Buscar

Introdução à Geografia da População

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 1 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
INTRODUÇÃO A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO 
 
Aspectos teóricos e metodológicos da geografia da população 
 Onde vivem as pessoas e por que vivem ali? Quantas e que tipo de pessoas vivem nas 
diferentes partes do mundo? 
Qual o sentido que têm estes padrões de distribuição por certas áreas? Estas questões 
excitaram a curiosidade das pessoas pensantes desde há muito tempo. Hoje, quando as viagens 
são muito mais frequentes e sabemos muito mais sobre o mundo e os povos do que antes, é 
natural que estas perguntas se repitam com mais insistência. Devemos procurar as respostas não 
só para satisfazer uma curiosidade casual, mas o que é muito mais importante, para resolver 
problemas populacionais críticos – e também por causa da distribuição estratégica que as 
respostas darão a questões científicas mais amplas. Se definirmos, provisória, e algo 
imperfeitamente, a Geografia da População como a ciência que trata dos aspectos espaciais da 
população, então não será difícil mostrar que sua investigação pode fornecer fatos e ideias de 
grande importância tanto para o demógrafo – o estudioso da natureza e do comportamento das 
populações – como para o geógrafo, o estudioso da natureza dos lugares. 
A Geografia da População pode ser definida com precisão como a ciência que trata dos 
modos pelos quais o caráter geográfico dos lugares é formado por um conjunto de fenômenos 
de população que varia no interior deles através do tempo e do espaço, na medida em que 
seguem suas próprias leis de comportamento, agindo uns sobre os outros e relacionando-se com 
numerosos fenômenos não demográficos. “Lugar”, neste contexto, pode ser um território de 
qualquer extensão, desde alguns hectares até a superfície inteira da Terra. Em termos mais 
breves, o geógrafo da população estuda os aspectos espaciais da população no contexto da 
natureza global dos lugares. 
O propósito essencial dessa matéria é bem mais amplo e profundo que a tarefa 
elementar de estabelecer onde as pessoas vivem, seu número e tipo. Como em todos os demais 
campos da Geografia, o mero “onde” das coisas não pode ser aceito como uma definição 
suficiente do campo e do propósito da Geografia da População. 
Entender o perfil da população de um país é fundamental par o delineamento de políticas 
públicas nas áreas de saúde, educação, habitação e sistema previdenciário, bem como para a 
elaboração de análises, estudos e prognósticos sobre o desenvolvimento demográfico e 
socioeconômico da nação. 
Para traçar esse perfil populacional, são realizados os censos demográficos, pesquisas 
detalhadas e abrangentes por meio dos quais são levantados informações referentes ao número 
total de habitantes, à distribuição da população pelo território, à porcentagem de acesso da 
população aos serviços capazes de assegurar saúde e bem-estar, entre outros. 
Graças a esse fluxo de informações, que foi se tornando mais complexo e rico nas últimas 
décadas, passa a ser possível compreender os movimentos e processos estruturais da sociedade. 
À medida que o tratamento de dados foi se especializando conceitual e metodologicamente e 
que o progresso técnico criou ferramentas de tratamento e recuperação de dados mais 
adequadas, tornou-se possível uma maior desagregação dos níveis de análise – ou seja, um 
detalhamento mais preciso, que constitui uma ferramenta essencial à realização de intervenções 
na forma de políticas públicas localizadas. 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 2 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Um dos aspectos primordiais no estudo das populações é o estudo das dinâmicas 
demográficas. Para isso, é preciso considerar o crescimento vegetativo, ou crescimento natural 
da população. Este pode ser medido pela diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de 
mortalidade de determinada população. A taxa de natalidade geralmente é expressa pelo 
número de nascimentos para cada mil habitantes, em determinado período; a taxa de 
mortalidade, por sua vez, é expressa em número de óbitos para cada mil habitantes. Quanto 
maior for a diferença entre essas taxas, com valores positivos em favor do contingentes de 
nascimentos – ou seja, se nascerem mais pessoas do que morrerem –, maior será o crescimento 
vegetativo da população. 
A dinâmica demográfica também considera a taxa de fecundidade, que indica o número 
médio de filhos por mulher em idade fértil numa dada população: se a taxa de fertilidade for 
igual a 2,1, considera-se que houve reposição populacional; se for superior a esse número, a 
população cresceu; e, se for inferior, a população diminuiu. 
O estudo da população é fundamental para podermos verificar a realidade quantitativa e 
qualitativa da mesma. Para governantes em especial, é de fundamental importância pois, 
permite traçar planos e estratégias de atuação, além de poder desenvolver um planejamento de 
interesse social. 
A população deve ser entendida como um recurso na medida em que representa mão de 
obra para o mercado de trabalho, soldados para a defesa nacional, dentre outras coisas. 
O ramo do conhecimento que estuda a população chama-se Demografia, portanto o 
profissional da área é o demógrafo. 
Demo- povo; Grafia- estudo, ou seja, Demografia é o estudo do povo/população. A 
demografia é um estudo que engloba desde estudos individuais e dependentes até projetos do 
governo em relação à população, como o IDH. Ao definir sua política (governo) tem duas opções: 
estimular ou dificultar novos nascimentos. Medidas como complementação salarial para auxílio 
aos pais que têm mais filhos ou aumento de impostos para os jovens de uma certa idade que 
ainda não tenham filhos, podem ser chamadas natalistas, pois estimulam o aumento da taxa de 
natalidade. Por outro lado, quando o governo sobretaxa o imposto para pais que têm mais filhos 
ou desenvolve políticas diretas de controle da natalidade como liberação do aborto ou 
distribuição de anticoncepcionais, está optando por uma política antinatalista. 
Os primeiros assentamentos humanos eram dependentes da proximidade de água e, 
dependendo do estilo de vida daquele grupo, outros recursos naturais, tais como terras aráveis, 
para a prática da agricultura e criação de animais herbívoros, e presença de populações de 
animais selvagens para a caça. No entanto, graças a grande capacidade dos seres humanos de 
alterar o seu próprio habitat através de métodos como a irrigação, o planejamento urbano, a 
construção de abrigos, o transportes de suprimentos e pessoas, a fabricação de mercadorias, a 
agricultura e a pecuária, a proximidade de assentamentos humanos a fontes de recursos naturais 
tornou-se desnecessária e, em muitos lugares, esse fator já não é uma força motriz no 
crescimento ou declínio de uma população. A maneira pela qual um habitat é alterado muitas 
vezes é fator determinante na evolução demográfica humana. 
A tecnologia permitiu ao homem colonizar todos os continentes e adaptar-se a 
praticamente todos os climas. Nas últimas décadas, os seres humanos têm explorado a 
Antártida, as profundezas dos oceanos e o espaço exterior, embora a longo prazo a colonização 
desses ambientes ainda seja inviável. Com uma população de mais de seis bilhões de indivíduos, 
os seres humanos estão entre os mais numerosos grandes mamíferos do planeta. A maioria dos 
seres humanos (65%) vive na Ásia. 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 3 
 
UniversidadeEstadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Alguns conceitos demográficos são fundamentais para a análise da população, abaixo 
iremos elencar alguns: 
 
População absoluta: População absoluta (é o número total de habitantes de um lugar (país, 
cidade, região, etc.). Quando um determinado lugar possui um grande número de habitantes, 
dizemos que ele é populoso ou de grande população absoluta; quando possui um pequeno 
número de habitantes, dizemos que é pouco populoso ou de pequena população absoluta. 
No entanto, ao considerarmos a qualidade de vida da população, esses conceitos devem 
ser interpretados com atenção. Um país não oferece melhores ou piores condições de vida aos 
seus cidadãos simplesmente pelo fato de se apresentar pouco ou muito povoado. Os Países 
Baixos, apesar de terem uma alta população relativa (430hab/km²), possuem estrutura 
econômica e de serviços públicos que atende às necessidades dos seus cidadãos. Já o Brasil, com 
uma baixa população relativa, tem muitos problemas na área social por causa da carência de 
serviços públicos, de empregos com salários dignos, de habitação etc. Nesse contexto, em última 
instância, o que conta é a análise das condições de existência da população, e não apenas a 
análise demográfica desprendida da realidade. 
A população mundial hoje é de cerca de 6.914.946.101. Os dez países mais populosos do 
mundo são: 
 
1º. China: 1.336.310.750 de habitantes 
2º. Índia: 1.186.185.625 
3º. Estados Unidos: 311.114.784 
4º. Indonésia: 234.342.422 
5º. Brasil: 190. 732.694 
6º. Paquistão: 166.961.297 
7º. Bangladesh: 161.317.625 
8º. Nigéria: 151.478.125 
9º. Rússia: 141.780.031 
10º. Japão: 127.938.000 
 
Densidade demográfica ou população relativa: corresponde a média de habitantes por 
quilômetros quadrados. Podemos obtê-la através da divisão da população absoluta pela área. 
Quando a população relativa de um local é numerosa dizemos que esse local é muito povoado. 
 
População absoluta 
Área 
 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 4 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Apesar de ser bastante difundida e utilizada, saber a densidade de um país é uma 
informação bastante vaga. Por se tratar de uma média, a partir dela nada podemos concluir a 
respeito da distribuição efetiva da população do país pelo território. 
 
Superpovoamento: corresponde a um descompasso entre as condições socioeconômicas da 
população e à área ocupada. Isso quer dizer que, superpovoamento não depende apenas da 
densidade demográfica, mas principalmente das condições de vida da população. Alguns países 
com grande densidade demográfica podem não ser considerados superpovoados, enquanto 
outros com densidade baixa assim o podem ser classificados. Um país pode ser superpovoado 
mesmo que apresente baixa densidade demográfica. 
Os Países Baixos (386hab/km²), a Bélgica (336hab/km²) e o Japão (341hb/km²), apesar de 
serem países densamente povoados, não são considerados superpovoados, visto que suas 
populações apresentam elevado nível de desenvolvimento socioeconômico e de bem-estar 
social, considerando a área ocupada. Em contrapartida, a Índia, que apresenta densidade 
semelhante (312hab/km²), é um país superpovoado, em virtude do insuficiente nível de 
desenvolvimento econômico e tecnológico de sua população. 
 
Recenseamento ou censo: corresponde á coleta periódica de dados estatísticos dos habitantes 
de um determinado local. 
No Brasil os recenseamentos são feitos de 10 em 10 anos, o último foi feito em 2010, pelo 
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão estatal, apresentou uma população de 
190.732.694. 
 
Taxa de natalidade: corresponde à relação entre o número de nascimentos ocorridos em um ano 
e a população absoluta, o resultado em geral é expresso por mil. 
 
