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i CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ Felipe Henrique Moreira Gagliazzo Leonardo José Moreno Lima Sergio Antonio Domingues Modelo prático de gerenciamento para pequenos projetos baseado nas práticas do PMBOK Santo André 2012 ii Felipe Henrique Moreira Galiazzo Leonardo José Moreno Lima Sergio Antonio Domingues Modelo prático de gerenciamento de pequenos projetos baseado nas práticas do PMBOK Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Sistemas de Informação ao Centro de Pós- graduação, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Fundação Santo André. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Clementi , Santo André 2012 iii Dedicamos este trabalho a todos os nossos familiares e amigos por sua paciência, apoio e compreensão em nossa árdua jornada rumo ao alcance de mais esse objetivo. iv A G R A D E C I M E N T O S Agradecemos aos mestres, bacharéis e doutores pelas orientações, conversas e ensinamentos tornando-nos profissionais mais bem preparados para o mercado de trabalho. Agradecemos aos colegas de classe pelas experiências compartilhadas. Agradecemos ao coordenador do curso, professor Lázaro Aparecido da Silva Pinto, pelo ótimo desenvolvimento do curso e resolução dos problemas encontrados. Agradecemos, por fim, ao professor Sérgio Clementi, pela dedicação em nos auxiliar com o desenvolvimento do trabalho para concluir com excelência essa fase tão importante de nossas vidas. v “O futuro se faz agora E cada erro é uma vitória Pois a derrota não existe Não há conquista sem labuta A vida é uma infinita luta Onde só perde quem desiste.” (Douglas Rafael) vi RESUMO Apresentamos um modelo simplificado de gerenciamento de projetos que possa ser utilizado em projetos de pequeno porte. Pequenos projetos usualmente têm seu gerenciamento e o registro de documentação menosprezados ou até esquecidos. Quando questionadas, as organizações alegam que nesse tipo de projeto o tempo empregado no gerenciamento concorre com o próprio cronograma do projeto. Esse comportamento está presente na cultura das organizações que considera que somente os projetos de grande duração e altos investimentos justificam o empenho do gerenciamento. Para estabelecer esse modelo, pesquisamos autores que fossem embasados no modelo do PMBOK (Project Management Body of Knowledge) e que buscassem uma solução prática de gerenciamento, com exemplos de uso aplicáveis a situações reais. A partir dessa pesquisa, montamos um modelo de documentos em consonância com as obras pesquisadas. O modelo resultante foi aplicado na documentação de um projeto real e os documentos resultantes analisados. O resultado mostrou-se factível de execução mesmo com um único profissional fazendo a documentação e o gerenciamento do projeto. vii ABSTRACT We present a simplified model of project management that can be used on small projects. Small projects tend to have their management and record documentation overlooked or even forgotten. When questioned, the organizations argue that this kind of project management in the time spent competing with their own schedule. This behavior is present in the culture of organizations that it considers only the projects of long duration and high investment justify the commitment of management. To establish this model, we surveyed authors who were grounded in the model of the PMBOK (Project Management Body of Knowledge) and who seek a practical solution management, with examples of use applicable to real situations. From this research, we set up a document template in line with the works surveyed. The resulting model was applied to the documentation of a real project and analyzed the resulting documents. The result proved to be feasible to run even with a sole practitioner doing the documentation and project management. viii LISTA DE ILUSTRAÇÕES DESENHO 1 – O CENÁRIO DO INÍCIO DO SÉCULO XXI ............................................................................... 8 DESENHO 2 – CONCEITUAÇÃO DO MODELO DE MATURIDADE DA GESTÃO DE PROJETOS ................................ 10 DESENHO 3 – SOBREPOSIÇÃO DOS PROCESSOS DURANTE AS FASES DO PROJETO ......................................... 15 DESENHO 4 – CICLO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO .......................................................................... 17 DESENHO 5 – ESTRUTURA ANALÍTICA DE PROJETO – FORMATO GRÁFICO .................................................. 31 DESENHO 6 – EAP MAPA MENTAL .................................................................................................... 32 DESENHO 7 – DIAGRAMA DE REDE (EXEMPLO PARCIAL) ......................................................................... 34 DESENHO 8 – GRÁFICO DE MARCOS .................................................................................................. 35 DESENHO 9 – DECOMPOSIÇÃO DOS CUSTOS COMO EAP ....................................................................... 36 DESENHO 10 – CURVA DE DESEMBOLSO DO PROJETO .......................................................................... 38 DESENHO 11 – ORGANOGRAMA ...................................................................................................... 40 DESENHO 12 – ORGANOGRAMA ...................................................................................................... 46 DESENHO 13 – FLUXO DE ENCERRAMENTO DE PROJETO ........................................................................ 51 DESENHO 14 – TELA INICIAL ............................................................................................................ 82 DESENHO 15 – INFORMAÇÕES DO PROJETO ........................................................................................ 82 DESENHO 16 – TELA DE CONTROLE E DOCUMENTOS ............................................................................. 83 ix LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – MEDIDAS USADAS PARA DIFERENCIAR PEQUENOS E GRANDES PROJETOS ................................. 13 QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DE PROJETOS ......................................................................................... 14 QUADRO 3 – DOCUMENTOS POR ÁREA DE GERENCIAMENTO CONFORME VARGAS (2009B) ......................... 25 QUADRO 4 – EXEMPLO DE GANTT VISÃO GERAL DE PROJETO................................................................. 28 QUADRO 5 – DECOMPOSIÇÃO DO ORÇAMENTO NA EAP ....................................................................... 36 QUADRO 6 – CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO DO PROJETO ................................................................... 38 QUADRO 7 – MATRIZ DE RESPONSABILIDADES .................................................................................... 41 QUADRO 8 – DOCUMENTOS NA VISÃO DE TERRIBILI FILHO (2011) ......................................................... 44 QUADRO 9 – MATRIZ DE RESPONSABILIDADES .................................................................................... 47 QUADRO 10 – DOCUMENTOS NA VISÃO DE DINSMORE E SILVEIRA NETO (2011) ...................................... 52 QUADRO 11 – COMPARATIVO ENTRE OS DOCUMENTOS DE VARGAS (2009B), TERRIBILI FILHO (2011) E DINSMORE E SILVEIRA NETO (2011) .........................................................................................56 QUADRO 12 – DOCUMENTOS DO MODELO PROPOSTO X DOCUMENTOS DE ORIGEM.................................. 59 QUADRO 13 – DOCUMENTOS DO MODELO PROPOSTO ......................................................................... 62 QUADRO 14 – COMPONENTES DO TERMO DE ABERTURA ...................................................................... 63 QUADRO 15 – COMPONENTES DA ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO ............................................... 66 QUADRO 16 – COMPONENTES DO TERMO DE ENCERRAMENTO DO PROJETO ............................................ 67 QUADRO 17 – ADEQUAÇÃO DO CASO DE USO AO CONCEITO DE PROJETO PEQUENO .................................... 70 x LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas e Técnicas CPM Critical Path Method EAP Estrutura Analítica de Projeto FCS Fatores Críticos de Sucesso FSA Fundação Santo André ISO International Organization for Standardization1 ITIL Information Technology Infrastructure Library OPM3 Organizational Project Management Maturity Model PERT Program Evaluation and Review Technique PMBOK Project Management Body of Knowledge PMI Project Management Institute PMMM Project Management Maturity Model RH Recursos Humanos RTM Requirements Traceability Matrix SOW Statement of Work TI Tecnologia da Informação WBS Work Breakdown Structure (termo em inglês para EAP) 1 Na verdade não se trata de uma abreviatura. O acrônimo ISO (derivado do grego ISOS que significa “igual”) foi adotado pela International Organization for Standardization, representada no Brasil pela ABNT, do como o nome mundial da organização, independente do país ou língua onde for utilizado. (ISO, 2012) xi SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................. VI ABSTRACT ............................................................................................................................. VII LISTA DE ILUSTRAÇÕES ......................................................................................................... VIII LISTA DE QUADROS ................................................................................................................ IX LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................................... X 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 2 1.3 MOTIVAÇÃO ......................................................................................................................... 