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Do Adimplemento e Extinção das Obrigações Da Remissão de Dívidas como Forma de Pagamento ⌘ Conceito e Natureza Jurídica: Remissão é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. “Não se confunde com a remissão da dívida ou de bens, de natureza processual, prevista no art. 651 do CPC”. Remissão é o perdão da dívida. Nesse sentido, dispõe o art. 385 do CC: “A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro”. A remissão é espécie do gênero renúncia. Embora não se confundam, equivalem-se quanto aos efeitos. A renúncia é unilateral, enquanto a remissão se reveste de caráter convencional, porque depende de aceitação. O remitido pode recusar o perdão e consignar o pagamento. A renúncia é, também, mais ampla, podendo incidir sobre certos direitos pessoais de natureza não patrimonial; já a remissão é peculiar aos direitos creditórios. ⌘ Requisitos: Para que a remissão se torne eficaz faz-se mister: Que o remitente seja capaz de alienar e o remido capaz de adquirir, como expressa o art. 386, in fini, do CC. Que o devedor a aceite, expressa ou tacitamente, pois, se a ela se opuser, nada poderá impedi-lo de realizar o pagamento. ⌘ Natureza Contratual: Inobstante a divergência existente na doutrina a respeito da unilateralidade ou bilateralidade da remissão, é nítida a sua natureza contratual, visto que o CC, além de expressamente exigir a aceitação pelo devedor (art. 385), requer capacidade do remitente para alienar e do remitido para consentir e adquirir, como mencionado. ⌘ Créditos Suscetíveis de Remissão: (todos os créditos) Todos os créditos, seja qual for a sua natureza, são suscetíveis de remissão, desde que só visem ao interesse privado do credor e a remissão não contrarie o interesse público ou de terceiro. “Em suma, só poderá haver perdão de dívidas patrimoniais de caráter privado.” ⌘ Espécies de Remissão: A remissão pode ser, no tocante ao seu OBJETO: Total; Parcial. Pode ser, ainda, quanto à FORMA: Expressa; Tácita; Presumida. Confira-se: Remissão Expressa: Resulta de declaração do credor, em instrumento público ou particular, por ato inter vivos ou mortis causa, perdoando a dívida. Remissão Tácita: Decorre do comportamento do credor, incompatível com sua qualidade de credor por traduzir, inequivocamente, intenção liberatória, p.ex., quando se contenta com uma quantia inferior à totalidade do seu crédito, quando destrói o título na presença do devedor ou quando faz chegar a ele a ciência dessa destruição. Não se deve, todavia, deduzir remissão tácita da mera inércia ou tolerância do credor, salvo nos casos excepcionais de aplicação da supressio, como decorrência da boa-fé. Assim, p.ex., se uma prestação for incumprida por largo tempo, o crédito, por sua própria natureza, exige cumprimento rápido. Remissão Presumida: Quando deriva de expressa previsão legal, como no caso dos arts. 386 e 387 do CC, que serão comentados no item seguinte. A remissão pode ser também concedida sob condição (suspensiva) ou a termo (inicial). Nesses casos, o efeito extintivo só se dará quando implementada a condição ou atingido o termo. A remissão com termo final significa, porém, nada mais que a concessão de prazo para o pagamento. ⌘ Presunções Legais: A remissão é presumida pela lei em dois casos: Pela entrega voluntária do título da obrigação por escrito particular (CC, art. 386); Pela entrega do objeto empenhado (CC, art. 387). Entrega Voluntária do Título da Obrigação: Dispõe o art. 386 do CC: “A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.” Exige-se a efetiva e voluntária restituição do título pelo próprio credor ou por quem o represente, e não por terceiro. Entrega do Objeto Empenhado: Dispõe o art. 387 do CC: “A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.” Por conseguinte, p. ex., se o credor devolver ao devedor, o trator dado em penhor, entende-se que renunciou somente à garantia, não ao crédito. Exige-se, pois, tal como no dispositivo anterior, “restituição” pelo próprio credor ou por quem o represente, e não meramente a “entrega”. A voluntariedade, em contrapartida, é igualmente traço essencial à caracterização da presunção. ⌘ Remissão em caso de Solidariedade Passiva: Proclama o art. 388 do CC: “A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservado o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida”. O credor só pode exigir dos demais codevedores o restante do crédito, deduzida a quota do remitido. Os consortes não beneficiados pela liberalidade só poderão ser demandados, não pela totalidade, mas com abatimento da quota relativa ao devedor beneficiado. A hipótese configura a remissão pessoal ou subjetiva, que, referindo-se a um só dos codevedores não aproveita aos demais. Sendo indivisível a obrigação =“Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.” 1
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