N.º de nascimentos X 1000 = taxa de natalidade 
População absoluta 
 
Exemplo: se num país cuja população total é de 20 milhões de habitantes nasceram em um ano 
600 mil pessoas, temos: 
600.000 x 1.000 = 30‰ 
 20.000.000 
 
Portanto, dizemos que a taxa de natalidade do país é de 30‰ (30 por 1.000), ou seja, em 
um ano nasceram 30 crianças vivas para cada grupo de 1.000 habitantes. 
A natalidade é ligada a vários fatores como, por exemplo, qualidade de vida da 
população, ou ao fato de ser uma população rural ou urbana. 
As taxas de natalidade no Brasil caíram muito nos últimos anos, isso se deve em especial 
ao processo de urbanização que gerou transformações de ordem sócio-econômicas e culturais na 
população brasileira. 
 
Taxa de mortalidade: corresponde a relação entre o número de óbitos ocorridos em um ano e a 
população absoluta, o resultado é expresso por mil. 
N.º de óbitos X 1000 = taxa de mortalidade 
População absoluta 
 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 5 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Exemplo: se num país cuja população total é de 20 milhões de habitantes morreram em um ano 
300 mil pessoas, temos: 
300.000 x 1.000 = 15‰ 
 20.000.000 
 
Assim, dizemos que a taxa de mortalidade do país é de 15‰ (15 por 1.000), ou seja, em 
um ano morreram 15 habitantes para cada grupo de 1.000 habitantes. 
Assim como a natalidade, a mortalidade está ligada em especial a qualidade de vida da 
população analisada. Devemos observar que essa é a taxa de mortalidade geral e que, além dela, 
existe a taxa de mortalidade infantil. 
 Mesmo prescindindo de variações sociais, nos países onde prevalecem camadas mais 
jovens da população, esses índices têm significado bastante diferente. Uma maior população 
jovem significa uma inflexão para baixo das taxas de mortalidade, frente a países onde a 
população mais velha prevalece. 
 Predominância de população jovem é encontrada nos países menos desenvolvidos. Na 
década de 1960, na América Latina, menores de 15 anos chegaram a ser de 45 a 50% do total 
populacional. 
Em Os Trabalhadores, Eric J. Hobsbawm, analisando o padrão de vida inglês de 1790 a 
1850 utiliza as taxas de mortalidade como índice social. Embora com reservas, esse indicador 
seria sensível aos padrões de vida da população. Portanto, revelaria, com sua queda, melhoras 
nesse padrão, no começo da industrialização. 
Hobsbawm reconhece que a variação do índice não é linear, da mesma forma que não o é 
a dos padrões de vida. Em seu exemplo, as taxas de mortalidade caíram marcadamente entre 
1780 e 1810, subiram daí em diante até 1840, e voltaram a cair nas décadas de 1870 e 1880. No 
intervalo em que a mortalidade subiu, os problemas de desemprego teriam se intensificado. 
 
Crescimento vegetativo ou natural: corresponde a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa 
de mortalidade. 
C.V. = natalidade - mortalidade. 
 
Exemplo: se um país apresenta taxa de natalidade de 30‰ e taxa de mortalidade de 10‰, seu 
crescimento vegetativo será de 20‰ (ou 2,0%). 
 
C.V. = 30 – 20 = 10‰ 
 
Quando um local apresenta taxa de natalidade maior que a de mortalidade, a população 
cresce, e vice-versa. Se duas taxas se igualarem, a população permanecerá estável, apresentando 
crescimento zero ou nulo. 
O crescimento vegetativo corresponde a única forma possível de crescimento ou redução 
da população mundial, quando analisamos o crescimento de áreas específicas temos que levar 
em consideração também as migrações. 
O crescimento vegetativo brasileiro encontra-se em processo de diminuição, mas já foi 
muito acentuado, em especialnas décadas de 50 à 70, em virtude especialmente da 
industrialização. 
 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 6 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Taxa de mortalidade infantil: consiste nas mortes de crianças durante o seu primeiro ano de 
vida é a base para calcular a taxa de mortalidade infantil que consiste na mortalidade infantil 
observada durante um ano, referida ao número de nascidos vivos do mesmo período. 
 Muitos autores consideram que a taxa de mortalidade infantil é especialmente sensível 
aos dramas sociais vividos pela população. Essa taxa é calculada multiplicando-se por mil o 
número de crianças com menos de um ano, que morreram em determinado ano, e dividindo 
pelo número de crianças nascidas vivas, nesse mesmo ano. 
 
Mortalidade das crianças com menos de um ano x 1000 
crianças nascidas vivas 
 
Exemplo: se um país apresenta taxa de mortalidade infantil 10 mil e o nº de nascidos vivos foi de 
5 milhões, temos 
 
10.000 x 1000 = 2‰ 
 5.000.000 
 
Portanto, dizemos que a taxa de mortalidade infantil nesse país é de 2‰ (2 por 1.000), ou 
seja, em um ano a taxa de mortalidade infantil foi de 2 para cada grupo de 1.000 nascidas vivas. 
 
Taxa de fecundidade: corresponde a média de filhos por mulher na idade de reprodução. Essa 
idade vai dos 15 aos 49 anos, o que faz com que em países como o Brasil, onde é comum 
meninas abaixo dessa idade terem filhos, ela possa ficar um pouco distorcida. 
 
Na década de 70 a taxa de fecundidade no Brasil era de 5,8 filhos por mulher, em 2009 
esse número caiu para 1,94. Isso reflete a mudança que vem ocorrendo no Brasil em especial 
com a urbanização e com a entrada da mulher no mercado de trabalho, que tem contribuído 
com a redução significativa da taxa de natalidade e por consequência da taxa de fecundidade. 
 
Expectativa de vida: corresponde a quantidade de anos que vive em média a população. Este é 
um indicador muito utilizado para se verificar o nível de desenvolvimento dos países. A 
expectativa de vida do mundo é de 67,2 anos. 
 
