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Relatório de Estágio em Medicina Veterinária

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1 
 
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO SUL 
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS 
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
ÁREA DE PROJETO, PESQUISA E CIRURGIA DE PEQUENOS 
ANIMAIS 
ORIENTADOR: PROFª. MED. VET. DRA. ROBERTA CARNEIRO DA 
FONTOURA PEREIRA 
SUPERVISOR: MED. VET. ETIANE SONEGO 
 
 
 
 
 
Douglas Stum Marder 
 
 
 
 
 
 
Ijuí, RS, Brasil 
2016
1 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Douglas Stum Marder 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na área de Projeto, Pesquisa e 
Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao curso de Medicina Veterinária 
da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 
(UNIJUI, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico 
Veterinário. 
Orientadora: Profª. Dra. Roberta Carneiro da Fontoura Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ijuí, RS, Brasil 
2016 
2 
 
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 
Departamento de Estudos Agrários 
Curso de Medicina Veterinária 
 
 
 
 
 
A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do Estágio 
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM 
MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
elaborado por 
Douglas Stum Marder 
 
 
como requisito parcial para obtenção do grau de 
Médico Veterinário 
 
 
Comissão examinadora 
 
 
_______________________________ 
Roberta Carneiro da Fontoura Pereira, Dra. 
(Orientadora) 
 
 
_______________________________ 
Vanessa de Carli Bones, Dra. 
(Banca) 
 
 
 
 
Ijuí, 03 de Dezembro de 2016 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sob a proteção de Deus, PROMETO que, no exercício 
da Medicina Veterinária, cumprirei os dispositivos 
legais e normativos, com especial respeito ao Código de 
Ética da profissão, sempre buscando uma 
harmonização entre ciência e arte e aplicando os meus 
conhecimentos para o desenvolvimento científico e 
tecnológico em benefício da sanidade e do bem-estar 
dos animais, da qualidade dos seus produtos e da 
prevenção de zoonoses, tendo como compromissos a 
promoção do desenvolvimento sustentado, a 
preservação da biodiversidade, a melhoria da 
qualidade de vida e o progresso justo e equilibrado da 
sociedade humana. E prometo tudo isso fazer, com o 
máximo respeito à ordem pública e aos bons costumes. 
Assim o prometo. 
 
Juramento CFMV 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Paulo Marder in memorian 
 
5 
 
RESUMO 
 
 
Relatório de Graduação 
Curso de Medicina Veterinária 
Departamento de Estudos Agrários 
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA 
VETERINÁRIA 
AUTOR: DOUGLAS STUM MARDER 
ORIENTADORA: ROBERTA CARNEIRO DA FONTOURA PEREIRA 
Data e Local da Defesa: Ijuí, 03 de Dezembro de 2016. 
 
 
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de 
projeto, pesquisa e cirurgia de pequenos animais. O estágio ocorreu na Coordenadoria de 
Proteção Animal e Secretaria Municipal de Meio ambiente – Poder Executivo do município 
de Ijui – RS, no período de 19 de outubro até 01 de dezembro de 2016, totalizando 150 horas 
de atividades. A supervisão interna ficou a cargo da Médica Veterinária Etiane Sonego e sob a 
orientação da professora Doutora em Medicina Veterinária Roberta Carneiro da Fontoura 
Pereira. O estágio desenvolvido teve como objetivo o acompanhamento das atividades 
realizadas na Coordenadoria relacionadas ao controle da natalidade de animais abandonados 
com a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido na área de cirurgia em pequenos 
animais. O estágio proporcionou troca de experiência profissional e coleta de informações 
para a elaboração de um projeto municipal para diminuir o nascimento descontrolado de 
pequenos animais e juntamente com uma pesquisa popular sobre uma possível alternativa 
para melhorar a condição de adoção e guarda responsável destes animais. As atividades 
desenvolvidas estão descritas em três etapas distintas, sendo a forma de controle da natalidade 
por meios cirúrgicos, a implantação de um projeto municipal de diminuição de nascimentos 
indesejados proporcionando uma redução significativa de abandonos e uma pesquisa popular 
relacionada à possível implantação de um plano de saúde animal proporcionando a 
valorização profissional da área e uma aproximação entre Médico Veterinário e proprietário. 
O estágio curricular supervisionado proporcionou uma grande experiência pessoal elucidando 
a realidade dos animais abandonados do município proporcionando um grande conhecimento 
da área, além de criar a oportunidade de desenvolvimento profissional e dinâmico na busca de 
alternativas para melhorar a saúde, bem-estar e qualidade de vida destes animais. 
Palavras-chave: natalidade descontrolada, abandono, plano de saúde. 
 
6 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado 
em Medicina Veterinária na área de projeto, pesquisa e cirurgia de pequenos animais, Ijuí, 
RS, no período de 19 de outubro até 01 de dezembro de 2016 ......................................... 12 
 
 
7 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1 - Motivos da preferência dos clientes ao escolherem atual clínica que frequentam. . 28 
Gráfico 2 - Pessoas que já migraram como clientes de outra clinica até frequentarem a atual. . 28 
Gráfico 3 - Opinião dos clientes sobre valor pago atualmente sobre consultas veterinárias. ..... 28 
Gráfico 4 - Satisfação profissional e satisfação financeira ao longo dos anos. .......................... 28 
Gráfico 5 - Pessoas entrevistadas que consideram justo o pagamento de uma taxa mensal para 
assegurar seus animais com serviços médicos veterinários. .................................................. 29 
Gráfico 6 - Valor considerado viável da mensalidade. ............................................................... 29 
Gráfico 7 - Conhecimento sobre a existência de Planos de Saúde Animal. ............................... 29 
Gráfico 8 - Opinião sobre a possível implantação de um Plano de Saúde animal na cidade. .... 29 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 09 
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................................................................... 12 
3 PROGRAMA PERMANENTE DE CONTROLE REPRODUTIVO DE CANINOS E 
FELINOS. .................................................................................................................................. 13 
3.1 Introdução ...................................................................................................................... 13 
3.2 Metodologia .................................................................................................................... 15 
3.3 Resultados e Discussão ..................................................................................................17 
3.4 Conclusão ........................................................................................................................ 21 
4 PROJETO DE ALTERAÇÃO DA LEI MUNICIPAL: RESPONSABILIDADES X 
FISCALIZAÇÃO. .................................................................................................................... 22 
4.1 Introdução ...................................................................................................................... 22 
4.2 Metodologia .................................................................................................................... 24 
 
5 PESQUISA POPULAR: IMPLANTAÇÃO DE PLANO DE SAÚDE ANIMAL ........... 26 
5.1 Introdução ......................................................................................................................... 26 
5.2 Metodologia ...................................................................................................................... 26 
5.3 Resultados e Discussão ..................................................................................................... 27 
5.4 Conclusão .......................................................................................................................... 30 
 
6 CONCLUSÃO GERAL ........................................................................................................ 31 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 32 
ANEXOS ................................................................................................................................... 34 
 
9 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária (ECSMV) é como um 
instrumento de grande importância na formação profissional, devido à aplicação aprendizado 
teórico e prático adquirido durante a graduação proporcionando a interação do acadêmico 
com a realidade do mercado de trabalho e o exercício da profissão de médico veterinário. 
Durante o período de 19 de outubro até 01 de dezembro de 2016 foi realizado o 
ECSMV na Coordenadoria de Proteção Animal (CPA), no município de Ijuí, totalizando 150 
horas de atividades na área de cirurgia de pequenos animais e formulação de projeto e 
pesquisa relacionados aos animais abandonados. A CPA é um setor da Secretaria Municipal 
de Meio Ambiente (SMMA) destinada a atividades de auxilio à animais abandonados tanto na 
parte sanitária quanto na parte relacionada à adoção responsável e de bem-estar. A supervisão 
do ECSMV ficou a cargo da Médica Veterinário Etiane Sonego, sob a orientação da 
professora Doutora Roberta Carneiro da Fontoura Pereira. 
A CPA foi criada pela SMMA a partir da lei 5738/2013, que se encontra em anexo 
(Anexo 1) a este relatório. Esta lei foi estipulada no dia vinte e dois de março do ano de dois 
mil e treze (22/03/2013) a partir de uma determinação do Ministério Público devido à 
preocupação da população e principalmente das Organizações Não Governamentais (ONGs) 
ligadas à área de proteção animal do município, exigindo do Poder Executivo um amparo 
legal e assistencial aos animais abandonados. Em abril deste mesmo ano a CPA do município 
de Ijuí iniciou suas atividades, sendo o órgão destinado à formulação e estabelecimento das 
políticas públicas destinadas à saúde, à defesa, ao controle populacional e ao bem-estar dos 
animais. 
Os animais domésticos no Brasil são amparados pela Constituição Federal de 1988 
que define maus-tratos e abandono como crime ambiental, sendo este um dos assuntos de 
grande destaque na sociedade e na mídia em geral acarretando no surgimento de movimentos, 
campanhas e ações judiciais para combater estes atos. Diante destes fatos observa-se a falta de 
políticas públicas específicas e órgãos reguladores que amparem os devidos direitos de forma 
correta (SOUZA, 2014). 
10 
 
