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direito empresarial capítulo 1

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1 
 
 
 
CAPÍTULO 01 – DA EMPRESA E DO EMPRESÁRIO 
 
 INTRODUÇÃO 
Talvez você não se dê conta mas a empresa e o direito empresarial estão tão entranhado 
em sua vida que hoje mesmo você se beneficiou dele e nem percebeu. Caso você tenha 
acordado, feito e bebido um café e comido um pão com manteiga, ou algo mais, você já 
participou de uma variedade de fatos sociais e econômicos sobre os quais se insere o direito 
de empresa. O plantio, a colheita, a secagem e a manipulação do café e do trigo são fatos 
sociais e econômicos silenciosos que fazem parte do café da manhã de muitos brasileiros. A 
produção, a distribuição, o transporte, a estocagem, a venda e o consumo são “figurinos” 
jurídicos da atividade econômica que permitem o café da manhã. Desta maneira, a ideia de 
“comércio” foi, e continua sendo, considerado como um fato social e econômico que resulta 
de uma atividade humana que põe em circulação a riqueza produzida, aumentando-lhe a 
utilidade e o valor. Assim, a atividade econômica é uma ação humana não só de troca mas 
de aproximação dos seres humanos (SAY, 1803, pg. 61). 
O vocábulo comercio, etimologicamente significa simplesmente “troca de mercadorias por 
mercadorias” ou commutatio mercium. 
 
OBJETIVOS 
- Compreender a Evolução e Aplicação da Teoria da Empresa; 
- Distinguir a Estrutura Econômica de Empresário Individual e Sociedade Empresária. 
- Conceituar Empresa e Empresário Individual e seu grau de responsabilidade; 
- Enumerar os Elementos de Empresa; 
- Relacionar as Atividades Excluídas do Contexto Empresarial; 
- Apresentar os Pressupostos e Obrigações do Empresário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
1. As fases históricas do atual Direito Empresarial brasileiro 
 
Você já deve ter estudados em Introdução ao estudo de direito que o direito brasileiro integra 
uma “família” ou “escola” de tradição jurídica relacionada à conhecida “civil law”. Isto significa 
dizer, em síntese, que a tradição brasileira foi bastante influenciada pelas tradições jurídicas 
europeia continentais (Portugal, Espanha, Itália, Alemanha etc), ou seja, pouco influenciada 
pelas tradições anglo-saxônicas do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País 
de Gales). O direito empresarial brasileiro, portanto, reflete esta tradição. 
Ocorre que isto não aconteceu do dia para noite em nem é academicamente recomendável 
falar em “evolução histórica” do conteúdo da disciplina. A ideia de “evolução” pode sugerir 
que a disciplina sofreu uma série de mudanças estruturais em suas características principais. 
Entretanto, isso nem sempre ocorreu. 
Porém, apenas com intuito de dar um panorama sobre o que virá a seguir, é pertinente 
apenas destacar que o atual direito empresarial brasileiro é visto pela maioria da doutrina 
jurídica como reflexo de três grandes fases históricas. Numa primeira fase identifica-se como 
o direito dos mercadores, pois eles que originaram o direito mercantil com suas leis e 
costumes, ao longo da história, doutrina divide em três períodos: 
Primeiro: do Séc. XII ao Séc. XVIII período subjetivo dos mercadores; 
Segundo: do Séc. XVIII (Código de Comércio Napoleônico de 1807) ao Séc. XX, como 
núcleo o comerciante e seus atos (objetivos) do Comércio – período objetivo. 
Terceiro: do Séc. XX até os dias de hoje ( sec. XXI), cujo destaque legislativo é o Código 
Civil Italiano de 1942, tendo como o núcleo, a empresa. Fase Mercantil. A organização jurídica 
do comércio ressurge como decorrência do renascimento da atividade mercantil durante a 
idade média. Iniciou-se neste período a fase identificada como fase do direito mercantil, por 
isso, foi chamada de ius mercatorum, ou seja, direito dos mercadores. O direito dos 
mercadores centrado nas corporações de ofício. Estas, desenvolveram-se a partir de um 
protecionismo pouco propício à mudança, inibitória da iniciativa individual, à inovação. 
Tratava-se de uma estrutura social de predileção, preocupada em oferecer aos seus membros 
a entreajuda e o apoio de cada membro precisasse, em contrapartida de uma submissão ao 
grupo identificada sob os mais diversos nomes: “mesteres”, “confrarias”, “comunidades”, 
“hansas”, “guildas”, “artes”, “companhias”, “escolas”. 
Entretanto, a ajuda mútua e a submissão ao grupo constituíam, principalmente, uma defesa 
contra outros poderes políticos e outros agentes econômicos. Por meio de suas rígidas 
intervenções, regulamentos e hierarquias, as corporações têm como finalidade proteger uma 
3 
 
 
 
profissão e isso inclui o mercado e seus profissionais contra todas as ameaças externas a fim 
de neutralizar a concorrência (PEYREFITTE, pg. 40) 
Nesse primeiro momento, contudo, as normas jurídicas eram aplicadas apenas àqueles que 
fossem matriculados na corporação. Por essa razão denominou-se esta fase do direito de 
fase mercantil ou subjetiva, pois as normas eram aplicadas tão-somente aos comerciantes, 
considerados aqueles regularmente matriculados numa corporação. Deste modo, o âmbito de 
aplicação do direito era bem restrito à existência de normas especiais, surgidas dos usos e 
costumes (em contraposição às normas de direito comum (civil), presa à tradição romano-
canônica). A aplicação de tais normas era também condicionada a existência de uma 
jurisdição especial para resolver conflitos havidos entre determinados sujeitos, os mercadores 
(fase subjetiva do atual direito empresarial) 
Em razão do aumento da importância econômica da atividade mercantil - os mercadores 
cada vez mais contratavam com não profissionais. Assim, ampliou-se a abrangência da 
jurisdição especial, que passou a conhecer de causas que envolviam relações entre 
mercadores profissionais e não mercadores. Essas relações foram chamadas de negócios 
mistos. Diante desta realidade surgiu a necessidade de se determinar o que constituía a 
matéria comercial, da competência exclusiva dos tribunais especiais (consulares), a fim de se 
ditarem quais normas seriam aplicáveis somente aos mercadores e quais seriam de aplicação 
comum. 
2. Fase Comercial. 
Etimologicamente, o vocábulo “comércio” advém do termo latino - commercium. A 
expressão resulta da aglutinação da preposição cum: continuidade; ação de circulação, e o 
substantivo merx, ou seja, mercadoria ou produto. A ideia de circulação de mercadorias estava 
relacionada a bens móveis, aptos a circulação física dos bens. 
O surgimento desta fase ocorre pelo esgotamento de um tipo de mentalidade corporativa e 
restritiva das corporações de ofício. O esgotamento desta mentalidade também se reflete nas 
estruturas sociais e políticas que se submeteram à mudança liberais e suas principais 
revoluções liberais norte americana e francesa. Assim, os comerciantes, partindo de práticas 
costumeiras (usos e costumes), reorganizam um ramo do direito a fim de disciplinar a atuação 
daqueles que se dedicavam à atividade comercial, independentemente de pertencer a 
determinada corporação, isto é, os comerciantes: aqueles praticassem atos de comércio. 
Formou-se, então, o direito comercial como um conjunto de regras especiais, direito dos 
comerciantes, que reclamavam normas jurídicas aptas a regulá-los, não encontradas no 
direito comum, o direito civil. Este, era composto de normas voltadas a regular a atividade 
4 
 
