a então URSS firmaram-se como potências mundiais. E 
com a mudança de cenário, uma Nova |Ordem Social afirmava-se, de caráter transformador, 
em especial para os países do chamado Terceiro Mundo. A industrialização transformava as 
relações sociais entre classes, entre setores e entre regiões. Acentua-se o êxodo rural, com o 
abandono do campo por uma massa de população significativa, gerando forte dependência 
das áreas agrícolas à região Sudeste industrializada. O país adquiria nessa época a consciên- 
cia de sua complexidade e de sua particularidade. Aqui os sociólogos denotam grande pre- 
ocupação com a realidade latino-americana, desenvolvendo estudos entre semelhanças e 
diferenças existentes entre os conflitos e as sociedades latino-americanas. Destaca-se nesse 
momento por suas pesquisas Emílio Willems. 
 
Florestan Fernandes e Celso Furtado, importantes pensadores e responsáveis pela for- 
mação de duas grandes correntes do pensamento social brasileiro, marcam a década de 50. 
Discípulo de Roger Bastide, Florestan Fernandes desenvolveu importante pesquisa sobre 
negros e a questão racial no Brasil. Segundo ele a sociedade podia ser estudada pelos padrões 
e estruturas, isto é, os fundamentos da organização social e pelos dilemas, conjunturas históri- 
cas, que eram as contradições geradas pela dinâmica interna da estrutura. Daí sua abordagem 
muitas vezes denominada “histórico-cultural”. No campo da sociologia ocupou-se do estudo 
das relações sociais e da estrutura de classes da sociedade brasileira, o capitalismo depen- 
dente e o papel do intelectual. 
 
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MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio Módulo I - 1º ano 
 
 
Celso Furtado foi o grande inovador do pensamento econômico, não só no Brasil como em 
toda América Latina. É apontado como o fundador da economia política brasileira. Foi o defen- 
sor da idéia de que o subdesenvolvimento não correspondia a uma etapa histórica das 
sociedades rumo ao capitalismo, mas se tratava de uma formação econômica gerada pelo 
próprio capitalismo internacional. 
 
Neste mesmo período Darcy Ribeiro desponta com a questão indígena e mais adiante 
exerce forte influência, enquanto político, na mudança da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. A Sociologia entre o período de 40 e 60 produziu inúmeros trabalhos denunciando 
as desigualdades sociais e as relações de domínio e opressão internas e externas. 
 
Instalada a Segunda República com forte influência americana no golpe militar de 1964. Os 
reflexos da instalação da ditadura militar na sociedade e na Sociologia são significativos, uma 
vez que a repressão ao pensar social e político deu-se de inúmeras formas. Universidades 
foram fechadas, bem como entidades de classe estudantil, os principais nomes da Sociologia 
no Brasil foram sumariamente aposentados e impedidos de lecionar. Muitos foram exilados, 
outros se exilaram, passandoa publicar seus trabalhos no exterior. Várias reformas foram 
instituídas com a finalidade única de atender ao poder político dominante e repressor, impedin- 
do o progresso cultural no País. 
 
Com a transição democrática e o primeiro governo civil pós-ditadura militar, importante 
avaliação sugere uma revisão da situação política do país com a criação de partidos, bem como 
o ingresso de cientistas sociais na política. O Partido dos Trabalhadores (PT) teve adeptos a sua 
luta política como Florestan Fernandes, Antônio Cândido e Mello e Souza e Francisco Weffort. 
Darcy Ribeiro filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), Fernando Henrique Cardoso 
esteve presente à fundação do Partido Social-Democrata Brasileiro (PSDB), surgido da dis- 
sidência do antigo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). 
 
Uma progressiva diversificação das ciências sociais, e especial da sociologia. Multiplicaram- 
se os campos de estudo, fazendo surgir análises sobre a condição feminina, do menor, das fave- 
las, das artes, da violência urbana e rural, da religião, entre outras. A Sociologia vem se tor- 
nando cada vez mais interdisciplinar e plural, com a multiplicação de seus objetos de estudos. 
 
Vemos emergir um novo milênio com uma ordem social transformadora das relações influ- 
enciada pela evolução das comunicações, nos permite a comunicação em tempo real e a uni- 
versalização da imagem através da TV, alterando a maneira de pensar e agir das pessoas. Os 
sociólogos buscam redefinir os conceitos de dependência e divisão internacional do trabalho 
num mundo globalizado. 
 
 
PARA REFLETIR 
 
“Não há nenhum defeito naquele que procura a verdade baseado em suas 
próprias luzes; é mesmo um dever de cada um de nós.” 
 
“A verdade deve manifestar-se em nossos pensamentos. Em nossas ações”. 
 
“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossas carências. Se cada um 
tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo e ninguém mor- 
reria de inanição”. 
Ghandi 
 
 
 
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A VIDA SOCIAL 
CONCEITOS IMPORTANTES 
 
 
Quase todas as referências sobre a sociedade são feitas em termos de relações sociais. Em 
geral, pensa-se nas relações entre pai e filho, entre empregador e empregado, entre líder e par- 
tidário, entre comerciante e cliente, ou das que existem entre amigos, inimigos, etc. Essas 
relações estão situadas entre as características mais comuns da sociedade e, conseqüente- 
mente, pode parecer atitude perfeitamente óbvia estudar a sua natureza. Entretanto, a 
Sociologia deve analisá-las e classificá-las porque representam não somente uma forma 
comum, como também fundamental para a organização dos dados sociais. Em resumo, a 
sociedade deve ser encarada como um sistema de relações. 
 
Ao analisar as relações sociais verifica-se que são muito mais complexas que a princípio 
podem parecer. Todas as sociedades contêm centenas, talvez mesmo milhares de relações 
sociais convenientemente definidas. Tais relações sociais foram classificadas como interações, 
as quais podem ocorrer de pessoa para pessoa, entre uma pessoa e um grupo e entre um 
grupo e outro. 
 
 
Contato Social 
 
O contato social é a base da vida social. É o primeiro passo para que ocorra qualquer asso- 
ciação humana. 
 
Podemos considerar que existem dois tipos de contados sociais: primários e secundários. 
Os contatos sociais primários são os contatos pessoais, diretos e que têm forte base emo- 
cional, pois as pessoas envolvidas compartilham suas experiências individuais. Temos como 
exemplo os familiares, os de vizinhança, as relações sociais na escola, no clube. Já os contatos 
sociais secundários são impessoais, calculados, formais, um meio para atingir determinado 
fim. Como no caso do passageiro com o cobrador de ônibus, apenas para pagar a passagem; 
o cliente com o caixa do banco, para descontar um cheque. 
 
É importante destacar que com a industrialização e a urbanização diminuíram os contatos 
primários, pois a cidade é a área em que há mais grupos nos quais predominam os contatos 
secundários. As relações humanas nas grandes cidades podem ser mais fragmentadas e 
impessoais, caracterizando uma tendência ao individualismo. 
 
