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LÍNGUA PORTUGUESA Prof. Alisson Luiz A posição assumida pelo sujeito-leitor Entenda-se por Leitor Sujeito aquele que adota uma postura crítica e interativa com o texto e seu autor, compreendendo a mensagem, e, ao mesmo tempo, verificando se ela apresenta de forma coerente e coesa a realidade. O Leitor Sujeito consulta as fontes relacionadas com o objeto de sua pesquisa, sendo crítico e especulativo. Nessa busca por algo novo, cruza as informações/fontes e interage com elas utilizando o senso investigativo que deve nortear toda a leitura e, consequentemente, a pesquisa acadêmica. A interatividade no ato de ler Entende-se a leitura como um processo interativo, porque se acionam e interagem os diversos conhecimentos do leitor a todo o momento para chegar-se a compreensão do que se lê. Além disso, quando o leitor chega ao estágio mais elevado de compreensão leitora, a interatividade ocorre plenamente, ou seja, a cada nova leitura o aluno consegue processar os outros textos do mesmo assunto. Ocorrendo o diálogo entre os textos e as experiências do leitor. A interatividade é o leitor saber associar diferentes textos, conhecimentos e imagens, compreendê-lo. A importância do sujeito-leitor durante o ato de ler. Quando se lê, constroem-se significados a partir do que é lido. É preciso atentar, além disso, para o fato de que nem tudo o que o autor quer dizer está escrito/dito no texto, o que põe em foco os processos inferenciais empregados pelo leitor/ouvinte, os quais derivam de seus conhecimentos prévios, enciclopédicos e de mundo, permeados pelo contexto sociocultural. Nesse sentido, o leitor/ouvinte extrapola o texto para poder interpretar os significados ali presentes. Ele vai preenchendo os vazios do texto de acordo com suas experiências de leitura anteriores. Assim, na leitura, estão envolvidos elementos linguísticos, como letras, sílabas, palavras, estruturas e proposições, bem como as expectativas do leitor, sua interpretação e compreensão. A leitura é produzida à medida que o leitor interage com o texto (DELL‟ISOLA, 2011), ocasião em que o ato de ler torna-se uma inesgotável fonte de produção de sentido que nunca é definitivo e completo (MARCUSCHI, 2008, p.229). O Leitor Sujeito deve estar sempre atento para alguns pontos: a) Buscar a compreensão, e nunca a memorização da mensagem, pois só assim poderá, ao final do processo, entrar no mérito do que o autor quis dizer e executar um processo integrado de conhecimentos. b) Adotar uma postura avaliativa de tudo aquilo o que lê, julgando sempre a compatibilidade da expressão com a realidade apresentada pela fonte, já que, em muitas situações, julgamos de forma equivocada uma mensagem por não compreendermos a temática abordada. c) Ter curiosidade, e, por consequência, uma atitude de constante questionamento, perguntando, buscando e dialogando com o autor do texto. Promover uma leitura processando aquilo que é relevante para o autor, e, ao mesmo tempo, compreender a sua mensagem global, sem, contudo, deixar de observar aquilo que é relevante para nós, leitores. Em algumas situações, aquilo que está nas entrelinhas é o que mais nos interessa; em outras, um comentário despretensioso, à parte. A partir do momento em que mantemos esse diálogo com o autor, passamos a compreender sua mensagem com maior clareza e confiança, fazendo uma avaliação, um questionamento, e, por fim, caminhando para a criação de novas interpretações acerca do que absorvemos da leitura. Testes para analisar conteúdo interno Teste 1 Você sabe quantas palavras lê em um minuto? Cronometre um minuto. Durante esse tempo, leia o texto a seguir em voz alta. A leitura deve durar apenas um minuto. Depois de completar esse período de leitura, conte quantas palavras foram lidas. Por exemplo, no enunciado “O espanhol é falado na Espanha e em mais 43 países. Nos Estados Unidos é uma das línguas estrangeiras mais faladas.” temos mais de vinte palavras, sendo elas: o, espanhol, é, falado, na, Espanha, e, em, mais... O texto que você