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A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DA RAZÃO PÚBLICA NAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UMA PESPECTIVA RAWLSIANA 
 
 Nome1
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a importância do papel da razão pública nas decisões do Supremo Tribunal Federal. O problema que se pretende investigar nesse estudo esta relacionado ao papel que assume a categoria de razão pública na teoria da justiça elaborada por Rawls. Pretende-se identificar como Rawls compreende a possiblidade de uma fundamentação dos princípios de justiça para a estrutura básica da sociedade que proporcione a população uma base comum mínima para a estabilidade e legitimidade e que principalmente defenda uma posição cognitivista com base em valores públicos, tanto morais, como políticos de liberdade e igualdade. O método de trabalho foi uma revisão bibliográfica. A pesquisa demonstra ainda, a importância da ideia de uma cidadania democrática e dever de civilidade na área de questões essenciais de justiça e elementos constitucionais a partir de uma justificação pragmatista em âmbito público. Pretende-se também com este trabalho aprimorar os estudos sobre o tema e esclarecer por meio de uma discussão teórica sólida as principais fontes atuais concernentes à discussão desta temática. 
Palavras Chaves: Razão Pública, Supremo Tribunal Federal, Justiça, Rawls, Sociedade. 
ABSTRACT: This article aims to analyze the importance of the role of public reason in decisions of the Supreme Court. The problem to be investigated in this study is related to the role that takes the category of public reason in the theory of justice Rawls. It is intended to identify how Rawls understands the possibility of a foundation of the principles of justice for the basic structure of society offering the population a minimum common basis for the stability and legitimacy and that primarily advocate a cognitive position based on public values​​, both moral as political freedom and equality. The research also shows the importance of the idea of democratic citizenship and the duty of civility in the area of essential questions of justice and constitutional elements from a pragmatic justification in the public sphere. It is also intended to enhance this work studies on the topic and clarify through a solid theoretical discussion the main sources concerning the debate of this issue.
Key-Words: Public reason, Supreme Court, Justice, Rawls Society.
_______________________
 Nome? É acadêmico do? Semestre da Faculdade Fundação Escola Superior do Ministério Público – Cidade?– Estado?. 
1 – DISCUSSÃO TEÓRICA METODOLÓGICA 
Discorrer na atualidade sobre o papel da razão pública nas decisões do Supremo Tribunal Federal é extremamente importante, haja vista que um dos principais problemas abordados na teoria de Rawls esta relacionado ao respeito da justificação moral, ou seja, como em estabelecer uma fundamentação de juízos e princípios morais, recusando se, portanto, a posição fundamentalista cética ou emotivista.
Segundo o autor Denis Coitinho Silveira (2009) em seus estudos Rawls buscou contrapor-se a interpretação moral hegemônica que identificava a impossibilidade de justificação dos juízos morais em razão de sua subjetividade que era ligada as emoções. Para este autor, Rawls defendia a objetividade desses juízos, principalmente por que acreditava na capacidade das pessoas serem mais ou menos razoáveis. 
Em seus estudos o autor acima destaca que Rawls defende três métodos de justificação na teoria da justiça, a saber: o primeiro é o equilíbrio reflexivo (reflective equilibrium), o segundo a posição original sob o véu da ignorância (original position/veil of ignorance) e o terceiro é a ideia de razão pública (public reason) muito importante também na teoria de Rawls. 
Como aponta Denis Coitinho Silveira (2009) o primeiro método da teoria de Rawls se trata de um equilíbrio reflexivo, sendo, portanto, um método intuitivo e indutivo que existe para justificar os princípios de justiça a partir dos juízos morais convergentes da cultura pública de uma sociedade democrática, pautada em princípios da tolerância religiosa e repúdios a escravidão. Por este método, se nota claramente o apelo intuicionista em razão da identificação de que a liberdade e a igualdade são elementos fundamentais ao ser humano e, portanto, é algo muito bom ao indivíduo, o que favorece a classificação da teoria da justiça de Rawls, como uma doutrina abrangente. 
O segundo método que é o da posição original, se trata de um método bastante teórico e dedutivo, haja vista que os seus princípios são justificados em razão de serem derivados de um modelo formal de correção que é o véu da ignorância que impõe ao indivíduo as condições formais de dedução, destacando que as instituições são apenas justas se estiverem conforme estes princípios, pois a distribuição dos mesmos só acontece de forma justa se os princípios estiverem de acordo com as instituições. (SILVEIRA, 2009)
Já o terceiro método que é o da razão pública afirma que as questões constitucionais essenciais e os elementos de justiça básica são muitos importantes, pois são afirmados a partir de determinados valores políticos que podem ser defendidos por todos os cidadãos na forma de um consenso sobreposto (overlapping consensus) entre doutrinas abrangentes, o que evidencia uma proximidade com o pragmatismo. (SILVEIRA, 2009)
É importante destacar que há uma certa linha de continuidade entre os três métodos no que diz respeito a um posicionamento cognitivista que recusa o antirrealismo. Isso por que o intuicionismo do equilíbrio reflexivo nos remete a uma proximidade com o realismo moral no momento em que acontece uma identificação da cooperação como aquilo que é o bom. 
Nesse sentido, nota-se que o aspecto teórico e dedutivo do terceiro método de Rawls que é a posição original, revela uma perspectiva construtivista, tendo em vista que os princípios são justificados a partir de um método de construção que mantém proximidade com um tipo de idealismo moral. Embora, o construtivismo político de Rawls não possa ser igualado ao construtivismo moral kantiano por prescindir do conceito de verdade é preciso esclarecer esta posição.
Convém lembrar ainda que esta ideia de razão pública parece estar situada em um horizonte de justificação pragmatista, haja vista que a mesma procura realizar um consenso sobreposto entre as diversas doutrinas abrangentes. Entretanto, há de se lembrar que este pragmatismo subsume um caráter intuicionista de realismo moral ao afirmar o valor intrínseco dos deveres morais-políticos, o que o aproxima de uma posição de recusa ao antirrealismo. (SILVEIRA, 2009)
Comungando o pensamento de Silveira (2009) a autora Maria Eugênia Bunchaft (2011) destaca que a teoria de Rawls representa uma contribuição fundamental para a compreensão do tema do “reconhecimento, do multiculturalismo e do pós-secularismo”, haja vista que a sua teoria introduz diferentes concepções filosóficas que tem muito a enriquecer a temática acerca do uso público da razão. Por sua vez, este fato contribui sobremaneira nas diferentes percepções teóricas que são capazes de atender aos desafios propostos pelas sociedades pluralistas da contemporaneidade. 
Nesta perspectiva, nota-se que a possibilidade de articulação dos fundamentos filosóficos da teoria de Rawls, bem como a integração do conceito de razão pública à cultura política brasileira é extremamente importante, principalmente quando diz respeito à análise das consequências para a legitimidade democrática do Supremo Tribunal Federal que sempre debate questões sobre a judicialização de temas polêmicos e delicados como: anencefalia, transexualismo ou uniões homoafetivas. 