 
A Socialização 
 
Todo indivíduo é, em parte, produto de duas espécies distintas de transmissão, uma here- 
ditária e outra social. À primeira age através do mecanismo dos genes, cromossomos, e da 
reprodução humana - refere-se ao plano geral da realidade designado como biológico e estu- 
dado por um ramo especial da ciência biológica chamado “Genética”. O segundo funciona por 
intermédio do mecanismo do hábito, da educação e da comunicação simbólica - refere-se ao 
nível geral da realidade designado como sócio-cultural, e é tratado por outro ramo da Ciência 
Social que pode ser chamado de Estudo da Socialização. 
 
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Entretanto, a complexidade do assunto vai mais além. Não somente o indivíduo é um pro- 
duto desses dois processos dinâmicos de transmissão, como também dos vários e diferentes 
tipos de ambiente. Nem a transmissão genética, nem a comunicativa podem ocorrer num 
homem que não disponha de um meio geográfico, biológico, cultural e interpessoal. 
 
Pelo exposto acima, podemos afirmar que a socialização é um processo pelo qual os seres 
humanos passam ao viverem em sociedade, pois a vida em grupo é uma exigência da natureza 
humana. O homem necessita de seus semelhantes para sobreviver, perpetuar a espécie e tam- 
bém para se realizar plenamente como pessoa. 
 
 
Convívio Social, Isolamento e Atitudes 
 
Considerando-se que no convívio social o compartilhamento entre indivíduos se dá pelos 
contatos sociais, podemos dizer da importância dessa interação entre indivíduos para a per- 
petuação da espécie humana. 
 
E a maneira mais rápida de verificar o significado e a natureza do contato social consiste na 
observação da ausência de tal contato. 
 
O isolamento social caracteriza-se pela ausência de contatos sociais. Existem mecanismos 
que reforçam o isolamento social e entre eles estão as atitudes de ordem social e as atitudes 
de ordem individual. 
 
As atitudes de ordem social envolvem os vários tipos de preconceitos, como de raça, de 
sexo, de religião, etc. As atitudes de ordem individual que reforçam o isolamento dizem 
respeito a ação do próprio indivíduo como por exemplo a timidez, o confinamento solitário por 
devoção a alguma religião, o exercício de uma profissão solitária, anonimato urbano sem 
amizades, abandono voluntário da companhia humana, entre outros. 
 
 
A Comunicação e os Processos Sociais 
 
“Há setenta anos, Frederico II, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, 
efetuou um experimento para determinar que língua as crianças falariam quando 
crescessem, se jamais tivessem ouvido uma única palavra falada: falariam hebraico 
(que então julgava ser a língua mais antiga), grego, latim ou a língua de seu país? 
 
Deu instruções às amas e mães adotivas para que alimentassem as crianças e 
lhes dessem banho, mas que sob hipótese nenhuma falassem com elas ou perto 
delas. O experimento fracassou, porque todas as crianças morreram.” 
 
(Paul B. Horton e Chester L. Hunt) 
 
 
O texto acima confirma a vital importância da comunicação para os seres humanos, enquan- 
to ser social e para o desenvolvimento da cultura. 
 
O homem tem como principal meio de comunicação a linguagem. Através da linguagem o 
ser humano atribui significados aos sons articulados que emite, e isto é possível porque somos 
dotados de inteligência. Graças à linguagem podemos transmitir pensamentos e sentimentos 
aos nossos semelhantes,bem como passar aos descendentes nossas experiências e descober- 
tas, fazendo com que os conhecimentos adquiridos não se percam. 
 
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À medida que as sociedades se tornaram mais complexas, os meios de comunicação foram 
se aperfeiçoando. Um grande avanço foi o surgimento da escrita, na Mesopotâmia, por volta 
de 4000 a.C. A invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV, foi outro passo importante. 
Nos séculos XIX e XX assistimos à invenção do telégrafo, do telefone, do rádio, do cinema, da 
televisão, do telex, da comunicação por satélite, da Internet etc. 
 
Pelos meios de comunicação, os fatos, as idéias, os sentimentos, as atitudes, as opiniões 
são compartilhados por um conjunto enorme de indivíduos e atingem um grande número de 
países. Segundo o especialista em comunicação Marshall McLuhan, o mundo contemporâneo 
é uma autêntica “aldeia global”, onde fatos, opiniões e modos de vida são compartilhados por 
inúmeras pessoas. Os meios de comunicação de massa moldam hoje as idéias e opiniões de 
grupos cada vez maiores de indivíduos. E isso vem se verificando com uma intensidade cres- 
cente graças, sobretudo à Internet. Já mencionamos que as interações ocorrem como princí- 
pio básico para a relação social. Neste sentido, também as interações estão no contexto dos 
processos sociais. 
 
Processo é o nome que se dá à contínua mudança de alguma coisa numa direção definida. 
Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são as 
diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma 
como os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais. 
 
Qualquer mudança proveniente dos contatos e da interação social entre os membros de 
uma sociedade constitui um processo social. Os processos sociais podem ser associativos, 
como a cooperação, ou dissociativos como a competição e conflito. 
 
O conflito é uma constante das relações humanas. Pede ser resolvido em determinado 
nível, como quando se registra um acordo sobre os fins em vista, para manifestar-se de novo 
sobre a questão dos meios. Entretanto, esse conflito parcial é diferente do conflito total, pois 
no conflito total implica na inexistência de qualquer nível de acordo, e sugere que o único 
método para a solução da disparidade de interesses é o recurso à força física. 
 
A competição , em contraste com o conflito que visa a destruir ou banir o adversário, des- 
tina-se simplesmente a anular o competidor na luta por objetivo comum. Sugere a existência 
de regras do jogo que os competidores precisam respeitar e que por trás dessas regras, justi- 
ficando-as e sustentando-as, existe um conjunto de valores comuns superiores aos interesses 
antagônicos. 
 
A cooperação ocorre quando o ser humano trabalha em conjunto para conquista de um 
objetivo comum. A cooperação pode ser direta, quando compreende as atividades que as pes- 
soas realizam juntas, como é o caso dos mutirões para construção de casas populares; ou indi- 
reta aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhos diferentes, necessitam indireta- 
mente umas das outras, por não serem auto-suficientes, como por exemplo o médico e o 
lavrador: o médico necessita dos alimentos produzidos pelo lavrador, e este necessita do médi- 
co quando fica doente. 
 
É preciso deixar claro que as formas de interação acima descritas são todas interdepen- 
dentes. São aspectos constantes da sociedade humana. Todos os sistemas sociais, e na ver- 
dade toda e qualquer situação concreta, possuem-nas de forma completa e entrelaçada. Não 
existe cooperação de grupo, por mais harmoniosa que seja, que não contenha as sementes do 
conflito reprimido. Não existe conflito, por mais violento que possa ser, que não ofereça uma 
certa base oculta de entendimento. Não há competição, mesmo a mais implacável e impes- 
soal, que não seja capaz de oferecer certa dose de contribuição à causa superior cooperativa. 
 