 
 
agrícola, vinculada à propriedade imobiliária, ligada à terra. Formava-se, assim, a dicotomia 
direito civil - direito comercial. 
Sob a Revolução Francesa de 1789, os costumes das corporações foram condenados pela 
lei de 14-17.06.1791 e todas as regras corporativas desapareceram. Foi a chamada lei Le 
Chapelier. Poucos anos após, em 1807, foi promulgado o Código Comercial francês, o qual, 
encerrando a fase subjetiva do atual direito empresarial, inaugura-se a denominada fase 
objetiva. 
A atividade jurisdicional especial aoscomerciantes foi mantida, mas as normas de direito 
comercial passaram a ser aplicadas não mais àqueles regularmente matriculados numa 
corporação, mas àqueles que praticassem habitualmente atos de comércio, expressamente 
enumerados no art. 632 do Código Napoleônico. Ao longo do século XIX, diversos países 
seguiram o exemplo da codificação francesa, promulgando seus Códigos de Comércio, nos 
quais adotou-se a teoria dos atos de comércio de inspiração francesa, dentre eles o Brasil 
com o Código Comercial Brasileiro de 1850 – Cco.- e seu respectivo Regulamento 737/1850. 
 
2.1. A teoria dos atos de comércio e a confusão conceitual. 
A ideia de ato de comércio como fator central do direito comercial, nunca foi suficiente para 
explicar e abranger a estrutura fundamental do capitalismo: as inovações tecnológicas 
advindas da iniciativa privada ou empreendedorismo individual voltada à satisfação das 
infinitas necessidades humanas. 
Novas formas negociais foram e estarão sempre sendo criadas pelos comerciantes. Estas 
inovações decorreram das transições do capitalismo comercial ao capitalismo industrial. 
Nesta fase, os comerciantes passaram a exercer atividade de produção de bens e se 
tornaram, assim, os chefes da indústria. Nesta nova organização socioeconômica a 
enumeração dos atos de comércio seria meramente exemplificativa, pois jamais poderia dar 
conta de toda criatividade dos comerciantes para racionalização dos custos, maximização dos 
lucros e satisfação do público consumidor. A mudança de concepção permitiria a aplicação 
do direito comercial a atos surgidos da prática negocial e não previstos pelo legislador. 
O Código de Comércio italiano, de 1882, por exemplo, em seu art. 3.º, n. 3, incluiu no 
conceito de comércio "a especulação imobiliária”. 
Outra atividade que etimologicamente não cabia no conceito de “comércio” era a prestação 
de serviços sem a submissão pessoal e hierárquica caracterizadora do contrato de trabalho. 
Atividade cada vez mais lucrativa e eficiente não cabia no conceito de “atos de comércio”. 
5 
 
 
 
Outro aspecto limitador da teoria dos atos de comércio consistia na ausência de explicação 
de por que determinados atos praticados por não-comerciantes eram reputados comerciais 
(por exemplo – emissão de alguns títulos de créditos) - e, portanto, sujeitos às normas do 
direito comercial -, sem que aqueles que os praticassem fossem reputados comerciantes? 
Entretanto, alguns atos eram tipicamente comerciais: somente poderiam ser praticados por 
quem exercesse atividade comercial, i.e., fosse comerciante (incluído, aqui, o comerciante 
“industrial”). 
A atividade agrária, a atividade imobiliária ou a atividade de prestação de serviços, todas 
com origem em normas herdadas do direito romano, não eram reputadas comerciais. Esse 
fenômeno se convencionou chamar de “sociedade pós-industrial”, na qual o percentual de 
riqueza gerado pelo setor de serviços é superior àquele gerado pela indústria. Esta guinada 
para a sociedade pós-industrial ocorreu na transição da década de 80 para a de 90 (BELL, D. 
1974). 
Com tais características o adjetivo "comercial" foi, gradativamente, perdendo relevo para o 
substantivo "atividade". 
Assim, diversas normas surgiram no Brasil, no âmbito do direito comercial que eram 
estendidas a pessoas que, embora não fossem comerciantes em sentido estrito, eram 
reputadas comerciantes por lei. A Lei 4.068/1962, que em seu art. 1.º considerou como 
comerciantes as construtoras de imóveis, para que estas pudessem sacar duplicatas. A Lei 
6.404/1976 - Lei das Sociedades Anônimas, - por sua vez, dispõe em seu art. 2.º, § 1.º , que, 
qualquer que seja o objeto da companhia, ela é tida como mercantil. 
De outro modo, havia pessoas que não eram reconhecidas como comerciantes pelo 
ordenamento, pois exerciam atividade tida como civil, mas mesmo assim gozavam da 
proteção que as leis comerciais liberalizavam em favor dos comerciantes, - em manifesta 
contrariedade, portanto, com a letra do art. 4.º do CCo. A Lei 4.591/1964 em seu art. 43, III , 
sujeitou as incorporadoras ao processo falimentar. Outro exemplo: a Lei 8.245/1991, que, em 
seu art. 51, § 4.º, estendeu o direito à renovação compulsória do contrato de locação, até 
então instituto tipicamente comercial, às sociedades civis com fins lucrativos e a Lei 
5.474/1968 que, em seu art. 20, estendeu a faculdade de sacar duplicatas às "empresas, 
individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se dediquem à prestação de 
serviços". 
 
2.1.1. Fase Empresarial - Origem e desenvolvimento 
A atual noção de empresa, surgiu no Código Comercial francês que tinha por premissa a 
teoria dos atos de comércio. Este código, em seu art. 632, elencava os atos considerados de 
6 
 
 
 