A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação 
(ABINPET) estima que a população de cães e gatos no Brasil seja de 58,6 milhões, sendo que 
71% das residências têm cães e 17,5% têm gatos. E de acordo com a Sociedade Mundial de 
Proteção Animal (WPA) 75% dos cães do mundo estão nas ruas. Levando em consideração 
esses dados, aproximadamente 44 milhões de animais de companhia no país encontram-se 
com livre acesso as ruas ou são abandonados. Desta forma fica evidente a falha e 
irresponsabilidade na guarda de animais por parte da sociedade e órgãos públicos causando 
inúmeros transtornos para a saúde publica quanto para o bem-estar dos animais, como o 
abandono (SOUZA, 2014). 
Em toda a América Latina o abandono de animais é muito frequente e no Brasil este 
fato não é diferente desencadeando sérias consequências. Dentre elas podemos citar o perigo à 
saúde pública devido à transmissão de zoonoses, desconforto social em relação ao 
comportamento agressivo de alguns animais, impactos ambientais e custos para a sociedade 
com estratégias de controle populacional (ALVES et al., 2013). 
A falta de controle da natalidade e o abandono são os principais fatores que 
influenciam na superpopulação. Considera-se que uma cadela com sistema reprodutor em 
boas condições produza por um período de aproximadamente 10 anos cerca de 108 filhotes, 
destes filhotes pode-se estimar que metade seja de fêmeas, sendo assim, durante a vida 
reprodutiva deste indivíduo pode-se chegar a um número de 5.832 cães descendentes, entre 
filhos e netos. Na maioria das vezes este descontrole populacional acontece devido à falta de 
responsabilidade e informação das pessoas no momento de adoção ou compra destes animais. 
Uma das indicações corretas e eficientes para se resolver esta situação seria a esterilização ou 
castração dos animais (SOUZA, 2014). 
Durante um senso realizado no ano de 2014 pela CPA do Município de Ijuí, agentes 
comunitários fiscalizadores do vetor da dengue percorreram todos os bairros da cidade e 
fizeram um levantamento de quantos animas de companhia existiam nas residências e destes, 
quantos eram esterilizados. Esta pesquisa estimou que aproximadamente 28983 animais 
possuíam proprietários na cidade, sendo que destes apenas 4% eram esterilizados, e o mais 
agravante é que 20% possuíam acesso livre à rua. Salientando que este senso não contabilizou 
animais de rua, animais residentes no interior e nem em casas de passagem, estes últimos são 
pessoas que recebem animais em suas residências com guarda temporária até serem 
encaminhados para adoção. 
Atualmente a CPA possui o Programa Permanente de Controle Reprodutivo de 
Caninos e Felinos, através do procedimento de esterilização dos animais. Todos os cães e 
11 
 
gatos encaminhados para adoção são agendados para passar pelo processo cirúrgico de 
castração, porém existe uma demanda muito grande para o procedimento em relação aos 
recursos repassados do Poder Executivo para o setor, desta forma, a lista de espera ultrapassa 
a capacidade de concretização, o que só agrava devido às inúmeras campanhas de adoção 
realizadas pelas ONGs de proteção animal do município, os quais são encaminhados para o 
programa. 
Tendo em vista estes fatos observa-se que o programa é insuficiente para o controle da 
natalidade e redução do abandono dos animais. Pode-se ainda ressaltar a falta de Políticas 
Públicas que regularizem e fiscalizem a guarda responsável dos animais de companhia. Diante 
disso fica evidente a necessidade de uma alternativa que viabilize a tutela destes animais e 
mantenha os proprietários mais próximos de informação técnica e serviços profissionais do 
setor e bem-estar animal. 
Este relatório de ECSMV descreve três etapas distintas que serão discutidas 
futuramente. A primeira refere-se a descrição dasatividades realizadas durante o estágio que 
compõem o atual programa de esterilização dos animais encaminhados para a adoção, 
elucidando os procedimentos adotados e descrevendo as técnicas utilizadas e os benefícios 
proporcionados. A segunda diz respeito a formulação de um projeto encaminhado à Câmara 
de Vereados e ao Poder Executivo de Ijuí, modificando a atual Lei Municipal e adotando um 
modelo de controle da natalidade e fiscalização dos proprietários. E a terceira descreve uma 
pesquisa popular com a finalidade de viabilizar a implantação de um plano de saúde animal 
com o intuito de aproximar os proprietários de animais de companhia aos profissionais da 
área de medicina veterinária. 
 
 
12 
 
 
 
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
 
 
As principais atividades desenvolvidas durante o ECSMV na área de projeto, pesquisa 
e cirurgia de pequenos animais, na Coordenadoria de Proteção Animal (CPA), no município 
de Ijuí, RS, Brasil, estão descritas na Tabela 1. 
 
Tabela 1 - Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado 
em Medicina Veterinária na área de projeto, pesquisa e cirurgia de pequenos animais, Ijuí, RS, no 
período de 19 de outubro ate 01 de dezembro de 2016. 
 
Resumo de atividades Total % Horas 
Procedimentos cirúrgicos de ovário-histerectomia 23 67,5 45 
Procedimentos cirúrgicos de orquiectomia 30 20 30 
Desenvolvimento de Projeto e alteração da Lei Municipal 1 20 30 
Pesquisa Popular de Implantação de um Plano de Saúde 
Animal 
1 30 45 
TOTAL 55 100 150 
 
 
13 
 
 
 
3 PROGRAMA PERMANENTE DE CONTROLE REPRODUTIVO DE 
CANINOS E FELINOS 
 
 
Douglas Stum Marder, Roberta Carneiro da Fontoura Pereira, Etiane Sonego 
 
3.1 Introdução 
 
A convivência entre cães e seres humanos é historicamente harmoniosa, porém nas 
últimas décadas essa relação tem sofrido um desequilíbrio devido à superpopulação de 
animais em centros urbanos, consequência na maioria das vezes do abandono (BARROS, 
2010). Impulsionados pelo consumismo sem planejamento e orientação sobre guarda 
responsável juntamente com a falta de informação profissional dos cuidados sanitários, as 
pessoas adquirem animais (SANTANA et al, 2006). 
Como reflexo do aumento populacional humano o número de animais cresce 
desordenadamente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que a 
relação entre cães e seres humanos em países desenvolvidos está na ordem de 1:7 a 1:10, 
porém nos grandes centros do Brasil esta estatística aumenta, admitindo que haja um cão para 
cada quatro habitantes. Por estes números é possível avaliar o grande desafio que os órgãos 
responsáveis pela saúde pública enfrentam. Grande porcentagem destes cães vivem na 
situação de abandono e encontram-se submetidos a todo o tipo de situação que se contrapõem 
ao bem-estar animal, como ferimentos, fome, doenças, falta de alojamento e tratamento 
desumano ou inadequado. (BARROS, 2010). 
Os cães sempre estiveram envolvidos na transmissão de diversas doenças para a 
humanidade, conhecidas como zoonoses. Dentre as principais podemos citar a raiva, 
leishmaniose, leptospirose e doenças parasitárias, além de implicações traumáticas 
envolvendo descontrole comportamental ocasionando casos de agressão aos humanos e a 
outros animais, causando danos a integridade física e psicológica das vitimas (SANTANA et 
al., 2006). 
Ainda podemos citar outros problemas ocasionados pela falta de responsabilidade 
humana e para com os animais de rua como ruídos excessivos, latidos e uivos, excreções de 
14 
 