 
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Deve ficar estabelecido que a análise do comportamento social em termos de formas de 
interação é um modo indispensável para o estudo dos fenômenos sociais. 
 
 
Problemas Sociais 
 
Embora sejam muitas as formas pelas quais a Sociologia pode ser aplicada, é evidente que 
muitos sociólogos, e a maioria dos que estão empenhados em trabalhos práticos, consideram 
a Sociologia aplicada principalmente em termos de sua capacidade de fornecer remédios para 
determinados males sociais. Vamos começar examinando o que constitui um problema social. 
 
Uma questão fundamental diz respeito à idéia de discriminação entre grupos sociais, bem 
como a maneira como as sociedades no mundo vivem e os homens desfrutam os bens e as 
oportunidades na vida social. Podemos dizer que é um problema de relações humanas que 
ameaça seriamente a sociedade. 
 
Um problema social existe quando a capacidade de uma sociedade organizada para ordenar 
as relações entre as pessoas parece estar falhando, como por exemplo, leis transgredidas, o 
fracasso na transmissão de valores de uma geração para outra, a delinqüência juvenil, o desvio 
de verbas públicas, a pobreza, conflitos industriais, a guerra, entre outros. 
 
O processo histórico tem mostrado como uma tendência marcante a diferenciação e a cres- 
cente complexidade da sociedade. Da pequena diferenciação social existente nas sociedades 
tribais, as diversas civilizações foram passando por processos que as levaram a formar os mais 
diferentes grupos, que começaram a se distinguir por etnia, nacionalidade, religião, profissão 
e, de forma mais acentuada, por classe social. A caminho das sociedades plurais, foram se for- 
mando inúmeros grupos, cada um com uma função, um conjunto de direitos, deveres, obri- 
gações e possibilidades de ação social. 
 
O mundo contemporâneo assiste ao resultado desse longo processo histórico de formação 
de uma civilização complexa e diferenciada, na qual os diversos grupos procuram monopolizar 
seus privilégios e as possibilidades de acesso à produção de bens e mecanismos de dis- 
tribuição desses bens na sociedade. 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
COSTA , Cristina. Sociologia – Introdução à ciência da Sociedade. 
2ª ed. São Paulo, Moderna. 2001. 
COTRIM , Gilberto. História do Brasil. 1ª ed. São Paulo, Saraiva. 1999. 
História e Consciência do Mundo.6ª ed. São Paulo, Saraiva, 1999. 
DAVIS , Kingsley. A sociedade Humana. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura.1964. 
DUVERGER , Maurice. Sociologia Política. Rio de Janeiro, Forense. 1968. 
HOLLANDA , Aurélio Buarque de. Novo Dicionário Aurélio. 2ª ed. Rio de Janeiro, 
Nova Fronteira. 1986. 
OLIVEIRA , Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. 20ª ed. São Paulo, ABDR. 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AGRUPAMENTO SOCIAL 
 
 
 
A natureza humana exige que vivamos em grupos, sendo condição necessária para a 
preservação e sobrevivência da espécie. O homem sempre procurou viver em sociedade for- 
mando agrupamentos como as famílias. 
 
Por grupo social é definido no Dicionário Aurélio: “Forma básica da associação humana; 
agregado social que tem uma entidade e vida própria, e se considera como um todo, com suas 
tradições morais e materiais”. 
 
Sabemos que há muitas definições de grupos sociais, mas há uma confluência entre os con- 
ceitos, pois grupo social sempre significa a reunião de pessoas em interação entre si. 
 
Para a Sociologia, grupo social é toda reunião de duas ou mais pessoas associadas pela 
interação. Devido à interação social, os grupos mantêm uma organização e são capazes de 
ações conjuntas para alcançar objetivos comunsa todos os seus membros. 
 
Ao longo da nossa existência participamos de vários grupos sociais como o familiar, o vi- 
cinal – formado pela vizinhança, o educativo, o religioso, o de lazer, o profissional e o político. 
Cada um desses grupos tem características próprias, às quais passamos a descrever: 
 
• Pluralidade de indivíduos – há sempre mais de um indivíduo no grupo; grupo dá 
idéia de algo coletivo; 
 
• Interação social – no grupo os indivíduos comunicam-se uns com os outros; 
 
• Organização – todo grupo, para funcionar bem precisa de uma certa ordem interna; 
 
• Objetividade e exterioridade – os grupos sociais são superiores e exteriores ao 
indivíduo, isto é, quando uma pessoa entra no grupo, ele já existe; quando sai, ele 
continua a existir ; 
 
• Conteúdo intencional ou objetivo comum – os membros de um grupo unem-se 
em torno de certos princípios ou valores, para atingir um objetivo de todo o grupo; 
a importância dos valores poder ser percebida pelo fato de que os grupos geralmente 
se dividem quando ocorre um conflito de valores; um partido político, por exemplo, 
pode dividir-se quando uma parte de seus membros passa a discordar de seus 
princípios básicos; 
 
• Consciência grupal ou sentimento de “nós” – são as maneiras de pensar, sentir e agir 
próprias do grupo; existe um sentimento mais ou menos forte de compartilhar uma série 
de idéias, de pensamentos, de modos de agir; um exemplo disso é o jogador de futebol 
que, quando fala da vitória de seu time diz: “Nós ganhamos!”; 
 
• Continuidade – as interações passageiras não chegam a formar grupos sociais 
organizados; para isso, é necessário que as interações tenham certa duração; como 
exemplo temos a família, a escola, a igreja, etc.; mas há grupos de curta duração 
que aparecem e desaparecem com facilidade, como os mutirões para a construção de casas. 
 
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Considerando a classificação dos contatos sociais estabelecidos entre as pessoas e grupos, 
podemos classificar os grupos sociais como primários, secundários ou intermediários . 
 
Os grupos primários são aqueles em que predominam os contatos pessoais, diretos, ou 
seja, os realizados pela família, vizinhos, grupos de brinquedo e lazer. 
 
Os grupos secundários são grupos sociais mais complexos, como as igrejas, o Estado, em 
que predominam os contatos de maneira pessoal e direta, mas sem intimidade; ou de maneira 
indireta, através de cartas, Internet, etc. 
 
Os grupos intermediários são os que se alternam e se complementam as duas formas de 
contatos sociais, primários e secundários, como por exemplo a escola. 
 
Há ainda outros tipos de reunião de pessoas, mas com fraco sentimento grupal e pessoas 
frouxamente aglomeradas, que são os chamados Agregados Sociais . Devemos lembrar que 
o agregado social não é organizado e as pessoas que dele participam são relativamente anô- 
nimas. Tipos de agregados sociais: 
 
• Multidão – grupo de pessoas reunidas para observar um fato, uma ocorrência, como 
as que assistem a um incêndio num edifício, ou que se encontra na rua para brincar 
o Carnaval. Tem como características a falta de organização, o anonimato, 
objetivos comuns, a indiferenciação e a proximidade física. 
 