No Brasil a expectativa de vida nas últimas décadas tem se ampliado. A expectativa de 
vida do brasileiro é de 73, as mulheres viviam em média 77 anos, enquanto os homens 69,4 
anos, esse aumento na expectativa também se deve a melhorias na qualidade médico sanitária 
da população em virtude do processo de urbanização. 
Os dez países de maior expectativa de vida são: 
 
 
1. Japão 82,6 
2. Islândia 81,8 
3. Suíça 81,7 
4. Austrália 81,2 
5. Espanha 80,9 
6. Suécia 80,9 
7. Israel 80,7 
8. França 80,7 
9. Canadá 80,7 
10. Itália 80,5 
 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 7 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Crescimento da população 
 
A população mundial conheceu ao longo da História períodos de brusco crescimento. A 
revolução neolítica (10000-5000 a.C.), com o desenvolvimento da pecuária e da agricultura e a 
passagem do nomadismo para a vida sedentária, elevou até 80 milhões o número de habitantes. 
Desde o início do século XVIII, uma nova explosão demográfica, ligada à Revolução Industrial, 
provocou um incremento no número de habitantes, até então desconhecido. 
Desde a antiguidade, o crescimento populacional é tema de reflexão para muitos 
estudiosos que se preocupam com o equilíbrio entre a organização da sociedade, a dinâmica 
demográfica e exploração dos recursos naturais. 
Na China, há mais de mil anos, textos apontavam as vantagens do que era considerada a 
quantidade ideal de pessoas para manter um hipotético equilíbrio entre disponibilidade de terras 
e a população local, indicando que o governo deveria incentivar as migrações de zonas muito 
povoadas para outras com menor densidade de ocupação. Na Grécia antiga, Platão e Aristóteles 
advertiram, como fez Malthus na Inglaterra muitos séculos depois, que seria possível aumentar 
as áreas de cultivo na mesma velocidade do crescimento populacional, o que tenderia a 
aumentar os níveis de pobreza e a escassez de alimentos ao longo das sucessivas gerações. 
Somente a partir do século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo, o crescimento 
populacional passou a ser estudado como um fato positivo, uma vez que, quanto mais pessoas 
houvesse, mais consumidores também haveria. Nessa época, foi publicada a primeira teoria 
demográfica de grande repercussão, formulada pelo economista inglês Thomas Robert Malthus 
(1766-1834). 
Os historiadores calculam que no ano 1 da Era Cristã o número de habitantes de nosso 
planeta era de aproximadamente 250 milhões. O número de 500 milhões de pessoas só foi 
atingido em 1650; de 1 bilhão, em 1850; de 2,5 bilhões, em 1950; e de 5 bilhões, em 1987. Em 
dezembro de 2002, a população da Terra pulou para cerca de 6,2 bilhões de pessoas. Em 2011 a 
população corresponde a 6,9 bilhões de habitantes. 
 
 
 
Como se vê, o ritmo de crescimento demográfico intensificou-se com o tempo, embora 
recentemente venha declinando um pouco. Assim a população mundial, que chegou a levar 1650 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 8 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
anos para duplicar, dobrou novamente em apenas 37 anos – de 1950 a 1987. Alguns autores 
chamam esse crescimento recente de “explosão demográfica”. Outros preferem falar em 
“transição demográfica”. 
Explosão demográfica é o aumento elevado e repentino da população de seres humanos. 
É frequentemente associada a avanços tecnológicos, tendo a maior delas ocorrido no século XX 
da era cristã. 
O aumento brusco da população leva a um aumento também brusco do território 
ocupado, e tem alguns efeitos ambientais e econômico-sociais catastróficos, daí a comparação 
com uma explosão. 
As explosões demográficas são observadas em duas situações: 
 
 A introdução de novas tecnologias que reduzam a mortalidade (aumento na produção de 
alimentos ou cura de doenças importantes); 
 
 Em períodos de guerra ou grandes calamidades, em que a sobrevivência da sociedade 
está ameaçada, registra-se importantes aumentos das taxas de natalidade. Neste caso, a 
"explosão" também é chamada de baby boom. 
 
Antes da Era Contemporânea, não era comum a contagem populacional, mas os 
pesquisadores sabem com relativa certeza que houve algumas explosões demográficas em certos 
pontos do globo: 
 
 Com a Revolução Agrícola, na transição do período Paleolítico para o Neolítico(c. 8000 
a.C.); 
a descoberta da metalurgia, na Idade dos metais (c. 3500 a.C.), que deu início à Revolução 
Urbana; 
 
 Durante a Idade Média europeia (c. século XI), com a introdução de novas técnicas 
agrícolas que sustentaram o revigoramento do comércio e das cidades. 
Todas estas mudanças estão relacionadas ao aumento da produtividade agrícola, e 
portanto à maior oferta de alimentos. É bem sabido que o ser humano, quando bem alimentado, 
tem o sistema imunológico fortalecido, resistindo melhor a doenças e vivendo por mais tempo. 
Como a taxa de natalidade, regida por outros fatores, se mantém estável, o resultado é o 
aumento do número de seres humanos vivos. 
Contudo, até o século XIX, a mortalidade ainda era extremamente elevada para os 
padrões atuais, pois a humanidade não tinha recursos suficientes para combater grande parte 
das doenças. 
As grandes descobertas do século XX, como a penicilina, as vacinas, os antibióticos, a assepsiadas mãos e dos ferimentos, diminuíram bruscamente o índice de mortalidade. Como a 
natalidade não foi reduzida, o resultado foi o aumento do crescimento vegetativo. Por volta de 
1930, a população mundial atinge 2 bilhões de pessoas, sendo 100 milhões na Europa. Mais 
tarde, houve uma repetição do que ocorreu na Europa nos países considerados 
subdesenvolvidos. 
Estudar a população é imprescindível para compreender como os seres humanos e suas 
atividades econômicas têm provocado profundas alterações no planeta. Emergem muitos 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 9 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
questionamentos sobre o crescimento desenfreado da população e sua distribuição irregular, 
principalmente quanto aos problemas decorrentes das enormes desigualdades sociais. 
 
