Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MANUFATURA ENXUTA Aula 2 Prof.a Paula Andrea da Rosa Garbuio 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, entenderemos as métricas da Manufatura Enxuta, conheceremos as etapas para a implementação do Lean e perceberemos os conceitos do Lean Thinking, do Lean Office, do Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM) e do Kaizen (Melhoria Contínua). CONTEXTUALIZANDO Hoje em dia, nos sistemas produtivos das empresas, convivemos com algumas atividades que agregam valor e com outras que não agregam. Temos de ter o foco sempre em tratar as atividades que não agregam valor, a fim de reduzirmos custos e aumentarmos a velocidade dos processos. Pare um momento e pense: para a implantação de um sistema de Manufatura Enxuta é necessária a mudança de atitude da empresa? O VSM pode ajudar a visualizar o que está acontecendo no seu processo produtivo? TEMA 1 – AS MÉTRICAS DA MANUFATURA ENXUTA Eficiência Individual X Eficiência Sistêmica Eficiências individuais isoladas não significam eficiência sistêmica adequada. A quantidade de trabalho e o ritmo de produção precisam ser adequados. 3 Tempo Takt O Takt Time corresponde ao ritmo de produção necessário para atender à demanda (a palavra alemã takt corresponde ao ritmo musical), ou seja, o tempo de produção que se tem disponível pelo número de unidades a serem produzidas em função da demanda do cliente. Taiichi Ohno define o Takt Time como “o resultado da divisão do tempo diário de operação pelo número de peças requeridas por dia”. Fonte: Nota do Autor. Tempo de Ciclo É o intervalo de tempo entre unidades sucessivas que saem de um processo. Significa também o tempo para que o operador complete o ciclo de trabalho para uma unidade. Fonte: Nota do Autor Conteúdo de Trabalho Total de tempo necessário para executar as várias tarefas (soma dos tempos de ciclo). 4 Tempo de Agregação de Valor (AV) e Tempo de Não Agregação de Valor (NAV) Todo trabalho que realizamos para entregar um produto ou serviço aumenta o custo do que entregamos. A atividade que agrega valor (AV) pode ser definida como uma atividade que o cliente final reconhece como válida, estando disposto a remunerar a empresa por ela. As empresas procuram eliminar as atividades que não agregam valor (NAV), diminuindo, desta forma, seus custos, aumentando a velocidade de seus processos. Lead Time É o tempo de atravessamento da peça no processo/fábrica. Do ponto de vista do cliente, existe apenas um lead time: aquele que decorre entre o pedido e a entrega. É claro que essa é uma variável competitiva crucial, à medida que um número maior de mercados torna-se cada vez mais competitivo. Da perspectiva do fornecedor, é o tempo que se leva para converter um pedido em caixa e, de fato, o tempo total em que o capital de giro é utilizado, desde a compra dos materiais até o momento em que é recebido o pagamento do cliente. Reduza o Lead Time! Faça com que cada processo produza somente o que e quando o processo seguinte necessita. Coordene as operações para aproximar-se cada vez mais desse ideal, diminuindo continuamente o lead time. 5 Fonte: Nota do Autor. TEMA 2 - ETAPAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA MANUFATURA ENXUTA 6 Ferramentas para a implementação da manufatura enxuta Conceitos e Processos Administrativos Lean Thinking Lean Office Planejamento Mapeamento de Fluxo de Valor Excelência Operacional Kaizen (Melhoria Contínua) Fluxo de Produção • Fluxo Contínuo de Produção (Células) • Fluxo de Materiais na Produção (Kanban) Estabilidade • Setup Rápido • Manutenção Produtiva Total • Sistemas à Prova de Erros Padronização • 5S • Trabalho Padrão e Gerenciamento pelo Takt Time • Gerenciamento Visual Lean Thinking Desperdício é qualquer atividade que consome recursos da empresa, mas que não cria valor ao cliente. Visando eliminar esses desperdícios, o Lean Thinking