Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE REDENTOR GRADUAÇÃO ENGENHARIA MECÂNICA ANTONIO CARDOSO NETO ARTHUR DE OLIVEIRA PEREIRA GOUVEIA ANÁLISE DE FALHA E REDIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA METÁLICA DO CENTRO POLIESPORTIVO DA CIDADE DE BARÃO DO MONTE ALTO - MG Itaperuna 2016 ANTONIO CARDOSO NETO ARTHUR DE OLIVEIRA PEREIRA GOUVEIA ANÁLISE DE FALHA E REDIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA METÁLICA DO CENTRO POLIESPORTIVO DA CIDADE DE BARÃO DO MONTE ALTO - MG Projeto de graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Faculdade Redentor como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: M.Sc Victor Barbosa de Souza Itaperuna 2016 Dedicamos esta, como todas as demais conquistas, a todos aqueles que de alguma forma estão perto de nós, fazendo nossas vidas valerem mais a pena! AGRADECIMENTOS Antes de mais nada, gostaria de agradecer a Deus pela oportunidade e por sempre me dar forças para continuar seguindo em frente. É um sonho que está sendo realizado. Gostaria de agradecer meu Pai Vanderlei e minha Mãe Eliene, que não mediram esforços para a realização desse sonho e sempre me deram forças para continuar e me ensinaram a ser um homem de verdade, aos meus irmãos Júnior e Marcos, todos os meus familiares e amigos, que de uma maneira ou de outra contribuíram para que eu pudesse chegar onde cheguei, gostaria de agradecer minha namorada Clarissa, por toda dedicação e paciência em todo esse tempo de faculdade. Gostaria de agradecer a todos os professores que passaram pela minha estrutura curricular, principalmente o meu Orientador Victor, que, mesmo sendo um grande amigo, não deixou de me cobrar em momento algum para o sucesso desse nosso trabalho. Ao meu amigo e dupla neste trabalho Arthur e a todos os outros membros da banca. Antonio Cardoso Neto Agradeço a Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética aqui presentes. Ao meu orientador Victor, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. Ao meu colega de curso e dupla neste presente trabalho Antônio que ao longo desta trajetória sempre esteve presente e me auxiliando no que possível. A minha mãe e minha namorada, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. Arthur de Oliveira Pereira Gouveia “Para frente e para o alto, eu nunca posso parar. ” (Tião Carreiro) RESUMO As estruturas metálicas, de modo geral, são empregadas para satisfazer uma série de fatores importantes para a engenharia como, rápida montagem, máximo aproveitamento da área útil, reciclagem dos elementos empregados na estrutura, menor peso próprio e economia nas fundações. O objetivo deste trabalho é analisar a falha e fazer o redimensionamento da estrutura metálica do centro poliesportivo da cidade de Barão do Monte Alto – MG, sabendo-se que a estrutura veio a falhar de forma inesperada. Com os resultados obtidos na análise Metalográfica e análise de MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura), pode-se afirmar a causa da falha. A falha pode ocorrer por intermédio de ações naturais, falha na execução do projeto ou erro no material. Após apurar a causa da falha, realizou-se uma verificação do dimensionamento de toda a obra, para apurar se houve algum erro no dimensionamento dos elementos que compõem a estrutura. Para o redimensionamento do projeto foram usadas as normas NBR 8800: 2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios para o dimensionamento dos componentes da estrutura e a NBR 6123: 1987 - Forças devidas ao vento em edificações para a determinação da carga do vento. Durante o projeto será realizado o dimensionamento de treliça, viga, ligações soldadas, pilares, chumbadores e placas base. Retirou-se amostras em campo para confeccionar os corpos de prova utilizados para os ensaios de tração e dureza, além das amostras para realizar o ensaio metalográfico e o MEV. Conferiu-se as dimensões dos perfis, a fim de compará-las com as dimensões previstas em projeto. Verificou-se, com os ensaios de tração e dureza, que o material utilizado foi o aço ASTM A36, como previsto em projeto. Nas amostras que foram retiradas para análise metalográfica observou-se a formação de martensita e nas amostras que foram submetidas à microscopia eletrônica de varredura (MEV), puderam ser observadas marcas de praia. Pôde-se concluir que vários fatores contribuíram para a falha mecânica da estrutura metálica devido a erros de execução e projeto. ABSTRACT The metallic structures generally are employed to satisfy a number of important factors for engineering itself, as, fast assembly, maximum utilization of floor space, recycling of elements used in the structure, lower own weight and savings in the foundations. The objective of this work is to make failure analysis and sizing of the metal structure of the multi-sport center Barão do Monte Alto - MG, knowing that the structure came to fail unexpectedly. With the results obtained in Metallographic analysis and SEM analysis (Scanning Electron Microscope), it can be said the cause of the failure. Failure can occur through natural actions, failure to execute the project or error in the material. After determining the cause of failure, carried out a check of the design of all the work, to determine whether there were any errors in the design of the elements that make up the structure. For the project resizing will use the NBR 8800: 2008 standards - design of steel and composite structures of steel and concrete structures of buildings for the design of the structural components and the NBR 6123: 1987 - Forces due to wind on buildings to determining the wind load. During the project there will be the design of truss, beam, welded connections, pillars, anchor bolts and base plates. He retired in field samples for making the samples used for tensile and hardness testing, in addition to the samples to perform metallographic test and SEM. Given the dimensions of the profiles in order to compare them with the dimensions provided in the project. It was found with the tensile and hardness testing, the material used was ASTM A36, as provided for in the project. She has performed on the samples underwent analysis metallographic formation of martensite and the samples that underwent SEM, it showed up beach tags. It was finally sizing the third error, and lack amounts throughout the structure. It can be concluded that several factors contribute to the mechanical failure of the metal structure. There was running and design errors.LISTA DE FIGURAS Figura 1: Local da reconstrução do centro poliesportivo ............................................. 22 Figura 2: Edifício Garagem América (16 andares) em São Paulo ............................... 28 Figura 3: Edifício Avenida Central (34 andares) no Rio de Janeiro em 1961 .............. 28 Figura 4: Edifício Central da CSN (17 andares) em Volta Redonda/RJ ...................... 29 Figura 5: Esquema de funcionamento do alto-forno ................................................... 30 Figura 6: Principais tipos de produtos siderúrgicos laminados ................................... 32 Figura 7: Processo de laminação e esquema dos laminadores ................................. 33 Figura 8: Tipos de hastes em função da sua predominante solicitação ..................... 36 Figura 9: Alguns tipos de sistemas planos ................................................................. 37 Figura 10: Processo de soldagem por eletrodo manual revestido .............................. 40 Figura 11: Exemplo de solda por eletrodo revestido, com porosidade ........................ 41 Figura 12: Esquema bidimensional, onde cristais diferentes se encontram ................ 42 Figura 13: Superfície mal polida ................................................................................ 43 Figura 14: Superfície bem polida e sem ataque ......................................................... 44 Figura 15: Macrografia de um aro de roda de bonde, restaurado por solda ................ 44 Figura 16: Análise de MEV feita em uma peça de máquina de estampagem .............. 45 Figura 17: Corpos de prova utilizados para ensaio de tração ...................................... 46 Figura 18: Gráfico tensão X deformação ..................................................................... 50 Figura 19: Determinação de E para materiais com pequena zona elástica ................. 51 Figura 20: Limite de Johnson ..................................................................................... 52 Figura 21: Limite de Johnson ...................................................................................... 53 Figura 22: Limite de Johnson ...................................................................................... 53 Figura 23: Limite de Johnson ...................................................................................... 54 Figura 24: Limite de Johnson ...................................................................................... 54 Figura 25: Limite de Escoamento................................................................................ 55 Figura 26: Comportamento típico da curva tensão-deformação de engenharia .......... 56 Figura 27: Deformação ............................................................................................... 