Caberessaltar que para Rawls, a atuação do poder político em relação a questões constitucionais essenciais e de justiça básica somente ocorre por meio da fundamentação das decisões que estão pautadas em princípios políticos que invocam os valores da razão pública, como afirma o autor: 
Nosso exercício do poder político é próprio e, por isso, justificável somente quando é exercido de acordo com uma Constituição cujos elementos essenciais se pode razoavelmente esperar que todos os cidadãos endossem, à luz de princípios e ideais aceitáveis para eles, enquanto razoáveis e racionais. (RAWLS, 2000 p. 266) 
Sendo assim, nota-se que Rawls desenvolve em sua teoria uma abordagem peculiar muito significativa acerca do exercício do poder político, cuja legitimidade pressupõe o dever moral de justificação das decisões sobre questões constitucionais essenciais e de justiça básica que esta sempre pautada à luz dos valores políticos da razão pública. (BUNCHAFT, 2011) 
Embora seja inegável a importância da teoria de Rawls, o problema do presente estudo é analisar a relevância desta teoria na atualidade e quais as suas implicações democráticas, sob o ponto de vista sociológico, da integração das concepções de razão pública delineadas por Rawls, principalmente as relacionadas às questões controvertidas e polêmicas que requer um julgamento do poder judiciário. 
O presente artigo tem como cunho teórico e metodológico investigar em que medida os referenciais teóricos do autor Rawls atendem aos desafios propostos por uma estratégia de legitimação do Supremo Tribunal Federal. 
2. A IDEIA DE RAZÃO PÚBLICA (PUBLIC REASON)
Discorrer sobre a razão pública é muito importante, haja vista que a mesma representa a razão dos cidadãos que compartilham a situação de cidadania, sendo que o seu objeto, portanto, é o bem público em uma concepção pública de justiça na sociedade.
Segundo o autor Silveira (2009) o papel da razão pública na teoria da justiça de Rawls tem uma base pública de justificação, haja vista que Rawls reinterpreta o conceito de razão pública como utilizado por Kant em Resposta à questão: o que é Esclarecimento (Aufklärung), delimitando-o a partir de seus três sentidos, a saber: (I) é a razão do público, isto é, a razão dos cidadãos enquanto compartilham de uma situação de igual cidadania; (II) seu objeto é o bem público e as questões de justiça fundamentais; (III) a natureza e o conceito são públicos, determinados pelos princípios expressos pela concepção de justiça política. 
Em seus estudos o autor Denis Coitinho Silveira (2009) nos fornece uma importante contribuição sobre a razão pública, como afirma o autor:
Uma primeira característica da razão pública e seu objeto específico é a razão de cidadãos que são iguais, que formam um corpo coletivo, exercendo um poder político de uns sobre os outros. Os limites impostos à razão pública circunscrevem as questões políticas aos “elementos constitucionais essenciais”, quer dizer, somente os valores políticos devem resolver as questões fundamentais, como, por exemplo, estabelecer quem tem direito ao voto, ou que religiões devem ser toleradas, ou, ainda, quem deve garantir a igualdade equitativa de oportunidades. Essas questões fundamentais especificam claramente o objeto próprio da razão pública. Uma outra característica fundamental da razão pública é que seus limites não se aplicam às deliberações e reflexões individuais sobre as questões políticas, isto caracterizando a cultura de fundo de uma sociedade, aplicando-se especificamente aos cidadãos, quando atuam em uma argumentação política em um fórum público (SILVEIRA, 2009 p. 67)
É importante esclarecer que se faz necessário nesse estudo fazer uma distinção apropriada da forma de aplicação do ideal da razão pública aos cidadãos e às autoridades estatais. Isso se deve, por que o ideal de razão pública aplica-se aos fóruns oficiais, a saber: o legislativo, o executivo e o judiciário, sendo que nestes dois primeiros se aplica devido os mesmos estarem em um espaço importante que é do pronunciamento público.
Já na esfera do judiciário, se aplica a ideia de razão pública pelo fato dos juízes terem que explicar e justificar todas as suas decisões que devem estar pautadas em sua compreensão da Constituição e nos estatutos que os mesmos acreditam ser relevantes e precedentes, o que caracteriza, portanto, o judiciário como um caso exemplar de razão pública, principalmente por que nele estar circunscrito questões constitucionais essenciais e questões de justiça básica que leva sempre em consideração os limites impostos pela Constituição democrática e vontade geral.
Segundo o autor Denis Coitinho Silveira (2009) uma questão fundamental que está em jogo é compreender por que os cidadãos na sociedade só utilizam os limites da razão pública para deliberarem sobre questões políticas importantes, não utilizando uma concepção abrangente de verdade, utilizando, apenas, uma concepção pública de justiça. 
O autor Silveira (2009) esclarecer este fato da seguinte maneira, vejamos nas palavras do autor: 
Esse aparente paradoxo é resolvido com a utilização de um princípio de legitimidade liberal (principle of liberal legitimacy) que possui duas características fundamentais, a saber, está circunscrito à relação entre pessoas no interior da estrutura básica da sociedade e concebe o poder político como o poder do público, quer dizer, considera o poder dos cidadãos livres e iguais como um corpo coletivo. (SILVEIRA, 2009: 68)
Cabe reiterar que o autor Rawls considera como uma característica permanente da cultura pública de uma sociedade democrática a diversidade de doutrinas religiosas, filosóficas e morais e não uma contingência histórica. Em sua teoria este autor destaca que os cidadãos devem exercer o seu poder político pautado em princípios e ideias públicas de justiça, é isso que caracteriza, portanto, o princípio liberal de legitimidade. 
Nesta ótica, o autor acima salienta que apenas desta maneira que desaparece o paradoxo da utilização da razão pública para os cidadãos ao deliberarem sobre questões políticas fundamentais, em função de a concepção política estar pautada por um consenso sobreposto de doutrinas abrangentes e razoáveis. Isso significa que os cidadãos deve defender o ideal de razão pública não como se fosse uma barganha política, mas sim em razão de suas doutrinas razoáveis. 
Por sua vez, este aparente paradoxo da razão pública é resolvido sempre por ser perfeitamente razoável e prescindir da verdade como um todo para uma comprovação no âmbito político, como se pode observar em casos em que as regras de evidência limitam o testemunho que pode ser introduzido, visando ao acusado um julgamento justo, excluindo as evidências por rumores e as evidências por buscas e apreensões arbitrárias. (SILVEIRA, 2009)
É importante frisar que é preciso pensar o âmbito da razão pública como o espaço de questões fundamentais que visa ao bem comum no interior da comunidade política da sociedade.
