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CAPÍTULO 10 SÉRIE DE FOURIER Objetivo Aplicação da série trigonométrica de Fourier. 10.1 - Introdução 10.2 - Série trigonométrica de Fourier 10.3 - Série exponencial de Fourier 10.4 - A transformada de Fourier 10.5 - Aplicação da série em circuitos elétricos Capítulo 10 - Série de Fourier 19 SÉRIE TRIGONOMÉTRICA FOURIER 10.1 - Introdução 10.2 - A série trigonométrica de Fourier a) Formas de onda b) A série c) Condições de convergência d) Os coeficientes e) Exemplos f) Exercício José Francisco Castelo Branco Filho 20 10.1 - Considerações iniciais Jean Baptiste Joseph Fourier, matemático, egiptólogo e administrador francês, em 1822 publicou um trabalho de grande influência sobre a teoria matemática de condução de calor. Foi principalmente por causa de uma série infinita de senóides, que desenvolveu uma obra prima que tornou-se famosa, a série de Fourier. Com esta série não estamos mais restritos aos métodos fasoriais simplificados, como em circuitos cujas entradas são senóides. Figura 9.1 - Jean Baptiste Joseph Fourier Existem muitas funções de entrada que são importantes em engenharia, que não são nem exponenciais nem senóides, para os quais os métodos fasoriais não se aplicam diretamente. Alguns exemplos são: ondas quadradas, ondas dente-de- serra e pulsos triangulares. Com efeito, uma função pode ser representada por um número de pontos e não ter uma representação analítica. Vamos estudar estas funções adicionais e mostrar como podemos representá-las em termos das familiares funções senoidais, e desta forma, usar fasores como antes. Capítulo 10 - Série de Fourier 21 10.2 - A série trigonométrica de Fourier a) Formas de onda Seja por exemplo, as formas de ondas periódicas representadas na Figura 10.2, onde a Figura 10.2(a) é um sinal de varredura que controla o feixe de elétrons que controla o feixe de raios catódicos, fazendo com que a imagem na tela se reproduza rapidamente a cada T segundos dando a ilusão de uma imagem estacionária. AS funções das Figs. 10.2 (b) e (c) são respectivamente: uma onda senoidal retificada em onda completa e meia-onda, usadas para converter ca em cc pulsante. O sinal da Fig. 10.2(d) é uma onda quadrada que pode ser usada como um relógio para estimular um relógio periodicamente por pequenos intervalos quando seu valor for positivo. Figura 10.2 - Formas de ondas periódicas José Francisco Castelo Branco Filho 22 Todos estes sinais são muito comuns, mas visto que não são nem exponenciais nem senoidais, o método fasorial não pode ser aplicado diretamente aos circuitos para os quais eles são entradas. As formas de onda da Figura 10.2 tem uma coisa em comum, contudo: todas elas são funções f(t), com período T, ou seja, ���� = ��� + ��� onde o período T é o menor valor que satisfaz a equação . b) A série Como Fourier demonstrou, se tal função f(t) satisfaz um conjunto de condições gerais, ela então pode ser representada por uma série infinita de senóides, tal que: ���� = 2 + � cos�� �� + � cos�2� �� + �� sen�� �� + �� sen�2� ��+ . . ou, de forma mais compacta, ���� = 2 +� � cos��� �� + �� sen��� �� � ��� onde � = 2�� Esta série, é chamada série trigonométrica de Fourier , ou simplesmente série de Fourier de f(t). Os a’s e b’s são chamados de coeficientes de Fourier e dependem evidentemente de f(t). Vemos portanto, que uma onda não senoidal que não tem representação fasorial, pode ser representada por uma série de senóides, onde cada uma possui uma representação fasorial. Capítulo 10 - Série de Fourier 23 Também vemos, que uma função não senoidal pode conter não apenas uma frequência com uma onda senoidal, mas um número infinito de frequências, 0, ω0, 2 ω0, ... c) Condições de convergência Segundo “Dirichlet”, para que a série de Fourier de f(t) convirja é necessário que atenda as seguintes condições: 1) - f(t) seja uma função que apresente um único valor em qualquer ponto. (unívoca). 2) - f(t) possua um número finito de descontinuidades em qualquer intervalo periódico. 3) - f(t) possua um número finito de máximos e mínimos em qualquer período. 4) - A integral: � |����|�� !