57 Figura 28: Aumento do encruamento pelo escoamento .............................................. 57 Figura 29: Energia para romper - módulo de tenacidade (a) material dúctil, (b) material frágil ............................................................................................................................ 59 Figura 30: Comparação entre resiliência e tenacidade de dois aços ........................... 59 Figura 31: Representação esquemática do comportamento tensão-deformação ........ 60 Figura 32: Fluxograma de Análise de Falha ............................................................... 61 Figura 33: Torno mecânico onde realizou-se o processo de Usinagem ...................... 62 Figura 34: Máquina para ensaio de tração da Faculdade Redentor ........................... 62 Figura 35: Componentes básicos de uma máquina de ensaio universal .................... 62 Figura 36: Máquina de ensaio de Dureza da Faculdade Redentor ............................. 65 Figura 37: Distribuição de cortes ............................................................................... 67 Figura 38: Máquina utilizada para realizar o corte das amostras ............................... 68 Figura 39: Máquina utilizada para realizar o lixamento das amostras ........................ 69 Figura 40: Microscópio PANTEC utilizado para observar a microestrutura das amostras ................................................................................................................................... 70 Figura 41: Pilar da estrutura falhada onde foi retirado o material para a análise de MEV ................................................................................................................................... 71 Figura 42: Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), Shimadzu, modelo SSX-550, LAMAV/UENF ............................................................................................................. 71 Figura 43: Mapa brasileiro com as velocidades características de cada região do país ................................................................................................................................... 74 Figura 44: Fatores topográficos S1 ............................................................................. 75 Figura 45: Filete de solda, seção real e teórica .......................................................... 99 Figura 46: Dimensões do filete de solda .................................................................. 100 Figura 47: Cálculo de placa base com carga centrada ............................................. 102 Figura 48: Cargas nos chumbadores ....................................................................... 104 Figura 49: Dimensões da sapata ............................................................................. 107 Figura 50: Ângulo da biela diagonal ......................................................................... 109 Figura 51: Vista da sapata em corte ........................................................................ 109 Figura 52: Corpo de prova após o ensaio de tração ................................................. 112 Figura 53: Gráfico obtido no ensaio de tração .......................................................... 112 Figura 54: Gráfico obtido no ensaio de tração com os valores calculados. ............... 116 Figura 55: Gráfico do resultado do ensaio de dureza. ............................................... 117 Figura 56: Amostra 1, zona de corte na solda 100X ................................................ 119 Figura 57: Amostra 1, zona de corte na solda 200X ................................................. 119 Figura 58: Amostra 1, zona de corte na solda 400X ................................................. 119 Figura 59: Amostra 1, zona de corte na solda 600X ................................................. 120 Figura 60: Amostra 1, zona de corte na solda 1000X................................................ 120 Figura 61: Amostra 2, zona de corte próxima a solda 100X ..................................... 121 Figura 62: Amostra 2, zona de corte próxima a solda 200X ...................................... 121 Figura 63: Amostra 2, zona de corte próxima a solda 400X ...................................... 121 Figura 64: Amostra 2, zona de corte próxima a solda 600X ...................................... 122 Figura 65: Amostra 2, zona de corte próxima a solda 1000X .................................... 122 Figura 66: Amostra 3, zona intermediaria 100X ....................................................... 123 Figura 67: Amostra 3, zona intermediaria 200X ........................................................ 123 Figura 68: Amostra 3, zona intermediaria 400X ........................................................ 123 Figura 69: Amostra 3, zona intermediaria 600X ........................................................124 Figura 70: Amostra 3, zona intermediaria 1000X ...................................................... 124 Figura 71: Amostra 4, zona inalterada 100X ............................................................. 125 Figura 72: Amostra 4, zona inalterada 200X ............................................................. 125 Figura 73: Amostra 4, zona inalterada 400X ............................................................. 125 Figura 74: Amostra 4, zona inalterada 600X ............................................................. 126 Figura 75: Amostra 4, zona inalterada 1000X ........................................................... 126 Figura 76: Amostra 1 com aumento de 17x ............................................................. 127 Figura 77: Amostra 1 com aumento de 40x ............................................................. 127 Figura 78: Amostra 1 com aumento de 100x ........................................................... 127 Figura 79: Amostra 2 com aumento de 17x .............................................................. 128 Figura 80: Amostra 2 com aumento de 40x .............................................................. 128 Figura 81: Amostra 2 com aumento de 100x ........................................................... 129 Figura 82: Amostra 3 com aumento de 17x ............................................................. 129 Figura 83: Amostra 3 com aumento de 40x ............................................................. 130 Figura 84: Amostra 3 com aumento de 100x ........................................................... 130 Figura 85: Amostra 4 com aumento de 17x ............................................................. 131 Figura 86: Amostra 4 com aumento de 40x ............................................................. 131 Figura 87: Amostra 4 com aumento de 100x ........................................................... 132 Figura 88: Mapa da velocidade básica dos ventos ................................................... 133 Figura 89: Coeficiente de pressão e formas das paredes ......................................... 135 Figura 90: Coeficiente de pressão e forma externos do telhado ............................... 136 Figura 91: Carregamentos Resultantes .................................................................... 136 Figura 92: Carregamentos Resultantes .................................................................... 137 Figura 93: Características geométricas da telha trapezoidal 40 ............................... 137 Figura 94: Carregamento para combinações PPy + V .............................................. 140 Figura 95: Diagrama de momento fletor para combinações PPy + V ........................ 140 Figura 96: Diagrama de esforço cortante para as combinações PPy + V ................. 140 Figura 97: Carregamento para combinação PPx + SCx ............................................ 141 Figura 98: Diagrama de momento fletor para combinações PPx + SCx .................... 141 Figura 99: Diagrama de esforço cortante para combinações PPx + SCx .................. 141 Figura 100: Perfil U enrijecido .................................................................................. 142 Figura 101: Carregamento para combinações PPy + V ............................................ 149 Figura 102: Diagrama de momento fletor para combinações PPy + V ...................... 149 Figura 103: Diagrama de esforço cortante para as combinações PPy + V ............... 150 Figura 104: Carregamento para combinação PPx + SCx .......................................... 150 Figura 105: Diagrama de momento fletor para combinações PPx + SCx .................. 150 Figura 106: Diagrama de esforço cortante para combinações PPx + SCx ................ 150 Figura 107: Perfil U enrijecido .................................................................................. 151 Figura 108: Perfil U laminado ................................................................................... 158 Figura 109: Carregamento para a combinação PP + SC ......................................... 159 Figura 110: Diagrama de esforço cortante para combinação PP + SC .................... 159 Figura 111: Diagrama de momento fletor para a combinação PP + SC ................... 