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Trabalho Direito Civil I - Bens

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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda o tema Bens, que encontra-se no Livro II da parte geral do Código Civil, nos artigos 79 ao 103.
É importante compreender que Bens é tudo aquilo que é profícuo às pessoas, sendo “coisas”, corpóreas ou incorpóreas. No campo jurídico, bens, é aquilo que serve como objeto de relação.
O trabalho está dividido em quatro partes, sendo elas: Conceito de bens, subdividido em corpóreos e incorpóreos; Das diferentes classes de bens e suas subdivisões; Bens públicos e particulares; Bens de família. Buscamos responder o que são bens, suas divisões e subdivisões e a diferença de cada um deles.
Para o consentimento da importância dos bens, a metodologia usada neste trabalho foram pesquisas bibliográficas com doutrinas de renomados juristas estudiosos do direito, como a do Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, Sílvio de Salvo Venosa e Carlos Roberto Gonçalves, e o Código Civil, com a finalidade de atingirmos um amplo conhecimento sobre o assunto em questão. Tendo como proposta principal a obtenção de conhecimento sobre o assunto.
2 CONCEITO DE BENS
Bens é tudo aquilo que é útil às pessoas, sendo “coisas”, materiais (corpóreos) ou imateriais (incorpóreos). No âmbito jurídico, bens, é aquilo que serve como objeto de relação.
Assim, todos os bens são coisas, mas nem todas as coisas merecem ser denominadas bens. O sol, o mar, a lua são coisas, mas não são bens, porque não podem ser apropriados pelo homem. As pessoas amadas, os entes queridos ou nossas recordações serão sempre um bem. O amor é o bem maior do homem. Essa acepção do termo somente interessa indiretamente ao Direito.
(VENOSA, 2014, p.312)
Portanto, existe bens jurídicos que não são “coisas”, como: a honra, a integridade moral, a liberdade, a imagem e a vida. Então, no geral, bens está diretamente ligado a ideia de patrimônio.
2.1 BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS
É definido como bens corpóreos aqueles que tem existência física e que podem ser percebido pelo homem, como edifícios, eletrodomésticos, dinheiro, máquinas e equipamentos industriais. E os bens incorpóreos são aqueles que não tem existência concreta é algo abstrato, mas com valor econômico, como direito ao crédito, direito autoral, direito de herança. Todavia, os bens corpóreos podem ser transmitidos por compra e venda, doação, enquanto os bens incorpóreos transmitem-se por cessão.
3 DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
No Código Civil de 2002 os bens jurídicos são tratados no livro II do Código Civil, que por sua vez encontra-se dividido em três capítulos dispostos da seguinte forma: Capítulo I -Dos bens considerados em si mesmos; Capítulo II - Dos bens reciprocamente considerados e o Capítulo III - Dos bens públicos.
É importante ressaltar que o fato de um bem se enquadrar em uma categoria não o exclui de outra, podendo um único bem pertencer ao mesmo tempo em mais de uma categoria classificatória. Assim, passemos agora a analisar detalhadamente cada um dos grupos citados.
3.1 DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
3.1.1 Bens Móveis e Imóveis
Os bens Imóveis também chamados de “bens de raiz”, são aqueles que não podem ser transferidos sem perda ou decomposição. Enquanto os bens móveis são aqueles que podem ser retirados sem perda ou diminuição de seu conteúdo.
É possível classificar os bens imóveis como;
Por sua Natureza; São componentes do solo (as árvores e arbustos), as Riquezas Minerais e Fósseis, subsolo e espaço aéreo.
Por acessão física; “Tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada a terra, os edifícios e construções de modo que não posso retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano”. (art. 43, II do Código anterior.)
Por acessão intelectual; Tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade. (art 43, III, Código 1916)
Por Determinação legal; são direitos reais sobre imóveis (usufruto, uso, habitação, enfiteuse, anticrese, servidão predial), inclusive o penhor agrícola e as ações que o asseguram; apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de infalibilidade, decorrente de doação ou de testamento; o direito à sucessão aberta, ainda que a herança só seja formada de bens móveis.