comércio, mas também fazia alusão aos empreendimentos. A doutrina jurídica, ao tentar 
explicar a empresa enquanto ato, percebeu que ela não era simplesmente um conjunto de 
atos, mas um conjunto de atos coordenados, ou seja, uma atividade organizada. 
No Brasil, o art. 19 do Regulamento 737 de 1850, tradução quase literal do art. 632 do 
Código Comercial francês, também fazia alusão à empresa reputada de mercancia (sic), com 
o que aludia-se, pela vez primeira, a certas atividades como sendo comerciais. 
Com a mesma conotação o art. 3.º do CCo italiano de 1882, que reputava atos de comércio 
diversas espécies de empresas. 
Assim, empresa seria um ato de comércio. Qualquer pessoa que realizasse 
profissionalmente tais atos de intermediação na troca seria reputado comerciante, tal qual 
aquele que exercesse habitualmente empresa seria reputado empresário. 
Aqui você deve perceber que a base de construção do conceito de empresa estava 
diretamente ligada ao aspecto fático (econômico) da figura do comerciante: a interposição na 
troca de coisas móveis e a organização dos fatores de produção, ou seja, o exercício de 
empresa. Este é o motivo pelo qual alguns países, inclusive o Brasil, que possuíam códigos 
de inspiração francesa identificaram o conteúdo jurídico com o conteúdo econômico da 
empresa. 
O autor italiano Cesare Vivante, por exemplo, chegou a afirmar que 
"empresa é um organismo econômico que, por seu próprio risco, recolhe e põe em atuação 
sistematicamente os elementos necessários para obter um produto destinado à troca. A 
combinação de vários fatores, natureza, capital, trabalho, que associando-se produzem 
resultados impossíveis de conseguir se atuassem separados, e o risco que o empresário 
assume ao produzir uma nova riqueza, são os dois requisitos indispensáveis a toda empresa" 
(VIVANTE, p. 131) 
Desta forma, a doutrina e o direito italiano adotaram como jurídico, o conceito econômico de 
empresa. Porém, para esta mesma doutrina, nem toda atividade econômica deveria ser 
considerado “empresa”, mas sim e tão somente as atividades previstas não Código Comercial 
italiano (VIVANTE, p. 131). 
Ainda que tal concepção tenha tido críticas contundentes (ROCCO, p. 178), a noção de 
empresa ingressa no mundo jurídico como uma categoria de atividade de troca, intermediação 
ou especulação sobre o trabalho. Entretanto, a partir do momento em que o comerciante 
passa a se apropriar dos meios de produção, dá-se o ingresso na fase do capitalismo industrial 
e, então, a figura do comerciante entra em declínio e se obscurece, passando ao primeiro 
7 
 
 
 
plano a figura do empresário, reconhecida pelo Código Civil Italiano de 1942, em seu art. 
2.082. 
Com essas informações podemos concluir que: 
1. Sob a teoria dos atos de comércio, percebia-se a sua insuficiência para delimitar o 
campo de aplicação do direito comercial. Era visível a enorme dificuldade em definir o que 
poderia ser considerado comércio para o direito e como identificar a figura do comerciante; 
mas, 
2. com a adoção da teoria da empresa,a ênfase passou a ser a noção de exercício de 
atividade econômica organizada tendente à produção ou circulação de bens ou serviços; 
3. a noção econômica de empresa excede, em muito, a noção jurídica de empresa, tendo 
em vista que certas atividades econômicas organizadas não são consideradas empresas pelo 
direito e 
4. há entre os juristas e legisladores, enorme dificuldade em afirmar, o que não é empresa 
e, portanto, quem não é empresário. Diante desta dificuldade é se faz opção juridicamente 
arbitrária para afastar determinadas atividades econômicas do conceito de atividade 
empresária, o que cria desigualdades jurídica injustificáveis do ponto de vista tributário e do 
modo de recuperação de empresas. 
 
1. Teoria e Função Social da Empresa 
 
A teoria da empresa pode ser suscintamente explicada como a concepção que identifica o 
empresário e a forma como ele organiza os fatores de produção (capital, trabalho, insumos e 
tecnologia) para o exercício da atividade econômica, com a finalidade de produção ou 
circulação de bens ou serviços. Na teoria da empresa o eixo central está na natureza da 
atividade, ou seja, na existência ou não de estrutura empresarial, em que o empreendedor 
exerce a atividade econômica. 
Alguns conceitos são definidos de forma diferentes por mais de um ramo do conhecimento 
humano, e a ideia de empresa é exemplo típico dessa situação. 
O vocábulo “empresa” advém da palavra latina prehensus, derivada de prehendere, que 
significa empreender, praticar. 
Sob perspectiva econômica a ideia de empresa foi formulada por Ronald Coase em 1937, 
em seu célebre texto intitulado “A natureza da empresa” (COASE, p. 386-405). Nesse livro, o 
autor identifica a empresa como a organização dos fatores de produção de uma empresa que 
pode ser feita internamente, quando ela recolhe as matérias-primas, processa-as, constrói os 
produtos, distribui-os e vende-os diretamente aos consumidores, ou, por outro lado, essa 
8 
 
 
 
mesma organização dos fatores pode ser feita externamente, ao adquirir as matérias-primas 
processadas e delegar a distribuição e venda dos produtos a terceiros. 
Esta concepção se popularizou no meio acadêmico a ponto de influenciar legisladores do 
mundo inteiro. 
No Brasil, esta concepção é percebida no Código Civil Brasileiro de 2002. – art. 966, caput: 
Entretanto, do ponto de vista jurídico, a ideia de empresa é reflexo da ideia da intervenção 
do Estado na economia, ao fazer com que a atividade empresarial atenda não apenas ao 
interesse individual, mas também a interesses metaindividuais, atuando também em prol da 
coletividade. Implica dizer que o conceito jurídico de empresa já surgiu atrelado ao atingimento 
de uma finalidade (função) social. 
Não se pode deixar de destacar que a sistematização inicial desta concepção teve origem 
regimes políticos totalitários. William Conrad Kessler, em sua obra “The German Corporation 
Law of 1937”, publicado na American Economic Review, em dezembro de 1938, destacava 
que a lei alemã de 1937, era instrumento do partido nacional-socialista para instituir sua 
filosofia de governo no campo da atividade econômica. Foram introduzidos dois princípios 
totalitários no direito societário alemão: o “bem-estar geral acima do interesse individual” e o 
“princípio do líder” ou “Führersprinzip” (KESSLER, p. 653-662). 
A Teoria da empresa adotada no Brasil foi muito influenciada pela Constituição italiana, 
forjada originalmente sob o regime corporativista e delineada na Carta del Lavoro de 1927 e 
também pelo código civil italiano de 1942 que, a partir do art. 2.082 dispõe que “é empresário 
(“imprenditore”) quem exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada com fim 
de produção ou comércio de bens ou serviços”. 
Esta concepção identifica tanto o trabalho quanto a livre iniciativa como exigências sociais, 
pois todos se beneficiariam dessas atividades econômicas, cabendo ao Estado a tutela e 
controle quanto ao atendimento desses interesses. Dessa forma, o conceito jurídico de 
empresa adotado pelo Código Civil Brasileiro de 2002 está imerso no cadinho da função 
social, verdadeira mescla dos conceitos de funcionalismo e de solidarismo, no sentido de 
realização de atividade não em benefício próprio, mas no benefício social. 
 