fezes e urina nos locais públicos, danos materiais às propriedades públicas e privadas, 
acidentes de trânsito e aglomeração de animais por manifestação de comportamentos sexuais 
decorrentes do cio das fêmeas. Os impactos ao meio ambiente são identificados por meio de 
eliminação de excreções e carcaças de animais que vem a óbito e são depositadas em locais 
indevidos (ALVES et al, 2013). 
Economicamente podemos salientar as diversas campanhas de manejo populacional na 
tentativa de controlar a presença dos cães nas ruas. Centros de zoonoses, programas de 
esterilização e eutanásia geram um custo alto para a o Poder Executivo dos municípios e não 
tem gerado um retorno satisfatório. Os cães acolhidos nestes programas muitas vezes são 
conduzidos para canis municipais ou casas de passagem até serem encaminhados para adoção 
e nestes locais nem sempre as condições são aceitáveis (ALVES et al., 2013). 
Contraponto a isso a principal política pública adotada pelo governo brasileiro na 
última década se mostrou ineficaz, ultrapassada e nada humanitária. O método baseava-se na 
captura dos animais seguida de eutanásia, porém a Organização Mundial de Saúde identificou 
que a taxa de sobrevivência e grande índice de natalidade se sobrepunham ao número de 
animais eliminados, desta forma este informe técnico caiu em desuso na maior parte do 
mundo. Levando em consideração esses fatos pode se concluir que se torna impossível 
realizar o controle da superpopulação canina e a consequente disseminação de zoonoses sem 
um programa adequado de esterilização e controle reprodutivo desses animais (BARROS, 
2010). 
Um programa de esterilização apropriado deveria ser o mais amplo possível com uma 
grande taxa de abrangência e de crescimento gradativo, superando o índice de natalidade em 
cada ano, construindo uma relação inversamente proporcional com os nascimentos de novos 
animais (SANTANA et al., 2006). Porém um programa desta magnitude proporcionaria um 
custo elevado para os municípios e pode inviabilizá-los (ALVES et al., 2013). 
A esterilização utilizada como alternativa ao sacrifício dos animais, além de ser um 
procedimento mais viável para os órgãos públicos, sendo realizada de forma correta por um 
por um Médico Veterinário evita quaisquer formas de dor e sofrimento aos animais. Para 
tanto deve ser efetuada de acordo com as técnicas apropriadas de anestesiologia e 
procedimento cirúrgico, respeitando os processos de assepsia e somente realizada quando o 
animal atingir o estágio de absoluta insensibilidade a qualquer tipo de estímulo doloroso 
(SANTANA et al. 2006). 
Este procedimento além dos benefícios já mencionados proporciona diminuição da 
casuística de neoplasias por ação hormonal e redução da incidência de traumas causados por 
15 
 
disputa territorial dos machos. As principais enfermidades que pode-se evidenciar na fêmea 
são a diminuição de doenças ováricas como neoplasias, e a prevenção do aparecimento de 
doenças uterinas como complexo hiperplasia do endométrio (piometra), mucometra, 
hidrometra e hemometra, neoplasias uterinas, metrites, além da prevenção do 
desenvolvimento de neoplasias mamárias, que são os tumores mais comuns em fêmeas. 
Considera-se que a probabilidade de uma fêmea inteira desenvolver tumor mamário é de sete 
vezes maior que uma esterilizada. Além disso esse procedimento é considerado de eleição 
para o tratamento de doenças no ovário e no útero (CARVALHO, 2012). 
Durante as atividades realizadas no ECSMV junto à CPA de Ijuí foram realizados 
procedimentos cirúrgicos que fazem parte do Programa Permanente Reprodutivo de Caninos e 
Felinos (PPRCF). Desta forma este trabalho tem como objetivo detalhar a conduta destes 
procedimentos comparando-os com as técnicas encontradas na literatura. 
 
3.2 Metodologia 
 
Durante o período do ECSMV realizado na CPA foram efetuados cinquenta e três (53) 
procedimentos de esterilização em animais abandonados que faziam parte do PPRCF, todos 
em cães, sendo destes, vinte e três (23) fêmeas, as quais, foram submetidas realizadas a 
técnica cirúrgica de ováriohisterectomia (OSH), e trinta(30) machos submetidos à técnica 
cirúrgica de orquiectomia. Os animais pesavam em média com 10 kg e possuíam idades 
variadas, sendo o mais novo com aproximadamente 7 meses e o mais velho com 
aproximadamente 14 anos. Todos os animais faziam parte da lista de espera de esterilizações 
do programa e foram recolhidos das ruas. Muitos aguardavam no canil municipal ou em casas 
de passagem pela adoção e alguns já haviam sido adotados. Pois a lei municipal exige a 
castração de todos os animais oriundos da rua antes de ser encaminhados à adoção. 
Todos os animais passavam por um breve exame clínico antes da realização do 
procedimento cirúrgico, momento em que se verifica a temperatura corporal e parâmetros 
fisiológicos de frequência respiratória e batimento cardíaco; quando possível se analisava o 
histórico do paciente. Muitas vezes o histórico estava ausente devido à procedência do animal. 
Exames complementares como hemograma e perfil bioquímico não eram realizados devido à 
baixa disponibilidade financeira do programa. 
Durante a realização dos procedimentos cirúrgicos junto a CPA o protocolo anestésico 
adotado era composto por medicação pré-anestésica (MPA) com associação do opióide 
Tramadol na dose de 4 mg/kg com o tranquilizante Acepromazina na dose de 1 mg/kg por via 
16 
 
intramuscular. A indução e manutenção anestésica foi realizada por via endovenosa pela 
associação do benzodiazepínico Diazepam na dose de 1mg/kg com o anestésico dissociativo 
Cetamina na dose de 10 mg/kg, e Lidocaína 2% na dose de 4 ml/kg como anestesia epidural, 
em alguns casos foi associado a este protocolo a utilização do sedativo Xilazina na dose de 
0,5 mg/kg. O animal era mantido sob fluidoterapia, porém sem aporte de oxigênio. Vale 
ressaltar que oxigênioterapia e anestesia inalatória estavam disponíveis no local, mas não 
foram utilizados em função de custos. 
Neste relatório será descrita a técnica cirúrgica de ovário-histerectomia utilizada nas 
fêmeas. O procedimento consistia na realização de tricotomia ampla de toda a região 
abdominal, após se realizava assepsia do local utilizando álcool-iodo-álcool, se isolava a 
região umbilical e retroumbilical com pano de campo descartável. Após se realizava uma 
incisão retroumbilical na linha média do abdômen na pele e subcutâneo, localizava-se a linha 
alba, então se fazia uma incisão em estocada com o bisturi sobre a linha alba abrindo a 
cavidade abdominal, ampliava-se a incisão com tesoura de mayo, para expor os órgãos 
internos. 
Em seguida identificava-se o útero através da bifurcação uterina e por meio dos cornos 
uterinos se localizava o ovário na extremidade, próximo ao rim do animal; então eram 
colocadas duas pinças hemostáticas curvas abaixo do ovário e uma acima deste, após 
seccionava-se entre a segunda e a terceira pinça liberando o ovário e o restante do corno 
uterino. Abaixo da primeira pinça era realizada uma ligadura dupla em massa utilizando-se fio 
absorvível categute 2.0, iniciando com um nó de cirurgião. Neste momento era realizada uma 
ação em conjunto, no instante em que se apertava o nó outra pessoa removia a primeira pinça 
hemostática aumentando a força de estrangulamento no local, após se realizava três nós 
quadrados, invertia-se as pontas do fio para o outro lado e realizava-se a mesma operação. No 
outro ovário era realizado o mesmo procedimento. 
No coto uterino se localizava a cérvix e anterior à ela se colocava três pinças 
hemostáticas curvas, após seccionava-se entre a segunda e terceira pinça removendo todo o 
útero do animal. Para ligadura se utilizava fio absorvível categute 2.0, realizava-se a mesma 
ligadura que utilizada anteriormente no pedículo ovariano. Em animais de porte maior ligava-
se as veias e artérias uterinas separadamente antes da ligadura em massa; neste local era 
utilizado fio não absorvível nylon 2.0 ou 3.0. Após era omentalizado o coto uterino. 
Para se suturar as fáscias musculares era utilizado fio não absorvível nylon 2.0 e o 
padrão de sutura em sultan ou X. O tecido subcutâneo era suturado em padrão de zigue-zague 
17 
 
utilizando fio absorvível categute 2.0 para a pele utilizava-se fio não absorvível nylon 3.0 no 
padrão de sutura isolados simples, tomando cuidado para não estrangular muito os nós. 
Após o procedimento cirúrgico era realizado um curativo sobre a sutura utilizando fita 
adesiva micropore. Então era colocado colar elizabetano em todos os animais com intuito de 
prevenir lambeduras na sutura e um possível rompimento dos pontos. Como analgesia pós-
operatória era utilizada Dipirona 500mg três vezes ao dia na dose de 10 mg/kg por via 
subcutânea durante 5 dias. 
Cada procedimento levava em torno de 90 minutos, sendo que 20 minutos eram 
utilizados para a preparação do animal, como MPA, tricotomia, assepsia; a técnica cirúrgica 
de OSH era realizada entre 20 a 30 minutos. Nos demais 40 minutos eram feitos curativos e o 
paciente ficava em observação até a recuperação anestésica sendo aferida a sua temperatura 
corporal. 
 