É possível classificar os bens móveis como:
Por sua Natureza; “Os bens suscetíveis, de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância, ou da destinação econômica” (art 82 do CC)
Por antecipação; São bens imóveis que a vontade humana mobiliza em função da finalidade econômica; ex: árvores, frutos, pedras e metais.
Por Determinação legal; são os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes, os direitos de obrigação e as ações respectivas e os direitos de autor.
3.1.2 Bens Fungíveis e Consumíveis
Os bens fungíveis, são aqueles bens que podem ser trocados por outros da mesma qualidade, quantidade e gênero, como exemplo, peças de automóveis, dinheiro, eletrodoméstico etc. São bens que caso seja trocados, terão a mesma destinação socioeconômica.
A fungibilidade é o resultado da comparação entre duas coisas, que se consideram equivalente. Os bens fungíveis são substituíveis porque são idênticos, econômica, social e juridicamente. A característica advém, pois, da natureza das coisas.
(GONÇALVES, 2005, p. 254)
Os bens consumíveis, são aqueles bens que logo quando é feito o primeiro uso, já ocorre a destruição da substância, como exemplo, bens alimentícios em geral.
ROSENVALD & FARIAS (2009, P. 436) observa que “Consumíveis são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância. É a chamada consumibilidade natural ou consumibilidade de fato, de que são exemplos os gêneros alimentícios”.
3.1.3 Bens Divisíveis e Indivisíveis
De acordo com o artigo 87, do CC “bens divisíveis, são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. Portanto, bens divisíveis são aqueles que se podem fracionar, em partes homogêneas e distintas, mantendo as mesmas qualidades do todo, como por exemplo uma saca de café ou de feijão, desde que não
percam seus valores econômicos. E os bens indivisíveis são aqueles que não se pode repartir sem alterar sua substância ou diminuir seu valor. Conforme o artigo 88, do CC “os bens naturalmente divisíveis podem torna-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes”. A indivisibilidade pode acontecer de diferentes origens, sendo elas:
I - Por natureza: os que não podem repartir sem alterar na sua substância, diminuir seu valor ou prejuízo do uso, como o exemplo de um animal.
II – Por determinação legal: quando a lei impede seu fracionamento, como no artigo 1386, do CC em que as servidões prediais são indivisíveis em relação ao prédio serviente. Também no artigo 65 do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) se associa a indivisibilidade por determinação legal.
III – Por vontade das partes (convencional): quando as partes fazem um acordo, embora de natureza divisível e que não ultrapasse 5 anos, suscetível de prorrogação ulterior (art. 1.320, §1º - CC). Se a indivisão for estabelecida pelo doador ou testador, não poderá exceder de 5 anos (art. 1320, §2º - CC). Como por exemplo, em um contrato e que estabelecem o pagamento em uma só parcela
3.1.4 Bens Singulares e Coletivos
Embora uma parte da doutrina critica essa classificação, o Código Civil manteve, considerando bens singulares e coletivos. O artigo 89, do Código dispõe que “são singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais” Portanto, são singulares, as coisas quando considerados na sua individualidade, como um prédio, um cavalo. Os bens singulares podem ser classificados em simples e compostos. Sendo simples as coisas integradas de um todo, esua formação pode ser naturalmente ou por consequência de uma ação
humana. E os compostos são aquelas coisas simples que se juntam, unindo diferentes objetos e formando um só, mas sem que desapareça a condição individual de cada um. Já os bens coletivos ou universais são aqueles integrados a um conjunto, formados por várias coisas singulares, formando assim um único todo, possuidor de individualidade própria, diferente de seus componentes. Tem-se o exemplo da árvore (singular simples) e da floresta (coletivo) bem ilustra a questão. Os bens coletivos são subdivididos em:
I – Universalidades de fato (universitas factí), referindo-se ao conjunto de bens singulares, corpóreos e homogêneos, ligados pela vontade do homem para a realização de um fim, como por exemplo uma biblioteca ou uma galeria de quadros. Não há de se confundir com as coisas singulares compostas, em razão da autonomia das coisas que formam a universalidades de fato;
II – Universalidades de direito (universitas juris), relativamente aos bens singulares corpóreos ou incorpóreos, aos quais a norma jurídica dá unidade. É o caso do patrimônio, da herança e da massa falida.