1. Autonomia e características atuais 
 
Muito se discute hoje sobre se a inserção do Direito Comercial no Código Civil Brasileiro de 
2002 e as alterações feitas afeta ou não a sua autonomia. 
As responsabilidades sejam no Direito Civil ou no Direito Comercial, aparentemente são as 
mesmas, devido à semelhança entre ambas foram incluídas pelo legislador em uma mesma 
lei, que são do direito privado. 
9 
 
 
 
Entretanto, O direito comercial não morreu. A nova nomenclatura “Direito Empresarial” que 
consta na nova Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, pertence ao ramo privado do direito, 
disciplinando as relações jurídicas dos comerciantes ou empresários a qualquer relação 
comercial. Assim, o código civil brasileiro aparece como referência do início de uma nova fase 
do Direito Comercial brasileiro. 
Porém, não deve falar em unificação das disciplinas de Direito Civil e Direito Empresarial. 
Com o advento do Código Civil, houve apenas a unificação de certas obrigações de direito 
privado e a inclusão, na lei civil, de relações jurídicas relativos à empresa que, em grande 
parte, eram disciplinadas especialmente no Código Comercial Brasileiro de 1850 e em leis 
especiais. O Código Civil Brasileiro de 2002 apenas tentou organizar o “Direito de Empresa”, 
dividindo em quatro títulos previstos dos artigos 966 a 1.195. Disciplina quase tudo que diga 
respeito ao “empresário”, “empresa”, “o estabelecimento”, e os “institutos complementares” 
que regulamentam e disciplinam a atividade empresarial. 
A autonomia do Direito Comercial no Brasil é especialmente identificada na Constituição da 
República que em seu art. 22, Inc I, distingue o “Direito Civil” em separado de “Comercial”. A 
Constituição é de 1988. Nesta data a referência à disciplina era de direito comercial. Com o 
advento do Código Civil Brasileiro de 2002, a doutrina passou a identifica-la como “direito 
empresarial” pelos motivos já expostos. 
Atualmente quase toda a doutrina destaca a sua autonomia (integral) cujo destaque vem a 
ser o Enunciado nº. 75 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal em que 
dispõe que “A disciplina de matéria mercantil no novo Código Civil não afeta a autonomia do 
Direito Comercial”. 
Tramita no Congresso Nacional dois projetos de lei que visam reorganizar as normas 
jurídicas que, atualmente, refletem momentos históricos diferentes. 
Projeto da Câmara dos Deputados - PLC 1572 (disponível em: 
http://www.camara.gov.br/proposicoes) 
Projeto do Senado Federal – PLS 487/2013 (disponível em: 
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias) 
São dados fundamentais para destacar a autonomia normativa do Direito Empresarial e que 
a inserção de normas empresariais no Código Civil Brasileiro de 2002. Reflete apenas mais 
uma tentativa de organização no direito privado brasileiro. 
2. Fontes do Direito empresarial 
Considerando que o direito empresarial é o ramo do direito que regula a atividade econômica 
organizada para produção e circulação de bens e serviços, bem como todos os atos 
10 
 
 
 
praticados para a consecução dessa atividade é possível identificar as seguintes fontes do 
direito empresarial: 
1. Fontes Materiais: fatos históricos, fenômenos socioeconômicos e políticos; 
2. Fontes Formais: conteúdo ou norma jurídica, são elas que dão fundamento para o 
ramo do direito a ser estudado e são validadoras das normas jurídicas estabelecidas. 
As fontes materiais do Direito Empresarial já foram objeto de estudo quando se analisou as 
fases históricas deste ramo doDireito, listando os principais fatos históricos e movimentos 
sociais e políticos relacionados com ele. 
No que concerne às fontes formais, elas podem ser anda fontes primárias ou secundárias: 
a) fontes Formais Primárias: 
 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
 Leis Empresárias Especiais, tratados internacionais; decretos, instruções normativas, 
regulamentos 
 Código Civil de 2002 (Livro II - Direito de Empresa) 
 Código Comercial de 1850; 
b) fontes Formais Secundárias: 
 Código Civil de 2002 
 Usos e Costumes do Comércio 
 Analogia, costumes e princípios gerais do direito 
4.1. Princípios Constitucionais norteadores da Ordem Econômica. 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 em seu art. 170 determina que a 
atividade econômica no Brasil se submeta aos seguintes princípios: 
 4.1.1. Princípio da dignidade da pessoa humana (CRFB/1988 - art.170, 
caput). 
Em obediência a esse princípio, a atividade empresarial, deve conferir a cada pessoa uma 
respeitabilidade, um direito a um respeito inerente à qualidade de ser humano. Assim, o 
exercício de qualquer parcela da atividade econômica de modo não adequado àquela 
promoção expressará violação do princípio duplamente contemplado na Constituição. 
(GRAU, p. 198). 
 4.1.2. Princípio da Propriedade Privada e da Função Social da 
11 
 
 
 
Propriedade. 
Princípio que identifica a função social uma limitação, no sentido de que legítimo será o 
interesse individual quando estiver voltado à satisfação social, e, não apenas quando não 
o exercer em prejuízo da coletividade. O princípio da função social, dessa forma, impõe ao 
proprietário (ou a quem for exercer o direito de usar, gozar e dispor da propriedade) a prática 
de comportamentos em benefício da sociedade. 
Desta maneira, o proprietário (ou o titular do poder de controle de uma empresa) deve ter, 
ao mesmo tempo, um direito (livre iniciativa de empresa) e uma função (finalidade), à 
satisfação das necessidades sociais de maneira lucrativa, como, por exemplo, entrega de 
produtos e serviços ao público consumidor por meio da realização do pleno emprego (que 
proporciona a dignidade do trabalhador), da preservação do meio ambiente. 
 4.1.3. Princípio da livre iniciativa (CRFB/1988 - art. 1º, IV c/c. art. 170, 
caput) 
A previsão constitucional da livre iniciativa estabelece q u e e s c o l h a d e 
q u a l atividade será empreendida assim como o quantum a ser produzido ou 
comercializado resultam de uma decisão livre dos agentes econômicos. Isto 
signif ica dizer que a Constituição consagra uma economia de mercado, de 
natureza capitalista, pois a iniciativa privada é um princípio básico da ordem 
capital ista. 
 4.1.4. Princípio da valorização do trabalho humano (CRFB/1988 - art. 
1º, IV c/c. art. 170, caput) 
Além de ser um princípio constitucional, é um fundamento da ordem econômica 
e está intimamente ligado à dignidade da pessoa humana. Este princípio 
determina que a ordem econômica d e v e d a r prioridade aos valores do trabalho 
humano sobre todos os demais valores da economia de mercado. 
 4.1.5. Princípio da soberania nacional econômica (CRFB/1988 - art. 1, 
Inc. I c/c. art. 170, Inc. I). 
Este princípio visa garantir que o exercício de qualquer atividade econômica realizada no 
Brasil não entre em choque com os interesses nacionais. A noção de interesse nacional tem 
sido usada como ferramenta analítica e como instrumento de ação política. No primeiro caso, 
o conceito seria utilizado para descrever o melhor curso da política externa de uma nação. No 
segundo caso, seria utilizado por atores políticos como um meio de justificar decisões 
tomadas, denunciar ou propor políticas (CONTRERA, 2015). 
12 
 
 
 
Dessa forma, os interesses nacionais estão em um plano superior aos interesses do livre 
exercício da iniciativa privada. Esta concepção não supõe o isolamento do Brasil no cenário 
internacional, mas o desenvolvimento dos fundamentos da economia e a superação da 
situação de dependência em relação às economias desenvolvidas (GRAU, p. 226). 
4.1.6. Princípio da livre concorrência 
 