lerá fala sobre o Museu da Língua Portuguesa, localizado na cidade de São Paulo. Leia-o no seu ritmo. Recursos de interatividade e tecnologia para apresentar os conteúdos são os diferenciais de um dos museus mais frequentados do Brasil. O acervo é exposto de forma inovadora e inusitada. A visitação é feita de cima para baixo. No auditório do terceiro andar pode ser assistido um vídeo de dez minutos sobre o surgimento da língua portuguesa. Depois a pessoa passa para a Praça da Língua, onde um audiovisual, com textos projetados por toda a sala, ilustra a riqueza do idioma falado no Brasil. No segundo andar, uma galeria exibe uma tela de 106 metros com projeções simultâneas de filmes sobre o uso cotidiano do português. Totens – esta seção leva o nome de Palavras Cruzadas – explicam as várias influências de outros povos e línguas na formação do idioma. Uma linha do tempo, que mostra a história do idioma, e uma sala (Beco das Palavras) com jogo eletrônico didático sobre a origem e o significado das palavras encantam pelos recursos interativos. Completa esse andar uma exposição de painéis que mostram a história do prédio que abriga o museu e a Estação da Luz. Por fim, o primeiro andar possui um espaço para mostras temporárias. A inauguração homenageou Grande Sertão: Veredas , de Guimarães Rosa. Já houve também exposições sobre Clarice Lispector e Gilberto Freyre. Os elevadores do museu também compõem o espaço expositivo, pois têm vista panorâmica para a Árvore da Palavra, uma escultura de 16 metros, criada pelo artista Rafic Farah, e ainda oferecem áudio que repete um mantra composto por Arnaldo Antunes Agora, complete: eu li ____ palavras em um minuto. Resultado do teste 1 Se você leu 100 palavras ou mais, você tem boa velocidade na leitura. Se leu menos de 100, recomendo que volte ao texto e releia o trecho até completar um 1 minuto. Você verá que a cada leitura as palavras ficam mais familiares e ela ocorre de forma mais veloz. Quanto mais velocidade, mais condição de compreensão de leitura. Teste 2 Falamos em memória e o teste abaixo é justamente sobre ela. Aceita o desafio? Para saber a quantas anda sua memória em relação aos acontecimentos de sua vida, faça este teste. Para cada um dos substantivos da lista abaixo você deve anotar a primeira lembrança concreta que lhe ocorrer e se esforçar ao máximo para recordar a data (se estudava, se trabalhava, onde morava, ambiente frequentado). A lembrança deve ser de uma situação real, corriqueira ou especial, e não uma associação simples de palavras. Caso você se lembre de duas situações diferentes ao mesmo tempo, escolha a que lhe parece mais clara. Por exemplo: pão. Minha avó fez pão quando voltei de férias. Mais ou menos em fevereiro de 1989 (ou há dez anos, há dois meses, há três dias...) Floresta; Tigela; Vinho; Ouro; Pó; Hospital; Beijo; Cadeira; Tempestade; Milho; Biblioteca; Cidade; Separe suas respostas em dois grupos, o primeiro com eventos acontecidos nos últimos cinco anos e o segundo com lembranças ocorridas há mais de cinco anos. Resultado do teste 2 A revista Galileu oferece a seguinte interpretação: Se a maioria dos acontecimentos ocorreu nos últimos cinco anos, é provável que você tenha menos de 40 anos de idade. Nessa faixa, o padrão de memória relaciona-se ao fenômeno “efeito de novidade”. As lembranças que você colocou como memórias são informações retidas pelo seu cérebro e podem simplesmente desaparecer em dias ou meses. Se a maioria dos fatos tem mais de cinco anos, éprovável que elas tenham ocorrido entre seus 10 e 20 anos de idade, devido ao “efeito de reminiscência”. Esse período é o mais marcante da vida das pessoas, e são desse intervalo as memórias mais claras a partir dos 40 anos. São, de fato, memórias, constituídas e estabelecidas, e dificilmente serão esquecidas. A memória de longo prazo “é tudo o que nós sabemos sobre o mundo”, como bem resume o especialista em leitura Smith (1999, p. 45). Essa memória é definida por sua grande capacidade de duração. O leitor ativa seus conhecimentos guardados e organizados na