2 1.4 ABRANGÊNCIA DO TRABALHO ................................................................................................... 3 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................................... 3 2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................... 5 2.1 DEFINIÇÃO DE PROJETO ........................................................................................................... 5 2.2 DEFINIÇÃO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................................. 6 2.3 HISTÓRICO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................................ 6 2.4 APLICABILIDADE DE UM MODELO SIMPLIFICADO ........................................................................... 8 2.5 EVOLUINDO O GRAU DE MATURIDADE DA EMPRESA NA GESTÃO DE PROJETOS ..................................... 9 2.6 DEFINIÇÃO DE PROJETO PEQUENO .......................................................................................... 11 2.6.1 PERCEPÇÃO DE TAMANHO DE PROJETO .................................................................................. 11 2.6.2 PROJETO PEQUENO CONFORME ROWE (2007) ....................................................................... 11 2.6.3 PROJETO PEQUENO CONFORME RINCON (2006) ..................................................................... 12 2.6.4 PROJETO PEQUENO CONFORME LARSON, E. E LARSON, R. (2009) ............................................. 12 2.6.5 PROJETO PEQUENO CONFORME PASSOS (2008) ..................................................................... 14 2.7 AS FASES DO CICLO DE VIDA DO PROJETO ................................................................................... 14 2.7.1 Iniciação ................................................................................................................... 16 2.7.2 Planejamento ........................................................................................................... 16 2.7.3 Execução e controle ................................................................................................. 17 2.7.4 Encerramento .......................................................................................................... 18 2.8 A ESTRUTURA DO PMBOK .................................................................................................... 18 xii 3 MÉTODO DE ELABORAÇÃO DO MODELO PROPOSTO ..................................................... 22 3.1 FASE 1: SELEÇÃO DAS OBRAS DE REFERÊNCIA ........................................................................... 22 3.1.1 Estabelecimento de critérios de seleção .................................................................. 22 3.1.2 Obras selecionadas e aderência aos critérios estabelecidos ................................... 23 3.2 FASE 2: ESTUDO DOS DOCUMENTOS NA VISÃO DE VARGAS ......................................................... 25 3.3 FASE 2: ESTUDO DOS DOCUMENTOS NA VISÃO DE TERRIBILI FILHO ............................................... 44 3.4 FASE 2: ESTUDO DOS DOCUMENTOS NA VISÃO DE DINSMORE E SILVEIRA NETO .............................. 52 3.5 FASE 3: COMPARAÇÃO ENTRE OS DOCUMENTOS PROPOSTOS PELOS AUTORES ................................. 54 3.5.1 Comparativo de documentos por obra .................................................................... 54 3.5.2 Seleção dos documentos adotados ......................................................................... 55 3.6 FASE 4: ELABORAÇÃO DO MODELO COM DOCUMENTOS PROPOSTOS ............................................. 61 4 MODELO PROPOSTO ..................................................................................................... 62 4.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 62 4.2.1 Termo de Abertura do Projeto ................................................................................. 62 4.2.2 - Estrutura Analítica do Projeto (EAP) ..................................................................... 64 4.2.3 Cronograma ............................................................................................................. 65 4.2.4 Cronograma de Desembolso ................................................................................... 65 4.2.4 Matriz de Responsabilidades ................................................................................... 65 4.2.5 Especificação Técnica de Aquisição ......................................................................... 66 4.2.6 Termo de Encerramento do Projeto ........................................................................67 5 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 69 5.1 O PROJETO ESCOLHIDO .......................................................................................................... 70 5.2 A UTILIZAÇÃO DOS MODELOS DE DOCUMENTOS .......................................................................... 71 5.2.1 Termo de Abertura do Projeto ................................................................................. 72 5.2.2 Estrutura Analítica do Projeto (EAP) ........................................................................ 74 5.2.3 Cronograma ............................................................................................................. 75 5.2.4 Cronograma de Desembolso ................................................................................... 76 5.2.5 Matriz de Responsabilidades ................................................................................... 77 5.2.6 Especificação Técnica de Aquisição ......................................................................... 77 5.2.7 Termo de Encerramento do Projeto ........................................................................ 78 xiii 5.3 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO DE USO ...................................................................................... 79 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 80 6.1 OBJETIVOS ATINGIDOS .......................................................................................................... 80 6.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ....................................................................................... 80 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 84 APÊNDICES ...................................................................................................................... 87 APÊNDICE A – TERMO DE ABERTURA DO PROJETO ............................................................................ 88 APÊNDICE B – ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP) ................................................................. 88 APÊNDICE C – MATRIZ DE RESPONSABILIDADES ............................................................................... 90 APÊNDICE D – PLANO DE GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES ............................................................. 91 APÊNDICE E – CRONOGRAMA ...................................................................................................... 92 APÊNDICE F – CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO ............................................................................... 92 APÊNDICE G – TERMO DE ENCERRAMENTO DO PROJETO ................................................................... 93 ANEXOS .......................................................................................................................... 94 ANEXO A – DOCUMENTOS NA VISÃO DE RICARDO VARGAS (2009B) ................................................... 95 Anexo A1 – Modelo de Termo de Abertura ...................................................................... 95 Anexo A2 – Modelo de Sistema de Controle Integrado de Mudança ............................... 96 Anexo A3 – Matriz de priorização das partes interessadas ............................................. 97 Anexo A4 – Registro de Lições Aprendidas ....................................................................... 98 Anexo A5 – Documento de Requisitos do Projeto ............................................................ 99 Anexo A6 – Plano de Gerenciamento de Requisitos (parcial)......................................... 100 Anexo A7 – Matriz de Rastreabilidade de Requisitos ..................................................... 101 Anexo A8 – Declaração de Escopo (parcial) ................................................................... 