Nesse sentido, com o objetivo de diferenciar a forma apropriada da razão pública, o autor Rawls estabelece em sua teoria diferenciações entre a razão e a razão não pública. Para este autor existe apenas uma razão pública e muitas razões não públicas, como as razões das diversas associações: Igrejas, Universidades, sociedades científicas e grupos profissionais, portanto, ter uma clara definição de ambas razões é fundamental, haja vista que as razões não publica pode ser caracterizada como sociais, como afirma o autor Silveira (2009):
As razões não públicas são sociais, fazendo parte do horizonte da cultura de fundo de uma sociedade, compreendendo as diversas razões da sociedade civil, contrastando com a cultura política pública. As razões não públicas utilizam critérios e métodos diferentes e dependem da maneira de interpretar a natureza, o problema e o objetivo de cada associação e as condições com que procuram alcançar os seus fins. Rawls ressalta que em uma sociedade democrática os cidadãos,considerados como livres e iguais, endossam visões abrangentes, quer sejam religiosas, filosóficas ou morais, e isto está no âmbito da competência política, especificada por direitos e liberdades constitucionais que fundamentam a concepção política liberal. Entretanto, a autoridade do Estado não pode ser aceita dessa maneira (livremente), em função de os indivíduos estarem inseridos sempre em uma
comunidade política, sendo, por isso, necessária uma reflexão no âmbito da razão pública para a validação do poder estatal. (SILVEIRA, 2009 P. 68-69) 
Sendo assim, nota-se que o conteúdo da razão pública é formulado pela concepção política de justiça e principalmente de caráter liberal, ou seja, se trata de um conteúdo que especifica certos direitos, liberdades e oportunidades fundamentais, bem como estabelece uma prioridade a esses direitos e oportunidades, no que se refere ao bem geral e a valores perfeccionistas, haja vista que neste tipo de conteúdo da razão pública há um apoio de medidas que visam efetivar o uso de liberdades e oportunidades básicas do indivíduo. (RAWLS, 2005) 
Cabe destacar também que os dois princípios da justiça “(princípio da igual liberdade e princípios da igualdade de oportunidades e da diferença)” aparecem como conteúdo da razão pública. Este fato explica o significado de uma concepção política de justiça que: “(I) se aplica exclusivamente à estrutura básica da sociedade, (II) apresenta uma visão independente de qualquer doutrina abrangente e (III) é elaborada em termos de ideias políticas fundamentais”. (RAWLS, 2005)
É importante mencionar as diretrizes de indagação para a aplicação dos princípios de justiça, haja vista que uma concepção política liberal deve incluir, como aponta o autor Rawls (2005):
Princípios substantivos de justiça para a estrutura básica; (b) diretrizes de indagação: princípios de argumentação e regras de evidência à luz dos quais os cidadãos devem julgar se os princípios substantivos aplicam-se de forma apropriada e identificar as leis políticas que melhor os satisfaçam. (RAWLS, 2005 p. 224)
Nesta ótica, nota-se que os valores políticos liberais também são caracterizados como de dois tipos, a saber: o primeiro tipo são os (valores da justiça política) que pertence à igual categoria que os princípios de justiça para a estrutura básica e o segundo tipo são os (valores da razão pública) que pertence à igual categoria das diretrizes de indagação pública que fazem esse tipo de indagação ser livre e pública. (RAWLS, 2005)
Conforme adverte o autor Silveira (2009) a estrutura básica da sociedade e as suas políticas públicas devem ser justificáveis para todos os cidadãos, haja vista que se trata de um princípio de legitimidade política. Isso por que ao realizar as justificações, como requer o princípio da legitimidade política, deve se apelar para as crenças em geral e formas de argumentação presente no senso comum da sociedade e para os métodos e conclusões científicas, não recorrendo para as doutrinas abrangentes que operam com a verdade toda. 
Vale ainda destacar que essa interpretação ressalta que em uma concepção liberal como a da justiça como equidade, as diretrizes da razão pública (e seu princípio de legitimidade) possuem a mesma base que os princípios de justiça, significando que as partes, na posição original, ao adotarem os princípios de justiça, adotam, também, as diretrizes e critérios da razão pública para a aplicação desses princípios, sendo partes complementares de um mesmo acordo. (RAWLS, 2005) 
Portanto, aceitar a ideia de razão pública e o seu princípio de legitimidade não significa aceitar uma determinada concepção liberal de justiça em todos os seus aspectos de princípios e conteúdos, ao contrário é compreender o ideal de razão pública como aquele em que os cidadãos, ao estabelecerem discussões fundamentais, conduzam essa discussão ao âmbito do que cada um considera como uma concepção política de justiça, pautada em valores com que se pode razoavelmente esperar que os outros concordem. 
Tais interferências a esse respeito podem ser apreciadas nos estudos do autor Denis Coitinho Silveira (2009) que afirma: 
Para esclarecer a respeito da abrangência de uma concepção política de justiça é necessário que se estabeleçam os elementos constitucionais essenciais que são os princípios que especificam a estrutura geral do Estado e do processo político e os direitos iguais que as maiorias legislativas devem respeitar. Esses elementos constitucionais de primeiro tipo, que especificam a estrutura geral do Estado e do processo político, podem ser especificados de diversas maneiras, como, por exemplo, a diferença entre um governo presidencialista ou parlamentarista. Mas, após o estabelecimento, não é desejável que seja alterado, a não ser em caso de uma exigência da justiça política, mas nunca em função de interesses particulares pela conquista de mais poder. Os elementos constitucionais de segundo tipo, que especificam direitos e liberdades fundamentais, só podem ser especificados de uma maneira, a saber, em um módulo sujeito a relativamente poucas variações, visando a estabelecer a garantia da liberdade de consciência, de associação e de expressão etc. (SILVEIRA, 2009 p. 70). 
Por outro lado, é preciso que se estabeleça outra distinção entre os princípios de justiça que especifica os direitos e liberdades fundamentais e os princípios que regulam as questões basilares de justiça distributiva, desigualdades sociais e econômicas. Embora, ambos os princípios expressem valores políticos, as suas diferenças residem nos papéis coordenados que são diferenciados da estrutura básica da sociedade, haja vista que no primeiro papel tem-se a especificação e a garantia de direito de liberdade básica ao indivíduo, instituindo, portanto, procedimentos justos; e no segundo papel tem-se a criação das instituições de base da justiça social e econômica. 
Em seus estudos o autor Denis Coitinho Silveira (2009) destaca que são apresentados quatro motivos básicos que visa estabelecer a distinção entre os elementos constitucionais essenciais, vejamos: 
São apresentados quatro motivos para estabelecer a distinção entre os elementos constitucionais essenciais especificados pelas liberdades fundamentais dos princípios que regulam as desigualdades sociais e econômicas, a saber: (I) os dois tipos de princípios estabelecem diferentes papéis para a estrutura básica da sociedade; (II) é mais importante estruturar os elementos básicos que estabelecem as liberdades fundamentais; (III) é mais fácil afirmar se esses elementos estão sendo efetivados; (IV) é mais fácil chegar a um entendimento sobre quais devem ser os direitos e liberdades essenciais (SILVEIRA, 2009 p. 70) 
É importante reiterar que uma concepção política de justiça abarca não apenas os elementos constitucionais essenciais, mas também as questões de justiça básica, haja vista que esta concepção circunscreve-se à questão da liberdade de movimento e à livre escolha, além de um mínimo social que atenda às necessidades básicas dos cidadãos, em contraposição ao princípio de oportunidade equitativa e ao princípio da diferença, que não são considerados dessa forma na sociedade. 