• Público – é um agrupamento de pessoas que seguem os mesmos estímulos. 
É espontâneo, amorfo, não se baseia no contato físico, mas na comunicação recebida 
pelos diversos meios de comunicação. Os modos de pensar, agir e sentir do público 
compõe o que é conhecido como opinião pública. 
 
• Massa – é formada por pessoas que recebem de maneira mais ou menos passiva opiniões 
formadas, que são veiculadas pelos meios de comunicação de massa; consiste num 
agrupamento relativamente grande de pessoas separadas e desconhecidas umas das 
outras. Como não obedecem às normas, a formação das massas é espontânea. Apesar 
da semelhança entre público e massa há uma diferença básica: o público não apenas 
recebe opiniões, mas também exprime a sua; o que em geral não ocorre com a massa. 
 
 
Mecanismos de Sustentação dos Grupos Sociais 
 
 
Toda sociedade tem uma série de forças que mantém os grupos sociais. Passaremos a 
relatar abaixo aquelas que consideramos as principais. 
 
 
Liderança 
 
É uma ação exercida por um líder, que dirige o grupo, transmitindo idéias e valores aos out- 
ros membros. A liderança pode ser institucional e pessoal. 
 
A liderança institucional é derivada da autoridade que uma pessoa tem em virtude da 
posição social ou do cargo que ocupa. 
 
A liderança pessoal é a originada pelas qualidades pessoais do líder (inteligência, prestí- 
gio social e moral, poder de comunicação, atitudes, encanto pessoal, etc). Como peça impor- 
 
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tante de sustentação do grupo, o líder desempenha papel integrador entre seus membros, 
transmitindo-lhes idéias, normas, valores sociais, ao mesmo tempo em que representa os 
interesses e os valores do grupo. Os grupos quase sempre aceitam a liderança com respeito. 
Há lideranças que chegam a ser veneradas, como é o caso de Ghandi (1869-1948), líder espi- 
ritual e político dos hindus, que lutou pela paz e pela unificação da Índia, mas acabou assassi- 
nado em seu próprio país. 
 
 
Normas e Sanções Sociais 
 
Normas e sanções sociais são regras de conduta, que orientam e controlam o comporta- 
mento das pessoas enquanto grupo social e integrante da sociedade. As normas sociais 
indicam o que é permitido e o que é proibido. 
 
Toda norma social corresponde a uma sanção social, que é uma recompensa ou uma 
punição atribuída ao indivíduo em função do seu comportamento social. 
 
A sanção social pode ser aprovativa – quando vem sob a forma de aceitação, aplausos, 
honras, promoções – é o reconhecimento do grupo por ter o indivíduo cumprido o que se 
esperava dele; e reprovativa – quando corresponde a uma punição imposta ao indivíduo que 
desobedece a alguma norma social. 
 
 
Símbolos 
 
É algo cujo valor ou significado é atribuído pelas pessoas que o utilizam. Qualquer coisa 
pode se tornar símbolo. As pessoas atribuem significado a um objeto, uma cor, um hino ou um 
gesto, e estes se tornam símbolos de algo, como a riqueza, o prestígio, a posição social ele- 
vada, etc. Como exemplo em nossa sociedade temos a aliança que no casamento simboliza a 
união e a felicidade; entre nós o preto significa luto, entre os orientais o branco significa luto. 
 
A linguagem é um conjunto de símbolos, e é a mais importante forma de expressão sim- 
bólica. Sem a linguagem não haveria organização social humana, em nenhuma de suas man- 
ifestações: política, econômica, religiosa, militar, etc. 
 
 
Valores Sociais 
 
A sociedade estabelece o que é bom e o que é ruim, o que é bonito e o que é feio, o que é 
certo e o que é errado. Os valores sociais variam no tempo e espaço em função de cada época, 
de cada geração, de cada sociedade; os fatos, as idéias, as opiniões terão significado depen- 
dendo do contexto social em que estão inseridas. Como exemplo citamos que o trabalho 
doméstico e o cuidado dos filhos, antes considerados tarefas exclusivamente femininas são 
hoje divididos entre o casal. 
 
“Lembre-se: o sucesso só vem antes do trabalho em um lugar – no DICIONÁRIO”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ECONIMIA E SOCIEDADE 
 
 
 
HISTÓRIA DA ECONOMIA 
 
A Divisão do Trabalho 
 
Duas das mais antigas civilizações da História, a egípcia e a mesopotâmica, puderam desen- 
volver-se graças à divisão do trabalho. Antes delas, para sobreviver, todos os homens eram 
obrigadosa sair diariamente em busca de alimentos (caça de animais e coleta de vegetais), ou 
seja, todos praticavam a mesma atividade e dentro do grupo não existiam grandes diferenças 
sociais. Com o nascimento da agricultura e a evolução de técnicas produtivas, tornou-se pos- 
sível para um só indivíduo produzir muito mais que o necessário para a sua sobrevivência. 
Uma parte dos membros da comunidade pode livrar-se da necessidade de produzir meios de 
subsistência. Assim nasceu a figura do soberano absoluto, considerado um deus, com poder 
de vida e morte sobre seus súditos. Passou a existir também um número restrito de aristo- 
cratas, encarregados da defesa militar da comunidade e da segurança pessoal do soberano, 
além de um aparato burocrático constituído de escribas, responsáveis pela gestão administra- 
tiva do Império. O restante da população, a grande maioria, dedicava-se às atividades produti- 
vas: agricultura, canalização de rios e construção de diques de proteção. 
 
 
A Escravidão 
 
Na Grécia e na Roma antigas, as forças predominantes da economia eram representadas 
pelos escravos. Considerados como simples mercadorias, que podiam ser adquiridas ou ven- 
didas a qualquer momento, os escravos não dispunham de nenhum direito. Os proprietários 
podiam dispor deles como bem lhes aprouvesse e sua única preocupação era mantê-los com 
saúde e em boas condições de trabalho. Filósofos como Platão e Aristóteles não só aceitavam 
como até justificavam a escravidão. Platão limitou-se a recomendar um tratamento mais 
humano em relação aos escravos; Aristóteles, que os considerava seres inferiores, justificou a 
escravidão como um fato perfeitamente natural. Afirmava que os escravos eram destinados à 
escravidão porque para eles “nada é melhor do que obedecer”. Além disso, Aristóteles con- 
siderava a guerra um meio legítimo para a obtenção de escravos. 
 
Desenvolveram-se com base no trabalho escravo as civilizações grega e romana. Mas, con- 
siderações morais à parte, a escravidão apresentava um importante aspecto negativo: os 
escravos não tinham interesse algum em desenvolver suas atividades nem melhorar o modo 
de produção, pois compreendiam que uma maior dedicação ao trabalho não lhes traria van- 
tagem alguma. 
 