aposta em cinco princípios: Valor: a empresa deve entender o que é valor na perspectiva de seus clientes (interno ou externo). Valor é o que determina o quanto um cliente está disposto a pagar por um produto, funcionalidade ou serviço; 7 Fluxo de valor: fluxo de valor são todas as etapas que agregam valor ao produto ou serviço em seu processo de ciclo de vida, desde suas origens até o seu encerramento. Em grande parte dos fluxos de valor, as atividades que realmente criam valor para o cliente são poucas. Etapas que não geram valor ao produto ou serviço são consideradas como desperdícios, e devem ser melhoradas ou eliminadas do processo; Fluxo contínuo: o fluxo contínuo nada mais é do que uma produção sem interrupções. Após a definição do fluxo de valor, o fluxo contínuo deve operar de forma polida, sem interrupções, esperas e gargalos, e as etapas do processo de produção devem andar de forma sincronizada. O fluxo contínuo entrega valor de forma mais rápida para seu cliente, no menor prazo possível, e com o menor custo possível; Produção puxada: é o modo de assegurar que nada será feito antes do seu tempo. O produto, funcionalidade ou serviço é criado/executado apenas com a ordem do cliente, reduzindo estoques e trabalhos desnecessários. As tarefas e atividades dentro do processo também devem ser executadas em seu tempo, de forma sincronizada; Perfeição: a perfeição* é o objetivo a ser alcançado no Lean Thinking. Através da melhoria contínua, as etapas, processos, pessoas, produtos etc. são melhorados gradativamente até a sua perfeição. De tempos em tempos, o processo passa por revisões e adaptações, treinamentos são efetuados, novas tecnologias são testadas e implantadas, a fim de garantir a melhoria contínua. * A perfeição é utópica. Sempre haverá algo que possa ser melhorado. Devemos sempre considerar os custos e benefícios de uma mudança. Lean Office É o Fluxo de Valor em Processos Administrativos. Características dos Processos Administrativos nas empresas: Processamento via de regra de informações; Maior dependência de pessoas e menor de equipamento; 8 Tempo de ciclo altamente variável; Estoques invisíveis; Retrabalhos e erros raramente registrados; Baixa padronização das tarefas. Questões: Como os processos de apoio devem suportar os fluxos de valor? Como tornar mais enxutos os fluxos de trabalho em ambientes administrativos? Quadro comparativo de desperdícios na manufatura x escritório 9 Modelo de adequação do mapa de fluxo ao processo administrativo TEMA 3 – FERRAMENTA DA MANUFATURA ENXUTA PARA PLANEJAMENTO – MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR (VSM) O Mapa do Fluxo de Valor é a ferramenta de diagnóstico e planejamento que guia todas as demais ferramentas da produção enxuta. 10 Um fluxo de valor pode ser definido como o conjunto de passos (valor agregado ou não) necessário para ter um produto ou serviço. Abrange desde o estado de matérias-primas até a entrega do produto e a satisfação do cliente. O Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM) baseia-se na elaboração de um “mapa” que mostra como é o fluxo de materiais ou informações. Este mapa tem início na cadeia de fornecedores, passa pela empresa e tem seu fim no cliente, percorrendo todo o caminho do processode transformação da matéria-prima. Definição O VSM é uma ferramenta estratégica do negócio que possibilita enxergar o macro da produção. Por este motivo, ela é capaz de mostrar oportunidades de melhorias em cada etapa. O mapeamento de fluxo de valor também é utilizado para identificar gargalos e atrasos nos processos produtivos. Assim é possível entender quais são as etapas que não agregam valor ao produto final e, então, criar uma linguagem comum do estado presente (retrato do que a empresa é hoje) e estado futuro do processo (onde se pretende chegar). No mapeamento do fluxo de valor, os processos são divididos de três maneiras: 