3.2 DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
Bens principais, é o bem que tem existência própria, peculiar, que existe por si só. Acessório é aquele que a existência depende do elemento principal.
O conceito é dotado de relativismo. Uma casa é acessório em relação ao solo, que é principal em relação a ela. Mas será principal em relação a suas portas e janelas, que serão acessórios dela.
O critério para distinguir o bem principal é a sua função econômica, em razão da qual se estabelece a relação de dependência que caracteriza a
acessoriedade. [...]. Em consequência da mencionada distinção, como regra, o bem acessório segue o destino do principal (acessorium sequitur suum principale). [...]. Importante consequências decorrem da referida regra, podendo ser apontadas as seguintes:
A natureza do acessório é a mesma do principal. Se o solo é imóvel, a árvore a ele anexada também é. Trata-se do princípio da gravitação jurídica, pelo qual um bem atrai outro para sua órbita, comunicando-lhe seu próprio regime jurídico.
O acessório acompanha o principal em seu destino. Assim, extinta a obrigação principal, extingue-se também a acessória; mas o contrário não é verdadeiro. [...].
O proprietário do principal é proprietário do acessório. [...]
(GONÇALVES, 2005, p. 262-263)
Bens acessórios são classificados em frutos, produtos, rendimentos e benfeitorias.
Frutos são as utilidades que uma coisa em um certo período de tempo produz. Nascem e renascem da coisa, sem causar qualquer destruição no total ou em parte. Os frutos são divididos em: Naturais, industriais e civis.
Produtos é a extração feita das coisas, diminuindo a quantidade, porque elas não se reproduzem em um certo período de tempo.
Venosa (2014, p. 337) sintetiza que “Rendimentos são os frutos civis; o Código antigo foi, nesse aspecto redundante”.
Benfeitorias são obras ou gastos feitos em bem que já existem, decorrentes da ação humana. Não é considerado benfeitorias:
4 BENS PÚBLICOS E PARTICULARES
Conforme o artigo 98 do Código Civil “são públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”. Então, bens públicos são aquelas coisas corpóreas e incorpóreas pertencentes ao Estado, como uma pessoa jurídica de direito público ou uma pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, quando o bem estiver relacionado à prestação deste serviço público. Os bens públicos são divididos em três categorias: I – bens de uso comum do povo, são aqueles de que o povo se utiliza, a título gratuito ou oneroso, como por exemplo as praças, as ruas ou os mares (CC, art.99, I). Não perdem tal característica se o Poder Público regular seu uso, restringi-lo ou tornar sua utilização onerosa, como por exemplo o pedágio em estradas, cobranças de ingressos em museus. Pode até mesmo o Estado restringir ou vedar o uso, em virtude da segurança nacional ou do próprio povo, como é o caso da interdição de uma estrada. O povo somente tem o direito de usufruir dos bens, mas não tem o seu domínio. II – bens de uso especial, são aqueles destinados ao poder público, para a instalação do próprio serviço, como é o caso dos prédios que funcionam os tribunais ou escolas. (CC, art.99, II) III – dominiais ou dominicais, são aqueles que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como direito real (propriedade) ou pessoal (locação), como terras devolutas, títulos da dívida pública. A partir desta classificação, aparece uma divisão dos bens públicos em bens do domínio público do Estado (aqui encartados os bens de uso comum e os bens de uso especial) e bens do domínio privado do Estado (dizendo respeito aos bens dominicais). Os bens públicos, de qualquer categoria, são inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis.
A inalienabilidade dos bens públicos decorre de sua própria natureza. A faculdade de aliená-los só pode ocorrer mediante desafetação, isto é, por meio de lei ou ato administrativo que autorize essa alienação (art. 67 do Código anterior), que poderá dar-se só em relação a bens que não se destinem ao uso comum do povo, como mares, rios, estradas etc. Os arts. 100 e 101 do atual Código absorvem justamente essa noção: os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem sua qualificação, na forma que a lei determinar, os bens dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais.