 
O Sistema Feudal 
 
Na Idade Média, a escravidão foi substituída pelo feudalismo. O sistema feudal organizou- 
se a partir da divisão da população em uma hierarquia que, de forma simplificada, pode ser 
representada por uma pirâmide; na base dessa “pirâmide social” situava-se a grande maioria 
dos servos, os camponeses, que trabalhando arduamente do amanhecer ao pôr-do-sol con- 
seguiam o mínimo necessário para a sua sobrevivência. Os servos encontravam-se submeti- 
 
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dos à autoridade de um senhor feudal (vassalo), que lhes concedia a possibilidade de cultivar 
a terra (em troca de um tributo em dinheiro ou, com mais freqüência, de parte da própria pro- 
dução) e administrava a justiça. O vassalo, por sua vez, devia obediência a um senhor de grau 
mais elevado, do qual recebia proteção; nessa escala, o vértice da pirâmide era ocupado pelo 
soberano. O senhor feudal vivia no castelo, em torno do qual estendiam-se as terras de sua 
propriedade, o feudo, praticamente autônomo sob o ponto de vista econômico. (Nessa época, 
as trocas comerciais eram muito limitadas). 
 
No sistema feudal, os servos assumiram o lugar que antes cabia aos escravos. Porém, 
enquanto os escravos pertenciam plenamente ao dono e, como qualquer mercadoria, podiam 
ser comprados e vendidos, os servos “pertenciam” ao feudo. No caso de um feudo passar para 
um outro senhor, os sevos apenas mudariam de “patrão”. 
 
 
As Origens do Capitalismo 
 
A partir do século XI surgiram diversos fatores que, no decorrer de algumas centenas de 
anos, provocaram a ruptura das relações feudais e deram origem ao sistema capitalista. O 
primeiro desses fatores foi o aumento da produtividade no campo, como conseqüência da 
melhoria das técnicas agrícolas (principalmente a introdução da rotação das culturas). Até 
então, era comum utilizar-se, durante anos, o mesmo campo para plantio das mesmas cul- 
turas, o que resultava em uma produção bastante escassa. Mais tarde descobriu-se que, var- 
iando as culturas e providenciando para que os campos cultivados passassem por períodos de 
“descanso”, a fertilidade da terra aumentava de maneira considerável. Assim, foi desenvolvi- 
da a rotação trienal: depois de cultivar um cereal, o trigo ou o centeio, por exemplo, o agricul- 
tor plantava uma leguminosa (o feijão ou a ervilha) e, no terceiro ano, deixava o campo em 
repouso. A abundância de colheitas, especialmente as de alimentos, traduziu-se logo em um 
notável aumento da população, que duplicou entre os anos 1000 e 1300. Como conseqüência, 
houve um processo migratório do campo para cidade, onde se concentraram as manufaturas. 
Ao mesmo tempo, o comércio desenvolveu-se de modo acentuado; as grandes cidades como 
Veneza, por exemplo, passaram a viver exclusivamente da atividade comercial. Mesmo as 
Cruzadas, cuja motivação fora sempre religiosa, passaram a ser organizadas com objetivos 
apenas comerciais. 
 
Nas cidades desenvolveram-se as primeiras formas de atividade industrial: comerciantes 
empreendedores começaram a investir sua riqueza pessoal na aquisição de ferramentas e 
matérias-primas para a produção de mercadorias acabadas; os artesãos, por sua vez, se limi- 
tavam a fornecer o próprio trabalho, geralmente realizado em seu domicílio e não mais na pro- 
priedade dos empreendedores. As primeiras fábricas, que produziam, sobretudo tecidos, flo- 
resceram inicialmente em Flandres e mais tarde na Inglaterra. 
 
Outro fenômeno decisivo para o nascimento das primeiras formas de capitalismo foi a ocor- 
rência das grandes explorações marítimas e a conquista de territórios até então desconheci- 
dos, em especial a descoberta do continente americano. 
 
No decorrer do século XVI, chegou das Américas uma quantidade de prata e ouro nove 
vezes superior à existente na Europa antes das viagens de Cristóvão Colombo. (Ao contrário 
do que se supõe, havia mais prata do que ouro). 
 
Essa imensa riqueza provocou um fenômeno negativo denominado inflação, ou seja, um 
aumento no nível geral de preços que se verifica quando há um aumento da moeda em circu- 
lação e uma diminuição do valor real do dinheiro, de modo que para se adquirir um bem é 
necessária uma maior quantidade de dinheiro. 
 
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Os preços aumentaram cerca de quatro vezes em relação ao valor original, situação da qual 
os empresários da indústria manufatureira se aproveitaram melhor do que os assalariado e 
agricultores. A desvalorização da moeda permitiu aos empresários acumular grandes riquezas, 
que, “reinvestidas” em ferramentas e maquinaria, lhes possibilitaram lucros cada vez maiores. 
 
Desse modo, foi instaurado o mecanismo fundamental do sistema capitalista: para financiar 
suas atividades, o capitalista industrial procura o sistema bancário – este, por sua vez, ao 
menos em parte, é utilizado como forma de consolidação e expansão da indústria e dela obtém 
lucros cada vez maiores. 
 
Para colocar em movimento tal mecanismo era necessário um capital inicial, formado 
graças ao recém-criado sistema bancário. E este não poderia ter nascido sem o desenvolvi- 
mento do comércio, sem a expansão da classe mercantil (de onde provêm os primeiros 
empreendedores capitalistas), sem a substituição da figura do artesão pela do trabalhador 
livre, que usa ferramentas e matérias-primas fornecidas pelo empreendedor; e sem a inflação, 
originada pelo ouro e pela prata trazidos da América. Na Inglaterra, país onde primeiro sedesenvolveu o Capitalismo, assumiu importância crucial a apropriação das terras comunais, 
que antes eram utilizadas por todos os camponeses para a produção de seu próprio alimento. 
Mediante um processo violento e cruel de rescisão de contrato, os ricos proprietários rurais 
impediram o acesso dos camponeses a essas terras e passaram a destiná-las ao pastoreio, em 
um momento no qual a criação de ovelhas se tornava uma atividade bastante rentável, devi- 
do, principalmente, à rápida expansão da indústria têxtil. Como conseqüência, grande parte da 
população rural viu-se obrigada a abandonar o campo, indo engrossar as fileiras do operaria- 
do que enchiam as cidades industriais. O processo da rescisão de contrato teve início no sécu- 
lo XIII, mas alcançou sua intensidade máxima entre o século XV e o século XVI. 
 
 
A Revolução Industrial 
 
A partir do século XVIII desenvolveu-se na Inglaterra, depois em outros países da Europa e 
nos Estados Unidos, o processo que conduziu ao capitalismo moderno: a chamada Revolução 
Industrial. 
 
Esse processo consistiu, em termos básicos, na substituição das indústrias primitivas típicas 
das primeiras formas de capitalismo, em que muitas vezes o trabalho era realizado em casa, 
pelas fábricas, onde os manufaturados eram produzidos em uma longa seqüência de ope- 
rações, cada uma delas efetuada por determinada máquina e controlada por um operário, cujo 
trabalho limitava-se a seguir operações simples e repetitivas. 
 