3.3 Resultados e Discussão 
 
Os cães possuem um período gestacional curto de aproximadamente sessenta dias, 
podendo gerar vários filhotes na mesma gestação. As fêmeas em geral tem um 
amadurecimento sexual precoce iniciando o acasalamento entre seis e nove meses, e o 
intervalo entre cada ciclo estral ocorre na maioria das vezes a cada seis meses. Com o intuito 
de controle de natalidade são realizados procedimentos cirúrgicos de castração, considerados 
relativamente simples, porém para se obter o resultado esperado é necessário um pleno 
conhecimento da anatomia e fisiologia do trato reprodutivo, a identificação precisa das 
estruturas envolvidas, bem como a correção de possíveis deformidades que possam existir 
(BARROS, 2010). 
Nas fêmeas o procedimento cirúrgico de castração é realizado pela técnica de OSH. 
Esta cirurgia eletiva é a mais utilizada em cadelas, sendo sua principal finalidade prevenir o 
estro e gestação indesejada, porém há indicação para prevenção de tumores mamários, estros 
prolongados, tratamento de enfermidades ovarianas e uterinas. O termo OSH refere-se à 
remoção cirúrgica dos ovários e do útero. (QUESSADA et al., 2009). Existem muitas 
variações na descrição desta técnica, incluindo a abordagem pelo flanco ou por laparoscopia e 
há variações na utilização de equipamentos de sutura, bisturis ultra-sônicos, selantes 
vasculares e diferentes tipos de ligaduras (FOSSUM, 2008). 
A técnica cirúrgica de OSH mais utilizada é pelo acesso da linha mediana ventral. 
Como a incisão é feita em local de fácil acesso aos ovários isto diminui o tempo de duração 
18 
 
da cirurgia e consequentemente de anestésicos (BARROS, 2010). Deve-se realizar uma 
tricotomia ampla e processo de assepsia na região abdominal. Identifica-se o umbigo e divide-
se visualmente o abdômen em três partes. Segundo Fossum (2008) a incisão é mediana pré-
retroumbilical, ou seja, na linha média imediatamente caudal ao umbigo no terço cranial do 
abdômen caudal. A Incisão deve ser feita neste local devido à localização dos ovários e 
facilita a sua exteriorização. 
 Neste momento segura-se firmemente a linha alba, podendo-se utilizar pinças allis, 
traciona-se para fora e se faz uma incisão em estocada com a ponta do bisturi para abrir a 
cavidade abdominal. Subsequente a isso se amplia a incisão cranial e caudalmente com a 
tesoura de Mayo (FOSSUM, 2008). Em seguida deve-se expor os órgãos, confirmar 
anatomicamente a identificação do corno uterino seguindo até a bifurcação uterina. Localizar 
o ovário ao final do corno uterino caudalmente ao rim, ligado ao terço médio e ventral da 
última ou das últimas costelas pelo ligamento suspensório (COSTA, 2014). 
O ligamentolargo é perfurado com um instrumento de ponta romba na região 
imediatamente caudal à artéria e veias ovarianas, este procedimento facilita a exposição dos 
ovários, porém deve-se ter cuidado para não romper os vasos ovarianos. Exterioriza-se o 
ovário ao máximo da cavidade abdominal, tomando cuidado para não romper o pedículo 
ovariano. Após são colocadas três pinças hemostáticas curvas no orifício do ligamento largo 
prendendo todo o pedículo, onde contém a artéria e a veia ovariana (STANKI, 2012). 
As pinças devem ser aplicadas próximas ao ovário, sendo duas abaixo deste e uma 
acima. Após o pedículo pinçado deve-se seccionar entre a primeira e a segunda pinça 
removendo o ovário ligado ao pedículo (FOSSUM, 2008). Em seguida deve se fazer uma 
ligadura dupla no restante do pedículo utilizando fio categute 2.0, a primeira laçada do nó 
deve ser realizada como forma de nó de cirurgião logo abaixo da pinça mais ventral até sentir-
se resistência, neste momento a pinça inferior é liberada enquanto a tração na ligadura é 
mantida, isso apertará ao máximo o nó, após se realiza mais três nós quadrados, se inverte a 
posição das pontas do fio e repete o procedimento para o outro lado. Neste momento deve se 
verificar qualquer tipo de sangramento ao liberar a última pinça. Este mesmo procedimento 
deve ser repetido no outro ovário (STANKI, 2012). 
O corpo uterino é exposto pela ruptura do ligamento largo e redondo, neste momento 
identifica-se a cérvix, e coloca-se 3 pinças cranialmente a esta. Secciona-se entre a segunda e 
terceira pinça, desta forma removendo todo o corpo do útero e ovários. Imediatamente a isso 
os vasos e o corpo do útero são ligados. A ligadura deve ser feita de forma dupla com fio 
categute 2.0 logo abaixo da primeira pinça, sendo o primeiro nó de cirurgião, liberando esta 
19 
 
pinça no momento da tração maximizando o estrangulamento deste nó. Executa-se mais três 
nós quadrados, inverte-se a posição das pontas do fio e se repete o procedimento para o outro 
lado (STANKI, 2012). Em animais de porte médio e grande, os vasos do útero devem ser 
ligados anteriormente e separadamente antes de realizar este procedimento, devido ao seu 
tamanho estes apresentam-se mais calibrosos evitando assim a chance de hemorragias. Após 
omentaliza-se o coto uterino (BARROS, 2010). 
As fáscias musculares devem ser suturadas com fio não absorvível 2.0, podendo ser o 
Nylon, e deve seguir um padrão isolado simples ou em suturas isoladas cruzadas, também 
conhecido como Sultan. Os pontos devem incorporar 4 a 10 mm de fáscia em cada sutura e 
cada ponto deve ter um intervalo de 5 a 10 mm. A tração exercida nos nós deve ser apenas de 
modo suficiente para aproximar, mas não estrangular o tecido, pois suturas muito apertadas 
dificultam a cicatrização. O subcutâneo deve ser suturado com fio absorvível 2.0, podendo-se 
utilizar o categute, e o padrão de sutura deve ser feito na forma contínua em zigue-zague 
aproximando as duas bordas laterais. A pele pode ser suturada com pontos isolados simples 
utilizando fio não absorvível 3.0 (Nylon), procurando-se evitar a tensão em cada ponto 
(COSTA, 2014). 
A técnica cirúrgica de OSH utilizada durante o PPCRCF pode ser considerada correta 
quando comparada com a literatura, demonstrando ser eficiente e executada de forma correta, 
proporcionando o resultado desejado. 
Segundo Jericó et al. (2015) esta técnica cirúrgica é considerada um procedimento que 
gera dor moderada, porém deve ser levado em consideração o tempo cirúrgico e a experiência 
do cirurgião. Durante os procedimentos cirúrgicos realizados no ECSMV o cirurgião 
demonstrou domínio da técnica cirúrgica efetuando todos os procedimentos em tempo hábil. 
Jericó et al. (2015) ainda ressalta que a dor deve ser sempre tratada e o fármaco 
analgésico deve ser escolhido de acordo com o grau da dor. A eliminação completa da dor 
nem sempre é possível, mas o controle deve ser sempre realizado. Desta forma, o autor 
recomenda que a dor leve deve ser tratada com anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) 
associados ou não à dipirona; já na dor moderada os opioídes fracos, como o tramadol, são 
associados aos AINEs ou dipirona. Nos procedimentos cirúrgicos do PPCRCF a droga para a 
analgesia pós-operatório utilizada era a base de dipirona 500 mg, o que pode-se considerar 
insuficiente nos procedimentos realizados nas fêmeas. 
Outro ponto importante no procedimento cirúrgico são os protocolos anestésicos 
adotados. Para Lumb & Jones (2014) os anestésicos devem aliviar a dor e induzir relaxamento 
muscular, que é essencial para a segurança cirúrgica. Para esses autores a anestesia geral deve 
20 
 