(VENOSA, 2014 P. 341)
Em contrapartida, os bens particulares ou privados são aqueles que não pertencem ao Estado, mas sim a iniciativa privada (CC, art. 98). Estes são o contrário dos bens públicos, sendo estão alienáveis, prescritíveis e penhoráveis.
5 BEM DE FAMÍLIA
O bem de família é um regime de origem norte-amercaina, tendo surgido no começo do século XIX. Por causa de uma grave crise econômica o Estado do Texas promulgou uma Lei em que o governo cedia a todo chefe de família, maior de 21 anos de idade, uma propriedade agrícola com a finalidade de torná-la produtiva, dando, em consequência, proteção a sua família, e criando um abrigo seguro. Surgiu, assim, o instituto do hemestead (home: casa e stead: lugar), o que quer dizer “uma residência de família”.
O bem de família constitui-se em uma porção de bens que a lei resguarda com as características de inalienabilidade (não pode ser vendido) e impenhorabilidade (isento de penhora), desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, em benefício da constituição e permanência de um moradia para o corpo familiar.
O ordenamento jurídico, seguindo tendência universal, não admite a responsabilidade pessoal do devedor por suas dívidas, apenas vinculando ao seu patrimônio. Assim, embora o devedor assuma suas obrigações pessoalmente, responde por elas, apenas, com o seu patrimônio, presente e futuro.
Conclui-se, que, o bem que serve de abrigo, de lar, à pessoa humana constitui patrimônio que merece estar a salvo de penhoras por dívidas.
Inicialmente, o Bem de Família estava introduzido na Parte Geral do Código Civil de 1916 sendo, porém, introduzido no título referente ao direito patrimonial da família em 2002 pelo novo Código Civil.
5.1 DIREITO MÍNIMO EXISTENCIAL
Relacionado a garantia de um mínimo patrimonial à dignidade da pessoa humana, percebe-se o objetivo almejado pela Constituição da República, no sentindo de garantir a eliminação da pobreza e a redução das desigualdades sociais. Organizando o patrimônio como um verdadeiro instrumento de cidadania e justificando a separação de uma parcela essencial, básica, do patrimônio para atender às necessidades elementares de uma pessoa.
E o exemplo mais contundente da proteçãoao patrimônio mínimo da pessoa humana é, sem dúvida, a proteção ao bem de família.
Muito importante afirmar, que esse reconhecimento de patrimônio mínimo não pode estar limitado à situação econômica ou social do titular. Trata-se de conceito universal, protegendo cada uma das pessoas humanas para que venha desenvolver suas atividades dignamente. É possível sofrer variação, portanto, de acordo com as circunstâncias pessoais de cada titular.
5.2 ESPÉCIES DE BEM DE FAMÍLIA
O Bem de Família, atualmente, está classificado em duas grandes categorias: voluntário ou decorrente da vontade dos interessados, regrado pelo Código Civil, e não depende de manifestação da vontade do fundador, regrado pela Lei n. 8.009/90.
5.3 BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO
O Bem de Família voluntario, instituído por meio de registro no cartório de imóveis (art. 1.714, CC). Os seus efeitos são a impenhorabilidade e inalienabilidade. Restringe assim a comerciabilidade do Bem de Família.
O Bem de Família voluntário foi regrado pelo Código Civil, nos arts. 1.711 a 1.722, dividindo-se em móveis e imóveis. Tal bem se constitui por atitude voluntária do proprietário, devendo a ser instituído por escritura pública devidamente registrada.
Para que haja a sua composição, o Bem de Família Voluntário deve apresentar os seguintes requisitos:
Propriedade do bem pro parte do instituídos;
Destinação específica de moradia da família;
Solvabilidade (meio de pagar) do instituidor.
Cabe destacar, que ausente qualquer dos requisitos citados acima, não terá a composição do Bem de Família, podendo o mesmo sofrer penhora ou ser alienado.
5.3.1 Características
Depende de um ato de vontade instituidor. Os efeitos somente operam após o respectivo registro no Cartório de Imóveis. O valor do bem não pode exceder a um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição. Cessa automaticamente quando cessar a moradia permanente no imóvel instituído. Além da proteção impenhorabilidade, há também a cláusula de inalienabilidade do bem.