Agora, o operário não mais participava de todo o processo produtivo da fabricação de ma- 
nufaturados, realizava apenas uma parte da produção. Pela primeira vez, a máquina não tinha 
somente a função de facilitar o trabalho do homem, mas a de substituí-lo. A introdução das 
primeiras máquinas preocupou de tal forma os trabalhadores que, ao se sentirem ameaçados, 
organizaram manifestações de protesto exigindo a destruição das máquinas. 
 
A Revolução Industrial tornou-se possível graças à utilização do motor a vapor. Inventado 
no início do século XVII, foi somente depois dos anos 70, quando James Watt idealizou um 
modelo mais eficiente, que o motor a vapor passou a ser empregado em larga escala nas ativi- 
dades industriais, especialmente nos setores têxtil, metalúrgico e tipográfico. 
 
Os motores a vapor também exerceram papel fundamental no desenvolvimento dos trans- 
portes, tanto marítimos (no caso dos navios a vapor em substituição aos barcos a vela) quan- 
to dos terrestres (na construção de ferrovias). E, uma vez que o combustível utilizado nesse tipo 
 
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de motor era o carvão, os países que dispunham dessa matéria-prima em grande escala le- 
vavam maiores vantagens, como aconteceu com a Inglaterra e a França, os primeiros países a 
industrializar-se. Os motores a vapor também foram utilizados na exploração de outros recur- 
sos minerais além do carvão, principalmente do ferro, também um elemento essencial no 
desenvolvimento da Revolução Industrial. 
 
 
O Nascimento do Liberalismo 
 
No início da Revolução Industrial, em 1776, foi publicado na Inglaterra o que pode ser con- 
siderado o primeiro tratado completo de economia: Investigação sobre a Natureza e as Causas 
da Riqueza das Nações, escrito pelo escocês Adam Smith (1723-1790). Nessa obra o econo- 
mista estabelece a distinção entre preço natural de uma mercadoria e o preço corrente. Para 
ele, o primeiro representava o valor de uma mercadoria e consiste na soma dos custos da 
terra, do capital e do trabalho. O preço corrente, ao contrário, é o preço que se forma no mer- 
cado, o preço efetivamente pago pelo comprador para adquirir uma determinada mercadoria 
para seu uso. Nessa condição de mercado livre, na qual o Estado não impõe nenhuma 
restrição aos empresários e não existem monopólios, o preço corrente tende a igualar-se ao 
preço natural, graças à capacidade de auto-regulação, uma característica do sistema capita- 
lista. Smith é radicalmente contra a intervenção do Estado na Economia, a não ser para 
impedir a formação de monopólios. 
 
A característica fundamental do pensamento de Adam Smith é o otimismo: ele está con- 
vencido de que o aumento da produtividade, obtido com a divisão do trabalho, gera lucros 
que, reinvestidos na atividade produtiva, aumentam a demanda de trabalho. E que desse 
modo tem origem um processo de crescimento constante, vantajoso para toda a população. 
 
A evolução do sistema capitalista seguiu-se as grandes inovações tecnológicas, como a 
invenção do dínamo que abriu as portas para a utilização da energia elétrica; progressos na 
área da química com a introdução dos primeiros fertilizantes agrícolas; em 1887 Alfred Nobel 
inventa a dinamite, revolucionando o campo bélico; e assim a modernização do sistema pro- 
dutivo com a eliminação de empresas menores, faz a transição do capitalismo de “mercado 
livre” para o capitalismo monopolista, caracterizado pela concentração do capital em 
um número restrito de empresas . Estas se tornaram tão poderosas que passaram a con- 
trolar a opinião pública e a política dos governos. Os bancos assumiram papel cada vez mais 
importante, bem como a exportação de capitais. 
 
 
A Grande Depressão 
 
Em outubro de 1929 surge nos Estados Unidos a maior crise da história do capitalismo, ori- 
ginada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque tendo reflexos em todo o mundo. 
 
Com essa crise a maioria dos economistas compreendeu que a idéia segundo a qual o ca- 
pitalismo tendia naturalmente para um ponto de equilíbrio, com trabalho para todos, era pura 
ilusão. John Maynard Keynes (1883-1946), um dos maiores economistas do nosso século, sus- 
tentava que a intervenção do Estado era a única forma de enfrentar uma crise de tal dimensão. 
Segundo ele, quando a situação da Economia é insegura demais para despertar nos investi- 
dores o desejo de investir, cumpre ao Estado criar oferta de trabalho, de forma a reativar o con- 
sumo e criar condições para novos investimentos privados. 
 
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O Capitalismo Hoje 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se uma nova fase do capitalismo. E coube nova- 
mente à tecnologia um papel fundamental. O desenvolvimento da eletrônica permitiu constru- 
ir, entre outras máquinas, computadores cada vez mais avançados e a custos mais baixos; a 
Inteligência Artificial permitiu a automação de muitos processos produtivos. 
 
O processo de internacionalização do capital afirmou-se em definitivo. Porém, é importante 
lembrar que uma nova ordem econômica deva ser estabelecida entre os povos, vez que a 
economia mundial encontra-se em mãos dos países tidos como mais ricos e desenvolvidos, os 
quais reafirmaram seu poderio em detrimento da miserabilidade de outros tantos países. 
 
Assistimos ao início do século XXI com marcas importantes no tocante à consciência da 
interdependência das sociedades, ao desenvolvimento sustentável e distribuição das riquezas. 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“Muito estudo, pouca renda” – O GLOBO – 17/03/02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRATIFICAÇÃO 
E MOBILIDADE SOCIAL 
 
 
O termo estratificação social identifica um tipo de estrutura social que dispõe o indivíduo, 
com suas posições e seus papéis sociais, em diferentes camadas ou estratos da sociedade. 
 
Todos os aspectos de uma sociedade, econômico, político, social e cultural, estão interliga- 
dos. Assim, vários tipos de estratificação não podem serentendidos separadamente. Mas, 
para fins didáticos, vamos começar classificando-os. 
 
A estratificação econômica baseia-se na posse de bens materiais, fazendo com que haja 
pessoas ricas, pobres e em situação intermediária. O aspecto econômico tem sido mais deter- 
minante que os outros na caracterização da sociedade. 
 
A determinância da estratificação econômica consiste, basicamente, na formação de grupos 
hierarquizados por nível de rendimento. Assim, temos os grupos denominados classe A, classe 
B e classe C. Veja a seguir a pirâmide social de renda, na qual a sociedade é dividida em 
estratos ou camadas sociais: 
 
 
pessoas de renda alta 
 
 
pessoas de renda média 
 
 
pessoas de renda baixa 
 
 
 
Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou camadas podem ser organizados em 
castas, como na Índia; Estamentos ou Estados, como na Europa Ocidental durante o 
Feudalismo; e classes sociais, como nos países capitalistas. 
 