criar a inconsciência e analgesia induzida por depressão controlada do sistema nervoso 
central, desta forma o paciente não deve ter resposta de estímulos nocivos, sendo que as 
funções sensoriais, motoras e autonômicas reflexas estão diminuídas. Atualmente o termo 
anestesia balanceada vem sendo muito utilizado. Tal termo consiste na associação de 
fármacos, com medicamentos pré-anestésicos e anestesia geral direcionados para cada 
resposta que se deseja, em que a perda da consciência, analgesia, relaxamento muscular e 
perda dos reflexos autonômicos são estabelecidos. 
A seleção da técnica e fármacos anestésicos a ser utilizados devem levar em conta o 
estado físico e o temperamento do animal, desta forma exames físico e complementares 
devem ser realizados antes de qualquer procedimento e da escolha do protocolo anestésico a 
ser estabelecido. Tipo de procedimento, familiaridade com os anestésicos, equipamentos, 
instalações disponíveis e custo dos fármacos devem ser igualmente levados em consideração 
na escolha. Desta forma pode-se considerar que não existe uma única técnica ideal para se 
anestesiar cães e gatos, porém ao ser empregada deve cumprir as exigências de uma anestesia 
balanceada (LUMB & JONES, 2015) 
Os anestésicos inalatórios são os que mais se aproximam dessas exigências, além de 
fornecer oxigênio ao paciente durante o plano anestésico. Mas tecnicamente o ideal é que eles 
sejam administrados juntamente com fármacos, como opióides, anestésicos locais e 
miorrelaxantes (LUMB & JONES, 2015). A técnica de anestesia local mais empregada para 
as castrações é a epidural lombossacra, esta técnica consiste na aplicação de fármacos 
próximo ao local de ação permitindo a realização de procedimentos cirúrgicos na região 
abdominal e pélvica. Esta é considerada uma técnica simples e eficiente, causando uma ótima 
analgesia no local do procedimento (BRENDLER et al., 2015) 
Os fármacos anestésicos utilizados durante o PPCRCF quando comparados com a 
indicação encontrada na literatura demonstraram ser aceitáveis especielmente no que se refere 
à orientações de anestesia balanceada. Sendo que como MPA a associação do tranquilizante 
Acepromazina proporcionou recuperação tranquila ao paciente, e o opióide fraco Tramadol, 
proporcionou analgesia satisfatória. A indução era realizada por anestésico geral dissociativo 
Cetamina associado com o benzodiazepínico Diazepam, que causa miorrelaxamento 
adequado. A técnica de anestesia epidural com Lidocaína foi utilizada conjuntamente com 
esse protocolo, o que é extremamente recomendada na literatura citada, por proporcionar 
ótima analgesia no local do procedimento. De modo geral observa-se ao comparar a técnica e 
o protocolo adotados com a indicada na literatura pode-se considerar que não é a mais 
eficiente e segura por não dispor de oxigênio ao animal durante o procedimento, porém atende 
21 
 
as recomendações da anestesia balanceada, além disso, em função de custos do programa se 
faz necessária a utilização. 
Este trabalho pretendia descrever a técnica cirúrgicaempregada durante o PPCRCF, 
elucidando os procedimentos empregados juntamente com seus benefícios, dando uma ideia 
sobre a realidade dos cães abandonados no município, à magnitude que este problema social 
vem enfrentando e a importância do controle de natalidade. 
 
4.4 Conclusão 
 
Conclui-se que a técnica cirúrgica utilizada nas esterilizações de animais de 
companhia no PPCRCF realizados na CPA foi correta quando comparada com a indicação da 
literatura, porém foi observado que a analgesia utilizada no pós-operatório dos pacientes foi 
insuficiente para o procedimento realizado, isto de deve a escassez de subsídios. 
O protocolo anestésico empregado não condiz totalmente com o emprego da melhor 
técnica anestésica utilizada, principalmente pela falta de aporte de oxigênio durante os 
procedimentos cirúrgicos, porém o protocolo continha os requisitos de uma anestesia 
balanceada. 
Devido à falta de recursos direcionados pelo poder público ao setor e ao grande 
número de animais nas ruas, ficou evidente que isoladamente o programa é insuficiente como 
alternativa de controle de natalidade de animais no município. Sugere-se a necessidade de 
outras ações preventivas como campanhas educativas e de conscientização, consideradas 
medidas éticas, baratas e eficazes que estimulam o ideal de guarda responsável e reduzem o 
abandono e o sofrimento dos animais. Juntamente com a ação legal de órgãos fiscalizadores 
que determinem obrigações e deveres aos proprietários de animais. 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
4 PROJETO DE ALTERAÇÃO DA LEI MUNICIPAL: 
RESPONSABILIDADES X FISCALIZAÇÃO 
 
 
Douglas Stum Marder, Roberta Carneiro da Fontoura Pereira, Etiane Sonego 
 
4.1 Introdução 
 
Com a ampla alusão da mídia aos maus-tratos sofridos pelos animais domésticos 
juntamente com a influência da pressão popular, as autoridades passaram a se preocupar com 
a questão da superpopulação causada pelo abandono. Dessa forma, no mundo todo foram 
adotadas políticas públicas pelos órgãos responsáveis que se dividem em duas etapas: a 
primeira intitulada como fase de captura e extermínio; e a segunda etapa, é a fase da 
prevenção ao abandono. Estas ações não surtiram efeito significativo, o qual só 
proporcionaram gastos à gestão publica. No Brasil apura-se grande descompasso na resolução 
desse problema comparado com outros países, como os Estados Unidos ou a Suíça, que 
possuem estatutos eficientes de proteção a esses animais (SOUZA, 2014). 
Os animais segundo a legislatura brasileira não tem personalidade jurídica, porém 
possuem direitos naturais do direito à vida que lhes são inerentes por natureza, sendo estes 
direitos assegurados em estatutos e normas jurídicas. A legislação brasileira afirma que 
abandonar um animal na rua configura maus tratos, puníveis pela Lei Federal nº 9.605/1998. 
Pelo decreto que regula esta Lei o responsável ao abandoná-lo assume o risco de que ele 
poderá não conseguir alimentos necessários, de que poderá ser atropelado, adquirir doenças e 
transmitir doenças, e mesmo que poderá se envolver em confrontos com outros animais, 
podendo machucar-se ou mesmo vir a óbito (SOUZA, 2014). 
Neste sentido, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, implica na conduta 
humana de dar aos animais o devido respeito, não o submetendo a maus-tratos e a atos cruéis, 
nem explorando-o, muito menos promovendo o seu extermínio desnecessário ou cruel. Tal 
documento procura gerar o compromisso de uma relação mais saudável entre o homem e os 
animais. Países que avançaram neste aspecto adotaram medidas de educação ambiental 
complementando ações cabíveis de punição como pontos estratégicos para o enfrentamento 
desta questão (SANTANA et al., 2006). 
23 
 
Dados da Secretaria de Saúde de Curitiba identificaram a captura e o extermínio de 
cães e gatos de forma sistemática e indiscriminada, tendo sido verificados cerca de 18.000 
animais sacrificados num só ano. A eliminação em massa destes animais era sustentada por 
um pensamento equivocado da sociedade e da própria Organização Mundial de Saúde (OMS). 
A OMS perpetuava sobre a importância do controle do aumento da população através da 
retirada de animais das ruas de forma contínua e a compreensão que estes eram grandes 
responsáveis pela transmissão de doenças. Neste contexto, no ano de 2009, um esforço 
conjunto de diversos órgãos municipais criou o Projeto de Rede de Defesa e Proteção Animal 
da Cidade de Curitiba. 
Esse projeto foi elaborado após administradores do município constatarem por dados 
levantados na cidade e pela OMS, que não existem provas de que a eliminação de animais 
gera impactos significativos na densidade de suas populações e tampouco na diminuição de 
propagação de doenças. Então, foi lançado um informe técnico estabelecendo que os métodos 
aceitáveis para o controle da população canina são baseados em quatro premissas, sendo elas: 
restrição de movimentos; programas educativos para a guarda responsável; controle do 
habitat; regulação da reprodução. Este problema não pode ser tratado como uma questão 
estritamente ambiental ou de saúde, e sim de forma integrada, incorporando setores 
administrativos e legislativos dos municípios, estabelecendo normas associadas ao controle 
dos criadouros e da comercialização de animais, impondo limites e responsabilidades cabíveis 
de punição aos proprietários e fornecendo amparo legal aos órgãos e agentes fiscalizadores 
para que estas determinações sejam executadas. 
Há a necessidade da realização de diversas ações promovendo à guarda responsável, 
sugerindo aos proprietários um planejamento de quantos animais a família suporta, 
fornecendo suporte profissional às famílias carentes através de centros capacitados de amparo 
a saúde animal estaria entre os objetivos de prevenir a irresponsabilidade dos guardiões. Neste 
sentido, se faz necessária à implantação de instrumentos legais que possam efetivar a proteção 
à fauna, específicos à educação em guarda responsável, além da implementação de um amplo 
programa de esterilização dos animais errantes e daqueles que possuam guardiões, mesmo que 
estes não desejem ou não possam abrigar mais suas crias. Faz-se ainda necessário um 
mecanismo de identificação dos animais através de chipagem, visando atribuir os legítimos 
tutores as suas responsabilidades (SANTANA et al., 2006). 
Na lei municipal de Ijui nº 5378 (Anexo 1) atribui diversas finalidades à CPA e aos 
proprietários de animais, como as principais podemos citar: fiscalização de maus-tratos aos 
animais, registro dos animais através de chipagem, esterilização de todos os animais atendidos 
24 
 