160 Figura 112: Diagrama para a combinação PP + V ................................................... 160 Figura 113: Diagrama de esforço cortante para a combinação PP + V .................... 160 Figura 114: Diagrama de momento fletor para a combinação PP + V ...................... 161 Figura 115: Perfil U simples de chapa dobrada ........................................................ 164 Figura 116: Esforços solicitantes da tesoura ............................................................ 165 Figura 117: Perfil U simples de chapa dobrada ........................................................ 168 Figura 118: Perfil I Laminado .................................................................................... 171 Figura 119: Pórtico da estrutura antiga .................................................................... 179 Figura 120: Foto de campo do pórtico da estrutura antiga ....................................... 180 Figura 121: Pórtico da estrutura nova ...................................................................... 180 Figura 122: Gráfico de Orçamento ........................................................................... 185 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Desproporcionalidade entre módulo elasticidade e temperatura ................ 51 Tabela 2: Coeficientes para conversão de HR para HB ............................................. 66 Tabela 3: Certificado de matéria prima do aço ASTM A36 .......................................... 66 Tabela 4: Fator S1 ..................................................................................................... 75 Tabela 5: Categorias de classificação da rugosidade ................................................ 76 Tabela 6: Classes das dimensões da edificação ........................................................ 76 Tabela 7: Categoria de rugosidade do terreno ............................................................ 77 Tabela 8: Fatores Probabilísticos ............................................................................... 77 Tabela 9: Coeficiente de Pressão e de Forma, externos, para paredes edificações retangulares ................................................................................................................ 79 Tabela 10: Coeficiente de Pressão e forma, externos, para telhados de edificações retangulares ................................................................................................................ 80 Tabela 11: Coeficiente de Ponderação para ações variáveis e permanentes ............. 81 Tabela 12: Fatores de combinação ψ ........................................................................ 81 Tabela 13: Valores máximos da relação largura-espessura ....................................... 82 Tabela 14: Coeficiente de Flambagem por flexão de elementos isolados .................. 96 Tabela 15: Valores de (b/t)lim .................................................................................... 97 Tabela 16: Dimensões mínimas de filetes de solda ................................................... 99 Tabela 17: Dimensão mínima da garganta de solda ................................................ 100 Tabela 18: Resistência do Eletrodo (fw) ................................................................... 101 Tabela19: Limites de escoamento e ruptura para aços ........................................... 103 Tabela 20: Distância mínima chumbadores e chumbadores/extremidade ................ 105 Tabela 21: Comprimento de arrancamento dos chumbadores em mm .................... 106 Tabela 22: Resultados obtidos .................................................................................. 115 Tabela 23: Resultados do ensaio de dureza ............................................................ 116 Tabela 24: Perfis da estrutura desabada. Os perfis estão descritos pelo tamanho da bitola e peso próprio respectivamente ...................................................................... 133 Tabela 25: Tabela de fator de rugosidade S2 ........................................................... 134 Tabela 26: Fator Estatístico S3 ................................................................................. 134 Tabela 27: Catálogo de telhas ................................................................................. 137 Tabela 28: Resultado dos esforços solicitantes ....................................................... 141 Tabela 29: Resultado dos esforços solicitantes ....................................................... 151 Tabela 30: Espessura da chapa x Filete de solda .................................................... 173 Tabela 31: Comparativo da estrutura desabada com a estrutura nova .................... 179 LISTA DE SÍMBOLOS 𝑓𝑦 - Limite de escoamento do aço 𝑓𝑢 - Limite de ruptura do aço σn - Limite de escoamento So − Área inicial da seção transversal do corpo de prova σr - Limite de resistência Qn − Carga máxima atingida durante o ensaio A − Alongamento total Lf − Comprimento útil final do corpo de prova Lo − Comprimento útil inicial do corpo de prova φ − Estricção total na área útil do corpo de prova Sf − Área útil depois da ruptura UT − Tenacidade σe − Limite de escoamento εf − Deformação final θ − Grau e deformação ln − Função matemática (logaritmo Neperiano) HC - Escala de dureza Rockwell C HB – Escala de dureza Rockwell B 𝑆1 – Fator Topográfico 𝑆2 – Fator de Rugosidade 𝑆3 – Fator Probabilístico 𝑉𝑘 – Velocidade característica dos ventos 𝑉0 – Velocidade Inicial q – Pressão dinâmica dos ventos 𝐶𝑝𝑖 – Coeficiente de pressão interna 𝐶𝑝𝑒 – Coeficiente de pressão externa 𝐹𝐺𝑖,𝑘 - Valores característicos das ações permanentes 𝐹𝑄1,𝑘 - Valor característico da ação variável considerada principal para combinação 𝐹𝑄𝑗,𝑘 - Valores característicos das ações variáveis que podem atuar simultaneamente com a ação principal 𝛾 - Coeficiente de ponderação da resistência ou das ações 𝜓 - fator de combinação de ações b - Comprimento t - Espessura MSd - Momento fletor solicitante de cálculo MRd - Momento fletor resistente de cálculo Wef - Módulo e resistência elástica 𝛾 - Coeficiente de ponderação das resistências VSd - Esforço cortante solicitante de cálculo h - Largura da alma E - Módulo de elasticidade VRd - Força cortante resistente de cálculo Wx - Módulo de resistência elástico mínimo da seção transversal em relação ao eixo de flexão 𝛾al - Coeficiente de segurança do material bf - Largura da mesa comprimida tf - Espessura da mesa comprimida Zx - Módulo de resistência plástico Zy - Módulo de resistência plástico 𝑊𝑒𝑓,𝑦 - Módulo de resistência mínimo elástico, relativo ao eixo de flexão Aw - Área efetiva ao cisalhamento Sy - Momento estático, em relação ao eixo Y Iy - Momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo Y Sx - Momento estático, em relação ao eixo X Ix - Momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo X TSd - Momento de torção solicitante de cálculo J - Constante de torção da seção transversal X - Fator de redução total associada à resistência à compressão 𝜐 - Constante de Poison K - Parâmetro de flambagem r - raio de giração 𝑁𝑐,𝑠𝑑 - Força axial de compressão solicitante de cálculo Q - Fator de redução total associado à flambagem local Ag - Área bruta da seção transversal da barra 𝜆0 - índice de esbeltez 𝑁𝑡,𝑆𝑑 - Força axial de tração solicitante de cálculo 𝑁𝑐,𝑠𝑑 - Força axial de compressão solicitante de cálculo fck - Resistencia do concreto do bloco de fundação fcu - Tensão atuante no concreto Nut - Carga axial de tração Anec - Área necessária dos chumbadores nt - Número de chumbadores tracionados nc - Número de chumbadores cisalhados dc - Diâmetro do chumbador Tu - Carga axial fatorada Hu - Carga Horizontal fatorada 𝜎s - Tensão admissível do solo Pp - Peso próprio da sapata 𝐶𝑡 - coeficiente de redução da área liquida 𝐴𝑛 - área liquida da barra SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................................... 6 ABSTRACT ................................................................................................................. 7 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 22 1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 23 1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 23 1.2.1 Objetivos Gerais ....................................................................................... 23 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 23 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 25 2.1 A UTILIZAÇÃO DO AÇO NAS CONSTRUÇÕES ............................................. 25 2.2 USO DE ESTRUTURAS DE AÇO NO MUNDO ................................................ 25 2.2.1 A escola de Chicago (1880-1910) ............................................................. 25 2.2.2 França, Bélgica e Suíça (1890-1930) ........................................................ 26 2.2.3 Alemanha (1910-1930) .............................................................................. 26 2.2.4 Os arranha-Céus nos Estados Unidos (1890-1930) ................................ 27 2.3 O USO DE ESTRUTURAS DE AÇO NO BRASIL............................................. 27 2.4 PRODUÇÃO DO AÇO ...................................................................................... 