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PRATICA SIMULADA I - SEMANA 2

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ITABUNA – BA
	JOANA, brasileira, solteira, técnico em contabilidade, portadora da cédula de identidade nº___, expedida pelo ___, inscrita no CPF/MF sob nº___, usuária do endereço eletrônico ___, residente na rua ___, nesta comarca de Itabuna, vem, respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado que esta subscreve, com escritório ___, para fins do artigo 77, V do Código de Processo Civil, vem a este juízo, propor
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, PELO PROCEDIMENTO COMUM
	em face de JOAQUIM, nacionalidade ___, estado civil ___, profissão ___, portador da carteira de identidade nº___, expedida pelo ___, inscrita no CPF/MF sob nº___, usuário do endereço eletrônico ___, residente na rua ___, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I - DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
	Requer a Autora nos termos da lei nº 1.060 de 1950, que lhe seja deferido o benefício da justiça gratuita, tendo em vista em que a mesma não pode arcar com as custas processuais e com os honorários advocatícios sem o prejuízo do sustento próprio.
II - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
	Requer a demandante a designação de audiência de mediação e conciliação (art. 334 do CPC).
III – DOS FATOS
	No dia 20/12/2016, a autora recebeu notícia que seu filho Marcos, de 18 anos de idade, tinha sido preso de forma ilegal e encaminhado equivocadamente ao presídio XXX. No mesmo dia a autora procurou um advogado criminalista para atuar no caso, sendo que o advogado cobrou R$ 20.000,00 de honorários.
	A autora, ao chegar em casa, comentou com o réu, seu vizinho, que não tinha o valor cobrado pelo advogado e que estava desesperada. O réu, vendo a necessidade da autora de obter dinheiro para contratar um advogado, aproveitou a oportunidade para obter uma vantagem patrimonial, propôs à autora comprar seu carro pelo valor de R$ 20.000,00, sendo que o carro o preço de mercado no calor de R$ 50.000,00. Diante da situação que se encontrava, a autora resolveu celebrar o negócio jurídico. No dia seguinte ao negócio jurídico realizado e antes de ir ao escritório do advogado criminalista, a mesma descobriu que a avó paterna de seu filho tinha contratado outro advogado criminalista para atuar no caso e que tinha conseguido a liberdade de seu filho através de um Habeas Corpus.
	Diante destes novos fatos, a autora falou com o réu para desfazerem o negócio, entretanto, o mesmo informou que não pretendia desfazer o negócio jurídico celebrado.
IV – DO DIREITO
	Dos fatos, restou provado que o réu, beneficiando-se da premente necessidade da autora em socorrer o filho que estava preso, induziu-a a vender seu automóvel por preço muito inferior ao valor de mercado. Agiu ardilosamente e ilicitamente, viciando o negócio jurídico celebrado, causando lesão ao patrimônio da autora.
	Neste sentido, a ilustre professora, Maria Helena Diniz leciona: “o instituto da lesão tem o escopo de “proteger o contratante, que se encontra em posição de inferioridade, ante o prejuízo por ele sofrido na conclusão do contrato, devido à desproporção existente entre as prestações das duas partes”, exemplificando com a situação da pessoa que, na iminência de ser despejada do imóvel onde reside, necessitando achar outro lugar para abrigar sua família, aceita pagar valor exorbitante a título de aluguel, em outro imóvel. (Curso de Direito Civil Brasileiro, op. Cit., p. 398)”
	Dispõe o CC, art. 145 que: “São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”. Tem-se aqui o dolo principal, o qual, para a doutrinadora Maria Helena Diniz, “o dolo principal é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído (CC, art. 145), acarretando, então, a anulabilidade daquele negócio” (2004, p. 418). Podemos concluir, portanto, que o dolo é essencial, sem o qual o negócio não se concretizaria, sendo a anulação do negócio plenamente válida.
	Por sua vez, dispõe o art. 147, do mesmo diploma legal: “Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provandose que sem ela o negócio não se teria celebrado”.
	Também o art. 171, II, do CC, verbis:
“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
(…)
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.
	Ora, não há dúvida de que o réu agiu dolosamente. Aproveitou-se do desespero de uma mãe ao ver o filho preso, e ofertou-lhe exatamente o montante que a autora necessitava para contratar um Advogado Criminalista, quando sabedor que o veículo da autora, no mercado, alcançava o valor de cerca de R$ 50.000,00. Havendo o dolo, não há como manter o negócio jurídico celebrado entre as partes litigantes.
	Como é de sobejo conhecimento, o Código Civil não define dolo, mas para compreendê-lo, traz-se definição de Clóvis Beviláqua: “Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro”. Pode-se dizer que dolo é qualquer meio utilizado intencionalmente para induzir ou manter alguém em erro na prática de um ato jurídico, amoldando-se ao caso sub judice.
	Maria Helena Diniz, citando Clóvis Beviláqua, leciona: “Parece-nos contudo que a razão está com Clóvis, pois além de que, na prática, ocorre uma correspondência entre a vantagem auferida pelo autor do dolo e um prejuízo patrimonial sofrido pela outra parte, há, virtualmente, um prejuízo moral pelo simples fato de alguém ser induzido a efetivar negócio jurídico por manobras maliciosas que afetaram sua vontade”. (2004, p. 417).
	Ora, é certo que não era da vontade da autora vender seu veículo naquele momento, e por aquele preço. O réu, repita-se, maliciosa e dolosamente, estimulou a autora a vender-lhe o veículo exatamente pelo valor que necessitava.
	A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do RJ também é pacífica ao determinar:
DES (a). DENISE LEVY TREDLER - JULGAMENTO: 01/12/2010 - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO, CUJO PEDIDO É CUMULADO COM OS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ACIDENTE NO INTERIOR DE COLETIVO DE PROPRIEDADE DA RÉ, QUE VITIMOU A AUTORA, PASSAGEIRA DO ÔNIBUS. ACORDO EXTRAJUDICIAL CELEBRADO PELAS PARTES PARA A COMPOSIÇÃO DOS DANOS. TRANSAÇÃO PREJUDICIAL À VÍTIMA, HAJA VISTA O VALOR IRRISÓRIO PAGO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO. EXISTÊNCIA DE LESÃO (…)
	Assim, está claro que o contrato foi celebrado com vício de consentimento, caracterizado pela “lesão”, ou seja, o valor era desproporcional em relação ao real preço do bem móvel. Analisando sob essa ótica, o réu estaria colhendo para si vantagem ilícita, ao passo que o patrimônio da autoria sofreria prejuízos em prol da salvaguarda do seu filho.
	Dessa forma, é possível a anulabilidade do contrato pela inteligência dos dispositivos trazidos à colação, dada a ineficácia causada pelo vício do ato arquitetado pelo réu, que culminou em diminuição do patrimônio da autora. Com a anulação do negócio jurídico em questão, a autora devolverá ao réu o valor pago por este.
V – DO PEDIDO
	Ex positis, pede e requer a autora a V. Exa.:
a) a designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu para o seu comparecimento;
b) citação do réu para integrar a relação processual;
c) a procedência do pedido da autora para anular o negócio jurídico entabulado pelas partes;
d) a condenação do réu nos ônus sucumbência;
e) o deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita.
VI – DAS PROVAS
	Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental superveniente, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do réu.
	Dá–se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte e mil reais), nos termos do art. 292, I, do CPC.
	Termos
em que
	Pede deferimento.
	Porto Alegre, 21 de fevereiro de 2018.
	
	Advogado
	OAB/RS XX.XXX

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