Em sua teoria o autor Rawls afirma que o Supremo Tribunal é considerado na um caso exemplar de razão pública, haja vista que por ser a razão pública a razão de seu Supremo Tribunal, esboçam-se inicialmente, duas questões para a investigação, a saber: “(I) a razão pública é apropriada para ser a razão do Tribunal no seu exercício de intérprete da decisão judicial, mas não o intérprete da lei e (II) o Supremo Tribunal é o ramo mais característico do Estado que expressa a razão pública”. 
Cabe destacar que essas questões são estabelecidas a partir da identificação de cinco princípios do constitucionalismo, como aponta o autor Denis Coitinho Silveira (2009) que afirma: 
(I) distinção entre o poder constituinte do povo de estabelecer um novo regime e o poder comum das autoridades do governo exercido cotidianamente;(II) distinção entre a lei comum e a lei mais alta, em que a lei mais alta (lei constituinte) restringe e orienta o poder ordinário; (III) a constituição é exemplo da lei mais alta; (IV) através de uma constituição democrática, os cidadãos estabelecem elementos constitucionais essenciais, como direitos e liberdades fundamentais, liberdade de expressão e de associação, liberdade de movimento, de escolha de ocupação e garantia do império da lei; (V) o poder supremo de um governo constitucional deve pertencer aos três poderes em uma relação específica de uns com os outros, sendo todos responsáveis perante o povo. (SILVEIRA, 2009 p. 71) 
Nesse sentido, nota-se que fica identificada uma dualidade na democracia constitucional, pois é possível distinguir o poder constituinte do poder ordinário, e o Supremo Tribunal deve estar sempre em harmonia com essa ideia de democracia constitucional, haja vista que o seu objetivo principal é defender a lei em seu aspecto mais alto na sociedade. 
É preciso destacar ainda que a suprema corte deve ser apresentada como a instituição exemplar de razão pública, haja vista que é função dos juízes expressar as melhores interpretações da constituição, não podendo, portanto, usar critérios pessoais para o julgamento, como doutrinas religiosas, filosóficas ou morais, devendo recorrer apenas para os valores políticos que fazem parte da concepção política de justiça. 
Outro contributo a ser mencionado é o papel essencial do tribunal como uma instituição exemplar da razão pública que tem como objetivo dar força e vitalidade à razão pública em um fórum que também é público, interpretando de forma efetiva a constituição de maneira razoável. 
Sendo assim, nota-se que na atualidade o que está em jogo é encontrar uma concepção política pautada em valores de justiça e de razão pública que alcance um horizonte razoável e possa inscrever-se em um acordo sobre as questões políticas fundamentais que envolvam os elementos constitucionais básicos e as questões de justiça básica. 
Embora, isso seja importante uma primeira dificuldade desse projeto esta no fato de que a razão pública admite mais de uma resposta razoável em relação a uma questão específica. Isso ocorre em função da existência da diversidade de valores políticos que a razão pública apresenta o que pode ser tornar um impedimento na sociedade. 
Nesta perspectiva, nota-se que a resposta a essa dificuldade situa-se no horizonte específico da razão pública em um âmbito puramente político, tendo em vista que a razão pública não pode estabelecer a exigência de todos os indivíduos aceitarem os mesmos princípios na sociedade, ao contrário a mesma deve conduzir as suas discussões fundamentais pautadas no que se considera uma concepção política. 
Em sua teoria o autor Rawls, identifica três condições para o respeito da razão pública e o princípio de legitimidade, a saber: “(I) atribui-se um grande peso ao ideal que ele prescreve; (II) acredita-se que a razão pública é adequadamente completa; (III) acredita-se que a visão específica dos cidadãos expressa uma combinação e um equilíbrio razoável com os valores políticos”. 
Para este autor acima a questão primordial na sociedade é identificar se os cidadãos, ao usarem somente valores políticos para deliberarem sobre questões fundamentais, não utilizando doutrinas abrangentes, estarão sendo sinceros, haja vista que as crenças em doutrinas abrangentes são coerentes apenas com as três condições apresentadas acima. 
Segundo o autor Rawls, apenas as doutrinas abrangentes não razoáveis entrariam em divergência com a razão pública, não sustentando, portanto, um equilíbrio razoável de valores políticos. 
Convém lembrar que o enfoque da teoria de Rawls ressalta uma concepção política de justiça completa, na qual os seus valores políticos admitem um equilíbrio que apresenta uma resposta razoável a todas as questões essenciais (ou quase todas). Entretanto, para alcançar maior clareza do posicionamento, são mencionados quatro problemas de extensão em sua teoria, a saber: (I) estender a justiça para que alcance os deveres com as gerações futuras (poupança justa); (II) estender a justiça a um direito dos povos; (III) definir os princípios da atenção à saúde; (IV) estender a justiça a uma ética ambiental. 
Segundo o autor Denis Coitinho Silveira (2009) a posição defendida por Rawls em sua teoria é que a justiça como equidade pode dar conta dos três primeiros problemas a partir de uma visão de contrato social em que é reconhecido o status pleno dos cidadãos de uma sociedade. A partir dessa visão contratualista, pensa-se no sentido futuro, em relação a outras gerações, no sentido externo, no que se refere a outras sociedades, e no sentido interno, no que abrange aqueles que necessitam de cuidados médicos.
Para o autor acima o quarto problema, sobre uma ética ambiental, deve ser resolvido a partir de valores não políticos, em que cada um decide a partir de suas doutrinas abrangentes e tenta convencer os outros de seu posicionamento, não sendo possível aplicar os limites da razão pública a esses casos. Assim, faz-se necessário o questionamento de quando uma questão fundamental é resolvida pela razão pública, haja vista que a resolução de uma questão pela razão pública deve alcançar o razoável (reasonable), isto é, um consenso sobreposto sobre doutrinas abrangentes que apontam para o especificamento político. 
Nesse sentido, visando à continuidade da argumentação a respeito dos limites da razão pública, Rawls introduz em sua teoria uma importante investigação sobre uma visão exclusiva e inclusiva. A primeira o autor caracteriza como sendo as razões oferecidas nos termos de doutrinas abrangentes, haja vista que esta nunca devem ser introduzidas na razão pública no que diz respeito às questões políticas fundamentais. E a segunda o autor caracteriza como sendo uma visão que permite aos cidadãos, em circunstâncias específicas, apresentar a base dos valores políticos circunscritos em sua doutrina abrangente, desde que fortaleçam o ideal de razão pública na sociedade. 