29 2.5 AÇOS ESTRUTURAIS ...................................................................................... 30 2.6 PRODUTOS SIDERÚRGICOS .......................................................................... 32 2.7 LAMINAÇÃO .................................................................................................... 33 2.8 PERFIS EM AÇO .............................................................................................. 33 2.9 SISTEMAS ESTRUTURAIS EM AÇO ............................................................... 35 2.9.1 Elementos Estruturais .............................................................................. 35 2.9.2 Sistemas planos e Elementos Lineares .................................................. 36 2.10 LIGAÇÕES...................................................................................................... 37 2.10.1 Tipos de Ligações ................................................................................... 37 2.11 LIGAÇÕES SOLDADAS................................................................................. 38 2.11.1 Tipos de Soldagem ................................................................................. 39 2.11.2 ZTA (Zona Termicamente Afetada) ........................................................ 39 2.12 PROCESSOS DE SOLDAGEM ...................................................................... 40 2.12.1 Eletrodo Revestido ................................................................................. 40 2.13 ANÁLISE DE FALHA ...................................................................................... 41 2.13.1 Análise Metalográfica ............................................................................. 42 2.13.2 Análise de MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura) ...................... 45 2.13.3 Ensaios Mecânicos ................................................................................. 45 2.13.4 Ensaio de Tração .................................................................................... 46 2.13.5 Ensaio de Dureza .................................................................................... 48 2.13.6 Propriedades Mecânicas ........................................................................ 48 2.13.7 Tensão ..................................................................................................... 49 2.13.8 Deformação ............................................................................................. 49 2.13.9 Tensão X Deformação ............................................................................ 49 2.13.10 Módulo de Elasticidade ........................................................................ 50 2.13.11 Limites Elásticos e de Proporcionalidade ........................................... 51 2.13.12 Elasticidade e Plasticidade .................................................................. 54 2.13.13 Limite de Escoamento .......................................................................... 55 2.13.14 Limite de Resistência a Tração ............................................................ 55 2.13.15 Resiliência ............................................................................................. 56 2.13.16 Coeficiente de Poisson ......................................................................... 56 2.13.17 Encruamento ......................................................................................... 57 2.13.18 Alongamento Uniforme ........................................................................ 58 2.13.19 Alongamento Total ............................................................................... 58 2.13.20 Estricção ............................................................................................... 58 2.13.21 Tensão de Ruptura ............................................................................... 58 2.13.22 Tenacidade ............................................................................................ 58 2.13.23 Ductilidade ............................................................................................ 59 2.14 NORMAS DE PROJETO ................................................................................. 60 3 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 61 3.1 ENSAIO DE TRAÇÃO ...................................................................................... 62 3.2 ENSAIO DE DUREZA ....................................................................................... 65 3.3 COMPOSIÇÃO DO MATERIAL ........................................................................ 66 3.4 METALOGRAFIA.............................................................................................. 66 3.4.1 Preparação para a Metalografia ............................................................... 67 3.4.2 Análise Metalográfica ............................................................................... 70 3.5 ANÁLISE DE MEV ............................................................................................ 70 3.5.1 Preparação das amostras para o MEV .................................................... 71 3.6 MÉTODOS DE CÁLCULO DA ESTRUTURA METÁLICA ................................ 72 3.6.1 Projeto de Estrutura Metálica e Normas ................................................. 72 3.6.2 Estados Limites ........................................................................................ 73 3.7 AÇÃO DO VENTO EM EDIFICAÇÕES ............................................................. 73 3.7.1 Velocidade Básica do Vento .................................................................... 73 3.7.2 Velocidade Característica do Vento ........................................................ 74 3.7.3 Pressão Dinâmica do Vento ..................................................................... 78 3.7.4 Coeficiente de Pressão e de Forma Interno ............................................ 78 3.7.5 Coeficiente de Pressão e de Forma Externo ........................................... 78 3.7.6 Coeficiente de Forma ............................................................................... 80 3.8 COMBINAÇÕES DE AÇÕES PARA ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS ............... 80 3.9 VERIFICAÇÃO DAS TERÇAS .......................................................................... 81 3.9.1 Valores Máximos de Relação Comprimento - Espessura ...................... 81 3.9.2 Resistência a Flexão no Eixo X ................................................................ 82 3.9.3 Resistência ao Esforço Cortante no Eixo Y ............................................ 83 3.9.4 Resistência ao Momento Fletor X e ao Esforço Cortante no eixo Y Combinados ....................................................................................................... 84 3.10 DIMENSIONAMENTO DOS BANZOS ............................................................ 84 3.10.1 Resistência a flexão no Eixo X ............................................................... 84 3.10.2 Resistência a Flexão no Eixo Y .............................................................. 86 3.10.3 Resistência ao Esforço Cortante no Eixo X .......................................... 88 3.10.4 Resistência ao Esforço Cortante no Eixo Y .......................................... 89 3.10.5 Resistência das Interações de Esforço Cortante e Momento Fletor ... 90 3.11 DIMENSIONAMENTO DAS TRELIÇAS .......................................................... 92 3.11.1 Limitação do Índice de Esbeltez ............................................................ 92 3.11.2 Resistência à Compressão .................................................................... 92 3.11.3 Resistência à Tração .............................................................................. 94 3.12 DIMENSIONAMENTO DOS PILARES ............................................................ 94 3.12.1 Limitação do Índice de Esbeltez ............................................................ 94 3.12.2 Resistência à Compressão .................................................................... 95 3.12.3 Flambagem Local das Barras Axialmente Comprimidas ..................... 97 3.13 DIMENSIONAMENTO DA SOLDA ................................................................. 98 3.13.1 Cálculo da Resistência da Solda ......................................................... 100 3.14 DIMENSIONAMENTO DA PLACA BASE ..................................................... 101 3.14.1 Placas Base Rotuladas ......................................................................... 101 3.14.2 Chumbadores ........................................................................................103 3.15 DIMENSIONAMENTO DA FUNDAÇÃO ....................................................... 106 3.16 DIMENSIONAMENTO DOS CONTRAVENTAMENTOS ............................... 110 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 112 4.1 ENSAIO DE TRAÇÃO .................................................................................... 112 4.1.1 Análise do Gráfico Tensão X Deformação ........................................... 