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Aula 2 O cenário da gestão escolar características e especificidades

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A concepção de escola e gestão escolar: É fato de que a mudança de concepção de escola traz implicações quanto a sua gestão. No entanto, uma das mudanças mais significativas é o modo como vemos a realidade e como participamos da sua construção. De forma geral, nas sociedades, observa-se o desenvolvimento da concepção de que o autoritarismo, a centralização, a fragmentação, o conservadorismo e a ótica do dividir, conquistar, do perde-ganha estão ultrapassados, pelo fato de conduzirem ao desperdício, ao imobilismo, ao ativismo inconsequente, ausência de responsabilidade pelos atos e seus resultados e, em ultima instancia, à estagnação social e ao fracasso das suas instituições. Essa mudança de paradigma é marcada por uma forte tendência à adoção de concepções e práticas interativas, participativas e democráticas, caracterizadas por movimentos dinâmicos e globais, com os quais, para determinar as características de produtos e serviços, interagem dirigentes, funcionários e clientes ou usuários, estabelecendo alianças, redes e parcerias, na busca de soluções de problemas e alargamento de horizontes. 
Em meio a essas mudanças encontra-se a escola, no centro das atenções da sociedade. Isso porque se reconhece que a educação, na sociedade globalizada e economia centrada no conhecimento, constitui grande valor estratégico para o desenvolvimento de qualquer sociedade, assim como condição importante para a qualidade de vida das pessoas. No entanto, somos conscientes de que esta concepção não é plenamente adotada. Ou ainda, sob a influência do velho e enfraquecido paradigma orientador da cobrança ao invés da participação, causando grande impacto sobre o que acontece na escola, hoje mais do que nunca, bombardeada por demandas sociais das mais diversas naturezas. Para garantir a formação competente dos alunos, e com a capacidade de enfrentar de forma crítica e criativa os problemas cada vez mais complexos da sociedade, são necessárias mudanças urgentes na escola. A educação no contexto escolar torna-se, a cada dia, mais complexa, exigindo, assim: 
Esforços redobrados;
Maior organização do trabalho educacional;
Maior participação da comunidade na realização desse empreendimento de educar de forma efetiva.
Desta forma, já não basta ao estabelecimento de ensino apenas preparar o aluno para níveis mais elevados de escolaridade. O aluno necessita aprender para compreender a vida, a si mesmo e a sociedade, como condições para ações competentes na prática da cidadania. Assim, o ambiente escolar, como um todo, deve oferecer-lhe essas experiências. Dada à complexidade da educação e a sua crescente ampliação, ela já não é vista como responsabilidade exclusiva da escola. A própria sociedade, embora muitas vezes não tenha bem claro de que tipo de educação seus jovens necessitam, já não está mais indiferente ao que ocorre nos estabelecimentos de ensino. Além de exigir que a escola seja competente e demostre ao público essa competência com bons resultados de aprendizagem pelos seus alunos e bom uso de seus recursos, também começa a se dispor a contribuir para a realização desse processo, assim como a decidir sobre eles. São inúmeros os exemplos de parcerias já existentes no contexto nacional entre organizações não governamentais e empresas, com a escola, assim como o bom funcionamento de associações de Pais e Mestres. 
Vídeo: Professor Vitor Henrique Paro. O que é a escola diante da complexa tarefa de educar e a sua crescente ampliação, como uma responsabilidade coletiva da gestão escolar. 
Vídeo pag. 10 “Tudo o que acontece no mundo, seja no seu país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então, eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida.” Herbet de Souza, o Betinho.[1: Vídeo Pág. 10: https://www.youtube.com/watch?v=r-4iV6aAl4E ]
O espaço escolar facilita ou dificulta as interações pessoais e práticas pedagógicas? Embora, durante muito tempo, o único responsável pelos bons resultados na aprendizagem dos estudantes fosse o professor, aos poucos a sociedade foi percebendo que o profissional de sala de aula, sem formação adequada e o apoio institucional, não é capaz de atingir sozinhos os objetivos educacionais almejados. Isso por que oferecer uma educação de qualidade é uma responsabilidade complexa demais para estar centrada numa única pessoa. Pesquisas apontam que a atuação de outros atores, no espaço escolar, também exerce influência no desempenho dos alunos – entre eles os profissionais que compõem a equipe gestora da escola: Supervisor de ensino, Coordenador pedagógico e Diretor. Assim como as partes de um jogo de encaixe, essas funções se articulam formando um bloco coeso para garantir o sucesso da aprendizagem. A denominação dos cargos varia de acordo com a rede e eles podem ser exercidos por uma ou mais pessoas. A gestão da Educação exige planejamento, estabelecimento de metas, manutenção de recursos e avaliação, estruturados coletivamente por essa equipe gestora. Uma gestão democrática promove a efetivação de novos processos de organização e gestão tomando como base uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e participativos de decisão. 