Transição demográfica 
 
Segundo a teoria da transição demográfica, o crescimento populacional se daria em fases, 
o período anterior a transição ou pré-transicional, conhecido como regime demográfico 
tradicional, seria aquele no qual as taxas de natalidade e mortalidade seriam elevadas, fazendo 
com que o crescimento vegetativo fosse pequeno. A grande ruptura com esse período começa a 
se dar nos países desenvolvidos com a Revolução industrial, já nos subdesenvolvidos isso ocorre 
apenas em meados do século XX. O período posterior a transição ou pós-transicional, chamado 
de regime demográfico moderno, se daria quando as taxas de natalidade e mortalidade 
baixassem. Devido ao fato de que as taxas de mortalidade caem primeiro que as de natalidade, 
durante a transição viver-se-ia um período de intenso crescimento populacional, chamado de 
explosão demográfica, processo pelo qual passam ainda hoje vários países subdesenvolvidos. 
A tendência é que a população mundial cessará de crescer acentuadamente somente por 
volta do ano 2050. Esse fato decorre da transição demográfica. No período ou ciclo de transição 
demográfica, o crescimento da população passa por três fases fundamentais. Os países 
desenvolvidos já realizaram sua transição demográfica, estando, portanto, na terceira fase, ao 
passo que os subdesenvolvidos, a grande maioria, só deverão completá-la por volta do ano 2050 
ou até mais tarde. 
 
Primeira fase ou fase do crescimento lento: Dos primórdios da humanidade até o final do século 
XVIII, aproximadamente, embora a natalidade tenha sido elevada, a taxa de mortalidade 
também era bastante alta, o que explica o baixo índice de crescimento demográfico desse 
período. A expectativa ou esperança de vida, portanto, era baixa. A elevada mortalidade era 
decorrente principalmente das precárias condições higiênico-sanitárias, das epidemias, das 
guerras, da fome, etc. 
 
Segunda fase ou crescimento rápido: Caracterizada por elevadas taxas de natalidade e baixas 
taxas de mortalidade, nesta fase ocorre grande crescimento da população. Atualmente, a 
maioria dos países subdesenvolvidos encontram-se nessa fase. 
Na Europa ocidental, o sucesso da Revolução Industrial contribuiu para a melhoria das 
condições higiênico-sanitárias, médico-hospitalares e alimentares e no combate às epidemias, 
reduzindo a mortalidade de forma gradativa. Entretanto, a natalidade permaneceu elevada 
durante quase todo o século XIX, o que explica o grande crescimento populacional da Europa 
nesse período. 
Após a Segunda Guerra Mundial o mundo assistiu a mais espetacular explosão demográfica de 
todos os tempos, em apenas 55 anos, a população mundial que era de cerca de 2,2 bilhões de 
habitantes, pulou para mais de 6 bilhões. 
 
Terceira fase ou fase de baixíssimo crescimento demográfico ou estagnação: Nessa fase 
caracterizada pela ocorrência de baixas taxas de natalidade e de mortalidade, resultando em 
baixíssimo crescimento e até mesmo em estagnação do crescimento populacional, a transição 
demográfica encontra-se concluída. Atualmente estão nessa fase os países desenvolvidos, a 
maior parte deles com taxas de crescimento muito baixas, geralmente inferiores a 1%, nulas e 
até negativas. 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 10 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Nos países subdesenvolvidos tem ocorrido uma transformação na estrutura familiar, na 
qual vários fatores contribuem para que as mulheres tenham menos filhos. 
O crescimento futuro da população é difícil de prever. As taxas de natalidade estão a 
diminuir em geral, mas variam muito entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. 
As taxas de mortalidade podem mudar inesperadamente devido a doenças, guerras e 
catástrofes, ou avanços na medicina. 
Para tentar conter o elevado aumento populacional já estão tomadas e estudadas certas 
medidas. É necessária a expansão de serviços de alta qualidade de planejamento familiar e saúde 
reprodutiva. As gravidezes indesejadas ocorrem quando os casais que não querem ter uma 
gravidez não usam nenhum método para regular eficazmente a fertilidade. Uma das prioridades 
de vários governos dos países em vias de desenvolvimento deve ser oferecer aos casais e a 
pessoas individuais serviços apropriados para evitar tais gravidezes. 
Deve-se também divulgar mais informação sobre planejamento familiar e aumentar as 
alternativas de métodos anticoncepcionais, nos casos em que tal seja legal. 
É também muito importante a consciencialização do público sobre os meios existentes 
para a regulação da fertilidade e o seu valor, da importância da responsabilidade e da segurança 
na prática de relações sexuais e a localização dos serviços. Deverão ser criadas condições 
favoráveis para várias famílias pequenas. 
Importa também aumentar a escolaridade, especialmente entre as adolescentes. 
Melhorias na situação econômica, social e jurídica das jovens e das mulheres poderão contribuir 
para aumentar o seu poder de negociação, conferindo-lhes uma voz mais forte nas decisões 
relacionadas com os aspectos reprodutivos e produtivos da família. 
 