1) Aqueles que efetivamente geram valor; 2) Aqueles que não geram valor, mas são importantes para a manutenção da qualidade; 3) Processos que não geram valor e que devem ser evitados ou eliminados. É importante reforçar que o mapeamento do fluxo de informações é tão importante quanto o mapeamento do processo. É natural que estes dois fluxos estejam interligados e o mapeamento deve contemplar ambos. Outrossim, é raro ter em uma empresa alguém que conheça todo o fluxo de valor de um produto. Desse modo, a análise detalhada do processo com a junção das informações é sempre necessária para que ações eficazes sejam articuladas, visando atingir resultados ótimos globais. Componentes Em um diagrama de VSM, você encontrará: Processo de controle global; Fornecedores e métodos de entrega; Insumos dos fornecedores; Processos de trabalho (incluindo armazéns de estoque) através dos quais os materiais se movimentam; 11 Desperdícios e saídas; Clientes e métodos de entrega; Fluxo de informação que coordena as etapas de processo; Tempos médios necessários em cada processo: tempo real de trabalho e tempo de sobrecarga; Quantidade de pessoas envolvidas no trabalho. Como desenhar um mapa de fluxo de valor? Como a maioria das ferramentas relacionadas ao Lean, há alguns passos gerais a seguir quando se deseja criar mapas de fluxo de valor. Vejamos: A) Identifique a família de produto e o processo a ser mapeado Identifique claramente qual a família de produtos que realmente é importante mapear. Lembre-se de que é fundamental focar os esforços em áreas mais críticas primeiramente. B) Desenhe o processo atual Reúna os gestores e os funcionários da linha de frente para desenhar o processo. O envolvimento de todos é muito importante. Identifique as etapas envolvidas, pontos de início e fim do processo, informações de fornecedores, clientes externos, tempos envolvidos etc. Observe quais etapas consomem uma maior parcela dos recursos da organização ou agregam mais valor ou lucro. O mesmo deve ser feito para etapas que não agregam valor. Importante ressaltar que esta fase tem como premissa retratar o atual momento do processo, e não o processo idealizado. C) Avalie o fluxo de valor atual Nesta avaliação, algumas perguntas básicas deverão ser respondidas. São elas: Esta etapa do processo agrega valor ao cliente? Quais processos de fabricação, medidas e tratamentos que agregam valor? Quais desperdícios estão sendo gerados? Quanto e quais recursos estão sendo utilizados? Qual é o tempo de espera entre os processos de fabricação? 12 Como posso eliminar ou reduzir os gargalos dentro do processo? Como podemos implementar mudanças? D) Crie o estado futuro do mapa do fluxo de valor Agora que existe uma melhor compreensão do estado atual, estamos prontos para projetar como gostaríamos que fosse o processo. Normalmente, o objetivo é fazer o produto fluir melhor, reduzindo a quantidade de inventário ou de espera entre etapas. Esta fase é quando se deve imaginar e se esforçar para criar a imagem de como seria o fluxo ideal de trabalho. Novamente, a participação de toda a equipe é fundamental. E) Crie o plano de ação Visto que todos sabem de que forma os processos estão funcionando hoje, sabendo como gostariam que ele fosse no futuro, é hora de formatar um plano de ação. Há uma grande variedade de modelos disponíveis para isso. Podem ser utilizadas as ferramentas Kaizen, Pensamento A3, 5Ws, DMAIC… Enfim, o intuito nesta fase é fazer com que a equipe entenda exatamente quais as ações importantes e o momento em que elas devem acontecer para que haja um movimento do estado atual para o estado desejado. Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM) – exemplo prático Vamos analisar um exemplo prático de indústria de manufatura. O produto consiste em acessórios de metal para portas e janelas. A fábrica é composta por cinco processos produtivos: fundição, usinagem, polimento, pintura e montagem. A empresa também possui um sistema integrado de PCP (Planejamento e Controle da Produção) que gerencia todo o processo produtivo. Vejamos, na figura abaixo, como o VSM foi representado para este produto: 13 Visualizando a figura, podemos entender como funciona o processo de produção de acessórios de metal para portas e janelas. Veja abaixo algumas conclusões: 1. Existe uma cadeia de fornecedores de matéria-prima que realiza suas entregas via transporte rodoviário. Entre o pedido e o recebimento da matéria-prima, tem-se o prazo de um dia (24h representadas na linha do tempo) para que a entrega seja realizada; 2. Quando a matéria-prima chega, vai direto para a Fundição. Neste setor, temos três operadores trabalhando. O tempo de trabalho necessário para que o produto fique fundido (OCT) é de 24 horas. Existe, ainda, um tempo de set-up (tempo de valor não agregado, necessário para converter a configuração de uma linha de produto para outra linha) de uma hora. Sabe- se também que o OEE (Overall Equipment Effectiveness), que representa o produto dos indicadores de disponibilidade x performance x qualidade, é de 0,8; 3. Após sair da Fundição, o produto possui um tempo de processo que não agrega valor de 12 horas, devido a resfriamento (necessário para manter a qualidade), transporte interno e inspeção. Somente após esse tempo ele está pronto para ser usinado. Na Usinagem, tem-se quatro operadores realizando um trabalho de duas horas (OCT), com tempo de set-up de 10 minutos e OEE de 0,6; 14 4. Após sair da usinagem, novamente o produto possui um tempo de processo de uma hora que não agrega valor (tempo de transporte de um setor ao outro). Após este tempo, ele segue para o Polimento. No Polimento, por sua vez, temos dois operadores realizando um trabalho de uma hora (OCT), com tempo de set-up de 20 minutos e OEE de 0,5; 5. Antes de o produto chegar à Pintura, ele possui uma hora de tempo não agregado referente a transporte interno. Uma vez na Pintura, um operador a realiza, despendendo um tempo de três horas (OCT), com set-up de 10 minutos e OEE de 0,8. Após a pintura, o produto tem de secar por um período de oito horas para manter a qualidade (tempo de valor não agregado, porém necessário); 6. Finalmente, na Montagem, o produto é montado e embalado. Neste setor, três operadores gastam um tempo de cinco horas (OCT), com set-up de 10 minutos e OEE de 0,7; 7. Com o produto pronto, é hora de entregá-lo aos clientes. O transporte é terrestre rodoviário; gastam-se dois dias para a entrega ao cliente final; 8. O cliente, por sua vez, responde questões de pesquisa de satisfação e envia informações eletronicamente para um sistema gerencial da empresa (representado por uma seta em forma de raio no mapa). Estas informações são reunidas com informações de pesquisa de mercado que alimentam todo o sistema; 9. O PCP(Planejamento e controle da Produção), por sua vez, baseando-se nas informações de mercado, elabora o planejamento anual de produção, que informa aos seus fornecedores a demanda prevista; 10. O setor de PCP, responsável pelo gerenciamento de toda a produção, possui um sistema informatizado que emite ordens de produção diárias e semanais (setas em formato de raio no mapa). Somando-se os tempos de valor agregado e não agregado, podemos obter o tempo que o produto leva para ser produzido, o famoso Lead Time (tempo de processamento de um pedido, desde o momento que é colocado na empresa até o momento em que é entregue). Neste exemplo, ele foi calculado com base na linha do tempo (região inferior do mapa), fornecendo-nos um tempo total de 129 horas. Pela linha do tempo também obtemos o valor total agregado (em tempo) que o produto possui. Somando as “regiões de vale” da linha do tempo, obtemos um V/A de 35 horas. No mapa, foram utilizados vários 15 termos e símbolos. Na figura abaixo, é possível visualizar alguns símbolos