Princípio que decorre da livre iniciativa e atua como limite do seu exercício. Visa prevenir 
abusos da livre iniciativa, pois assegura o direito de todo agente econômico de conquistar 
clientela, em igualdade de condições. 
Desta maneira, proíbe-se a utilização incorreta da livre iniciativa e do poder econômico. 
É fundamento para a repressão do abuso do poder econômico previsto no artigo 173, §4º, da 
Constituição de 1988. Trata-se de princípio fundamental para a defesa da economia de 
mercado, especialmente, porque visa proteger o mercado e os consumidores contra a 
tendência prejudicial da concentração de poder nas mãos de poucos empresários. 
4.1.7. Princípio de defesa do consumidor (CRFB/1988 - art. 5, XXXII 
c/c art. 170, V) 
Princípio que busca incentivar o desenvolvimento das relações comerciais, bem como 
viabilizar o desenvolvimento econômico e o bem-estar da coletividade tendo o consumidor 
como sujeito fundamental para a circulação de bens numa economia de mercado, que não 
pode ser visto apenas como instrumento para obtenção de lucro. 
4.1.8. Princípio de defesa do meio ambiente 
Princípio diretamente atrelado ao conceito de desenvolvimento sustentável no sentido de 
preservar aquelas coisas nas quais se sustenta o desenvolvimento. Assim, a defesa do meio 
ambiente está intimamente ligada ao direito – fundamental – à vida e, por isso, deve 
preponderar sobre quaisquer considerações de desenvolvimento econômico desenfreado. 
Dessa forma, a tutela do meio ambiente serve como mandamento aos agentes econômicos 
no exercício de qualquer iniciativa privada, especialmente das atividades empresariais bem 
como ferramenta de proteção da cidadania. 
4.1.9. Princípio da redução das desigualdades regionais e sociais 
(CRFB/1988 - art. 3, III c/c art. 170, VII). 
Trata-se de princípio que busca equilibrar, simultaneamente o crescimento econômico com 
a redução das desigualdades econômicas a fim de erradicação a pobreza e a marginalização 
social. Parte-se da premissa de que o processo de desenvolvimento econômico no Brasil não 
13 
 
 
 
pode ser desenfreado. Busca-se contribuir para o estável funcionamento dos mercados, 
possuindo evidente função social. 
4.1.10. Princípio da busca do pleno emprego 
Princípio que deve ser entendido como uma busca pela “expansão das oportunidades de 
emprego produtivo” (GRAU, p. 253). Neste sentido, busca-se propiciar trabalho a todos 
quantos estejam em condições de exercer uma atividade produtiva com pleno emprego da 
força de trabalho capaz. Este princípio se harmoniza com o princípio da valorização do 
trabalho humano, pois impede-se que o princípio seja considerado apenas como mera busca 
quantitativa. O homem que vive sem possibilidades de emprego, em estado de escassez 
econômica, está impossibilitado para desenvolver suas capacidades básicas, situação que 
ofende a dignidade da pessoa humana, inclusive. 
4.1.11. Princípio do tratamento diferenciado para as 
microempresa s e empresas de pequeno porte. 
 
Princípio que visa facilitar as atividades das microempresas e empresas de pequeno porte 
e, dessa forma, promove a efetivação da livre iniciativa, bem como da livre concorrência. 
Diante disso, ocorre ampla abertura para o livre exercício de atividade econômica, tornando 
mais simples a disputa saudável pelo mercado consumidor. 
A diferença entre esses dois pequenos empresários é estabelecida na Lei Complementar nº 
123/2006 (alterada pela Lei Complementar nº 128/2008). 
São esses os fundamentos que servem de base para todo o sistema jurídico, são os 
alicerces das demais normas jurídicas. 
 
4. Conceito Jurídicode Empresa – Código Civil Brasileiro de 2002 
 
O Código Civil Brasileiro de 2002, em seu Livro II, cuidou "Do Direito de Empresa", que 
abrange os arts. 966 a 1195. Entretanto, há diversas outros dispositivos no Código que se 
referem à matéria: arts. 45, 48, 49, 50, 51, 82, III, 89, 90, 91, 927, parágrafo único, 931, 932, 
III, 933, 2.031, 2.033, 2.035, 2.037 e 2.045. Desse modo, percebe-se o quanto é vasto este 
assunto. O art. 2.045 do Código Civil Brasileiro de 2002 revogou expressamente a Primeira 
Parte do Código Comercial (Lei 556, de 25.06.1850), que abrangia os arts. 1.º a 456, 
dedicados a regular a figura do comerciante e seus auxiliares (arts. 1.º a 120), os contratos e 
obrigações mercantis (arts. 121 a 286); e as sociedades comerciais (arts. 287 a 353). 
14 
 
 
 
 
Do ponto de vista econômico, a empresa "é um organismo econômico que, por seu próprio 
risco, recolhe e põe em atuação sistematicamente os elementos necessários para obter um 
produto destinado à troca” (VIVANTE, p. 131). Para Alberto Asquini, a empresa, em economia, 
seria "toda organização de trabalho e de capital tendo como fim a produção de bens ou 
serviços para troca" (ASQUINI, pg. 110). 
Diante da dificuldade de adaptação do conceito econômico de empresa às suas implicações 
jurídicas sobreveio a obra Alberto Asquini, que demonstrou que ideia de empresa deveria ser 
encarada pelo direito como um "fenômeno poliédrico, o qual tem, sob o aspecto jurídico, não 
um, mas diversos perfis em relação aos diversos elementos que o integram" (ASQUINI, p. 
109). Desta maneira, o conceito econômico de empresa recebe, do ponto vista jurídico, várias 
perspectivas: a figura do empresário (sujeito), atividade (fato-empresa), e estabelecimento 
(coisa). Assim, o Código Civil Brasileiro de 2002 encapou em parte a referida perspectiva 
jurídica de Asquini: 1. Perfil Subjetivo (Pessoas): Empresário, sociedades e Empresa 
Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI); 2. Perfil Objetivo (Coisas); 
estabelecimento; 3. Perfil funcional (fato): empresa. 
 
5. Elementos da Organização da Atividade Econômica 
 
Os elementos de empresa são os fatores de produção empregados pelo Empresário 
(Individual), que são: o capital, o trabalho ou mão-de-obra (alheio), os bens (a matéria-prima 
equipamentos, o estabelecimento – CCB/02 - Art. 1142) e a tecnologia. Tudo o que for 
necessário para produção ou circulação de bens ou prestação de serviços é visto como 
elementos de empresa, ou seja, a massa de energia produtora. A organização dos elementos 
de empresa de forma combinada ou inteligente varia conforme o tipo de atividade, de tal modo 
que compõem um conjunto, um aparelho. Cada aspecto representa uma peça da atividade 
econômica toda. Separados, são apenas coisas e pessoas. Reunidos inteligentemente, 
formam uma organização, um aparelho apto a entrar em funcionamento. Entrando em 
funcionamento, surge a empresa. 
6. Empresário Individual 
 
 6.1. Conceito – Código Civil Brasileiro de 2002. 
 
Empresário é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços – CCB/02 - Art. 966, caput. 
15 
 
 
 