memória quando lê e essa ativação o ajuda a entender o texto. Pontos de vista Um homem rico agonizava em seu leito de morte. Pressentindo que o fim estava próximo, pediu papel e caneta e escreveu: - Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres. Mas morreu antes de fazer a pontuação. Para quem o falecido deixou a sua fortuna? - Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura. Possíveis alternativas - Deixo meus bens a minha irmã, não a meu sobrinho, jamais será paga a conta do padeiro, nada dou aos pobres. - Deixo meus bens, a minha irmã não, a meu sobrinho jamais, será paga a conta do padeiro, nada dou aos pobres. - Deixo meus bens a minha irmã não, a meu sobrinho, jamais será paga a conta do padeiro, nada dou aos pobres. - Deixo meus bens a minha irmã não, a meu sobrinho jamais, será paga a conta do padeiro nada, dou aos pobres. - Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria de quatro à sua procura. - Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de quatro à sua procura. O ato de ler e o sentido que a própria leitura oferece A leitura se apresenta em três níveis básicos, a citar: o sensorial, o emocional e o racional. Às vezes na leitura são usados os três simultaneamente, dependendo das circunstâncias do texto. Leitura sensorial É a primeira leitura que fazemos do mundo, a mais básica, se dá através dos nossos sentidos. Mas uma reflexão chama a atenção, já que ler o mundo assim através dos sentidos parece algo muito natural e inerente, como ler assim um livro? Pois bem, é certo que começamos a ler um livro pela capa, e pelo tato, o apalpamos, e mente aquele que diz que não é uma sensação no mínimo agradável a de folhear as páginas de um livro, principalmente se ele for novo, a de sentir seu cheiro etc. E o mesmo vale para os outros tipos de leitura, o modo como lemos uma situação depende muito do nosso sensorial. Leitura emocional Sob o ponto de vista da cultura letrada, assim como a leitura sensorial que parece ser superficial em sua própria natureza, a leitura emocional tem seu teor de inferioridade por se tratar de uma leitura no campo das emoções, lidando assim com sentimentos, o que provocaria uma falta de objetividade, seria subjetivo. Sem falar que essa leitura é mais comum de quem diz gostar de ler, mas é pouco valorizada e não é mostrada. Leitura racional Para muitos, relacionar a leitura às nossas experiências sensoriais e emocionais é reduzir a leitura, revela ignorância. Essa é a postura dominante e intelectualizada mantida por uma elite. Entre outras coisas, esse tipo de intelectualismo limita a leitura à noção do texto escrito, pressupondo educação formal e certo grau de cultura e erudição do leitor. A leitura de um texto nos aproxima de hábitos, costumes, conceitos e ponto de vistas e culturas diferentes. Envolve também a busca do significado de um texto e se processa na medida em que o leitor consiga interagir com ele. Sabe-se, no entanto, que essa intenção é diferenciada para cada leitor e depende dos seus conhecimentos sobre o assunto e de seus interesses e objetivos na compreensão das ideias que se dará à parte escrita pelos autores. Também não estamos restringindo a leitura a atos de caráter científico, artístico, enfim, eruditos. Então, a leitura racional é intelectual quando elaborada por nosso intelecto – estamos falando de um processo eminentemente reflexivo, dialético. Isso implica dizer que os demais níveis de leitura são válidos. Entretanto, a leitura racional acrescenta o fato de estabelecer uma ponte entre o leitor e o conhecimento. Tipologia textual e gêneros Tipos Textuais Descrição; Narração; Dissertação; Exposição; Injunção. Gêneros Textuais Bilhete; Carta pessoal, comercial; Diário, agenda, anotações; Romance; Blog, e-mail,Orkut, MSN; Aulas; Reuniões; Entrevistas; Piadas; Cardápio; Horóscopo; Telegrama, telefonema; Lista de compras; Resenha; Resumo; Relatório; Artigo; Catalogação. Resenha Como um gênero textual, uma resenha nada mais é do que um texto em forma de síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural, que