bastante aplicados na elaboração do VSM e seus significados: Além dos símbolos, existem vários termos também utilizados na elaboração do mapa. Podemos visualizá-los na tabela abaixo: Medição Símbolo Descrição Takt Time Takt Taxa de demanda do cliente (tempo_disponível/quantidade_demandada) Lead time L/T Tempo de processamento de um pedido, desde o momento que é colocado na empresa até o momento em que o produto é entregue Relação de produção para entrega P:D Lead Time/Tempo de Entrega Ciclo de trabalho do operador OCT Tempo de trabalho 16 Ciclo de trabalho da máquina MCT Tempo de máquina Acréscimo de valor V/A Tempo envolvido em um processo que agrega valor Entregas no prazo OTD Entregas no prazo/Entregas totais Inventário I Número em dias equivalente aos produtos bons no estoque Giro de Estoque ST Número de vezes por ano que o estoque é substituído Tamanho do Lote Batch Número de peças por lote Overall Equipment Effectiveness OEE Eficiência global dos equipamentos (disponibilidade x produtividade x qualidade) Confiabilidade Rel. Confiabilidade do Processo (%) Tempo de Setup C/O Tempo de valor não agregado necessário para converter uma configuração de uma linha de produto para outra linha Rendimento Yeld 100% – %Rejeição Rendimento de primeira passagem FPY Produto de todos os rendimentos Taxa de Rejeição Scrap Partes defeituosas / Total produzido Defeitos por milhão PPM (Partes defeituosas / Partes boas) x 1.000.000 Taxa de Retrabalho Rework Produtos retrabalhados / Total produzido Área Area Área ou espaço utilizado para operação Frequência de manuseio HF Número de vezes que um item é manuseado Distância do operador OD Distância que o operador percorre Distância da Máquina MD Distância que o material percorre Toda a análise realizada no exemplo representa o estado atual dos processos e não o estado desejado. Entendendo o estado desejado é possível enxergar falhas e detectar pontos de melhorias. 17 TEMA 04 – FERRAMENTA DA MANUFATURA ENXUTA PARA EXCELÊNCIA OPERACIONAL – KAIZEN (MELHORIA CONTÍNUA) A palavra Kaizen tem origem japonesa e significa “melhoria contínua”, o que pode ser levado para o ambiente de trabalho, para a família e para a vida pessoal. Na indústria, tem o mesmo significado, e refere-se ao aprimoramento diário e constante, com o objetivo de aumentar a produtividade. O Kaizen quando aplicado na indústria, também busca eliminar os processos desnecessários, bem como o desperdício de tempo, de matéria-prima etc. Quando cultivado com magnificência, o Kaizen consegue melhorar a produtividade e, por consequência, a qualidade do produto final, sem que isso acarrete gastos, podendo mesmo haver o uso mínimo de investimento. Para tanto, o Kaizen é uma metodologia que conta com as seguintes características: Os trabalhadores desenvolvem suas atividades melhorando-as sempre, através de redução de custos e usando alternativas inovadoras; O trabalho coletivo prevalece sobre o individual; O funcionário é reconhecido como elemento de grande importância da organização; O trabalhador é estimulado a direcionar a sua atividade para as metas do grupo. Para chegar a esse resultado, o Kaizen também faz uso de outras inovações da gestão japonesa: controle da qualidade total e gestão da qualidade total; just in time; kanban; zero defeito; círculos de qualidade; sistemas de sugestões; manutenção preventiva total; orientação para o consumidor; automação; disciplina no local de trabalho; atividades em grupos pequenos; relações cooperativas entre administração e mão de obra; 18 melhoria da produtividade; desenvolvimento de novos produtos. Para que serve o Kaizen Os processos de melhoria contínua que integram a metodologia Kaizen servem para oferecer à indústria que a emprega uma série de vantagens. Entre elas, as principais são: análise de valor; eliminação de desperdícios; padronização; melhor uso da força de trabalho; facilidade na implantação