Admite a troca, podendo a instituição recair sobre o imóvel que melhor aprouver à entidade familiar. Seus efeito podem ser cancelados a qualquer tempo, caso o instituidor não tenha filhos incapazes.
O Código Civil permite a instituição do bem de família convencional não apenas pelo marido, mas sim pelo casal, (art. 1.711 CC).
5.3.2 Impenhorabilidade e Inalienabilidade de Bem de Família Voluntário
A impenhorabilidade e a inalienabilidade decorrentes da vontade do instituidor atingem não apenas o imóvel, rural ou urbano, mas, por igual suas pertenças e acessórios como telefone, televisão, videocassete, geladeira e outros utensílios (Art. 1712 CC). Após a Codificação de 2002 veio também a possibilidade de inserir, na constituição do Bem de Família, cláusula qual a proteção venha abranger também, valores imobiliários, cuja a renda venha ser aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. 
No entanto é importante lembrar a limitação estabelecida pelo art. 1.711 do CC, que restringe, impondo que o valor do bem instituído não ultrapasse a um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição.
Impenhorabilidade é dita relativa porque não alcança os tributos relativos ao prédio nem suas despesas condominiais (como IPTU ou o ITR) ou dívidas de condomínio. Quanto ao eventual saldo resultante de execução pelas dívidas mencionadas acima, será aplicada em outro prédio, como Bem Família, ou em títulos de dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução a ser tomada pelo magistrados.
A inalienabilidade trata-se de um efeito exclusivo do Bem de Família voluntário.
São fortes as restrições quanto à alienação no art. 1.717. O bem fica afetado à moradia da família e só pode ser alienado com autorização judicial. Essa autorização só pode ser dada se houve o consentimento de todos os interessados e o de seus representantes legais. Se houver menores ou incapazes, o Ministério Público terá que participar de todo o procedimento, já que o interesse dos pais pode colidir com o dos menores (art. 82, I, CPC).
5.4 O MINISTÉRIO PÚBLICO E O BEM DE FAMÍLIA
Com o Código Civil de 2002, o Ministério Público passou a intervir na relação ao bem de família, convencional, previsão expressa no art. 1.717 e 1.719.
Quando os interessados pretenderem extinguir o Bem de Família instituído (prédio ou valores imobiliários) deverão levar o pleito ao Juiz de família. Que poderá determinar a alienação do bem, após ouvir o Ministério Público.
5.5 DURAÇÃO 
Não há extinção do Bem de Família pela dissolução da entidade familiar. O art. 1.722 do CC, acrescenta que o Bem de Família extingue-se com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade civil da sucessão, desde que não estejam sujeitos à curatela, apresentando hipóteses de prorrogação da proteção patrimonial. 
Então se a dissolução da entidade familiar for em razão de morte de um dos componentes, o sobrevivente poderá pleitear a extinção do Bem de Família, caso seja o único bem do casal.
5.6 BEM DE FAMÍLIA LEGAL
O bem de família legal ou também denominado por alguns autores como involuntário constitui-se independentemente da iniciativa do proprietário do bem, ou seja, a constituição é involuntária.
Tal instituto surgiu como forma de proteger as famílias que não possuem condições ou mesmo não tem acesso a informações suficientes para que estas possam proteger a sua moradia. Deste modo, criou-se o Bem de Família legal visando uma proteção automática destas famílias por parte do Estado.
O instituidor é o próprio Estado, que impõe o Bem de Família, por norma pública, em defesa da célula familiar. Nessa lei emergencial, não fica a família à mercê de proteção, por seus integrantes, mas é defendida pelo próprio estado.
Cabe evidenciar, que por tal instituto ser voltado para as classes menos favorecidas, o mesmo não goza da garantia de inalienabilidade, posto que muitas vezes a moradia destas famílias seja o único bem de valor que possam vender para uma eventual necessidade de dinheiro. Na hipótese do proprietário possuir mais de um imóvel, considera-se o bem de família o de menor valor, ainda que esteja residindo em outro, mais valioso. 