Assim, a caracterização do empresário individual se dá pelo efetivo exercício profissional de 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Há 
atividade empresarial sempre que houver uma série de atos orientados a um determinado 
fim. Por isso se diz atividade organizada. 
No Brasil, o conceito econômico de empresa (i.e., atividade econômica organizada) subjaz 
ao conceito jurídico de empresário. O que qualifica o empresário é o exercício de uma 
atividade econômica. Desta maneira, a noção de empresário advém do conceito de atividade 
empresarial. 
DESTAQUE:  NÃO CONFUNDA!!!!! (CONFUSÕES CONCEITUAIS). 
1. Empresário é pessoa física (natural). 
a. Portanto não se confunde com sociedade empresária (Pessoa Jurídica); 
2. Empresário (pessoa natural) é quem exerce em seu nome (individual) a atividade 
econômica (Empresário (Individual)). 
a. Portanto não se confunde com sócio (ou acionista) de sociedade empresária. 
b. O Sócio (ou acionista) faz parte de um contrato (contrato social), mas quem exerce a 
atividade econômica é a sociedade (pessoa jurídica) resultante do contrato social. 
3. Empresário é pessoa física (natural), ou seja, é sujeito de direito. 
a. Empresário (Individual) não se confunde com estabelecimento. 
b. Estabelecimento é conjunto de bens (mesa, cadeira, imóvel, veículos etc), portanto 
objeto de direito – CCB/02 - Art. 1142. 
4. Empresário (Individual) não se confunde com “firma”. 
a. Esta é uma técnica de identificação do nome do empresário. 
b. O nome da pessoa não se confunde com a própria pessoa. 
DESTAQUE: O INTUITO LUCRATIVO. 
No art. 966 CCB/02 "empresário é quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada". A justificativa da necessidade da presença de intuito lucrativo como requisito da 
figura do empresário varia conforme seu enquadramento na ideia de profissionalismo ou na 
ideia de economicidade: 
O profissionalismo é entendido por parte da doutrina como: 
a) habitualidade (propósito de permanência) no exercício da atividade; ou 
b) o exercício da atividade com intuito de lucro. 
A economicidade, por sua vez, é entendida por parte da doutrina significando 
16 
 
 
 
a) o intuito lucrativo; 
b) a assunção dos riscos econômicos da atividade; ou 
c) o respeito ao regime de ingressos e saídas, de modo a possibilitar a consecução de um 
fim. 
Entretanto, para alguns autores, o intuito de lucro não é elemento caracterizador do 
empresário (ASQUINI, pg. 116), pois a norma do art. 966 não menciona expressamente o 
“intuito de lucro”. Ademais, a análise do intuito do lucro só faz sentido com relação às 
empresas capitalistas que pertençam ao setor privado. Entretanto, há sociedades 
empresárias que, por força de lei, não têm a característica do intuito de lucro. São as 
sociedades empresárias do setor público (ex: Sociedade de Economia Mista – Lei 6.404/76 -
art. 238). Por outro lado, alguns autores afirmam que o intuito lucrativo não seria elemento 
distintivo do empresário em razão de os profissionais liberais, que não são considerados 
empresários pelo ordenamento, também atuarem com o intuito lucrativo (ALMEIDA, 1999). 
 
6.2. Atividades excluídas do contexto empresarial. Atividade Intelectual – 
Científica – Artística – Literária 
 
A simples leitura do conceito de empresário contida no CCB/02 - Art. 966, caput poderia 
englobar praticamente todo gênero de atividade econômica voltada para a produção ou 
circulação de bens ou serviços. Entretanto, o ordenamento jurídico brasileiro adotou o critério 
da empresarialidade por determinação legal. Isto significa que será a lei que irá determinar 
quem pode ou não ser considerado empresário. 
Desta maneira, nem todos os agentes econômicos que exerçam atividade econômica 
organizada com intuito lucrativo, serão considerados empresários. Assim, aqueles que 
exercem profissão intelectual (gênero), qualificada pelo aspecto predominante científico, 
literária ou artística (espécie), regulamentada por estatuto próprio, também não serão tidos 
como empresários. Isto se dá porque esses profissionais já possuem estatuto próprio a regular 
sua atividade. Há também determinação legal de se inscreverem em livros ou listas 
particulares, em detrimento da inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. 
Fique atento, pois não são empresários os advogados e as sociedades de advogados, por 
exercerem atividade privativa de advogado e regrada, portanto, pelo Estatuto do Advogado 
(Lei 8.906/1994 - art. 16). Assim, devem registro no Conselho Seccional da Ordem dos 
Advogados (Lei 8.906/1994 - arts. 10 e 15, § 1.º). 
DESTAQUE: ELEMENTODE EMPRESA. 
17 
 
 
 
Agentes econômicos Rurais (produtor rural), e profissionais liberais, em princípio não são 
empresários. Desta maneira, as sociedades envolvendo produtores rurais, médicos, 
engenheiros, advogados, não são consideradas sociedades empresárias, porque entram no 
art. 966, parágrafo único, primeira parte do NCC. Contudo no art. 966, caput, (2.º parte) já dá 
a exceção ao dizer: “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” 
Predomina o entendimento do Professor José Edwaldo Tavares Borba no sentido de que o 
aspecto intelectual constitui um dos fatores (elementos) ou instrumentos de atuação da 
atividade econômica. Não mais o principal aspecto, apenas mais um. A atividade passe a ser 
considerada empresária se o aspecto intelectual (científico, artístico ou literário) seja apenas 
mais um elemento dentro de uma cadeia de atos e negócios empresariais. Neste caso a 
atividade econômica passa a ser considerada empresarial. (BORBA, 2003) 
DESTAQUE: OUTRAS HIPÓTESES DE EMPRESARIALIDADE POR DETERMINAÇÃO 
ou OPÇÃO LEGAL: 
1. As sociedades anônimas serão sempre sociedades empresárias independentemente 
de seu objeto (art. 982, parágrafo único); 
2. A cooperativas, as quais serão sempre sociedades simples (art. 982, parágrafo único), 
3. As pessoas físicas ou jurídicas que exercerem atividade rural. Desse modo, quem exercer 
atividade orientada ao cultivo do solo, à silvicultura, à pecuária e a atividades conexas dirigidas 
à transformação ou alienação dos produtos agrícolas inseridas no exercício normal da 
agricultura, ou seja, aquele que exercer atividade rural, não será, de ordinário, empresário e, 
portanto, não estará subordinado ao estatuto do empresário. 
 Entretanto, é possível que à pessoa natural que exercer atividade agrícola e à pessoa 
jurídica que tiver por finalidade o exercício de atividade agrícola a possibilidade de sujeitarem-
se ao estatuto do empresário, mediante a inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis – CCB/02 - Art. 971 e 984. 
 Neste caso, há hipótese legal de sujeição voluntária ao estatuto do empresário mediante 
a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. 
 