�� "� < ∞ para qualquer t0 . d) Os coeficientes O cálculo dos coeficientes da série de Fourier pode ser facilitado utilizando a tabela 10.1 para obtermos o resultado da integração de funções senoidais dentro do intervalo de um período. Tabela 10.1 - Integração de funções senoidais %�&� ' %�&� ()* + ,&, * ≠ + /0���� + 1� 0 23/��� + 1� 0 /0����� + 1� 0 23/���� + 1� 0 /0��4�� + 1� 23/���� + 1� 0 23/�4�� + 1� 23/���� + 1� 0, m≠ � �/�, m=n José Francisco Castelo Branco Filho 24 Coeficiente a0 O coeficiente a0 é calculado integrando de 0 a T os dois lados da equação da série de Fourier. ' ���� "�! = ' 2 ! "� +� ' 6a8cos��� �� + �� sen��� ��9 ! � ��� "� Visto que T=2π/ω , cada termo no somatório é zero, de acordo com a tabela anterior, e portanto, integrando os dois lados da equação acima, temos ' ���� "�! = ' 2 "� ! Calculando a0 , resulta = 2�' ���� "� ! Coeficiente an Multiplicando f(t) por cos(mω0t) onde m é um inteiro, e integrando de 0 a T, obtemos: ' ���� cos�4� �� "� ! = ' 2 cos�4� � ! + � :' 6a8cos�4� �� cos ��� �� + �� cos�4� � sen��� ��9"� ! ; � ��� De acordo com a Tabela 10.1, os termos a0 e bn tornam-se zero considerando α=0 para m e n inteiros. O termo an é zero para m≠n . Para m=n resulta : ' ���� cos�4� �� "� ! = �' cos��4� �� "� ! = �� � = � 2 � onde α=β=0 . Capítulo 10 - Série de Fourier 25 Considerando f(t) = cos(nω0t) , � = 2�' ���� cos�4� �� "� ! , 4 = 0,1,2,3… Coeficiente bn Multiplicando f(t) por sen(mω0t), integrando de 0 a T e aplicando a tabela, resulta: �� = 2�' ���� sen�4� �� "� ! , 4 = 0,1,2,3… Notamos que a equação de a0 é um caso especial onde m=0. Visto que f(t) e cos(nω0t) são periódicas de período T, seu produto também é periódico de período T. De modo similar, o produto f(t) por sen(mω0t) também é periódico de período T. Desta forma, podemos integrar sobre qualquer intervalo de comprimento T, tal como t0 a t0+T para um t0 arbitrário e o resultado será o mesmo. Portanto, podemos resumir dando os coeficientes de Fourier na forma: � = 2�' ���� cos��� �� "� �� ! �� , � = 0,1,2,3… �� = 2�' ���� sen��� �� "� �� ! �� , � = 0,1,2,3… Assim, os coeficientes de Fourier são gerais e se verificam para todas as funções que encontramos na engenharia. José Francisco Castelo Branco Filho 26 e) Exemplo Seja uma onda quadrada , onde: ���� = 0 → −2 < � < −1 ���� = 6 → −1 < � < 1 ���� = 0 → 1 < � < 2 ��� + 4� = ���� Representandof(t) na Figura 10.3, teremos: 2− 1− 10 2 t 1 2 3 4 5 6 f ( t ) Figura 10.3 - Forma de onda para f(t) Neste caso, � = 4 e � = �D! = �DE = D� . Posicionando t0 em -1, teremos: 0t 2− 1− 10 2 t 1 2 3 4 5 6 f ( t ) 3 4 5 0t t+ Figura 10.4 - f(t) simetricamente posicionada Capítulo 10 - Série de Fourier 27 Podemos perceber na Figura 10.3 que no intervalo entre -2 a 2, f(t) assume três estados com valores 0, 6 e 0 se tomando t0 a partir de -2. Porém, se tomarmos t0 a partir de -1 (conforme a figura 10.4) até t0+T em t=3, teremos somente dois estados para f(t) e, além disso, uma simetria horizontal na forma de onda, o que facilita o cálculo dos coeficientes, reduzindo a duas integrações . Desta forma, vamos escolher este intervalo. Então, = 2�' ���� "� �� ! �� onde = 24' 6 "� � F� + 24' 0 "� G � = 36�9F�� + 0 = 361 + 19 H+ = I Calculando an , teremos: � = 2�' ���� cos��� �� "� �� ! �� , � = 0,1,2,3… � = 2�4 = � 2 � = 24' 6 cos J �� 2 �K "� � F� Integrando a expressão acima de -1 a 1, teremos: � = 3 L 2�� /0� J �� 2 �KM 1 −1 Aplicando os limites em t e calculando a expressão, resulta: HN = O(N)PQN J N) ( K , � = 0,1,2,3… José Francisco Castelo Branco Filho 28 Calculando bn , �� = 2�' ���� sen��� �� "� �� ! �� , � = 0,1,2,3… �� = 124 ' sen J �� 2 �K "� � F� �� = 3�� R− 23/ J �� 2 �KS 1 −1 que integrando resulta �� = − 3�� R 23/ J �� 2 K − 23/ J −�� 2 KS onde TN = + Escrevendo a série, teremos: ���� = 2 +� � cos��� �� � ��� ���� = 3 +�L12�� /0� J �� 2 K cos J �� 2 �KM � ��� simplificando, ���� = 3 + 12� � L 1 � /0� J �� 2 K cos J �� 2 �KM � ��� calculando até a 5ª harmônica, obtemos: ���� = 3 + 12� R1 /0� J � 2KU cos J � 2 �K + 1 2 /0���� cos��� + 1 3 /0� UV 3� 2 W cos V 3� 2 �W + 1 5 /0� V 5� 2 W cos V 5� 2 �WM %�&� = Y + O() RZ[\ J ) ( &KU − O Y ]^P V Y) ( &W + O _ ]^P U _) ( &M e portanto, a série oscila convergindo para a onda quadrada dada na Fig 10.4. Capítulo 10 - Série de Fourier 29 f) Exercícios 1- Calcule a série de Fourier para: ���� = 2 → 0 < � < D� ���� = 0 → D� < � < � ��� + �� = ���� Resp: ���� = 1 + ED∑ Jab����F�����F� K���� 2- Calcule a série de Fourier para: ���� = 0 → −1 < � < − �� ���� = 4 → − �� < � < �� ���� = 0 → �� < � < 1 ��� + 2� = ���� Resp: ���� = 2 + cD∑ �F�� defghi ���F��D� ��F����� 3 - Dada a forma de onda dente-de-serra na Fig. 10.5, calcule a série de Fourier para as três primeiras harmônicas e esboce sua curva de resposta para a soma das 10 primeiras harmônicas. Figura 10.5 - Onda dente-de-serra José Francisco Castelo Branco Filho 30 Resp j = 0 ; � = 0 ; �� = ���F��d�D ���� = ��D Rab����� − ab������ + ab��G��G − … S REFERÊNCIA 1- JOHNSON, DAVID E. , HILBORN - Fundamentos de Análise de Circuitos Elétricos, LTC, 2000, Rio de Janeiro.
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