Para o autor Rawls, o ideal de razão pública deve ser compreendido de acordo com a visão inclusiva, pois esta admite uma variação maior de justificativas políticas (exclusivas e inclusivas), dependendo do caso específico, pode ser até mais flexível, haja vista que o autor oferece dois exemplos sobre esta questão, como afirma o autor: 
(I) uma sociedade mais ou menos bem-ordenada, com um sólido consenso sobreposto de doutrinas razoáveis e respeito ao ideal de razão pública”. Dessa maneira, a razão pública nessa sociedade bem-ordenada está de acordo com a visão exclusiva, pois invocam apenas valores políticos, respeitando o ideal de razão pública; (II) uma sociedade mais ou menos bem-ordenada, com um conflito a respeito do princípio de igualdade equitativa de oportunidades no que diz respeito à educação para todos, conflito esse a respeito do apoio do Estado somente para as escolas públicas ou, também, apoio para as escolas confessionais. Pode ser fundamental que os diversos grupos sejam obrigados a explicar suas razões, abordando como a própria doutrina abrangente confirma os valores políticos em um fórum público. ( RAWLS, 2005 p. 248-249) 
É importante destacar que esses exemplos apresentados acima ressaltam a necessidade de apoio mútuo entre a concepção política e seu ideal de razão pública para alcançar a estabilidade em uma sociedade bem ordenada, criando desta forma um clima favorável para a formação de um senso de justiça por parte de todos os cidadãos que deve incentivar na sociedade os indivíduos cumprirem esses deveres de civilidade.
Como aponta o autor Denis Coitinho Silveira (2009), o ideal de razão pública deve ser compreendido na atualidade como um complemento de uma democracia constitucional, caracterizada culturalmente por uma pluralidade de doutrinas abrangentes razoáveis. Isso por que os tipos de questões políticas aplicadas à razão pública são questões referentes aos elementos constitucionais essenciais eàs questões de justiça básica. 
Nesse sentido, nota-se que o objeto da razão pública se aplica ao cidadão enquanto está envolvido em questões públicas, mais especificamente, se aplica às autoridades públicas e governamentais nos fóruns oficiais. É preciso frisar também que a razão pública se aplica ao judiciário, tanto em suas decisões, como em sua condição exemplar constitucional da razão pública.
Vale ainda destacar que o conteúdo da razão pública é oferecido pela concepção política de justiça e se constitui, portanto, nos princípios substantivos de justiça para a estrutura básica da sociedade e as diretrizes de indagação e as concepções de virtude que tornam a razão pública possível. Isso por que os limites da razão pública se encontram no ideal de cidadãos democráticos, que tentam conduzir seus assuntos políticos em termos dos valores públicos que seria razoável esperarem que os outros aceitem. 
Diante do exposto, nota-se que a razão pública exige de todos o equilíbrio de valores públicos que se considera razoável em um caso específico, haja vista que a interpretação de razão pública representa um grande avanço, pois destaca o papel do dever de civilidade como um ideal de democracia e considera como conteúdo da razão pública apenas os valores políticos e as diretrizes de uma concepção política de justiça, não tendo relação com uma concepção moral abrangente. Entretanto, há de se lembrar que esta visão se aproxima de uma teoria moral substantiva, pois apela para valores morais e políticos como civilidade, razoabilidade (respeito mútuo e amizade cívica) e cidadania. 
3. O ALCANCE DA RAZÃO PÚBLICA
Discorrer sobre o alcance da razão pública na teoria da justiça rawlseana é extremamente importante, haja vista que esta teoria é revestida de grande relevância para o desenvolvimento de estudos na sociedade, principalmente os relacionado à justiça. 
É importante destacar que quando se analisa a razão prática de forma procedimental, na forma de uso público da razão, são válidos apenas aqueles princípios que podem ser objeto de um livre reconhecimento intersubjetivo em condições de discurso. 
Nesse sentido, nota-se que a discussão está circunscrita ao confronto entre as liberdades dos modernos, liberais, e as liberdades dos antigos, republicanos. Os liberais acentuam as liberdades subjetivas, como liberdade de crença e consciência, proteção da vida, liberdade pessoal e propriedade, enquanto os republicanos acentuam as liberdades objetivas, como direito de participação e comunicação política que possibilitam a autodeterminação do cidadão. 
Em seus estudos o autor Rawls parte da ideia de autonomia política e a modela ao nível da posição original, haja vista que para este autor a proteção jurídica da esfera privada tem prioridade, enquanto as liberdades políticas têm um papel instrumental na preservação das demais liberdades. Embora, defenda este pensamento o autor Rawls recebeu diversas críticas de teóricos que não concordam com esta vertente, o autor Habermas é um deles. 
Habermas acusa Rawls de criar uma fronteira a priori da autonomia privada em relação à autonomia pública, contradizendo a intuição republicana de que a soberania popular e os direitos humanos derivam da mesma raiz e contradizendo, também, a experiência histórica, em especial a circunstância de que as variadas fronteiras entre a esfera privada e a pública sempre têm apresentado problemas do ponto de vista normativo. (HABERMAS, 1995) 
Segundo o autor acima, Rawls deveria tratar o político na perspectiva de regulação jurídica, mas só o faz en passant, para possibilitar a relação dialética entre o direito positivo e as liberdades subjetivas. 
Cabe reiterar ainda que na interpretação habermasiana, os direitos liberais modernos se sobrepõem a priori ao processo democrático de deliberação. Isso se deve por que Habermas afirma que o liberalismo político parte da ideia da autonomia política e a modela ao nível da posição original. 
Em sua teoria Rawls esclarece o mal-entendido argumentando a partir da ideia da sequência em quatro etapas, como afirma o autor: 
(I) posição original, onde as partes elegem os princípios de justiça; (II) as partes, vendo-se como delegadas, procuram trazer os princípios e regras de uma constituição à luz dos princípios de justiça; (III) as partes se convertem em legisladores, promulgando leis que a constituição admite e que os princípios de justiça permitem; (IV) as partes assumem papel de juízes ao interpretar a constituição e as leis como membros da magistratura): em primeiro lugar, a sequência em quatro etapas não descreve nem um processo político efetivo nem um puramente teórico; em segundo lugar, o mal-entendido pode surgir em função da ideia abstrata da posição original como mecanismo de representação e imaginando as partes para sua eleição de princípios e mantendo a perpetuidade, a justiça como equidade teria um caráter fixo, permanente. Na sociedade civil, a concepção política de justiça está sempre sujeita a revisões dos juízos reflexivos. (RAWLS, 2005 p. 397-398) 
Em seus estudos Habermas acredita que o uso público da razão não tem o sentido de um exercício atual da autonomia política, ao contrário serve somente para a permanência da estabilidade política. 
Já o autor Rawls afirma que, no PL, autonomia é compreendida como política e não como uma autonomia moral, haja vista que a mesma é uma ideia que pertence a uma doutrina compreensiva, como em Kant que afirma que o contexto da autonomia política é o das várias instituições e práticas políticas. 
Sendo assim, é possível reiniciar o processo inicial do núcleo radical democrático da posição original na vida real da sociedade, pois a sequência em quatro etapas explica essa possibilidade. 
