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Estácio EAD Língua Portuguesa Resumo Aula 08

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Ordem direta como estratégia de clareza
Como vimos, usar a ordem direta é um ótimo recurso para tornar o texto claro e compreensível.
SUJEITO (S) + VERBO (V) + OBJETO (O)
Leia um trecho de uma reportagem:
Amor eterno pelo colesterol
Durante décadas, alimentos como o ovo foram tratados ora como vilões, ora como mocinhos. 
Pesquisas recentes põem fim a essa gangorra – a mais conhecida (e condenada) das gorduras não 
faz mal quando é levada ao organismo por meio da alimentação.
Já não é o caso, tomando emprestado o mais conhecido verso do Soneto de Fidelidade, de Vinícius de 
Moraes, de um amor que seja infinito enquanto dure, posto que é chama. Em relação ao ovo, o amor 
agora é eterno, incondicional, irrecorrível.
O consumo do mais eclético dos alimentos de origem animal, abundante em colesterol – a mais 
conhecida e condenada das gorduras –, acaba de ser definitivamente liberado pela ciência da 
nutrição. [...]
Fonte: LOPES, A. D. Amor eterno pelo colesterol. Revista Veja online. Saúde. Publicação: 22 maio 2015. Disponível em: 
<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/amor-eterno-pelo-colesterol>.Acesso em: 8 jul. 2015.
Você percebeu como o texto está bem escrito e transmite as ideias a que se propõe?
Considerando os padrões de escrita, seus parágrafos se mantêm, de forma geral, na ordem direta –
à exceção dos adjuntos adverbiais deslocados “Durante décadas” e “em relação ao ovo”.
Mas por que usar essa estratégia é tão importante? Vejamos...
Ordem indireta ou inversa
Sautchuk (2011, p. 21) afirma que:
“Se você estiver lendo uma frase que comece por qualquer termo que não seja sujeito, repare como 
você vai lendo, lendo e fica à espera de que algo na frase apareça para funcionar como o tal sujeito, 
isto é, para funcionar como o ponto de apoio”.
Isso acontece mesmo, não é verdade? Para ilustrar, a autora apresenta os seguintes exemplos:
Aula 08
sexta-feira, 23 de março de 2018 17:11
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Veja, a seguir, mais exemplos da ordem inversa na escrita.
Quando invertemos a ordem das sentenças em um texto, mudamos o foco de quem nos ouve. Isso 
aconteceu na reportagem que analisamos anteriormente. Veja:
Amor eterno pelo colesterol
Durante décadas, alimentos como o ovo foram tratados ora como vilões, ora como mocinhos. 
Pesquisas recentes põem fim a essa gangorra – a mais conhecida (e condenada) das gorduras não 
faz mal quando é levada ao organismo por meio da alimentação.
Vamos retomar a primeira frase da notícia:
1. “Durante décadas, alimentos como o ovo foram tratados ora como vilões, ora como mocinhos.” 
(ORDEM INDIRETA)
2. “Alimentos como o ovo foram tratados ora como vilões, ora como mocinhos, durante décadas.” 
(ORDEM DIRETA)
No primeiro caso, o foco é o tempo. Por isso, o complemento – o objeto direto – aparece destacado, 
o que muda a forma como interpretamos a frase.
Já no segundo caso, quando realizamos a inversão da ordem da frase original, o foco passa a ser o 
tratamento dado ao alimento. Usar a ordem direta expressa a ideia central da frase, a parte principal 
do sentido que queremos dar ao que afirmamos.
Já não é o caso, tomando emprestado o mais conhecido verso do Soneto de Fidelidade, de Vinícius de 
Moraes, de um amor que seja infinito enquanto dure, posto que é chama. Em relação ao ovo, o amor 
agora é eterno, incondicional, irrecorrível.
Agora, vamos retomar o segundo parágrafo da reportagem:
“Já não é o caso, tomando emprestado o mais conhecido verso do Soneto de Fidelidade, de Vinícius 
de Moraes, de um amor que seja infinito enquanto dure, posto que é chama .”
