Buscar

A Mercadoria - Força de trabalho, mercado de trabalho e formação da classe operária

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Introdução
Com o movimento de cercamento dos campos, com o uso das grandes massas de terra para pastagem e com o aumento exorbitante das taxas e impostos sobre as terras durante o período que congrega a transição do feudalismo para o capitalismo, temos uma grande massa de camponeses e servos saindo de suas terras e indo em direção as cidades a procura de meios pra sobreviver. É dessa massa de homens despossuídos de meios de sobrevivência que o presente trabalho se propõe a falar. 
Do declínio do feudalismo até a consolidação do capitalismo, a Europa, em especial, passa por diversas transformações em termos econômicos, políticos, sociais, culturais, etc. Vemos a estrutura da sociedade se modificar, o comércio se expandir, a população rural se tornar urbana e o advento da Revolução Industrial e da Revolução Francesa nos fornecer uma nova economia e uma nova política, respectivamente. Agora, os senhores feudais dão lugar aos grandes industriais, donos dos instrumentos, objetos e maquinário necessário pra produzir os meios de vida, enquanto os servos deixarão que o chamado operariado assuma a posição de nova classe explorada, dominada por não ter os meios suficientementes necessários pra sobreviver. 
É essa classe de sobreviventes, de trabalhadores, que este trabalho terá como foco estudar, estabelecendo, ao mínimo em linhas gerais, a elucidação de sua formação, seu surgimento até a sua relação no dito mercado de trabalho com o possuidor do dinheiro, o dito capitalista, pois é nessa relação que está a chave pra compreender uma situação que perdura desde muito tempo atrás: A exploração do homem pelo homem e no modo de produção atual, mais especificamente, se dando por meio do que o pensador alemão Karl Marx chamou de processo de extração de mais-valia. Esperamos alcançar nosso objetivo, então vamos à história! 
1 - A FORMAÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA
	1.2 – O camponês, o artesão, o cercamento e a transição para o sistema fabril.
	