112 4.1.2 Cálculo das Propriedades Mecânicas ................................................... 113 4.1.3 Limite de Escoamento ............................................................................ 113 4.1.4 Limite de Resistência a Tração .............................................................. 113 4.1.5 Alongamento Total ................................................................................. 114 4.1.6 Estricção ................................................................................................. 114 4.1.7 Tenacidade do Material .......................................................................... 114 4.1.8 Grau de Deformação do Material ........................................................... 115 4.2 ENSAIO DE DUREZA ..................................................................................... 116 4.3 ANÁLISE METALOGRÁFICA ........................................................................ 118 4.4 ANÁLISE DE MEV .......................................................................................... 126 4.5 DADOS INICIAIS PARA A VERIFICAÇÃO DE DIMENSIONAMENTO .......... 132 4.5.1 Cálculo da Velocidade Característica do Vento ................................... 133 4.5.2 Fator Topográfico S1 .............................................................................. 134 4.5.3 Fator de Rugosidade S2 ......................................................................... 134 4.5.4 Fator Estatístico S3 ................................................................................ 134 4.5.5 Velocidade Característica do Vento ...................................................... 135 4.5.6 Pressão Dinâmica do Vento ................................................................... 135 4.5.7 Coeficiente de Pressão Externa do Vento - PAREDES ........................ 135 4.5.8 Coeficiente de Pressão Externa do Vento - TELHADO ........................ 135 4.5.9 Coeficiente de Pressão Interno .............................................................. 136 4.5.10 Esforços Resultantes ........................................................................... 136 4.6 DIMENSIONAMENTO DAS TELHAS ............................................................. 137 4.6.1 Telhas de Cobertura ............................................................................... 138 4.7 REDIMENSIONAMENTO DAS TERÇAS ........................................................ 138 4.7.1 Terças de Cobertura ............................................................................... 138 4.7.2 Combinações .......................................................................................... 139 4.7.3 Esforços Solicitantes ............................................................................. 139 4.7.4 Verificação das Terças ........................................................................... 142 4.7.5 Verificação Quanto a Flexão no Eixo X ................................................. 143 4.7.6 Verificação Quanto a Flexão no Eixo Y ................................................. 144 4.7.7 Verificação de Cisalhamento em X ........................................................ 145 4.7.8 Verificação de Cisalhamento em Y ........................................................ 146 4.7.9 Momentos Máximos ................................................................................ 146 4.7.10 Verificação para os Estados Limites Últimos ..................................... 147 4.7.11 Terças de Cobertura ............................................................................. 148 4.7.12 Combinações ........................................................................................ 149 4.7.33 Esforços Solicitantes ........................................................................... 149 4.7.14 Verificação das Terças ......................................................................... 151 4.7.15 Verificação Quanto a Flexão no Eixo X ............................................... 152 4.7.16 Verificação Quanto a Flexão no Eixo Y ............................................... 153 4.7.17 Verificação de Cisalhamento em X ...................................................... 154 4.7.18 Verificação de Cisalhamento em Y ...................................................... 155 4.7.19 Momentos Máximos .............................................................................. 155 4.7.20 Verificação para os Estados Limites Últimos ..................................... 156 4.8 REDIMENSIONAMENTO DOS BANZOS ....................................................... 156 4.8.1 Carregamentos ....................................................................................... 157 4.8.2 Possíveis Combinações de Carregamento ........................................... 158 4.8.3 Esforços Solicitantes ............................................................................. 161 4.8.4 Verificação da Flexão ............................................................................. 162 4.8.5 Verificação de Cisalhamento ................................................................. 163 4.8.6 Momentos Máximos ................................................................................ 163 4.8.7 Verificação para os Estados Limites Últimos ....................................... 164 4.9 REDIMENSIONAMENTO DAS DIAGONAIS .................................................. 164 4.9.1 Verificação da Compressão ................................................................... 165 4.9.2 Verificação da Tração ............................................................................. 167 4.9.3 Verificação para os Estados Limites Últimos ....................................... 167 4.10 REDIMENSIONAMENTO DOS MONTANTES .............................................. 168 4.10.1 Verificação da Compressão ................................................................. 168 4.10.2 Verificação da Tração ........................................................................... 170 4.10.3 Verificação para os Estados Limites Últimos ..................................... 170 4.11 REDIMENSIONAMENTO DOS PILARES ..................................................... 171 4.11.1 Verificação da Compressão ................................................................. 171 4.12 REDIMENSIONAMENTO DA SOLDA .......................................................... 173 4.13 REDIMENSIONAMENTO DA PLACA BASE ................................................ 174 4.14 REDIMENSIONAMENTO DOS CHUMBADORES ........................................ 175 4.15 REDIMENSIONAMENTO DA FUNDAÇÃO ................................................... 175 4.16 REDIMENSIONAMENTO DO CONTRAVENTAMENTO DE COBERTURA . 177 4.16.1 Verificação da Tração ........................................................................... 178 4.17 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA ANTIGA COM A ESTRUTURA NOVA .. 178 4.18 ORÇAMENTO ............................................................................................... 180 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 187 6 RECOMENDAÇÕES .............................................................................................190 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 191 ANEXO I ................................................................................................................... 194 ANEXO II .................................................................................................................. 195 ANEXO III ................................................................................................................. 196 ANEXO IV ................................................................................................................ 197 ANEXO V ................................................................................................................. 198 ANEXO VI ................................................................................................................ 199 ANEXO VII ............................................................................................................... 200 22 1 INTRODUÇÃO As estruturas metálicas são constituídas por elementos metálicos, chapas e perfis, ligados entre si por parafusos e/ou por solda. As estruturas metálicas têm como vantagem: menor tempo de execução; maior facilidade de transporte e manuseio; maior confiabilidade; maior limpeza da obra; maior facilidade de montagem e desmontagem; maior facilidade de ampliação. (DREHMER, 2010) Centros poliesportivos, assim como edifícios industriais ou galpões, são geralmente constituídos por um só pavimento, pelo fato de precisarem do espaço central para prática de esportes, no caso dos centros poliesportivos, ou para melhor acessibilidade e aproveitamento de todo o espaço, no caso de galpões e são construídos com aço. Esses sistemas estruturais são compostos por pórticos regularmente espaçados e com cobertura apoiada em sistemas que podem ser compostos por tesouras e treliças ou terças e vigas. Este trabalho se propõe em realizar a análise de falha e redimensionamento da estrutura metálica do centro poliesportivo da cidade de Barão do Monte Alto – MG, tendo em vista que a população necessita da estrutura para a realização de atividades físicas, que ficaram comprometidas com a falha mecânica do projeto anterior. Na Figura 1, observa-se o local onde será reconstruída a estrutura. A área total é de 700m². Figura 1: Local da reconstrução do centro poliesportivo e dimensões para cálculos. Fonte: <https://maps.google.com.br/> 23 1.1 JUSTIFICATIVA Foi licitado a uma empresa a construção do Centro Poliesportivo, infelizmente essa estrutura veio a falhar e a Prefeitura Municipal de Barão de Monte Alto - MG entrou com uma ação judicial contra a empresa. Só através da engenharia investigativa foi possível saber se a estrutura veio a falhar por erro de projeto, de execução ou erro do material selecionado. Assim sendo, a Prefeitura Municipal de Barão de Monte Alto – MG solicitou o redimensionamento do projeto e a busca investigativa. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Analisar a falha que acarretou na queda do Centro Poliesportivo da cidade de Barão de Monte Alto - MG e verificar o redimensionamento da estrutura metálica. 1.2.2 Objetivos Específicos Coletar o material do local da falha estrutural Preparar o material para análise Realizar ensaio de tração Realizar ensaio de dureza Realizar ensaio metalográfico Realizar ensaio MEV Analisar metalograficamente o material Analisar as amostras a partir de MEV Verificar dimensionamento dos elementos estruturais Redimensionar terças Redimensionar banzos Redimensionar montantes Redimensionar diagonais 24 Redimensionar pilares Redimensionar ligações soldadas Redimensionar placa base Redimensionar chumbadores Redimensionar fundação Redimensionar contraventamento Comparar estrutura nova com a antiga Realizar orçamento da nova obra 25 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 A UTILIZAÇÃO DO AÇO NAS CONSTRUÇÕES Dados levantados revelam que a descoberta do ferro ocorreu em aproximadamente 6 mil anos a.C., na Babilônia, Egito e Índia. O ferro era, até então, considerado um metal nobre, usado em armas militares e raramente utilizado em construções. (BELLEI et al, 2008) No final do século XVIII, o ferro fundido foi dando espaço para a utilização do ferro forjado, que por sua vez oferecia maior segurança. Em meados do século XIX, a utilização passou a ser totalmente do ferro forjado. Entretanto, decorrente ao elevado número de acidentes nas primeiras obras, que variavam de pontes ferroviárias até treliças de ferro forjado, um estudo mais aprofundado das características dos materiais em questão foi inevitável. (PFEIL&PFEIL, 2011) O aço já era conhecido, mas, devido ao grande custo de fabricação e por falta de um processo industrial adequado, estava indisponível para a utilização em larga escala e fora da competitividade com o ferro fundido e forjado. (BELLEI et al, 2008) Em 1856, o inglês Henry Bessemer, inventou um forno com capacidade de produção do aço em grande escala. Os irmãos Martin criaram um outro tipo de forno, em 1864, com maior capacidade. A partir daí o aço, que já era conhecido desde a antiguidade, substituiu o ferro fundido e forjado nas construções. (PFEIL&PFEIL, 2011) 2.2 USO DE ESTRUTURAS EM AÇO NO MUNDO 2.2.1 A Escola de Chicago (1880-1910) Projetado em 1885 por Jenncy, o Home Insurance Building, apresentou o primeiro sistema de estruturas de aço moderna do século XIX. O peso das paredes foi transferido para um vigamento de ferro e colunas também de ferro, embutidas em alvenaria. (BELLEI et al, 2008) O Tacoma Building foi o primeiro edifício feito com ligações rebitadas, projetado por Holaird e Roche em 1884. O edifício de 14 andares teve como resultado a maior rigidez da estrutura, o que feito por parafusos comuns, dificilmente obteria tal resultado. (BELLEI et al, 2008) Na última década do século XIX, começaram a aparecer em Chicago estruturas 26 cujas principais características eram: janelas salientes, contraventamentos verticais e ligações rebitadas. Entretanto foi em 1885 que ocorreu o maior avanço tecnológico, as vigas de ferro forjado substituem as vigas laminadas de aço doce. Essa descoberta foi feita pela empresa americana Carnegie Steel Company, antecessora da United States Steel. (BELLEI et al, 2008) 2.2.2 França, Bélgica e Suíça (1890-1930) França e Bélgica foram os primeiros que desenvolveram as construções em aço em edifícios de vários andares, devido estes países terem na época melhores condições materiais e intelectuais. (BELLEI, et al, 2008) As coberturas em vidro e abóbadas da Galeria D’Oleans, no jardim das Plantas em Paris, foram as primeiras estruturas de cobertura em ferro forjado construídas, antes mesmo que as pontes em ferro fundido na Inglaterra. (BELLEI et al, 2008) Projetados por Victor Horta em Bruxelas, o Tassel em 1892 e a Casa do Povo em 1899, foram os principais projetos arquitetônicos feitos com estruturas de aço na França até o início da primeira grande guerra. Passada a guerra, o número de construções em aço teve uma elevada diminuição devido principalmente a falta de criatividade e dinheiro. (BELLEI et al, 2008) A transição do rebite para a solda e parafusos de alta resistência foi o grande progresso dessa época, este foi o grande progresso dos métodos de execução de ligações nas estruturas de aço. (BELLEI et al, 2008) 2.2.3 Alemanha (1910-1930)Na Alemanha as estruturas eram, predominantemente, feitas de concreto armado e alvenaria. Após o término da primeira grande guerra as construções em aço tiveram o seu progresso e ficaram marcadas pelos aspectos e novos conceitos empregados na época. (BELLEI et al, 2008) Após o fim da segunda grande guerra e com a construção do edifício de Berlim, o qual era totalmente fechado de vidro, a utilização desse tipo de estrutura estava 50 anos avançado em relação ao restante do mundo para época, e só mais tarde foi realizado o mesmo trabalho em outras cidades do mundo. (BELLEI et al, 2008) 27 2.2.4 Os Arranha-céus nos Estados Unidos (1890-1940) A construção de edifícios nos Estados Unidos foi o ápice para os grandes avanços nas estruturas de aço. Os projetos arquitetônicos exigiram um estudo avançado e exploração do aço, de modo que as estruturas fossem desenvolvidas para quebrarem recordes de altura, assim ganhando méritos arquitetônicos. O Woolworth Tower, que foi construído em 1913, tinha 234 metros de altura e 55 andares, já em 1929 o Chrysler Building, contava com 320 metros de altura e 75 andares e por fim em 1931 o Empire State que por sua vez tinha 380 metros de altura e 102 andares. Estes são alguns exemplos das construções em aço da época. (BELLEI et al, 2008) 2.3 O USO DE ESTRUTURAS DE AÇO NO BRASIL Com a criação da CSBM (Companhia Siderúrgica Belgo Mineira), na década de 20, o Brasil começou a se desenvolver na indústria siderúrgica. Na mesma época, começaram a construção de pequenas usinas de fundição e a produção chegou próxima a 40 mil toneladas. No final da década de 20, o Brasil ultrapassou a casa de 90 mil toneladas. (BELLEI et al, 2008) Com a instituição da Comissão Executiva do Plano Siderúrgico, em 1939, foi criada no Brasil, em plena Segunda Guerra Mundial a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), que entrou em operação no dia 12 de outubro de 1945. A principal finalidade da CSN era a produção de chapas, trilhos e perfis nas bitolas americanas. (BELLEI et al, 2008) A Usiminas e a Cosipa foram criadas na década de 60, com principal finalidade de produção de chapas. Logo após, a Gerdau Açominas fora criada, com a finalidade de produção de perfis laminados de abas paralelas. A partir disso, o setor siderúrgico avançou consideravelmente, produzindo hoje cerca de 30 milhões de toneladas de aço. (BELLEI et al, 2008) Devido à baixa procura no mercado interno, a CSN precisou implantar uma nova política de importação de estruturas metálicas para benefício de produção própria, levando em conta também a grande produção. Na década de 70, a CSN produzia cerca de 192 mil toneladas de aço, e destas, cerca de 120 mil toneladas eram importadas. (SANTOS, 1977) 28 A favor da difusão do uso do aço nas construções, foi criada em 1953 pela CSN, a Fábrica de Estruturas Metálicas (FEM) que foi desativada em 1998. A FEM começou com o uso de mão de obra especializada, utilizada também no ciclo completo da produção das estruturas metálicas. (BELLEI et al, 2008) Na Figura 2 observa-se o Edifício Garagem América em São Paulo, o primeiro edifício fabricado pela Fábrica de Estruturas Metálicas no Brasil em 1957, com 16 andares. Figura 2: Edifício Garagem América em São Paulo, o primeiro a ser fabricado pela FEM. Fonte: BELLEI et al, 2008 Na Figura 3 observa-se o Edifício Avenida Central no Rio de Janeiro, totalmente feito de estruturas metálicas. O edifício com data de 1961 conta com 34 andares. Figura 3: Edifício Avenida Central (34 andares) no Rio de Janeiro em 1961. Fonte: BELLEI et al, 2008 29 Já a Figura 4 mostra o Edifício Escritório Central da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), o primeiro edifício feito com perfis soldados no Brasil, contando com 17 andares e com data de inauguração de 1966. Figura 4: Edifício Escritório Central da CSN (17 andares) em Volta Redonda/RJ em 1966, o primeiro em perfis soldados. Fonte: BELLEI et al, 2008. 