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Formação do Pensamento Econômico de Karl Marx - de 1843 à 1867

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MANDEL, Ernest. Formação do Pensamento Econômico de Karl Marx – de 1843 até a redação de O Capital. 2ª Edição. Zahar Editores. Rio de janeiro.
Da juventude até a maturidade do pensamento marxiano, é destacável a trajetória intelectual por que passam os dois pensadores, fundadores do socialismo científico, e de uma série de conceitos chaves que servirão por anos como matérias primas de outros pensadores que se dedicam a estudar a realidade social. E é exatamente isso que o livro “Formação do pensamento econômico de Karl Marx” de Ernest Mandel vem traçar: a trajetória intelectual por que Marx e Engels passaram até formularem suas principais ideias e conceitos.
De início, destaca-se as similaridades fundantes do pensamento dos dois pensadores. Ambos tinham como ponto de partida filosófico a dialética hegeliana, a consciência de si de Bruno Bauer, o humanismo de Feuerbach, o socialismo inglês e francês, que para Marx, serviu para prestar contas consigo mesmo a respeitos das lutas e aspirações da época, já em Engels, foi a indústria inglesa que lhe abriu os olhos.
Marx se caracterizava pelo seu pensamento crítico analítico mais profundo que o de Engels. Enquanto este, por ser mais impetuoso e atento para os problemas emergentes, um verdadeiro homem, no sentido habitual da expressão, que “detinha os pés no chão”. Prático e objetivo, homem de negócio no início e grande pensador ao mais tardar. Cabe lembrar que é Engels quem se declara primeiro comunista e é ele o grande responsável por inserir Marx nos estudos econômicos. Engels, diferente do que dizia que era, ou seja, um “segundo violino”, era um pensador que detinha luz-própria e que nem sempre compartilhou das mesmas ideias do seu grande companheiro Marx.
Marx, diferente de Engels, cumpre estudos universitários regularmente, doutora-se em filosofia, tem contato com a obra hegeliana, assume-se discípulo deste grande mestre inserindo-se no grupo dos jovens hegelianos, para depois criticar a ideologia deste mesmo grupo em sua obra, realizada juntamente com Engels, intitulada “A Ideologia Alemã”. Após sua crítica a obra “Filosofia do Direito” de Hegel, ele se volta para estudos econômicos no intuito de compreender a sociedade burguesa. É neste ponto que Engels se faz presente ao redigir seu “Esboço a Crítica da Economia Política” o qual Marx tem contato e ao lê-lo percebe que a resposta para o seu grande problema de compreender a sociedade burguesa não está nem no direito nem na filosofia, mas sim na economia.
Funde-se a isso o fato de, quando Marx ainda como redator da Gazeta Renâna, se depara com a situação dos roubos de lenha dos camponeses do Mozela, em que um direito, antes consuetudinário, que era colher lenha na floresta, é declarado, agora, como roubo cometido pelos camponeses, isso pela burguesia da época está se fortalecendo e tornando privado o que antes era um bem comum, isso tudo com o apoio da monarquia, que na época, era tida na figura de Frederico Guilherme IV, rei da Prússia.
Marx, diante deste fato virá se posicionar, ainda por motivos éticos, a favor dos camponeses por ser o lado mais fraco, mas o episódio o levará aperceber que havia conflito de classe e que o Estado não estava a serviço do bem comum, como bem aparentava estar, mas a serviço de interesses de classe. Entretanto, a formação em filosofia de Marx não lhe proporciona ainda ter uma maior base teórica para discutir os ditos interesses materiais e este episódio torna-se outro fator que o levará a procurar entender a economia.
As transformações decorrentes nos interesses de Marx por determinados assuntos, serão o que irá conduzir Marx a chegar na maturidade do seu pensamento e a formular a teoria materialista histórica e dialética que vê o proletariado, antes em um sentido filosófico, agora num sentido real e objetivo como o protagonista principal que irá reverter a história a seu favor, findando com o conflito de classes e consequentemente construindo uma sociedade sem classes. O que antes era tido como ético, agora Marx vê como algo real e necessário, pois as condições objetivas reais em que estão inseridos o proletariado é que o levam a ter maior consciência de classe, fazendo-se de uma classe que luta por si e para si. A maior explicação da tarefa do proletário em se revoltar contra a classe burguesa que o explora e fazer jus a posição objetiva que ele ocupa na produção da vida material, será melhor explicado no “Manifesto Comunista” produzido por Marx e Engels como um libelo em favor da classe trabalhadora e um chamado à prática revolucionária.
Engels, nessa história, como um homem de negócios, por ter vindo de família industrial-comerciante e depois ter-se voltado contra as suas próprias origens, se faz de um eminente espírito prático que segue na luta pela emancipação do proletariado e faz-se grande companheiro de Marx por toda a vida na produção de suas obras.
Além deste pequeno trajeto histórico pelo pensamento dos dois fundadores do socialismo científico, o livro tem o objetivo de estabelecer como se dá a transição das críticas, antes feitas a diferentes aspectos do capitalismo, até a produção de “O Capital” em que a crítica é feita a totalidade deste sistema em funcionamento e ressaltando que outro mundo será possível quando as bases do modo de produção capitalista já estiverem corroídas pelo seu próprio funcionamento, e quando a luta de classes estiverem suficientemente desenvolvidas, ao ponto de fazer que o proletariado se organize em sua luta contra o capitalismo e supere a pré-história da humanidade vivida até aqui.

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