pelo setor e encaminhados para a adoção. No que se refere as atribuições aos proprietários a 
lei determina que todos animais devem ser encaminhados à CPA para a identificação e 
chipagem, alojados em locais impedidos de fugir ou agredir terceiros, assegurados de 
condições de vida aceitáveis, alimentação adequada, água potável e abrigo de calor, frio e 
umidade. Outras responsabilidades descritas nesta Lei encontram-se em anexo (Anexo 1) a 
este relatório. 
Segundo a SMMA esta lei não vem sendo cumprida, atribui-se este fato a falta de um 
fiscal que permita colocar todas as determinações em prática. Além deste fator, o orçamento 
destinado a este setor é limitado. Ligado a isto a lei possui falhas em relação às atribuições e 
responsabilidades dos proprietários, como a determinação em que a prefeitura se 
responsabilizaria pelos animais de pessoas que recebam até três salários mínimos, desta forma 
sendo ignorada pelos mesmos. 
 
4.2 Metodologia 
 
Durante o ECS foi elaborado um projeto de alteração desta lei e encaminhado para a 
SMMA. Após ser analisadopelo gestor deste setor o projeto foi exposto para o Diretor da 
criação do Plano Diretor do próximo governo municipal e secretário de transição de governo. 
Este projeto foi aprovado por estes órgãos e considerado de interesse do Poder Executivo e da 
população. O projeto foi encaminhado para a Câmara de Vereadores de Ijui, e aguarda 
votação para ser decretado e sancionado. 
O projeto consiste basicamente na premissa de impor responsabilidades aos guardiões 
de animais de companhia, na tentativa de diminuir a natalidade descontrolada dos animais e 
determinar ações a seus tutores cabíveis de multa no caso do seu não cumprimento. Neste 
relatório será descrito apenas as alterações na lei vinculadas às atribuições destinadas ao 
controle de natalidade e responsabilidades ao guardião relacionadas à posse responsável. O 
anteprojeto de lei se encontra na íntegra em anexo (Anexo 2) a este trabalho. 
O cidadão guardião do animal teria o prazo determinado para se enquadrar em uma 
das modalidades previstas pela lei, sendo elas denominadas: criador, companhia e 
abandonados. 
- Criador: se enquadram todos os sujeitos com a intenção de criação de animais. Este 
teria a obrigação de realizar um cadastro junto a CPA se identificando como criador de 
animais destinados ao comércio. Apresentando suas instalações ao fiscal credenciado e seria 
sujeito à aprovação do mesmo levando em considerações as condições de bem-estar exigidas 
25 
 
na lei. Ainda se atribui a obrigação de identificação de todos os animais através de chipagem 
realizada pela coordenadoria e se responsabilizando pelos cruzamentos e destinos destes 
animais. No momento da venda de cada animal seria necessário informar ao setor os dados do 
novo proprietário e este teria o prazo de um ano para se enquadrar na modalidade companhia. 
Somente a modalidade criador teria autorização para a reprodução de animais, desde que 
cumpra as exigências previstas. 
- Companhia: enquadram-se os proprietários de animais que os possuem para o âmbito 
de estimação. Este seria obrigado a castrar todos os animais machos de sua propriedade, 
devido ao custo do procedimento (orquiectomia) ser mais acessível tornando o viável para a 
população. O não cumprimento da determinação é cabível de multa. Em casos de recidiva 
dobra-se o valor. Este valor seria destinado para o auxílio de animais abandonados. 
- Abandonados: estes animais devem ser esterilizados sempre que recolhidos ao órgão 
competente e realizada a esterilização independente de gênero. 
De acordo com este projeto, todo o proprietário ou responsável pela guarda de um 
animal fica obrigado a permitir o acesso do agente fiscalizador, quando no exercício de suas 
funções, às dependências e alojamento do animal, sempre que necessário, bem como acatar as 
determinações emanadas da autoridade fiscalizadora. O desrespeito ou desacato ao agente 
fiscalizador, ou ainda, a criação de obstáculos ao exercício das funções, sujeitam o infrator à 
multa, dobrada em caso de reincidência, sujeito ainda as demais sanções legais. 
Fica evidente que a guarda responsável assegurada por correta fiscalização dos órgãos 
públicos atribui aos proprietários inúmeras responsabilidades, o que implica a oferta de 
assistência capacitada e viável às pessoas. Esta assistência vai desde a parte de informação, 
levando conhecimento do assunto, esclarecendo dúvidas e estipulando melhor manejo aos 
animais, quanto o suporte técnico nos momentos que se encontra necessária a ajuda 
profissional em casos de saúde. A implantação de um plano de saúde animal seria uma 
alternativa para aproximar os proprietários de animais de companhia aos profissionais da área 
de medicina veterinária. 
 
26 
 
 
 
5 PESQUISA POPULAR: IMPLANTAÇÃO DE PLANO DE SAÚDE 
ANIMAL 
 
 
5.1 Introdução 
 
Durante o ECSMV foi realizada uma pesquisa popular com perguntas diretas e 
simples, questionando os proprietários de animais sobre a satisfação destes com o 
atendimento Médico Veterinário realizado pelas clínicas na cidade de Ijui, e ao final do 
questionário foram introduzidas algumas perguntas relacionadas à opinião sobre a 
implantação de um plano de saúde animal no município. Foram entrevistadas 84 pessoas em 
quatro locais distintos da cidade e relacionados a animais, sendo elas uma loja de produtos 
veterinários, uma clínica veterinária particular, canil municipal (CPA) e uma ONG de 
proteção animal durante um brechó solidário. Casada com esta pesquisa foi realizada uma 
entrevista com 12 proprietários de clínicas da cidade, obtendo informações sobre satisfação 
profissional e financeira, fidelidade de clientes e dificuldades do setor. Após foram cruzadas 
estas informações, e os resultados serão apresentados a seguir. 
 
5.2 Metodologia 
 
Os planos de saúde são mundialmente conhecidos na medicina humana e vem 
ganhando espaço importante na área da medicina veterinária. Segundo a Agência Nacional de 
Saúde Suplementar (ANS), que é a agência reguladora de planos de saúde do Brasil vinculada 
ao Ministério da Saúde, este segmento constitui na segurança das pessoas contra riscos 
recorrentes de doenças e garante aos segurados a livre escolha de médicos e hospitais por 
meio do reembolso de despesas. O Plano de saúde direcionado para animais é um adaptação 
deste modelo, porém seguindo a mesma ideologia. 
A implantação de um plano de saúde para animais de companhia na cidade seria uma 
alternativa para aproximar os proprietários de cães e gatos dos profissionais da área, 
melhorando a qualidade de vida destes, tanto na atuação preventiva, como protocolos de 
vacinação, quanto na diminuição de casos graves, pela aplicação correta e segura de 
27 
 
tratamentos, evitando problemas adversos causados por informações e tratamentos 
equivocados receitados por balconistas de agropecuárias, pessoas estas sem nenhum preparo 
ou formação técnica. Além destes fatores, proporcionaria segurança ao proprietário em 
relação à prática de procedimentos sendo realizados por uma pessoa devidamente habilitada, e 
tornaria mais viável à guarda de cães e gatos. Desta forma através de um questionário a 
pesquisa realizada teve o intuito de descobrir a opinião de proprietários de animais sobre o 
assunto. O formulário de questões encontra-se em anexo a este relatório (Anexo 3). 
Após foi realizado uma entrevista com os proprietários de clínicas da cidade 
abordando os seguintes assuntos: quantos anos atua como clínico de animais de companhia, 
principais dificuldades que encontraram ao ingressar no setor, satisfação profissional e 
financeira, valor da consulta cobrada atualmente, fidelidade de clientela e concorrência. A 
partir deste momento foram analisados os dados e cruzadas as informações coletadas. 
 