102 Anexo A9 – Dicionário da EAP (parcial) .......................................................................... 103 Anexo A10 – Alocação de recursos (parcial) ................................................................... 104 Anexo A11 – Plano de Gerenciamento de Prazos (parcial) ............................................ 105 Anexo A12 – Orçamento do Projeto por Atividade (parcial). ......................................... 106 Anexo A13 – Orçamento do Projeto por Recurso (parcial) ............................................. 107 Anexo A14 – Plano de Gerenciamento de Custos (parcial) ............................................ 108 Anexo A15 – Plano de Gerenciamento da Qualidade..................................................... 109 xiv Anexo A16 – Diagrama de Funções do Projeto (parcial) ................................................ 110 Anexo A17 – Plano de Gerenciamento de RH (parcial) .................................................. 111 Anexo A18 – Plano de Gerenciamento das Comunicações (parcial) .............................. 112 Anexo A19 – Plano de Gerenciamento de Riscos (parcial) ............................................. 113 Anexo A20 – Declaração de Trabalho (parcial) .............................................................. 114 Anexo A21 – Plano de Gerenciamento das Aquisições (parcial) .................................... 115 ANEXO B – DOCUMENTOS NA VISÃO DE TERRIBILI FILHO (2011) ...................................................... 116 Anexo B1 – Plano de Projeto .......................................................................................... 116 Anexo B2 – Plano de Comunicação ................................................................................ 117 Anexo B3 – Plano de Gestão de Riscos ........................................................................... 118 ANEXO C – DOCUMENTOS NA VISÃO DE DINSMORE E SILVEIRA NETO (2011) ..................................... 119 Anexo C1 – Termo de Abertura do Projeto ..................................................................... 119 Anexo C2 – Plano do Projeto .......................................................................................... 120 Anexo C3 – Requisição de Mudança ............................................................................... 121 Anexo C4 – Checklist de Encerramento do Projeto ......................................................... 122 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Grandes projetos como a edificação de construções, a instalação de um grande equipamento ou a implantação de softwares corporativos merecem sempre a atenção de um gerenciamento completo e detalhado. Já projetos menores em tempo, custo ou número de pessoas envolvidas tendem, devido a sua menor escala, a ter o seu gerenciamento negligenciado. Essa falta de atenção ao gerenciamento resulta em retrabalhos e desperdício de recursos, com impacto nos prazos esperados e com a frequente não consecução plena dos objetivos do projeto. As metodologias de gerenciamento de projetos, apoiadas nos modelos e melhores práticas de projetos recomendadas pelo Project Management Body Knowledge (PMBOK), quando plenamente executadas, não obstante evitem esses descaminhos na condução dos trabalhos, se mostram burocráticas e trabalhosas para projetos de baixa amplitude e com poucas pessoas envolvidas. Nesse caso, o gerenciamento do projeto passa a concorrer em tempo com a execução do projeto em si. As organizações acabam optando pelo não gerenciamento formal, e por isso não passam pelas fases sugeridas pelo guia de gerenciamento de projetos PMBOK (iniciação, planejamento, execução, controle), descartando, também, a devida publicidade (comunicação) aos stakeholders envolvidos.Como consequência dessa deficiência assumida, o responsável pelo projeto fica sem a visão do andamento, dos custos envolvidos e dos artefatos modificados pelos usuários após a fase de iniciação. Por vezes, o não gerenciamento formal não é sequer uma opção decorrente do porte, pois a empresa se encontra em um nível de maturidade baixo no que se refere à cultura de gerenciamento de projeto. Essa prática não está difundida na organização, e nem mesmo projetos maiores possuem a padronização metodológica de sua gestão. 2 1.2 OBJETIVOS Nesses cenários se faz necessária a adoção de metodologia que assegure o gerenciamento mínimo, garantindo a execução do projeto dentro dos custos e prazos estimados, com o controle do escopo idealizado e o correto gerenciamento de riscos, mas que seja suficientemente ágil para não impactar negativamente e de forma sensível o prazo, custo ou demanda de trabalho no próprio projeto. Esse trabalho tem como objetivo apresentar um modelo de gerenciamento de pequenos projetos que se mostre rápido, robusto e abrangente, seja para projetos de tecnologia da informação ou não, apoiado em conceitos e estruturas recomendados nos modelos de documentos e melhores práticas de projetos fornecidas pelo Project Management Body Knowledge. Esse modelo busca uma forma sintética, e é aplicável a projetos de quaisquer tamanhos, incluindo – sendo esse o seu foco – aqueles projetos pequenos cujo gerenciamento é usualmente preterido. 1.3 MOTIVAÇÃO O uso de metodologias e boas práticas permite o controle do prazo, além de garantir que o escopo do projeto seja mantido e atingido. Também reflete no custo total, visto que todas as fases bem elaboradas e aplicadas minimizam o retrabalho. Cada fase que é revista gera aumento no custo final do projeto. É importante que as organizações sigam metodologias já aplicadas e conhecidas no mercado, a fim de garantir tanto a qualidade dos produtos que estão sendo entregues como o atendimento a todas as necessidades e os desejos dos clientes, sejam eles internos ou externos. Considerando o cenário acima descrito, em que projetos menores em duração, quantidade de envolvidos ou custos têm sua documentação dimiuída ou nula, é possível atender as diretrizes e melhores práticas de gerenciamento de projetos, mesmo em projetos de menor monta? Entendemos que existe um caminho viável, através da aplicação simplificada das metodologias de gerenciamento de projetos. 3 Esse trabalho se justifica pelo caráter essencial que o gerenciamento de projetos assumiu para as organizações se manterem competitivas, independentemente do seu tamanho ou do trabalho a ser executado. A adoção de ações de gerenciamento gera subsídios para a implementação de melhoria contínua, fazendo com que a cultura de boas práticas de administração de projetos seja difundidas nas operações da organização. 1.4 ABRANGÊNCIA DO TRABALHO Objetivamos desenvolver um modelo para o gerenciamento de projetos, com base nas diretrizes estabelecidas no PMBOK, que permita gerenciar projetos de forma eficiente e eficaz, mesmo que aplicado em projetos de pequeno porte. 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho está organizado nos seguintes capítulos: O Capítulo 1 – Introdução trata da contextualização, dos objetivos da pesquisa, da sua motivação, da abrangência e da maneira como o trabalho foi organizado. O Capítulo 2 – Referencial Teórico, que traz a discussão dos principais elementos do gerenciamento de projetos, através da ilustração de conceitos e práticas da área, inicia-se pela definição de um projeto e de gerenciamento de projeto, incluindo o histórico dessa prática administrativa. O capítulo continua com a discussão, baseada nos autores consultados, da aplicabilidade de um modelo simplificado e da importância da prática do gerenciamento para a evolução da maturidade de gestão da empresa no que tange à gestão de projetos. Discorre-se, então, sobre a definição da classificação dos projetos quanto ao seu porte, trazendo as definições adotadas de projeto de pequeno porte por alguns autores pesquisados na literatura relevante. 4 Em seguida, descrevem-se as fases do ciclo de vida de um projeto e o capítulo é finalizado com uma visão da estrutura sugerida pelo PMBOK, literatura-base do trabalho. O Capítulo 3 – Método de Elaboração do Modelo Proposto trata do desenvolvimento da pesquisa, que se baseou no estudo da documentação de gerenciamento de projetos tratada pelos autores Ricardo Vargas, no livro Manual Prático do Plano de Projeto: utilizando o PMBOK Guide; Armando Terribili Filho, no livro Gerenciamento de Projetos em 7 Passos: uma abordagem prática, e dos autores Paul Campbell Dinsmore e Fernando Henrique Silveira Neto, o livro Gerenciamento de Projetos: como gerenciar seu projeto com qualidade, dentro do prazo e custos previstos. A escolha das obras de embasamento teve como principal motivação o aspecto prático que os autores buscavam em seus livros, isto é, uma abordagem pragmática e com a sugestão de documentos de gerenciamento. Fizemos o detalhamento da documentação sugerida por cada um dos autores para então realizar a comparação entre eles. Ainda nesse capítulo se encontra a comparação entre os documentos das três obras, os documentos eleitos desse cruzamento que consideramos necessários e suficientes para um gerenciamento de projetos eficaz. Essa lista de documentos nos conduz ao Capítulo 4 – O Modelo Proposto, que explana o conteúdo de cada documento, também partindo do estudo dos documentos sugeridos pelos diferentes autores. O Capítulo 5 – Estudo de Caso ilustra a aplicação do modelo proposto em um projeto de pequeno porte já finalizado, permitindo que o modelo seja testado quanto à praticidade e aos benefícios em comparação ao modelo anterior. Finalmente, no Capítulo 6 – Considerações Finais, apresenta-se o parecer sobre o resultado obtido a respeito das contribuições do trabalho e sua aplicabilidade prática ou trabalhos que possam ser desenvolvidos futuramente como continuidade deste. 