A estratificação política baseia-se na situação de mando na sociedade, ou seja, grupos 
que têm poder e grupos que não têm. 
 
A estratificação profissional baseia-se no diferentes graus de importância atribuídos a cada 
profissional pela sociedade, como, por exemplo, valorizamos mais a profissão de médico do 
que a de pedreiro. 
 
 
Camadas ou Estratos Sociais 
 
Existem sociedades que, mesmo usando toda sua capacidade e empregando todos os 
esforços, o indivíduo não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nesses casos, a 
posição social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, independentemente da sua vontade e 
sem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo, pelo resto da vida, a posição social herdada. 
 
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A sociedade indiana é estratificada dessa maneira. Desde há muito tempo implantou-se na 
Índia um sistema de estratificação social muito rígido e fechado, é o sistema de castas. 
Enquanto nas sociedades ocidentais pessoas de classes sociais diferentes podem se casar, na 
Índia ainda persiste o casamento somente entre pessoas da mesma casta. 
 
As castas sociais são grupos sociais fechados, endógenos (os casamentos de dão entre 
membros de uma mesma casta), cujos membros seguem tradicionalmente uma determinada 
profissão herdada do pai. 
 
No século XX , as reformas e mudanças na Economia do país começaram a romper o sis- 
tema de castas sociais. Nos grandes centros urbanos como Nova Delhi o rompimento deste 
sistema vem sendo gradativo. Porém nas aldeias ainda é rígido, apesar de o sistema de castas 
ter sido abolido oficialmente no país em 1947. 
 
O estamento ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na 
sociedade estamental a mobilidade social vertical ascendente é difícil, mas não impossível como 
na sociedade de castas. É a sociedade típica dos feudos da Idade Média, na qual a pirâmide social 
apresentava em seu topo a nobreza e o alto clero; abaixo destes estavam os comerciantes; abaixo 
dos comerciantes estavam os artesãos, camponeses livres e baixo clero; e na base da pirâmide 
estavam os servos. Tal classificação existiu na Europa até fins do século XVIII. 
 
A classe social é característica das sociedades capitalistas, nas quais as relações de pro- 
dução vão dar origem a camadas sociais diferentes. Nas sociedades capitalistas existem basi- 
camente duas classes sociais: a burguesia, ou classe alta, que é a proprietária dos meios de 
produção; e o proletariado, ou classe baixa, que é a proprietária apenas de sua força de tra- 
balho. Entretanto, ainda encontramos a classe média, ou pequena burguesia, que vive do 
pequeno capital, como os pequenos industriais, ou pequenos comerciantes, porém, em nossa 
sociedade esta classe vem amargando um grande achatamento para baixo face aos níveis 
inflacionários, de desestabilização econômica e elevados níveis de desemprego. 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“Crianças sofrem na baixada” – OGLOBO – 17/03/02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Mobilidade Social 
 
A mobilidade social é a mudança de posição social de uma pessoa num determinado sis- 
tema de estratificação social. A mobilidade social pode ser do tipo vertical ou horizontal. 
 
Mobilidade social vertical diz respeito à mudança no sentido de subir ou descer na hier- 
arquia social. Neste caso ela pode ser ascendente, ascensão social – quando a pessoa melho- 
ra sua posição social, passando a integrar um grupo em geral economicamente superior ao de 
seu grupo anterior. Ou descendente, queda social – quando a pessoa piora de posição social e 
passa a integrar um grupo em geral economicamente inferior. 
 
Mobilidade social horizontal ocorre quando a mudança social dá-se dentro da mesma 
camada social, como por exemplo, um operário que muda de partido político ou se casa com 
uma pessoa da mesma classe social. 
 
Devemos lembrar que o fenômeno da mobilidade social varia de sociedade para sociedade. 
Em algumas sociedades ela ocorre de maneira mais fácil; em outras, quase inexiste no senti- 
do vertical ascendente. Em geral é mais fácil ascender socialmente em São Paulo do que numa 
cidade no interior do Nordeste, ou seja, as oportunidades, facilidades e restrições serão fatores 
que se apresentarão dependendo da sociedade em que nos encontremos. 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Informalidade domina a mineração brasileira” – JORNAL DO BRASIL 03/11/01 
 
 
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AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS 
 
 
 
“A MAIOR DE TODAS AS CONQUISTAS É AQUELA OBTIDA COM A CONSCIÊNCIA”. 
 
Estudos sociológicos e antropológicos reafirmam a importância da Família, da Religião, do 
Estado e da Escola como instituições comprometidas com a formação moral e civil do cidadão. 
Segue-se algumas ponderações a esse respeito, considerando em especial autores como 
Pérsio Santos de Oliveira, Jay Stevenson, Dalai Lama, Paulo Freire e Nilson Guedes de Freitas. 
 
A Família 
 
A família constitui o primeiro grupo social primário ao qual pertencemos e é neste grupo 
que teremos contato com as regras de controle e de comportamento para uma convivência 
harmônica em sociedade. 
 
Os estudos comparativos da família entre muitos povos diferentes nos dão uma visão de 
que alguns aspectos na estrutura familiar podem variar no tempo e no espaço. Essas variações, 
que podem ser quanto à forma de casamento, ao número de casamentos, ao tipo de família e 
aos papéis familiares, são fundamentais para nossa compreensão real da família. Primeiro a 
concepção da evolução pela visão da biologia nos sugere uma instituição avançada, se con- 
siderarmos a visão baseada no casamento monogâmico digno de louvor e carinho. Excluíam- 
se, desta forma, todas as associações familiares que divergiam deste conceito. 
 
Com a civilização moderna, os antropólogos passam a conceituar que a vida familiar está 
presente em praticamente todas as sociedades, mesmo naquelas com costumes sexuais e edu- 
cacionais diferentes dos nossos. 
 
À família cabe a responsabilidade de transmissão de valores e padrões culturais da 
sociedade, sendo a primeira agência de socialização do indivíduo. Com isso, o maior manan- 
cial de transmissão de amor e bondade vez que se supõem relações harmônicas e respeitosas. 
 
E dentro do atual contexto social pode-se afirmar das fantásticas dificuldades que o gestor 
da família vem desbravando face à globalização e massificação das comunicações. O ques-tionamento passa a ser quanto aos valores morais e condutas éticas a transmitir com os meios 
de comunicação despejando diariamente casos de autoridades envolvidas em corrupção, 
desvio de verbas, assassinatos e enriquecimento ilícito, culto à criminalidade e a contravenção. 
Uma grande demonstração de inversão de valores sociais, que aos olhares juvenis, ingênuos 
e desavisados podem passar por modelos a serem seguidos. 
 
 
A Religião 
 
Desde os primórdios as sociedades tentam explicar o sentido das coisas, e sob este olhar ao 
mesmo tempo curioso e estarrecido surgem as religiões como forma de saciar os questiona- 
mentos acerca, principalmente, do que era considerado sobrenatural. 
 