Aqui, as ideias principais estão expressas em negrito, e as acessórias aparecem em itálico e entre 
vírgulas.
Leia, agora, o trecho de outra reportagem:
Bolos caseiros (de ouro?) podem render até R$ 80 mil por mês
Responsáveis por propiciar boas sensações de nostalgia das tardes na casa da vovó, os bolos caseiros 
são encontrados cada vez com mais frequência nas ruas de São Paulo. Com receitas simples, eles se 
tornaram febre não só entre os consumidores, mas também entre empresários que desejam abrir 
uma franquia. O investimento inicial pode variar de R$ 100 mil a R$ 250 mil, e o faturamento mensal, 
de R$ 35 mil a R$ 80 mil. [...]
Fonte: TERRA – Notícias, esportes, coberturas ao vivo, diversão e estilo de vida. Publicação: 22 maio 2015. Acesso em: 8 jul. 2015.
Você percebeu que as duas quebras na ordem direta foram intencionais? Nos dois casos, o foco 
recai nos aspectos positivos de nostalgia e praticidade.
Antes de continuarmos nosso estudo, vamos fazer, a seguir, um exercício.
Ideias acessórias ou suplementares
Já sabemos a ordem preferencial de uma sentença. Mas será que devemos nos prender a ela? Como 
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Já sabemos a ordem preferencial de uma sentença. Mas será que devemos nos prender a ela? Como 
podemos ampliar nosso texto?
Analise, a seguir, uma crônica de Rubem Braga:
A tartaruga
Moradores de Copacabana, comprai vossos peixes na Peixaria Bolívar, Rua Bolívar, 70, de 
propriedade do Sr. Francisco Mandarino. Porque eis que ele é um homem de bem.
O caso foi que lhe mandaram uma tartaruga de cerca de cento e cinquenta quilos, dois metros e 
(dizem) duzentos anos, a qual ele expôs em sua peixaria durante três dias e não quis vender; e 
levou até a praia, e a soltou no mar.
Havia um poeta dormindo dentro do comerciante, e ele reverenciou a vida e a liberdade na imagem 
de uma tartaruga. [...]
Disponível em: <http://contobrasileiro.com.br/?p=2155>. Acesso em: 9 jul. 2015.
Como você pôde observar, o segundo parágrafo apresentou algumas informações que, ao serem 
suprimidas no primeiro, prejudicaram o efeito que o autor quis provocar.
Diante dessa constatação, concluímos:
Quebrar o padrão frasal com ideias suplementares pode ser muito importante
para que o autor expresse EXATAMENTE o que deseja.
Sautchuk (2011, p. 26) nos apresenta quatro posições possíveis a serem ocupadas por uma ideia 
acessória. São elas:
Ordem e significado
Vamos analisar, a partir de agora, alguns exemplos de como a ordem das sentenças pode influenciar 
o significado do texto como um todo:
Exemplo 1:
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Você percebeu que o foco está na maior velocidade de navegação proposta pela empresa em 
questão?
Exemplo 2:
Já aqui, o foco está na marca: os benefícios virão depois como consequência de seu uso.
Ordem indireta como recurso de escrita
Diante de tudo o que estudamos até o momento, será sempre um problema usar a ordem indireta?
Se você acha que não, ACERTOU!
Em um texto literário, por exemplo, essa ordem inversa pode ilustrar um estilo do autor, como no 
Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes:
Ordem: substantivo x adjetivo
Como vimos, na Língua Portuguesa, é comum usarmos a ordem direta de colocação. Nesse caso, o 
sujeito antecede o verbo e o verbo antecede os complementos.
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sujeito antecede o verbo e o verbo antecede os complementos.
Seguindo esse raciocínio, o substantivo costuma aparecer antes do adjetivo, certo? O adjetivo é 
aquele que é colocado de lado, subordinado. Mas isso não significa que NUNCA poderemos mudar 
essa ordem. Se o fizermos, o sentido da sentença é que será alterado.