Existem dois principais motivos que fizeram grande parte da população campesina se deslocar para as cidades. O primeiro foi o movimento de cercamento dos campos com o objetivo de transformá-los em grandes pastos para ovelhas na época, em decorrência do comércio lanífero que estava crescendo e se tornando bastante lucrativo. O segundo vem a ser as altas taxas que o clero e a nobreza começaram a cobrar dos camponeses pelo aluguel da terra, isso por conta de uma crise de alta de preços que atingira toda a Europa e diminuíra as rendas das classes abastardas. Esse fato, por sua vez, decorre pelo transporte de ouro e prata das colônias para as metrópoles ter sido feito em exagero, gerando uma grande massa de dinheiro em relação aos produtos e consequentemente desvalorizando os meios de compra.
Concomitante a fuga dos camponeses da violência que se instalara no campo, temos servos, aspirando a liberdade que a cidade exalava, tentando fugir do domínio feudal e vendo na possibilidade no comércio uma nova forma de vida. Aquele que conseguia juntar um determinado capital para si através de suas atividades na plantação do senhor feudal, almejava ser independente nos vilarejos que estavam sendo formados distantes do meio rural. As feiras livres que se criavam nas fronteiras das diferentes cidades, era uma das formas de se conseguir lucros por meio da atividade de troca e se mostravam como espaços alternativos a relação de dominação entre servo e senhor feudal. 
Com o desenvolvimento do comércio e das cidades, podemos identificar o surgimento das manufaturas e com elas a formação das corporações. Mas no sistema de corporações a produção ainda é pequena. Um mestre artesão independente emprega dois ou três operários para trabalharem junto consigo na produção de mercadorias que só abastecerão um comércio pequeno e estável. O mestre ensina tudo ao seu artesão empregado e era regra que um empregado virasse mestre futuramente e tivesse sua própria oficina com outros artesãos empregados.
 A partir do momento, em que o comércio deixa de ser local e passa a ser internacional, o sistema de corporações fale, não sendo mais suficiente pra atender a demanda social. É preciso que se amplie a produção. Ao longo da história, toda vez que as necessidades de um povo ou civilização crescem, surgem diversos meios para satisfazê-las. O homem só se coloca os problemas que ele consegue resolver, como já diria Marx, e é aí que temos um salto na produção, geralmente, com uma nova forma de organização da sociedade que objetiva produzir. A divisão do trabalho é o principal meio para se alargar a produção, podemos até dizer que o estágio de desenvolvimento da população cresce com a sua crescente divisão do trabalho. 
Se antes, no sistema de corporações, o mestre artesão desempenhava mais ou menos cinco funções (negociante ou mercador, empregador, capataz, comerciante lojista) a expansão do comércio faz com que suas funções se reduzam a três: trabalhador, empregador e capataz. O sistema de corporações dará lugar então ao sistema doméstico. Neste, temos a figura de um intermediário que detém matérias primas e equipamentos e só cumpre o papel de comercializar a produção, levando as matérias primas até o mestre artesão para que este produza pra ele e em troca remunera o artesão e vende seu produto num mercado maior por um maior preço. O mestre artesão não precisa mais se preocupar em comercializar seus produtos no mercado, ele passa somente a produzir juntamente com seus empregados recebendo por isso. O intermediário agora é o responsável pela troca das mercadorias e é ele que dará lugar a figura do capitalista moderno, depois que começar a ser dono de grandes fábricas e empregar muito mais trabalhadores e capital na produção.
Com este surgimento do sistema doméstico, tomando o lugar do sistema de corporações, as diferenças entre mestres, aprendizes e intermediário intensificam-se. O intermediário obterá grandes lucros com a sua atividade estritamente comercial. A descoberta de novos mercados e o interesse por mercadorias além das fronteiras típicas entre cidades fazem do intermediário uma figura que aparenta ser imprescindível para uma população que parecia ter criado um surpreendente gosto pelo consumo desenfreado. O comércio em escala internacional fez diferentes civilizações entrarem em contato. Costumes misturaram-se, demandas por produtos não respeitavam mais barreiras e por isso se fez a necessidade de uma produção cada vez mais mundial.
O grande acúmulo de capital por parte dos intermediários fez deles grandes investidores. Em pouco tempo, começaram a perceber que a melhor forma de se obter lucro não era pela simples movimentações das trocas de mercadorias, mas sim através da produção. Era na produção que eram gerados os lucros. Custos menores com equipamentos e mão de obra e a própria atividade de quem produzia mercadoria em interação com os meios de produção é que faziam dos produtos vendidos grandes fontes de dinheiro.
É clara a percepção então de que o que importa não é mais gerar produtos pra satisfazer necessidades simplesmente, mas sim produzir pra gerar dinheiro. Como diria Marx, é troca de dinheiro por força de trabalho não com o objetivo de valorizar o trabalho mas sim o próprio dinheiro. Por isso há uma revolução na produção. E o acúmulo de capital já adquirido primitivamente faz nascer uma Revolução Industrial nos fins do século XVIII que transforma a figura do intermediário em um capitalista moderno, dono de grandes indústrias que empregam grande massa de mão de obra trazida dos campos para as cidades (nos movimentos de cercamento e de expulsão dos camponeses das suas terras como já falado no início desse trabalho) e aproveitam a grande massa de desocupados que vagavam pelas cidades antes, por não conseguirem empregos por conta dos sistemas de corporações, ainda vivos, estarem enrijecendo e criando mais e mais barreiras para a deflagração do comércio mundial.
Referências (Ao que diz respeito a essa parte inicial do trabalho)
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções:Europa, 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. 
HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. RJ: LTC Editora, 1986.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. Bertrand Brasil. Rio de janeiro, 1989.  Livro I, vol. 1, 13ª edição.

Outros materiais