Outro contributo a mencionar é que Habermas pensa que os direitos liberais básicos limitam a auto legislação democrática, por esta razão afirma que a esfera política cumpre apenas um papel instrumental. Para este autor as liberdades políticas têm um valor moral político intrínseco, pois os direitos liberais básicos, como liberdade de consciência, de expressão e de pensamento, não são pré-políticos e os valores não públicos não são considerados como podem ser em uma doutrina compreensiva (intuicionismo ou direito natural). (SILVEIRA, 2009) 
É importante salientar que Habermas pensa que, na concepção rawlseana, as liberdades dos modernos são um tipo de lei natural (como em Kant, na sua interpretação) e que, por isso, são ideias substantivas externas que impõem restrições à vontade pública do povo. Para este autor a justiça como equidade, na interpretação rawlseana é uma concepção política da justiça e, mesmo tendo uma concepção moral, não é uma instância de uma doutrina da lei moral. 
Sendo assim, a partir desta concepção política da justiça, as liberdades dos modernos não impõem restrições à vontade constituinte do povo, como objeta Habermas, em função de a justiça como equidade estar situada em uma base pública de justificação que busca o consenso sobreposto entre doutrinas abrangentes razoáveis, a partir da razão pública.
É preciso deixar claro neste estudo que a ideia de razão pública é parte constituinte de uma concepção de sociedade democrática constitucional bem-ordenada, pois a forma e o conteúdo desta razão são integrantes da própria ideia de democracia, que é caracterizada pela ideia de pluralismo razoável, que possibilita um consenso sobreposto sobre as diversas doutrinas abrangentes. 
Desta forma, os cidadãos devem considerar que tipos de razões podem oportunizar um entendimento comum quando estão em questão perguntas políticas fundamentais, como anencefalia, transexualismo ou uniões homoafetivas. Por esta razão, a proposta de substituição de doutrinas abrangentes de verdade ou direito por uma ideia do politicamente razoável é fundamental quando é endereçada aos cidadãos enquanto cidadãos. 
Segundo o autor Denis Coitinho Silveira (2009) a razão pública especifica em um nível mais profundo os valores morais e políticos que sãodeterminantes para a relação de um governo democrático constitucional com os seus cidadãos. Assim com base no critério de reciprocidade, podem ser caracterizadas por cinco aspectos, como afirma o autor: 
(I) é aplicada somente às questões políticas fundamentais, como questões constitucionais essenciais e elementos de justiça básica (II) sobre as pessoas em um âmbito público, como funcionários de governo (legislativo, executivo e judiciário) e candidatos a cargos públicos; (III) seu conteúdo é dado por uma família de concepções políticas razoáveis de justiça que (IV) deve ser aplicada na forma de lei legítima para um povo democrático (no fórum político público), (V) com base no critério de reciprocidade. (SILVEIRA, 2009 p. 75) 
Cabe frisar que o ideal de razão pública é satisfeito quando os membros do executivo, legisladores, juízes, candidatos (ou mesmo quando os cidadãos pensam em si mesmos como legisladores) agem a partir da ideia de razão pública, isto é, explicam para os outros cidadãos os seus motivos para sustentar posições políticas fundamentais em razão da concepção política de justiça mais razoável, satisfazendo seu dever de civilidade mútua para com outros cidadãos. 
Para o autor Rawls, esse dever de civilidade não é apenas um dever jurídico, mas também um dever intrinsecamente moral, assim como outros deveres políticos dos cidadãos. Isso por que a ideia de razão pública tem origem em uma concepção de cidadania democrática que faz parte de uma democracia constitucional, o que implica, portanto, considerar os cidadãos como livres e iguais que se relacionam especificamente com a estrutura básica da sociedade a partir do critério de reciprocidade, que exige que os termos propostos para a cooperação sejam considerados como ao menos razoáveis. 
É por esta razão acima que a ideia de legitimidade política, com base na reciprocidade, afirma que o nosso exercício do poder político é próprio somente quando acreditamos sinceramente que as razões que ofereceríamos para as nossas ações políticas são suficientes se pensarmos que os outros cidadãos também poderiam aceitar razoavelmente essas razões. 
Convém lembrar que o papel próprio do critério de reciprocidade é especificar a natureza da relação política num regime democrático constitucional como uma relação de amizade cívica que visa estabelecer em um nível mais profundo os valores políticos básicos, como a cidadania democrática e a ideia de lei legítima para uma democracia deliberativa, haja vista que na deliberação, os cidadãos trocam pontos de vista e debatem as razões que possuem no âmbito das questões políticas públicas. 
É por meio desta ótica que a razão pública caracteriza o raciocínio dos cidadãos em relação aos elementos constitucionais essenciais e questões de justiça básica. Isso por que quando um cidadão faz uso da razão pública na sociedade delibera a respeito de uma concepção política razoável a partir de valores políticos que podem ser defendidos por outros cidadãos livres e iguais, satisfazendo assim o critério da reciprocidade.
Portanto, cabe enfatizar que o conteúdo da razão pública é oportunizado por uma família de concepções políticas de justiça que se caracterizam por princípios substantivos de justiça que especificam as liberdades religiosas e as liberdades de expressão artística, bem com as ideias substantivas de equidade, defendendo a oportunidade equitativa e garantindo meios para todos os propósitos adequados, admitindo a concepção discursiva de legitimidade (como em Habermas), bem como as visões católicas de bem comum e solidariedade quando são expressas em termos de valores políticos. 
Segundo o autor Denis Coitinho Silveira (2009) os valores políticos são especificados por concepções políticas liberais de justiça e se incluem na categoria do político, sendo que essas concepções políticas possuem três características, como afirma o autor: 
(I) seus princípios têm aplicação na estrutura básica da sociedade; (II) podem ser apresentados de forma autossustentada (sem fundamentação em doutrinas abrangentes); (III) podem ser elaborados a partir de ideias fundamentais da cultura política de um regime. Por isso, participar da razão pública é fazer uso de uma concepção política ao debater questões políticas fundamentais. Dessa forma, um valor é político apenas quando a forma social é ela própria, política: quando é concretizada em partes específicas da estrutura básica e de suas instituições políticas e sociais. Os exemplos dados de valores políticos são: (I) autonomia política (political autonomy), em contraposição à autonomia moral; (II) dever de ajuda mútua e não compaixão religiosa; (III) merecimento por competência e não merecimento moral; (IV) interesse pela família e vida humana, visando à garantia da reprodução da sociedade, em contraposição a uma visão perfeccionista de vida humana e família. (SILVEIRA, 199 p. 76). 
Fazendo uma análise da citação acima, percebe-se que o papel da razão pública é possibilitar um forte compromisso de todos os envolvidos com os ideais e valores morais e políticos de uma sociedade democrática, tomando como ponto de partida, os seguintes aspectos como aponta Rawls:
(I) o critério de reciprocidade (reciprocity), que exige o (II) dever de civilidade (duty of civility), o que implica a defesa da virtude da (III) amizade cívica (civic friendship) e de um (IV) ideal de cidadania democrática (democratic citizenship) que toma por base a (V) lei legítima (legitimate law), o que significa defender os (VI) princípios de tolerância e liberdade de consciência (principles of toleration and liberty of conscience). (RAWLS, 1999 p. 588-591). 