5 2 REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico que norteou a estrutura do presente estudo está contemplado nos eixos do Gerenciamento de Projetos. 2.1 DEFINIÇÃO DE PROJETO Por projeto entende-se “um esforço temporário empreendido para alcançar um produto, serviço ou resultado exclusivo [...] [com] um início e um término definido” (PMI, 2008, p. 11). Na definição de Kerzner (2002), trata-se de um empreendimento com objetivo bem definido, que consome recursos e opera sob pressões de prazos, custos e qualidade. No posicionamento de Vargas (2009a): é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade. (VARGAS, 2009a, p. 5). Na definição de Dinsmore e Silveira Neto (2011): é um esforço temporário realizado para criar um produto ou serviço único, diferente, de alguma maneira, de todos os outros produtos e serviços, com início e fim definidos, que utiliza recursos, é dirigido por pessoas e obedece a parâmetros de custo, tempo e qualidade. (DINSMORE; SILVEIRA NETO, 2011, p. 1). Dessas definições podemos assumir que um projeto deva ter as seguintes características: a) Ter um objetivo – “entregáveis”, conforme Terribili Filho (2011) – definido e singular, com parâmetros de qualidade determinados; b) Ser finito (ter um prazo definido de conclusão);c) Ter limitações de recursos (pessoas e valores). 6 2.2 DEFINIÇÃO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS Por Gerenciamento de Projetos entende-se “a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos” (PMI, 2008). Já Kerzner (2002) define como “o planejamento, a programação e o controle de uma série de tarefas integradas de forma a atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos participantes do projeto”. Maximiliano (2002) trata como Administração de Projetos o “processo de tomar decisões que envolvem o uso de recursos, para realizar atividades temporárias, com o objetivo de fornecer um resultado”. Na visão de Dinsmore e Silveira Neto (2011): gerenciamento de projetos se refere à aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas as atividades do projeto a fim de satisfazer seus requisitos, e é realizado com o uso de processos tais como iniciar, planejar, executar, controlar e encerrar. (DINSMORE; SILVEIRA NETO, 2011, p. 1). Dessas definições, podemos inferir que os principais motivos que justificam a aplicação de técnicas de gerenciamento de projetos são: a) Alcançar o produto final esperado; b) Atingi-lo com prazo e custos dentro do planejado; c) Existir um histórico (documentado) desse desenvolvimento. 2.3 HISTÓRICO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS Torreão (2011) descreve o histórico do gerenciamento de projetos. Nele vemos que, embora grandes projetos tenham sido concluídos desde a Antiguidade (temos como exemplos recorrentes as pirâmides do Egito, a Grande Muralha da China, a Basílica de São Pedro, no Vaticano), a abordagem formal do gerenciamento de projetos é relativamente recente, e nos remete à última metade do século XIX, quando o crescente aumento na complexidade dos novos negócios em escala mundial demandou o surgimento dos princípios da gerência de projetos. A Revolução Industrial alterou profundamente a estrutura econômica do mundo ocidental e as relações de produção. Iniciou-se uma sequência de mudanças que tornou cada vez mais exigente a tarefa de gestão das organizações. 7 A necessidade de sistematizar e orientar a forma de gerir essas organizações fez com que os projetos governamentais impulsionassem esse processo. Como exemplo, a Central Pacific Railroad, que começou suas atividades no início da década de 1870, participou nos Estados Unidos da construção da estrada de ferro transcontinental. De repente, os líderes do negócio se depararam com a perigosa tarefa de organizar as atividades de milhares de trabalhadores, a manufatura e a montagem de quantidades não previstas de matéria-prima. (TORREÃO, 2011). Os trabalhos de Frederick Taylor (1856-1915), nome conhecido nos conceitos de administração do trabalho, aplicaram o raciocínio científico e a divisão das atividades em partes elementares, que propiciavam um estudo pormenorizado da forma de executar essas atividades e melhorar os processos produtivos. Henry Gantt (1861-1919) construiu diagramas com barras de tarefas e marcos, que esboçam a sequência e a duração de todas as tarefas em um processo, utilizando esses estudos inicialmente na construção naval. Os diagramas de Gantt são até hoje utilizados, quase inalterados de seu conceito inicial. Nas décadas seguintes à II Guerra Mundial, as estratégias de marketing, a psicologia industrial, e as relações humanas começaram a ser partes integrantes do gerenciamento do negócio, da administração das empresas. Desta forma, a complexidade dos projetos demandou novas estruturas organizacionais. Complexos Diagramas de Rede, chamados de Gráficos de PERT (Program Evaluation and Review Technique) e o método de Caminho Crítico (Critical Path Method – CPM) foram introduzidos, oferecendo aos gerentes maior controle sobre os projetos. Rapidamente, essas técnicas foram difundidas entre gerentes que procuravam novas estratégias e ferramentas de gerenciamento, que permitissem o desenvolvimento de projetos em um mundo competitivo e de mudanças rápidas. (TORREÃO, 2011). Nas recentes décadas, essas técnicas se espalharam para todo tipo de empreendimento, juntando-se a outras técnicas de gerenciamento de pessoas, custos e tempos. Em 1969, Jim Snyder fundou o Project Management Institute – PMI (EUA), fundação decorrente da discussão das melhores práticas de gerenciamento de um grupo de 8 cinco profissionais de gestão de projetos na Filadélfia, Pensilvânia, nos Estados Unidos. Atualmente o gerenciamento de projetos é condição necessária para a sobrevivência no mercado. Torreão (2011) cita: “O PMI estima que aproximadamente 25% do PIB mundial são gastos em projetos e que cerca de 16,5 milhões de profissionais estão envolvidos diretamente com gerência de projetos no mundo”. Segundo Dinsmore e Silveira Neto (2011), em relação a projetos realizados no início do século XXI: o início do século XXI apresenta um cenário complexo e desafiador para as realizações de projetos com sucesso. Os fatos ocorridos no final do século XX nas áreas econômica, política e social transformaram o mundo, e a condução de projetos em uma empresa privada, em um órgão governamental ou em um empreendimento social, e até mesmo em pequenos projetos pessoais, sofre hoje o impacto desses acontecimentos, como demonstrado [vide Desenho 1] (DINSMORE; SILVEIRA NETO, 2011). Desenho 1 – O cenário do início do século XXI Fonte: Dinsmore e Silveira Neto, 2011. p.3. 2.4 APLICABILIDADE DE UM MODELO SIMPLIFICADO Um projeto pode ser de pequeno porte, pode envolver uma quantidade pequena de pessoas e levar um dia para ser concretizado (VARGAS, 2009b). A documentação do gerenciamento desse projeto não pode ser mais onerosa do que o projeto em si. Não se deve confundir a documentação do gerenciamento com 9 a documentação do produto do projeto. Existem casos em que a documentação é um dos produtos do projeto em si (comum em projetos de tecnologia da informação). Sobre a aplicabilidade de um modelo de gerenciamento simplificado, Vargas (2007) defende que se deve entender o PMBOK como um guia, mas se devem utilizar as ferramentas mais adequadas a cada projeto. Como exemplo, é possível desprezar a gestão de custos em um determinado projeto que será conduzido com equipe própria, com o uso de dois ou três funcionários do setor, ou ainda dispensar o controle de aquisição em projetos em que nenhuma aquisição relevante venha a ser feita. Para Campos (2007), em projetos pequenos frequentemente não é viável a utilização dos 44 processos do PMBOK, mas deixar de gerenciar os projetos não é a solução. Ele propõe um modelo simplificado, adequado à realidade da empresa e do projeto. Não corte todos os 44 processos, reduzam-nos a 15 ou 20 (cortando ou aglutinando) conforme a sua necessidade, e use-os bem. Se for o caso, agregue o termo de abertura com a declaração de escopo. Capriche na EAP (Estrutura Analítica do Projeto), faça um bom cronograma, mesmo que simples, pense na alocação de recursos, considere se vale a pena colocar os custos em uma planilha, avalie que tipo de atenção dar ao gerenciamento dos riscos. (VARGAS, 2007 apud CAMPOS, 2007). A utilização de ferramentas e técnicas de gestão de projetos impulsiona as organizações a atingir seus objetivos estratégicos. O grau de maturidade alcançado pela organização não depende, necessariamente, de seu tamanho, mas da difusão da cultura de gerenciamento em seus processos. 