6.3. Pressupostos para o Exercício da Empresa Individual 
 
Para ser considerado empresário basta a pessoa física (natural) ter capacidade, exercício 
efetivo da empresa (profissionalismo - finalidade de lucro) e ausência de proibição legal. 
CCB/02 - Art. 972. 
O Registro na Junta Comercial não é, em regra, requisito para identificação do Empresário 
(Individual). Ainda que pessoa exerça a empresa sem o registro, será considerada 
18 
 
 
 
empresária. A pessoa com capacidade que exercer a empresa com profissionalismo e com 
finalidade de lucro, ainda que legalmente proibida de exercer a empresa também será 
considerada empresaria. 
Assim, os requisitos para caracterização do empresário são: a) plena capacidade, b) 
exercício efetivo da empresa (profissionalismo) e c) ausência de proibição legal 
1. Capacidade 
A capacidade civil está disciplinada nos art. 3 ao 5º do Código Civil. Terá plena capacidade 
a pessoa que tem liberdade para administrar a si própria e aos seus bens. A plena capacidade 
se adquire com a maioridade ou pela emancipação. 
DESTAQUE: EXERCÍCIO DA EMPRESA PELO INCAPAZ. 
O Incapaz também pode exercer a empresa. Entretanto, o incapaz somente poderá dar 
continuidade a uma empresa já iniciada, não poderá iniciar, em nome próprio, empresa própria 
– CCB/02 - Art. 974. A permissão legislativa para o exercício da empresa pelo incapaz se dá 
em atenção à função social de empresa que visa permitir a preservação da empresa, da 
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores. 
Tais situações ocorrem quando essa pessoa já era um empresário e se torna incapaz de 
forma superveniente; ou quando já era incapaz e herda uma bens de empresa estabelecida 
e organizada. Em ambos os casos, obviamente, a celebração de atos jurídicos dependerá da 
representação ou assistência. 
Entretanto, quem exerce a empresa é o incapaz . A sua responsabilidade se dará nos 
termos do CCB/02 - Art. 928 c/c art. 974, §2º. Os representantes ou assistentes se apresentam 
sob a categoria de administradores da atividade econômica e por isso respondem como tais 
– CCB/02 - Art. 1747 c/c. art. 1748 c/c. art. 1752. 
Entretanto, para que um incapaz possa validamente continuar uma empresa iniciada por 
alguém plenamente capaz deverá obter autorização judicial CCB/02 - Art. art. 974, §1º. Uma 
vez concedida, essa autorização deverá ser a mesma arquivada na respectiva Junta 
Comercial – CCB/02 - Art. 976. 
Pode acontecer do próprio representante ou o assistente desse empresário incapaz não ter 
plena capacidade jurídica, ou ser impedido de exercer atividade empresarial. Neste caso, 
deverá, com autorização judicial, nomear administrador – CCB/02 - Art. 975. Essa nomeação 
não isenta o representante ou assistente do empresário incapaz da responsabilidade pelos 
atos do gerente nomeado CCB/02 - Art. 975, §2º. 
19 
 
 
 
Ademais, o Código Civil criou regra excepcional para proteção do patrimônio não 
empresarial do incapaz autorizado à empresa – CCB/02 - Art. 974, §2º. Trata-se de especial 
hipótese de patrimônio de afetação ou única hipótese de responsabilidade limitada para este 
específico empresário individual (GALIZZI e CHAVES. 2004, pg. 87/88). 
2. Exercício Efetivo da Empresa 
A caracterização do empresário individual se dá pelo efetivo exercício profissional de 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
A contrário senso, se a atividade econômica não for efetivamente exercida por determinado 
período de tempo o sujeito não poderá ser considerado empresário e por consequência não 
poderá ser decretada sua falência – Lei 11.101/2005 - art. 1º c/c. art. 96, VIII. 
No mesmo sentido, não se considera empresário aquele que exerce certa atividade 
temporariamente, esporadicamente, mesmo que seus fins estejam pautados no lucro. 
Portanto, aquele que episodicamente organiza ou compra certas mercadorias para revenda, 
não pode ser considerado empresário. 
 
3. Ausência de Impedimento legal. Os proibidos para atividade empresária 
 
 A atividade econômica no Brasil. Se submete ao princípio da livre iniciativa – CRFB/1988 - 
art. 170. Porém, a própria Constituição da República de 1988 estabelece que o exercício de 
profissão estará sujeito ao atendimento dos requisitos previstos em lei ordinária – CRFB/1988 
- art. 5°, XIII), que fundamenta a validade das proibições ao exercício da empresa. O proibido 
de exercer a empresa deve ser capaz, ou seja, possui ampla disponibilidade para realização 
de negócios jurídicos, mas por força de uma vedação expressa na lei ele não pode exercer 
a empresa. 
Os principais impedidos de exercer a atividade empresarial são: 
1. Membros da Magistratura - Art. 95, PU, I da CF c/c com a LOMAN; 
2. Membros do Ministério Público - Art. 128, §5, II, (c) da CR/88 c/c Lei 8625/93 (membros 
do MP) c/c LC 106/03 (LC estadual do MP/RJ); 
3. Servidores públicos ativos - Art. 117, X, c/c. art. 132, XIII da lei 8112/90; 
4. Militares da ativa - Art. 29 da lei 6880/80 c/c art. 204 do CPM (Dl. 1001/69); 
5. médicos não podem exercer a atividade farmacêutica - Lei 5991/93 – art. 21 c/c art. 55 
c/c. Dec. 20.377/31; 
6. Devedores do INSS – Lei 8212/91 – art. 95, §2º, (d); 
7. Prepostos/ Empregados – CCB/02 - Art. 1170 c/c. Art. 482 CLT; 
8. Leiloeiro Art. 36, alínea a, 1º do Decreto 21981/32; 10. 
20 
 
 
 
9. O falido não reabilitado - Lei 11.101/2005 - Art. 102 c/c. art. 158, III c/c. art. 159. 
Entretanto, a despeito da proibição, se tais pessoas exercerem efetivamente a empresa, 
responderão como empresários – CCB/02 - Art. 973. 
DESTAQUE: Em relaçãoaos Deputados, não há proibição expressa – art. 54, II, (a) c/c. art. 
29, IX da CRFB/1988. 
DESTAQUE: A SITUAÇÃO DO ESTRANGEIRO. 
O estrangeiro com visto definitivo pode ser empresário no Brasil, porém tem que ser 
domiciliado. Isto porque o estrangeiro com visto provisório não pode ser empresário individual 
no Brasil. Lei 6.815/1980 – art. 99. 
DESTAQUE: A QUESTÃO DO REGISTRO 
Não é necessário o registro para que a pessoa ser considerada empresária. O Registro é 
um gênero que possui três modalidades previstas no art. 32 da Lei 8934/94: Matrícula (inciso 
I), Arquivamento (inciso II) e Autenticação (inciso III). Registro é importante para dar 
regularidade, publicidade e proteção jurídica ao empresário. 
O Registro, em regra, tem natureza declaratória – lei 8934/1994 – art. 36. A realização da 
inscrição (Registro) do Empresário (Individual) enseja uma presunção relativa de que o sujeito 
é empresário. A presunção é relativa porque admite prova em contrário. Nada impede que se 
prove que apesar do registro aquele sujeito nunca exerceu efetivamente a empresa. 
Porém exceções, ou seja, existem dois casos em que o Registro será indispensável para 
que a pessoa adquira a condição de empresário: 
1. Art. 32, I da Lei 8934/94 = MATRÍCULA As pessoas nas quais a lei exige a matricula são 
pessoas que só adquirem a condição de empresário após o Registro, denominado matrícula; 
2. Art. 971 e art. 984 NCC = ATIVIDADE RURAL. Quem exerce uma atividade 
preponderantemente rural não é considerado empresário. Porém se esta pessoa optar por se 
registrar na Junta Comercial, ele terá tratamento de empresário. A ratio dos arts. 971 e 984 
NCC é possibilitar a eventual recuperação da empresa daquele que explora atividade 
preponderantemente rural. 
Se não há o Registro, a atividade é irregular. 
Ainda que irregular o Empresário (Individual) responde por todas as suas obrigações, civis, 
consumeristas, empresárias, trabalhistas, tributárias. Entretanto, o empresário irregular não 
poderá: 
21 
 