Exemplo 1:•
1. Ela tem cabelos negros.
2. Ela tem negros cabelos.
No segundo caso, ao antepor o adjetivo “negros” ao substantivo “cabelos”, a cor se torna mais 
importante que o cabelo em si. Isso acontece por uma questão de processamento: nosso foco recai 
sobre aquilo que ouvimos primeiro.
Embora essa anteposição seja um recurso de estilo, como vimos na aula 7, há uma série de 
estruturas que, em função dela, perdem a força expressiva e se tornam clichês, como é o caso de 
“um grave acidente”, “uma vã esperança” etc.
Exemplo 2:•
O que você pensariase alguém dissesse:
Nosso velho amigo ainda mora naquela casa da esquina.
O uso do adjetivo “velho” indica idade ou afeto? Nesse caso, como a qualidade antecede o nome, 
prevalece a ideia de afeto, o que demonstra certa intenção na sentença.
Exemplo 3:•
Uma curiosidade em relação à ordem diz respeito aos pronomes indefinidos que se antepõem aos 
substantivos. Quando pospostos, eles podem perder o significado original.
Exemplos
Certo dia ≠ Dia certo
Todo dia ≠ Dia todo
Já os pronomes possessivos que se colocam após os substantivos criam belos efeitos expressivos.
Exemplo: Quando a luz dos olhos meus [...] (Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
O problema da ambiguidade
A partir deste momento, começaremos a conversar sobre ambiguidade. Para isso, vamos analisar a 
seguinte manchete de uma notícia:
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Que significados podemos atribuir a essa chamada?
Há duas leituras possíveis, quais sejam:
1. O homem praticou o atentado junto com a criança;
2. O homem salvou a criança durante o atentado.
Mas só conseguimos esclarecer o real significado dessa frase quando lemos a matéria completa: 
Atentado suicida mata mais de 30 e fere 100 no Afeganistão, diz governo.
Com base na leitura do conteúdo da notícia, fica claro que a interpretação 2 faz mais sentido.
Conheça, a seguir, os tipos de ambiguidade.
Causas da ambiguidade
Vamos conhecer, agora, algumas causas da ambiguidade?
Carneiro (2001 apud MONNERAT, 2004) apresenta algumas possíveis causas da ambiguidade 
estrutural, quais sejam:
A difícil distinção entre agente e pacientea.
Exemplo: A demissão do ministro causou impacto.
O mau uso da coordenaçãob.
Exemplo: Pedro e Maria vão desquitar-se.
A má colocação de palavrasc.
Exemplo: A professora deixou a turma entusiasmada.
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Exemplo: A professora deixou a turma entusiasmada.
O mau uso de pronomes relativos, geralmente com dois antecedentes expressosd.
Exemplo: Encontrei a menina e o primo de que lhe falei.
A não distinção entre pronome relativo e conjunção integrantee.
Exemplo: O jogador falou com a secretária que mora perto daqui.
A indefinição de complementosf.
Exemplo: O pai quer o casamento logo, mas a filha não quer.
O mau uso das formas nominaisg.
Exemplo: O advogado encontrou o réu entrando no tribunal.
O mau uso dos possessivosh.
Exemplo: Elas viram sua casa.
Usos da língua
Para finalizar esta aula, listamos, aqui, alguns termos da Língua Portuguesa que, quando usados de 
forma inadequada, podem comprometer seu texto. São eles:
ALTERNATIVA
A palavra “alternativa” é formada pelo seguinte elemento: alter = “outro”.
Por essa razão, a expressão “outra alternativa” não é coerente. O correto é:
Eu não tenho alternativa.
EVENTUAL x POSSÍVEL
“Eventualmente” = o que acontece de vez em quando
“Possivelmente” = o que pode ou deve acontecer
Exemplos
Sairemos cedo hoje eventualmente. (= isso não é comum)
Sairemos cedo hoje possivelmente. (isso pode acontecer)
INDEPENDENTE x INDEPENDENTEMENTE
“Independente” = adjetivo
“Independentemente” = advérbio
Exemplos
O Brasil é um país independente.
Sairemos cedo, independentemente de ele ter chegado.
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