Distribuição geográfica da população 
 
A desigual distribuição da população explica-se pela conjugação de fatores (naturais, 
históricos e socioeconômicos) que favorecem ou restringem a ocupação dos territórios. Fatores 
físicos ou naturais: áreas favoráveis à ocupação humana, chamadas de ecúmenas, e áreas 
desfavoráveis à concentração populacionais, anecúmenas. Entre as áreas mais favoráveis estão, 
por exemplo, as planícies (concentrando mais da metade da população mundial); Fatores 
históricos e econômicos: a expansão colonizadora do século XVI, a Revolução Industrial na 
segunda metade do século XVIII, promoveram grande urbanização nestas áreas. 
O ecúmeno não seria explicado apenas por fatores naturais, mas também históricos. Ele 
se deveria, no interior do meio geográfico, como obra humana. Neste sentido, o 
desenvolvimento da civilização industrial, permitindo uma produção crescente, seria fator de 
acréscimo da habitabilidade do globo. (Sujeito a contradições em face da concentração dos 
lucros, que tem como consequência reduzir o acréscimo paralelo da população. Trata-se da 
questão da superpopulação e do desemprego. 
Podemos dizer que atualmente a distribuição desigual da população pela superfície do 
planeta depende muito mais de fatores históricos e econômicos do que dos fatores naturais. A 
modernização e a revolução tecnicocientífica permitiram superar grande parte das limitações 
naturais, levando a humanidade a conquistar espaço antes inabitáveis. 
Se a população dispõe de técnicas suficientes para superar as adversidades apresentadas 
pelo ambiente, a influência dos fatores naturais tende a diminuir. Assim,mesmo áreas de difícil 
ocupação (desérticas, com relevo montanhoso, etc.) são integradas ao processo produtivo, 
atraindo população e investimentos em infraestrutura. Além disso, o grande crescimento da 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 11 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
população em países subdesenvolvidos torna algumas dessas regiões as mais altas densidades 
populacionais do planeta. 
As atividades econômicas podem acarretar maior ou menor concentração populacional. 
Por exemplo, as atividades industriais costumam ser responsáveis por grandes concentrações 
populacionais. 
As áreas de agricultura com mecanização intensa e de pecuária extensiva, apresentam 
baixas densidades, pois essas atividades requerem pequena quantidade de mão-de-obra por 
área. 
Há desigualdades na ocupação dos continentes. Até meados do século XX, por volta de 
2/3 dos habitantes da Terra estariam concentrados em 1/7 da superfície do globo. Apesar da 
variação dos dados a respeito desta desigualdade, era unânime sua concentração na Europa, 
China e Índia. 
Calcula-se que no início deste século XXI, a cada ano, mais de 80 milhões de pessoas 
passam a habitar a Terra, uma população equivalente à da Alemanha. A maioria será pobre e 
viverá principalmente na África, na Ásia ou na América Latina. São nessas regiões que estão 
situados os países de maior crescimento demográfico do mundo. 
A distribuição da população mundial ocorre de forma desigual, havendo grande diferença 
no contingente populacional dos continentes. Veja a população referente a cada um deles: 
 
África: 1,008 bilhões de habitantes 
América: 925,2 milhões de habitantes 
Antártica: 4 mil habitantes (no verão) e 900 habitantes (no inverno) 
Ásia: 4,115 bilhões de habitantes 
Europa: 749,0 milhões de habitantes 
Oceania: 36,6 milhões de habitantes 
 
Portanto, o continente com maior concentração populacional é a Ásia (4,1 bilhões de 
habitantes), correspondendo cerca de 65% da população mundial. 
A África é o segundo continente mais populoso, tal fato se deve ao alto índice de 
crescimento populacional dos países que a integram (2,1% ao ano). Sua população só não é 
maior em virtude da baixa expectativa de vida, caracterizada como a menor do planeta. De 
acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 21% da população 
mundial habitará a África em 2050. 
A Europa, que já representou 21% dos habitantes da Terra, atualmente, possui apenas 
10,7%, sendo que a tendência é diminuir a cada ano, pois o continente já apresenta taxa de 
crescimento populacional negativo. 
A América, por sua vez, apresenta crescimento populacional de 1% ao ano, sendo que 
essa taxa é maior se considerarmos apenas os países latino-americanos. Os Estados Unidos e o 
Canadá possuem crescimento populacional de 0,9%. 
 