 
 
a. requerer a falência de outro devedor empresário por falta de legitimidade ativa – Lei 
11.101/2005 - art. 97, §1º. Somente o empresário regular (devidamente registrado) pode 
requerer a falência do seu devedor empresário. 
b. Requerer recuperação judicial – Lei 11.101/2005 - art. 48; 
 c. O empresário irregular não pode participar do procedimento licitatório - Art. 28 da lei 
8666/93; 
d. não terá direito à proteção ao nome empresarial. Art. 33 da lei 8934/94 c/c CCB/02 - Art. 
1166. 
Mesmo sem registro, se o sujeito for plenamente capaz, exercer efetivamente a empresa e 
não for proibido ele será considerado empresário, irregular, mas empresário com todas 
consequência negativas que isso pode implicar tais como: 
 
7. Obrigações Profissionais do Empresário. 
Os empresários individuais possuem basicamente três obrigações fundamentais, para que 
suas atividades sejam legalmente amparadas: 1) dever de arquivamento de seus atos 
constitutivos na Junta Comercial; 2) dever de escrituração dos livros empresariais obrigatórios 
e; 3) dever de levantar, periodicamente, o balanço patrimonial e de resultado econômico da 
empresa. 
1) Dever de arquivamento de seus atos constitutivos na Junta Comercial 
A inscrição do empresário individual deve obrigatoriamente ser feita no Registro Público das 
Empresas Mercantis – CCB/02 - Art. 967 c/c. art. 1150. O requerimento deve ser dirigido à 
Junta Comercial contendo os requisitos do artigo 968, do Código Civil de 2002 c/c. Lei 
8934/1994 c/c Dec1.800/1996. Caso, o Empresário (Individual) tenha intenção de abrir uma 
sucursal, filial ou agência em lugar diverso, sujeito a jurisdição de outra Junta, será tomada o 
mesmo caminho acima referido. 
Os documentos necessários para a realização do registro de uma empresa deverão ser 
apresentados à Junta Comercial no prazo de 30 dias, contados da data da lavratura dos atos 
respectivos. Feito o registro dentro do prazo legal, os efeitos se operam ex tunc, retroagindo 
à data da lavratura – Lei 8934/1194 – art. 36. Não feito em prazo legal, os efeitos serão 
apenas ex nunc, correndo a partir do arquivamento feito pela Junta Comercial. Requerido o 
registro além desse prazo, ele somente produzirá efeito a partir da data de concessão e não 
da lavratura do ato constitutivo. 
22 
 
 
 
2) Dever de escrituração dos livros empresariais obrigatórios 
O Empresário (Individual) devera também utilizar sistema de escrituração de livros, manual, 
mecanizado ou eletrônico – CCB/02 - Art. 1.179. 
Os livros empresariais possuem funções gerenciais (registro de dados para análise e 
avaliação); funções documentais (necessidade de demonstração ou prova dos resultados da 
empresa) e função fiscal (controle de incidência de tributos) 
DESTAQUE: A Falta de escrituração pode produzir consequências motivadoras e 
consequências sancionatórias: 
1. Consequência motivadoras: a. Impede acesso à recuperação judicial da empresa – Lei 
11.101/2005 - art. 51, §1º; b. Ineficácia probatória dos livros CCB/02 - Art. 226 
2. Consequência sancionatórias: a. presunção de veracidade de fatos alegados contra o 
empresário – CPC/15 - Art. 417; b. tipicidade de crime falimentar – Lei 11.101/2005 - art. 178. 
DESTAQUE: EXIBIÇÃO DOS LIVROS EMPRESARIAIS. 
Em regra, o Empresário (Individual) tem direito ao sigilo dos livros – CRFB/1988 - art. 5, XII 
c/c. CCB/02 - Art. 1190. 
Entretanto, há situações excepcionais em que a exibição pode ser exigida de forma parcial 
ou até mesmo exibição total: 
1. A exibição parcial pode ser requerida: 
a. Por Juiz de direito (ex officio) – CPC/15 - Art. 421. 
i. STF/SÚMULA Nº 260 - O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado 
às transações entre os litigantes. 
ii. STF/SÚMULA Nº 390 - A exibição judicial de livros comerciais pode ser requerida 
como medida preventiva. 
b. Por agentes da Fazenda Pública – CCB/02 - Art. 1193 c/c. Código Tributário Nacional 
- Art.113 c/c. art. 195 c/c. Art. 196. 
c. Pelo fiscal do INSS – Lei 8212/1991- art. 33, §1º 
i. SÚMULA Nº 439 - Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer 
livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação. 
2. A exibição total pode ser requerida: 
a. Por parte em processo judicial de liquidação, sucessão, comunhão ou sociedade, 
administração de bens alheios ou falência – CCB/02 - Art. 1191 c/c. CPC/15 - Art. 420. 
b. Por sócios ou administradores de sociedade empresária – CCB/02 - Art. 1021. 
23 
 
 
 
DESTAQUE: EFICÁCIA PROBATÓRIA DOS LIVROS EMPRESARIAIS. 
A produção dos dados nos livros empresariais decorre de atos unilaterais. Portanto é um 
documento unilateral. Assim, em nenhuma hipótese faz prova plena. 
A prova pode ser a favor do Empresário (Individual) se houver: 
1. Regularidade na escrituração – CCB/02 - Art. 226 c/c. art. 1179 c/c. art. 1180 c/c. 
11183 
2. Isonomia das partes litigantes. 
A prova pode ser contra o Empresário (Individual) se não houver regularidade ou se a outra 
parte for hipossuficiente e tive direito a inversão do ônus da prova – CCB/02 - Art. 226 c/c 
CPC/15 - Art. 417. 
3) Dever de levantar, periodicamente, o balanço patrimonial e de resultado econômico da 
empresa 
O Empresário (Individual) também dispõe do dever de levantamento do balanço patrimonial 
e de resultado econômico. Estes deverão ser feitos anualmente – CCB/02 - Art. 1179 c/c 1180. 
No caso das sociedades anônimas, que distribuem dividendos a cada seis meses, o balanço 
deverá ser semestral – Lei 4595/1964 - Art. 31. 
O balanço patrimonial serve para demonstrar a situação real da empresa, indicando seu 
ativo e passivo, ou seja, todos os bens. Já o de resultado acompanhará o de balanço 
patrimonial e constarão crédito e débito. 
Estas informações são de extrema importância, paraque seja avaliada, anualmente ou 
semestralmente, como a empresa está em relação a lucros, dividendos, bens etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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