5.3 Resultados e discussão 
 
Os resultados encontrados nas questões direcionadas aos 84 proprietários de animais 
referentes a quantas vezes eles procuraram ajuda profissional de médico veterinário no último 
ano e quantos animais possuíam em sua residência, foi possível estimar uma média de 
consultas por animal realizada, sendo o resultado de 1,1 consulta por animal por ano. Aos 12 
proprietários de clínicas foi questionado o valor da consulta cobrado atualmente em seus 
estabelecimentos, sendo dos valores encontrados o mais baixo de R$ 60,00 e o mais alto de 
R$ 250,00; realizando uma média entre todos os valores foi encontrado o valor de R$ 88,30 
por consulta. Ou seja, cada animal deixa nas clínicas a quantia de R$ 97,15 por ano em 
consultas. 
Os resultados referentes às perguntas sobre como a pessoa escolheu a atual clínica que 
frequenta demonstram que a grande maioria optou por este estabelecimento em função da 
confiança depositadano proprietário e na equipe do local, vindo em segundo lugar o 
atendimento recebido durante as consultas. Contraponto a isto, o questionamento sobre a 
fidelidade como cliente da clínica demonstrou que 66% das pessoas já foram clientes de 
outras e migraram para os atuais estabelecimentos pelos mesmos motivos. Cruzando esta 
informação com a principal dificuldade que os proprietários de clínicas declararam encontrar 
ao ingressar no mercado de trabalho, tem-se que 75% dos entrevistados tiveram problemas 
para conquistar a confiança do cliente, seguido de burocracia e altos investimentos. 
28 
 
 
 Gráfico 1 - Motivos da preferência dos clientes 
 ao escolherem atual clínica que frequentam 
 
Os valores gastos em tratamento médico veterinário demonstraram ser a terceira maior 
preocupação dos clientes em relação à procura por clínicas, porém ao serem questionados 
sobre o valor pago atualmente para a consulta 90,4% dos entrevistados responderam que 
achavam viável o custo cobrado. 
 
Gráfico 3 - Opinião dos clientes sobre valor pago atualmente para consultas veterinárias 
 
Já as informações obtidas dos proprietários de clínicas relacionadas à satisfação 
profissional e financeira ao exercer a profissão demonstrou um crescimento gradativo com o 
passar dos anos. Este parâmetro foi avaliado através de uma nota de 0 a 10 que cada 
profissional deu para cada item, comparados graficamente através dos anos que estão atuando 
como clínicos de pequenos animais. Esta representação condiz com as informações obtidas 
nos gráficos anteriores, demonstrando que a confiança dos clientes se obtém com o passar dos 
anos juntamente com a valorização do trabalho e o retorno financeiro. 
 
 
Gráfico 4 - Satisfação profissional e satisfação financeira ao longo dos anos 
5,95 8,3 
45,3 
11,9 4,8 
23,8 
Preferência 
Motivos Já foi 
cliente 
de 
outra 
clinica 
66% 
Nunca 
trocou 
de 
clínica 
34% 
Fidelidade dos Clientes 
Barato Viável Caro
5,5 
90,4 
4,1 
Custo por Consulta 
0
5
10
0 2 5 7 9 15
Profissional
Financeiro
Gráfico 2 - Pessoas que já migraram 
como clientes de outra clinica até 
frequentarem a atual 
 
29 
 
 
Ao serem questionados sobre uma possível mensalidade a ser paga assegurando ao seu 
animal de companhia serviços médico veterinários, 92% dos entrevistados responderam que 
pagariam a taxa mensalmente; e ao serem interrogados sobre o valor que considerariam viável 
pagar por mês em relação ao valor pago atualmente pela consulta para seu animal, 47% das 
pessoas responderam que uma taxa entre R$50,00 e R$60,00 seria justa. 
 
 Gráfico 5 - Pessoas entrevistadas que consideram 
 justo o pagamento de uma taxa mensal para assegurar 
 seus animais com serviços médicos veterinários 
 
Comparando esses resultados obtidos nos últimos dois gráficos com os resultados 
encontrados nas médias de gasto com consultas anuais podemos constatar os seguintes 
valores: atualmente ao animais vem sendo consultados em média 1,1 vez por ano rendendo às 
clínicas a quantia de R$ 97,15 por indivíduo. Adotando o sistema de mensalidade e levando 
em consideração o valor de R$ 50,00 da resposta mais indicada pelos entrevistados a clínica 
estaria arrecadando a quantia de R$ 600,00 anualmente, ou seja, um acréscimo em 617% de 
faturamento por animal anualmente. 
O público entrevistado demonstrou não ter conhecimento sobre a existência de planos 
de saúde voltados para animais, sendo que 70% das pessoas disseram que nunca ouviram falar 
sobre o assunto. Porém, quando questionados sobre a opinião relacionada à implantação do 
mesmo, 96% responderam que achava ótimo ou bom, apresentando um grande índice de 
aprovação. 
 
Sim 
92% 
Não 
8% 
 Mensalidade 
Valor R$
30,00 a
40,00
Valor R$
50,00 a
60,00
Valor R$
60,00 a
70,00
37,8 47,3 
14,9 
Valor por Mensalidade 
Porcentagem %
não 
70% 
sim 
30% 
Plano de Saúde 
Ótimo Bom Inviável
55,4 
40,5 
4,1 
Porcentagem
Opinião Plano de Saúde 
Gráfico 6 - Valor considerado viável 
para a mensalidade 
Gráfico 8 - Opinião sobre a possível 
implantação de um Plano de Saúde animal na 
cidade 
Gráfico 7 - Conhecimento sobre a 
existência 
de Planos de Saúde Animal 
 
30 
 
5.4 Conclusão 
 
A pesquisa demonstrou que a implantação de um plano de saúde animal na cidade 
seria viável, proporcionando maior rendimento às clínicas de animais de companhia e 
aproximando os proprietários de animais dos profissionais da área. A alternativa seria um 
diferencial para novos clínicos ao ingressarem no mercado de trabalho, fidelizando sua 
clientela e proporcionando rendimentos constantes. Demonstrou-se um mecanismo de grande 
aceitação do público porém por se tratar de um tema novo mais informações devem ser 
coletas e analisadas até sua implantação, como tempo de duração de contrato, categorias de 
animais por plano e a parte burocrática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
6 CONCLUSÃO GERAL 
 
 
A realização do ECSMV proporcionou grande aprendizado junto à formação 
acadêmica, promovendo o crescimento pessoal e profissional. O desafio de promover a 
melhora da qualidade de vida dos animais exige uma conduta ética frente às dificuldades e 
desafios que o cotidiano da profissão apresenta. 
O estágio proporcionou vivenciar uma realidade muitas vezes esquecida pela classe 
médica veterinária e pela sociedade em geral. E desta forma percebeu-se a importância dos 
programas sociais e legislativos em defesa dos animais abandonados, envolvendo diversas 
esferas da comunidade e poder público. 
A realização do estágio, além de levar experiência e aprimoramento profissional, 
motivou a troca de conhecimentos e de vivências de uma realidade antes desconhecida, 
proporcionando evolução pessoal, desenvolvendo uma nova visão crítica da atual realidade 
dos animais de companhia, motivando o aprendizado constante e a busca de aprimoramento 
técnico. 
 
32 
 
 
 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ALVES A.J.S. et al. Abandono de cães na América Latina: revisão de literatura. Revista de 
Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP. São Paulo: 
Conselho Regional de Medicina Veterinária, v. 11, n. 2 (2013), p. 34 – 41, 2013. 
 
ANS. Agência Nacional de Saúde Completar. Ministério da Saúde. Planos de Saúde: Guia 
Prático. Dicas uteis para quem tem ou deseja ter um plano de saúde. Brasília, 2013. 
 
BARROS, P.M. Técnicas de Ovariosalpingohisterectomia (OSH) em Cadelas: Revisão de 
Literatura. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal, 2010. 
 
CARVALHO, J.M.F.G. Esterilização em cães: influência clínica e comportamental. 
Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Universidade Técnica de 
Lisboa, 2012. 
 
COSTA, M.M.F. Técnicas Cirúrgicas: Texto de apoio às aulas práticas de Anestesiologia e 
Semiologia Cirúrgica e técnicas operatórias do curso de Medicina Veterinária da 
Universidade de Évora. 
 
DA CRUZ, F.S.F.; BRENDLER, F.W. Anestesia e analgesia epidural lombossacra em 
pequenos animais. Ensaio Técnico. XXIII Seminário de Iniciação Científica. Unijui, 2015. 
 
FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 
 
JERICÓ, M. M. Trabalho de medicina interna de cães e gatos. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 
2015. cap. 7, p. 116-121. 
 
QUESSADA, A.M. et al. Comparação de técnicas de ovariosalpingohisterectomia em cadelas. 
Acta Scientiae Veterinariae. 37(3): 253-258, 2009LUMB & JONES. Anestesiologia e Analgesia Veterinária. São Paulo: Roca, 2014. 
 