2.5 EVOLUINDO O GRAU DE MATURIDADE DA EMPRESA NA GESTÃO DE PROJETOS Existem vários modelos de avaliação do grau de maturidade da empresa ou organização referentes à gestãode projetos. Podemos citar o Organizational Project Management Maturity Model – OPM3, apresentado pelo PMI, e o PMMM – Project Management Maturity Model, trabalhado por Kerzner (2002). Nosso objetivo está centrado em estabelecer como o grau de maturidade da empresa na gestão de projetos evolui a partir da prática de gerenciamento, bem como os benefícios dessa utilização. 10 Kerzner (2002) estabelece os graus de maturidade, relativos à gestão de projetos, em que as organizações podem ser classificadas em cinco níveis, descritos abaixo e ilustrados pelo Desenho 2 – Conceituação do modelo de maturidade da gestão de projetos: 1 – Uma linguagem comum (terminologia) de gerenciamento de projetos é utilizada em toda a organização (conhecimento básico); 2 – Processos comuns definidos e desenvolvidos, aplicados de maneira sistemática (definição de processos); 3 – Uma única metodologia é utilizada por toda a organização (padronização); 4 – Utilização de processos de benchmarking para manter vantagem competitiva (controle); 5 – Utilização de técnicas de melhoria contínua (lições aprendidas). Desenho 2 – Conceituação do modelo de maturidade da gestão de projetos Fonte: Kerzner, 2002. A utilização de um gerenciamento padronizado leva a empresa a caminhar rumo à gestão de seus projetos, evoluindo na escala estabelecida. Kerzner (2002) alerta que mesmo para as organizações que atingem o nível três de padronização (metodologia única) não há garantia de que 100% de seus projetos sejam bem-sucedidos. O gerenciamento de projetos não controla influências externas, metas irrealistas influenciadas por ações políticas, e outras ocorrências que podem fazer com que um projeto não atinja seus objetivos. 11 A implantação do gerenciamento de projetos garante que os projetos serão gerenciados com eficácia, o que aumenta sua probabilidade de sucesso. 2.6 DEFINIÇÃO DE PROJETO PEQUENO 2.6.1 PERCEPÇÃO DE TAMANHO DE PROJETO O que podemos entender como um projeto pequeno? A percepção de tamanho do projeto tem relação direta com o tamanho da empresa. Um projeto utiliza recursos (dinheiro, pessoas, equipamentos, etc.) e tempo. O tempo de implantação, na grande maioria dos casos, pode ser abreviado com a injeção de dinheiro e mão de obra. Como as empresas possuem tamanhos variáveis, um projeto considerado pequeno para uma grande companhia pode ser médio ou até grande para outra empresa com menos recursos. Para estabelecermos um padrão de classificação, estudamos a proposta de alguns autores sobre o tema, a fim de embasar nossa escolha. 2.6.2 PROJETO PEQUENO CONFORME ROWE (2007) Rowe (2007) afirma que não existe um único meio de definir se um projeto é pequeno. Em alguns casos, o tamanho do projeto é definido com base em custos; mas custos são relativos ao tamanho da empresa. Assim, a autora descreve algumas características de projetos pequenos, descritas abaixo em nossa tradução livre: a) Têm duração curta (até seis meses) e usualmente com esforços parciais (meio período) dos envolvidos; b) Contam com até dez membros na equipe de projeto; c) Envolvem um número pequeno de áreas de conhecimento na empresa; d) Possuem um objetivo simples e a solução é rapidamente realizável; e) Possuem escopo pequeno e de fácil definição; f) Afetam unidades de negócio isoladas; 12 g) Possuem acesso às informações do projeto e não requerem soluções automatizadas; h) O gerente de projeto é o líder e o tomador de decisões; i) Não possuem implicações políticas com respeito à execução; j) Produzem entregas diretas com pequena interdependência entre as áreas; k) Custam menos que US$ 75.000,00 e possuem fundo para sua execução. Com relação ao item d citado, Rowe (2007) afirma que mesmo um projeto curto, de baixo custo, mas cujos produtos são em grande número ou envolvam partes de difícil gerenciamento, como a mão de obra de desenvolvimento externo, deve ser tratado como um projeto de grande porte. 2.6.3 PROJETO PEQUENO CONFORME RINCON (2006) Rincon (2006 apud BAENA, 2011) estabelece um critério baseado no número de horas estimado para o projeto, conforme abaixo: a) Projetos grandes são os que possuem estimativa superior a 120 horas; b) Projetos médios têm estimativa de 40 a 120 horas; c) Projetos pequenos são aqueles com estimativa de 8 a 40 horas. 2.6.4 PROJETO PEQUENO CONFORME LARSON, E. E LARSON, R. (2009) Para Larson, E. e Larson, R. (2009), existe uma dificuldade de, em projetos pequenos, identifícá-los como tais, separando-os em operações regulares ou tarefas comuns. Mas alertam esses autores que projetos trarão problemas se não forem identificados, priorizados e tratados de acordo com sua identificação. Em outras ocasiões, por serem pequenos, “[...] existe a tendência de pular os processos de planejamento e iniciar a execução do trabalho” [tradução nossa]. Os autores propõem a divisão considerando o tempo (quantidade de horas total do projeto), o valor, a quantidade ou o grau dos riscos envolvidos, a quantidade de stakeholders (partes interessadas) e o seu nível hierárquico a que pertencem, a visibilidade do projeto para o negócio da empresa e o nível de formalidade do trabalho. 13 Embora eles deem essa sugestão de divisão, conforme especificado no Quadro 1, não existe uma métrica formal – razão por que em alguns casos são fornecidos dois exemplos distintos. Eles propõem que a métrica para a classificação não seja absoluta, mas adotada conforme a empresa (exemplo típico da regra de valor: hora US$ 100.000 no exemplo 1 e US$ 20.000 no exemplo 2, ambos no Quadro 1). Quadro 1 – Medidas usadas para diferenciar pequenos e grandes projetos Dimensão Médio / Grande Pequeno Tempo Quantidade de Horas Exemplo 1: > 1000h < 1000h Exemplo 2: > 9 meses < 9 meses Orçamento Valor (US$) Exemplo 1: > $100.000 < $ 100.000 Exemplo 2: > $ 20.000 < $ 20.000 Risco Tipo Ex. 1: > Riscos mensuráveis Riscos baixos a moderados Ex. 2: > Qualquer risco Sem riscos Stakeholders (partes interessadas) Tipo Exemplo 1: > 2 1 ou 2 Exemplo 2: Nível de diretoria ou acima Nível de gerência ou menor Visibilidade Nível Tipicamente alta Muitas vezes indistinguíveis de trabalhos em curso Nível de Formalidade Patrocinador, gerente de projeto, equipe de projeto. Patrocinador nomeado, gerente de projeto, equipe. Patrocinador, gerente de projeto e equipe ausente ou informal; time de projeto reduzido (às vezes uma só pessoa). Fonte: Adaptado de Larson, E. e Larson, R., 2009. 14 2.6.5 PROJETO PEQUENO CONFORME PASSOS (2008) Na visão de Passos (2008 apud BAENA, 2011), os projetos são classificados em baixo, médio e alto, conforme nove critérios, como apresentado no Quadro 2: Quadro 2 – Classificação de projetos Fonte: Passos, 2008 apud BAENA, 2011. 2.7 AS FASES DO CICLO DE VIDA DO PROJETO O ciclo de vida do projeto é composto de diversas fases, com atividades específicas a cada uma delas. O projeto, em sua sequência lógica, passa pelas fases de Iniciação, Planejamento, Execução e Controle e, finalmente, Encerramento (ou Finalização). Porém, na prática, esse sequenciamento não corresponde exatamente aos processos de forma serial, com fronteiras bem definidas entre as fases. Elas se sobrepõem e, em determinados momentos do ciclo de vida do projeto, dois, três ou mais processos estão em execução simultaneamente. 15 Essa sobreposição não é ruim; ela permite um melhor aproveitamento dos recursos disponíveisno projeto. Cabe ao gerente de projetos buscar equacionar o melhor aproveitamento desses recursos com vistas a atingir os melhores prazos de conclusão. Os processos de Planejamento, Execução e Controle trabalham de forma cíclica: as alterações do executado em relação ao planejado detectadas pelo processo de controle geram uma revisão no planejamento e nas ações a serem executadas. Esse ciclo tem continuidade até a finalização das atividades. O Desenho 3 mostra como esses processos se comportam dentro das fases do projeto, mostrando claramente a sobreposição entre os processos. Desenho 3 – Sobreposição dos processos durante as fases do projeto Fonte: Dinsmore e Silveira Neto, 2011. Vamos discorrer agora sobre as características e os conteúdos de cada fase nos subtópicos seguintes. 16 2.7.1 Iniciação A primeira fase de um projeto, depois de tomada a decisão de realizá-lo, é chamada de iniciação ou concepção: nessa fase ocorre o processo de reconhecimento formal da existência de um novo projeto, que pode surgir em função de uma demanda do Mercado, da estratégia de atuação da empresa, de um avanço tecnológico que precisa ser incorporado a um ou mais produtos, de uma sugestão ou solicitação do cliente, de requisitos legais surgidos com a promulgação de leis, decretos ou outros instrumentos de legislação, ou outros fatores diversos. (DINSMORE; SILVEIRA NETO, 2011). Dinsmore e Silveira Neto (2011) também sugerem que as seguintes perguntas sejam feitas durante a concepção do documento inicial, que será utilizado como a base para administrar um projeto: a) Quais as filosofias e políticas gerenciais que nortearam o projeto? b) Quais os objetivos e metas principais? c) Qual será a autoridade real do gerente do projeto? d) Como será a interface entre o gerente e sua equipe com a alta administração, com os clientes, usuários e demais setores da própria organização? e) Quais os principais marcos do projeto? f) Quais as peculiaridades contratuais? g) Como será a estrutura organizacional do projeto? h) Quais as expectativas do cliente ou o usuário? 