Nesse sentido, nota-se que a razão pública estabelece as diretrizes comuns de discussão, especificando sobre o tipo de razões em que os cidadãos na sociedade devem basear os seus argumentos políticos ao fazerem justificativas políticas uns aos outros para as questões constitucionais essenciais e elementos da justiça básica, especificando as condições da argumentação política. 
Sendo assim, as ideias de verdade e correção com base em doutrinas abrangentes são substituídas pela ideia do politicamente razoável dirigida aos cidadãos como cidadãos, o que implica afirmar o valor da legitimidade pública, ressaltando que essas concepções públicas de justiça são ideias intrinsecamente morais que possuem um caráter normativo para a sociedade. 
Embora, isso seja importante é preciso destacar que a tradição liberal enfatiza uma dimensão deontológica que estabelece princípios neutros de justiça como pressuposto para que os indivíduos escolham as suas concepções de vida boa. 
Por sua vez, os autores comunitaristas partem de uma crítica a filosofias universalistas, que estabelecem a prioridade do justo sobre aspectos relativos ao bem, ocultando singularidades culturais específicas em uma perspectiva homogeneizante. Rawls, por exemplo, em sua teoria rompem com a tradição comunitarista quando sustenta a inviabilidade de se adotar uma concepção de justiça comprometida com os objetivos coletivos substantivos.
Sendo assim, percebe-se que o embate teórico Rawls é um dos temas mais relevantes da filosofia política contemporânea, haja vista que a sua teoria contempla uma crítica de Habermas, uma réplica do segundo e um novo ensaio crítico do filósofo alemão. Em verdade, tanto Habermas quanto Rawls distanciam-se de concepções comunitárias, pois delineiam uma concepção de justiça desvinculada de uma perspectiva apoiada em objetivos etnoculturais.
Cabe mencionar que Rawls, em “O Liberalismo Político”, estabelece um instrumental teórico destinado a analisar o fato do pluralismo razoável, ou seja, a existência de uma pluralidade de doutrinas abrangentes opostas e incompatíveis, porém razoáveis. Rawls delineia uma concepção política de justiça, pressupondo que os cidadãos que integram uma sociedade bem-ordenada, embora possuam concepções morais e filosóficas, são caracterizados pelos atributos da razoabilidade e da racionalidade. 
Para Rawls a ideia de posiçãooriginal, delineada em “Teoria da Justiça”, é vinculada a uma filosofia contratualista desenvolvida com base em um acordo hipotético em um contexto não histórico por meio do qual os cidadãos estabelecem uma concepção política de justiça, sendo desprovidos de suas concepções particulares de mundo. 
Segundo a autora Maria Eugênia Bunchaft (2011) com o intuito de estabelecer uma concepção política de justiça que Rawls irá pautar-se por princípios endossados por cidadãos razoáveis, haja vista que ele recorre em um segundo momento ao conceito de consenso sobreposto. Este irá inspirar a adesão por cidadãos racionais e razoáveis que, a despeito de suas doutrinas abrangentes, recorrem ao ideal da razão pública. 
Para a autora acima a convergência de doutrinas abrangentes, porém razoáveis é assegurada por meio do consenso sobreposto inerente a uma sociedade liberal, haja vista que é por meio do consenso sobreposto que os cidadãos razoáveis endossam uma concepção política de justiça, recorrendo ao ideal da razão pública, que reflete valores de uma cultura política democrática. 
É importante destacar que essa concepção de justiça é que configura a melhor forma de concepção política, tendo em vista que a mesma satisfaz os interesses de cidadãos livres e iguais em uma dada sociedade. Como se tem conhecimento à ideia de consenso sobreposto pressupõe que as concepções políticas inerentes a doutrinas abrangentes deverão atender ao requisito da razoabilidade, articulando-se à concepção política de justiça. 
Conforme aponta Rawls, “as pessoas são razoáveis em um aspecto básico quando, entre iguais, por exemplo, estão dispostas a propor princípios e critérios como termos equitativos de cooperação e a submeter-se voluntariamente a eles, dada a garantia de que os outros farão o mesmo.” É imprescindível elucidar que, para Rawls, a ideia da razão pública, portanto, funciona como um substrato legitimador das discussões fundamentais por meio das quais os cidadãos irão delinear uma concepção política de justiça. 
Nesse sentido, com o intuito de elucidar a concepção de razão pública, assume especial relevância a distinção estabelecida por Rawls entre o ponto de vista público de perspectivas não públicas. 
Para este autor acima a existência de uma única razão pública e muitas razões não públicas, incluindo as auto compreensões morais das Igrejas, Universidades e sociedades científicas, haja vista que estas integram o horizonte de uma cultura de fundo de uma sociedade, incluindo as razões da sociedade civil, em contraposição à cultura política pública. 
Como aponta a autora Maria Eugênia Bunchaft (2011) os cidadãos poderiam fazer uso exclusivo de suas doutrinas abrangentes religiosas quando participam da “cultura de fundo”, mas devem, entretanto, submeter-se aos limites da razão pública quando participam da defesa política do espaço público. Isso por que a discussão pública sobre questões políticas fundamentais deve atender ao requisito da razoabilidade, sendo esta necessária para a cooperação democrática em uma sociedade pluralista.
É importante frisar que para Rawls, o fundamento de legitimidade das decisões sobre questões políticas fundamentais deve pautar-se em razões que sejam publicamente aceitas por todos os cidadãos razoáveis. Isso se deve por que Rawls distingue a forma pela qual o ideal da razão pública aplica-se aos cidadãos e às autoridades estatais. 
Segundo o pensamento de Rawls, “esse ideal aplica-se aos fóruns oficiais e, por isso, aos legisladores, quando falam no recinto do parlamento, e ao executivo, em seus atos e pronunciamentos públicos.” E conclui: “aplica-se também, de uma forma especial, ao judiciário e, sobretudo, ao Supremo Tribunal numa democracia constitucional com controle da constitucionalidade das leis (revisão judicial)”. 
Para Rawls o Tribunal Constitucional é um caso exemplar de razão pública, uma vez que os juízes devem explicar e justificar suas decisões de acordo com a melhor compreensão da Constituição, dos estatutos e precedentes. Em sua teoria Rawls adverte que ao aplicar a razão pública, o tribunal deve evitar que a lei seja corroída pela legislação de maiorias transitórias ou, mas provavelmente, por interesses estreitos, organizados e bem posicionados, muito hábeis na obtenção do que querem. 
Sendo assim, o autor acima enfatiza que a Suprema Corte deve sempre satisfazer ao ideal da razão pública, mesmo quando não estejam em jogo elementos constitucionais essenciais ou questões de justiça básica, diferentemente dos cidadãos e legisladores, que podem votar de acordo com suas doutrinas abrangentes nas questões que não envolvam os referidos elementos.