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A religião esteve durante longo tempo associada à questão do mito que os povos primitivos 
mantinham com os fenômenos da natureza. 
 
Se por um lado a religião sempre desempenhou uma função social importante, vez que o 
culto ao sobrenatural auxilia no cumprimento às normas sociais, onde o sentimento de 
respeito, temor e veneração estão descritos em seu código de conduta; por outro lado mesmo 
as sociedades atuais estabelecendo códigos que primam pela liberdade de expressão reli- 
giosa, nem sempre estamos convivendo de modo pacífico com a pluralidade, qual seja, o cris- 
tianismo, o judaísmo, o budismo, o hinduísmo, o islamismo, coexistindo de maneira har- 
mônica e respeitosa. 
 
Estudos mais aprofundados revelam as atrocidades cometidas contra os seres humanos em 
nome da igreja. Um grupo elitizado atento apenas ao rigor do cumprimento de normas e 
regras inibidoras do livre arbítrio e do bom senso causou verdadeiros massacres. O próprio 
Cristianismo afirmou durante muito tempo as desigualdades e injustiças, como a inquisição, a 
caça aos bruxos, a escravidão e busca de poderio financeiro. 
 
Vivemos um momento social em que o isolamento humano se faz cada vez mais presente. 
Os grandes conflitos por terras e poder travados até hoje pelas grandes religiões do mundo 
denotam ainda imaturidade para a convivência social harmônica e pacífica. O fanatismo de 
Fundamentalistas está conduzindo a humanidade para o caos. Os sentimentos de compaixão, 
amor, fraternidade, respeito e cooperação deixaram há muito de ser a tônica das religiões. O 
poder está extrapolando os limites de convivência. 
 
Com isso, dentro das próprias religiões presenciamos dissidências e movimentos contrários 
aos excessos provocados pelos extremistas, e alguns líderes religiosos cada vez mais defend- 
em a participação da igreja na vida social, de modo ético, dando cada vez menos importância 
aos dogmas, reafirmando a importância do homem como agente desse processo de mudança, 
e a quem se deve dar todas as condições de Educação para conquista da felicidade. Contudo, 
esse discurso mostra-se contraditório e longe de ser alcançado face à notória disputa de poder 
existente. Gandhi dizia “Amarás a mais insignificante das criaturas como a ti mesmo. Quem 
não fizer isso jamais verá a Deus face a face”. 
 
 
O Estado 
 
A caracterização de um Estado se dá pela existência de um povo próprio, a ocupação de um 
território definido e o exercício de uma soberania reconhecida por outros Estados. 
Sinteticamente podemos afirmar que Estado é uma Nação com um Governo. Como é o Estado 
que tem o poder regulador das relações entre os membros de uma sociedade, torna-se um 
grande agente de controle social. Através de seus poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, 
em se tratando de um Estado Moderno, tem constituído o regime político democrático no qual 
os governantes são eleitos pelo voto direto do povo. 
 
O Estado tem tido fundamental atuação na política educacional de nosso País, desde a vinda 
da Corte Portuguesa para o Brasil. Mesmo sendo instituída a educação de forma a atender à elite 
dominante, ações foram implementadas para introdução, especialmente, da educação pública. 
 
No século atual o grande desafio para o Estado será manter um sistema educacional coer- 
ente com a realidade demográfica das cidades, com uma urbanização desenfreada e um mod- 
elo econômico que não atende as camadas menos favorecidas da sociedade, permitindo o 
acesso à educação de qualidade para todos, sem exclusões, discriminações. O comprometi- 
mento do Estado com a elite dominante, e não com o povo, tem que ser objeto de ampla 
 
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revisão, pois segundo Hamilton Werneck “Urge ... uma parada no departamento da respon- 
sabilidade social... A educação para a liberdade passará sempre pela responsabilidade, enten- 
dendo-se claramente responsabilidade como meio importante de socialização e melhoria da 
convivência humana... A responsabilidade social é indispensável, sobretudo numa república 
terceiromundista, onde as carências tornam os acessos cada vez mais difíceis.” (2001, pág. 30). 
 
 
A Escola 
 
Considera-se neste momento a escola como uma instituição de vital importância para for- 
mação de uma sociedade. Com a tônica na educação formal, sua função social vai além da 
interação entre indivíduos e grupos. Tem o caráter político, sensibilizando os indivíduos para 
interagirem compartilhando experiências, ensinamentos, na busca do crescimento integral. 
 
O papel da educação e do ensino vem sendo objeto de reavaliação por partes dos edu- 
cadores, considerando as transformações sociais do mundo contemporâneo. A discussão está 
em torno do papel da escola e do professor, dos conteúdos, dos métodos, enfim, tudo o que 
norteia a prática educacional. 
 
Mas não é tarefa apenas da escola a condução das transformações sociais, ela tem sim um 
papel singular na preparação dos indivíduos para a sociedade moderna, exigente por excelên- 
cia, auxiliando-os a se tornarem sujeitos socialmente ativos, pensantes, críticos e cônscios de 
suas responsabilidades. 
 
Do novo professor o mundo moderno passa a exigir : uma ampla cultura geral; ter com- 
petência para agir em sala de aula; habilidades comunicativas; saber usar os meios de comu- 
nicação e da mídia; ter conhecimento e domínio sobre o ciberespaço; estar em constante atu- 
alização; ou seja, resgate do profissionalismo, do compromisso com a qualidade desejável na 
prática docente. 
 
“A felicidade genuína caracteriza-se pela paz 
interior e surge dentro do contexto de nossos 
relacionamentos com os outros“. 
 
Dalai Lama 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“O MUNDO É DE ALÁ” 
 
Uma revelação estatística mostra que a hegemonia da Igreja Católica Romana 
começará o novo milênio mais abalada do que nunca. A Maior religião do mundo 
passou a ser o islamismo. O número de muçulmanos supera o de católicos 
romanos. O islã congrega 1,14 bilhão de fiéis. São 100 milhões de pessoas a mais 
que o rebanho do papa João Paulo II. 
 
Há várias razões para as mudanças ocorridas no ranking da fé. Não há religião 
que cresça no ritmo do islamismo: 16% a mais de crentes a cada ano. Há de se levar 
em conta que mais da metade dos muçulmanos vive na Ásia, onde as taxas de 
natalidade são muito altas. A maior parte dos católicos, por sua vez, se concentra 
na Europa, Estados Unidos e América Latina, onde o crescimento demográfico vem 
caindo nos últimos anos. Os fatores demográficos, porém, não explicam toda a 
 
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força da expansão islâmica. Mesmo em países de forte tradição cristã cresce a pre- 
sença muçulmana. 
Em 1970, havia na França apenas onze mesquitas. Quase trinta anos depois, os 
templos já somam mais de 1000. No início da década de 70, a Inglaterra contava 
com 3000 muçulmanos. Agora, eles são 1 milhão.

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