2.7.2 Planejamento O planejamento é uma fase que precede outras funções clássicas de gerência, como a organização de trabalho que será efetuada, a escala da mão de obra adotada, direção, integração e controle. É também um processo dinâmico e que sempre sofrerá revisões durante todo o projeto. 17 O ciclo do planejamento está ilustrado no Desenho 4: Desenho 4 – Ciclo do processo de planejamento Fonte: Adaptado de Dinsmore e Silveira Neto, 2011. 2.7.3 Execução e controle Nessa fase, tudo o que foi pensado, elaborado e detalhado nas fases anteriores torna-se realidade, ou seja, é hora de fazer acontecer o plano de projetos. Os esforços voltam-se para garantir a realização das atividades previstas, coordenando pessoas e recursos e administrando as interfaces. Dinsmore e Silveira Neto (2011) ressaltam que nessa fase os itens abaixo devem ser plenamente considerados: a) É a etapa em que é consumida a maior parte do orçamento; b) É nesse momento que o produto do projeto de fato é criado; c) Deve haver uma monitoração constante, para que o desempenho em relação ao planejado seja alcançado. É muito importante que os padrões relevantes de qualidade sejam devidamente aplicados, por meio de um conjunto de ações planejadas e sistemáticas. 18 2.7.4 Encerramento Nessa fase o projeto chega ao fim, é a hora de fazer o encerramento de contratos e o fechamento de custos, quando então o gerente de projeto já está pronto para obter o aceite final pelo cliente e encerrar o trabalho do projeto. Segundo Dinsmore e Silveira Neto (2011), antes do encerramento, é importante que haja: a) Documentação que guarde toda a memória do projeto entregue ao cliente; b) Análise do processo de gerenciamento do projeto e lições aprendidas durante sua execução; c) Avaliação final de riscos e custos, para comparação com as estimativas iniciais e aprendizados futuros; d) Treinamento dos futuros usuários para o uso dos produtos obtidos no projeto; e) Realocação da equipe para outras atividades. 2.8 A ESTRUTURA DO PMBOK O PMBOK (Guide to the Project Management Body of Knowledge) foi produzido pelo Project Management Institute (PMI). Esse guia reúne os principais conceitos e técnicas de gerenciamento de projetos que devem ser conhecidos pelas pessoas envolvidas nessa atividade. O PMBOK reconhece 42 processos, divididos em cinco grupos de processos básicos e nove áreas de gerenciamento, que são consideradas típicas na maioria dos projetos. Ele também serve como um guia que fornece, através de ferramentas de processos, subprocessos e boas práticas para escrever e aplicar um bom gerenciamento de projetos, possibilitando uma troca de informações eficiente entre todos os envolvidos. É importante ressaltar que ele serve como um guia de processos, e que não necessariamente todos os projetos devam ser abordados com a utilização de todos os processos e ferramentas descritos. 19 São estes os cinco grupos de processos ou fases, resumidos no capítulo 3 do PMBOK: Processos de início ou iniciação: consiste no reconhecimento da necessidade e do compromisso em concluí-la. Processos de planejamento: consiste em planejar e manter um esquema viável para atingir o escopo do projeto. Processos de execução: consiste em coordenar as pessoas e recursos para realizar o planejado. Processos de controle: consistem na monitoração e avaliação do progresso, com a implementação de ações corretivas nos eventuais desvios, buscando garantir os resultados previstos. Processos de encerramento: consistem na aceitação formal dos resultados e conclusão dos trabalhos do projeto todo ou de uma de suas fases. Já as áreas de concentração de conhecimento tratadas no PMBOK são nove, encontradas nos capítulos 4 a 12 do PMBOK, conforme descrito abaixo: O Capítulo 4, Gerência da Integração do Projeto, descreve os processos requeridos para garantir que os vários elementos do projeto estejam devidamente coordenados. Tais processos compõem-se essencialmente de: a) Desenvolver o termo de abertura do projeto; b) Desenvolver a declaração do escopo preliminar do projeto; c) Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto; d) Orientar e gerenciar a execução do projeto; e) Monitorar e controlar o trabalho do projeto; f) Promover o controle integrado de mudanças; g) Encerrar o projeto. O Capítulo 5, Gerência do Escopo do Projeto, descreve os processos requeridos para garantir que o trabalho que está sendo executado possui todos os requisitos requeridos, e somente o que foi requerido. Esses processos são compostos por: a) Planejamento do escopo; b) Definição do escopo; c) Criação da Estrutura Analítica de Processo (EAP); d) Verificação do escopo; e) Controle do escopo. 20 . O Capítulo 6, Gerência do Tempo do Projeto, trata dos processos que visam garantir que o projeto termine dentro do prazo previsto. Esse grupo de processos é composto por: a) Definição da atividade; b) Sequenciamento de atividades; c) Estimativa de recursos da atividade; d) Estimativa de duração da atividade; e) Desenvolvimento do cronograma; f) Controle do cronograma. O Capítulo 7, Gerência do Custo do Projeto, trabalha com as atividades que administram o orçamento do projeto, a saber: a) Estimativa de custos; b) Orçamentação; c) Controle de custos. . O Capítulo 8, Gerência da Qualidade do Projeto, trata de que o produto final atenda às necessidades queoriginaram o projeto. Compõe-se de: a) Planejamento da qualidade; b) Garantia da qualidade; c) Controle da qualidade. O Capítulo 9, Gerência dos Recursos Humanos do Projeto, trata da administração da utilização das pessoas participantes do projeto. Tem por componentes: a) Planejamento de recursos humanos; b) Contratação ou mobilização da equipe do projeto; c) Desenvolvimento da equipe do projeto; d) Gerenciamento da equipe do projeto. O Capítulo 10, Gerência das Comunicações do Projeto, assegura que as informações do projeto sejam geradas, distribuídas, armazenadas e apresentadas no tempo correto e de forma adequada. É composta por: a) Planejamento das comunicações; 21 b) Distribuição das informações; c) Relatório de desempenho; d) Gerenciamento das partes interessadas. O Capítulo 11, Gerência dos Riscos do Projeto, descreve os processos que buscam a mitigação dos riscos do projeto e é composta por: a) Planejamento do gerenciamento de riscos; b) Identificação de riscos; c) Análise qualitativa de riscos; d) Análise quantitativa de riscos; e) Planejamento de respostas a riscos; f) Monitoramento e controle de riscos. O Capítulo 12, Gerência das Aquisições do Projeto, trata dos processos de aquisição de serviços e produtos de fora da organização que está atuando no projeto. Tem por componentes: a) Planejar compras e aquisições; b) Planejar contratações; c) Solicitar respostas de fornecedores; d) Selecionar fornecedores; e) Realizar o encerramento do contrato. 22 3 MÉTODO DE ELABORAÇÃO DO MODELO PROPOSTO Um dos focos que buscamos é a racionalização dos documentos emitidos, permitindo a desburocratização do processo de documentação para viabilizar o controle por uma equipe reduzida. Mas quais são os documentos necessários para cada um dos gerenciamentos de um projeto? Para chegarmos a uma lista final, estudamos os documentos propostos na visão de três obras, fazendo a interpretação dos conteúdos dos documentos sugeridos e a intersecção entre eles para obter um modelo simplificado. Esse trabalho se deu em quatro fases distintas: Fase 1: Seleção das obras de referência; Fase 2: Estudo dos documentos propostos pelos autores; Fase 3: Comparação entre os documentos propostos pelos autores; Fase 4: Elaboração do modelo proposto. 3.1 FASE 1: SELEÇÃO DAS OBRAS DE REFERÊNCIA 3.1.1 Estabelecimento de critérios de seleção Quando se buscam livros sobre gerenciamento de projetos a lista de resultados é extremamente extensa. Pesquisando em sites de busca de livros, o número é bem superior a uma centena. Os critérios que adotamos para a seleção dos livros utilizados para compor a base do trabalho foram quatro: 23 O primeiro critério foi o da abordagem prática das obras. Como o foco do trabalho é a construção de um modelo prático aplicável mesmo a projetos de pequeno porte, é importante que as obras de referência se voltassem para a aplicação de conceitos em projetos reais e que buscassem um formato de referência para uso imediato em situações de gerenciamento de projetos. O segundo critério foi o embasamento da parte conceitual dos livros prioritariamente nos conceitos do PMBOK. Comparar livros que tivessem linhas de embasamento distintas poderia nos levar a uma dispersão nos resultados da comparação. O terceiro critério foi que os autores tivessem, em seus livros, exemplos ou descrição de conteúdos dos documentos utilizados no gerenciamento para permitir a comparação e a montagem do modelo. O quarto e último critério foi a disponibilidade das obras em livrarias de grande porte, bibliotecas ou livrarias de livros usados. Esse crivo assegura que a obra teve circulação suficiente para ser conhecida pelo público-alvo, profissionais da área de gerencimento de projetos. 