As Teorias Demográficas 
 
Thomas Robert Malthus publicou na Inglaterra seu Primer Ensayo Sobre La Población (O 
Ensaio sobre o Princípio de População), no ano de 1798, e esta obra tornou-se uma referência 
para o estudo da demografia no século XIX. Em sua essência o texto tinha como preceito o fato 
de que a produção de alimentos crescia em Progressão Aritmética (PA), ou seja, (2,4,6,8...) e a 
população mundial crescia em Progressão Geométrica (PG), ou seja (2,4,8,16,32...). Sabe-se que 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 12 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
o crescimento em PG é muito mais rápido que o em PA, portanto, para Malthus, tal tendência 
demográfica seria responsável pela situação de fome de parte da população. No entanto tais 
preceitos são absolutamente falsos e a teoria do economista, portanto, também o é. 
Crendo na exatidão de seus preceitos, o também religioso apresentou o problema à 
sociedade em sua obra e nela também propôs soluções. Dentre elas destacam-se várias formas 
de controle da natalidade como a abstinência sexual, o casamento tardio (pressupõe-se o sexo 
liberado apenas após o matrimônio) e o celibato. Nota-se que todas as propostas são permeadas 
de alguma forma por um caráter religioso que Malthus impôs ao seu discurso pretensamente 
científico. Cabe considerar que além dos crescimentos da produção de alimentos e populacional 
não ocorrerem em PA e PG respectivamente, a teoria malthusiana não vislumbrou as 
transformações intensas que o processo de produção agrícola sofreu e que elevaram sua 
produtividade. Hoje o mundo produz alimentos suficientes para alimentar quase o dobro da 
população mundial, e a fome persiste. Onde está o erro? 
Na distribuição desigual, é claro. 
Malthus, em sua primeira versão do princípio de população, polemiza com os chamados 
socialistas utópicos – Condorcet, Godwin, Wallace – cujas obras, de modo geral, propunham uma 
sociedade igualitária como alternativa à situação de miséria vivida. Segundo ele, a causa 
verdadeira dessa miséria humana não era a sociedade dividida entre proprietários e 
trabalhadores, entre ricos e pobres. A miséria seria, na verdade, um obstáculo positivo, que 
atuou ao longo de toda a história humana, para reequilibrar a desproporção natural entre a 
multiplicação dos homens – o crescimento populacional – e a produção dos meios de 
subsistência – a produção de alimentos. 
Por trás dessa constatação estaria uma lei natural: a do crescimento da população num 
ritmo geométrico e dos produtos de subsistência num ritmo aritmético. 
A miséria e o vício são obstáculos positivos ao crescimento da população. Eles 
reequilibram duas forças tão desiguais. 
Em outras palavras, o crescimento natural da população, que é determinado pela paixão 
entre os sexos, excede a capacidade da terra para produzir alimentos para o homem. A 
dificuldade da subsistência exerce uma forte e constante pressão restritiva, sentida em um 
amplo setor da humanidade: os mais pobres ficam com a pior parte e a menor parte, convivendo 
com a fome e a miséria. 
A miséria para Malthus, é, portanto, necessária. Ela aparece na fome, no desemprego, no 
rebaixamento dos salários; então, ela mata, ela faz adoecer, ela reduz o número de matrimônios, 
pois será mais difícil sustentar os filhos (obstáculo preventivo ou “obrigação moral”). Por outro 
lado, ela incita os cultivadores a aumentar o emprego da mão-de-obra disponível, a abrir novas 
terras ao cultivo, a re-harmonizar a relação população/recursos. 
Ao se ampliarem os meios de subsistência, invariavelmente a população volta a crescer, 
e, assim, os pobres vivem um perpétuo movimento oscilatório entre progresso e retrocesso da 
felicidade humana. 
Uma sociedade igualitária estimularia nascimentos, dessa forma estendendo a todos a 
pobreza. A luta pela sobrevivência, nessas condições, faria triunfar o egoísmo. Malthus discorda, 
inclusive, da assistência do Estado aos pobres, considerando-a nefasta, porque diminuindo a 
miséria a curto prazo, favorece o casamento e a procriação dos indigentes. 
Já no século XX o fenômeno da explosão demográfica contribuiu para que surgissem 
novas teorias relacionadas ao crescimento populacional. As primeiras teorias associavam o 
crescimento demográfico à questão do desenvolvimento e propunham soluções antinatalistas 
para os problemas econômicos enfrentados pelos países subdesenvolvidos. Ficaram conhecidas 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 13 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
como teorias neomalthusianas, porserem catastrofistas e por apontarem o controle 
populacional como única saída. Mas, ao contrário de Malthus, os neomalthusianos eram 
favoráveis ao uso de métodos anticoncepcionais e propunham a sua difusão em massa nos 
países do mundo subdesenvolvido. 
Com intuito de justificar a desigualdade da Divisão Internacional do Trabalho (DIT). Na DIT 
Clássica os países centrais exportavam produtos industrializados para os países periféricos e 
recebiam matérias-primas destes. A enorme diferença no valor das produções desses dois 
grupos de países manteve as riquezas concentradas nos países industrializados e altamente 
desenvolvidos. A relação comercial dos países periféricos é desvantajosa, pois eles compram 
produtos caros e vendem produtos baratos e essa situação limita as possibilidades de 
desenvolvimento desses países. Para mascarar esse processo é que surge a Teoria 
Neomalthusiana. 
Ela afirma que os países periféricos são pobres, pois sua população é muito grande e 
consome seus escassos recursos. É fácil acreditar nessa ideia quando se compara o Reino Unido 
ou a Alemanha com a China ou com a Índia. Os países europeus altamente desenvolvidos 
possuem populações muito menores do que a destes países asiáticos, que apresentam quadros 
sociais péssimos com altos níveis de pobreza. Mas se compararmos Brasil e Estados Unidos, 
vemos que o nível de desenvolvimento norte-americano é maior e sua população também. Ou 
seja, o problema não está no tamanho da população brasileira e sim na desigualdade, no abismo 
econômico que separa esses dois países. 
É semelhante ao que se diz das famílias pobres com muitos filhos. Se uma família tem 
renda média de um salário mínimo e é formada por dez filhos, a família é pobre. E se uma família 
com a mesma renda tiver apenas um filho? Será pobre também, pois um salário mínimo é pouco 
para a sobrevivência de uma pessoa, quanto mais de uma família com pai, mãe e um filho. O 
problema é ter muitos filhos? Não. O problema é a família não ter acesso a renda. É claro que as 
condições de vida tendem a piorar com mais pessoas, mas, se for atingido um certo ponto de 
pobreza, não faz diferença se há um filho ou dez. Todos terão condições péssimas de 
sobrevivência. A única diferença é que temos mais pessoas sofrendo pela miséria. 
O discurso neomalthusiano impõe aos países pobres a culpa pela própria pobreza e 
esconde os limites impostos pela DIT injusta ao desenvolvimento deles. E ainda propõe um forte 
controle de natalidade, o que estimulou, inclusive, o envio de equipes técnicas preparadas para 
ensinar o planejamento familiar e praticar cirurgias de esterilização feminina. Sabe-se que em 
alguns casos tais cirurgias eram feitas sem o consentimento das pessoas, das famílias. Algo 
imposto, violando as liberdades pessoais e o direito de escolha. É para criticar essa visão 
neomalthusiana e suas recomendações que surge a teoria reformista, cujo preceito principal é a 
ideia de que a DIT injusta é responsável pelo subdesenvolvimento. 
Os argumentos convincentes dos neomalthusianos foram desfeitos pela dinâmica 
demográfica real. Os países que tiveram quedas acentuadas em suas taxas de natalidade foram 
aqueles cujas conquistas econômicas estenderam-se à maioria dos habitantes, na forma de 
maior renda e melhoria do padrão cultural. A história comprovou que havia uma inversão no 
pensamento neomalthusiano. A redução do crescimento populacional não é o ponto de partida 
para a conquista do desenvolvimento social e econômico, mas o ponto de chegada. 
Essa dinâmica demográfica já havia sido apontada pelos reformistas, que destacavam as 
conquistas socioeconômicas como responsáveis pela redução das taxas de crescimento 
populacional. Para os reformistas, uma melhor distribuição de renda e o maior acesso à cultura e 
à educação podem modificar os padrões de crescimento e promover a melhoria da qualidade de 
vida das pessoas. 
 