É por meio de uma dimensão restritiva imposta pela ideia de razão pública, que Rawls em sua teoria justifica o requisito da tradutibilidade, a fim de ajustar o exercício da manifestação das doutrinas religiosas na esfera pública a uma linguagem inerente aos pressupostos de valores políticos fundamentais. Ou seja, os cidadãos, ao participarem do fórum político público, com o intuito de deliberarem sobre questões constitucionais essenciais e de justiça básica, não possuem a obrigação de se desvincularem de doutrinas seculares ou religiosas, sendo possível a manifestação de doutrinas abrangentes na esfera pública. 
Nesta ótica, a ideia de razão pública com o objetivo de administrar a pluralidade de doutrinas abrangentes que conformam uma sociedade pluralista, assume uma dimensão restritiva por meio da exigência da tradutibilidade, ou seja, requer a satisfação do pressuposto de traduzir argumentos não públicos para uma linguagem que seja publicamente aceitável consoante valores políticos.
Habermas destaca em seus estudos que a teoria rawlsiana de justiça revela algumas insuficiências teóricas. Uma das críticas do filósofo alemão centra-se em torno da ideia de consenso sobreposto, uma vez que, para Rawls, este será o instrumento capaz de viabilizar a estabilidade social, tendo em vista a ideia de razoabilidade.
Para Habermas, a teoria do Rawls pressupõe erroneamente que o teste da aceitabilidade de seus princípios conduziria à auto estabilização da sociedade. O filósofo argumenta que a teoria rawlsiana apenas poderia ser utilizada como um mecanismo de aceitação, mas não de aceitabilidade. Partindo deste ponto de vista Habermas estabelece uma diferenciação entre procedimentos democráticos que garantem a estabilidade da ordem racional, tendo em vista a dimensão da aceitabilidade, das questões relativas à aceitação. 
O autor alemão Habermas alega ainda que a posição original da teoria de Rawls contempla uma dimensão substantiva, assim nessa perspectiva, se os interesses das partes são compreendidos como bens, ainda que estes se rearticulem e passem a ser compreendidos na forma de direitos, isso não anula o conteúdo substantivo dos princípios de justiça, haja vista que os direitos básicos estão equiparados a bens, e trata-se, portanto, de uma ética substancialista que minimiza a sua pretensão deontológica. 
Outra crítica que Habermas faz a teoria de Rawls é referente à ideia de posição original de acordo com a qual as partes desprovidas de suas contingências e particularidades estabelecem princípios de justiça, pois a ideia de privação de informações enfraquece o potencial de imparcialidade do procedimento de razão prática, impedindo processos de aprendizagem.
Diante disso, nota-se que a razão pública é a forma de raciocinar e deliberar publicamente apelando para os valores que são politicamente compartilhados, estabelecendo os direitos, liberdades e oportunidades básicas dos cidadãos na estrutura básica da sociedade, seja em se tratando de assuntos delicados ou polêmicos a razão publica exerce um papel imprescindível na sociedade contemporânea. 
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos no presente estudo a razão pública não opera com as ideias de verdade ou correção que seriam inferidas de doutrinas abrangentes, ao contrário faz uso da ideia do politicamente razoável que afirma valores morais e políticos normativos a partirdo critério de reciprocidade, a saber: dever de civilidade que implica a defesa da virtude de amizade cívica e de um ideal de cidadania democrática, que toma por base a legitimidade da lei, o que significa a defesa dos princípios de tolerância e liberdade de consciência, que assegura os direitos, liberdades e oportunidades básicas a todos os cidadãos na estrutura básica da sociedade.
Por meio deste estudo, pode se constatar que com a afirmação do critério de reciprocidade em um âmbito de legitimidade legal, Rawls estabelece uma referência de objetividade para a multiplicidade dos juízos morais discordantes. É evidente que esta objetividade é mais fraca do que a oportunizada pelos critérios de verdade e correção. 
Embora, identificada à dificuldade de uma fundamentação absoluta que tomaria por pressuposto uma razão mais forte, a razão pública rawlseana possibilita hoje uma orientação cognitivista para a determinação dos juízos morais, sendo mais forte do que nenhuma fundamentação e mais fraca do que uma fundamentação propriamente dita. 
Cabe destacar que o critério objetivo de reciprocidade é construído tendo por base uma razão comum de todos os cidadãos que assumem um forte compromisso público com ideais e valores políticos, o que possibilita a construção dos princípios de justiça que estabelecem a defesa da igual liberdade, da igualdade equitativa de oportunidades e da diferença.
É preciso lembrar ainda que a afirmação de Rawls a respeito do valor intrínseco do dever de civilidade e ideal de cidadania democrática implica pensar esses deveres como absolutos, como tendo um fim em si mesmo e não apenas como obrigações instrumentais, como deveres que teriam o seu valor dado por uma finalidade extrínseca. 
Pode-se perceber ao longo deste estudo também que o método da razão pública possibilita uma justificação pragmatista, pois oportuniza o consenso sobreposto entre doutrinas abrangentes razoáveis, estabelecendo as diretrizes públicas com base na reciprocidade e, também, oportuniza uma justificação mais forte ao afirmar valores substanciais para a pluralidade moral.
Dessa forma, o critério de objetividade só pode ser alcançado para a justificação dos juízos e princípios morais, pelo fato da sociedade ser caracterizada pela diversidade moral, o que implica uma recusa do não cognitivismo, antirrealismo e ceticismo.
É importante destacar que o conceito de razão pública tem assumido nas últimas décadas um papel fundamental nas sociedades contemporâneas, que têm como elemento incontornável a existência do denominado desacordo moral razoável acerca de concepções de vida digna, tendo em vista a inexistência de um consenso substantivo sobre valores. 
Diante disso, nota-se que a razão publica exerce um papel fundamental na sociedade, principalmente em um contexto marcado pelo pluralismo, onde o seu conceito tem como aspecto fundamental a necessidade de justificação das decisões políticas, tanto na esfera legislativa, como na judicial, com base em valores que sejam publicamente aceitos por cidadãos.
É tempo de mudança! 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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HABERMAS, J. 1995. Reconciliation through the public use of reason: Remarks on John Rawls’ political liberalism. The Journal of Philosophy, 92(3):109-131.
RAWLS, J. 1971. A Theory of Justice. Cambridge, Harvard University Press, 607 p.
RAWLS, J. 1999a. The law of the peoples. Cambridge, Harvard University Press,
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RAWLS, J. 2001. Justice as fairness: a restatement. Cambridge, Harvard University Press, 214 p.
RAWLS, John. O Liberalismo Político. São Paulo: Ática, 2000, p. 266.
RAWLS, J. 2005a. Political liberalism. New York, Columbia University Press, 525 p.
RAWLS, J. 2005b. Replay to Habermas. In: Political liberalism. New York, Columbia
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SILVEIRA, Denis Coitinho. O Papel da Razão Pública na Teoria da Justiça de Rawls. Filosofia Unisinos 10 (1): 65-78, jan/abr 2009.

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