do sistema just in time (JIT). A melhoria contínua também serve para envolver todos os colaboradores de uma indústria ou organização, a fim de que juntos busquem o aperfeiçoamento dos produtos e processos, o que, por consequência, resulta na qualidade final do produto e na satisfação do cliente. Como surgiu o Kaizen A metodologia Kaizen se desenvolveu durante a Segunda Guerra Mundial, momento em que o Japão saiu do conflito com imensos problemas econômicos; paralelamente, as leis trabalhistas da época incentivaram melhores condições aos trabalhadores. Na ocasião, sindicatos de categorias diversas lutavam por acordos nos quais os trabalhadores tivessem acesso a bônus e salários melhores. Esse pano de fundo foi essencial para que o governo do país começasse um programa de estudos na área da Administração Clássica, que tinha como mentor o famoso engenheiro de origem francesa, Jules Henri Fayol. Entre as suas ideias, destacava-se a de aprimoramento constante, o Kaizen, que se baseava na filosofia de vida oriental. Os nove mandamentos do Kaizen 1. Todo desperdício deve ser eliminado; 2. Todos os trabalhadores devem se envolver no processo de melhoria; 19 3. O aumento da produtividade deve ser baseado em ações que não demandem investimento financeiro alto, eliminando gastos excessivos em tecnologias e consultores; 4. É viável dentro de qualquer local ou empresa, em qualquer parte do mundo; 5. As melhorias obtidas devem ser divulgadas, para que exista uma comunicação transparente; 6. As ações devem ser focadas no local de maior necessidade, onde se cria realmente valor, ou seja, o chão de fábrica; 7. Seu objetivo único é a melhoria dos processos; 8. Prioriza a melhoria das pessoas, através de orientação pessoal para a qualidade, trabalho em equipe, cultivo da sabedoria, autodisciplina e prática de sugestões individuais ou de grupo; 9. Aprende-se na prática. Exemplos de aplicação do Sistema Kaizen A aplicação do Kaizen é ampla, podendo ser tanto na administração como no grupo ou nas pessoas. No caso do Kaizen para o grupo, um exemplo é o sistema PDCA (Plan-Do-Check-Action), que tem como meta tornar ágil a execução dos projetos e processos. Já o Kaizen para Administração tem como elemento principal o papel do gerente, que deve dedicar 50% do seu tempo ao aperfeiçoamento de sua equipe. Enquanto isso, o Kaizencom foco nas pessoas deve envolver todos; para isso, é preciso ser dinâmico. 20 NA PRÁTICA Analisando o exemplo prático apresentado neste Tema, referente à figura do Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM), por favor, responda: a) O tempo gasto para o transporte interno entre Usinagem e Polimento é muito alto. Você verificou que a máquina de Polimento é de pequena dimensão e que há espaço próximo do equipamento de Usinagem. É possível reduzir esse tempo de transporte? O que você faria? b) O PCP pode melhorar a programação da Fundição? Explique. Resolução do caso: a) Sim, alteraria o layout da planta, colocando a máquina de polimento ao lado da máquina de usinagem. b) Sim, a fundição necessita ter a sua produção controlada diariamente, pois o tempo de operação é de 24 horas. Com uma produção controlada semanalmente, se houver alguma falha de programação a fábrica pode ficar pelo menos um dia parada sem peças. SÍNTESE A presente aula teve o objetivo de apresentar ao aluno o conceito das métricas da Manufatura Enxuta, as etapas para a implantação da Manufatura Enxuta e as ferramentas seguintes: Mapa de Fluxo de Valor (VSM), Lean Thinking, Lean Office e o conceito do Kaizen (Melhoria Continua). 21 REFERÊNCIAS WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. Lean Thinking: banish waste and create wealth in your corporation. Simon & Schuster, New York, 1996. OHNO, Taiishi. Toyota Production System. Productivity Press, 1998. ROTHER, Mike; SHOOK, John. Aprendendo a enxergar. Lean Institute Brasil, 2003.
Compartilhar