2.4 PRODUÇÃO DO AÇO As duas propriedades mais importante do aço são a ductilidade, que é a capacidade do material de sofrer grandes deformações antes de se romper totalmente e a alta resistência. “O aço é um dos mais importantes materiais para uso em estruturas, seja isolado ou trabalhando em conjunto com outros materiais, como o concreto e a madeira.” (BELLEI, 2008) A produção do aço ocorre em indústrias especificas, mais conhecidas como siderurgias, onde o minério de ferro passa por vários processos e forma diversos tipos de aço. O processamento ocorre no alto forno, onde o minério de ferro, coque e calcário, são lançados pela parte superior e o ar é insuflado pela parte inferior. Elevadas temperaturas são geradas devido a queima do coque, assim ocorre a redução do minério no estado bruto. (PFEIL&PFEIL, 2011) Na Figura 5 pode-se observar o esquema de funcionamento de um alto-forno, utilizado para a produção de aço. 30 Figura 5: Esquema de funcionamento do alto-forno. Fonte: PFEIL&PFEIL, 2011 O metal em estado líquido é retirado pela parte inferior do alto forno, daí o metal ferroso pré-refinado é levado para outro processo de refinamento. Esse material, obtido após a primeira etapa de refinamento, é chamado de ferro gusa. (PFEIL&PFEIL, 2011) O ferro gusa apresenta, quando sólido, baixa resistência e ductilidade, por ter grande quantidade de carbono em sua composição. Quando o ferro gusa se torna ferro fundido, por intermédio do segundo refinamento, é quando ele passa pelo conversor de oxigênio, onde o excesso de carbono é removido por meio de injeção de oxigênio na massa de ferro fundido. O ar injetado queima o carbono, formando-se, monóxido de carbono e dióxido de carbono, deixando o material com a quantidade desejada de carbono. (PFEIL&PFEIL, 2011) Após a passagem pelo conversor de oxigênio, o aço, em forma líquida, é tratado em tanques no formato de panelas, onde o excesso de oxigênio é retirado com a adição de elementos de liga, como por exemplo o alumínio e o silício. (PFEIL&PFEIL, 2011) O último estágio da fabricação do aço é o lingotamento, que consiste na solidificação do material em blocos, que se chamam lingotes. Os lingotes são enviados para a fase de laminação, onde são dados as formas conhecidas dos aços que são utilizados nas construções. (PFEIL&PFEIL, 2011) 2.5 AÇOS ESTRUTURAIS Nas estruturas metálicas, os aços utilizados são divididos em dois grupos, de 31 acordo com sua composição química: Aços-carbono e Aços de baixa liga. Os aços- carbono são largamente mais usados, pelo fato de ter o aumento de sua resistência devido a presença do ferro puro, que é produzido pelo carbono e manganês presente neste tipo de aço. Os elementos encontrados têm a porcentagem máxima de: 2,0% de carbono, 1,65% de manganês, 0,60% de silício e 0,35% de cobre. (PFEIL&PFEIL, 2011) Os aços podem ser divididos em 3 categorias, em função da quantidade de carbono encontrado em cada. Baixo carbono C<0,29% Médio carbono 0,30%<C<0,59% Alto carbono 0,6%<C<2,0% Os aços com baixo teor de carbono (C<0,29%), possuem maior soldabilidade e ductilidade quando comparado com as outras categorias, essa característica faz com que esse tipo de aço seja visto com bons olhos na indústria. (PFEIL&PFEIL, 2011) Os aços de baixa liga são os mais utilizados, por haver a possibilidade de alcançar alta resistência sem afetar o parâmetro da soldabilidade. “Os aços de baixa liga são aços-carbono acrescido de elementos de liga (cromo, colúmbio, cobre, manganês, molibdênio, níquel, fosforo, vanádio, zircônio), os quais melhoram algumas propriedadesmecânicas” (PFEIL&PFEIL, 2011 p.10). De acordo com a ABNT, seguindo os parâmetros da NBR 7007:2011 – Aço- carbono e microligados para barras e perfis laminados a quente para uso estrutural, a classificação dos aços pode ser seguida a partir do seu limite de escoamento. MR250, aços de média resistência (𝑓𝑦 = 250 Mpa; 𝑓𝑢 = 400 Mpa) AR350, aços de alta resistência (𝑓𝑦 = 350 Mpa; 𝑓𝑢 = 450 Mpa) AR-COR415, aço de alta resistência, resistente à corrosão (𝑓𝑦 = 415 Mpa; 𝑓𝑢 = 520 Mpa) Onde: 𝑓𝑦 = Limite de escoamento do aço 𝑓𝑢 = Limite de ruptura do aço Os aços para uso estrutural, especificados por normas brasileiras, constam na 32 NBR 8800:2008. Os aços para usos frequentes são especificados pela ASTM – American Society for Testing and Materials, e também constam nesta norma. 2.6 PRODUTOS SIDERÚRGICOS As barras são os produtos siderúrgicos mais utilizados na construção de estruturas metálicas, além de perfis laminados e chapas. Pode haver também perfis de chapas dobrados a frio. (PFEIL&PFEIL, 2011) Quando comparadas ao seu comprimento, as barras são elementos onde suas dimensões de seção transversal são pequenas. Em casos mais comuns sua seção pode ser quadrada, circular, retangular alongada (barra chata). (PFEIL&PFEIL, 2011) As dimensões de comprimento e largura são grandes quando comparados a espessura nas chapas, e podem ser divididas em duas categorias: Chapas finas, fabricadas a frio ou a quente e chapas grossas, com espessura maior que 5 mm. (PFEIL&PFEIL, 2011) Por sua vez, os perfis são os elementos que constituem a maior parte de uma estrutura de aço. São elementos com seção transversal diversa e alongados, cuja área está distribuída longe do plano de simetria do perfil. (PFEIL&PFEIL, 2011) Na Figura 6 pode-se observar os principais tipos de produtos siderúrgicos laminados que são utilizados em estruturas. Sendo (a) Barras, com diversos tipos de seções transversais; (b) chapas; (c) perfis estruturais laminados; (d) trilho; (e) tubo de seção quadrada; (f) tubo de seção redonda. Figura 6: Principais tipos de produtos siderúrgicos laminados. Fonte: PFEIL&PFEIL, 2011. 33 2.7 LAMINAÇÃO No processo de laminação, os lingotes são pré-aquecidos para passarem nos laminadores, que por sua vez são constituídos por dois rolos que formam uma passagem entre si, que é ajustada de acordo com a espessura do lingote, até se obter a espessura desejada. A cada vez que passa nos laminadores, o lingote adquire uma espessura menor, e o processo é realizado várias vezes. Além de chapas, são laminados também perfis metálicos de diferentes formas, dependendo do tipo de aplicação futura. (PFEIL&PFEIL, 2011) Na Figura 7, observa-se um típico processo de laminação. Figura 7: Processo de laminação e esquema dos laminadores. Fonte: PFEIL&PFEIL, 2011 No esquema mostrado na figura 7, observa-se: (a) Seção dos rolos do laminador. Os rolos giram em sentido contrário, comprimindo a peça já aquecida e diminuindo sua espessura. (b) Esquema de rolos para laminação em perfil I. Com a altura e espessura reguláveis, se pode obter perfis I de diferentes espessuras de alma e mesa, quando se modifica o espaço entre os rolos. (c) Fases progressivas de laminação do perfil I. 2.8 PERFIS EM AÇO Nas estruturas metálicas são utilizados vários tipos de constituintes, dentre eles pode-se citar, chumbadores, parafusos, chapas de ligação e perfis. Dentre os citados, o último é o mais importante para o projeto, fabricação e montagem da estrutura. (SILVA&PANNONI, 2010) Os perfis mais utilizados são aqueles que sua seção transversal se assemelha 34 com letras, como por exemplo H, U, I e Z. Já os perfis que se assemelham com a letra L, são chamados de cantoneiras. (SILVA&PANNONI, 2010) Perfis podem ser obtidos de 3 maneiras diferentes: Da operação de conformação a frio; Soldagem de chapas; Diretamente da laminação a quente. Estes podem ser denominados, respectivamente, de formados a frio, soldados, e de perfis laminados. (SILVA&PANNONI, 2010) “Os perfis estruturais formados a frio (por exemplo, U e U enrijecido), também conhecidos como perfis de chapas dobradas, vêm sendo utilizados de forma crescente na execução de estruturas metálicas leves, pois podem ser projetados para cada aplicação especifica, em quanto os perfis laminados estão limitados a dimensões pré-determinadas.” (SILVA&PANNONI, 2010 p. 34, 35) Os perfis laminados nem sempre são encontrados no mercado, nas dimensões apropriadas para a necessidade do projeto de elementos estruturais leves e pouco solicitados, como diagonais, terças e montantes. Já os perfis formados a frio, que são compostos por chapas finas, trazem como vantagem, facilidade de manuseio, de fabricação, de transporte, além de possuir leveza. Observa-se que o perfil formado a frio também apresenta resistência e ductilidade adequados para o uso em estruturas civis. (SILVA&PANNONI, 2010) Na confecção dos perfis laminados, são utilizados aços-carbono do tipo ASTM A570 GR 33 e GR 40, com o limite mínimo de escoamento de 230 e 280 Mpa respectivamente. A NBR 6355:2012, “Perfis Estruturais de Aço Formados a Frio – Padronização” traz um padrão para uma série de perfis formados a frio, com espessura da chapa variando entre 1,5mm e 4,75mm, e indica suas características geométricas, peso e tolerância de fabricação. O uso deste tipo de perfil vem crescendo na construção civil devido sua praticidade de trabalho e transporte, além da leveza. (SILVA&PANNONI, 2010) A união de 3 chapas de aço estrutural por meio de soldagem a arco elétrico forma os perfis soldados. A fabricação dos mesmos deve seguir a norma ABNT NBR 5884:2013 (Perfil I Estrutural de Aço Soldado por Arco Elétrico) e são divididos em simétricos e