5.6.1 Características
Goza de proteção por força da lei, ou seja, independe de qualquer ato jurídico institucional. Os seus efeitos operam-se de imediato, pelo simples fato do imóvel servir de residência da família. Não há limite de valor, exceto em face da multiplicidade de bens imóveis, quando então somente o de menor valor estará sob a proteção da lei. Não se extingue com a dissolução da sociedade conjugal.
Tem como proteção somente a impenhorabilidade do bem; não admite sub-rogação, deve ser tido como Bem de Família sempre o imóvel de menor valor, quando dois ou mais imóveis vierem também a servir de moradia para o proprietário ou sua família; não admite renúncia.
5.6.2 Impenhorabilidade do Bem de Família Legal
O prédio destinado a ser o lar da família, ficando isento de execução por dívida civil fiscal, previdenciária, trabalhista e de qualquer outra natureza (art. 1.715 do CC) ficando impenhoráveis, também os bens móveis mínimos necessários para a sobrevivência.
5.7 ALARGAMENTO DO OBJETO
A impenhorabilidade legal do bem de família atinge não apenas o imóvel, mas também suas construções, plantações, benfeitorias de qualquer natureza e os equipamentos (inclusive profissionais), além de acobertar os móveis que guarnecem (necessários) o lar, desde que quitados.
Apenas não são alcançados pelo regime de impenhorabilidade legal, os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos, que poderão ser penhorados para o pagamento de dívida do titular.
Devem os bens moveis necessários do devedor serem considerados insuscetíveis de penhora, pois são objetos uteis e indispensáveis a sobrevivência e dignidade da pessoa humana (ex: televisão, geladeira, eletrodomésticos, forno elétrico,linha telefônica e outros) consagrando que a efetiva proteção de lei deve se dirigir aquilo que e necessário para viver dignamente, não podendo, nessa medida, proteger bens supérfluos. 
5.8 RETROATIVIDADE
Prevaleceu o entendimento de que a impenhorabilidade decorrente do bem de família legal atingiu os processos em cursos quando do advento da lei, não violando o direito adquirido do credor-exequente
Confirmando a tese, o Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento na súmula 205.
5.9 O BEM DE FAMÍLIA DA PESSOA SOZINHA
No que tange à sistemática do Bem de Família, questão que se apresenta com vigor e relevância, teórica e prática, diz respeito ao reconhecimento da proteção do patrimônio mínimo da pessoa humana que vive sozinha.
A posição da jurisprudência assentou a ideia de que “o conceito de impenhorabilidade de Bem de Família abrange também o imóvel pertence a pessoas solteiras, separadas e viúvas”, conforme reconheceu a súmula 364 do Superior Tribunal de Justiça. 
6 CONCLUSÃO
Neste trabalho abordamos o assunto sobre Bens e concluímos que bens é tudo aquilo que tem utilidade às pessoas, sendo “coisas”, materiais ou imateriais. No meio jurídico, bens, é aquilo que serve como objeto de relação.
Ao finalizar o trabalho, analisamos a presença de distintas classificações dos bens, e mesmo distintas uma pode associar-se a outra. Um bem pode, portanto, possuir mais de uma única classificação.
Temos como exemplo: um carro comum pode ser ao mesmo tempo um bem móvel, corpóreo, fungível, indivisível e coletivo. Mas, se este mesmo é um grande campeão de corridas automobilísticas, já ocorre a alteração da classificação para infungível e singular.
O estudo do assunto se mostrou de fundamental importância, pois trata de tema atual e muito presente em diferentes ramos de direito, sendo o seu conhecimento cotidianamente aplicado na rotina dos juristas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. In: Saraiva. 17. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014.
FARIAS, Cristiano Chave de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Parte Geral e LINDB. Ed. Lumen Juris – 8ª ed., 2009
GONÇALVES, CARLOS ROBERTO. Direito Civil Brasileiro. Parte Geral – Vol. I. Ed. Saraiva – 2ª ed., 2005.
VENOSA, SILVIO DE SALVO. Direito Civil I. Parte Geral – Vol. I. Ed. Atlas – 13ª ed., 2014.

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