pode ser um livro, um filme, peças teatrais, exposições, shows etc. O objetivo da resenha é guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural que cresce a cada dia e que tende a confundir até os mais familiarizados com todo esse conteúdo. Como uma síntese, a resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de pura descrição com momentos de crítica direta. O resenhista que conseguir equilibrar perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha ideal. No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é perigoso recorrermos ao erro de sermos superficiais demais. Nosso texto precisa mostrar ao leitor as principais características do fato cultural, sejam elas boas ou ruins, mas sem esquecer de argumentar em determinados pontos e nunca usar expressões como “Eu gostei” ou “Eu não gostei”. Modelos de resenhas Crítica Recentemente, J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter, lançou Os Contos de Beedle, o Bardo (Rio de Janeiro: Rocco), mesmo após ter declarado que “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, o sétimo livro da série, encerraria a saga do bruxo. De fato, neste livro não sabemos nada mais de Harry, já que nem mesmo ele é citado na obra. Entretanto, Beedle nos leva de volta ao mundo dos bruxos, ao universo de Harry Potter; além disso, seus contos, como se sabe, foram citados e lidos por seus colegas de escola. A propósito, segundo Rowling, o que a levou a publicar essa coletânea de histórias (já foram publicados “Animais fantásticos e onde habitam” e “Quadribol através dos séculos”) foi uma “novíssima tradução dos contos feita por Hermione Granger”, a amiga sabida de Harry Potter. Temática AS ROUPAS NA HISTÓRIA Com o advento da história das mentalidades e do cotidiano, um novo enfoque tomou conta dos estudos historiográficos. Os heróis foram substituídos pelos comuns e os "grandes ciclos" se pulverizaram nos movimentos oscilantes do dia a dia. O historiador abandonou o "plano geral" e passou a se dedicar aos detalhes, montando um quebra-cabeças com os micro-processos que dão alento aos fatos históricos. Essa perspectiva teórica se desdobrou na recente moda dos estudos culturais. Muita bobagem tem sido dita e impressa sob tal rubrica, mas às vezes um ou outro estudo realmente sensível e pertinente merece atenção. É o caso de O casaco de Marx - roupas, memória, dor; de Peter Stallybrass, professor de inglês da Universidade da Pennsylvania. O livro traz dois pequenos ensaios que têm como assunto central a questão da vestimenta nas relações sociais, estabelecendo finas interligações entre o universo do uso pessoal, da subjetividade, e o das complexas redes de sociabilidade Atividades Questões sobre polissemia. 1. Uma palavra pode ter diversos sentidos, dependendo da fraseem que se encontre. A isso chamamos polissemia. Numere as frases de acordo com os diversos sentidos da palavra linha. 1. Linha para costurar ou coser 2. Rumo, direção 3. Ligação telefônica 4. Traço a tinta ou a lápis 5. Os cinco atacantes em jogo de futebol O telefone não está dando linha. R: 3 Arranje outro time pra jogar com nossa linha! R: 5 Passe uma linha no final do trabalho. R: 4 Você consegue pôr esta linha na agulha? R: 1 Siga em linha reta. R:2 2. Os interlocutores sempre têm intenções muito específicas em relação ao discurso que produzem para o outro. A essas intenções chamamos de intencionalidade discursiva. Agora responda: a intenção das personagens da questão 1, ao dizer a palavra água, é a mesma? Por quê? 3. a) Por que a personagem parece irritada com Chump? b) Leia o boxe abaixo e depois responda de que forma o significado da palavra acepção pode explicar o que acontece nessa tira. c) Qual pode ter sido a intenção do quadrinista ao apresentar personagens empregando duas acepções diferentes do verbo comer? 4. Agradeço a todos a disposição por virem a esta exposição sobre leitura e interpretação. Professor de Língua Portuguesa Alisson Luiz Fim!!! Segundo encontro – aula de nivelamento
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