monossimétricos. (SILVA&PANNONI, 2010) Os perfis laminados são obtidos pela laminação a quente e tem como vantagem maior economia para ser utilizado em estruturas. Deve-se seguir a norma ASTM A6/A6M:2012 - Standard specification for general requirements for rolled structural steel bars, plates, shapes, and sheet piling e ASTM A572:2015 Grau 50 - Standard 35 specification for high-strength low-alloy columbium-vanadium structural steel para perfis laminados com mesa em abas paralelas. No mercado, esses perfis são encontrados com dimensões que variam de 150mm até 610mm de altura e comprimento padronizado de 12m. (SILVA&PANNONI, 2010) 2.9 SISTEMAS ESTRUTURAIS EM AÇO 2.9.1 Elementos Estruturais As estruturas metálicas têm como principais elementos estruturais: Elementos bidimensionais, geralmente constituídos por placas, chapas e elementos lineares alongados, que são as hastes e barras. De acordo com PFEIL&PFEIL (2011 p.25) “As hastes formam elementos alongados cujas dimensões transversais são pequenas em relação ao comprimento”. Pode-se classificá-las de acordo com o tipo de esforço predominante: Colunas: compressão axial; Vigas: cargas transversais produzindo momentos fletores e esforços cortantes; Tirantes: Tração axial; Eixos: torção. Para se distribuir uniformemente as tensões internas de tração e compressão, quando solicitadas, na seção transversal, é aplicado o segundo eixo da haste, ou seja, a segunda linha formada pelos centros de gravidade das seções. (PFEIL&PFEIL, 2011) Momentos fletores e esforços cortantes são predominantes quando a haste está sujeita a cargas transversais, na qual se dá origem as tensões normais de flexão e tensões de cisalhamento. (PFEIL&PFEIL, 2011) Na Figura 8, observa-se os tipos de hastes, em função da sua predominantesolicitação: (a) tirante; (b) coluna; (c) viga; (d) eixo de torção. 36 Figura 8: Tipos de hastes em função da sua predominante solicitação. Fonte: PFEIL&PFEIL, 2011. 2.9.2 Sistemas Planos de Elementos Lineares A combinação dos principais elementos lineares (tirantes, colunas e vigas), formam os sistemas de elementos lineares. Os mesmos constituem as estruturas portantes das construções civis. Treliças, grelhas e pórticos também estão entre os elementos planos lineares. (PFEIL&PFEIL, 2011) Formada por dois feixes de vigas, ortogonais ou obliquas, a grelha plana suporta conjuntamente cargas atuando na direção perpendicular ao seu plano. As grelhas são muito usadas em superestruturas de pontes e em pisos de edifícios. (PFEIL&PFEIL, 2011) Também denominados quadros, os pórticos são sistemas formados com hastes retilíneas ou curvilíneas com ligações rígidas entre si. (PFEIL&PFEIL, 2011) Constituídas por segmentos de hastes e unidos em pontos denominados nós, as treliças formam uma configuração geométrica estável, com base triangular. (PFEIL&PFEIL, 2011) Na Figura 9, observa-se alguns tipos de sistemas planos. A treliça é um tipo de sistema utilizado em galpões. A grelha plana é constituída por feixes de vigas, que podem ser oblíquos ou ortogonais e são geralmente utilizadas em pisos de edifícios e pontes. O pórtico plano é um sistema formado por agregação de hastes retilíneas e curvilíneas, com ligações rígidas entre si, utilizado em sistemas estruturais de edificações. 37 Figura 9: Alguns tipos de sistemas planos. Fonte: PFEIL&PFEIL, 2011. 2.10 LIGAÇÕES A estruturas compostas por peças pré-fabricadas conectadas, dependem, sobretudo, do comportamento das ligações. As ligações de vigas e pilares, podem ser classificadas com relação a sua capacidade de impedir a rotação relativa entre elas. (PFEIL&PFEIL, 2011) As ligações podem ser rígidas e rotuladas. As ligações rígidas são aquelas que impedem completamente a rotação entre viga e pilar, em pórticos de edificações é o tipo de ligação utilizada, já as ligações rotuladas, ao contrário da anterior, permite totalmente a rotação relativa não transmitindo o momento, em treliças é o tipo de ligação usada. (PFEIL&PFEIL, 2011) As ligações semirrígidas possuem comportamento intermediário, podendo transferir parte do momento que chega até ela. (PFEIL&PFEIL, 2011) O esquema estrutural a ser utilizado na análise do projeto depende das ligações. Se as ligações forem rígidas, é representada por pórticos, se for ligação rotulada, é necessário a adição de um elemento de contraventamento, garantindo a estabilidade lateral da estrutura. (PFEIL&PFEIL, 2011) 2.10.1 Tipos de Ligações Os tipos de ligações utilizadas nas estruturas metálicas influenciam um pouco no custo final do projeto. Devem-se ser projetadas levando em conta as limitações construtivas, a facilidade de fabricação e montagem e o comportamento da conexão principalmente (rígida ou articulada, por contato ou por atrito). As mesmas podem ser 38 executadas por meio de soldas ou aparafusamento. (PFEIL&PFEIL, 2011) 2.11 LIGAÇÕES SOLDADAS Segundo a ABNT NBR 5884:2013, a soldagem é um processo de união de materiais usados para se obter a coalescência localizada de metais e não metais, produzida por aquecimento até uma temperatura adequada, com a utilização ou não de pressão e/ou material de adição. As ligações soldadas são bem comuns na área de estruturas metálicas por apresentar algumas vantagens. Se obtêm ligações mais rígidas, melhora no acabamento final, diminuição no custo de fabricação e facilidade na aplicação e manutenção de pintura, além da facilidade na limpeza. Como em todo tipo de ligação, a soldagem também apresenta desvantagens, como por exemplo a dificuldade de se desmontar e dificuldade no controle da qualidade do processo de soldagem no canteiro de obras. (SILVA&PANNONI, 2010) A fusão das partes na soldagem ocorre pelo processo de adição de calor, que pode ser por fonte elétrica, química, ótica ou mecânica. Por ser mais versátil e mais disponível no mercado, a solda elétrica é mais largamente utilizada. (PFEIL&PFEIL, 2011) Na soldagem, os processos são classificados de acordo com o tipo de proteção utilizada para evitar contaminações atmosféricas nas poças de fusão. Os tipos mais comuns são: Eletrodo revestido: Eletrodo e revestimento são consumidos juntos, sendo parte do revestimento transformado em gás inerte e outra parte em escoria, afim de proteger a solda. Arco Elétrico com proteção gasosa: A proteção neste tipo de solda é feita por um fluxo de gás que é lançado diretamente na poça de fusão pela tocha de soldagem, o eletrodo é um arame sem revestimento algum. Arco elétrico com fluxo no núcleo: O revestimento neste tipo de solda é interno, o eletrodo é um arame fino e em seu núcleo contém o material que protege a poça de fusão. Arco submerso: Neste tipo de solda o eletrodo também é um arame nu, porém a poça de fusão ocorre abaixo de uma camada de proteção granulada, que é jogada por cima do local da solda, este tipo de 39 soldagem é totalmente mecânico. “A solda de eletrodo manual revestido é a mais utilizada na indústria. O processo apresenta enorme versatilidade, podendo ser empregado tanto em instalações industriais pesadas quanto em pequenos trabalhos de campo” (PFEIL&PFEIL, 2011 p.90). 2.11.1 Tipos de Soldagem Os tipos de solda comumente usados em estruturas metálicas são: soldagem de entalhe ou penetração e a soldagem de filete. Na soldagem de entalhe ou penetração, o metal de solda é depositado entre os elementos a serem unidos, é esteticamente mais agradável, por conta da solda reconstituir a seção da peça conectada, além de diminuir os efeitos de esforços alternados que podem acarretar falha por fadiga, porém apresenta custo elevado na hora da preparação da superfície e pequena tolerância a ajustes. Já a solda de filete, que é a mais empregada, é mais simples, por isso é utilizada em grande escala. (DIAS, 2011) São utilizados 4 tipos de posição de solda, são eles: Horizontal, plana, sobre cabeça e vertical. Para melhores resultados é utilizada a posição plana, por isso é utilizada com maior frequência em trabalhos de oficina, onde as peças são posicionadas de forma mais adequada. No campo, as posições mais utilizadas são a horizontal e vertical. Sobre cabeça é o tipo de solda mais difícil de ser executada, sendo utilizada apenas em casos especiais. (PFEIL&PFEIL, 2011) 2.11.2 ZTA (Zona Termicamente Afetada) Segundo FORTES 2004, nenhum tipo de solda por fusão é realizada sem acumular um gradiente térmico no metal de base. A difusão do calor gerado para o metal base é fortemente influenciado pela velocidade de soldagem e pela poça de fusão. O gradiente térmico diminui com alta potência e alta velocidade na soldagem. Em um ponto, logo além da borda da poça de fusão, a temperatura aumenta muito rápido e o nível da poça de fusão diminui rapidamente produzindo um efeito parecido com a têmpera. Em aços essa região torna-se austenistica durante o aquecimento e geralmente contém um constituinte duro chamado martensita quando se resfria. Essa região desenvolve grãos grosseiros e grãos grosseiros não são bons para as propriedades mecânicas do aço. A ZTA é a região que sofre alteração com o processo de soldagem. 40 Na ZTA pode haver alguns defeitos listados abaixo: Fissuração por hidrogênio (fissuração sob cordão) De coesão lamelar Trincas de reaquecimento Fissuração por corrosão sob tensão Trincas de liquação ou microfissuração
Compartilhar