www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 14 
 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia da População – Professor: Tibério Mendonça 
Outra visão antinatalista surgiu com alguns ecologistas já no final da década de 1960, com 
a publicação do livro A bomba populacional de Paul Ehrlich. Mas esses ecologistas não se 
limitaram à questão demográfica para discutir as ameaças dos problemas ambientais. 
Ressaltaram o papel negativo do consumismo da população dos países desenvolvidos e, 
portanto, a necessidade de transformação do modelo econômico do mundo atual. 
No final dos anos sessenta, paralelamente à emergência da ecodiplomacia, que visa 
discutir entre os países as questões de caráter ambiental, surge o Ecomalthusianismo. Essa teoria 
foi defendida pelo Clube de Roma, formado por cientistas, economistas e funcionários 
governamentais de alto escalão, e baseia-se na ideia de que o sistema global é formado por 
recursos finitos em acelerado processo de desgaste diante do crescimento populacional e das 
demandas produtivas do mundo contemporâneo. A lógica é que quanto maior é a população, 
maior o consumo dos recursos naturais. 
Tendo em vista tal lógica, o Clube de Roma propôs o controle da natalidade nos países de 
maior crescimento populacional - leia-se países da América Latina, África e Ásia. Além disso, 
propôs uma mudança estrutural da economia que deveria passar de uma economia de produção 
para uma economia de serviços. E é exatamente quando recomenda o controle da natalidade 
nos países pobres que a teoria perde sua lógica, pois deve-se considerar as desigualdades no 
padrão de consumo entre os países centrais e os periféricos. 
Tomemos por exemplo a questão da água, que é um recurso estratégico. A Organização 
Mundial de Saúde recomenda o consumo diário de 80 litros por pessoa/dia para ingestão, 
higiene pessoal e doméstica, e para o preparo de alimentos. No Quênia o consumo médio é de 5 
litros por pessoa/dia, a mesma média de água utilizada diariamente pelos norte-americanos para 
lavar carros e regar jardins. Sabe-se que o crescimento vegetativo da população do Quênia é 
bem maior do que o dos Estados Unidos, mas será que foi esse crescimento que gerou tamanha 
diferença no consumo de água entre os dois países? 
Não. A infraestrutura implementada e o desperdício norte-americano é que elevam o 
consumo por pessoa/dia de sua população. Portanto não é necessário controlar a natalidade no 
Quênia, pois não é lá que está o consumo excedente. Deve-se reduzir, todavia, o desperdício da 
sociedade norte-americana. Mais uma vez o problema não é demográfico. 
Ou seja: Malthusianismo, Neomalthusianismo e Ecomalthusianismo são teorias 
demográficas que impõem as responsabilidades sobre a fome, o subdesenvolvimento e o 
desastre ambiental mundial, respectivamente, sobre as famílias e países pobres, e defendem que 
são estes que devem controlar suas taxas de natalidade. No entanto, esquecem-se de avaliar a 
desigualdade existente na distribuição dos recursos alimentares, financeiros e no consumo dos 
recursos naturais, que é alto nos países centrais e limitado nos países periféricos. A questão 
resolve-se, portanto, ao se compreender que é a distribuição desigual dos recursos que gera tais 
diferenças entre os países. 
 
Referências Bibliográficas 
 
DAMIANI, AMÉLIA LUISA. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 1991. 
 
ZELINSKY, WILBUR. Introdução à Geografia da População. São Paulo: Zahar, 1969. 
 
GEORGE, PIERRE. Geografia da População. São Paulo: Bertrand Brasil, 1991. 
 
PACHECO, M. V. Explosão demográfica e crescimento do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1974.

Continue navegando