3.1.2 Obras selecionadas e aderência aos critérios estabelecidos A partir dos quatro critérios estabelecidos no item 3.1.2, elegemos as seguintes obras e autores: a) Gerenciamento de Projetos em 7 passos: uma abordagem prática, de Armando Terribili Filho; b) Gerenciamento de Projetos: como gerenciar seu projeto com qualidade, dentro do prazo e custos previstos, de Paul Campbell Dinsmore e Fernando Henrique da Silveira Neto, e; c) Manual Prático do Plano de Projeto: utilizando o PMBOK Guide, de Ricardo Vargas. 24 Analisando as obras de acordo com o critério estabelecido, verificamos a aderência indicada a seguir. Quanto ao primeiro critério – abordagem prática –, as obras tiveram total aderência. A análise dos livros escolhidos permite verificar que todos atendem esse critério. Em Vargas (2009b), o próprio título remete à praticidade (Manual Prático do Plano de Projetos). Na sua introdução ele já descreve o propósito da obra “procuro apresentar, de forma direta e prática, um exemplo de projeto que pode ser analisado sob todos os aspectos do gerenciamento” (VARGAS, 2009b). Terribili Filho (2011) também foca a praticidade, presente igualmente no título da obra e na abordagem de seu prefácio, onde destaca que “um livro [...] deve oferecer o mínimo de subsídios para a aplicação contínua e sequencial dos conceitos apresentados” (TERRIBILI FILHO, 2011). Dinsmore e Silveira Filho (2011) também têm a praticidade subentendida no seu título, quando tratam dos três elementos centrais do gerenciamento de projetos (Custo, Prazo e Qualidade). No prefácio enunciam que é um livro “pé no chão, que trata dos conceitos básicos de projetos e mostra como gerenciá-los segundo as melhores práticas” (DINSMORE E SILVEIRA NETO, 2011). Quanto ao segundo critério – embasamento no PMBOK –, Vargas expressa essa característica no subtítulo. Terribili Filho destaca na capa de seu livro a certificação PMP e afirma que “O PMBOK do PMI [...] é reconhecidamente um ‘padrão de fato’ na área de Gerenciamento de Projetos” (TERRIBILI FILHO, 2011). Dinsmore e Silveira Neto (2011) escrevem que o leitor “dominará a informação básica para buscar a certificação internacional do tipo oferecida pelo PMI”. O terceiro crítério – possuir modelos de documentos – é preenchido pelos três livros, o que permitiu a comparação entre os documentos sugeridos pelos autores para a composição do modelo proposto. O quarto e último critério – disponibilidade do livro – também foi plenamente preenchido: as três obras são facilmente encontradas no mercado editorial. Tendo esses livros em mãos, detalhamos nos tópicos 3.2 a 3.4 e seus subtópicos os documentos abordados pelos autores. 25 3.2 FASE 2: ESTUDO DOS DOCUMENTOS NA VISÃO DE VARGAS Apresentamos no Quadro 3 a lista dos documentos elencados por Vargas (2009b), com a descrição de sua funcionalidade. Estes serão base, juntamente com os outros autores, para a escolha de um modelo simplificado. Quadro 3 – Documentos por área de gerenciamento conforme Vargas (2009b) Área de Gerenciamento Documento possível Integração Termo de abertura do Projeto (Project Charter) Plano Global do Projeto Gantt Visão Geral do Projeto Sistema de Controle Integrado de Mudanças Matriz de Priorização das Partes Interessadas Registro de Lições Aprendidas Escopo Documento de Requisitos do Projeto Plano de Gerenciamento dos Requisitos do Projeto Matriz de Rastreabilidade de Requisitos (RTM) Declaração de Escopo ou Scope Statement Estrutura Analítica do Projeto (EAP) ou Work Breakdown Structure (WBS) Dicionário da EAP Plano de Gerenciamento de Escopo Tempo Lista das Atividades do Projeto Lista dos Recursos doProjeto Alocação dos Recursos Gráfico de Gantt Diagrama de Rede ou Rede PERT Diagrama (ou Gráfico) de Marcos Plano de Gerenciamento de Tempo (ou Prazos) Custos Decomposição do Orçamento na EAP Orçamento do Projeto por Atividades Orçamento do Projeto por Recursos Cronograma de Desembolso do Projeto Curva de Desembolso do Projeto Plano de Gerenciamento de Custos Qualidade Plano de Gerenciamento da Qualidade Recursos Humanos Organograma Diretório do Time do Projeto Matriz de Responsabilidades Diagrama de Funções ou Who Does What Plano de Gerenciamento de Recursos Humanos Comunicações Plano de Gerenciamento das Comunicações Riscos Plano de Gerenciamento de Riscos Aquisições Declaração de Trabalho ou Statement of Work Plano de Gerenciamento das Aquisições 26 No trabalho de Vargas (2009b), existe uma extensa lista de documentos, pois o foco não está na simplificação, mas em um detalhado trabalho tomando por base um projeto desenvolvido para fins didáticos. O autor salienta que o trabalho representa uma “sugestão metodológica, e não uma proposta rígida de modelo”; acrescenta que “todas as alterações e personalizações nos elementos apresentados são permitidas e muito bem-vindas”. O detalhamento com a descrição e, caso aplicável, os elementos principais dos documentos propostos por Vargas (2009b) e citados no Quadro 3 é nosso objeto de estudo nos itens seguintes. Termo de Abertura do Projeto O Termo de Abertura do Projeto ou Project Charter (vide Anexo A1 – Termo de Abertura do Projeto) é o documento que reconhece a existência do projeto. Ele é composto dos seguintes elementos: a) Título do projeto; b) Introdução (resumo das definições); c) Justificativa; d) Nome do gerente de projeto, suas responsabilidades e autoridades; e) Necessidades básicas; f) Partes interessadas; g) Descrição do produto; h) Cronograma básico (macro); i) Estimativas de custo; j) Necessidades de recursos; k) Necessidade de suporte pela organização; l) Premissas e restrições; m) Controle e gerenciamento das informações do projeto; n) Aprovações com assinatura do executivo responsável. 27 Plano Global de Projeto Documento formal que descreve a sequência de procedimento para a execução do projeto. É composto pelos planos secundários, detalhes técnicos do projeto, cronogramas e outras informações. Contém usualmente: a) Visão geral dos objetivos, metas e escopo do projeto (resumo com pequena introdução); b) Objetivo detalhado do projeto; c) Nome do gerente e do time do projeto com responsabilidades (matriz de responsabilidades); d) Organograma do projeto; e) Estudo técnico da solução a ser adotada; f) Aspectos contratuais de elementos externos; g) EAP (Estrutura Analítica do Projeto); h) Cronogramas (Gráficos de Gantt e Diagramas de Rede); i) Principais marcos e suas datas; j) Utilização de recursos; k) Orçamento, análise de custos e fluxos de caixa; l) Necessidade de contratação e treinamentos; m) Previsão das avaliações e índices de qualidade e desempenho; n) Potenciais obstáculos e possíveis contingências/soluções; o) Lista de pendências; p) Planos auxiliares por área de conhecimento. Não mostramos um modelo desse documento específico, visto ele ser o conjunto de vários documentos ilustrados neste trabalho. Gantt Visão Geral do Projeto Tem por objetivo mostrar uma visão geral do projeto, com suas principais atividades distribuídas no tempo. O Quadro 4 apresenta um exemplo de Gantt Visão Geral do Projeto. 28 Quadro 4 – Exemplo de Gantt Visão Geral de Projeto Fase Semana 01 Semana 02 Semana 03 S T Q Q S S T Q Q S S T Q Q S Definição Prototipação Implementação Testes Operação Assistida Fonte: Adaptado de Vargas, 2009b. p. 55. Sistema de Controle Integrado de Mudanças Documento para descrição e registro de todas as mudanças de escopo, prazo ou custos ocorridas no projeto. Pode ser um documento descritivo do processo ou, mais usualmente, na forma de um fluxograma (Anexo A2). Matriz de Priorização das Partes Interessadas Identifica a prioridade das partes interessadas no projeto e sua influência positiva ou negativa no projeto, com um modelo reproduzido no Anexo A3. Esse documento norteia o gerente de projeto e a equipe de projeto no que diz respeito a quais solicitações e anseios devem ser atendidos em primeiro lugar. Registro de Lições Aprendidas Em formato analítico ou no formato de mapas mentais, registra as lições aprendidas para utilização futura em outros projetos; sua utilização visa a um processo de melhoria constante, evitando que novos projetos reincidam em erros cometidos em projetos anteriores. Um modelo desse documento está reproduzido no Anexo A4. 29 Documento de Requisitos do Projeto Registra os requisitos necessários às demandas do projeto. Em sua primeira versão pode conter os requisitos macro, com o respectivo detalhamento sendo desenvolvidos durante o projeto, caso se faça necessário. Principais informações do documento: a) Título do projeto; b) Nome do elaborador do documento; c) Descrição do projeto; d) Objetivo do projeto; e) Requisitos funcionais do projeto; f) Requisitos não funcionais do projeto; g) Principais requerimentos de qualidade; h) Critérios de aceitação; i) Potenciais impactos do projeto em outras áreas; j) Restrições e premissas. Um modelo desse documento está reproduzido no Anexo A5. Plano de Gerenciamento dos Requisitos do Projeto Plano auxiliar do plano de gerenciamento de projeto. Tem por objetivo documentar e descrever os procedimentos para documentar como os requisitos serão analisados e gerenciados. É composto de: a) Título do projeto; b) Nome do elaborador; c) Critério de priorização dos requisitos; d) Critérios de rastreabilidade dos requisitos; e) Sistema de controle de mudanças nos requisitos; f) Níveis de aprovação de mudanças nos requisitos; g) Registro de alterações do documento; h) Aprovações. Um modelo parcial desse documento está reproduzido no Anexo A6. 