SANTANA, L.R. Guarda responsável e dignidade dos animais. Direito da Universidade 
Federal da Bahia. UFBA 2006. 
 
SILVA, C.E.S.; OLIVEIRA, M. Guarda responsável e dignidade animal: uma abordagem 
da situação dos cães na sociedade, considerando a tutela ministerial e as políticas públicas 
adotadas. FATEC/FACINTER. 
 
SOUSA, A.S.D. Direitos dos animais domésticos: análise comparativa dos estatutos de 
proteção. Rev. Direito Econ. Socioambiental, Curitiba, v. 5, n. 1, p. 110-132, jan./jun. 2014 
 
33 
 
STAINKI, D.R. Ovariohisterectomia. Apostila. Faculdade de Zootecnica, Veterinária e 
Agronomia- PUCRS, Curso de Medicina Veterinária. Cirurgia Veterinária II, 2012. 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
ANEXO 1 – Lei Ordinária 5738, de 22 de março de 2013, Município de Ijuí. 
 
 
36 
 
 
 
ANEXO 2 – Anteprojeto de Lei altera e acresce dispositivos á Lei nº 5738 de 22 de Março de 
2013. 
 
ANTEPROJETO DE LEI 
 
 
Altera e acresce dispositivos à Lei nº 5.738, de 22 de Março de 2013 que “Disciplina a 
Criação, Propriedade, Guarda, Uso e Transporte de Animais Caninos e Felinos, bem como 
estabelece as diretrizes do programa de controle reprodutivo de caninos e felinos no 
município de Ijuí e cria a Coordenadoria de Proteção ao Animal.” 
 
 
Ijuí, 21 de novembro de 2016. 
 
Encaminha: Anteprojeto de Lei 
 
 
 Senhor Presidente e 
 Senhores Vereadores: 
 
 
Encaminho à consideração de Vossas Senhorias o incluso 
ANTEPROJETO DE LEI, que “Altera e acresce dispositivos à Lei nº 5.738, de 22 de Março 
de 2013 que “Disciplina a Criação, Propriedade, Guarda, Uso e Transporte de Animais 
Caninos e Felinos, bem como estabelece as diretrizes do programa de controle reprodutivo 
de caninos e felinos no município de Ijuí e cria a Coordenadoria de Proteção ao Animal.” 
Na certeza de que Vossas Senhorias dispensarão a máxima 
atenção ao que ora encaminho, aproveito a oportunidade para apresentar cordiais saudações. 
 
 
37 
 
JUSTIFICATIVA 
 
Como é de conhecimento geral, o controle e a proteção aos animas 
especialmente os domésticos tem se transformando num dos grandes desafios para os gestores 
públicos brasileiros. Em Ijuí esta situação não é diferente. Por isso e com o objetivo de 
contribuir para uma adequada e abrangente regulamentação dessa questão, apresentamos aos 
senhores a seguinte proposta de Lei. 
Em primeiro lugar, tendo em vista a existência de legislação pertinente, 
queremos sugerir a alteração da mesma, cujo objetivo é a qualificação e o aprimoramento do 
dispositivo legal, com vistas a garantir o cumprimento do mesmo com referência 
especialmente à seção VI - Controle Reprodutivo de Cães – que tem a finalidade de reduzir a 
taxa de crescimento da população destes animais, bem como prevenir a incidência de 
zoonoses, incluindo estabelecendo normas para modalidades específicas, acrescendo itens ao 
artigo 35 da referida lei. 
 
 
ANTEPROJETO DE LEI Nº .............., DE ...... DE .......................... DE ............. 
 
Altera e acresce dispositivos à Lei nº 5.738, de 
22 de Março de 2013 que “Disciplina a 
Criação, Propriedade, Guarda, Uso e 
Transporte de Animais Caninos e Felinos, bem 
como estabelece as diretrizes do programa de 
controle reprodutivo de caninos e felinos no 
município de Ijuí e cria a Coordenadoria de 
Proteção ao Animal.” 
 
Art. 1
o
 Altera a redação do art.3º da Lei nº 5.738/2013, passando este a viger com a 
seguinte redação: 
(....) 
“Art. 3º Fica criada a Coordenadoria de Proteção Animal - CPA vinculada à Secretaria 
Municipal de Saúde - SMS.” (NR). 
(....) 
Art. 2
o
 Altera a redação do §3º do art.9º da Lei nº 5.738/2013 passando este a viger 
com a seguinte redação: 
(....) 
38 
 
“§ 3º Os proprietários de caninos e felinos residentes no Município de Ijuí devem, 
obrigatoriamente, providenciar o registro dos mesmos, no prazo de até cinco (05) anos 
contados a partir da data de publicação da presente Lei.” (NR). 
(....) 
 
Art. 3
o
 Altera a redação do inciso II do art.10 da Lei nº 5.738/2013 passando este a 
viger com a seguinte redação: 
(....) 
“II - RGA: onde se fará constar, no mínimo, os seguintes campos: nome do animal, 
sexo, raça, cor, idade real ou presumida; data da expedição, e carteira de controle de 
vacinação, com foto.” (NR) 
(....) 
Art. 4
o
 Altera a redação do art. 17 da Lei nº 5.738/2013 passando este a viger com a 
seguinte redação: 
(....) 
“Art. 17 Todo cão de médio e grande porte, ao ser conduzido em vias e logradouros 
públicos, deve obrigatoriamente usar coleira e guia adequadas ao seu tamanho e porte, ser 
conduzido por pessoa com idade e força suficiente para controlar os movimentos do animal.” 
(NR). 
(....) 
Art. 4
o
 Altera a redação e insere dispositivos ao art. 35 do art. 17 passando este a viger 
com a seguinte redação: 
(....) 
“Art. 35 Para operacionalização das ações do Programa de Controle Reprodutivo de 
Caninos e Felinos será elaborado pelo órgão municipal responsável o fluxograma operacional, 
com as seguintes modalidades de Operacionalização: 
I – Criador: Livre de controle reprodutivo; obrigatório cadastro pessoal de criador; 
II – Proprietário: No ato da chipagem, o animal poderá ser castrado mediante 
avaliação técnica; castração de machos até o período estipulado pela lei; 
III – Cão abandonado: castração sumária.” 
(....) 
Art. 5
o
 Altera a redação do art. 41 da Lei nº 5.738/2013 passando este a viger com a 
seguinte redação: 
(....) 
39 
 
“Art. 41 As receitas oriundas da aplicação desta Lei deverão ser vinculadas ao Fundo 
Municipal de Proteção ao Animal para cobrir, parcialmente ou em sua totalidade, as despesas 
operacionais garantindo a implementação e manutenção das ações que importem nos 
objetivos da presente Lei.” (NR) 
(....) 
Art. 6
o
 Altera a redação do art. 43 da Lei nº 5.738/2013 passando este a viger com a 
seguinte redação: 
(....) 
“Art. 43 As infrações serão apuradas de acordo com a Lei nº 3.443 de 27 de maio de 
1998 e a Lei nº 9.605/ 1998 ou as que virem a substituí-las.” 
(....) 
Art. 7
o
 Altera a redação do art. 44 da Lei nº 5.738/2013 passando este a viger com a 
seguinte redação: 
(....) 
“Art. 44 Compete ao Conselho Municipal de Saúde julgamento em instancia final dos 
recursos.” (NR) 
(....) 
Art. 8
o
 Esta Lei entra em vigor 120 dias após a data da sua publicação. 
 
40 
 
 
 
ANEXO 3 - Pesquisa de satisfação de atendimento Médico Veterinário para animais de 
estimação. 
 
Pesquisa de satisfação de atendimento Médico Veterinário para animais de estimação 
• Quantas vezes você procurou atendimento médico 
veterinário no último ano? 
 
• Qual o motivo principal que fez você procurar a atual 
clínica que normalmente frequenta? 
 
• Já foi cliente de outra clínica antes de frequentar esta? □SIM □NÃO 
• Qual principal motivo que fez você trocar de clínica? 
• Você considera o valor pago por consulta e 
procedimentos: 
 □ barato □ viável□caro 
• Acharia justo pagar uma taxa mensal para manter seu 
animal de estimação com direito a consultas, 
procedimentos e exames? 
 □SIM □NÃO 
 
 
• Qual valor da mensalidade você considera viável 
comparado a o valor da consulta que você paga hoje? 
□30 a 40 □ 50 a 60 □60 a 70 
• Quantos animais de estimação você tem em sua 
residência? 
 
• Você já ouviu falar em planos de saúde para animais de 
estimação? 
 □SIM □NÃO 
• O que acha da implantação de um plano de saúde animal 
na cidade?

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