Dessa forma, a participação constitui uma das bandeiras fundamentais a serem implementadas pelos diferentes atores que constroem o cotidiano escolar. Esse cenário de trabalho conjunto e bem realizado favorece bons resultados advindos de um relacionamento mais estreito e efetivo do supervisor, na escola, e na continuidade e implementação de politicas publicas e o acompanhamento, apoio e desenvolvimento do projeto politico pedagógico. A desarticulação do trio gestor, no espaço escolar, ou até mesmo com a existência dele, mas sem uma cultura de colaboração, o ambiente escolar torna-se desfavorável, comprometendo a eficácia da escola em sua função de educar. É como um jogo de encaixe no qual as peças ficam embaralhadas e desconectadas – gestores se queixam de supervisores que somente fiscalizam e dão ordens. Supervisores alegam que os gestores não sabem administrar e os coordenadores pedagógicos não formam professores. Qual seria, então, o papel de cada participante da equipe gestora para favorecer um trabalho conjunto eficiente? 
Vídeo Pág. 18 – Escola facilitadora de interações e praticas pedagógicas mediadas pelo diretor da escola. “O diretor e os espaços da escola: O diretor não está sozinho na escola e deve contar com toda a sua equipe”[2: Vídeo Pág. 18: https://www.youtube.com/watch?v=h2xR2FEqEGU ]
O CADERNO DE CAMPO - Um aliado no cenário do estágio: No campo de estágio é necessário, durante todo o processo, realizar o registro continuo que irá permitir que você obtenha a descrição do cenário e assim conheça mais a respeito dele e de todos os envolvidos. Essas vivências, percepções e encaminhamentos são anotações que devem fazer parte do seu caderno de campo, que é o diário onde o autor, que é você, narra os fatos e, ao mesmo tempo, participa deles, conseguindo delimitar aqueles mais relevantes para o registro. Realizar as anotações no dia do acontecimento e separar por tipos de atividades é uma forma de organizar esse registro. Algumas considerações sobre a utilização do caderno de campo, adaptadas de Joazeriro (2002,p.13), contribuem para reconhecê-los como um verdadeiro aliado no cenário de estágio. São elas:
Anotar dificuldades, surpresas, fatos, reações, relativas às pessoas observadas (gestores);
Suas próprias percepções e questionamentos enquanto observador (a), sobre como se caracteriza a gestão escolar no campo de estágio escolhido;
A análise de cada informação obtida;
A impressão e análise de documentos, gestores ou entrevistados (responsáveis, etc.);
Alteração de situações ou aspectos a serem observados;
Serve também para controle de carga horária de estágio;
É o desafio de fazer a passagem da atividade para a linguagem escrita que exige reflexão;
É um relato de acordo com a sua coerência interna, não com a cronologia dos fatos;
E as lacunas do diário? O que fazer? Discutir durante os Fóruns Temáticosda disciplina junto ao seu professor e colegas;
É uma oportunidade para refletir a vivencia profissional e pessoal adquiridas no estágio. [3: JOAZEIRO, Edna Maria Goulart. Estágio Supervisionado: Experiência e Conhecimento. Santo André: ESETec, 202, p.13. ]
Para você observar, refletir e analisar no seu campo de estágio... Em seu campo de estágio, quais as concepções existentes sobre o significado da escola e das suas funções básicas. É possível, então, delinear os princípios utilizados na prática de gestão a partir dessas concepções? É importante observar o que professores, funcionários e alunos têm a dizer sobre “para que serve a escola”. Leve essas impressões para o seu caderno de campo.

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