30 Matriz de Rastreabilidade de Requisitos (RTM) A matriz de rastreabilidade de requisitos ou Requirements Traceability Matrix (RTM) é uma tabela que lista os requisitos do projeto em referência cruzada com as atividades do EAP do projeto. Um exemplo desse documento está no Anexo A7. Declaração de Escopo ou Scope Statement Formaliza o escopo de todos os trabalhos do projeto. Vargas (2009b) ressalta que a declaração de escopo é única em um projeto. A diferença entre a final e a preliminar é o nível de detalhamento. Esse documento serve de base para definir as características e limites dos trabalhos desenvolvidos no projeto. O autor cita como elementos usuais: a) Título do projeto; b) Elaborador do documento; c) Patrocinador; d) Gerente de projeto (e definição de autoridades e responsabilidades); e) Organograma; f) Integrantes do time de projeto; g) Descrição, justificativa e produto do projeto; h) Expectativa(s) do patrocinador ou cliente; i) Fatores de sucesso, restrições, premissas, limites e exclusões específicas do projeto; j) EAP (nível macro); k) Atividades e estratégias; l) Principais entregas; m) Orçamento básico; n) Plano de entregas e marcos do projeto; o) Requisitos de gerenciamento de configuração e mudanças do projeto. Pelas características do documento e sua extensão, entendemos que se trata de umdocumento de formalização aplicável a projetos grandes, em que a probabilidade de 31 perder o foco dos trabalhos é maior, seja pela complexidade do projeto, seja pela sua longa duração. No Anexo A8 temos a reprodução parcial de um documento do livro de Vargas (2009b), para ilustrar a Declaração de Escopo. Estrutura Analítica do Projeto (EAP) ou Work Breakdown Structure (WBS) Detalha as atividades do projeto em uma estrutura hierárquica. As atividades são detalhadas em seus menores elementos. Pode ser montada no formato gráfico, semelhante a um organograma, ou na forma analítica, através da tabulação dos elementos. No formato gráfico, com exemplo ilustrado no Desenho 5, a EAP se apresenta em um formato de estrutura de árvore, semelhante ao utilizado em organogramas. É uma estrutura exaustiva (todos os itens do projeto estão presentes, até o nível de “entregáveis”, ou seja, dos produtos ou serviços finais de cada atividade (Vargas os denomina work package). São montados em formato hierárquico, da atividade mais geral para a mais específica. Desenho 5 – Estrutura Analítica de Projeto – formato gráfico Fonte: Vargas, 2009b. p. 59. 32 Já a EAP Analítica é apresentada no formato de uma lista de elementos, normalmente numerados, com recuos sucessivos a cada nível que vai sendo detalhado na estrutura. Eis um exemplo desse modelo: 1 Projeto 1.01 Atividade A 1.02 Atividade B 1.03 Atividade C 1.04 Atividade D 1.04.01 Atividade D1 1.04.02 Atividade D2 1.04.03 Atividade D3 Vargas (2009b) cita também a possibilidade de sua montagem mediante a construção de mapas mentais (Mindmaps), conforme se vê no Desenho 6, embora esse formato não seja comum na literatura pesquisada. Desenho 6 – EAP mapa mental Fonte: Vargas, 2009b. p. 61. 33 Dicionário da EAP Traz o conjunto de definições que descrevem as atividades do EAP. Detalha tarefas, recursos, prazos, custos, as tarefas predecessoras e as sucessoras. Um modelo desse documento pode ser visto no Anexo A9. Plano de Gerenciamento de Escopo Descreve os procedimentos utilizados no gerenciamento do escopo do projeto. Nele estão documentados: a) Descritivo dos processos de gerenciamento do escopo; b) Frequência das avaliações do escopo do projeto; c) Todas as alterações no escopo: priorizações, alocações financeiras, aprovações e outras. Lista das Atividades do Projeto Documento com a listagem das atividades que constituem o projeto. Consideramos redundante com o Gráfico de Gantt ou o próprio EAP. Lista dos Recursos do Projeto Elenca todos os recursos que serão utilizados no projeto, sejam eles mão de obra, equipamentos ou materiais. Alocação dos Recursos Documento no formato de uma tabela que lista as atividades do EAP com os recursos associados, podendo assinalar sua carga de trabalho na atividade. Um exemplo desse documento está demonstrado no Anexo A10. 34 Gráfico de Gantt Semelhante ao documento Gantt Visão Geral do Processo, porém com as atividades detalhadas. Diagrama de Rede ou Rede PERT Representação gráfica do sequenciamento das atividades do projeto. É conhecida como rede PERT (Program Evaluation and Review Technique). Esse recurso gráfico demonstra os inter-relacionamentos entre as atividades com clareza (vide Desenho 7). É utilizado também para determinar o caminho crítico; o atraso de qualquer das atividades do caminho crítico reflete diretamente na duração do projeto. Desenho 7 – Diagrama de rede (exemplo parcial) Fonte: Vargas, 2009b. p.154. Diagrama (ou Gráfico) de Marcos Tabela com a representação, na linha de tempo, das principais entregas do projeto (Marcos). Uma exemplo está demonstrado no Desenho 8. 35 Desenho 8 – Gráfico de Marcos Fonte: Vargas, 2009b. p.160. Plano de Gerenciamento do Tempo (ou Prazos) Documento que explicita formalmente os procedimentos para o gerenciamento do tempo. Nele são incluídos, essencialmente: a) Regras de gerenciamento do tempo; b) Sistema de controle de mudanças de prazos; c) Frequência de avaliação de prazos do projeto; d) Alocação financeira; e) Frequência de atualização do próprio plano de gerenciamento. Um modelo desse documento pode ser conferido no Anexo A11. Decomposição do Orçamento na EAP Por orçamento do projeto entendem-se todos os recursos financeiros necessários para completar o projeto. A visualização proposta por Vargas (2009b) é o 36 detalhamento de todas as atividades presentes na EAP, com o valor dos custos fixos e variáveis associados. No formato de tabela, temos o exemplo do Quadro 5: Quadro 5 – Decomposição do orçamento na EAP Atividade Orçamento TOTAL Custo Fixo Custo Direto Custo Indireto A 3,00 12,00 0,00 15,00 B 0,00 15,00 4,00 19,00 C 5,00 0,00 0,00 5,00 Total 8,00 27,00 4,00 39,00 Fonte: Adaptado de Vargas, 2009b. No formato de EAP, teríamos conforme ilustrado no Desenho 9. Desenho 9 – Decomposição dos custos como EAP Fonte: Adaptado de Vargas, 2009b. Projeto X $ 39,00 Atividade Y $ 34,00 Atividade A $ 15,00 Atividade B $ 19,00 Atividade Z $ 5,00 Atividade C $ 5,00 37 Orçamento do Projeto por Atividades Detalhamento dos custos orçados por tarefa, com a listagem de cada atividade com seus valores associados. Vide no Anexo A12 a reprodução do trabalho de Vargas para esse documento. Orçamento do Projeto por Recursos Detalhamento do orçamento por atividade, apresentando o custo por recurso alocado. Permite a análise de custo por cada recurso, possibilitando simulações para redução ou acompanhamento mais apurado dos recursos mais dispendiosos. Vide exemplo no Anexo A13. Cronograma de Desembolso do Projeto Considerado por Vargas (2009b) uma das mais importantes visualizações dos custos do projeto. É composto por uma tabela que contém as atividades com colunas com os períodos de tempo do projeto (meses ou semanas, dependendo da duração do projeto e da visão requerida). Permite, então, uma visualização do valor que será despendido período a período, tanto total como por atividade. Quando essa planilha inclui as receitas, passa a ser denominada fluxo de caixa. No Quadro 6 vemos um exemplo desse documento. 38 Quadro 6 – Cronograma de Desembolso do Projeto Atividade Custo por semana Total S1 S2 S3 S4 A 1,00 2,00 3,00 9,00 15,00 B 5,00 0,00 8,00 6,00 19,00 C 1,00 3,00 1,00 0,00 5,00 Total 7,00 5,00 12,00 15,00 39,00 Fonte: Adaptado de Vargas, 2009b. p.69. Curva de Desembolso do Projeto Representação gráfica do cronograma de desembolso do projeto. O Desenho 10 mostra essa representação. Desenho 10 – Curva de Desembolso do Projeto Fonte: Vargas, 2009b. p.174. 39 Plano de Gerenciamento de Custos Descreve os procedimentos que serão utilizados para o controle de custos do projeto. Além de descrever os processos de gerenciamento de custos, mostra a frequência de avaliação do orçamento e das reservas gerenciais, quais as autonomias de utilização das reservas por cargo, etc. Esse modelo está representado no Anexo A14. Plano de Gerenciamento da Qualidade Descreve os procedimentos que serão utilizados para gerenciar os requisitos de qualidade do projeto. Constam no documento a descrição dos processos de gerenciamento da qualidade, os requisitos de qualidade do projeto, os padrões de qualidade que serão utilizados e uma descrição do sistema
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